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1.

A Oferta Turística
1.1 Noção

Podemos definir Oferta Turística como “o conjunto de produtos turísticos e serviços postos à
disposição do usuário turístico em um determinado destino, para seu desfrute e consumo”.
Organização Mundial do Turismo

Em suma, a oferta turística pode ser compreendida como um conjunto de recursos


naturais e culturais que, em sua essência, formam a matéria-prima da atividade turística
porque, na realidade, sã o esses recursos que provocam a afluência de turistas.

1.2 Características

 Impossibilidade de armazenamento - ou seja nã o se poderã o constituir stocks, à


semelhança das outras actividades produtivas;
 Consumo realizado localmente - isto é, nisto é, neste caso o cliente tem de se
deslocar até ao local de produçã o dos bens e serviços (ex. a deslocaçã o de um
turista à s praias de Lagos);
 A produção e o consumo são simultâneos, pelo que só existe produçã o turística
quando há consumo;
 Imobilidade da Oferta - uma vez que um recurso turístico (praia, monumento)
nã o pode ser transferido para outro local associado a melhores condiçõ es de venda;
 Intangibilidade do Produto Turístico - tornando-o imaterial, uma vez que só
consumindo esse produto poderã o ser testados.
 Complementaridade do Produto Turístico - na medida em que qualquer
deslocaçã o turística envolve um conjunto de bens e serviços que concorrem entre
si em complementaridade (alojamento, alimentaçã o,...);

1.3 Classificação em função da sua finalidade

a) Oferta Turística de Atracção - Constituída por todos os elementos ou


factores de origem natural ou criados pelo homem que dã o resposta à s
motivaçõ es turísticas, originando uma deslocaçã o.

b) Oferta Turística de Recepção - Conjunto dos equipamentos, bens e


serviços que permitem a permanência no local visitado e satisfazem
necessidades decorrentes dessa permanência.
c) Oferta Turística de Retenção ou fixação - Constituída por todos os
elementos, que, contendo ou nã o motivos de atracçã o, contribuem para
aumentar a permanência dos visitantes ou torná -la mais agradá vel.

d) Oferta Turística de Animação - Todos os elementos criados pelo


homem susceptíveis de satisfazer necessidades de recreio ou de
ocupaçã o de tempos livres.

e) Oferta Turística de Deslocação - Constituída pelo conjunto de infra-


estruturas, equipamentos e serviços que permitem a deslocaçã o dos
turistas.

1.4 Elasticidade da oferta turística

A elasticidade turística representa o impacto que o preço da Oferta exerce sobre a variá vel
Procura. Isto é, apesar da oferta turística de qualquer destino ser variá vel, podemos dizer
que a procura só poderá ser satisfeita com base num conjunto mínimo de componentes
Oferecido. Sã o necessá rias infra-estruturas e todo um conjunto de equipamentos, serviços
e organizaçã o que atraiam visitantes e lhes proporcionem condiçõ es de permanência
capazes de darem resposta à s motivaçõ es da sua deslocaçã o e à s necessidades que lhe
estã o associadas.

2. Produto turístico
2.1. Noção

O produto turístico pode ser considerado, entã o, um conjunto de elementos que os turistas
consomem, experimentam, observam e apreciam durante a realizaçã o da viagem turística.
Realiza-se por meio de uma série de atividades e serviços relativos à hospedagem, à
alimentaçã o, aos transportes, à aquisiçã o de produtos locais como artesanatos e à
indú stria do vestuá rio ou de transformaçã o, bem como a visitas a atrativos naturais e
locais de lazer e entretenimento.

2.2Características essenciais

 Tangíveis - Os serviços nã o podem ser tocados, pesados, medidos ou


experimentados devido a terem nenhuma forma física, (estã o os bens, os recursos,
as infra-estruturas e os equipamentos);
 Intangíveis - contrariamente aos produtos tangíveis, significa que os serviços sã o
imateriais, ou seja, tem apenas existência na medida em que sã o produzidos e con-
sumidos. (estã o os serviços, a gestã o, a imagem da marca e o preço).
 Heterogeneidade - Nã o existe uma unidade na prestaçã o do serviço, devido à s
restantes características.
 Perecibilidade - Consequência do cará ter intangível. Nã o pode ser armazenado,
visto que a sua utilidade tem uma duraçã o limitada.
 Inseparabilidade - Os serviços sã o produtos consumíveis, e o consumidor
participa diretamente no processo de produçã o do serviço, ou seja, a produçã o e o
consumo ocorrem simultaneamente.

2.2. Componentes essenciais

 Recursos naturais – sã o compostos pelo ar, clima, pelos acidentes geográ ficos, o
terreno, a flora, a fauna, as praias, as belezas naturais…

 Recursos culturais – sã o compostos pelo patrimó nio arquitectó nico, pelos


museus, Monumentos, pela cultura da populaçã o local, sua gastronomia típica, seu
artesanato, folclore, seus eventos, há bitos e costumes, sua mú sica, literatura,
língua etc.

 Serviços turísticos – sã o compostos pelos meios de hospedagem, transportes


turísticos, entretenimento, desporto, serviços de alimentos e bebidas, serviços de
organizaçã o de eventos, comércio turístico (souvenirs)…

 Infra-estrutura – é composta pelo conjunto de estradas, portos, parques de


estacionamento, etc.

 Serviços urbanos de apoio ao turismo – sã o compostos pelos serviços bancá rios,


de saú de, de comunicaçõ es, de segurança pú blica, além de comércio especializado
para turistas.

2.3. Ciclo de vida do produto


O planeamento do produto é um componente essencial no desenvolvimento de um
negó cio rentá vel que pretenda ser contínuo, um produto é muito mais do que uma mera
combinaçã o de matérias-primas. Trata-se de um conjunto de satisfaçõ es e benefícios para
os clientes. O planeamento desse produto deve ser tratado do ponto de vista do
consumidor. A criaçã o do serviço ou produto certo vai depender das necessidades, desejos
e vontades dos consumidores que atualmente vem mudando, favorecendo, juntamente
com a competiçã o de mercado, a existência de um ciclo de vida.

2.3.1 As seis fases do ciclo de vida do produto turístico

1ª fase – Exploração

A fase da exploraçã o ocorre em torno de mudanças ambientais, sejam elas


econó micas, sociais, políticas ou tecnoló gicas, que proporcionam o surgimento de um novo
produto. É a fase da descoberta.
O destino recebe um nú mero reduzido de turistas, com elevado poder de compra,
amantes da natureza, com gosto pela aventura e risco, que procuram evitar situaçõ es
padronizadas.
Nesse caso, os turistas sã o atraídos pelos recursos bá sicos ou primá rios (recursos
naturais, culturais e histó ricos) que resultam quer da acçã o da natureza, quer da acçã o do
homem. O fenô meno turístico surge posteriormente nã o condicionando, de forma directa,
a criaçã o desses elementos. Nã o existem estruturas criadas especificamente para apoio ao
turismo.

2ª fase – Envolvimento

O envolvimento decorre quando os agentes locais iniciam o processo de prestaçã o


de serviços aos turistas.
Com o aumento crescente do nú mero de turistas, o destino passa a oferecer maior
quantidade de serviço.

3ª fase – Desenvolvimento

O desenvolvimento é o período que regista maior crescimento, quer da procura,


quer da oferta.
O nú mero de turistas cresce muito rapidamente com uma reduçã o associada do
respectivo poder de compra. Nos períodos de maior procura (estaçã o alta), o nú mero de
turistas ultrapassa a populaçã o residente.
4ª fase – Consolidação

A consolidaçã o ocorre apó s o final de um período de elevado crescimento.


A taxa de crescimento do nú mero de turistas diminui, embora ainda permaneça
positiva. Existe um aumento da presença de agentes externos no controle da oferta. A
actividade turística assume uma importâ ncia vital para a economia local, em termos de
criaçã o de riquezas e emprego.

5ª fase – Estagnação

A estagnaçã o é a fase mais crítica, pela incerteza que gera em termos de futuro.
O nú mero má ximo de turistas é atingido. Alguns turistas evidenciam níveis muito
baixos do ponto de vista socioeconmico, podendo existir algumas reaçõ es de repulsa por
parte dos residentes que os consideram nã o desejá veis.
O destino deixa de estar na moda, sendo reduzida a capacidade para atrair novos
turistas para além dos habituais (mais conservadores).

6ª fase – Pós-estagnação

Atingida a estagnaçã o, três cená rios podem surgir:


A estabilizaçã o: existe a tentativa de manutençã o do nú mero de turistas. As pressõ es
a nível ambiental, social e econó mico. Necessidade de acçõ es de planeamento e
ordenamento do territó rio por parte das autoridades pú blicas
O rejuvenescimento ou renovaçã o: por vezes, o objectivo nã o vai além da
manutençã o do nú mero de turistas por perceber que isso só será conseguido através da
alteraçã o do produto. Em alguns casos, pode-se assistir ao verdadeiro início de um novo
ciclo com um aumento do nú mero de turistas;
O declínio: nã o se consegue, nem a renovaçã o, nem a manutençã o do nú mero de
turistas. Os recursos criados especificamente para a satisfaçã o das necessidades dos
turistas, nomeadamente alojamento, restauraçã o e animaçã o, sã o convertidos para outros
fins, o que, normalmente nã o constitui tarefa fá cil.
2.4. Sugestões de produtos turísticos de acordo com as marcas de zona

Em Lagos os principais produtos turísticos identificados sã o:


a) “Sol e Praia”
No concelho de Lagos, à semelhança da regiã o na qual se insere, os “prazeres do Mar e do
Sol” decorrentes da extensa costa que caracteriza este territó rio constituíram desde o
início dos fluxos turísticos os principais atractivos da procura turística. O binó mio sol-
praia assume-se como o principal produto turístico em Lagos, constituindo o potenciar de
recursos/patrimó nio natural de Lagos associados à praia e condiçõ es climá ticas e
ambientais.
b) Desportos Náuticos
Os desportos ná uticos assumem uma importâ ncia crescente enquanto produto turístico
oferecido pelo concelho de Lagos.
Neste contexto, temos o caso da Meia Praia, dotada de equipamentos de apoio à prá tica de
desportos ná uticos, como as escolas de Surf e de Windsurf (Duna Beach Club e Pro Center
Windsurf Point) que promovem o turismo através de eventos desportivos de â mbito
nacional.
A existência de uma infraestrutura como a marina de Lagos, também resulta numa das
componentes que confere ao recurso mar, características de produto turístico, através da
prá tica de desportos ná uticos associadas à Baía de Lagos. A dinâ mica internacional
associada à prá tica da vela, pretende atingir a populaçã o nacional bem como internacional
com a realizaçã o de eventos de â mbito internacional (ex. Campeonato do Mundo da Classe
Dart 18). Verifica-se ainda o desenvolvimento de outra modalidade aquá tica - Jetski
associada a divulgaçã o e promoçã o de eventos de natureza internacional (Prova
Internacional e Campeonato Nacional).
c) Golfe
O Golfe assume-se como um importante produto turístico, no contexto do desporto e lazer.
O concelho de Lagos, dispondo de duas importantes infraestruturas para a prá tica deste
desporto, o campo de Palmares e Boavista, regista uma promoçã o de eventos de â mbito
nacional e internacional, associando o recurso natureza ao lazer e desporto. Em
articulaçã o com o alojamento, sã o desenvolvidos programas de promoçã o turística
associada à prá tica do Golfe.
d) História e Cultura
Para além das condiçõ es geográ ficas e climá ticas que caracterizam toda a regiã o do
Algarve, a Histó ria em Lagos ocupa um lugar de destaque e coloca o município e a cidade
em evidência no cená rio regional, nacional e internacional.
Neste contexto, os Descobrimentos Portugueses, começam a serem objecto de promoçã o
enquanto produto turístico. O “Festival dos Descobrimentos” que integra um evento que
“conduz o visitante a um desfile histó rico pelas ruas da cidade”, associado a uma prova dos
valores gastronó micos e culturais do concelho (“Fim de semana quinhentista”), sã o disso
um exemplo.

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