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Patrimônio Imaterial Piauiense

Profa. Patrícia Mendes


Os agentes do patrimônio

A Constituição brasileira estabelece que cabe ao poder público, com o apoio da comunidade, a
proteção, preservação e gestão do Patrimônio Histórico e Artístico do país.
O órgão federal que possui essa atribuição é Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional – IPHAN, do Ministério da Cultura.
No âmbito estadual, a SECULT, através da Coordenação de Registro e Conservação, é o
agente público responsável pelas políticas de preservação do patrimônio.
Patrimônio Imaterial: breve definição

A UNESCO define como Patrimônio Cultural Imaterial as práticas, representações,


expressões, conhecimentos e técnicas e também os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que
lhes são associados e as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos que se
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado
pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de
sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
As ações do IPHAN para a preservação do patrimônio cultural imaterial consistem no Registro
e nos planos de salvaguarda.
CATEGORIAS:
 
1. Celebrações. Nesta Categoria incluem-se os principais ritos e festividades associados à
religião, à civilidade, aos ciclos do calendário, etc. São ocasiões diferenciadas de sociabilidade,
envolvendo práticas complexas com suas regras específicas de distribuições de papéis, a
preparação e o consumo de comidas, bebidas, a produção de um vestiário específico, a
ornamentação de lugares, o uso de objetos espaciais, a execução de música, orações, danças,
etc. São atividades que participam fortemente da produção de sentidos específicos de lugar e
território. São Exemplos festas como as de São Sebastião, do Divino Espírito Santo, de Iemanjá,
de São João e o carnaval, que se realizam com variações em inúmeras regiões do Brasil; ou
outras mais localizadas como o Círio de Nazaré em Belém (PA), a lavagem do Bonfim e a Romaria
de Bom Jesus da Lapa na Bahia ou, no Estado de Goiás, a Cavalhada (Pirenópolis) e a Procissão
do Fogaréu (Goiás).
 
O Yaokwa é um ritual do povo Enawene Nawe, que vive no Mato Grosso, Brasil. No ritual, que dura
sete meses, cada grupo da tribo é responsável por uma tarefa como pesca ou produção de
alimentos. O objetivo é homenagear os espíritos Yakairiti para manter a ordem cósmica e social
CATEGORIAS:
  
2. Formas de expressão. Formas não-linguisticas de comunicação associadas a determinado grupo social
ou região, desenvolvidas por atores sociais (individuais ou grupos) reconhecidos pela comunidade e em relação
às quais o costume define normas, expectativas, padrões de qualidade, etc. Incluem-se nessa categoria o
cordel, a cantoria e a xilogravura no Nordeste, diversas variantes do Boi (o boi bumbá, o boi duro, o bumba meu
boi, etc) em várias regiões do Brasil, a moda de viola e a catira no centro-sul, a ciranda no litoral de
Pernambuco, a cerâmica figurativa no vale do Jequitinhonha, etc. Neste caso, serão inventariadas não as
linguagens em abstrato, mas o modo como elas são postas em prática por determinados executantes.
 
 
CATEGORIAS:
  
3. Ofícios e modos de fazer, ou seja, as atividades desenvolvidas por atores sociais (especialistas)
reconhecidos como conhecedores de técnicas e de matérias-primas que identifiquem um grupo social ou uma
localidade. Este item refere-se à produção de objetos e à prestação de serviços que tenham sentidos práticos ou
rituais, indistintamente. Entre este encontram-se a carpintaria no sul da Bahia, a confecção de panelas de barro
no Espírito Santo, a manipulação de plantas medicinais na Amazônia, a culinária em Goiás Velho, o benzimento
nas várias regiões do país, as variantes regionais de técnicas construtivas, do processamento da mandioca ou
da destilação da cana, entre muitos outros. Tal como no caso anterior, os modos de fazer não serão
inventariados em abstrato, mas através da prática de determinados executantes.
 
CATEGORIAS:
 
4. Edificações. Em diversos casos, estruturas de pedra e cal estão associadas a determinados
usos, a significações históricas e de memória ou às imagens que se tem de certos lugares.Essas
representações as tornam bens de interesse diferenciado para determinado grupo social, muitas
vezes independentemente de sua qualidade arquitetônica ou artística. Nesses casos, além dos
aspectos físicos-arquitetônicos, são relevantes do ponto de vista do patrimônio as representações
a eles associadas, as narrativas que se conservam a seu respeito, eventualmente os bens móveis
que eles abrigam, determinados usos que neles se desenvolvem. Esta categoria integra tanto
edifícios emblemáticos do porte das igrejas de Nossa Senhora Aparecida (SP) e de Nosso Senhor
do Bonfim ou do Terreiro da Casa Branca de Salvador (BA), como outros de significação mais
localizada como são a casa de Cora Coralina em Goiás (GO), as sedes de Lira Popular de
Belmonte (BA) ou da Banda Carlos Gomes em Campinas (SP).
 
 
CATEGORIAS:
  
5. Lugares. Toda atividade humana produz sentidos de lugar. Neste inventário serão incluídos
especificamente aqueles que possuem sentido cultural diferenciado para a população local. São
espaços apropriados por práticas e atividades de naturezas variadas ( exemplo: trabalho,
comércio, lazer, religião, política, etc.), tanto cotidianas quanto excepcionais, tanto vernáculas
quanto oficiais. Essa densidade diferenciada quanto a atividades e sentidos abrigados por esses
lugares constitui a sua centralidade ou excepcionalidade para cultura local, atributos que são
reconhecidos e tematizados em representações simbólicas e narrativas. Do ponto de vista físico,
arquitetônico e urbanístico, esse lugares podem ser identificados e delimitados pelos marcos e
trajetos desenvolvidos pela população nas atividades que lhes são próprias. Eles podem ser
conceituados como lugares focais da vida social de uma localidade.
Há inúmeros exemplos de lugares pertinentes a esse inventário. Entre eles podem ser
citados a Feira de Caruaru (PE) ou de São Cristóvão no Rio de Janeiro, o mercado Ver-o-peso em
Belém (PA), o Quadrado de Trancoso no sul da Bahia, a Praça da Sé em São Paulo, a Lagoa do
Abaeté em Salvador (BA), a sede de um time de futebol, a quadra de uma escola de samba, uma
área urbana como o Pelourinho em Salvador ou o Bairro do Recife (PE).
 
DECLARAÇÃO DE RELEVANTE
INTERESSE CULTURAL
Lei Estadual nº 4.515 de 09/11/92 que dispõe da
Proteção do Patrimônio Cultural do Piauí
LEI Nº 4.515 DE 09 DE NOVEMBRO DE 1992
Publicado Diário Oficial
nº 215, de 13.11.92

Dispõe sobre a proteção do Patrimônio


Cultural do Estado do Piauí e dá outras
providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ FAÇO saber que o Poder Legislativo e eu sanciono a seguinte
Lei:
CAPÍTULO I
Disposições Preliminares

Art. 1º - O Patrimônio Cultural do Estado do Piauí é constituído pelos bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da comunidade piauiense e que, por qualquer forma de proteção, prevista em Lei,
venham a ser reconhecidos como valor cultural, visando à sua preservação.

Parágrafo Único – Integram, ainda, o Patrimônio Cultural do Estado, nos termos desta Lei, o entorno dos
bens tombados, os bens declarados de relevante interesse da cultura e as manifestações culturais existentes.

Art. 2º - Os bens e as manifestações de que trata esta Lei poderão ser de qualquer natureza, origem ou
procedência, tais como: históricos, arquitetônicos, ambientais, naturais, paisagísticos, arqueológicos,
museológicos, etnográficos, arquivísticos, bibliográficos, documentais ou quaisquer outros de interesse das
demais artes ou ciências.
§ 1º - Na identificação dos bens a serem protegidos pelo Governo do Estado levar-se-ão em conta os
aspectos cognitivos, estéticos ou afetivos que estes tenham para a comunidade.
§ 2º - Cabe à comunidade participar da preservação do patrimônio cultural, zelando pela sua proteção e
conservação.
CAPÍTULO V
Da Declaração de Relevante Interesse Cultural

Art. 29º - Quando o bem ou manifestação cultural se revestir de especial valor e, pela sua natureza ou
especificidade, não se prestar a proteção, pelo tombamento, o Governador do Estado poderá declara-lo de
relevante interesse cultural.

Parágrafo Único – A declaração de relevante interesse cultural do bem ou manifestação cultural exigirá
medidas especiais de proteção, por parte do Governo do Estado, seja mediante condições e limitações do seu
uso, gozo ou disposição, seja pelo aporte de recursos públicos, de qualquer ordem.

Art. 30º - As medidas de proteção, determinadas pelo Governo do Estado, visarão a possibilitar a melhor
forma de permanência do bem ou manifestação cultural, com suas características e dinâmicas próprias,
resguardando-lhes a integridade e a expressividade.

Art. 31º - O processo de declaração de relevante interesse cultural de bem ou de manifestação cultural será
instruído tecnicamente pelo Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural da Fundação Cultural e
encaminhado ao Conselho Estadual de Cultura, para deliberação.

Art. 34º - Declarados de relevante interesse cultural, bens ou manifestações, ainda que de natureza privada,
poderão receber estímulos fiscais, investimentos ou aportes de recursos públicos, desde que estes sejam
necessários à sua proteção, conservação e memória.
BENS DECLARADOS DE RELEVANTE INTERESSE CULTURAL

•MODO DE FAZER TRADICIONAL DA CAJUÍNA através do Decreto nº 13.068


de 15/05/2008
•“Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina”
(Cajuína, Caetano Veloso)

•Proposta foi referendada pela Cooperativa de Produtores de Cajuína do Piauí, das cidades de
Água Branca, Altos, Amarante, Monsenhor Gil, Pau D’ Arco Picos, Picos, Regeneração, Teresina e
Valença.

•A cajuína hoje cantada pelo poeta foi, supostamente, também cantada nas praticas cotidianas
de nossas populações em tempos passados de nossa origem étnica. Bebida derivada do “acaiu”
ou “acâi-ou”, nome tupi que significa fruto que se produz, fruto do pomo amarelo, hoje conhecida
por caju. A cajuína é uma bebida preparada com “água de cajú” ou suco de cajú clarificado, como
diz a linguagem da tecnologia agrícola atual. Trata-se de uma bebida típica do Nordeste do Brasil,
notadamente dos Estados do Piauí, Ceará e Maranhão.
BENS DECLARADOS DE RELEVANTE INTERESSE CULTURAL

•RAÇA DE GADO PÉ-DURO através do Decreto nº 13.765 de 20/07/2009

•De iniciativa do Deputado Marcelo Côelho, teve o processo coordenado pela EMBRAPA Meio Norte;
•o Gado Pé-Duro constitui um patrimônio genético de valor incomensurável que está sendo resgatado e
deve ser tratado como uma questão de segurança nacional.

O gado Pé-Duro ou curraleiro é descendente dos bovinos trazidos pelos portugueses no período colonial.
Esses bovinos foram, aos poucos, adaptando-se a condições de pastagens de baixa qualidade, de seca e de
calor, resultando, depois de séculos, em animais muito resistentes a essas difíceis condições.
O Piauí foi, no passado, um grande exportador de carne para outras regiões. Nessa época, o pé-duro era o
gado criado em maior número no Estado. Por isso, o gado pé-duro, além de seu valor econômico, possui,
também, valor histórico.
O gado Pé-Duro é ainda um importante recurso genético para a pecuária brasileira, podendo ser, melhorado
através de seleção, utilizado em cruzamentos, ou até mesmo aproveitado para formar novas raças, seguindo-se
sistemas de cruzamentos bem planejados.
Nos últimos anos, porém, o gado pé-duro vem sendo eliminado das fazendas, encontrando-se em perigo de
extinção. Por esse motivo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem mantendo em São
João do Piauí,na zona semi-árida do Estado, uma fazenda para conservar o gado pé-duro, evitando seu
desaparecimento. O Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Banco do Nordeste (FUNDECI) e a
Fundação Banco do Brasil (FBB) colaboraram financeiramente para implantação dessa fazenda.
BENS EM ESTUDO

•ABOIO DO VAQUEIRO
BENS EM ESTUDO

•MODO DE FAZER TRADICIONAL DO BOLO DE GOMA

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