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Jou bert Raphael i a n 3

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Joubert Raphaelian
Editora
Mensagem Para Todos

Coordenação Editorial
Rousemary Maia

Capa
Souto Dsign

Revisão Copyright (c) 2008 Joubert Raphaelian


J.G.Silva
Todos os direitos reservados a
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Bragança Paulista - SP
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Imprensa da Fé Falar com o autor:
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Proibida a reprodução total ou parcial por


qualquer meio sem a autorização por
6 escrito do autor.
ANJO

Joubert Raphaelian (2008)


Anjo Digital
Ficção/Joubert Raphaelian
Editora Mensagem Para Todos, 2008
ANJO
Ao Espírito Santo de Deus,
que me inspirou e capacitou 7
a escrever este livro.

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ÍNDICE

Em busca de um sonho.........................................................009

New York, New York.............................................................017

Retorno em “grande estilo”...................................................033

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Desencontros e vários bons encontros................................047
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Fechando o cerco..................................................................069

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Controle total.......................................................................089

Apocalipse now....................................................................111

Quem casa quer... liberdade................................................139

Como dar nó em pingo d’água..........................................169

O dia em que a casa caiu.....................................................199

Revanche em meio a luta....................................................211


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EM BUSCA DE UM SONHO

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O visto
O mostrador indicava 3o. andar quando a porta do el- 11
evador se abriu. Caminhei pelo largo corredor que terminava

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frente à porta onde os dizeres “Consulado Geral dos Estados
Unidos” indicavam que eu havia chegado ao meu destino.
A gentil recepcionista logo entendeu o que eu desejava
e me encaminhou para o Setor de Vistos Temporários.
Sempre ansiara em conhecer os Estados Unidos, pois essa
poderia ser a minha grande chance na área profissional. Com
grande sacrifício, meus pais juntaram todas as suas economias
para que eu terminasse a faculdade. Consegui boas notas, mas
a tão esperada indicação para um bom emprego nunca deu o
ar de sua presença; por isso vaguei exaustivamente pelas mel-
hores empresas de colocação profissional, aceitando trabalhar
em qualquer empresa, até aparecer finalmente a oportunidade
de disputar uma vaga, bem sucedida, numa multinacional.
Foram dois anos de dedicação intensa, onde meu
horário oficial de trabalho era meramente informativo. Com
o objetivo de alcançar o tão ambicionado sucesso profissional,
trabalhava também à noite, aos finais de semana e às vezes
também aos feriados.
Finalmente minha dedicação teve êxito: fui selecio-
nado para um estágio na Matriz, em Boston, Estados Unidos
da América! Meu contentamento aflorava das minhas feições,
pois minha alegria era notória.
Sabia de antemão que essa estada não seria fácil, pois
teria que vencer a barreira da língua, dos costumes, e princi-
palmente do racismo norte-americano. Apesar de ter nascido
no Brasil e ser descendente de italianos, eu seria visto como la-
tino, uma sub-raça aos olhos dos dirigentes da Matriz. Porém
o importante é que eu havia sido o escolhido e teria a oportu-
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nidade de me atualizar com as mais recentes tecnologias. En-


frentar dificuldades já era uma constante, desde que eu havia
conseguido entrar na Faculdade.
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O próximo !
A chamada do atendente me trouxe de volta à reali-
dade. Agora, a tarefa seria enfrentar a burocracia. Estava tran-
qüilo, pois a indicação para o visto era da empresa, e sendo
assim, me sentia muito confortável, ao contrário da longa fila
de requerentes que tentavam mudar para uma vida melhor
em outro país.
- O Senhor não possui ainda o RGID - disse secamente
a atendente, aguardando uma resposta minha.
- Não sei o que é o RGID, mas posso pedir para o De-
partamento Pessoal para providenciar – eu disse, pensando
tratar-se de algum formulário, pois já haviam me alertado que
uma papelada enorme seria necessária.
- Não é sua empresa quem providencia, mas é o sen-
hor mesmo. Rede Global de Identificação Digital é a sigla de
RGID.
- O que vem a ser isso ? - indaguei, pois realmente
desconhecia esse sistema de identificação.
- Esse sistema é obrigatório desde o mês passado, para
todos os turistas e também para qualquer pessoa que por
qualquer motivo queira ou necessite pisar em solo americano.
Vou encaminhá-lo para o setor competente que poderá lhe
fornecer maiores informações.
O horário de atendimento do setor estava terminan-
do, mas consegui fornecer minhas informações básicas, rece-
bendo um cartão com um número primário de identificação,
além de uma apostila informativa, indicando que retornasse
assim que fosse providenciado.

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O trânsito na Avenida Paulista, em São Paulo, onde
ficava o edifício com os escritórios do Consulado, estava
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caótico quando deixei o prédio. A muito custo consegui pegar
um táxi, que me levasse para casa.

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Meu chefe me dera alguns dias de folga, para que
pudesse cuidar da documentação. Assim, pretendi me dedicar
com afinco nessa atividade. Após saborear o jantar que mamãe
preparara, sentei-me ao sofá e comecei a olhar a apostila que
haviam me entregado.
Em sua capa, os dizeres “Estados Unidos da América
– Manual de Procedimentos para requerimento de visto de
entrada no país” deixavam clara sua finalidade. Comecei a
folheá-lo. Os itens principais diziam:
Somente serão concedidos vistos de entrada no país em
caráter provisório ou permanente, aos portadores do RGID
(Rede Global de Identificação Digital), e que não tenham re-
strições e sejam aprovados dentro dos critérios do Departa-
mento de Imigração.
Os Estados Unidos da América concederão, sem ônus,
durante o período de permanência do estrangeiro em todo o
território norte-americano, monitoramento sobre a sua pes-
soa física, 24 horas diária, com as seguintes finalidades:
- Propiciar maior segurança através dos seus departa-
mentos de proteção individual;
- Prover a identificação instantânea, sem necessidade
de documentos de identificação;
- Efetuar a conexão com os sistemas bancários, órgãos
de crédito, empresas de seguro e outros.
Entendi que com isto eu estaria no topo da escala de
tecnologia, acima inclusive dos colegas da empresa, pois em
caso de seqüestro, seria imediatamente localizado. Também
não teria que me preocupar em portar passaporte, carteira de
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motorista, cartão do plano de saúde, cartão de crédito, talão de


cheque, etc. Enfim, a minha presença seria o suficiente. Nada
de documentos, segurança e conforto total. Maravilhas da tec-
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nologia moderna ao meu alcance; ainda tinha a primazia de
ser um dos primeiros a ter essa facilidade, bastando cuidar
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somente da documentação necessária.


Então, bastante animado, comecei a providenciar as
informações. Tive que ir ao Cartório de Registro Civil onde
o registro de meu nascimento havia sido feito. Entreguei o
formulário fornecido pelo Consulado Americano, onde ori-
entava o Cartório a fornecer as minhas informações de nasci-
mento pela internet, juntamente com o meu código-chave.
Entretanto, algumas informações tiveram que ser
complementadas, tais como dados dos pais e avós, ideologia
política, motivos da viagem, identificação de irmãos, filhos e
outras mais. Bastante burocrático, mas assumi esse trabalho
como um álbum de informações que não morreria comigo,
pois poderia ser acessado pelas minhas futuras gerações.
O próximo passo foi meu histórico escolar. Necessitei
percorrer todas as escolas onde estudara, e em todas com o
mesmo procedimento: informações pela internet e usando o
meu código-chave.
No seguro saúde, as coisas não foram assim tão sim-
ples, pois precisei fazer um check-up completo, que durou
três dias, além de uma imensa bateria de perguntas. Assim
não precisaria mais carregar ou guardar minhas informações
médicas, pois elas estariam disponíveis a qualquer tempo e em
qualquer lugar.
A empresa também teve que informar toda minha vida
profissional, cursos, cargos e funções exercidas, trabalhos real-
izados, salários e gratificações recebidas, nome de chefes, sub-
alternos e datas. A justificativa da minha ida aos Estados Uni-
dos teve que ser complementada e aprovada pela presidência
da empresa, e o departamento de recursos humanos neces-

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sitou especificar com detalhes as datas, lugares, dados da hos-
pedagem, pessoas com quem manteria contato e respectivos
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assuntos que poderiam ser tratados.
Na Polícia, tive que aguardar que meu prontuário

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ficasse pronto. Na Receita Federal, as minhas informações ref-
erentes ao imposto de renda foram também enviadas pela in-
ternet, com o meu código-chave.
Enfim, estava tudo pronto; tirei fotos de frente e perfil,
bem como de corpo inteiro, anexei atestado de meu médico
particular onde constavam também meu peso, altura e cor da
pele, e voltei ao Consulado dos Estados Unidos.
O atendimento foi rápido, cortês, e fui enviado a uma
sala onde o RGID seria implantado; esta era magnificamente
decorada. Fui tratado como um príncipe, numa condição
nunca vista nem filmes ou documentários. Um funcionário
graduado me acompanhou o tempo todo, me oferecendo fi-
nos petiscos, bebidas e licores. Achava que eles haviam se en-
ganado, pensando tratar-se de outra pessoa, mas não era erro:
tudo aquilo era para mim!
O RGID era um pequeno microchip, transparente, na
forma de um pequeno quadrado, de 1,5 mm. Com o auxílio
de uma seringa especial, dourada, que tinha também a função
anestésica, introduziram o RGID nas costas de minha mão
direita. Um aparelho que emitia raios laser, cicatrizou rapida-
mente o pequeno corte. Não senti dor alguma, e a operação
toda não durou mais que um minuto.
Dali, fui direcionado a uma grande e suntuosa sala, onde
o Cônsul Geral me aguardava. Deu-me os parabéns, entregando-
me uma miniatura da bandeira dos Estados Unidos.
- Esses americanos são excêntricos -, pensei.
Como gostara da recepção, fui para casa feliz e alegre.
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A viagem
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Preparei as malas e dirigi-me ao Aeroporto. Ao pas-
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sar pelo detector do check-in, a porta da esquerda foi rapida-


mente aberta e uma recepcionista me deu as boas vindas, me
chamando pelo nome !
- Seu vôo já está liberado, e o senhor poderá aguardar na
sala de espera VIP - disse a atendente, me encaminhando. Um
auxiliar pegou minha bagagem e nada tive que falar ou fazer.
Estava sendo tratado como um príncipe, e estava começando
a gostar disso.
A sala VIP fazia jus ao nome: champanhe francês, cavi-
ar russo, sashimi de salmão, pistache, e outros aperitivos. Uma
festa! Internet, músicas, filmes, revistas e livros completavam
a mordomia.
A aeronave da USGA (United States Global Air) era
luxuosa, pelo menos na classe em que estava: poltronas indi-
viduais, totalmente reclináveis, podendo selecionar através de
um monitor, filmes, músicas, ou internet e outras facilidades.
Conforto total, somente quebrado pelas incessantes
passagens da aeromoça, oferecendo os mais variados quitutes
e bebidas. Digno de um rei.
A chegada em Boston foi, mais uma vez, singular. Ao
passar por um corredor, imediatamente minhas malas apare-
ceram na esteira que corria ao lado. Eu as via, mas não con-
seguiria pegá-las, pois estavam a uma distância maior que
meus braços poderiam alcançar. Como elas me acompanha-
vam, continuei andando; ao final do corredor, uma porta se
abriu e uma limusine me aguardava! O motorista pegou as
malas, e sem perguntar nada, me levou até o hotel.
Não fiz alfândega, não apresentei documentos, não
tive que chamar táxi e nem tive que dizer aonde ia. Eu sim-
plesmente era servido. Chegando ao hotel, o camareiro me

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levou até meu apartamento. Não fiz check-in, nem precisei
dizer meu nome, nem apresentar documentos. Parecia que to-
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dos já me conhecessem de longa data e eu estivesse em casa.
Aproveitei para desfazer as malas e descansar, pois no dia

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seguinte começariam minhas atividades.
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