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1º ciclo em Turismo Economia do Turismo

Economia do Turismo

4 – Análise Económica da Oferta Turística


4.6 – Valoração económica dos recursos turísticos
(recursos livres)
Valoração económica dos
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recursos turísticos
Economia do Turismo
(recursos livres)

• Bens/Recursos Livres:

– não lhes é atribuído um valor monetário; existem na Natureza,


geralmente, em quantidades superiores às quantidades necessárias
para satisfazer as necessidades dos indivíduos  podemos deles
dispor sem ter que pagar uma contrapartida

– Não têm mercado  Não têm um preço, mas têm valor (trazem
benefícios a quem deles usufrui)

Ex.: ar, água do mar, gelo nas regiões polares, parque natural e outras
zonas naturais protegidas, praia, serras, paisagens, bens e serviços
culturais…
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recursos turísticos
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(recursos livres)

Não exclusividade

Não é possível excluir um


indivíduo de os utilizar, de
Bens livres tirar proveito.

Bens que poderão ser


proporcionados a todos Não rivalidade
(ex: praia, lagos,
paisagens).
O consumo de um bem público por
uma pessoa não tem influência
sobre a quantidade disponível para
as outras pessoas.
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Bens livres Aposta na valorização e


perenidade destes recursos

Garantir a
proteção e
Garantir o bem-
valorização do
estar dos
património
visitantes
(natural e
cultural)

Defesa da Defesa do bem-


competitividade estar dos
das empresas residentes
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Bens livres Perspetivas de utilização pelos


vários utilizadores

• Fatores justificativos dos seus investimentos


Empresas
Importante conciliar
os interesses em
• Preocupados com o ambiente em que vivem, causa mediante
são fatores de valorização que integram o seu políticas que
Residentes modo de vida. garantam os
princípios de
sustentabilidade.
• O que é importante é que deles possam
beneficiar durante a suas viagens em condições
Visitantes que lhes garantam a máxima satisfação.
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(recursos livres)

– Valoração Económica de recursos livres


Determinação do valor dos recursos livres que constituem motivo de
deslocação das pessoas

Ex.: Paisagens; Reservas Naturais; Praias; Lagos; Festas tradicionais;


Monumentos…

Ex.: A economia ambiental pretende avaliar os custos e os benefícios totais associados


aos recursos naturais, incluindo não só os que possuem um valor de mercado mas
também aqueles que, habitualmente, não são traduzidos num valor monetário.

Mas como valorar bens que não


têm um mercado?
E porquê valorar?
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(recursos livres)

Como encontrar um método de valoração que tenha em conta os múltiplos aspetos do


valor de um bem livre (ex. paisagem, monumento…)?

Porque devemos proteger uma paisagem e não outra?

Porque devemos impor restrições à utilização dos espaços?

As paisagens, por exemplo, não são vendidas no mercado nem outros recursos
turísticos básicos (ex: praias, clima, lagos, monumentos…) podem ser vendidos.
Estes recursos têm a natureza de um bem coletivo, sem mercado efetivo, pelo
que, não sendo trocados em nenhum mercado não têm um preço.

Qualquer bem livre tende a ser subavaliado – o seu livre acesso poderá originar o seu
uso excessivo e conduzir à sua degradação.
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Métodos de avaliação dos recursos turísticos

Segundo os Valores Estéticos Segundo o seu Valor


dos Recursos Turísticos Económico

Avaliação consensual Método do custo de viagem


Avaliação por componentes Método dos preços hedónicos
Avaliação pelas preferências Método da avaliação do
contingente
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– O Valor Económico Total de um Recurso deste tipo engloba diferentes


tipos de valores

Valor Económico
Total (VET)

Valor
Valor de Opção (V0) Valor de Existência (VE)
de Uso (VU)

VET = VU + VO +VE
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Método do custo de viagem

Método muito utilizado em turismo para estimar o valor económico de


determinados recursos naturais e culturais (recursos sem mercado).

Os trabalhos pioneiros nesta área são da autoria de 3 economistas americanos


Hotelling, Clawson e Davis.

A decisão de visitar um determinado recurso depende do valor excedente do


consumidor (Valor Excedente do Consumidor = Valor Atribuído ao Recurso - Custo
de Acesso ao Recurso).

A procura de um determinado recurso aumenta quando o custo de acesso (preço)


diminui, e diminui quando o custo de acesso aumenta.
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Método do custo de viagem

Variação
do preço
(custo de
acesso)P2

P1

P0

V0 V1 V2

Milhares de visitantes
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Método do custo de viagem - Processo

1ª etapa - Identificar o recurso e a população do


estudo Zona C
Zona B
2ª etapa - Identificar um conjunto de zonas em Zona A

redor do recurso Recurso

3ª etapa - Em cada zona recolher informação sobre


os custos para visitar o recurso e a percentagem
dos residentes que visitam o recurso em análise

4ª etapa - Calcular a média dos custos de viagem


para cada zona - Origem dos visitantes
- Estimativa do custo de
5ª etapa - Estimar o número de visitantes do viagem a partir de
recurso cada zona de origem e
a população de cada
6ª etapa - Estimar o valor económico total do zona
recurso
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Método do custo de viagem

Assume que o número de visitas a um determinado local é função do custo de viagem


até esse local  o indivíduo revela (entrevista pessoal) as suas escolhas pela compra de
determinados bens de mercado relacionados com o uso ou consumo de um bem
ambiental [despesas incorridas pelos utilizadores do local a avaliar (custos de tempo e
de deslocação e permanência no destino – dependendo da motivação)]

Premissa fundamental: o custo de viagem para locais de recreio ou áreas turísticas pode ser
usado para inferir a disposição para pagar dos turistas e, deste modo, obter a sua valoração
desses locais.
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Método do custo de viagem – formalização matemática do cálculo do custo de


viagem
Esta versão do
modelo
Cij = CTij + OTVij + CTij considera a
existência de
uma única área
Onde:
recreativa, mas
na realidade o
Cij -> custo total da viagem do lugar de residência
visitante opta por
(i) para a área de destino a visitar (j)
uma alternativa
CTij -> custo de transporte entre i e j.
entre várias
OTVij -> Outros custos de viagem.
alternativas
Ctij -> Custo do tempo
(estamos
perante a
existência de
recursos
substitutos)
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Método do custo de viagem – Algumas limitações

. Dificuldade em medir o “custo do tempo”


. Coloca o valor do recurso dependente de fatores que lhe são alheios
(exemplo: qualidade das estradas)
. Uma paisagem natural não frequentada não terá valor…
. Dificuldade na exclusão de serviços não associados ao local (objetivos e
destinos múltiplos  apenas parte dos custos com o trajeto devem incluir-se no
gasto total com a visita à zona de lazer)
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Avaliar as vantagens
económicas da proteção.

Método do custo de viagem

Avaliar as vantagens que


resultam da sua perda de
qualidade
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Método dos preços hedónicos

- Baseia-se nos trabalhos de Lencaster e Rosen.

- Através deste método é possível identificar em que medida as caraterísticas distintivas de um


bem contribuem para o seu preço de mercado.

- O valor da paisagem por este método é determinado a partir do mercado imobiliário


(habitações e terrenos são vendidos a preços diferentes devido à sua localização.

- O preço de uma casa depende das características da construção e das características da


localização.
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Método dos preços hedónicos - etapas

• Medir a variável explicada (corresponde


1ª etapa ao preço do bem imobiliário)

• Medir as variáveis explicativas (entre as


2ª etapa quais a qualidade da paisagem)

• Estimar a função procura


3ª etapa
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Método dos preços hedónicos - limitações

- Quanto maior é a utilização imobiliária de uma paisagem, maior é o seu


preço, mas quanto mais se utiliza, maior é a sua desvalorização
enquanto recurso natural.

- Não permite avaliar paisagens cujo valor não possa ser determinado
pelo imobiliário. Desta forma, uma reserva ecológica ou uma montanha
onde não é possível e viável a construção, não teriam valor.
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Método da avaliação contingente

- Estimar o valor pessoal de um bem em função de um mercado hipotético.

- Pergunta diretamente às pessoas acerca da valorização que fazem dos recursos.

- Premissa fundamental: pretende-se que os indivíduos expressem, através de um


valor monetário, a sua disponibilidade para pagar pela garantia de manterem o
direito de continuarem a poder usufruir ou a sua disposição a receber pela
compensação do não usufruto do recurso.

- O valor pessoal é determinado a partir de informações recolhidas num


questionário – onde é assumido que as pessoas estão aptas a responder às
seguintes questões:
- Disposição a pagar - exemplo: Quanto está disposto a pagar por uma vista
atrativa?
- Disposição a aceitar – exemplo: Qual a compensação que está disposto a
aceitar pela degradação do ambiente?
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Método da avaliação contingente – limitações

. Dificuldade das pessoas avaliarem bens que não são comercializados no


mercado.

. A entrevista pode induzir as respostas.


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Economia do Turismo Referências bibliográficas

Valoração económica de Recursos Livres:


. Cunha, L. (2006). Economia e Política do Turismo. Lisboa: Verbo
. Milne, M. (1991). Accounting, Environment Resource Values, and Non-market
Valuation Technique for Environmental Resources, Accounting , Auditing , and
Accountability Journal, 4(3), pp.81-109.
. Field, B. (2008). Natural Resource Economics - An Introduction. 2nd Ed. Waveland
Press
. Oliveira, F.; Pintassilgo, P.; Mendes, I. e Silva, J.A. (2009). Contributos da economia
ambiental para a sustentabilidade do turismo - Um exemplo na área do recreio
florestal, Comunicação apresentada no 15º Congresso da APDR/ 1º Congresso
de Desenvolvimento Regional de Cabo Verde, Cabo Verde.

. Tietenberg, T. (2000). Environmental and Natural Resource Economics, 5th Ed.,


Addison Wesley Publishing Company.

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