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Jou bert Raphael i a n 3
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Joubert Raphaelian
Editora
Mensagem Para Todos
Coordenação Editorial
Rousemary Maia
Capa
Souto Dsign
Impressão e Acabamento
Imprensa da Fé Falar com o autor:
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familiaj@uol.com.br
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ÍNDICE
Em busca de um sonho.........................................................009
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Desencontros e vários bons encontros................................047
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Fechando o cerco..................................................................069
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Controle total.......................................................................089
Apocalipse now....................................................................111
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O visto
O mostrador indicava 3o. andar quando a porta do el- 11
evador se abriu. Caminhei pelo largo corredor que terminava
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frente à porta onde os dizeres “Consulado Geral dos Estados
Unidos” indicavam que eu havia chegado ao meu destino.
A gentil recepcionista logo entendeu o que eu desejava
e me encaminhou para o Setor de Vistos Temporários.
Sempre ansiara em conhecer os Estados Unidos, pois essa
poderia ser a minha grande chance na área profissional. Com
grande sacrifício, meus pais juntaram todas as suas economias
para que eu terminasse a faculdade. Consegui boas notas, mas
a tão esperada indicação para um bom emprego nunca deu o
ar de sua presença; por isso vaguei exaustivamente pelas mel-
hores empresas de colocação profissional, aceitando trabalhar
em qualquer empresa, até aparecer finalmente a oportunidade
de disputar uma vaga, bem sucedida, numa multinacional.
Foram dois anos de dedicação intensa, onde meu
horário oficial de trabalho era meramente informativo. Com
o objetivo de alcançar o tão ambicionado sucesso profissional,
trabalhava também à noite, aos finais de semana e às vezes
também aos feriados.
Finalmente minha dedicação teve êxito: fui selecio-
nado para um estágio na Matriz, em Boston, Estados Unidos
da América! Meu contentamento aflorava das minhas feições,
pois minha alegria era notória.
Sabia de antemão que essa estada não seria fácil, pois
teria que vencer a barreira da língua, dos costumes, e princi-
palmente do racismo norte-americano. Apesar de ter nascido
no Brasil e ser descendente de italianos, eu seria visto como la-
tino, uma sub-raça aos olhos dos dirigentes da Matriz. Porém
o importante é que eu havia sido o escolhido e teria a oportu-
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O próximo !
A chamada do atendente me trouxe de volta à reali-
dade. Agora, a tarefa seria enfrentar a burocracia. Estava tran-
qüilo, pois a indicação para o visto era da empresa, e sendo
assim, me sentia muito confortável, ao contrário da longa fila
de requerentes que tentavam mudar para uma vida melhor
em outro país.
- O Senhor não possui ainda o RGID - disse secamente
a atendente, aguardando uma resposta minha.
- Não sei o que é o RGID, mas posso pedir para o De-
partamento Pessoal para providenciar – eu disse, pensando
tratar-se de algum formulário, pois já haviam me alertado que
uma papelada enorme seria necessária.
- Não é sua empresa quem providencia, mas é o sen-
hor mesmo. Rede Global de Identificação Digital é a sigla de
RGID.
- O que vem a ser isso ? - indaguei, pois realmente
desconhecia esse sistema de identificação.
- Esse sistema é obrigatório desde o mês passado, para
todos os turistas e também para qualquer pessoa que por
qualquer motivo queira ou necessite pisar em solo americano.
Vou encaminhá-lo para o setor competente que poderá lhe
fornecer maiores informações.
O horário de atendimento do setor estava terminan-
do, mas consegui fornecer minhas informações básicas, rece-
bendo um cartão com um número primário de identificação,
além de uma apostila informativa, indicando que retornasse
assim que fosse providenciado.
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O trânsito na Avenida Paulista, em São Paulo, onde
ficava o edifício com os escritórios do Consulado, estava
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caótico quando deixei o prédio. A muito custo consegui pegar
um táxi, que me levasse para casa.
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Meu chefe me dera alguns dias de folga, para que
pudesse cuidar da documentação. Assim, pretendi me dedicar
com afinco nessa atividade. Após saborear o jantar que mamãe
preparara, sentei-me ao sofá e comecei a olhar a apostila que
haviam me entregado.
Em sua capa, os dizeres “Estados Unidos da América
– Manual de Procedimentos para requerimento de visto de
entrada no país” deixavam clara sua finalidade. Comecei a
folheá-lo. Os itens principais diziam:
Somente serão concedidos vistos de entrada no país em
caráter provisório ou permanente, aos portadores do RGID
(Rede Global de Identificação Digital), e que não tenham re-
strições e sejam aprovados dentro dos critérios do Departa-
mento de Imigração.
Os Estados Unidos da América concederão, sem ônus,
durante o período de permanência do estrangeiro em todo o
território norte-americano, monitoramento sobre a sua pes-
soa física, 24 horas diária, com as seguintes finalidades:
- Propiciar maior segurança através dos seus departa-
mentos de proteção individual;
- Prover a identificação instantânea, sem necessidade
de documentos de identificação;
- Efetuar a conexão com os sistemas bancários, órgãos
de crédito, empresas de seguro e outros.
Entendi que com isto eu estaria no topo da escala de
tecnologia, acima inclusive dos colegas da empresa, pois em
caso de seqüestro, seria imediatamente localizado. Também
não teria que me preocupar em portar passaporte, carteira de
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sitou especificar com detalhes as datas, lugares, dados da hos-
pedagem, pessoas com quem manteria contato e respectivos
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assuntos que poderiam ser tratados.
Na Polícia, tive que aguardar que meu prontuário
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ficasse pronto. Na Receita Federal, as minhas informações ref-
erentes ao imposto de renda foram também enviadas pela in-
ternet, com o meu código-chave.
Enfim, estava tudo pronto; tirei fotos de frente e perfil,
bem como de corpo inteiro, anexei atestado de meu médico
particular onde constavam também meu peso, altura e cor da
pele, e voltei ao Consulado dos Estados Unidos.
O atendimento foi rápido, cortês, e fui enviado a uma
sala onde o RGID seria implantado; esta era magnificamente
decorada. Fui tratado como um príncipe, numa condição
nunca vista nem filmes ou documentários. Um funcionário
graduado me acompanhou o tempo todo, me oferecendo fi-
nos petiscos, bebidas e licores. Achava que eles haviam se en-
ganado, pensando tratar-se de outra pessoa, mas não era erro:
tudo aquilo era para mim!
O RGID era um pequeno microchip, transparente, na
forma de um pequeno quadrado, de 1,5 mm. Com o auxílio
de uma seringa especial, dourada, que tinha também a função
anestésica, introduziram o RGID nas costas de minha mão
direita. Um aparelho que emitia raios laser, cicatrizou rapida-
mente o pequeno corte. Não senti dor alguma, e a operação
toda não durou mais que um minuto.
Dali, fui direcionado a uma grande e suntuosa sala, onde
o Cônsul Geral me aguardava. Deu-me os parabéns, entregando-
me uma miniatura da bandeira dos Estados Unidos.
- Esses americanos são excêntricos -, pensei.
Como gostara da recepção, fui para casa feliz e alegre.
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A viagem
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Preparei as malas e dirigi-me ao Aeroporto. Ao pas-
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levou até meu apartamento. Não fiz check-in, nem precisei
dizer meu nome, nem apresentar documentos. Parecia que to-
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dos já me conhecessem de longa data e eu estivesse em casa.
Aproveitei para desfazer as malas e descansar, pois no dia
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seguinte começariam minhas atividades.
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