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A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS

MEDICINAIS BRASILEIRAS
Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
Guilherme Antônio Lopes de Oliveira
(Organizadores)

A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS


MEDICINAIS BRASILEIRAS

1.ª edição

MATO GROSSO DO SUL


EDITORA INOVAR
2023
Copyright © dos autores e das autoras.

Todos os direitos garantidos. Este é um livro publicado em acesso aberto, que permite uso, dis-
tribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que sem fins comerciais e que o
trabalho original seja corretamente citado. Este trabalho está licenciado com uma Licença Crea-
tive Commons Internacional (CC BY- NC 4.0).

Aldenora Maria Ximenes Rodrigues; Guilherme Antônio Lopes de Oliveira (Organiza-


dores). A efetividade clínica das plantas medicinais brasileiras. Campo Grande: Edito-
ra Inovar, 2023. 145p.

PDF

ISBN: 978-65-5388-131-0
DOI: doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0

1. Plantas medicinais. 2. Pesquisa científica. I. Rodrigues, Aldenora Maria Ximenes. II.


Oliveira, Guilherme Antônio Lopes de. III. Autores.
CDD – 610

Editora-chefe: Liliane Pereira de Souza


Diagramação: Vanessa Lara D Alessia Conegero
Capa: Juliana Pinheiro de Souza

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Profa. Dra. Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
Profa. Dra. Care Cristiane Hammes
Prof. Dr. Carlos Eduardo Oliveira Dias
Prof. Dr. Claudio Neves Lopes
Profa. Dra. Dayse Marinho Martins
Profa. Dra. Débora Luana Ribeiro Pessoa
Profa. Dra. Elane da Silva Barbosa
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Prof. Dr. Guilherme Antônio Lopes de Oliveira
Prof. Dr. João Vitor Teodoro
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Prof. Dr. Marcos Pereira dos Santos
Prof. Dr. Marcus Vinicius Peralva Santos
Profa. Dra. Maria Cristina Neves de Azevedo
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lho editorial.
APRESENTAÇÃO

É com grande prazer que apresentamos o livro digital ”Efetivi-


dade Clínica das Plantas Medicinais Brasileiras”. Nesta obra, mergu-
lhamos em um universo fascinante e milenar, explorando o potencial
terapêutico das plantas medicinais presentes em nosso país.
Ao longo dos séculos, diferentes culturas encontraram nas
plantas uma fonte de cura e alívio para uma ampla gama de condi-
ções de saúde. Agora, através de estudos científicos rigorosos, te-
mos a oportunidade de confirmar e compreender a eficácia dessas
plantas no tratamento de doenças como inflamações, dores e distúr-
bios digestivos.
No entanto, é importante salientar que as plantas medicinais
não são panaceias universais. Assim como qualquer outra forma de
terapia, elas também apresentam efeitos adversos e podem intera-
gir com medicamentos. Portanto, é fundamental adotar uma aborda-
gem científica e embasada em evidências ao explorar o potencial te-
rapêutico dessas plantas.
O objetivo deste livro é justamente fornecer uma visão cien-
tífica abrangente das evidências existentes sobre a efetividade das
Plantas Medicinais Brasileiras em relação a diferentes desfechos em
saúde. Dessa forma, esperamos subsidiar as ações de profissionais
de saúde, tomadores de decisão e pesquisadores, fornecendo-lhes
informações atualizadas e confiáveis para embasar suas práticas e
estudos.
Ao elevar a importância da saúde baseada em evidências,
buscamos estabelecer um diálogo enriquecedor entre a sabedoria
ancestral e a ciência moderna. Queremos mostrar que é possível
integrar o conhecimento tradicional com as descobertas científicas,
promovendo um cuidado mais completo e seguro para os pacientes.
Ao longo deste livro, você encontrará uma ampla variedade de
informações sobre as plantas medicinais brasileiras, desde suas pro-
priedades terapêuticas até os estudos clínicos que comprovam sua
efetividade. Além disso, os possíveis efeitos adversos e as intera-
ções medicamentosas associadas, para que você possa utilizar esse
conhecimento de maneira segura e consciente.
Convido você, leitor, a embarcar nesta jornada de descober-
tas e conhecimento, explorando o vasto universo das plantas medi-
cinais brasileiras e sua efetividade clínica. Espero que este livro seja
uma fonte inspiradora de aprendizado e um guia confiável para sua
prática profissional ou para sua jornada acadêmica.
Que esta obra contribua para um maior reconhecimento e va-
lorização do rico patrimônio natural do Brasil, despertando o interes-
se de cientistas e alunos, e promovendo um cuidado em saúde em-
basado em evidências sólidas.

Boa leitura!
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 11
ANÁLISE DA VIABILIDADE DO ACOPLAMENTO DAS PROPRIE-
DADES ANTIOXIDANTES PRESENTES NAS FOLHAS DO EU-
CALYPTUS GLOBULUS E CITRUS LATIFÓLIA: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
José Caio Chaves Holanda
Antonio Jerfeson Lima Araújo
Silas Fernandes Nascimento
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_001

CAPÍTULO 2 24
Aristolochia spp. USO POPULAR E CIENTÍFICO: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA
Juliana Briske dos Anjos
Vanessa Gehlen Winckler
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_002

CAPÍTULO 3 42
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA DA SUCUPIRA
(PTERODON EMARGINATUS, VOGEL) EM MODELO DE INCAPA-
CITAÇÃO ARTICULAR EM CAMUNDONGOS (MUS MUSCULUS)
Fernanda Lúcia Passos Fukahori
José Ferreira da Silva Neto
Renan Felipe Silva Santos
Lais Alburquerque van der Linden
Maíra Maria Meira das Chagas
Flaviane Maria Florencio Monteiro Silva
George Chaves Jimenez
Daniella Maria Bastos de Souza
Eulina Tereza Nery Farias
Evilda Rodrigues de Lima
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_003

CAPÍTULO 4 55
EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS E FITOTE-
RAPIA DIRECIONADAS ÀS DOENÇAS CRÔNICAS
Camila Emanuelle da Silva Ferreira
Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_004
CAPÍTULO 5 75
EFETIVIDADE CLÍNICA DA FITOTERAPIA NO CONTROLE DA
GLICEMIA
Camila Emanuelle da Silva Ferreira
Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_005

CAPÍTULO 6 89
EFETIVIDADE CLÍNICA DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERA-
PIA EM DESFECHOS DE DOR
Camila Emanuelle da Silva Ferreira
Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_006

CAPÍTULO 7 106
ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS NO ESTA-
DO DE PERNAMBUCO
Marcelo de Souza Sobrinho
Kalleu de Alencar
Isanete Geraldini Costa Bieski
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_007

CAPÍTULO 8 120
MOLÉCULAS BIOATIVAS DAS PLANTAS MEDICINAIS MAIS
USADAS NO BRASIL: UMA REVISÃO
Paloma Maria da Silva
Bruno Vinicius Sousa da Silva
Saulo Almeida de Menezes
Thiago Felix da Silva
Rayanne Maria Vitória Vasconcelos de Oliveira
Pedro Vitor Vieira da Cunha Miranda
Irivânia Fidelis da Silva Aguiar
Laís Ruanita Leopodina Galvão
Marcia Vanusa da Silva
Maria Tereza dos Santos Correia
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_008
CAPÍTULO 9 132
PRINCIPAIS PLANTAS COM ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA
USADAS NA AROMATERAPIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Bruno Vinicius Souza da Silva
Paloma Maria Da Silva
Thiago Felix da Silva
Luzia Abílio da Silva
Saulo Almeida de Menezes
Rayanne Maria Vitória Vasconcelos de Oliveira
Laís Ruanita Leopoldina Galvão
Irivânia Fidelis da Silva Aguiar
Wêndeo Kennedy Costa
Alisson Macário de Oliveira
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-131-0_009

SOBRE OS ORGANIZADORES 143

ÍNDICE REMISSIVO 145


CAPÍTULO 1

ANÁLISE DA VIABILIDADE DO ACOPLAMENTO


DAS PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES PRESENTES
NAS FOLHAS DO EUCALYPTUS GLOBULUS E CITRUS
LATIFÓLIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

ANALYSIS OF THE FEASIBILITY OF THE COUPLING OF THE


ANTIOXIDANT PROPERTIES PRESENT IN THE LEAVES OF
EUCALYPTUS GLOBULUS AND CITRUS LATIFÓLIA:
A BIBLIOGRAPHICAL REVIEW

José Caio Chaves Holanda


Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA
Centro de Engenharias
Mossoró-RN
caio.holanda18@gmail.com

Antonio Jerfeson Lima Araújo


Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA
Centro de Engenharias
Mossoró-RN
antonio.araujo55411@alunos.ufersa.edu.br

Silas Fernandes Nascimento


Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA
Centro de Engenharias
Mossoró-RN
silas.nascimento@alunos.ufersa.edu.br

RESUMO
A presente pesquisa trata-se de um recorte do trabalho de conclusão
do curso Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, realizado no âm-
bito da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Tem
por objetivo analisar a viabilidade do acoplamento entre o Eucalyp-
tus globulus e citrus latifólia, investigando as propriedades antioxi-
dante por meio de uma revisão bibliográfica. Para o desenvolvimen-

11
to desta pesquisa realizou-se um levantamento nas seguintes bases
de dados e buscadores: BDTD, GOOGLE, GOOGLE ACADÊMICO,
PERIÓDICOS DA CAPES, SCIELO, RESEARCHGATE E SCIENCE-
DIRECT, tendo como critérios de inclusão trabalhos publicados entre
os anos de 2010 a 2022, assunto e área exploradas e trabalhos que
se interligam ao tema em questão. Os resultados apontam que o aco-
plamento das duas espécies pode vir a ser um excelente fitoterápico,
servindo de base para o desenvolvimento de outros estudos aplica-
dos acerca do tema.
Palavras-Chave: Eucalyptus globulus; Citrus latifólia; Antioxidante;
Antibacteriano; Acoplamento.

ABSTRACT
The present research is an excerpt from the conclusion work of the
Interdisciplinary course in Science and Technology, carried out within
the scope of the Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFER-
SA). It aims to analyze the viability of the coupling between Eucalyp-
tus globulus and citrus latifolia, investigating the antioxidant properties
through a bibliographic review. For the development of this research,
a survey was carried out in the following databases and search en-
gines: BDTD, GOOGLE, GOOGLE ACADÊMICO, JOURNALS OF
CAPES, SCIELO, RESEARCHGATE AND SCIENCEDIRECT, having
as inclusion criteria works published between the years 2010 to 2022,
subject and area explored and works that are interconnected to the
theme in question. The results indicate that the coupling of the two
species can become an excellent herbal medicine, serving as a basis
for the development of other applied studies on the subject.
Keywords: Eucalyptus globulus; latifolia citrus; Antioxidant; Anti-bac-
terial; Coupling.

INTRODUÇÃO

A sociedade humana em diferentes épocas buscou colher in-


formações e experiências dos lugares que as circundam, para com
ela inter-relacionar-se e suprir as próprias necessidades. Dentre os
vários costumes disseminados pela estirpe popular, as plantas sem-
pre tiveram grande relevância, por incontáveis razões, sendo des-

12
tacadas principalmente pelas virtualidades terapêuticas empregadas
ao longo dos séculos. Assim, o processo de conhecimento sobre as
propriedades curativas de algumas plantas, configura-se como uma
das principais forma de interação entre seres humanos e a natureza,
sobretudo em comunidade que fazem uso dessas plantas ao natural
(GIRALDI E HANAZAKI, 2010).
Referente as plantas medicinais no Brasil, essas enquadram-
-se dentro de uma perspectiva da medicina tradicional sendo utiliza-
das principalmente pelos povos tradicionais (indígenas e negros) em
processos de cura, sendo-as tidas como conjunto de práticas e sabe-
res tradicionais que atravessam gerações indo além do modelo bio-
médico (PARANHOS e MULLER).
Ao decorrer dos anos o cenário científico foi evoluindo e com
ele outras formas de tratamento foram ganhando espaço na socie-
dade, como é o caso dos medicamentos de origem sintética. Contu-
do, a utilização de práticas medicinais advindas de plantas continuou
em ascensão, isto se dá em virtude dos “efeitos colaterais decorren-
tes do uso crônico dos medicamentos industrializados, o difícil aces-
so da população à assistência médica, o maior consumo de produ-
tos naturais, bem como a tendência ao uso da medicina integrativa
e abordagens holísticas dos conceitos de saúde e bem-estar” (CRF-
-SP, 2019, p.12).
Deste modo, “já que as plantas medicinais são classifica-
das como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializa-
das livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que dis-
ponham de condições mínimas necessárias” (RODRIGUES, 2004,
p.09). De acordo com Ferreira (1998) há uma biodiversidade muito
grade da fauna e flora brasileira, assim como também há uma explo-
ração das plantas medicinais pela população, porém, há um consen-
so de que existem poucos trabalhos científicos que se dedicam ao
estudo desse assunto, tornando-se necessários mais estudos tendo
em vista a relevância para a sociedade.
Dito isto, o presente trabalho tem por objetivo analisar por
meio de uma revisão bibliográfica a viabilidade do acoplamento en-
tre o Eucalyptus globulus e citrus latifólia, investigando os compo-
nentes bioativos, o teor antioxidante e antibacteriano, dada a neces-
sidade de realizar estudos bibliográficos acerca do acoplamento en-

13
tre esses dois compostos conhecidos popularmente. Para esta finali-
dade, ambos se tornam importantes, principalmente pelo fato de se-
rem compostos abundantes na natureza e por apresentarem baixa
contraindicação, já que são produtos utilizados isoladamente na me-
dicina popular.
Assim, essa revisão bibliográfica traz a combinação quími-
ca das propriedades fitoterápicas das folhas do Eucalyptus globulus
com limão tahiti (citrus latifólia), como forma alternativa para a am-
pliação dos métodos terapêuticas no que se refere ao tratamento de
enfermidade, bem como a diminuição dos efeitos colaterais gerados
por fármacos sintéticos utilizados isoladamente.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que acordo com Fon-
seca (2002) se baseiam em trabalhos teóricos publicados em revis-
tas, artigos científicos, páginas de web site e livros, tendo como prin-
cipal intuito verificar os diferentes ângulos que um mesmo problema
possui e a partir disso servir de base para o desenvolvimento de pes-
quisas aplicadas.
“A pesquisa é classificada como abordagem qualitativa, já que
a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são bá-
sicos no processo de pesquisa, sem utilizar de métodos e técnicas
estatísticas” (MOREIRA, 2020 p. 26).
Buscando o propósito de um levantamento a respeito das pro-
priedades fitoterápicas do eucalipto e limão, bem como embasamen-
to teórico sobre a possibilidade de acoplamento, utilizou-se como fer-
ramenta metodológica a revisão literária, a partir de levantamento
em base de dados e buscadores BDTD, GOOGLE, GOOGLE ACA-
DÊMICO, PERIÓDICOS DA CAPES, SCIELO, RESEARCHGATE E
SCIENCEDIRECT, se limitando a pesquisas entre os anos de 2010 a
2022. As informações sobre o levantamento de dados estão no Flu-
xograma 01 e 02.

14
Fluxograma 01: Levantamento de dados sobre Eucaliptus globulus

Fonte: Autoria dos Pesquisadores (2022)

Fluxograma 02: Levantamento de dados sobre Citrus latifólia

Fonte: Autoria dos Pesquisadores (2022)

15
Para a revisão bibliográfica, foram buscados artigos, trabalhos
de conclusão de curso, teses, monografias, resoluções, revistas cien-
tíficas e notícias sobre uso do Eucalyptus globulus e do limão como
fonte medicinal na promoção e recuperação da saúde. Os dados fo-
ram analisados e comparados, considerando para o Eucalyptus glo-
bulus e o fruto citrus latifólia, as propriedades antioxidantes existen-
tes nas folhas e frutos, respectivamente.
Nas pesquisas nos bancos de dados foram utilizadas palavras
chaves como Eucalyptus globulus medicinal e citrus latifólia medici-
nal. Foram escolhidos no total cerca de 8 trabalhos publicados que se
relacionam de alguma maneira ao tema, selecionando destes, con-
forme os critérios de ano, assunto e área explorada, trabalhos que se
interligam com o tema em questão e atende aos critérios de busca,
como elenca o quadro 01, sendo equivalentemente trabalhos inter-
nacionais e nacionais.
É importante evidenciar que a grande parte das buscas re-
lacionadas ao citrus latifólia retornaram trabalhos sobre as proprie-
dades do óleo essencial, o que não é relevante para esta pesqui-
sa. Além disso, nem todos os buscadores e base de dados apresen-
taram trabalhos suficientes para os filtros estabelecidos, fazendo-se
necessário adicionar o buscador google, já que este emergiu traba-
lhos dentro dos parâmetros estabelecidos, no que refere-se antioxi-
dante. Em relação as propriedades antibacterianas não houve retor-
no de pesquisas dentro dos filtros estabelecidos, evidenciando assim
a importância do atual trabalho para a área.

Quadro 01 – Trabalhos selecionados sobre Eucalyptus globulus e


Citrus latifólia
Número Autor (es) Título Ano
Physicochemical characterization and evaluation of the
BELKHOD-
01 antioxidant activities of essential oil extracted from Eu- 2021
JA, H. et al.
calyptus globulus.
Antioxidant property of Eucalyptus globulus labill. Ex-
BELLO, M.
02 tracts and inhibitory activities on carbohydrate metaboli- 2021
et al.
zing enzymes related to type-2 diabetes.
03
GONZÁLE- Antioxidant activity, neuroprotective properties and bio-
04 Z-BURGOS, active constituents analysis of varying polarity extracts 2018
E. et al. from Eucalyptus globulus leaves

16
DUZZIONI, Determinação da atividade antioxidante e de constituin-
05 2010
A, G. et al. tes bioativos em frutas cítricas
Comparação dos atributos físico-químicos e caracteriza-
PINTO, S,
06 ção de vitamina c em frutos de limão galego, limão tahiti 2019
E.
e limão-de-caiena.
Lima ácida (citrus latifolia, tanaka), cv. Tahiti, de cultivos
VIANA, D, convencional e orgânico biodinâmico: avaliação da ca-
07 2010
S. pacidade antioxidante dos sucos in natura e clarificados
por membranas de microfiltração
RODRI-
08 GUES, V. Cultivo, uso e manipulação de plantas medicinais 2004
G. S
Fonte: Autoria própria (2022).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para o levantamento bibliográfico, foram utilizados vinte e três


trabalhos que se ligavam diretamente com o tema: citrus latifólia e Eu-
calyptus globulus, bem como o uso de suas propriedades fitoterápi-
cas. Para isso, foi determinado a utilização de trabalhos nos últimos 12
anos, e apesar de ser um ramo bastante explorado, houve dificulda-
de de encontrar trabalhos relacionados ao citrus latifólia, principalmen-
te sobre sua funcionalidade antibacteriana. No geral, a pesquisa e se-
leção dos trabalhos mostraram crescimento nos estudos durante o pe-
ríodo de tempo determinado, evidenciando o forte interesse de pesqui-
sadores nesta área, principalmente sobre o Eucalyptus globulus.

EUCALYPTUS GLOBULUS

Atividade antioxidante

Ao adentrarmos mais profundamente na literatura, será per-


ceptível que o crescente avanço dos antioxidantes sintéticos desper-
tou a curiosidade de inúmeros estudiosos a encontrar antioxidantes
alternativos de origem vegetal, com o intuito de evitar os resultados
nocivos dos antioxidantes sintéticos. Nesse sentido, o efeito antioxi-
dante das folhas do eucaliptus globulus e de seu óleo essencial são
relatados, conforme o estudo de referências específicas do quadro
02, como capazes de serem utilizados como fonte de diminuição de
doenças relacionadas ao estresse oxidativo.

17
Os resultados in vitro dos extratos foliares de acetona, meta-
nol e etanol identificados por González-burgos et al. (2018) mostram
que o efeito antioxidante depende do método utilizado, podendo tam-
bém variar conforme as condições físico-químicas e ambientais, uma
vez que o pH e concentração são uns dos fatores que mais afetam a
atividade antioxidante. Desse modo, os dados da Tabela 3 mostram
que a maior atividade antioxidante encontrada pelos ensaios ABTS e
CUPRAC foi para a acetona com 10,1 e 3,65 mmol/g respectivamen-
te, já para FRAP e TFPH foi o etanol com 9,8 e 1,8 mmol/g, respecti-
vamente e para o DPPH foi o metanol com 1,6 mmol/g.
O autor destaca ainda a possibilidade de uso de tais extratos
como redutores e preventores do efeito negativo do estresse oxida-
tivo, peroxidação lipídica das células SH-SY5Y16 com resultado de
até 151,4% de proteção máxima a partir do extrato etanoico a 5 mg
ml-1; controle de produção de ROS nas concentrações de 25 a 50 mg
ml-1 usando o extrato de acetona, bem como aumento da viabilida-
de celular, com variação de 77,1% a 92,1%, dependendo diretamen-
te da concentração do extrato.

Tabela 03: Atividade antioxidante de extratos de folhas de Eucalyp-


tus globulus avaliada por ABTS, CUPRAC, DPPH, FRAP e TFPH.
ABTS CUPRAC DPPH FRAP TFPH
EXTRATO TE,mmol/g TE, mmol/g TE, mmol/g TE, mmol/g TE, mmol/g
DW DW DW DW DW
Acetona 10,06±0,44b 3,65 ± 0,10b,c 0,97 ± 0,01c 1,31 ± 0,19b 1,13 ± 0,10b
Etanol 1,69±0,07 a,c
0,48 ± 0,03 a,c
0,96 ± 0,04 c
9,79 ± 0,24 a,c
1,78 ± 0,07a,c
Metanol 9,91±0,32 b
2,69 ± 0,08ª ,b
1,15 ± 0,03 a,b
1,10 ± 0,08 b
0,91 ± 0,13b
Os significados estatísticos dos valores das capacidades antioxidantes são mostrados em letras sobres-
critos: diferenças estatisticamente significativas versus valores de extrato de acetona; b versus valores
de extrato etanólico ec versus valores de extrato metanólico.
Fonte: González-burgos et al. (2018, p.06)

Em concordância, Bello et al. (2021) relata que o extrato eta-


nóico não desengordurado quando analisado pelos ensaios ABTS e
DPPH, peroxidação lipídica e eliminação de radical hidroxila possui
claramente valor de IC5017 maior do que o extrato etanoico desen-
gordurado, e quando comparado com os antioxidantes de referên-
cias: trolox18, ácido ascórbico e EDTA, respectivamente, não há di-
ferença significativa na maioria dos testes.

18
Para além disso, Belkhodja et al. (2021) menciona que o óleo
extraído das folhas exibe capacidade anti-radical livre externada por
um baixo valor de IC50 (0,017 mg/ml), bem como teor antioxidante
avaliado em torno de 19 ± 0,01 AAE/g. Isto pode estar associado ao
fato do 1,8 cineol ser o componente majoritário, assim como a ação
sinérgica dos demais constituintes. Achados semelhantes explicam,
em termos de grupos orgânicos, que a notória característica descri-
ta anteriormente é resultado da rica presença de flavonóides e com-
postos fenólicos.
Mediante o exposto, percebe-se que tais constituintes presen-
tes tanto nas folhas quanto no óleo do Eucalyptus globulus possuem
propriedades capazes de serem utilizadas como matéria-prima para
a formulação de medicamentos, suplementos nutricionais e alimenta-
res, vindo a contribuir na redução e/ou controle de radicais livres, as-
sim como doenças decorrentes de tal. Ademais, é pertinente as infor-
mações aqui narradas acrescentar o fato do mesmo contribuir na re-
dução de efeitos negativos ou até mesmo suprir a baixa eficácia de
fármacos sintéticos.

Atividade antioxidante

Das várias características existentes no gênero citrus, a que


melhor se destaca, por apresentar benefícios para a saúde, são as
propriedades antioxidantes, nas quais dentre os constituintes exis-
tentes, estão os carotenóides, ácido ascórbico e fenólicos. Dessa
maneira, o efeito antioxidante do fruto é brevemente relatado pelos
autores do quadro 02, como redutor de efeitos oxidativos.
Em termos gerais, comparando os achados referentes ao Eu-
calyptus globulus foi possível identificar que há diferença significativa
no refere-se ao quantitativo de estudos encontrados, já que a maio-
ria das pesquisas abordam as propriedades antioxidantes do óleo es-
sencial do citrus latifólia e, o trabalho que aqui se discorre, filtra ape-
nas trabalhos sobre o efeito oxidativo do fruto.
Dessa maneira, Duzzionni (2010), por meio do método DPPH.,
observou três espécies do gênero citrus: reticulata blanco, senensis
O. e latifólia na presença dos solventes metanol, água e acetona. Os
resultados encontrados indicam que o citrus latifólia na base aquo-

19
sa é o mais apropriado sequestrador de radicais livres DPPH (2-di-
fenil-1-picril hidrazil), assim como fonte de vitamina C (237 ± 14,7
mg/100mL) e flavonoides totais (96,27 ± 23,67 mg rutina/mL). Além
disso, os valores de IC50 foram os menores em relação as demais
espécies, mostrando maior eficiência do inibidor.
Por outro lado, Viana (2010) analisou, pelo método DPPH e
ABTS amostras de sucos, codificadas em LB (lima cultivada de ma-
neira orgânica biodinâmica) e LC (lima cultivada de maneira conven-
cional) com subdivisão em LBI, LBC, LCI e LCC, nas quais foram
comparadas ao padrão Trolox em concentrações de 10, 100 e 500
μg/mL. As análises apontam que em todas as concentrações não
houve diferença significativa entre LCI comparado com LBI e LCC
comparado com LBC, como mostra a tabela 04. Ao avaliar o EC50
à 500 μg/mL, observa-se que, após o Trolox, o suco LC e LB inte-
gral apresentam a melhor e mais elevada atividade antioxidante, pois
apresentam baixa concentração (tabela 04) para atingir a capacidade
de 50 % do efeito antioxidante máximo estimado de 100%.
Em concordância, a análise pelo método ABTS reafirmam que
a atividade antioxidante total dos sucos LC e LB clarificados são sig-
nificativamente inferiores aos LC e LB integrados, estes com as maio-
res AAT: 85,46 e 78,55 μM Trolox/g amostra (VIANA, 2010). Apesar
disso, o panorama geral mostra que os sucos, independentemente
do tratamento, são capazes de proteger as células dos efeitos nega-
tivos decorrentes da oxidação.

Tabela 04: Atividade antioxidante (% ± DP) dos sucos LC e LB inte-


grais e clarificados pelo método DPPH.
Concentração (μg/mL)
Amostras CE50 (μ/mL)
2,5 5 10 100 500
Trolox 44,31 ± 0,11 78,14 ± 0,40 87,12 ± 0,16 - - 2,92
LCI - - 21,06 ± 0,21a 70,06 ± 0,13a 98,83 ± 0,02a 38,22

LCC - - 8,46 ± 0,18b 41,82 ± 0,02b 87,29 ± 1,06b 35,43

LBI - - 22,68 ± 1,02 a


68,63 ± 0,23 a
99,12 ± 0,08 a
135,69
LBC - - 9,07 ± 0,06b 42,61 ± 0,18b 88,88 ± 0,41b 137,89
Fonte: Viana (2010, p. 47).

O ácido ascórbico é, segundo Pinto (2019, p.17), “uma das vi-


taminas hidrossolúveis mais importantes para a saúde humana, co-

20
nhecida por sua alta atividade antioxidante”. Assim, a autora expõe
que o teor de ácido ascórbico presente no citrus latifólia, em compa-
ração com as espécies de lima ácida galego e caiena, é considera-
velmente maior, sendo de 34,65 mg/100g, 21,43 mg/100g e 15,70
mg/100g, respectivamente.
Conforme o regulamento técnico (2000) o valor médio mínimo
de ácido ascórbico estimado é de 20 mg/100g. De maneira análoga,
por ser quase o dobro do valor estabelecido, os resultados do estudo
acima citado apontam que o citrus latifólia está dentro dos padrões
de comercialização, assim como notável fonte de vitamina C e con-
sequentemente fonte de atividade antioxidante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de plantas medicinais está se tornando cada vez mais


popular com ampla variedade de aplicações, principalmente como al-
ternativas naturais. Desse modo, os resultados analisados mostram
que o acoplamento entre as propriedades fitoterápicas do Eucalyp-
tus globulus e citrus latifólia mostram-se promissoras, já que aten-
dem muitos requisitos da busca permanente por novos fitoterápicos
que substitua integralmente e/ou parcialmente o uso de medicamen-
tos convencionais, servindo como complemento ao sistema público
de saúde.
Há concordância entre os autores analisados e estes em suas
pesquisas demonstram que tais fatores tornam viável o uso em di-
ferentes países e ramificações da medicina fitoterápica, visto que o
notável teor antioxidante do Eucalyptus globulus aliado à ótima fon-
te de ácido ascórbico presente no citrus latifólia, traz a possibilidade
de novas aplicações, bem como novo composto sinergicamente fun-
cional e aplicável.
Dada a relevância dos estudos voltados para à produção de fi-
toterápicos, torna-se necessário mais pesquisas que abordem o aco-
plamento desses dois compostos, avaliando a sua aplicabilidade na
prática no que refere-se as suas ações antioxidantes, tendo em vis-
ta que os resultados dessa revisão bibliográfica apontaram que são
muito eficientes de forma isolada.

21
REFERÊNCIAS

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22
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natura e clarificados por membranas de microfilação. 2010. 100
f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Ufrj, Rio de
Janeiro, 2010.

23
CAPÍTULO 2

Aristolochia spp. USO POPULAR E CIENTÍFICO:


UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Aristolochia spp. TRADICIONAL MEDICINAL KNOWLEDGE


A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

AND SCIENTIFIC USES: AN INTEGRATIVE REVIEW

Juliana Briske dos Anjos


Universidade do Oeste de Santa Catarina
Graduanda em Biomedicina
Xaxim - Santa Catarina
juliana _briske@hotmail.com

Vanessa Gehlen Winckler


Universidade do Oeste de Santa Catarina
Mestre em Saúde Coletiva Graduada em Farmácia
Xanxerê - Santa Catarina
vanessa-gw@hotmail.com

RESUMO
Na biodiversidade brasileira, frente ao uso popular, encontra-se o gê-
nero Aristolochia, importante se faz, a junção do saber do conheci-
mento popular e da pesquisa científica, ambos viabilizam a desco-
berta e aproveitamento do potencial de ervas medicinais. O método
utilizado tem como análise descritiva por meio de revisão bibliográ-
fica do tipo integrativa, de publicações que citam plantas do gênero
Aristolochia, seu uso popular e científico. A coleta do material foi rea-
lizada em plataformas de buscas como Periódicos CAPES, Pubmed,
ScieELO no intervalo de julho a setembro de 2021 com os seguintes
critérios: artigos, teses e dissertações de língua portuguesa e inglesa
no período entre 2011 e 2021. Foram encontrados 146 artigos distri-
buídos entre os 3 descritores: Aristolochia (20) artigos, etnobotânica
(4) artigos e plantas medicinais (7) artigos totalizando 31 artigos se-
lecionados. Na literatura empírica e científica e identificou-se 38 usos
terapêuticos populares pelos participantes dos estudos com Aristolo-

24
chia, os mais citados, antipirético, antiofídico e problemas do apare-
lho gastrointestinal. 20 espécies foram encontradas, o Brasil possuin-
do maior diversidade etnobotânica do gênero; a forma de extração
decocção foi mais citada no uso empírico; extratos de solventes volá-
teis com raiz e caule citados com frequência na científica experimen-
tal. As patologias com provável uso e maiores estudos com evidên-
cias científicas são leishmaniose e malária; propriedades terapêuti-
cas mais testadas são ação anti-inflamatória e antiofídica.
Palavras-chave: Aristolochia.Etnobotânica.Plantas Medicinais.

ABSTRACT
In Brazilian’s botanical diversity, in folk knowledge, is possible to find Aris-
tolochia genus. There’s importance in adjusting popular knowledge and
scientific research, both enabling research and progress about the ther-
apeutic potential of plants. The presented methodology was descriptive
through bibliographic review integrative sort of published studies about
the genus of plants Aristolochia tradicional medicinal knowledge and sci-
entific uses. The collected material was made in research platforms cate-
gories such as Periódicos Capes, Pubmed, SciELO, in the middle of july
to september of 2021 with the following discretion: articles, thesis and
studies dissertation in Portuguese and English between 2011 and 2021.
It was found 146 articles distribucted among 3 descriptors: Aristolochia
(20) articles, ethnobotany (4) articles e medicine plants (7) articles total
31 selected articles. In empirical and scientific literature was recognize
38 therapeutic uses with Aristolochia, the most coted, antipyretic, snake
antivenom, and gastrointestinal problems. 20 species were found, Brazil
has the majority ethnobotanical genus diversity; decoction extracts were
the most cited in traditional medicine; extracts of roots and stems were
cited by scientific experiments. The pathologies most use and studied
with scientific evidence were leishmaniasis and malaria; the therapeu-
tic properties most tests were anti-inflammatory and snake antivenom.
Keywords: Aristolochia.Ethnobotany.Medicinal Plants.

1 INTRODUÇÃO

Desde meados de 1980 por influência de instituições como


a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil vem inserindo

25
a ideia de utilização da fitoterapia ampliando assim as práticas de
medicina tradicional e medicina complementar e alternativa. A ciên-
cia da medicina popular é herança cultural, e a mesma está e este-
ve presente nas mais diversas regiões do território nacional (RIBEI-
RO, 2017).
O SUS adotou o repertório da política de plantas medicinais e
fitoterápicos do Ministério da Saúde, embasada em movimentos so-
ciais e seus representantes nas instâncias de participação e contro-
le social. Devido a essa adoção, tem sido notada a difusão do uso de
plantas medicinais e fitoterápicos, estes vem ganhando importância
na esfera da política nacional de saúde devido à valorização e inves-
timento de programas referentes ao SUS (RIBEIRO, 2017).
De acordo com De Pasquali (1984), o uso de plantas utiliza-
das com finalidade fitoterapêutica, são denominadas plantas medici-
nais (BRASIL, 2012).
Dentre a extensa variedade de plantas encontrada na flo-
ra do Brasil, há múltiplos interesses nas plantas do gênero Aristo-
lochia, existem 92 espécies que são nativas do território brasileiro,
dentro das 500 espécies existentes. Os holofotes alusivos à plan-
ta, se iniciaram da observação de seu uso na medicina homeopá-
tica. A partir desse ponto, tendo como base os abundantes efei-
tos incialmente descritos na medicina tradicional popular, vem sen-
do desbravado também em estudos dentro do meio científico, com
o objetivo de buscar comprovação de seus efeitos, descobrir, evi-
denciar a existência de compostos com possíveis princípios ativos,
e seus mecanismos de ação (HEINRICH et al., 2009; HOLZBACH
et al., 2017).
Sendo imprescindível o alerta de que se tratando de espé-
cies naturais, toda planta possui princípios ativos que podem resultar
em intoxicações e outras complicações. Esta revisão integrativa se
dá pois que, na biodiversidade brasileira, a Aristolochia se apresen-
ta como um gênero rico etnobotânico e farmacologicamente falan-
do, com uso de amplo espectro e assim determinar evidências para
o uso popular seguro de plantas de espécies do gênero Aristolochia
como fitoterapia torna-se necessário e aplicável.

26
2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento do estudo tem por abordagem método qua-


litativo, de natureza básica, tendo como objetivo a análise descritiva
por meio de estudo de revisão bibliográfica integrativa. Sendo inclu-
ídos nos critérios: artigos, teses, e dissertações de língua portugue-
sa e inglesa no período que compreende entre 2011 e 2021. Entre os
descritores em ciências da saúde (DeCS), utilizados foram “Aristolo-
chia”, “etnobotânica” e “plantas medicinais”. Foram encontrados 146
artigos distribuídos entre os 3 descritores sendo utilizados para des-
critor Aristolochia (20) artigos, etnobotânica (4) artigos e plantas me-
dicinais (7) artigos totalizando 31 artigos selecionados.

2.2 MECANISMOS DE BASES DE COLETA DE DADOS

As bases de dados utilizadas para busca da revisão foram


National Library of Medicine Pubmed (U.S. NLM), Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Periódicos da Co-
ordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Perió-
dicos CAPES), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), e sites de
busca de artigos de relevância para o estudo como scholar.google.
com.br (GOOGLE ACADÊMICO).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A utilização de plantas com objetivo e aplicação medicinal há


tempos é passada como conhecimento cultural de geração em gera-
ção; seja pelo aprendizado transmitido, pelo fácil acesso a mudas e
plantas, baixo custo, difícil acessibilidade aos meios de assistência
de saúde, ou até mesmo por receio quanto aos efeitos adversos dos
fármacos, a utilização de ervas é preferida principalmente pela popu-
lação de maior faixa etária sendo levado também em consideração a
renda familiar (SPAGNUOLO; BALDO, 2009).
Ao total desta revisão integrativa foram obtidos 146 artigos.
Destes, 31 artigos mediante escolha pelos descritores Aristolochia

27
(20) etnobotânica (4) plantas medicinais (7) foram selecionados para
a revisão integrativa por corresponder aos objetivos.

TABELA 1. Artigos científicos de pesquisa sobre Aristolochia spp.


Espécie Partes Extração Ação Terapêutica Autoria Artigo

Phytochemistry, Antioxi-
Aristolochia Atividade antioxidante; efeito dant Activity, Antiprolife-
baetica Extrato meta- antiproliferativo em linhagem BOURHIA rative Effect, and Acute
Raízes
Aristolochia nólico de células cancerígenas et.al., 2019. Toxicity Testing of Two
paucinervis humanas Moroccan Aristolochia
Species

Osteogenic differentiation
of Human Gingival Me-
Indução diferenciação os-
senchymal Stem cells by
Aristolochia Partes Extrato meta- teogênica de células-tronco GIRIJA et.al.,
Aristolochia bracteolata
bracteolata aéreas nólico mesenquimais de gengiva 2017
supplementation through
humana
enhanced Runx2 ex-
pression

Raízes; Extratos: meta- Analysis of aristolochlic


Aristolochia folhas; nólico, hexâni- BARTHA acids and evaluation of
Efeito antimicrobiano
clematitis L. caule; co, butanólico, et.al., 2019. antibacterial activity of
frutos e etil acetato. Aristolochia clematitis L.

Estudo Etnobotânico de
Plantas Medicinais Utiliza-
das no Município de Sete
de Setembro, Rio Grande
DLUZ-
do Sul, Brasil
Aristolochia Digestivo NIEWSKI;
Caule, Infusão Assesment of the In Vitro
cymbifera Atividade antiparasitária MÜLLER,
Raízes Extrato eta- Antischitosomal Activities
Aristolochia contra parasita do gênero 2018
Raízes nólico of the Extracts and Coum-
cymbifera Schistosoma COSTA et al.
pouds from Solidago
2020
Microglossa DC (Aste-
raceae)and Aristolochia
cymbifera Mart. & Zucc.
(Aristolochiaceae).

Ethnopharmacological
study of medicinal plants
Aristolochia ROOS et.al.,
Caule Decocção Não citado and their possible drug
elegans 2019.
interactions in two cities of
the South of Brazil

Etnobotânica de plantas
Aristolochia
medicinais em comu-
fimbriata VÁSQUEZ
Folha Infusão Fadiga nidades ribeirinhas do
Cham. & et.al., 2014.
Município de Manacapuru,
Schltdl.
Amazonas, Brasil

Infusão, alcola-
Aristolochia Ação contra reumatismo;
Raízes, tura, decocto, Tratado das Plantas Medi-
gigantea amenorreia, indução de GRANDI,
Caule, extrato esta- cinais Mineiras. Nativas e
Mart. & parto; hipertensão arterial; 2014
folhas nólico, extrato Cultivadas
Zucc antisséptica
aquoso

Fatty Acids Composition


and Antibacterial Activity
of Aristolochia longa.
Extração de And Bryonia dioica Jacq
Raízes
Aristolochia óleo e éster DHOUIOUI Growing Wild in Tunisia
e partes Atividade antibacteriana
longa metílico de et.al., 2016.
aéreas Evaluation of In Vitro
ácidos graxos
Antioxidant and Antidiabe-
tic Activities of Aristolochia
longa

Antidiabetic potentials of
Aristolochia Extrato eta- SULYMAN ethanolic extract of
Raízes Atividade anti-hiperglicêmica
ringens V. nólico et.al., 2016. Aristolochia ringens
(Vahl.) roots

28
Isolation and structural
characterization of bio-
Aristolochia Inibição de atividade mio- RODRÍGUEZ active compound from
Caule Extrato Aquoso
Sprucei tóxica et.al., 2020 a Aristolochia sprucei
aqueous extract with
anti-myotoxic acivity

Afinar sangue, desconges-


tionante, dor de barriga, dor
Plantas medicinais
de cabeça, dor de estôma-
utilizadas no município
go, menopausa, problemas
de Palmeira das Missões,
Caule, de fígado
RS, Brasil
galhos, Antiofídica, emenagoga,
Decocção Cartilha- Plantas Medi-
partes diurética, anticonceptiva, BATTISTI
do cipó, Decocção et.al., 2013 cinais Nativas de Uso
abortiva, anti-helmíntica,
raizes. Extrato etanó- Popular no Rio Grande
Aristolochia antipirética, anti-inflamatória GARLET,
lico; frações; do Sul
triangularis Folhas, e antirreumática. Alivia dores 2019
Caule e clorofórmio; de cabeça, barriga, estô- Chemical Constitiuents
OLIVEIRA
Raízes 2 compostos mago e rins. Mordedura de and Pharmacolo y Pro-
et.al., 2019
isolados. cobras, afecções da pele. perties of Aristolochia
Folhas e
triangularis a South Bra-
Caule Efeito antiproliferativo em
zilian Highly-consumed
células cancerosas de
botanical with multiple
pulmão humano; atividade
bioactivities
antibacteriana; atividade
antileishmaníose.

Aristolochia trilobata:
Identification of the
Anti-Inflammatoory and
Antinoceptive Effects
SALOMÉ Etnobotânica de plantas
Efeito antinoceptivo e anti-in-
et.al., 2020 medicinais em comu-
Caule Extrato de óleo flamatório
Aristolochia essencial VÁSQUEZ nidades ribeirinhas do
Folha Febre, gastrite, dor de estô-
trilobata et.al., 2014. Município de Manacapuru,
Folha Infusão mago, cefaleia, vômito
GOIS et.al., Amazonas, Brasil
Dor de Barriga
2016 Etnobotânica de espécies
vegetais Medicinais no
Tratamento de Transtor-
nos do Sistema Gastroin-
testinal

Fonte: os autores.

Em relação à utilização Aristolochia como fitoterápico, a plan-


ta é citada para uso popular e, 38 sintomas/patologias. Como pode
ser verificado na tabela 2.

TABELA 2. Tabela Uso da Aristolochia na Medicina Popular


Uso N° de citações Referências
Abortivo 2 STEFFEN, 2010; GARLET, 2019
Afecções da pele 2 STEFFEN, 2010; GARLET, 2019
Afinar o sangue 1 BATTISTI et al., 2013
Amenorreia 1 GRANDI, 2014
Anticonceptiva 1 GARLET, 2019
Antídoto picada de cobra 1 STEFFEN, 2010; GARLET, 2019
Anti-helmíntica 1 GARLET, 2019
Anti-inflamatória 1 GALERT, 2019
STEFFEN, 2010; LOPES; LOBÃO, 2013;
Antipirética 4
VASQUÉZ, et al., 2014; GARLET, 2019

29
Antisséptica 3 GRANDI, 2014; GALERT, 2019
BATTISTI et al., 2013; VÁSQUEZ et al., 2014;
Cefaléia 2
GARLET, 2019
Congestão 1 GIRALDI; HANAZAKI, 2010
Convulsões Epiléticas 1 STEFFEN, 2010
Descongestionante 1 BATTISTI et al., 2013
Diarréia 3 GIRALDI; HANAZAKI, 2010; STEFFEN, 2010
STEFFEN, 2010; DLUZNIEWSKI; MÜLLER,
Digestivo 2
2018
Diurética 1 GARLET, 2019
BATTISTI et al., 2013; GOIS et al., 2016;
Dor de barriga 3
GARLET, 2019
Dor ciática 1 STEFFEN, 2010
Dor no Coração 1 STEFFEN, 2010
Dor no Corpo 1 LOPES; LOBÃO, 2013
GIRALDI; HANAZAKI, 2010; BATTISTI et al.,
Dor no Estômago 3
2013; VÁSQUEZ et al., 2014
Emenagoga 1 GARLET, 2019
Enjôo 1 GIRALDI; HANAZAKI, 2010
Estímulo baço 1 STEFFEN, 2010
Estímulo Rins 2 STEFFEN, 2010; GARLET, 2019
Fadiga 1 VÁSQUEZ et al., 2014
Fígado 2 STEFFEN, 2010; BATTISTI et al., 2013
GIRALDI; HANAZAKI, 2010; VÁSQUEZ et al.,
Gastrite 2
2014
Gripe 1 LOPES; LOBÃO, 2013
Hipertensão arterial 1 GRANDI, 2014
Indutora de parto 1 GRANDI, 2014
Intestino preso 1 GIRALDI; HANAZAKI, 2010
Laxante 1 GIRALDI; HANAZAKI, 2010
Menopausa 1 BATTISTI et al., 2013
Nefralgias 1 STEFFEN, 2010
STEFFEN, 2010; GRANDI, 2014; GARLET,
Reumatismo 3
2019
GIRALDI; HANAZAKI, 2010; VÁSQUEZ et al.,
Vômito 2
2014
Fonte: os autores.

Possui nomes popularmente conhecidos como jarrinha, pa-


po-de peru, cipó mil homens, ou da forma corrida de pronunciar mi-
lome, povos indígenas também usam denominações para a planta
tal como anhangá-potyra, flor-do-espírito-do mal, flor-do-diabo, uru-

30
bu-caa e erva-do-urubu, o autor ainda cita que Hoene (1942) refe-
re a utilização da planta em pontas de flechas pelos nativos para ati-
vidade de caça, sendo a planta considerada potencial alucinógeno
(FRANÇA et.al., 2005). Outras formas como a planta é conhecida
também incluem cassaú, milhome, calunga, capa-homem, orelha e
elefante (GRANDI, 2014).
Há estudos feitos, por meio de levantamentos, que compro-
vam a utilização e indicação de uso na medicina popular em uma co-
munidade de Santa Catarina (GIRALDI; HANAZAKI, 2010); comuni-
dade de pescadores do Espírito Santo (LOPES; LOBÃO, 2013); co-
munidade do Rio Grande do Sul (BATTISTI et al., 2013). Dentre os
numerosos benefícios achados das espécies do gênero, encontra-
dos na tabela 2, as principais ações citadas no uso popular foram an-
tipirética, ação analgésica e anti-inflamatória. Também referido para
tratamento de reumatismo, que pode ser elucidado no estudo de efei-
to anti-inflamatório e antinoceptivo da Aristolochia trilobata, onde foi
identificado componente predominante, chamado acetato de sucati-
la, também constatado como responsável pelos efeitos resolutivos de
inflamação e dor. Ademais, foi detectado que o mecanismo de ação
tanto do óleo essencial de A. trilobata quanto de seu principal com-
ponente, contribuíram para a redução na migração de leucócitos, sín-
tese de citocinas, óxido nítrico, e extravaso de proteínas (SALOMÉ
et al., 2020).
Garlet (2019) cita, a partir do conhecimento empírico, ativida-
de anti-inflamatória por planta do gênero. Outros estudos na améri-
ca central se basearam no mesmo para a realização de pesquisas, a
fim de testar se realmente haveria eficácia anti-inflamatória por par-
te de extrações de Aristolochiaceae (SOSA et al., 2002; SALOMÉ et
al., 2020).
O efeito antiofídico, também muito citado em uso popular, pos-
sui achados científicos em estudos da Índia (SIVARAJ et al., 2018) e
Brasil (GARLET, 2019). Em estudos de Aristolochia triangularis, re-
fere a indicação da planta como antídoto contra veneno de cobra, e
para problemas de pele o indicado é o uso externo.
Apesar da apresentação de diversos benefícios, as plantas
medicinais, não estão isentas da possibilidade de apresentarem
substâncias potencialmente tóxicas em sua composição, ou que ain-

31
da, em determinada concentração, apresentem potencial toxicidade.
É citado o autor Wojcikowski et al. (2004), o mesmo esclarece que
medicamentos sintéticos são conhecidos como causadores de efei-
tos adversos, porém muitos acreditam que ervas medicinais e medi-
camentos produzidos com plantas como matéria prima são incapa-
zes de causar malefícios (RAUBER, 2006).
As plantas do gênero Aristolochia, assim como outras plantas,
podem vir a apresentar compostos tóxicos em sua composição. Em
plantas desse gênero, o responsável pelo efeito tóxico, já apontado
em estudos, é o ácido aristolóquico (AA). Em pesquisa, o mesmo foi
tido como vilão, sendo sugerido ser o responsável causador de ne-
frotoxicidade, câncer de bexiga, e carcinoma hepatocelular (ZHANG
et al., 2019).
Porém, apesar da declaração de que o composto de AA é a
parte citotóxica da planta, há de acordo com Rodríguez et al. (2020)
estudos de metabólitos e extratos de plantas do gênero Aristolochia.
O estudo sugere que o AA, composto por nitrogênio ácido aristoló-
quico (AA) e aristolochina, demonstrou propriedades frente a respos-
ta inflamatória provocada por picada de cobra, tendo como consequ-
ência atividade imunoestimulante, anti-inflamatória e inibição de fos-
folipase A2 (PLA2s).
Oliveira et al. (2019), em seus estudos, citam Langmann
(1979) e Rücker et al. (1981), ambos em suas pesquisas testaram
duas espécies do gênero Aristolochia, no qual não foram encontra-
dos derivados de ácido aristolóquico. Utilizando em seu estudo a téc-
nica de Cromatografia líquida de alta performance (HPLC), os au-
tores Oliveira et al. (2019), comprovaram que não houve presença
de ácido aristolóquico I e II na planta Aristolochia triangularis. Esse
achado levanta algumas questões referentes a estudos que genera-
lizam, como tóxicas, devido a achados do composto AA em algumas
espécies, as Aristolochiaceae.
O uso para distúrbios gastrointestinais ganha destaque, Frei-
tas et al. (2017) citam de acordo com Hoehne (1942) que a plan-
ta é utilizada para tratar de problemas de estômago e intestino. Se-
melhante relação foi citada por Giraldi e Hanazaki (2010) no qual o
estudo mostrou a utilização de espécie do gênero Aristolochia pela
população para tratar de problemas gastrointestinais (BATTISTI et

32
al., 2013; VÁSQUEZ et al., 2014; GOIS et al., 2016; DLUZNIEWSKI;
MÜLLER, 2018).
Além do conhecimento sobre as plantas, tão importante quan-
to a identificação de sua espécie, é saber quais as partes da plan-
ta são usadas e aplicadas, assim como qual é sua ação medicinal.
Também é relevante levar em conta o ambiente, condições de culti-
vo, o estágio em que a planta se encontra e até mesmo a época em
que deve ser feita a colheita. Esses fatores são consideráveis para
melhor aproveitamento e potencialidade de seu princípio ativo (RIO
GRANDE DO SUL, 2018).
As partes da planta utilizadas na fitoterapia incluem folhas,
caule e também as raízes (GARLET, 2019; GRANDI, 2014; MON-
TELES; PINHEIRO, 2007), e a forma mais comum de uso popular,
é a decocção a qual em estudos científicos apresenta ação terapêu-
tica para fadiga (ROSS et al., 2019; VÁSQUEZ et al., 2014), e efei-
to digestivo (DLUZNIEWSKI; MÜLLER, 2018). Nos achados científi-
cos as partes mais utilizadas foram raízes, caule e folhas e o méto-
do mais utilizado é extração por solventes sendo os mais frequen-
tes, o extrato metanólico, para ação terapêutica de efeito antioxidan-
te e antiproliferativo em linhagens de células cancerígenas (BOU-
RHIA et al., 2019), diferenciação osteogênica de células tronco (GI-
RIJA et al., 2017). Sendo o efeito antibacteriano estudado nas extra-
ções metanólicas (BARTHA et al., 2019); etanólicas listada também
como atividade anti-leishmaniose (OLIVEIRA et al., 2019); anti hiper-
glicêmico (SULYMAN, 2016); antiparasitária Schistosoma (COSTA et
al., 2020).
Léon-Díaz et al. (2010), produziram e testaram em estudo di-
ferentes extratos, bem como compostos isolados de plantas do gê-
nero Aristolochia. A espécie utilizada foi Aristolochia taliscana, testa-
da contra Mycobacterium tuberculosis. Como resultado da pesquisa,
foram encontradas concentrações inibitórias mínimas com atividade
antimicobacteriana. Além de terem obtido resultado positivo, a des-
coberta similarmente acaba demonstrando relevância sobre pesqui-
sas com ervas medicinais, e que muito ainda pode ser explorado, vin-
do a apresentar bons resultados.
Outros estudos de distintos autores também vieram a compro-
var atividade antibacteriana, espécies como Aristolochia triangularis,

33
Aristolochia esperanzae Kuntz, Aristolochia longa, Aristolochia indi-
ca, Aristolochia clematitis L., apresentaram potencial resposta posi-
tiva contra bactérias, algumas inclusive se tratando de cepas sensí-
veis ou resistentes (PACHECO et al., 2010; DHOUIOUI et al., 2016;
BARTHA et al., 2019).
Na Índia, estudo relata sobre algumas tribos fazerem uso de
planta do gênero Aristolochia presente na região, utilizada em forma
de extrato aquoso, a espécie Aristolochia griffithii, é usada para tratar
problemas como picadas de cobras, insetos, complicações de pele,
problemas estomacais, febre, incluindo a febre da malária. O interes-
se da pesquisa surgiu devido ao parasita causador da malária, doen-
ça endêmica tanto na Índia como em países vizinhos, Plasmodium
falciparum, estar criando multirresistência aos medicamentos utiliza-
dos para o tratamento da doença (DAS et al., 2016).
Ainda se tratando de ação contra parasitas, estudos também
comprovaram utilização de plantas da família Aristolochia não somen-
te para tratamento de malária, mas também atividade contra o causa-
dor da leishmaniose. Pereira et al. (2017) cita em estudo ensaios In vi-
tro que mostraram atividade contra Leishmania amazonensis.
Ademais, em estudo, Sulyman et al.(2016) observaram que a
população do Sul da Nigéria utilizava decocção alcoólica oral de Aris-
tolochia ringens para tratamento de hiperglicemia. Na pesquisa foi
testado o uso de extrato etanólico de raízes da planta para elucidar o
mecanismo de ação, e verificar veracidade. Ao finalizarem o experi-
mento, foi concluído que a planta apresentou ação anti-hiperglicêmi-
ca (EL OMARI et al., 2019).
O gênero Aristolochia é constituído por aproximadamente 500
espécies distribuídas mundialmente, das quais em torno de 92 são
possíveis de serem encontradas em nosso país, sendo que 39 de-
las são naturais da Mata Atlântica (FREITAS et al., 2017; HOLZBA-
CH et al., 2017).

TABELA 3. Apresentação das espécies de Aristolochia citadas nos


Estudos da Revisão Integrativa
Espécie N° Citação Origem
Aristolochia baetica 1 Marrocos
Aristolochia bracteolata 1 Índia

34
Aristolochia clematitis 1 Hungria
Aristolochia cordigera 1 Brasil
Aristolochia cymbifera 2 Brasil
Aristolochia elegans 1 Brasil
Aristolochia fimbriata 1 Brasil
Aristolochia esperanzae 1 Brasil
Aristolochia gigantea 2 Angola; Brasil
Aristolochia griffithii 1 Índia
Aristolochia indica 1 Índia
Aristolochia longa 2 Tunísia; Marrocos
Aristolochia paucinervis 1 Marrocos
Aristolochia ringens 1 Nigéria
Aristolochia saccata 1 Arábia Saudita
Aristolochia sprucei 1 Brasil
Aristolochia taliscana 1 Brasil
Aristolochia triangularis 4 Brasil
Aristolochia trilobata 6 Brasil; Irlanda
Aristolochia yunnanensis 1 China
Fonte: os autores.

Neste artigo de revisão bibliográfica na tabela 3 foram listadas


20 espécies sendo o Brasil o país com maior diversidade etnobotâni-
ca do gênero com 10 espécies citadas em pesquisas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um país vasto em vegetação e distinção de espécies ve-


getais como o Brasil, no campo da medicina popular é imprescindível
a presença de conhecimento acerca de quais plantas devem ser utili-
zadas. Em sua maioria, possuem inúmeros benefícios descritos na li-
teratura empírica e são conhecidas tanto pela espécie, como por no-
mes populares. Dentre elas, a planta de que trata essa revisão, pos-
sui numerados nomes populares, e riqueza etnobotânica. Suas es-
pécies possuem benefícios citados tanto na literatura empírica como
científica, enquanto que, ao mesmo tempo, é vista como vilã, sendo
acusada de possuir toxicidade.
Na biodiversidade brasileira a Aristolochia se apresenta como
um gênero rico etnobotânico e farmacologicamente falando, com uso

35
de amplo espectro. Amplificar as pesquisas que contemplem e deter-
minem evidências para o uso popular seguro de plantas de espécies
do gênero Aristolochia torna-se necessário e aplicável.

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41
CAPÍTULO 3

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA


DA SUCUPIRA (PTERODON EMARGINATUS, VOGEL)
EM MODELO DE INCAPACITAÇÃO ARTICULAR EM
A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

CAMUNDONGOS (MUS MUSCULUS)1

EVALUATION OF ANTI-INFLAMMATORY ACTIVITY OF SUCUPIRA


(PTERODON EMARGINATUS, VOGEL) IN ARTICULAR
INCAPACITATION MODEL IN MICE (MUS MUSCULUS)

Fernanda Lúcia Passos Fukahori


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Medicina Veterinária
Recife -PE
fernandafukahori@yahoo.com.br

José Ferreira da Silva Neto


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Medicina Veterinária
Recife -PE
daniela.bsouza@ufrpe.br

Renan Felipe Silva Santos


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Medicina Veterinária
Recife -PE
renan.felipes@ufrpe.br

Lais Alburquerque van der Linden


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Medicina Veterinária
Recife -PE
laisliden@gmail.com

1 Artigo originalmente publicado sob o título de: Efeitos da semente de sucupira-branca (Pte-
rodon emarginatus, Vogel) sobre a inflamação na articulação coxofemoral em cães avaliados
pela termografia. Na Revista de Medicina Veterinária da UFRPE-Recife, v. 14, p. 99, 2020.

42
Maíra Maria Meira das Chagas
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Medicina Veterinária
Recife -PE
maira.meira@hotmail.com

Flaviane Maria Florencio Monteiro Silva


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal
Recife -PE
flaviane.fmonteiro@ufrpe.br

George Chaves Jimenez


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal
Recife -PE
daniela.bsouza@ufrpe.br

Daniella Maria Bastos de Souza


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal
Recife -PE
daniela.bsouza@ufrpe.br

Eulina Tereza Nery Farias


Centro Universitário FACOL
Recife – PE
etnfarias@yahoo.com.br

Evilda Rodrigues de Lima


Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Medicina Veterinária
Recife -PE
evilda17@hotmail.com

RESUMO
Objetivando determinar o potencial anti-inflamatório e potencial anal-
gésico, realizou-se este experimento, no laboratório de Farmaco-

43
logia da UFRPE com grupos de camundongos que foram pré-tra-
tados com alguns fármacos e com o extrato da semente da sucu-
pira branca (FOESSB), mediante simulação de artrite inflamatória.
Os bioensaios revelaram que a FOESSB, na dose utilizada reduziu a
inflamação de forma significativa, não provocou alterações importan-
tes em teste de ansiedade, reduziu as respostas pró-inflamatórias as-
sociadas ao processo de incapacitação articular induzido por Ovalbu-
mina, reduziu de forma significativa as mudanças no limiar de excita-
bilidade à respostas álgicas, em modelo de placa quente a 55oC e fi-
nalmente, não foram encontradas diferenças significativas na avalia-
ção macroscópica e pesagens efetuadas sobre órgãos dos camun-
dongos, retirados após eutanásia.  
Palavras Chaves: Faveiro, Plantas medicinais, Fitoterapia, Artrites

ABSTRACT
Aiming to determine the potential anti-inflammatory and analgesic po-
tential, this experiment was conducted in the laboratory of Pharma-
cology UFRPE with groups of mice that were pre-treated with some
drugs and the seed extract sucupira white (FOESSB) by simulation
inflammatory arthritis. Bioassays revealed that FOESSB, the dose re-
duced inflammation significantly, did not significantly change in test
anxiety, reduced pro-inflammatory responses associated with the
process of joint incapacitation induced by ovalbumin, significantly re-
duced the changes in threshold excitability of painful responses in the
hot plate model 55oC and finally, there were no significant differences
in macroscopic evaluation and weighing performed on organs of mice
and removed after euthanasia.
Key Words: faveiro, medicinal plants, herbal medicine, arthritis

INTRODUÇÃO

As plantas medicinais constituem importantes recursos terapêu-


ticos para o tratamento de doenças inflamatórias, principalmente das
populações mais carentes. Servem tanto à conhecida “medicina casei-
ra”, que faz parte da cultura popular destes países, como de matéria-pri-
ma para elaboração de anti-inflamatórios fitoterápicos ou extração de
compostos químicos com atividade anti-inflamatória (FREITAS, 1999).

44
O efeito anti-inflamatório das sementes de sucupira-bran-
ca (Pterodon emarginatus) foi comprovado por diferentes autores
(SABINO et al., 1999; NUNAN et al., 2001; COELHO et al., 2004). O
óleo da semente de Pterodon pubescens não apresentou atividade
mutagênica (SABINO et al., 1999), embora estudos de DL50 (dose
letal 50%) e observação de sintomas tóxicos agudos do óleo das se-
mentes demonstraram possíveis riscos após utilização da planta (DA
LUZ DIAS et al., 1995). Outros estudos toxicológicos confirmam que
elevadas doses do óleo das sementes não produzem efeitos tóxicos
em camundongos Swiss (SABINO et al., 1999).
As características da sociedade moderna oferecem desafios
que se estendem a várias dimensões, entre estas aos problemas de
saúde tanto no domínio da espécie humana como também com re-
lação aos animais domésticos. As mudanças de hábitos alimentares,
de atividade comportamental tem favorecido o surgimento de novas
patologias como também ampliado à ocorrência de patologias já co-
nhecidas de algum tempo. Como é o caso das osteoartrites e outras
doenças articulares nos animais domésticos.
Sabe-se, por outro lado, que o diagnóstico completo pode ser
complexo e com restrições bem como os recursos disponíveis não
eficazes para a promoção da recuperação dos organismos afetados,
comprometendo a qualidade de vida dos mesmos. Neste sentido, ve-
rificou-se para este trabalho que a sucupira branca tem sido referen-
dada, popularmente, como capaz de reduzir os efeitos nocivos das
afecções articulares em humanos. Então levantou-se a hipótese de
que seria possível, a redução dos efeitos indesejados de animais de
laboratório com incapacitação articular induzida, tratados com a fra-
ção orgânica do extrato hidroalcóolico da semente de sucupira bran-
ca (Pterodon emarginatus, Vogel), na intenção de estabelecer os li-
mites de toxicidade para uso do material em mamíferos, como des-
cobrir as principais vias de ação farmacológicas associadas às prin-
cipais respostas obtidas.  

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado nas dependências do Laboratório


de Farmacologia do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal

45
(DMFA), e no Setor de Clínica Médica do Departamento de Medici-
na Veterinária (DMV), ambos na Universidade Federal Rural de Per-
nambuco (UFRPE). Sendo submetido ao Comitê de Ética de Utiliza-
ção de Animais (CEUA) desta Universidade e aprovado sob a licen-
ça nº 046/2012.
Foram utilizados camundongos (Mus musculus, albinos sui-
ço) machos, com massa corpórea entre 30 e 35 gramas provenientes
do biotério do Laboratório Nacional Agropecuário LANAGRO-PE, do
Ministério da Agricultura. Estes animais, após um período de adapta-
ção de 30 dias, foram mantidos em gaiolas apropriadas, em número
de oito animais por gaiola, recebendo água “ad libitum” e alimentação
livre de suplementação com antibióticos, permanecendo sob condi-
ções de temperatura de 25 C e luminosidade com ciclo de luz 12x12h
na relação claro/escuro.
As sementes de sucupira, após um processo de seleção e hi-
gienização foram submetidas a um mecanismo de tração para a que-
bra das mesmas totalizando uma massa final de 50 g de semen-
tes trituradas. Em seguida, este material foi depositado em um Erlen-
meyer contendo 200mL de álcool etílico a 70%, onde após vedação
e identificação, foi colocado para maceração por um período de 14
dias à temperatura de 25 C. Após este período, o material foi filtrado,
em seguida foram retirados 200μL da solução final, para a determi-
nação da concentração da solução, obtendo-se um valor de 230mg/
mL. Desta solução de estoque, foram retirados 100mL acrescido de
100mL de diclorometano num funil de separação e deixados por 18h.
Após este período foi separada a porção orgânica da amostra sendo
adicionado sulfato de magnésio anidro para a remoção da água re-
sidual, sendo o conteúdo submetido novamente à filtração, agora se
utilizando um filtro de 0,02 μm para posterior armazenamento sob re-
frigeração, conforme recomendações em Ferri (1995). A concentra-
ção final desta preparação foi também determinada, obtendo-se um
valor de 120mg/mL.
Tomando-se como referência a metodologia descrita em Swin-
gle e  Shideman, (1972), dois grupos com oito animais cada foram se-
parados e os animais, após anestesia prévia com cloridrato de ceta-
mina (70mg/Kg ip. ) e Xilazina (14mg/Kg ip) receberam implantes de
um disco de algodão de 10mg no espaço subcutâneo na região dor-

46
sal do lado direito. Após um período de 24h os animais de um dos
grupos recebiam diariamente, uma dose de 205,70 mg/Kg ip da fra-
ção orgânica do extrato da semente de sucupira (FOESSB). Após
um período de sete dias os animais, de ambos os grupos, foram sub-
metidos a um teste de ansiedade como proposto por Leite e Siquei-
ra (2006).
O teste de ansiedade consiste em apresentar 10 esperas colori-
das, de material não perecível e não tóxico, aos animais de uma deter-
minada gaiola, por 10 minutos. Após este período verificava-se o nú-
mero de bolinhas cobertas pela maravalha, tomando-se isto como indi-
cativo do nível de estresse e ansiedade dos animais do grupo.
Após a realização do teste de ansiedade os animais foram eu-
tanasiados mediante aprofundamento anestésico, conforme metodo-
logia descrita em Hall (2001). Após a perda dos reflexos vitais, os
animais sofriam incisão cirúrgica para remoção do tecido fibrovas-
cular, que em seguida era submetido a um procedimento de seca-
gem a 37 oC por 24 horas. Após esta etapa o material era submetido
à pesagem em balança analítica da Metler Inc. onde a massa do te-
cido fibrovascular era determinada pela diferença entre a massa ini-
cial (10mg) e a massa final.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do modelo de
incapacitação articular neste trabalho foi baseado nos trabalhos de
Vaz, et al. (1996) e Marinho et al. (2004). Trinta e seis animais recebe-
ram injeção intratecal de 1μl de solução salina de ovalbumina a 2,5%
pH 7,4. Após um período de 24 horas, estes animais foram subdivi-
didos em quatro grupos, sendo o primeiro controle, onde os animais
somente recebiam a manipulação similar aos demais grupo, mas não
recebiam tratamento. No segundo grupo os animais eram tratados
diariamente com dexametazona numa dose equivalente a 5mM por
animal (ip). No terceiro grupo os animais recebiam, diariamente, uma
dose de 5mM por animal de celecoxib (ip). No quarto grupo os ani-
mais recebiam uma dose de 205,70 mg/Kg (ip) de FOEESB
Após um período de sete dias, os animais de todos os grupos
foram submetidos inicialmente a um teste de analgesia em mode-
lo de placa quente a 55 oC, segundo metodologia descrita em Almei-
da e Oliveira (2006). Logo em seguida, os animais de todos os gru-
pos eram submetidos a um teste de ansiedade segundo metodologia

47
descrita em Leite e Siqueira (2006), conforme já assinalado acima.
Ao final deste processo os animais eram então submetidos ao tes-
te da barra vertical. Este último teste consistia em submeter os ani-
mais de cada grupo a uma plataforma móvel, que permitia inclinação
de até 90o. Como critério de avaliação considerava-se que animais
com prejuízos da coordenação motora não conseguiria escalar uma
plataforma com uma inclinação superior a 45o. Registrava-se, portan-
to, o tempo que os animais levavam para escalar tal plataforma com
uma inclinação de 46o. Após todos os bioensaios acima, os animais
foram eutanasiados mediante aprofundamento anestésico, segundo
Hall et al. (2001).
Os resultados obtidos nos bioensaios foram expressos em ter-
mos de média e desvio padrão, e ocasionalmente em percentuais,
sendo as diferenças avaliadas mediante testes estatísticos paramé-
trico disponíveis em planilha do pacote estatístico Graphic Pad da
Prism versão 3.0, considerando-se um nível descritivo de significân-
cia equivalente a um valor de p < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A atividade anti-inflamatória foi avaliada mediante o desenvol-


vimento da metodologia proposta por Swingle e Shideman (1972). Na
tabela 1 podem ser identificados os valores da pesagem dos discos
de algodão implantados nos animais após a secagem. Verificou-se,
portanto que o peso médio dos discos procedentes dos animais tra-
tados com extrato de Sucupira (FOESSB) na dose de 205,70 mg/Kg
era menor do que os discos provenientes dos animais do grupo con-
trole, diferença esta significativa para um valor de p < 0,05.
A diferença encontrada entre as pesagens dos discos prove-
nientes de animais tratados e do grupo controle, confirmando que a
FOESSB tem ação anti-inflamatória, inibindo a deposição de material
fibroso sobre os discos e neovascularização.
Outros pesquisadores já haviam assinalado que semente das
espécies do gênero Pterodon sp, podia inibir processo inflamatório
(SABINO et al., 1996; NUNAN et al., 2001; COELHO et al., 2004).
Mas estes ensaios ratificam que a FOESSB também pode inibir o
processo inflamatório sendo que os animais não exibiram diferenças

48
importantes quando submetidos ao teste de ansiedade, comparados
com animais que não haviam recebido implantes, conforme mostram
os dados da tabela 2. Este teste evidencia a não ocorrência de re-
síduos comportamentais decorrentes de agravamentos físicos como
incapacitações ou mesmo alterações de comportamento decorrentes
da presença de dor ou ansiedade devido ao modelo experimental de
resposta inflamatória implantado. Verificou-se, portanto que em rela-
ção ao grupo controle não ocorreu diferença alguma, ao fim do tra-
tamento.

Tabela 1. Avaliação da atividade anti-inflamatória. Peso do fíga-


do e do baço, além do peso do disco de algodão hidrófilo implanta-
do(10mg), avaliado 7 dias após o tratamento.
Peso (g)
Grupos Fígado Baço Disco Corpo
Controle
Media 1,960 0,204 0,268 43,060
Desvio 0,326 0,042 0,092 4,957
CV 16,61 20,68 34,43 11,51
Tratado
Media 1,762 0,209 0,169* 41,660
Desvio 0,173 0,051 0,069 4,975
CV 9,81 24,17 40,45 11,94
Valor calculado t = 23,55481, diferença significativa para p < 0,05 (gl = 18).
* Diferença significativa para um valor de p < 0,05 quando da aplicação do teste estatístico t de
Student para comparação dos valores médios e respectivos desvios.

Tabela 2. Número de bolinhas cobertas por maravalha das gaiolas


de ambos os grupos de animais tratados com a FOESSB e animais
do grupo controle.
Parâmetros Controle Sucupira
3 3
Frequência 0,3 0,3
Desvio padrão 0,145 0,145
Não ocorreram diferenças significativas para um valor de p < 0,05 (gl=18).

Na tabela 3, estão os principais resultados obtidos do teste de


ansiedade, sinalizando a não ocorrência significativa entre os grupos
avaliados para um valor de p < 0,05.

49
Uma vez não afetados por problemas de estresse, estes mes-
mos organismos foram submetidos ao teste de analgesia mediado
por placa quente a 55 oC.

Tabela 3 Resposta após o 7o dia de tratamento dos animais com in-


capacitação articular induzida por Ovalbumina ao teste de ansieda-
de. Grupos controle, Grupo com animais tratados diariamente com
dexametazona (5mM ip), Grupo com animais tratados com Celecoxib
(5mM ip0 e grupo com os animais tratados com a FOESSB na dose
de 205,71 mg/Kg, n = 9 em cada grupo.
Parâmetros Controle Dexametazona Celecoxib Sucupira
3 5 2 2
Freq. 0,3 0,5 0,2 0,2
Desvio padrão 0,145 0,158 0,127 0,127
Não ocorreram diferenças significativas para um valor de p < 0,05 (gl=18).

Na tabela 4 podem ser visualizados os tempos de resposta dos


animais de cada grupo experimental avaliado quanto ao teste de anal-
gesia por placa quente a 55oC, verificando-se que o tempo médio dos
animais tratados com Celecoxib e com a FOESSB foram diferentes sig-
nificativamente em relação ao grupo controle para um valor de p < 0,05.
Estes resultados acima corroboram com a ideia de que as
substâncias presentes na FOESSB inibem as respostas álgicas pro-
tagonizadas pela indução da incapacitação articular, de forma apa-
rentemente similar aos efeitos proporcionados por Celecoxib.
Assim, tem-se uma ação pró-inflamatória instalada devido aos
estímulos proporcionados pela Ovalbumina (ADAMS, 2003; GOLAN
et al., 2009).

Tabela 4. Tempo de resposta à sensibilidade das patas de camundon-


gos submetidos ao modelo de placa quente para avaliação da extensão
da resposta analgésica. Grupos de animais controle, animais pré-trata-
dos com Dexametazona (5mM ip), animais pré-tratados com Celecoxib
(5mM ip) e animais tratados com a FOESSB na dose de 205,71 mg/Kg.
Grupos de tratamento \ Tempo de resposta (seg.)
Animal Controle Dexametazona Celecoxib Sucupira
1 7 5 20 8
2 8 7 16 10

50
3 9 5 16 12
4 4 6 11 10
5 5 6 17 16
6 5 8 12 11
7 4 6 16 15
8 7 7 10 16
9 7 4 11 3
Media 6,222 6,000 14,333 11,222
Desvio 1,787 1,225 3,428 4,207
CV 28,73 20,41 23,92 37,48
Probabilidade - 0,381 5,3E-06* 0,0024*
- - - - 0,052**
*Diferença significativa em relação ao grupo controle para um valor de p < 0,05 (gl + 16), (n =
9 animais por grupo).
**Diferença significativa em relação ao grupo onde os animais foram pré-tratados com Celeco-
xib para um valor de p < 0,1.

Em linhas gerais, a avaliação do processo nociceptivo, pode si-


nalizar um importante resposta integrada no córtex cerebral, enquan-
to a simples agitação das patas posteriores (sapateado) geralmente
é interpretada como sendo apenas uma resposta de integração me-
dular (ALMEIDA E OLIVEIRA, 2006). Seja como for, verifica-se que
as ações induzidas pela presença da Ovalbumina na cápsula articular
dos animais estudados afetaram, de certa forma, o limiar de excitabili-
dade para a dor nas imediações centrais, onde geralmente espera-se
A sujeição dos mesmos animais avaliados nos testes de anal-
gesia agora ao teste do plano inclinado permitiu a visualização de
que a FOESSB conseguiu promover a recuperação dos animais de
forma similar aos animais que receberam Celecoxib, em relação ao
grupo controle, respectivamente p < 0,01 e p < 0,05, como mostram
os dados da tabela 5.

Tabela 5. Tempos de resposta dos animais de diferentes grupos de trata-


mento em teste do plano inclinado. Uma avaliação da condição de recu-
peração dos efeitos da incapacitação articular induzida por Ovalbumina.
Grupos de tratamento \ Tempo de resposta (seg.)
Animais Controle Dexametazona Celecoxib Sucupira
1 45 5 5 5
2 10 5 5 4

51
3 10 10 10 5
4 10 22 5 2
5 10 60 5 5
6 10 15 2 3
7 10 30 3 5
8 10 25 5 1
9 10 15 3 1
Media 13,889 20,778 4,778 3,444
Desvio 11,667 17,042 2,279 1,740
CV 84,00 82,02 47,70 50,52
Probabilidade - 0,165945 0,01764* 0,00862**
- - - 0,09104***
* Diferença significativa em relação ao grupo controle, para um valor de p < 0,05. ** Diferença
significativa em relação ao grupo controle, para um valor de p < 0,01; *** Diferença significativa
em relação ao grupo cujo tratamento dos animais foi com Celecoxib, para um valor de p < 0,1.

Uma comparação entre os valores de probabilidade obtidos


permite verificar que a FOESSB foi ligeiramente melhor em promo-
ver a recuperação dos organismos afetados, com tempos de respos-
ta melhores.

CONCLUSÃO

A FOESSB na dose de 205,71 mg/Kg reduziu a inflamação de


forma significativa em modelo de implante de disco de algodão sub-
cutâneo para um valor de p < 0,05. Os animais avaliados não exibi-
ram alterações importantes em teste de ansiedade. Reduziram as
respostas pró-inflamatórias associadas ao processo de incapacita-
ção articular induzido por Ovalbumina de forma significativa para um
valor de p < 0,01.
Com a pesquisa detalhada e minuciosa destes compostos as-
segura-se a saúde da população e também torna a fração orgânica
do extrato da semente de sucupira uma opção para o tratamento das
afecções articulares de ordem inflamatória economicamente viável
e segura, visando à minimização de efeitos colaterais no organismo
pretende-se com esse estudo introduzir um fitoterápico como um me-
dicamento eficaz para resolução deste problema.

52
REFERÊNCIA

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53
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chemical and thermal models nociception in mice. Journal Pharma-
cology. 1996.

54
CAPÍTULO 4

EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS E


FITOTERAPIA DIRECIONADAS ÀS DOENÇAS CRÔNICAS

CLINICAL EFFECTIVENESS OF MEDICINAL PLANTS


A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

AND PHYTOTHERAPY DIRECTED TO CHRONIC DISEASES

Camila Emanuelle da Silva Ferreira


Centro Universitário Maurício de Nassau
Departamento de farmácia
Teresina - Piauí
ORCID (0000-0001-8141-814X)
camilaemanuelleferreira@gmail.com

Aldenora Maria Ximenes Rodrigues


Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Odontologia de Araraquara
Araraquara - São Paulo
ORCID (https://orcid.org/0000-0003-3056-0108)
aldenora.ximenes@unesp.br

RESUMO
O uso de plantas medicinais e fitoterápicos em desfechos relaciona-
dos às doenças crônicas é uma prática comum. Esse uso é intensi-
ficado pelo baixo custo, tal como efeitos adversos leves. A utilização
indevida de plantas medicinais e a não observância da medicina ba-
seada em evidências quanto a utilização de plantas medicinais no
tratamento de doenças crônicas justificam a realização desse estu-
do. Assim, o intuito é demonstrar a efetividade clínica de plantas me-
dicinais utilizadas no tratamento de doenças crônicas. O processo
metodológico foi conduzido por meio da análise de artigos selecio-
nados no mapa de evidências disponível no site da Biblioteca Virtu-
al em Saúde (BVS). Foram analisadas 24 revisões sistemáticas, sen-
do que as plantas medicinais mais utilizadas foram Carthamus tinc-
torius L., Curcuma longa L. e o Harpagophytum procumbens. A efeti-

55
vidade de plantas medicinais e fitoterápicos apresentam efeitos po-
sitivos em pacientes com doenças crônicas, dependendo da dose e
da avaliação feita por um profissional habilitado para a prescrição de
plantas medicinais.
Palavras-chave: Doença crônica. Fitoterapia. Plantas medicinais.

ABSTRACT
The use of medicinal plants and herbal medicines in chronic dis-
ease-related outcomes is a common practice. This use is enhanced
by low cost as well as mild adverse effects. The misuse of medici-
nal plants and the non-compliance with evidence-based medicine re-
garding the use of medicinal plants in the treatment of chronic diseas-
es justify this study. Thus, the intent is to demonstrate the clinical ef-
fectiveness of medicinal plants used in the treatment of chronic dis-
eases. The methodological process was conducted through the anal-
ysis of articles selected from the evidence map available on the Virtu-
al Health Library (VHL) site. Twenty-four systematic reviews were an-
alyzed, and the most used medicinal plants were Carthamus tincto-
rius L., Curcuma longa L. and Harpagophytum procumbens. The ef-
fectiveness of medicinal plants and phytotherapics present positive
effects in patients with chronic diseases, depending on the dose and
the evaluation made by a qualified professional for the prescription of
medicinal plants.
Keywords: Chronic Disease. Phytotherapy. Medicinal plants.

Introdução

As doenças crônicas são enfermidades que são comumente


lentas, silenciosas e assintomáticas, mas podem afetar violentamen-
te a qualidade de vida e representar sérios riscos para as pessoas,
sendo uma das principais causas de mortes em todo o mundo e, no
Brasil, são responsáveis por 75% das mortes que ocorrem no país
(NUNES; BORGES; DA SILVA PIMENTA; DE SOUZA et al., 2023).
Dentre as principais doenças os principais motivos estão: as
cardiovasculares, as respiratórias crônicas (bronquite, asma, rinite),
hipertensão, câncer, diabetes e doenças metabólicas (obesidade,
diabetes, dislipidemia) (MALTA; DUNCAN; BARROS; KATIKIREDDI

56
et al., 2018). Ainda em 2015, constatou-se que as doenças crônicas
foram responsáveis por cerca de 20% das hospitalizações no Siste-
ma Único de Saúde (SUS), sendo que 10,27% foram relacionadas a
doenças respiratórias, 4,89% ao sistema circulatório, 3,28% a neo-
plasias e 1,17% a doenças endócrinas (SILVA; HELMAN; LUZ E SIL-
VA; AQUINO et al., 2022).
O uso de fitoterápicos têm sido mais frequente usados e pro-
duzidos no Brasil, onde o seu uso objetiva prevenir, curar ou minimi-
zar os sintomas de doenças crônicas (MAZIERO; TEIXEIRA, 2017).
Porém, no que se diz respeito à farmacovigilância, desses medica-
mentos ela ainda é incipiente, pois prova disso é o Brasil apresentar
apresenta grande impasse na análise e propagação dos dados refe-
rentes a interações entre medicamentos e plantas medicinais ou fi-
toterápicos, justificada pelo despreparo dos profissionais de saúde
e crença da ausência de efeitos adversos de plantas medicinais, o
que agrava a preocupação quanto ao risco dessa associação (LEAL;
TELLIS, 2015).
Devido à alta prevalência, as doenças crônicas demandam
muito recursos financeiros, aumentando os gastos com a previdên-
cia social e acarretando uma sobrecarga ao sistema de saúde (AL-
MEIDA; OLIVEIRA; GIOVANELLA, 2018). Nesse sentido, é importan-
te o estudo da eficácia de plantas medicinais e fitoterapia direcionada
a doenças crônicas, por ser um tratamento complementar que apre-
senta baixo custo, ser muito utilizado como forma de tratamento alter-
nativo quando há um descontentamento com o serviço público, além
de oferecer uma melhor qualidade de vida, pelo seu baixo índices de
efeitos colaterais, em comparação com os medicamentos sintéticos
da indústria farmacêutica (SALUD, 2014).
Apesar de existir na população a ideia de que o “produto na-
tural” não tem malefícios, o que permite a adoção de automedicação
com maior facilidade, é indicado que seja feita por um profissional
habilitado, objetivando o uso racional do medicamento, uma vez que
eles possuem efeitos adversos como hepatotoxicidade, tal como inte-
rações medicamentosas (SILVA; BANDEIRA; CALLOU FILHO; DOS
SANTOS et al., 2018). Há uma não observância da medicina basea-
da em evidências quanto ao uso das plantas medicinais (FERNAN-
DES, 2023), fato reforçado pelo estudo de Ferraz (2022), em que mo-

57
radores do município de Santa Cruz, na Bahia, utilizaram a infusão
da folha de moringa para diabetes e outras doenças crônicas, mes-
mo a espécime sendo proibida pela ANVISA na composição de pro-
dutos tradicionais no Brasil.
Além disso, para os profissionais de saúde, principalmente os
que atuam na saúde básica, as informações apresentadas neste ca-
pítulo são importantes, pois enfrentam limitações quanto à prescri-
ção de plantas medicinais e fitoterápicos devido à demanda de servi-
ço da equipe. Isso ocorre porque há uma lacuna nos currículos bási-
cos durante o processo de formação dos profissionais, o que não ga-
rante o conhecimento necessário para essa prática de serviço (RO-
DRIGUES; CAMPOS; SIQUEIRA, 2020).
Desta forma, este capítulo de livro objetivou demonstrar a efe-
tividade clínica de plantas medicinais utilizadas no tratamento de do-
enças crônicas.

Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa bibliográfica foi conduzida por meio da análise


de artigos selecionados e incluídos no mapa de evidências da efetivi-
dade clínica da plantas medicinais e fitoterapia disponível no site da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) podendo ser acessado através do
link: https://mtci.bvsalud.org/pt/efetividade-clinica-das-plantas-medi-
cinais-e-fitoterapia-para-doencas-cronicas-e-dor/.
Os mapas de evidências permitem uma visão geral e uma sín-
tese gráfica das evidências sobre intervenções de sistemas médicos
e métodos terapêuticos complementares para diferentes desfechos,
bem como problemas de saúde específicos. Esses mapas são elabo-
rados em um processo confiável que envolve uma busca sistemática
de documentos nas principais bases de dados, seleção dos estudos
de acordo com os critérios de inclusão e posterior caracterização.
Nesta pesquisa bibliográfica foram incluídos os 24 artigos dis-
ponibilizados no mapa de evidências que tinham como eixo temáti-
co plantas medicinais no combate a doenças crônicas. A extração de
dados foi realizada via formulário do google, que permite a criação
automatizada de uma planilha, que foi utilizada para construção das
tabelas incluídas na seção de resultados.

58
A qualificação metodológica dos estudos incluídos no mapa
de evidências foi realizada com uso da ferramenta Measurement
Tool to Assess Systematic Reviews (AMSTAR2), caracterizando o
nível de confiança das revisões em alto, moderado, baixo ou criti-
camente baixo. Essa qualificação foi descrita na seção de resulta-
dos e discussão.
Não houve assistência financeira de nenhuma organização
para construção desta revisão narrativa, e toda a literatura utilizada
está disponível para download gratuito.

Resultado e discussão

A pesquisa bibliográfica apresentou 24 estudos dentre eles 1


da Suíça, 4 dos Estados Unidos, 8 da Inglaterra, 1 da Escócia, 1 do
Chile, 1 do Canadá, 2 da Nova Zelândia, 1 da Alemanha, 1 do Brasil,
1 da Espanha e 2 da Itália, com níveis de confiança de baixo a alto,
apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização geral dos estudos apresentados


País de Nível de
Título
Publicação Confiança
A Systematic Review of Phytotherapy for Acute Rhinosi-
Suíça Baixo
nusitis
Andrographis paniculata in the treatment of upper respi-
ratory tract infections: a systematic review of safety and Alemanha Alto
efficacy
Botanical and phytochemical therapy of acne: a systematic
Inglaterra Baixo
review
Chinese medicinal herbs for asymptomatic carriers of he-
Inglaterra Alto
patitis B virus infection
Clinical effects of Zingiber cassumunar (Plai): a systematic
Escócia baixo
review
Fitoterapias en lesiones de mucosa oral: propiedades
reparativas y aplicación clínica: revisión sistemática de la Chile Baixo
literatura
Garlic for peripheral arterial occlusive disease Canadá Alto
Garlic for treating hypercholesterolemia: A meta-analysis of
Nova Zelândia Alto
randomized clinical trials
Genus Phyllanthus for chronic hepatitis B virus infection: a
Inglaterra Alto
systematic review
Ginkgo biloba extract for age-related macular degeneration
Inglaterra Baixo
(Review)

59
Herbal medicine as a promising therapeutic approach for
the management of vascular dementia: a systematic litera- Estados Unidos Baixo
ture review
Herbal medicines for fatty liver diseases Estados Unidos Alto
Herbal therapy for treating rheumatoid arthritis Inglaterra Alto
Improved traditional phytomedicines in current use for the
Alemanha Baixo
clinical treatment of malaria
Intervenção clínica para o transtorno de adaptação: uma
Brasil Baixo
revisão sistemática
Medicinal herbs for hepatitis C virus infection: a Cochrane
Estados Unidos Alto
hepatobiliary systematic review of randomized trials
Phytotherapic use of the Crocus sativus L (Saffron) and its
Inglaterra Baixo
potential applications: A brief overview
Phytotherapy for benign prostatic hyperplasia Inglaterra Baixo
Phytotherapy for lower urinary tract symptoms secondary
Estados Unidos Baixo
to benign prostatic hyperplasia
Potencial terapéutico del Hibiscus sabdariffa: una revisión
Espanha Baixo
de las evidencias científicas
Revisione sistematica sull’efficacia terapeutica e la sicure-
zza della cannabis per i pazienti affetti da sclerosi multipla,
Itália Alto
dolore neuropatico cronico e pazienti oncologici che assu-
mono chemioterapie
The effect of green tea on blood pressure and lipid profile:
a systematic review and meta-analysis of randomized Itália Alto
clinical trials
The effectiveness and safety of Kava Kava for treating
anxiety symptoms: A systematic review and analysis of Inglaterra Baixo
randomized clinical trials
Topical botanical agents for the treatment of psoriasis: a
Nova Zelândia Moderado
systematic review
Fonte: autoria própria (2022).

O fitoterápico mais utilizado Cártamo (Carthamus tinctorius L.)


que foi mencionado 46,7%, a Cúrcuma (Curcuma longa L.) (33,3%) e
o Harpagophytum (Harpagophytum procumbens DC.) que foi aborda-
do em 26,7%. Além disso, as três formulações que são mais mencio-
nadas nos artigos foram decocção e pó (20,8%), seguida por extrato
(10,4%) e cápsulas e comprimidos (6,3%), apresentados na tabela 2.
As interações medicamentosas observadas envolvem princi-
palmente com uso de anticoagulantes e antiplaquetário, sendo em
casos raros ou em doses muito elevadas. As reações adversas mais
mencionadas foram de teor gastrointestinal, como náusea ou vômi-
tos, reações alérgicas, hepatotoxicidade em casos raros, apresenta-
das na tabela 2.

60
Tabela 2 – Caracterização das plantas, dosagem, formulação e efei-
tos adversos
Plantas
Interações Reações
medicinais | Dosagem Formulação
medicamentosas adversas
Fitoterápico
Pode interagir com
medicamentos que
Cápsulas
afetam a coagu- Não
Myrtol® 300 mg padroniza-
lação sanguínea, especificados
das
como a varfarina e
a aspirina
54 eventos ad-
BNO 1016 (extra- Extrato da
160 mg Não relatado versos não espe-
to de Sinupret®) raiz
cificados
76% dos pa-
1 spray (1,3 cientes do grupo
mg/0,13 ml) Extrato de Cyclamen euro-
Cyclamen euro-
uma vez ao ervas liofili- Nenhum relatado paeum relataram
paeum
dia por 15 zado eventos adver-
dias sos não especifi-
cados
14% creme
em combina-
ção com Plai,
Syzygium aroma-
Cinnamomum Creme Não especificado Não especificado
ticum
camphora e
Mental cordi-
folia
14% creme
em combina-
ção com Plai,
Cinnamomum
Syzygium Creme Não especificado Não especificado
camphora
aromaticum e
Mental cordi-
folia
14% creme
em combina-
ção com Plai,
Mental cordifolia Syzygium Creme Não especificado Não especificado
aromaticum e
Cinnamomum
camphora
Pode aumentar o
2 a 3 vezes efeito hipoglice- Possíveis rea-
Aloe vera por dia de 10 Gel tópico miante dos medi- ções alérgicas e
mL de gel camentos antidia- irritação cutânea
béticos

61
Pode diminuir a Insônia, cefaleia
Chá verde (Ca- 2 a 3 xícaras
Infusão absorção de ferro e e nervosismo em
mellia sinensis) por dia
cálcio doses elevadas
Aplicar o ex- Possíveis rea-
Calêndula (Ca- Extrato tó-
trato 2 vezes Não relatado ções alérgicas e
lendula officinalis) pico
por dia irritação cutânea
Possíveis rea-
Cápsulas Pode interferir na
Raiz de bardana ções alérgicas e
1 a 2 g por dia ou extrato ação de medica-
(Arctium lappa) distúrbios gas-
líquido mentos diuréticos
trointestinais
Não há informa-
Óleo de semen- Possíveis rea-
2 vezes por ções disponíveis
te de uva (Vitis Óleo tópico ções alérgicas e
dia sobre interações
vinifera) irritação cutânea
medicamentosas
Pode interferir na
Óleo de melaleu- Possíveis rea-
2 vezes por ação de medica-
ca (Melaleuca Óleo tópico ções alérgicas e
dia mentos anticoagu-
alternifolia) irritação cutânea
lantes
Pode interferir na
Possíveis rea-
Óleo de onagra ação de medica-
ções alérgicas e
(Oenothera bien- 1 a 3 g por dia Cápsulas mentos anticoagu-
distúrbios gas-
nis) lantes e antiplaque-
trointestinais
tários
Possíveis intera-
ções com outros Raramente,
Decocção, medicamentos pode causar
Radix bupleuri 6-15g/dia
pó metabolizados pelo náuseas, vômi-
mesmo sistema tos e tonturas
enzimático
Não há relatos Raramente,
Fructus garde- Decocção, significativos de pode causar
6-15g/dia
niae pó interações medica- distensão abdo-
mentosas minal e diarreia
Possíveis intera-
ções com outros Raramente,
Decocção, medicamentos pode causar
Radix scutellariae 9-30g/dia
pó metabolizados pelo náuseas, vômi-
mesmo sistema tos e diarreia
enzimático
Possíveis intera-
ções com outros Raramente,
Fructus schisan- Decocção, medicamentos pode causar
6-15g/dia
drae pó metabolizados pelo náuseas, vômi-
mesmo sistema tos e tonturas
enzimático
Raramente,
pode causar
Possíveis intera-
Decocção, distúrbios gas-
Radix astragali 15-30g/dia ções com imunos-
pó trintestinais e
supressores
reações alér-
gicas

62
Não há relatos Raramente,
Decocção, significativos de pode causar
Semen coicis 15-30g/dia
pó interações medica- náuseas, vômi-
mentosas tos e diarreia
Possíveis intera-
Pode causar
ções com corticos-
hipertensão
teroides, diuréticos
Radix glycyrrhi- Decocção, arterial, retenção
3-10g/dia e outros medica-
zae pó de líquidos e
mentos metaboli-
alterações ele-
zados pelo mesmo
trolíticas
sistema enzimático
Possíveis intera-
ções com outros Raramente,
Decocção, medicamentos pode causar
Rhizoma coptidis 3-10g/dia
pó metabolizados pelo náuseas, vômi-
mesmo sistema tos e diarreia
enzimático
Não há relatos Raramente,
Decocção, significativos de pode causar ton-
Herba artemisiae 6-15g/dia
pó interações medica- turas e distúrbios
mentosas gastrointestinais
Possíveis intera-
ções com outros Raramente,
Decocção, medicamentos pode causar
Radix sophorae 6-15g/dia
pó metabolizados pelo náuseas, vômi-
mesmo sistema tos e diarreia
enzimático
Eritema, pruri-
do, queimação,
desconforto, re-
ações alérgicas,
Extrato seco, Não foram rela- irritação na pele,
dor abdominal,
Zingiber cassu- Não especifi- óleo essen- tadas interações
diarreia, náuse-
munar cado cial, creme, medicamentosas
as, tontura, hipo-
gel, loção significativas tensão, arritmia
cardíaca, convul-
sões, alterações
hepáticas, nefro-
toxicidade
Pode causar rea-
3 a 4 vezes Não foram rela-
Chamomilla re- Tintura líqui- ções alérgicas
ao dia de 2 a tadas interações
cutita da tópica em indivíduos
3 ml da tintura medicamentosas
sensíveis
Pode interagir com Pode causar
alguns medica- irritação da pele,
Melaleuca alter- Não especifi- Óleo essen-
mentos, incluindo vermelhidão e
nifolia cado cial tópico
antifúngicos e anti- coceira em ca-
bióticos sos raros
Pode causar
Não foram rela- irritação, coceira
Symphytum offi- Não especifi- Extrato líqui-
tadas interações e vermelhidão na
cinale cado do tópico
medicamentosas pele em casos
raros

63
Pode causar rea-
3 a 4 vezes Não foram rela-
Tintura líqui- ções alérgicas
Salvia officinalis ao dia de 3 a tadas interações
da tópica em indivíduos
5 ml da tintura medicamentosas
sensíveis
A dose diária
Pode aumentar O uso prolonga-
variou de 600
Cápsulas de o efeito anticoa- do pode causar
a 900 mg/dia
extrato de gulante de medi- irritação gástrica,
Alho (Allium sa- de extrato de
alho, alho camentos como flatulência e mau
tivum) alho ou 4 g/
fresco ou varfarina, aspirina hálito. Raros ca-
dia de alho
desidratado e anti-inflamatórios sos de reações
fresco ou
não esteroides alérgicas.
desidratado
Náusea, tontura,
dor de cabeça,
Não foram identi- dor abdominal,
Genus Phyllan- 900-1000 mg/ Extrato seco
ficadas interações diarréia, urti-
thus dia em cápsulas
medicamentosas cária, coceira,
vermelhidão na
pele
Anticoagulantes/
antiplaquetários, Dor de cabeça,
ISRSs, MAOIs, tontura, descon-
medicamentos para forto gastroin-
120-240 mg/ Cápsula ou convulsões, medi- testinal, reações
Ginkgo biloba
dia comprimido camentos antidia- alérgicas na
béticos e ervas/ pele, sangra-
suplementos com mento e convul-
potencial risco de sões (raro)
sangramento
Insônia, nervo-
Anticoagulantes, sismo, cefaleia,
Extrato seco,
100-200 mg/ hipoglicemiantes, hipertensão arte-
Panax ginseng cápsulas,
dia imunossupresso- rial, palpitações,
comprimidos
res, antidepressivos sangramento,
hipoglicemia
Sonolência,
100-500 mg/ Hipoglicemiantes, fadiga, cefaleia,
Gastrodia elata Extrato seco
dia anti-hipertensivos náuseas, vômi-
tos, tontura
Tontura, dor
abdominal,
Decocção, Anticoagulantes,
diarreia, sangra-
cápsulas, antiplaquetários,
Salvia miltiorrhiza 10-30 g/dia mento, alteração
comprimi- anti-hipertensivos,
na coagulação
dos, infusão diuréticos
sanguínea, hipo-
tensão arterial
Tontura, cefaleia,
Anticoagulantes, insônia, aumen-
Uncaria rhyncho- 500-1500 mg/ Extrato seco,
antiplaquetários, to da pressão
phylla dia cápsulas
anti-hipertensivos arterial, arritmia
cardíaca

64
Anticolinesterási- Náuseas, diar-
cos, inibidores da reia, cefaleia,
50-400 mcg/
Huperzia serrata Extrato seco acetilcolinesterase, tontura, insônia,
dia
antidepressivos, bradicardia, hi-
antipsicóticos potensão arterial
Extrato pa- Pode interagir com Distúrbios gas-
Cardo mariano 140-800 mg/ dronizado drogas que são trointestinais
(Silybum maria- dia (dividido contendo metabolizadas pelo leves (diarréia,
num) em 2-3 doses) 70-80% de sistema do citocro- náusea, dispep-
silimarina mo P450 sia)
Pode aumentar os Hipertensão,
efeitos dos corti- hipocalemia,
Alcaçuz (Glycyr- Chá, extrato, costeroides e dimi- edema, desequi-
1,5-15 g/dia
rhiza glabra) cápsula nuir os efeitos dos líbrio eletrolítico
diuréticos depleto- e outras compli-
res de potássio cações
Pode interagir com Reações alérgi-
Dente-de-leão
Chá, tintura, medicamentos cas, diarreia e
(Taraxacum offi- 4-10 g/dia
cápsulas diuréticos e hipogli- sintomas gas-
cinale)
cemiantes trointestinais
Plantas contendo
Pode interagir com
berberina (Ber-
vários medicamen-
beris vulgaris, 900-2000 mg/ Cápsulas,
tos, incluindo varfa- Gastro
Coptis chinensis, dia comprimidos
rina, ciclosporina e
Hydrastis cana-
estatinas
densis, etc.)
Pode interagir com
Distúrbios gas-
Sementes, medicamentos que
Semente preta trointestinais,
1-3 g/dia óleo, cáp- afetam o açúcar no
(Nigella sativa) reações alér-
sulas sangue e a pressão
gicas
arterial
Distúrbios gas-
Pode interagir com
Pau d’arco (Tabe- Cápsulas, trointestinais,
1-2 g/dia medicamentos que
buia avellanedae) chá, tintura reações alér-
afetam o fígado
gicas
Desconforto
Pode interagir com
Andrographis gastrointestinal,
400-1200 mg/ Cápsulas, medicamentos que
(Andrographis dor de cabeça,
dia comprimidos afetam o fígado e o
paniculata) tontura, reações
açúcar no sangue
alérgicas
Pode interagir com Desconforto
Cápsulas, imunossupressores gastrointestinal,
Echinacea (Echi- 300-1000 mg/
comprimi- e medicamentos reações alérgi-
nacea purpurea) dia
dos, chá que afetam o fí- cas, tontura, dor
gado de cabeça
Desconforto
Pode interagir com
Selo-dourado Cápsulas, gastrointestinal,
100-300 mg/ medicamentos que
(Hydrastis cana- comprimi- reações alérgi-
dia afetam o fígado e o
densis) dos, chá cas, nervosismo,
açúcar no sangue
depressão

65
Pode aumentar o
Dor abdominal,
efeito anticoagulan-
120-240 mg, diarreia, aumen-
Salix alba Extrato te de alguns medi-
3 vezes ao dia to do risco de
camentos, como a
sangramento
varfarina
Pode interferir na
absorção de ferro
Distúrbios gas-
e cálcio, além de
50-100 mg, 2 trointestinais,
Harpagophytum Extrato aumentar o risco de
vezes ao dia dor abdominal,
sangramento em
diarreia
pacientes que usam
anticoagulantes
Pode aumentar o
Distúrbios gas-
efeito anticoagulan-
400-500 mg, trointestinais,
Zingiber officinale Extrato te de alguns medi-
3 vezes ao dia dor abdominal,
camentos, como a
diarreia
varfarina
Pode aumentar o
efeito anticoagulan-
300-500 mg, Náusea, dor ab-
Boswellia Extrato te de alguns medi-
3 vezes ao dia dominal, diarreia
camentos, como a
varfarina
Pode aumentar o
Distúrbios gas-
efeito anticoagulan-
400-600 mg, trointestinais,
Curcuma Extrato te de alguns medi-
3 vezes ao dia dor abdominal,
camentos, como a
diarreia
varfarina
Náusea, dor
Pode aumentar o abdominal, diar-
Tripterygium 60-360 mg, 3 risco de infecções reia, alterações
Extrato
wilfordii vezes ao dia e causar toxicidade hematológicas,
hepática aumento do risco
de sangramento
Pode interferir na
absorção de ferro
e cálcio, além de Dor abdominal,
Uncaria tomen- 250-350 mg, aumentar o risco diarreia, distúr-
Extrato
tosa 3 vezes ao dia de sangramento bios gastrointes-
em pacientes que tinais
usam anticoagu-
lantes
Náusea, dor
Pode aumentar o abdominal, diar-
Tripterygium 60-360 mg, 3 risco de infecções reia, alterações
Extrato
wilfordii vezes ao dia e causar toxicidade hematológicas,
hepática aumento do risco
de sangramento
Efeitos adversos
Extrato pa-
Dose padrão: são raros, mas
dronizado Pode interagir com
Azadirachta in- 500mg-1g de podem incluir dor
em compri- medicamentos para
dica Extrato seco, de estômago,
midos ou diabetes
3 vezes ao dia diarreia e náu-
cápsulas
sea

66
Efeitos adversos
Extrato pa-
Dose padrão: são raros, mas
dronizado Pode interagir com
500mg-1g de podem incluir dor
Curcuma longa em compri- medicamentos
Curcumina, 3 de estômago,
midos ou anticoagulantes
vezes ao dia diarreia e náu-
cápsulas
sea
Efeitos adversos
Extrato pa-
Dose padrão: são raros, mas
dronizado Pode interagir com
Andrographis 400-600mg de podem incluir dor
em compri- medicamentos imu-
paniculata Extrato seco, de estômago,
midos ou nossupressores
2 vezes ao dia diarreia e náu-
cápsulas
sea
Dose padrão: Extrato pa- Deve ser utilizada Efeitos adversos
500mg de Ar- dronizado com cautela em pa- são raros, mas
Artemisia annua temisinina, 3 em compri- cientes que tomam podem incluir dor
vezes ao dia, midos ou medicamentos que de cabeça, ton-
por 7 dias cápsulas afetam o fígado tura e náusea
Efeitos adversos
Dose padrão:
Pode interagir com são raros, mas
1-2g de casca Infusão,
medicamentos podem incluir dor
Cinchona spp. de Cinchona decocção ou
antiarrítmicos e de estômago,
em infusão, 3 tintura
anticoagulantes diarreia e náu-
vezes ao dia
sea

Náusea, diarreia,
Pode aumentar o
Extrato seco dor abdominal,
200 a 1200 efeito de medica-
Phyllanthus da planta ou dor de cabeça,
mg por dia mentos diuréticos e
chá dor muscular,
hipoglicemiantes
erupção cutânea

Pode aumentar o
Extrato da efeito de medica- Hipertensão,
0,2 a 15 g por raiz ou de- mentos que afetam retenção de
Glycyrrhiza
dia cocção da a função renal e a líquidos, hipoca-
raiz excreção de po- lemia, edema
tássio
Pode aumentar o Diarreia, náusea,
Extrato seco
Silybum maria- 140 a 1200 efeito de medica- dor abdominal,
da planta ou
num mg por dia mentos metaboliza- flatulência, ce-
cápsulas
dos pelo fígado faleia
Pode aumentar o Boca seca, dor
Extrato seco
500 a 2000 efeito de medica- abdominal, dimi-
Schisandra da planta ou
mg por dia mentos metaboliza- nuição do apeti-
cápsulas
dos pelo fígado te, insônia
Pode aumentar o
efeito de medica-
mentos metaboli- Náusea, diarreia,
Extrato seco
200 a 1200 zados pelo fígado, dor abdominal,
Picrorhiza da planta ou
mg por dia além de causar reações alér-
cápsulas
hipotensão em gicas
combinação com
diuréticos

67
Pode aumentar o
Náusea, diarreia,
0,5 a 12 g por Extrato seco efeito de medica-
dor abdominal,
Curcuma dia de curcu- da planta ou mentos antiplaque-
reações alér-
mina cápsulas tários e anticoagu-
gicas
lantes
Boca seca, ton-
tura, náusea,
vômito, diarreia,
Estigmas
20-30 mg de dor de cabeça,
secos ou
Crocus sativus estigmas por Não relatado insônia, mudan-
extrato pa-
dia ça de apetite,
dronizado
coceira, aumento
do batimento
cardíaco

Potencial efeito Dor abdominal,


Saw palmetto 320mg/dia Extrato aditivo com antico- diarreia, náusea,
agulantes dispepsia

Potencial efeito Diarreia, náusea,


Beta-sitos-
Beta-sitosterol® 20mg/dia aditivo com antico- flatulência, dor
terol
agulantes abdominal
Extrato de Potencial interação Dor abdominal,
Pygeum afri-
75-200mg Pygeum com hormônios diarreia, náusea,
canum
africanum sexuais dor de cabeça
Hibiscus sabda-
1-2 mg/dia Flores secas Não relatado Não relatado
riffa
Oral, inala-
1 – 9,4 %
Cannabis sativa da, e vapori- Não relatado Não relatado
THC
zado
Fonte: Autoria própria (2023).

Implicações práticas para a prescrição de plantas medicinais e


fitoterapia para pacientes com doenças crônicas

Este capítulo revisa conhecimentos e enfatiza os estudos sele-


cionados, possibilitando a melhora na compreensão e no aprendizado
sobre plantas medicinais e fitoterápicos em desfechos relacionados a
doenças crônicas, auxiliando no entendimento sobre o uso racional de
plantas medicinais e fitoterápicas. A maioria dos estudos analisados
demonstraram que algumas plantas podem ser utilizadas para o trata-
mento de doenças crônicas, tais como diabetes, hipertensão, doenças
cardiovasculares, artrite e fibromialgia, entre outras. A efetividade des-
sa terapia complementar nos estudos avaliados foi significativa.
Os benefícios do uso de plantas medicinais para doenças crô-
nicas informados nos estudos analisados podem ser explicados pela

68
grande quantidade de compostos bioativos com potencial terapêu-
ticos das plantas analisadas, tal como Aliium sativum, que possui
confirmação da comunidade científica sobre seus efeitos antidiabé-
ticos, sendo analisado em animais saudáveis, modelos de animais e
pacientes diabéticos (MARDI; KARGAR; FAZELI; QORBANI, 2023).
Além de que Camellia sinensis (chá verde) e Hibiscus sabdariffa (hi-
bisco), também utilizados para o tratamento desse distúrbio meta-
bólito apresentarem-se como fonte natural acessível e amplamente
disponível com propriedades antidiabéticas (TOLMIE; BESTER; SE-
REM; NELL et al., 2023); (HAMADJIDA; METECHIE; TCHIENGANG;
OTTO et al., 2023). Outro desfecho observado foi em relação à utili-
zação da fitoterapia em lesões da mucosa oral, em que o extrato de
Plantago major obteve resultados positivos em relação à melhora na
cicatrização da ferida (FUENTES; FAÚNDEZ; ROA, 2016).
Porém, apesar da efetividade das plantas medicinais e fitote-
rápicos na terapia complementar para as patologias crônicas, a sua
eficácia na resposta ao tratamento depende da dose e formulação
utilizadas (VELOSO; GERONIMO; NEVES; DE JESUS et al., 2023).
Por isso, a utilização de medicamentos à base de plantas e derivados
vegetais devem ser realizados de forma racional, uma vez que o uso
de bioativos naturais podem potencializar reações adversas, possibi-
litam interações medicamentosas que corroboram com danos ao or-
ganismo, muitas delas apresentadas na tabela 2. Dessa maneira, os
profissionais de saúde, tal como o farmacêutico, tem a possibilidade
de desempenhar suas atividades no âmbito da assistência à saúde
dos pacientes, promovendo a utilização racional dos medicamentos
fitoterápicos, solucionando questões de saúde autolimitadas da po-
pulação e realizando o acompanhamento farmacoterapêutico (MO-
RAES; MARQUES; SOARES; DAMASCENA, 2019).
Para que isso ocorra, ações como educação permanente para
habilitar os profissionais de saúde sobre plantas medicinais podem
compreender: as ações de educação continuada, reuniões matri-
ciais e estratégias de pesquisa, que são importantes para compar-
tilhar evidências científicas sobre plantas que possam ser adotadas
pela comunidade (DUARTE; SANTANA, 2021). Para favorecer a re-
soluções de disfunções crônicas, ampliar o acesso a práticas com-
plementares de saúde e auxiliar na promoção de saúde sustentável

69
das comunidades (DE ARAUJO IANCK; DE MORAES; MEZZOMO;
DE OLIVEIRA, 2017).
Um dos entraves para a utilização de plantas medicinais e fi-
toterápicos consistem em interações medicamentosas, podendo re-
sultar em um aumento do efeito do medicamento, diminuição de sua
eficácia, ocorrência de reações adversas ou nenhum efeito (DA PAI-
XÃO; CONCEIÇÃO; NETO; NETO et al., 2016), sendo o grupo de
pessoas com doenças crônicas mais suscetíveis, pela adoção da po-
lifarmácia em sua rotina farmoterapêutica (NASCIMENTO; ÁLVA-
RES; GUERRA; GOMES et al., 2017). O uso inadequado de plantas
medicinais e fitoterápico advém desde à sua comercialização, por ser
livres, tanto em mercados, quanto podendo ser cultivados nas resi-
dências, há uma maior facilidade para o consumo desse medicamen-
to, resultando em vários efeitos adversos indesejados, como relata-
dos na tabela 2 (CARNEIRO; COMARELLA, 2016).
Ademais, existem vários problemas em relação ao uso de
plantas medicinais e fitoterápicos para a prática clínica real. Uma
dessas questões é a falta de um procedimento de tratamento padro-
nizado em cada estudo, pois as plantas medicinais foram administra-
das em diferentes doses, incluindo variadas formulações para cada
tipo de patologia, por exemplo, Aloe vera que foi administrada na for-
ma farmacêutica de gel para o tratamento de acne (HAJHEYDARI et
al., 2014) e ingerida para o tratamento da hiperdislipidemia (FREITAS
et al., 2014). Nesse sentido, ressalta-se a importância de mais estu-
dos sobre a efetividade e segurança de plantas medicinais e fitote-
rápicos para que realmente se possa padronizar e fazer uma indica-
ção adequada.
Esta revisão também apresenta vários pontos fortes, pois os
estudos incluídos foram identificados por uma estratégia de pesquisa
segura e com qualidade da evidência avaliada, mesmo que todos os
estudos tenham sido considerados de baixa qualidade metodológica
de acordo com a AMSTAR 2.
Em relação às limitações do estudo, sugere-se que os acha-
dos desta revisão podem ter sido afetados pelo viés de publicação
dos estudos incluídos, bem como pela quantidade de ensaios clíni-
cos em cada revisão analisada. Outra limitação importante diz respei-
to à existência de heterogeneidade metodológica, estatística e clínica

70
entre todos os estudos. Destaca-se que a maioria dos estudos anali-
sados tiveram origem na Europa, e que dentre eles, apenas 1 foi rea-
lizado no Brasil. Isso pode ser elucidado devido a limitação de recur-
sos financeiros de apoio à pesquisa, que é um reflexo do cenário na-
cional em sua totalidade (FARIA et al., 2023).

Considerações finais

As evidências apontam que o uso de plantas medicinais apre-


senta efeitos positivos em pacientes com doenças crônicas, tais
como diabetes mellitus, hipertensão arterial, asma, doença de Alzhei-
mer, depressão, dor crônica, artrite e outras, dependendo da dose e
da avaliação feita por um profissional habilitado para a prescrição de
plantas medicinais. Ademais, embora o uso de plantas medicinais
seja apresentado como um tratamento complementar de baixo custo,
com uma baixa taxa de efeitos adversos, que melhora a satisfação
do paciente, não se pode determinar que existem provas suficientes
para concluir sua eficácia quanto à abordagem farmacológica para o
tratamento desses desfechos pela baixa quantidade de estudo com
níveis de confiança altos.
Sendo assim, são necessários mais estudos clínicos rando-
mizados, em grande escala, planejados diligentemente para identi-
ficar a efetividade das plantas medicinais que podem fazer parte do
uso clínico.

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74
CAPÍTULO 5

EFETIVIDADE CLÍNICA DA FITOTERAPIA


NO CONTROLE DA GLICEMIA

“CLINICAL EFFECTIVENESS OF PHYTOTHERAPY


A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

IN GLYCEMIC CONTROL”

Camila Emanuelle da Silva Ferreira


Centro Universitário Maurício de Nassau
Departamento de farmácia
Teresina - Piauí ORCID (0000-0001-8141-814X)
camilaemanuelleferreira@gmail.com

Aldenora Maria Ximenes Rodrigues


Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Odontologia de
Araraquara Araraquara - São Paulo
ORCID (https://orcid.org/0000-0003-3056-0108)
aldenora.ximenes@unesp.br

RESUMO
A Diabetes Mellitus é uma síndrome metabólica proveniente da au-
sência ou deficiência de produção de insulina pelas células da ilhota
de Langerhans. O intuito deste capítulo é apresentar evidências cien-
tíficas que demonstrem a efetividade clínica de plantas medicinais uti-
lizadas no controle de glicemia. O processo metodológico foi conduzi-
do por meio da análise de artigos selecionados e incluídos no mapa
de evidências da efetividade clínica das plantas medicinais e fitotera-
pia disponível no site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A fitotera-
pia tornou-se uma aliada no tratamento dos pacientes diabéticos como
cofatores que auxiliam no processo de diminuição dos níveis glicêmi-
cos, com efeitos adversos leves e incomum em comparação com anti-
-hiperglicemiantes. Dentre as plantas medicinais com uso no controle
da glicemia encontram-se as espécies Hylocereus megalanthus, Cur-
cuma Longa Linn, Trigonella foenum-graecum, Nelumbo nucifera, Aca-

75
cia videira Thunbergii, Crocus sativus L, Aloe vera, Artocarpus hetero-
phyllus, Bauhinia forf, Coccinia indica, Ficus carica, Ginseng (Ameri-
can) Panax, quinquefo e Gymnema sylvestre, que podem ser uma al-
ternativa ao tratamento da Diabetes Mellitus, bem como nas outras
complicações causadas por essa doença, tal como o atraso na cicatri-
zação considerando o uso racional das plantas medicinais e fitoterápi-
cos prescritos por um profissional de saúde habilitados.
Palavras-chave: Diabetes; Fitoterapia; Plantas medicinais.

ABSTRACT
Diabetes Mellitus is a metabolic syndrome resulting from the absence or
deficiency of insulin production by the islet of Langerhans cells. The pur-
pose of this chapter is to present scientific evidence that demonstrates
the clinical effectiveness of medicinal plants used in blood glucose con-
trol. The methodological process was conducted through the analysis
of articles selected and included in the map of evidence of the clinical
effectiveness of medicinal plants and herbal medicine available on the
Virtual Health Library (VHL) site, which can be accessed through the
link: https://mtci.bvsalud.org/pt/efetividade-clinica-das-plantas-medici-
nais-e-fitoterapia-para-disturbios-metabolicos-e-fisiologicos/. Phytother-
apy has become an ally in the treatment of diabetic patients as cofac-
tors that help in the process of lowering glycemic levels, with mild ad-
verse effects and uncommon compared to antihyperglycemic agents.
Among the medicinal plants with use in blood glucose control are the
species Hylocereus megalanthus, Curcuma Longa Linn, Trigonella foe-
num-graecum, Nelumbo nucifera, Acacia videira Thunbergii, Crocus sa-
tivus L, Aloe vera, Artocarpus heterophyllus, Bauhinia forf, Coccinia indi-
ca, Ficus carica, Ginseng (American) Panax, quinquefo and Gymnema
sylvestre, which can be an alternative to the treatment of Diabetes Melli-
tus, as well as in other complications caused by this disease, such as de-
layed healing considering the rational use of medicinal plants and herbal
medicines prescribed by a qualified health professional.
Keywords: Diabetes; Phytotherapy; Medicinal plants.

Introdução

As plantas medicinais podem ser empregadas como terapia


alternativa no tratamento de diversas patologias, devido ao seu gran-

76
de potencial terapêutico, logo, é importante estudar sobre sua eficá-
cia a nível clínico. O uso de plantas medicinais sempre esteve vincu-
lado ao conhecimento popular, repassado de geração para geração
(BADKE; SOMAVILLA; HEISLER; ANDRADE et al., 2016; CARVA-
LHO; CONCEIÇÃO, 2015). A busca por essa alternativa pela popu-
lação decorre não somente pelo efeito terapêutico das plantas, mas
também da dificuldade de acesso aos serviços de saúde, altos cus-
tos de medicamentos industrializados e reações adversas mais leves
(SALVI; BERSCH; REMPEL; STROHSCHOEN, 2016).
Diante disso, vários medicamentos são sintetizados a partir de
bioativos naturais, como a florizina que é uma substância natural des-
coberta em 1815 na casca de maçã e nas raízes da macieira, origi-
nando uma classe de medicamentos antidiabéticos conhecidos como
gliflozinas (GONZÁLEZ, 2021). Assim, o estudo de plantas medici-
nais vem sendo empregada no tratamento do Diabetes Mellitus (DM),
pois é uma das doenças que lideram no que se confere em morbida-
de, incapacidade e mortalidade, sendo nomeada como a “doença da
civilização” (ERGASHEV; ZOKHIROV; MINAVARKHUJAEV, 2023b).
Além de que, mais de 460 milhões de indivíduos estão sofrendo com
essa enfermidade a nível global e, de acordo com a Federação Inter-
nacional de Diabetes, até 2040 o número de pacientes aumentará até
642 milhões (ERGASHEV; ZOKHIROV; MINAVARKHUJAEV, 2023b;
ERGASHEV; ZOKHIROV; ERNAZAROV, 2022; MATSAGKAS; KOU-
VELOS; ARNAOUTOGLOU; PAPA et al., 2011).
A patologia possui várias classificações, dentre elas o tipo 1
(DM1) e 2 (DM2) e DM gestacional, além de existirem outros tipos
específicos associados à outras causas (DE CARVALHO; DA SIL-
VA OLIVEIRA; DA PAIXÃO SIQUEIRA, 2021). A DM é uma desor-
dem metabólica com várias etiologias inclusas, caracterizando por
hiperglicemia crônica, onde o organismo não produz ou não conse-
gue secretar adequadamente a insulina, hormônio produzido pelas
células beta do pâncreas. Como consequência desse distúrbio, o fí-
gado, que é um tecido dependente da insulina, é severamente afe-
tado pela diabete (KUMAR; SUJATHA; SALEEM; CHETTY et al.,
2010), além de que com a diabete ocorre uma mudança na concen-
tração e composição dos lipídeos, acarretando hiperlipidemia, esti-
mulando a lipólise no tecido adiposo e dando origem também a es-

77
teatose hepática (DE ALVARENGA; DE LIMA; MOLLICA; AZERE-
DO et al., 2017).
Outras complicações importantes são o atraso nas cicatriza-
ções de feridas devido também a hiperglicemia, como também a in-
flamação, em que o paciente fica mais propenso a extensão de úl-
ceras nos pés, sendo a causa mais frequente de amputações no pé
(DO NASCIMENTO ARAÚJO; DE HOLANDA; DA SILVA MORAIS;
DE LIMA et al., 2023). Para conter esses agravos que a DM causa,
o tratamento mais difundido é com fármacos que agem na insulina
que é o hormônio secretado pelas células das ilhotas de Langerhans,
que é fisiologicamente liberada em condições basais e quando acon-
tece uma elevação na glicemia (ERGASHEV; ZOKHIROV; MINA-
VARKHUJAEV, 2023a). Além do tratamento com espécies de plantas
que contém ativos como glicosídeos e flavonoides que possuem ati-
vidade antioxidante e predizem como indutoras de antidiabetogêni-
cos (ABOU EL-SOUD; KHALIL; HUSSEIN; ORABY et al., 2007), sen-
do o tratamento mais antigo existente para DM (BAILEY; DAY, 1989).
Segundo o estudo realizado por (PEKOVÁ; ŽIAROVSKÁ;
FERNÁNDEZ-CUSIMAMANI, 2023), um total de 25 espécimes de
plantas utilizadas pelas suas propriedades antidiabéticas na Bolí-
via, dentre elas alho cebola L, Artemísia absinthium L. e Aloe vera
L., utilizadas no Brasil com essa finalidade também (FERRAZ; DAS
CHAGAS; DORIGON, 2020; MAIA; DA SILVA LIMA; PASSOS, 2019),
mostraram atividade antidiabética. No entanto, para o uso racional
de plantas medicinais para DM, a determinação farmacológica das
plantas deve ser estudada, devido ao grande variedade de mecanis-
mo de ação que podem ter, bem como a hepatoxicidade, que são in-
fluenciados pela parte da planta usada, forma de preparo e via de ad-
ministração (NEGRI, 2005).
Assim, como o uso de plantas medicinais é amplamente difun-
dido no país em ambientes livres de fiscalização, tais como residên-
cias ou feiras (DA PAIXÃO; CONCEIÇÃO; NETO; NETO et al., 2016),
logo, faz-se necessário a observância da medicina baseada em evi-
dências quanto a utilização de plantas medicinais no controle da gli-
cemia, uma vez que as plantas medicinais são consumidas com ine-
ficiente comprovação das suas atividades farmacológicas, propaga-
das por usuários ou comerciantes caracterizada por condições de hi-

78
giene insatisfatória, o que pode facilitar tanto a contaminação do ma-
terial por microrganismos, quanto a posterior proliferação da micro-
biota, incluindo-se nestas espécies patogênicas para humanos (RO-
CHA; PONTES; SOUZA; BEZERRA et al.).
Dessa maneira, no contexto da efetividade clínica das plan-
tas medicinais e fitoterapia, este capítulo teve o objetivo de demons-
trar a efetividade clínica de plantas medicinais utilizadas no contro-
le de glicemia.

Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa bibliográfica foi conduzida por meio da análise


de artigos selecionados e incluídos no mapa de evidências da efetivi-
dade clínica da plantas medicinais e fitoterapia disponível no site da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) podendo ser acessado através do
link: https://mtci.bvsalud.org/pt/efetividade-clinica-das-plantas-medi-
cinais-e-fitoterapia-par a-disturbios-metabolicos-e-fisiologicos/.
Os mapas de evidências permitem uma visão geral e uma
síntese gráfica das evidências sobre intervenções de sistemas mé-
dicos e métodos terapêuticos complementares para diferentes des-
fechos, bem como problemas de saúde específicos. Esses mapas
são elaborados em um processo confiável que envolve uma busca
sistemática de documentos nas principais bases de dados, seleção
dos estudos de acordo com os critérios de inclusão e posterior ca-
racterização.
Nesta pesquisa bibliográfica foram incluídos os 6 artigos dis-
ponibilizados no mapa de evidências que tinham como eixo temático
plantas medicinais no combate da diabetes. A extração de dados foi
realizada via formulário do google, que permite a criação automatiza-
da de uma planilha. Essa planilha foi utilizada para construção das ta-
belas incluídas na seção de resultados.
A qualificação metodológica dos estudos incluídos no mapa
de evidências foi realizada com uso da ferramenta Measurement Tool
to Assess Systematic Reviews (AMSTAR2), caracterizando o nível de
confiança das revisões em alto, moderado, baixo ou criticamente bai-
xo. Essa qualificação foi descrita na seção de resultados e discussão.
Não houve assistência financeira de nenhuma organização

79
para construção desta revisão narrativa, e toda a literatura utilizada
está disponível para download gratuito.

Resultado e discussão

A pesquisa bibliográfica apresentou 6 estudos dentre eles 3 dos


Estados Unidos, com o nível de confiança alta a moderada, 1 da Irlan-
da, com o nível de confiança baixa, 1 do Paquistão com o nível de con-
fiança baixa, 1 da França com o nível de confiança baixa e 1 da Ingla-
terra com o nível de confiança baixa, apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização geral dos estudos apresentados


País de Nível de
Título
Publicação Confiança

Effect of dragon fruit on glycemic control in predia-


betes and type 2diabetes: A systematic review and EstadosUnidos Alto
meta-analysis
Effects of medicinal food plants on impaired glucose
tolerance: a systematic review of randomized con- Irlanda Baixo
trolled trials
Efficacy and safety of Cissus quadrangularis L. in
clinical use:a systematic review and meta-analysis EstadosUnidos Baixo
of randomized controlled trials

Iranian medicinal plants for diabetes mellitus: a


Paquistão Baixo
systematic review

Medicinal plants and phytochemicals with anti-obe-


sogenic França Baixo
potentials: a review
Phytotherapic use of the Crocus sativus L (Saffron)
Inglaterra Baixo
and its potential applications: A brief overview
Systematic review of herbs and dietary supplements Estados
Moderado
for glycemic control in diabetes Unidos
Fonte: autoria própria (2022).

As plantas estudadas nos artigos selecionados foram Hylo-


cereus megalanthus, Curcuma Longa Linn, Trigonella foenum-grae-
cum, Nelumbo nucifera, Acacia videira Thunbergii, Crocus sativus L,
Aloe vera, Artocarpus heterophyllus, Bauhinia forf, Coccinia indica,
Ficus carica, Ginseng (American) Panax, quinquefo e Gymnema syl-
vestre, com sua dosagem analisada, formulação usada, interações

80
medicamentosa detectadas no estudo e reações adversas apresen-
tadas na tabela 2. Citando como formulação mais comum a forma de
extrato e o efeito adverso mais constante hepatotoxicidade.

Tabela 2 – Caracterização das plantas, dosagem, formulação e efei-


tos adversos
Plantas
Interações
medicinais Dosagem Formulação Reações advers
medicamentosas
utilizadas
Suco da fruta e pó
Hylocereus mega- Doses não Não houve Não apresentou
de pitaya vermelha
lanthus específicadas registro reações adversa
seco pulverizado
Dermatite alérgic
Curcuma Longa Não houve
500 mg/kg Em pó estresse oxidativ
Linn registro
inflamação
Trigonella foenum- 30 gramas Sementes de feno Não houve Não houve efeito
-graecum ao dia seco registro significativos
Não houve
Nelumbo nucifera 400 mg/kg Extrato etanólico Dado não inform
registro
Não houve
Videira thunbergii 0,38% Raíz Dado não inform
registro
Não houve
Crocus sativus L. Não relatado Extrato Dado não inform
registro
Não houve Efeitos no fígado
Aloe vera 700 mg/dia Não especificado
registro função renal
Artocarpus hetero- Folhas frescas por Não houve
200 mg Dado não inform
phyllus decocção registro
Não houve
Bauhinia forf 3 grama/dia Chá Dado não inform
registro
Pó fresco em com- Não houve
Coccinia indica 1800 mg/dia Dado não inform
primido registro
Não houve
Ficus carica 13 g/dia Decocção Dado não inform
registro
Ginseng (Ameri-
Não houve
can) Panax quin- 3 grama/dia Cápsula Dado não inform
registro
quefo
Não houve
Gymnema syl- 400 mg/dia
Cápsula registro Dado não inform
vestre 100 a 1000
Extrato Não houve Dado não inform
Artemisia pallens mg/dia
registro
Fonte: Autoria própria

81
Implicações práticas para a prescrição de plantas medicinais e
fitoterapia para pacientes com diabetes

Os fitoterápicos são provenientes das plantas medicinais, me-


dicamentos que receberam uma legislação específica acerca da sua
toxicidade e eficácia implantada em 2006 com a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único
de Saúde (SUS) (SILVA; SOUSA; CABRAL; BEZERRA et al., 2020),
com essa implementação, a fitoterapia vem sendo considerada um
caminho nos problemas de saúde pública. Segundo dados do Mi-
nistério da Saúde, cerca de 80% da população brasileira faz uso de
produtos fitoterápicos, o que pode ser justificado por um conjunto de
concepções arraigadas em diferentes usuários e praticantes dessa
terapia, sobretudo por meio da tradição oral (ROUBERT; DE CAS-
TRO; RANOLFI, 2022).
Esse cuidado com o uso racional de medicamentos fitoterápi-
cos e plantas medicinais está estritamente ligado à relação em que
os bioativos naturais serem os pilares para os novos produtos tera-
pêuticos contra diversas doenças, incluindo o diabetes (GADELHA;
JUNIOR; BEZERRA; PEREIRA et al., 2013), bem como aos cuidados
quanto às características do material vegetal e modo extrator, fatores
que podem alterar seu princípio ativo e, inclusive, trazer resultados
negativos quanto a saúde dos indivíduos (CRISTIANE DE CARVA-
LHO; DA SILVA OLIVEIRA; DA PAIXÃO SIQUEIRA, 2021). Por essa
razão, as plantas medicinais não podem ser consumidas com pouca
ou nenhuma comprovação científica propagadas pelos próprios usu-
ários ou comerciantes.
Em referência às espécies apontadas na tabela 2 para o auxí-
lio complementar no tratamento da DM, outros estudos também cor-
roboram com a utilização dessas espécies, dentre eles o estudo fei-
to por (HOSSAIN; NUMAN; AKHTAR, 2021), que apontou que a Pi-
taya, conhecida cientificamente como Hylocereus megalanthus forta-
lece o imunológico e pode ser utilizada no tratamento complementar
da diabetes. Além do estudo elaborado por (KRUP; PRAKASH; HA-
RINI, 2013), que sugere que o pó do rizoma de Curcuma Longa Linn
pode ter um efeito na secreção de insulina, podendo ser utilizado
como antidiabético eficaz e de alto potencial. Adicionalmente, a Aca-

82
cia videira; Aloe vera; Trigonella foenum-graecum; Artemisia pallens
e Nelumbo nucifera, em que mostraram atividade hipoglicemiantes e
anti-hiperglicemiantes, demonstrando conter outras complicações da
DM, como a cicatrização de feridas em camundongos diabéticos, que
melhoraram com o uso de A. vera (GROVER; YADAV; VATS, 2002).
Ademais, de acordo com (B GAIKWAD; KRISHNA MOHAN;
SANDHYA RANI, 2014), das plantas medicinais Ginseng (American)
Panax quinquefo e Gymnema sylvestre são extraídos ginsenosíde-
os que demonstraram propriedades hipoglicêmicas, além de compo-
nentes complexos na fração de carboidratos do extrato de raiz de gin-
seng, incluindo diferentes panaxans A, B, C, D,E, panaxans I, J, K, L
e panaxans Q, R, S, T, U também demonstraram propriedades hipo-
glicêmicas em camundongos hiperglicêmicos normais.
Assim, no que se refere à aplicação clínica para DM, uma
enorme variedade de plantas tem sido utilizada no tratamento dessa
doença, em consequência do efeito hipoglicemiante desempenhado
por seus constituintes químicos. O mecanismo de ação dessas plan-
tas hipoglicemiantes ocorre pelo desencadeamento de fatores como
estimulação das células beta pancreáticas, procedendo aumento da
liberação do hormônio da insulina, elevação do consumo de glicose
pelos tecidos e órgãos ocasionando maior número e sensibilidade do
sítio que funciona como receptor da insulina (CRISTIANE DE CAR-
VALHO; DA SILVA OLIVEIRA; DA PAIXÃO SIQUEIRA, 2021).
No entanto, sabe-se que várias plantas medicinais apresen-
tam substâncias que podem desencadear como náuseas e com-
prometimento motor, seja por seus próprios componentes, seja
pela presença de contaminantes no cultivo domiciliar das espécies
medicinais, nas preparações fitoterápicas (REIHANI; GHASSEMI;
MAZER-AMIRSHAHI; ALJOHANI et al., 2021). Além do mais, a fal-
ta de informação sobre essas reações adversas pode aumentar
o risco de interações medicamentosas, o que, por sua vez, pode
agravar o estado atual de saúde do indivíduo. Isso evidencia que
o uso não assistido e não racional, fundamentado na falta de co-
nhecimento sobre a eficácia ou a possibilidade de interação, pode
resultar em problemas em vez de benefícios (GOMES; PEREI-
RA; GEHLEN; DOS SANTOS, 2023; LIMA; FUJISHIMA; SANTOS;
LIMA et al., 2019).

83
Além disso, outro fator a ser mensurado é a questão da dose
para o efeito desejado, pois existe um limite de dose para cada plan-
ta medicinal mínima e máxima (VOLPATO; DAMASCENO; CALDE-
RON; RUDGE, 2002). Assim, as implicações clínicas sobre o uso
de plantas medicinais, bem como fitoterápicos devem ser retratados
com muita atenção no ato da prescrição por profissionais habilitados,
com a finalidade de evitar risco de overdose ou aumento da toxicida-
de dos medicamentos antiglicemiantes (PEDROSO; ANDRADE; PI-
RES, 2021). Dessa forma, quando indicado o tratamento fitoterápico
e com plantas medicinais, o paciente deve ser orientado a respeito
da indicação, dose e posologia das plantas medicinais, além de seus
efeitos tóxicos e contra indicações (DA COSTA; ALVES; DA SILVA
NARCISO, 2022). Nesse sentido, no atendimento com o paciente fa-
z-se necessário que o profissional estabeleça protocolo com pergun-
tas sobre o uso de plantas medicinais no atendimento, visando sua
utilização com segurança e o tempo limite do tratamento (GONÇAL-
VES; GONÇALVES; BUFFON; NEGRELLE et al., 2022).
Logo, estabelecer uma relação de vínculo e confiança entre
profissional e idoso, nas consultas na Atenção Primária em Saúde,
corrobora para que as ações de promoção, prevenção e reabilitação
da saúde sejam de fato efetivadas. Ademais, essa cooperação entre
paciente e profissional aumenta a resolutividade do cuidado, influen-
ciando diretamente na adesão ao serviço, pois envolve autonomia do
usuário, corresponsabilidade, confiança e afetividade, fazendo com
que o usuário acredite e implemente as orientações recebidas, além
de poder levar suas dúvidas sem receio (QUEIROZ; ALVAREZ; MO-
RAIS; SILVA, 2019).
No que se refere às limitações do estudo, há significativa he-
terogeneidade metodológica. Os principais pontos fortes desta revi-
são foram a inclusão de estudos específicos oriundos de um mapa
de evidências, sem restrições de idioma e evidência metodológica
avaliada.

Considerações finais

Os resultados dos estudos mostraram que a fitoterapia pode


ser um tratamento complementar com uma baixa taxa de efeitos ad-

84
versos. No entanto, devido ao baixo nível de confiança das revisões
incluídas, por terem uma alta heterogeneidade, não há evidências
suficientes para indicar de maneira racional o uso de plantas medici-
nais para o tratamento de DM, embora a maioria tenha sugerido um
resultado seguro e eficaz.
Nesse sentido, a OMS promove o uso de práticas integradas
e complementares de saúde, a exemplo de plantas medicinais, e re-
força a necessidade de ações para promover o uso correto de plan-
tas e ervas medicinais seguros e coerentes.
À medida que os estudos avançam sobre conhecimento sobre
bioativos naturais dietéticos, pode-se começar a desenvolver uma
estrutura para um sistema médico capaz de incorporar essas tera-
pias complementares comprovadamente benéficas.
Desse modo, sugere-se que sejam realizadas ações como esti-
mulação da pesquisa científica pois é fundamental investir em pesqui-
sas e estudos que comprovem a eficácia dos bioativos naturais dietéti-
co, para a criação de diretrizes claras para a utilização das terapias com-
plementares, estabelecendo critérios de segurança e eficácia, a fim de
garantir que sejam utilizadas de maneira responsável e eficiente.

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88
CAPÍTULO 6

EFETIVIDADE CLÍNICA DE PLANTAS MEDICINAIS E


FITOTERAPIA EM DESFECHOS DE DOR

CLINICAL EFFECTIVENESS OF MEDICINAL


A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

PLANTS AND PHYTOTHERAPY FOR PAIN

Camila Emanuelle da Silva Ferreira


Centro Universitário Maurício de Nassau
Departamento de farmácia
Teresina - Piauí
ORCID (0000-0001-8141-814X)
camilaemanuelleferreira@gmail.com

Aldenora Maria Ximenes Rodrigues


Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Faculdade de Odontologia
Araraquara - SP
ORCID (https://orcid.org/0000-0003-3056-0108)
aldenora.ximenes@unesp.br

RESUMO
O uso de plantas medicinais em desfechos relacionados à dor é uma
prática milenar, uma vez que em diversas espécies de vegetais estão
contidos bioativos que atuam no organismo como substâncias anal-
gésicas. O uso de plantas medicinais e fitoterápicos ainda é muito in-
cipiente, havendo dificuldade na obtenção e divulgação dos dados re-
ferentes a interações entre medicamentos e plantas medicinais e fito-
terápicos, gerando preocupação sobre os riscos dessas associações.
Assim, o intuito deste capítulo é apresentar evidências científicas que
demonstrem a efetividade clínica de plantas medicinais e fitoterápicos
em desfechos de dor. O processo metodológico foi conduzido por meio
da análise de artigos selecionados no mapa de evidências da efetivi-
dade clínica das plantas medicinais e fitoterapia disponíveis no site da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram analisadas 16 revisões sis-

89
temáticas, sendo que os três fitoterápicos mais utilizados são o extra-
to de Ginkgo biloba, seguido pelo extrato de Hypericum perforatum e a
tintura de Valeriana officinalis. No que se refere sobre as formulações
mais utilizadas encontram-se: cápsulas (43,8%), comprimidos (10,5%)
e extrato líquido (9,2%). Na efetividade clínica de plantas medicinais e
fitoterapia é essencial o acompanhamento de profissionais de saúde
qualificados para assegurar o protocolo de acompanhamento da con-
duta farmacoterapêutica eficaz para cada tipo de dor.
Palavras-chave: Fitoterapia; Dor; Inflamação.

ABSTRACT
The use of medicinal plants in pain-related outcomes is an ancient
practice, since several plant species contain bioactives that act in the
body as analgesic substances. The use of medicinal plants and herb-
al medicines is still incipient, and it is difficult to obtain and disclose
data on interactions between drugs and medicinal plants and herbal
medicines, generating concern about the risks of these associations.
Thus, the purpose of this chapter is to present scientific evidence that
demonstrates the clinical effectiveness of medicinal plants and herb-
al medicines in pain outcomes. The methodological process was con-
ducted through the analysis of articles selected from the evidence
map of the clinical effectiveness of medicinal plants and phytothera-
py available on the Virtual Health Library (VHL) site. Sixteen system-
atic reviews were analyzed, and the three most used herbal medi-
cines are Ginkgo biloba extract, followed by Hypericum perforatum
extract and Valeriana officinalis tincture. The most commonly used
formulations are: capsules (43.8%), tablets (10.5%), and liquid extract
(9.2%). In the clinical effectiveness of medicinal plants and phytother-
apy, it is essential to have the accompaniment of qualified health pro-
fessionals to ensure the follow-up protocol of the effective pharmaco-
therapeutic conduct for each type of pain.
Keywords: Phytotherapy; Pain; Inflammation.

Introdução

O uso de plantas com propriedades medicinais é uma das for-


mas mais antigas de prática médica para o tratamento, cura e pre-

90
venção de doenças. Esse uso milenar se deve à busca constante por
recursos naturais alternativos para melhorar a qualidade de vida. Na
cultura popular, o uso de plantas medicinais é utilizado na forma de
remédios caseiros, cujo processamento e preparo é feito em casa.
Estudos mostraram que 80% da população mundial, já utilizou algu-
ma planta para aliviar sintomas ou dores porque é fácil de obter, de
baixo custo e, principalmente, considerada “inofensiva” (DA SILVA
NETO et al., 2023).
Nesse contexto, há uma expansão do uso de bioativos na-
turais utilizados como analgésicos, segundo estimativas até 70.000
espécies de plantas são usadas etnomedicinalmente em todo mun-
do (URITU et al., 2018), sendo estudadas por diferentes modelos de
avaliação da dor, tais como teste de contorção e teste de formalina
(HAQ et al., 2012). Isso deve-se às propriedades das plantas medici-
nais que oferecem um suprimento de compostos que podem adquirir
importância na expansão de novos fitoterápicos capazes de inibir ou
aliviar a dor (ANILKUMAR, 2010; KAKOTI et al., 2013).
A dor representa uma sensação desagradável ligada a uma
lesão tecidual real ou potencial que resulta na ativação de fibras ner-
vosas específicas, transmitindo o sinal ao cérebro onde sua percep-
ção consciente pode ser modificada por diversos fatores (ANDER-
SEN et al., 2015). Dentre eles, está o fator psicológico, em que a sen-
sação da dor não pode ser considerada apenas como um sintoma
sensorial, por apresentar-se como uma experiência privada e subje-
tiva do paciente (GONÇALVES; ROCHA, 2017), contribuindo com o
aumento de episódios como estresse, ansiedade e depressão (CO-
LE-KING; HARDING, 2001).
De acordo com a Associação Internacional do Estudo da Dor
(AIED), existem três tipos: dor aguda, dor crônica e dor oncológica
(MUHAMMAD et al., 2015). A dor aguda, também conhecida como dor
nociceptiva, é caracterizada por uma sensação aguda, latejante, que
ocorre principalmente como uma resposta fisiológica a danos nos te-
cidos ou traumas. Esse tipo de dor geralmente dura um curto período
(até 6 meses) e termina quando o dano é curado, por exemplo, algu-
mas contusões, dor lombar e dismenorreia (KHAN et al., 2020).
A dor crônica, nomeada também como dor neuropática apre-
senta maior duração e é o desfecho de dano e processamento erra-

91
do dos sinais de entrada pelo sistema nervoso, dentre elas está en-
xaqueca crônica, que influencia na qualidade de vida do paciente,
causando consequências psicológica negativas, por exemplo, ansie-
dade, raiva e depressão (PARREIRA; LUZEIRO; MONTEIRO, 2020).
Além da dor oncológica, que é causada por um causa maligna espe-
cífica (ZAJĄCZKOWSKA et al., 2019). No entanto, apesar do desen-
volvimento no campo de novos fármacos, essas doenças ainda re-
presentam uma preocupação significativa.
Assim, o uso de fitoterápicos e o uso de plantas medicinais
pela população, como alternativa para tratar a dor, tem sido uma prá-
tica muito comum, pelo baixo custo e fácil acesso, principalmente nas
regiões mais pobres (DE APARICIO; VÁSQUEZ, 2023). Por essa ra-
zão, essa prática adquiriu grande importância nos programas gover-
namentais de atenção à saúde, sendo oferecido por meio do Sistema
Único de Saúde (SUS) serviços relacionados à produção e uso de
plantas medicinais em diversas cidades brasileiras, por meio de pro-
gramas governamentais de ordem Municipal e Estadual (MAIA; PAI-
VA; FERREIRA; PAIVA, 2016). Prova disso, é o estado do Pará, que
em 2017, 116 municípios ofertaram essa PIC, e em 2018, 126 mu-
nicípios, dentro dos quais 453 estabelecimentos ofertaram essa PIC
em 2017, e 540 ofertaram em 2018 (BRASIL, 2020).
Dessa forma, para ser oferecido esses serviços pelo SUS à
população, a investigação sobre plantas medicinais e implantação da
fitoterapia como prática clínica foi regulamentada no âmbito legislati-
vo em 2006, com a aprovação da Política Nacional de Práticas Inte-
grativas e Complementares (PNPIC) no SUS e a Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) (BRASIL, 2006; BRA-
SIL, 2006). Após esse processo legislativo, facilitou a quebra de pre-
conceito para os atendimentos com plantas medicinais e fitoterápicos
feitos principalmente na Atenção Básica em Saúde, mais profunda-
mente na Estratégia de Saúde da Família (ESF), devido a caracterís-
tica prática da fitoterapia, que junta associação de saberes, parcerias
nos cuidados e ações de promoção da saúde (CARNEVALE; BAN-
DEIRA; DE BARROS, 2021).
Dessa forma, resultando na expansão da fitoterapia em razão
a adoção da prática na ESF, que favoreceu a implementação da fito-
terapia, por meio da inserção das equipes nas comunidades, devido

92
às estratégias de aproximação da população, visando a domiciliar as
atividades de educação em saúde, facilitando a troca de saberes en-
tre os profissionais e a comunidade (VALVERDE et al., 2018).
Por conseguinte, com a popularização dessa prática, no ano
de 2010 a área de plantas medicinais e fitoterápicos no SUS recebeu
incremento significativo, com a publicação da Portaria GM nº 886, de
20 de abril de 2010, que instituiu a Farmácia Viva no âmbito do SUS,
cujo o objetivo visa o cultivo da planta até a dispensação das prepa-
rações fitoterápicas, incentivando muitas cidades a implantarem de
Fitoterapia no SUS, diminuindo ao mesmo tempo o impacto dos efei-
tos colaterais da automedicação (ALEXA et al., 2014; CACCIA-BAVA;
BERTONI et al.,, 2017).
Apesar do Brasil ter passado por diversas mudanças em rela-
ção à legislação para melhorar o uso racional de plantas medicinais
e fitoterápicos, o uso indevido de plantas medicinais, com a não ob-
servância de evidências medicinais quanto a utilização no controle
da dor ainda é um problema. Esse fato é explicado pela farmacovigi-
lância de plantas medicinais e fitoterápicos encontrar-se muito inci-
piente, havendo dificuldade na obtenção e divulgação dos dados re-
ferentes a interações entre medicamentos e plantas medicinais e fito-
terápicos, gerando preocupação sobre os riscos dessas associações
(LEAL; TELLIS, 2015). Diante disso, o conteúdo deste capítulo jus-
tifica-se devido o despreparo dos profissionais de saúde, crença na
natureza inofensiva das plantas e a automedicação de uma gama de
espécies medicinais.
Este capítulo de livro objetivou demonstrar a efetividade clínica
de plantas medicinais utilizadas no controle de diferentes desfechos
relacionados com a diferentes desfechos relacionados com a dor.

Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa bibliográfica foi conduzida por meio da análise


de artigos selecionados no mapa de evidências da efetividade clínica
da plantas medicinais disponível no site da Biblioteca Virtual em Saú-
de (BVS) podendo ser acessado através do link: https://mtci.bvsa-
lud.org/pt/efetividade-clinica-das-plantas-medicinais-e-fitoterapia-pa-
ra-doencas-cronicas-e-dor/.

93
Os mapas de evidências permitem uma visão geral e uma sín-
tese gráfica das evidências sobre intervenções de sistemas médicos
e métodos terapêuticos complementares para diferentes desfechos,
bem como problemas de saúde específicos. Esses mapas são elabo-
rados em um processo confiável que envolve uma busca sistemática
de documentos nas principais bases de dados, seleção dos estudos
de acordo com os critérios de inclusão e posterior caracterização.
Nesta pesquisa bibliográfica foram incluídos os 16 artigos dis-
ponibilizados no mapa de evidências que tinham como eixo temático
plantas medicinais no combate da dor. A extração de dados foi rea-
lizada via formulário do google, que permitiu a criação automatizada
de uma planilha. Essa planilha foi utilizada para construção das tabe-
las incluídas na seção de resultados.
A qualificação metodológica dos estudos incluídos no mapa
de evidências foi realizada com uso da ferramenta Measurement Tool
to Assess Systematic Reviews (AMSTAR2), caracterizando o nível de
confiança das revisões em alto, moderado, baixo ou criticamente bai-
xo. Essa qualificação foi descrita na seção de resultados e discussão.
Não houve assistência financeira de nenhuma organização
para construção desta revisão narrativa, e toda a literatura utilizada
está disponível para download gratuito.

Resultados e discussão

A pesquisa bibliográfica apresentou 16 estudos, dentre eles 1


da Suíça; 3 da Escóssia; 3 dos Estados Unidos; 2 Canadá; 2 da Áus-
tria; 1 Canadá; 1 da Itália e 4 da Inglaterra possuindo os níveis de
confiança variando de baixo a alto apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização geral dos estudos apresentados


País de Nível de
Título
Publicação Confiança
[A Systematic Review of Phytotherapy for Acute Rhino-
Suíça Baixo
sinusitis]
Clinical effects of Zingiber cassumunar (Plai): a syste-
Escócia baixo
matic review
Comparison of remicade to curcumin for the treatment of
Escócia Baixo
Crohn’s disease: A systematic review

94
Efficacy and safety of Cissus quadrangularis L. in clinical
use: a systematic review and meta-analysis of randomi- Estados Unidos Baixo
zed controlled trials
Efficacy of curcumin and Boswellia for knee osteoarthri-
Estados Unidos Baixo
tis: systematic review and meta-analysis
Efficacy of ginger for alleviating the symptoms of primary
dysmenorrhea: a systematic review and meta-analysis Inglaterra Baixo
of randomized clinical trials
Evidence of effectiveness of herbal antiinflammatory
drugs in the treatment of painful osteoarthritis and chro- Canadá Baixo
nic low back pain
Evidence-based medicine and phytotherapy for func-
tional dyspepsia and irritable bowel syndrome: a sys-
Áustria Baixo
tematic analysis of evidence for the herbal preparation
Iberogast
Feverfew for preventing migraine Canadá Alto
Herbal medicine for low back pain: a Cochrane review Estados Unidos Baixo
Medicinal plants for primary dysmenorrhoea: A systema-
Escócia Alto
tic review
Modulation of gastrointestinal motility beyond metoclo-
pramide and domperidone : Pharmacological and clinical
Áustria Baixo
evidence for phytotherapy in functional gastrointestinal
disorders
Revisione sistematica sull’efficacia terapeutica e la si-
curezza della cannabis per i pazienti affetti da sclerosi
Itália Alto
multipla, dolore neuropatico cronico e pazienti oncologici
che assumono chemioterapie
The efficacy and safety of feverfew (Tanacetum parthe-
Inglaterra Baixo
nium L): an update of a systematic review
The healing properties of medicinal plants used in the
Inglaterra Baixo
Brazilian public health system: a systematic review
Zingiberaceae extracts for pain: a systematic review and
Inglaterra Alto
meta-analysis

O fitoterápico mais utilizado é o extrato de Ginkgo biloba re-


latados em 28,5% dos estudos revisados, seguido pelo extrato de
Hypericum perforatum (erva-de-são-joão) que foi mencionado em
22,9% e a tintura de Valeriana officinalis (valeriana) abordado em
13,1%. No que se refere sobre as formulações mais utilizadas en-
contram-se: cápsulas (43,8%), comprimidos (10,5%) e extrato líquido
(9,2%) apresentadas na tabela 2.

95
As interações medicamentosas observadas envolvem princi-
palmente com uso de anticoagulantes e antiplaquetário, sendo em
casos raros ou em doses muito elevadas. As reações adversas mais
mencionadas foram de teor gastrointestinal, como náusea ou vômi-
tos, reações alérgicas, hepatotoxicidade em casos raros, apresenta-
das na tabela 2.

Tabela 2 – Caracterização das plantas, dosagem, formulação e efei-


tos adversos
Plantas medicinais
Interações Reações
utilizadas e Dosagem Formulação
medicamentosa adversas
fitoterápicos
Pode interagir com
Cápsulas medicamentos que
padronizadas afetam a coagu- Não especifica-
Myrtol 300 mg
(GeloMyrtol lação sanguínea, dos
forte) como a varfarina e
a aspirina
54 eventos ad-
BNO 1016 (extrato
160 mg Extrato Não relatado versos não espe-
de Sinupret®)
cificados
76% dos pa-
1 spray
cientes do grupo
(1,3
Extrato de Cyclamen euro-
Cyclamen euro- mg/0,13
ervas liofili- Não relatado paeum relataram
paeum ml) uma
zado eventos adversos
vez ao dia
não especifica-
por 15 dias
dos
Não há relato de
Raramente pode
interações medica-
Thuja occidentalis 25 mg Comprimido causar reações
mentosas signifi-
alérgicas na pele
cativas
Não há relato de Pode causar
interações medica- náusea, vômito e
Baptisia tinctoria 50 mg Comprimido
mentosas signifi- diarreia em altas
cativas doses
Não há relato de Pode causar
Echinaceae pur- interações medica- reações alérgi-
75 mg Comprimido
purea mentosas signifi- cas em algumas
cativas pessoas

Não há relato de Pode causar


Echinaceae angus- interações medica- reações alérgi-
75 mg Comprimido
tifolia mentosas signifi- cas em algumas
cativas pessoas

96
Pode causar
redução da dor,
Não foram encon- relaxamento e
Óleo ou cre- tradas interações recuperação,
Plai® 1x/dia
me medicamentosas estimulação
relevantes da circulação
sanguínea e do
sistema linfático.
Anticoagulantes Dor abdominal,
Comprimido,
e certos medica- náusea, diarréia
550 mg a cápsulas, ex-
Curcumina mentos não espe- e reações alér-
12g por dia tratos líquidos
cificados usados gicas em casos
e em pó
na quimioterapia raros.
Erupção cutâ-
2.000 mg/
Cissus quadrangu- nea, dor de
dia a 3.000 Cápsulas Não relatado
laris L cabeça e fezes
mg/dia
amarelas
Boswellia 50 mg Cápsulas Não relatado Zero eventos
750 a 2000
Gengibre Em pó Não relatado Não especificado
mg/dia
Diarreia, dor
Pode potencializar
abdominal, náu-
o efeito de medi-
Harpa gophytum 50 mg/dia Extrato sea, reações
camentos anticoa-
alérgicas, dor de
gulantes
cabeça
Diarreia, dor de
cabeça, náusea,
3 x 20 vômito, dor abdo-
Iberogast® Gotas Não relatado
gotas minal e reações
alérgicas em
casos raros.
Em pó, folhas
Ulceração na
Matricaria chamo- 50 a 143 secas, cápsu-
Não relatado boca e sintomas
milla mg las de extrato
gastrointestinais
alcóolico
50 mg por Extrato aquo-
Harpagosídeo Não relatado Não relatado
dia so
Extrato eta-
Pimenta caiena 22 g/cm2 Não relatado Não relatado
nólico
Eritema local e
Rado-Salil 40 g Pomada Não relatado
queimação
Capsicum frutes- Calor e coceira
12 mg Emplastro Não relatado
cens localmente
Reações adversas Calor e coceira
Spiroflor SLR® 3g Gel
a medicamentos localmente
50 a 1200 Tosse repetida e
Harpagophytum Extrato Não relatado
mg taquicardia

97
Casca seca de Olhos inchado
360 mg Extrato Não relatado
salgueiro prurido
Reações gas-
Salix alba 240 mg Cápsula Não relatado
trointestinais
Harpagophytum 60 mg Extrato Não relatado Não relatado
Reações adver-
Canela 6g Erva seca Não relatado sas durante a
gravidez
Hipersensibilida-
Óleo essen-
Rosa damascena 0,1 a 0,3 g Não relatado de e efeitos gas-
cial
trointestinais
Hipersensibilida-
Anethum graveo-
3g Sementes Não relatado de e efeitos gas-
lens
trointestinais
Distúrbios gas-
120 a 240 Anticoagulantes e
Ginkgo biloba Extrato trointestinais e
mg ao dia antiplaquetários
alergias
Antidepressivos,
Hypericum perfo- 600 a 1800 anticoagulantes Distúrbios gas-
Extrato
ratum mg ao dia e contraceptivos trointestinais
orais
Sonolência,
300 a 600 Sedativos e ansio- distúrbios gas-
Valeriana officinalis Tintura
mg por dia líticos trointestinais e
reações alérgicas
6-12 mL/
Erva cidreira Infusão Sedativos Hipotensão
dia
Altas doses he-
patóxico e pode
Hortelã-pimenta 6-9 g/dia Infusão Não relatado
induzir hiperca-
lemia
Depende
Dispneia (muito
STW 5® de cada Cápsulas Não relatado
raro)
caso
Não rela-
Cannabis Infusão Não relatado Não relatado
tado
Aloe vera 50% p/p Tópica Não relatado Não relatado
Fonte: Autoria própria (2023)

Implicações práticas para a prescrição de plantas medicinais e


fitoterapia para pacientes com dor

Este capítulo atualiza conhecimentos e enfatiza as revisões


selecionadas, melhorando a compreensão sobre a efetividade clíni-
ca de plantas medicinais e fitoterápicos em desfechos de dor, aju-
dando na compreensão do valor do uso racional dessas medicações.

98
A maioria dos estudos analisados demonstraram que algumas plan-
tas medicinais podem ser utilizadas para o tratamento de dores, tais
como Harpagophytum procumbens para lombalgia crônica.
O uso de plantas medicinais é datado desde antes da coloniza-
ção portuguesa no Brasil, porém a segurança ainda faz-se importan-
te, pois corre o risco de gerar problemas como toxicidade, carcinogeni-
cidade e hepatotoxicidade, que podem ter passado despercebido pela
tradição popular, mas que são estudas com afinco pelas indústria far-
macêutica (VELOSO et al., 2023). Nesse sentido, não há evidências
científicas que plantas medicinais podem ser usadas indiscriminada-
mente, pois dependem do uso adequado levando em conta as finalida-
des, atentando-se à dosagem e o tempo limite de uso delas, para evi-
tar complicações (DA SILVA; DOS SANTOS; DANTAS, 2023).
Um exemplo desse revés são os resultados de um estudo
transversal feito por (SOUSA LIMA et al., 2020) realizado em uma
unidade básica de saúde do município de Macapá, Brasil, em que o
nível de contaminação de Unidades Formadoras de Colônias (UFC)
de 31,8% das amostras de fitoterápicos ultrapassaram os limites bac-
terianos de segurança (UFC/g < 105), sendo isolados também bacté-
rias patogênicas, sendo um risco à saúde dos pacientes que utilizam
essas terapias devido à falta de padrões microbianos.
Além disso, corroborando com essa ideia, foram encontrados
nesta revisão diversas interações medicamentosas, muitas dessas com
repercussões graves, bem como o uso concomitante de Ginkgo biloba
com anticoagulantes, que tem o efeito de potencializar o risco de san-
gramento, uma vez que o Ginkgolídeo B pode inibir o fator de ativação
plaquetária inibindo a sua agregação (DA SILVA; DE RODRIGUES LEI-
TÃO, 2021). Dessa forma, o comprometimento do profissional durante
o tratamento com fitoterápicos e plantas medicinais torna-se importante,
o que promove um vínculo seguro entre profissional e o paciente, refor-
çando o caráter positivo da relação e aumento da satisfação do doente.
Nesse contexto, o uso racional de fitoterápico e plantas me-
dicinais para a prática clínica em relação à dor inclui a prerrogativa
de que se trata de uma medicação, sujeitas a todos os cuidados que
se tem com medicamentos adquiridos comercialmente. Diante disso,
devem apresentar indicação, dose, posologia, informações de inte-
rações medicamentosas e efeitos adversos categorizados na Tabela

99
2, que podem ser indicadas desde problemas como dores na lombar,
até dores crônicas relacionadas com esclerose múltipla e dor neuro-
pática crônica (AMATO et al., 2017).
Dessa forma, as plantas medicinais e fitoterápicos têm poten-
ciais desconhecidos, mas imagináveis. Por exemplo, Myrtol ® , BNO-
101 e Cyclamen europaeum, relatados nas revisões desta pesquisas
são um produtos fitoterápico, utilizados para o tratamento da rinossi-
nusite aguda e crônica, possui vantagem clínica em comparação com
medicamentos convencionais por ser uma alternativa à antibioticote-
rapia, evitando o desenvolvimento de resistência e efeitos colaterais
(HOANG et al., 2023; HOSSAIN et al., 2023; PAPAROUPA; GILLIS-
SEN, 2016). Além desses fitoterápicos, outra planta medicinal utilizada
para o tratamento de doenças é a Cannabis sativa, que vem sendo es-
tudada para o tratamento de esclerose múltipla, uma doença crônica,
inflamatória e autoimune que causam muitas dores aos enfermos, pois
possui diversos efeitos farmacológicos, como anestésico e antieméti-
co, mesmo apresentando propriedades psicoativas (RABELO, 2019).
Nesse contexto, por meio da importância do uso de plantas
medicinais e fitoterápicos na prática clínica de acordo com as evi-
dências, é necessário que os profissionais se qualifiquem, visando
a incorporação delas no atendimento clínico, visando a promoção e
prevenção da saúde. Assim sendo, uma ferramenta para inserção
das plantas medicinais e fitoterápicos é por meio da Estratégia Saú-
de da Família (ESF), buscando desenvolver os alicerces para ações
de educação e promoção de plantas medicinais e fitoterápicas. Com
isso, levando em conta o contexto cultural, social e práticas comple-
mentares de atenção com pacientes.
É importante notar que o nível de confiança da maioria das re-
visões incluídas é baixo, e, portanto, devem ser interpretadas com
cautela. Além disso, os ensaios clínicos foram limitados em número
e qualidade, o que também limita a generalização desses achados
para a população em geral.

Considerações finais

Este estudo permitiu ampliar o entendimento acerca da aplica-


ção racional de plantas medicinais e fitoterápicas para o alívio da dor.

100
O estudo reconheceu que determinadas espécies possuem metabó-
litos capazes de agir em vias inflamatórias, tais como COX e prosta-
glandinas, proporcionando eficácia na redução da dor e minimizan-
do os efeitos colaterais quando comparados aos medicamentos con-
vencionais.
Sabe-se que os bioativos naturais e fitoterápicos são acome-
tidos também com risco para a saúde. Por isso, é essencial o acom-
panhamento de profissionais de saúde qualificados, que estejam ali-
nhados com conhecimentos sobre a duração do tratamento, dose e
possíveis interações medicamentosas, diminuindo dessa forma efei-
tos colaterais como hepatotoxicidade e hipersensibilidade.
Portanto, o estudo possibilitou expandir os conhecimentos
acerca da importância do uso racional de plantas medicinais na dor e
outros fatores que envolvem seu consumo. Dessa forma, considera-
-se que novas pesquisas devam ser realizadas nesta linha de inves-
tigação, a fim de sustentar com maior embasamento científico os be-
nefícios das plantas medicinais no tratamento da dor.

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105
CAPÍTULO 7

ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS


MEDICINAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

ETHNOBOTANICAL STUDY OF MEDICINAL


A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

PLANTS IN THE STATE OF PERNAMBUCO

Marcelo de Souza Sobrinho


Instituto do Saber Ativo Jaboatão dos
Guararapes – Pernambuco
Farmaceuticomsobrinho@gmail.com

Kalleu de Alencar
Universidade Federal do Ceará Departamento
de Fisiologia e Farmacologia Fortaleza - Ceará
0000-0001-9142-4498
dealencar.kalleu@gmail.com

Isanete Geraldini Costa Bieski


Instituto do Saber Ativo Cuiabá – Mato Grosso
0000-0003-1832-9384
Isabieski20@gmail.com

RESUMO
Os benefícios advindos das plantas são amplo e vêm sendo repassados
através das gerações. Porém, muitas dessas informações são perdidas
criando uma falsa idoneidade desses preparados naturais. O objetivo do
estudo é verificar a utilização popular de plantas medicinais no estado
de Pernambuco. Foi realizada uma revisão descritiva da literatura com
fonte literária os bancos de dados Scielo, MEDLINE e PUBMED onde
foram selecionados periódicos publicados entre os anos 2002 a 2022.
As plantas mais citadas foram Hymenaea courbaril, Senna occidentalis,
Stryphnodendron rotundifolium, Anacardium occidentale, Schinus tere-
binthifolius e Psidium araça, preparadas predominantemente por decoc-
ção e infusão. A produção científica acerca das espécies vegetais utiliza-

106
das no estado é insuficiente para garantir o uso racional dessas plantas.
Novos estudos etnobotânicos e a promoção do uso racional de plantas
medicinais têm papel fundamental no conhecimento e manutenção do
saber empírico e científico dessas espécies.
Palavras-chave: Etnobotânica. Plantas medicinais. Toxicidade. Uso
popular.

ABSTRACT
The benefits from plants are wide and have been passed on through
generations. However, much of this information is lost creating a false
suitability of these natural preparations. The objective of the study is
to verify the popular use of medicinal plants in the state of Pernam-
buco. A descriptive review of the literature was carried out with liter-
ary sources in the Scielo, MEDLINE and PUBMED databases, where
journals published between 2002 and 2022 were selected. The most
cited plants were Hymenaea courbaril, Senna occidentalis, Stryphno-
dendron rotundifolium, Anacardium occidentale, Schinus terebinthifo-
lius and Psidium araça, prepared predominantly by decoction and in-
fusion. The scientific production about the plant species used in the
state is insufficient to guarantee the rational use of these plants. New
ethnobotanical studies and the promotion of the rational use of medic-
inal plants play a fundamental role in the knowledge and maintenance
of the empirical and scientific knowledge of these species.
Keywords: Ethnobotany. Medicinal plants. Toxicity. Popular use.

Introdução

A cura das enfermidades por meio de plantas, medicinais remon-


ta às primeiras civilizações. Desde a antiguidade já se utilizavam mace-
rados de folhas, chás e outras preparações como remédio que repre-
sentavam papel fundamental no desenvolvimento de sua medicina (AL-
VES, 2013; FERREIRA, 2014; REZENDE, 2002). O conhecimento dos
benefícios advindos das plantas é amplo e vem sendo repassado atra-
vés das gerações, norteando a indicação, modo de preparo e sua utiliza-
ção. Porém, muitas dessas informações são perdidas ou até mesmo al-
teradas no decorrer dos anos, criando assim uma falsa idoneidade des-
ses preparados naturais (FEITOSA, 2016; MENDIETA, 2014).

107
Com os avanços tecnológicos e industriais, a busca por pro-
dutos naturais diminuiu e os medicamentos sintéticos se tornaram a
primeira escolha de tratamento (FEITOSA, 2016). Contudo, por pos-
suírem muitas vezes alto custo e acesso reduzido, a utilização de
produtos naturais retomou crescimento (FERREIRA, 2014).
As plantas fornecem a estrutura química de seus componen-
tes farmacologicamente ativos como base para desenvolvimento de
novas estruturas (ARGENTA, 2011). Essas plantas são consumidas
para diversos tipos de condições patológicas, como problemas gas-
trointestinais, gripes e resfriados, febre e dores em geral, e são pre-
dominantemente preparadas na forma de chás. Viu-se então que era
necessário a criação de políticas relacionadas à essa atividade para
elaboração de parâmetros que garantam a sua segurança e eficácia
(REZENDE, 2002; SPAGNUOLO, 2009).
No Brasil, a instituição da Política Nacional de Plantas Medici-
nais e Fitoterápicos objetivou além de proporcionar o acesso e utiliza-
ção racional de plantas medicinais e fitoterápicos, incentivar o desen-
volvimento industrial e científico nacional (BRASIL, 2006). O Progra-
ma Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e a Po-
lítica Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
foram algumas das principais medidas tomadas para o cumprimento
da Política Nacional (BRASIL, 2009, 2015).
A criação do PNPMF visa o estabelecimento das ações que nor-
teariam a realização das diretrizes pré-estabelecidas pela Política Nacio-
nal que dispõe além da fitoterapia, outros tipos de opções terapêuticas,
como a homeopatia, a medicina tradicional chinesa/acupuntura, o ter-
malismo/crenoterapia e a medicina antroposófica (FIGUEREDO, 2014).
Todavia, o tratamento caseiro à base de plantas e seus deriva-
dos têm como fator limitante os seus efeitos tóxicos intrínsecos. Mui-
tas preparações caseiras apresentam riscos à saúde de seu usuário
que sem conhecimento caracterizam seus preparos como um fitote-
rápico (BALBINO, 2010; VEIGA JUNIOR, 2005).
Por possuírem mais de um componente biologicamente ativo,
essas preparações podem desencadear uma série de efeitos adver-
sos a depender das características fisiológicas, nutricionais e patoló-
gicas do indivíduo que as utiliza levando-o a um quadro de intoxica-
ção leve ou óbito (BALBINO, 2010; CAMPOS, 2016).

108
O uso indiscriminado de produtos naturais é uma questão de
saúde pública, visto que sua utilização empírica não garante segu-
rança ao usuário. Deste modo, promover o uso racional de plantas
medicinais pode auxiliar os profissionais de saúde a garantir ao pa-
ciente segurança e eficácia em seu tratamento. Diante disto, o objeti-
vo desse estudo é verificar a utilização popular de plantas medicinais
no estado de Pernambuco.
Foi realizada uma revisão descritiva da literatura, tomando
como fonte de pesquisa literária os bancos de dados Scientific Ele-
tronic Library Online (Scielo), National Library of Medicine (MEDLI-
NE) e US National Library of Medicine Nacional Institutes of Health
(PUBMED).
Para a busca dos artigos foram utilizados os descritores:
“plantas medicinais”, “etnobotânica”, “uso popular” e “toxicidade” pre-
viamente consultados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).
Foram selecionados para o estudo periódicos publicados entre os
anos 2002 a 2022, nos idiomas português, inglês e espanhol.
Analisou-se primeiramente os títulos e resumos dos artigos
para reconhecimento das publicações que continham relação com o
tema. Em seguida, foi feita a leitura completa dos textos seleciona-
dos. Para exclusão dos artigos foram considerados: 1. Estado onde
foi realizado o estudo; 2. Artigos que não se tratava do uso popular
de plantas medicinais; 3. Artigos de revisão.

Desenvolvimento

Nos artigos analisados, 29 espécies de plantas medicinais fo-


ram igualmente citadas em entrevistas realizadas em diferentes loca-
lidades do estado de Pernambuco (Quadro 1).

Quadro 1. Plantas medicinais mais utilizadas no estado de Pernam-


buco, Brasil.
Família / Nome Indicação Parte Modo de
Espécie popular Terapêutica utilizada preparo
Asteraceae
Acanthos- Antidiabético
Espinho de Decocção
permum Antitussígeno Raiz
cigano Lambedor
hispidum Expectorante

109
Analgésico
Vernonia Anorexígeno Decocção
conden- Alcachofra Antidispéptico Folha
Anti-inflamatório Infusão Suco
sata
Hepatoprotetor
Anacardiaceae
Anacar- Caju roxo Anti-hemorrágico Casca do Extrato Alcoó-
dium occi- / Caju ver- Anti-inflamatório
Cicatrizante tronco lico
dentale melho

Schinus Anti-inflamatório
Antigripal Casca do Decocção Ex-
terebinthi- Aroeira Antitussígeno tronco trato alcoólico
folius Cicatrizante
Annonaceae
Annona Aquecimento
Araticum Analgésico Folha
coriácea (uso tópico)
Annona
Graviola Antineoplásico Semente Torra
muricata
Cactaceae
Antidiabético
Cereus
Mandacaru Anti-inflamatório Fruto Decocção
jamacaru
Antiparasitário
Caryocaraceae
Caryocar Óleo (uso tó-
Piqui Anti-inflamatório Fruto
coriaceum pico)
Crassulaceae
Kalanchoe Corona
Antitussígeno Folha Lambedor
brasiliensis roxa
Cucurbitaceae
Melão de
Momordica Folha Decocção
São Cae- Anti-inflamatório
charantia Flor Maceração
tano
Fabaceae
Antidiabético
Bauhinia Pata de
Antidispéptico Folha Infusão
forficata vaca
Anti-inflamatório
Caesalpi-
Jucá Anti-inflamatório Fruto Decocção
nia ferrea
Hymenaea Decocção
Jatobá Cicatrizante Folha
courbaril Lambedor
Senna oc- Anti-inflamatório Raiz Decocção
Manjerioba
cidentalis Antitussígeno Semente Infusão
Stryphno-
dendron Barbati- Anti-inflamatório Casca do
Decocção
rotundifo- mão Cicatrizante tronco
lium

110
Lamiaceae
Antigripal Decocção
Mentha sp. Vick Antitussígeno Folha Infusão
Antiparasitário Lambedor
Analgésico
Ocimum Decocção
Manjericão Antipirético Folha
basilicum Maceração
Expectorante
Ocimum
Antidispéptico
gratissi- Louro Folha Decocção
Anorexígeno
mum
Antidiarreico Decocção
Ocimum Anti-inflamatório Infusão
Alfavaca Folha
selloi Antipirético Lambedor
Expectorante Suco
Lauraceae
Persea Antidispéptico Decocção
Abacate Folha
americana Anti-inflamatório Infusão
Myrtaceae
Psidium
Araçá Antidispéptico Folha Decocção
araça
Psidium Analgésico Antidiarrei- Decocção
Goiaba Folha
guajava co Antidispéptico Infusão
Nyctaginaceae
Boerhavia Folha Decocção
Pega pinto Anti-inflamatório
diffusa Raiz Infusão
Phyllanthaceae
Phyllan- Quebra
Anti-inflamatório Folha Raiz Decocção
thus niruri pedra
Phytolaccaceae
Petiveria Analgésico Extrato alcoó-
Atipim Folha Raiz
alliacea Anti-inflamatório lico
Rhamnaceae
Ziziphus Anticárie Anticaspa Casca do
Juá Pó (inalação)
joazeiro Expectorante tronco
Solanaceae
Anti-anemico
Solanum Anti-inflamatório
Decocção
panicula- Jurubeba Antitussígeno Folha
Suco
tum Expectorante
Hepatoprotetor
Verbenaceae
Analgésico
Erva ci- Antidispéptico Decocção
Lippia alba Folha
dreira Anti-hipertensivo Infusão
Anti-inflamatório

111
Zingiberaceae
Analgésico
Alpinia Ansiolítico Decocção
Colônia Folha
zerumbet Antitussígeno Infusão
Expectorante
Fonte: Autor, 2022

Estas espécies estão distribuídas em 18 famílias sendo a fa-


mília Fabaceae com a maior quantidade de espécies citadas (5). Em
seguida, a família Lamiaceae (4) e as famílias Anacardiaceae (2),
Annonaceae (2), Asteraceae (2) e Myrtaceae (2) com o mesmo nú-
mero de citações (Figura 1). Estudos realizados no Ceará também
apresentam a família Fabaceae com maior expressividade de plantas
com indicações terapêuticas (RIBEIRO, 2014; SILVA, 2015).

Figura 1. Distribuição em famílias das espécies de plantas medicinais


com maior número de citações no estado de Pernambuco, Brasil.

Fonte: Autor, 2022

Dentre as partes utilizadas das plantas citadas, as mais fre-


quentes foram folha (55,88%) e raiz (14,71%) (Quadro 2) sendo
preparadas predominantemente por decocção (44,68%), infusão
(21,28%) ou em forma de lambedor (10,64%) (Figura 2). As plantas
mais citadas foram Hymenaea courbaril L. (Jatobá), Senna occiden-

112
talis (L.) Link (Manjerioba), Stryphnodendron rotundifolium Mart. (Bar-
batimão), Anacardium occidentale L. (Cajú roxo/vermelho), Schinus
terebinthifolius Raddi (Aroeira) e Psidium araça Radd. (Araçá).

Quadro 2. Número de citações e porcentagem das partes utilizadas


em preparações de plantas medicinais.
Parte utilizada Citações %

Folha 19 55,88

Raiz 5 14,71

Casca do tronco 4 11,76

Fruto 3 8,82

Semente 2 5,88

Flor 1 2,94
Fonte: Autor, 2022

Figura 2. Percentual de citação do modo de preparo das plantas me-


dicinais mais citadas no estado de Pernambuco, Brasil.

Fonte: Autor, 2022

Com relação as indicações terapêuticas, 17 plantas foram in-


dicadas como anti-inflamatórias, 7 como antitussígenas e antidispép-
ticas, 6 como analgésicas e expectorantes e 4 como cicatrizantes. As

113
demais indicações terapêuticas tiveram três ou menos plantas cita-
das (Figura 3).

Figura 3. Número de plantas medicinais citadas e suas indicações


terapêuticas.

Fonte: Autor, 2022

Uso popular de plantas medicinais

O Brasil, país de extensão continental, possui uma grande va-


riedade de espécies vegetais e muitas delas são utilizadas com fina-
lidade terapêutica, sendo associadas ou não a tratamentos alopáti-
cos. Populações de baixa renda geralmente utilizam plantas medi-
cinais como recurso principal de tratamento das enfermidades (RE-
ZENDE, 2002).
No nordeste brasileiro, o estado de Pernambuco também
apresenta uma vasta diversidade de plantas medicinais, visto que
apresenta vegetação bastante diversificada variando entre floresta
tropical, caatinga e cerrado. Nesse sentido, é possível compreender
o porquê de a grande maioria da população pernambucana faz uso
de plantas medicinais.
Existe uma baixa produção de estudos etnobotânicos no es-

114
tado, o que pode explicar a pequena quantidade de plantas citadas
comumente nos artigos estudados. No entanto, houve concordância
entre as espécies de plantas utilizadas com fins terapêuticos, desde
seu nome popular, indicação terapêutica e forma de preparo.
Hymenaea courbaril foi indicado primeiramente como trata-
mento de feridas não cicatrizadas (RODRIGUES, 2014). No entanto,
na forma de lambedor, também pode ser empregado no tratamento
de doenças do sistema respiratório, como gripes, resfriados e tosse
(MACEDO, 2015; SARAIVA, 2015).
Senna occidentalis é utilizada para dores de cabeça, sinusi-
te, tosse e gripe (MACEDO, 2015; RODRIGUES, 2014; SARAIVA,
2015). S. occidentalis também foi citada em outros estudos com po-
tencial antitrombótico, hepatoprotetor e abortivo (BAPTISTEL, 2014;
CORDEIRO, 2014).
Stryphnodendron rotundifolium conhecido como Barbatimão,
Barbatenã ou Babatenon, apresenta uma grande variedade de indica-
ções terapêuticas. Sua casca é utilizada para produção de extratos para
uso tópico com propriedades anti- inflamatórias e cicatrizantes (MACE-
DO, 2015; RODRIGUES, 2014). Também mostrou ser utilizado como
analgésico, se ingerido, e como antisséptico vaginal (SARAIVA, 2015).
Anacardium occidentale na produção de extratos alcoólicos a
partir da casca do tronco apresenta indicação para cicatrização de fe-
ridas, na contenção de hemorragias e inflamações em geral (RODRI-
GUES, 2014; SARAIVA, 2015). Além dessas propriedades, estudos
mostram que A. occidentale também apresenta ação hipoglicemian-
te e antigripal (BAPTISTEL, 2014; OLIVEIRA, 2010; SILVA, 2015).
Schinus terebinthifolius assim como S. rotundifolium possui
uma grande variedade de indicações terapêuticas. Utilizada por mui-
tas civilizações, a aroeira tem atividade expectorante, antigripal, cica-
trizante, anti-inflamatória. Também é empregada no tratamento de af-
tas e infecções ginecológicas (OLIVEIRA, 2010; RODRIGUES, 2014;
SARAIVA, 2015).
Psidium araça possui indicação contra má digestão (MACEDO,
2015; RODRIGUES, 2014). Pesquisadores baianos demonstraram
também que o araçá facilita a digestão e atua contra dores de barriga
(NETO, 2014). Porém, estudos paralelos afirmam que P. araça é efi-
caz no controle da pressão arterial e como calmante (SARAIVA, 2015).

115
Toxicidade e uso racional de plantas medicinais

Plantas medicinais possuem grande potencial curativo por


apresentar, em sua composição, compostos com atividade farmaco-
lógica no ser humano. Entretanto, a utilização errada dessas plan-
tas traz consigo efeitos diferentes do esperado, ocasionando no usu-
ário complicações graves. Com isso, o uso de plantas no tratamento
de doenças deve ser limitado as espécies conhecidas e devidamen-
te identificadas (CAMPOS, 2016).
A associação de medicamentos sintéticos e plantas medicinais
é potencialmente perigosa, visto que a maioria das espécies vegetais
utilizadas com fins curativos e/ou terapêuticos não possuem suas ca-
racterísticas farmacológicas bem definidas. No presente estudo, não
foram observadas informações que indicassem a possível toxicidade
das espécies citadas, interações, nem seus efeitos adversos.
Mesmo com o aumento das notificações de efeitos adversos
no Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sini-
tox), grande parte dos profissionais de saúde e da população não re-
lacionam as reações adversas causadas pelas plantas ao seu uso.
Desse modo, a disparidade de informações concretas sobre a toxi-
cidade relativa das plantas medicinais está diretamente relacionada
com a deficiência das informações já obtidas (CAMPOS, 2016; MAS-
TROIANNI, 2017; SILVEIRA, 2018).

Considerações finais

O uso de plantas medicinais no estado de Pernambuco repre-


senta grande parte das formas tratamento de doenças. Muitas ve-
zes sem nenhum conhecimento, populações mais carentes costu-
mam tratar as enfermidades mais recorrentes através desse recur-
so natural. No entanto, a produção científica acerca das espécies ve-
getais utilizadas no estado é insuficiente para garantir segurança e o
uso racional dessas plantas.
Diante disso, a realização de novos estudos etnobotânicos e
a promoção do uso racional de plantas medicinais tem papel funda-
mental no conhecimento e manutenção do saber empírico e científi-
co dessas espécies. Deste modo é possível proporcionar a essa po-
pulação maior segurança no emprego de seus preparados naturais.

116
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119
CAPÍTULO 8

MOLÉCULAS BIOATIVAS DAS PLANTAS MEDICINAIS


MAIS USADAS NO BRASIL: UMA REVISÃO

BIOACTIVE MOLECULES FROM THE MOST USED


A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

MEDICINAL PLANTS IN BRAZIL: A REVIEW

Paloma Maria da Silva


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-4890-1310
paloma.mariasilva@ufpe.br

Bruno Vinicius Sousa da Silva


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-4890-1310
bruno.viniciuss@ufpe.br

Saulo Almeida de Menezes


Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Centro de Biotecnologia – CBiot
Porto Alegre – Rio Grande do Sul
https://orcid.org/0000-0001-6657-585X
saulomenezes99@gmail.com

Thiago Felix da Silva


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0001-8532-9128
thiagofelix.felix@hotmail.com

Rayanne Maria Vitória Vasconcelos de Oliveira


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0009-0002-9045-7065
rayanne_oliver@hotmail.com

120
Pedro Vitor Vieira da Cunha Miranda
Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE
Departamento de Educação, Ensino de Ciências – EC
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0002-4263-7750
pedro_vitorvieira@hotmail.com

Irivânia Fidelis da Silva Aguiar


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-0070-7770
irivania.aguiar@ufpe.br

Laís Ruanita Leopodina Galvão


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0009-0009-3166-0304
Lais.galvao@ufpe.br

Marcia Vanusa da Silva


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0002-2221-5059
marcia.vanusa@ufpe.br

Maria Tereza dos Santos Correia


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-4920-9975
maria.tscorreia@ufpe.br

RESUMO
As moléculas bioativas das plantas medicinais possuem proprieda-
des farmacológicas, como anti-inflamatória e analgésica. No Brasil, o
uso dessas espécies é comum em populações tradicionais. Esta re-
visão tem o objetivo sumarizar moléculas bioativas das plantas me-

121
dicinais usadas no Brasil. As espécies elencadas nesta revisão são
fontes de óleos fixos, óleos essenciais e extratos vegetais. Os óleos
fixos são ricos em ácidos graxos, que auxiliam na manutenção da in-
tegridade da pele. Os óleos essenciais são constituídos de terpenos,
que possuem atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e cicatrizan-
te. Os extratos vegetais apresentam terpenos e polifenóis que de-
sempenham atividade adstringente, antidiabética e anti-inflamatória.
É notável o potencial das plantas brasileiras para prospecção de no-
vas moléculas bioativas. No entanto, a utilização das plantas medici-
nais deve ser feita de forma sustentável e responsável, a fim de evi-
tar a exploração excessiva e a extinção de espécies vegetais impor-
tantes para a saúde humana e para o equilíbrio ecológico.
Palavras-chave: Alternativa terapêutica; Espécies botânica; Extra-
tos vegetais, Metabólitos secundários; Óleos fixos e essenciais

ABSTRACT
The bioactive molecules of medicinal plants have pharmacological
properties, such as anti-inflammatory and analgesic. In Brazil, the use
of these species is common in traditional populations. This review aims
to summarize bioactive molecules from medicinal plants used in Brazil.
The species listed in this review are sources of fixed oils, essential oils
and plant extracts. Fixed oils are rich in fatty acids, which help maintain
skin integrity. Essential oils are made up of terpenes, which have an-
timicrobial, anti-inflammatory and healing activity. Plant extracts have
terpenes and polyphenols that perform astringent, antidiabetic and an-
ti-inflammatory activity. The potential of Brazilian plants for prospecting
for new bioactive molecules is remarkable. However, the use of medic-
inal plants must be done in a sustainable and responsible way, in order
to avoid overexploitation and the extinction of plant species that are im-
portant for human health and the ecological balance.
Keywords: Therapeutic alternative; Botanical species; Plant extracts;
Secondary metabolites; Fixed and essential oils

INTRODUÇÃO

A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento,


cura e prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas de prá-

122
tica medicinal da humanidade (MOHAMMED, 2019). A Organização
Mundial da Saúde define planta medicinal como sendo “todo e qual-
quer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que po-
dem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de
fármacos semissintéticos (OMS,1998). O Brasil é um dos países mais
biodiverso do mundo, vinculado à sua rica diversidade étnica e cultural,
que detém valiosos conhecimentos tradicionais relacionados ao uso
de plantas medicinais e tem o potencial necessário para desenvolver
tecnologias adequadas as pesquisas cientificas (OMS,2023).
As plantas medicinais se destacam pela crescente aceitação
das práticas fitoterápicas de saúde, pois apresentam uma série de
efeitos farmacológicos devido à presença de compostos bioativos. As
plantas medicinais são muito procuradas nas indústrias farmacêuti-
ca, alimentícia (SERAFINI et al., 2012) e cosmética (ABBASI et al.,
2010). O valor econômico das plantas medicinais é atribuído ao seu
valor medicinal, que é regido principalmente pela presença de impor-
tantes compostos bioativos conhecidos como metabólitos secundá-
rios (SANTOS; MEIRELES, 2009).
Os metabólitos secundários são sintetizados por vias biossin-
téticas bem definidas e estão distribuídos em diferentes partes da
planta, como folha, raízes, caule, casca, flores, frutos e sementes
(TAIZ et al., 2017). As plantas, por exemplo, usam uma grande va-
riedade de metabólitos secundários terpenos, fenólicos e alcaloides
como defesa contra herbívoros e patógenos, enquanto alguns des-
ses compostos também podem servir como atrativos para polinizado-
res e dispersores de sementes (BUCHANAN et al., 2015). A compo-
sição e concentração desses bioativos em plantas medicinais são in-
dicadores de qualidade e agregam valor a elas.
Algumas condições induzem na qualidade e quantidade de
bioativos sintetizados por essas espécies, dentre os quais, causas
ambientais como estresse hídrico, temperatura, salinidade do solo,
radiação, excesso ou falta de nutrientes no solo, bem como condi-
ções fisiológicas e características biológicas da planta (DA SILVA et
al., 2022). No entanto essa revisão tem como objetivo mostrar a im-
portância de alguns compostos bioativos presentes nos óleos fixos,
óleos essenciais e nos extratos vegetais de algumas plantas medici-
nais mais utilizadas no Brasil e suas propriedades terapêuticas.

123
DESENVOLVIMENTO

Esta revisão bibliográfica sistemática foi realizada em bases


de dados de pesquisa especializadas (pubmed, scielo e science di-
rect) usando várias combinações dos seguintes descritores: Plantas
medicinais, compostos bioativos, óleo fixo e essencial, extratos vege-
tais. A seleção do manuscrito baseou-se nos critérios de inclusão: ar-
tigos com estudos de plantas usadas na medicina popular, medicina
alternativa. Com isso foram selecionados artigos com duas espécies
produtora de óleo fixo e óleos essenciais e além de ensaios com ex-
tratos vegetais com propriedades medicinais mais utilizados no Bra-
sil. Foram excluídos 48 artigos com estudos envolvendo medicamen-
tos sintéticos e espécies não utilizada no brasil. Nesta pesquisa, fo-
ram identificados 112 artigos; entretanto, foram selecionados 35 ar-
tigos, pois os demais não atenderam aos critérios de inclusão ou fo-
ram indexados em duas ou mais bases de dados e foram considera-
dos apenas uma vez.

124
RESULTADOS E DISCUSSÂO
TABELA 1: PLANTAS MEDICINAIS MAIS UTILIZADAS NO BRASIL E SUAS MOLÉCULAS BIOATIVAS
ESPÉCIES PARTES DA
PRODUTOS MOLÉCULAS BIOATIVAS AÇÃO TERAPÊUTICA REFERÊNCIAS
BOTÂNICAS PLANTA
Tratamento da manutenção da integridade e da
barreira hídrica da pele.
(BORELLA et al.,
Helianthus ácido linoleico, Oleico, Serve como barreira protetora contra mi- 2023)
Sementes
annuus L Palmítico, esteárico crorganismos, evita a desidratação tecidual
(MANDARINO, 2005)
ÓLEOS e mantém a temperatura corpórea, além de
FIXOS possuir importante caráter imunomodulador.
(CORREIA et al.,
Cocos nucife- Ácido láurico, mirístico, pal- Adstringente, diurético, no tratamento de infec- 2014)
Polpa
ra L mítico, caprílico, cáprico ções da pele, trato urinário e disenterias (SIVAKUMAR et al.,
2011)
(RIBEIRO et al., 2012)
Rosmarinus Monoterpenos, terpenos, atividade antimicrobiana, antifúngico, antioxi-
Folhas (DE PAIVA DIAS et
officinalis L linalol, verbinol, terpineol. dante, anti-inflamatória
ÓLEOS ES- al.,2022)
SENCIAIS (CORREIA et al,
Melaleuca monoterpenos, sesquiterpe- analgésico, cicatrizante, anti-inflamatório, 2017),
Folhas
alternifolia nos terpineno-4-ol, antifúngico, bactericida
(DA SILVA et al., 2019)

Schinus te- Polifenóis, monoterpenos, (SANTOS CTC, et al.,


Adstringente, antimicrobiano, cicatrizante e 2019),
rebinthifolius Cascas cetonas, triterpenos, sesqui-
anti-inflamatório
Raddi terpenos (MAIA et al., 2021)
EXTRATOS
VEGETAIS
Anacardium Flavonóides, kanferol, quer- Antidiabético, anti-inflamatório, cicatrizante e (SANTOS, 2011),
Folhas
occidentale cetina antitussígeno (CHAVES et al., 2010)

Fonte: autores

125
As plantas medicinais selecionadas para estudo estão expres-
sas na tabela 1. Destacando-se por ser mais utilizadas no Brasil com
uso medicinal, cosmético e alimentício. As principais espécies com
representatividade para os óleos fixos são, Helianthus annuus L, da
família Asteraceae, conhecida por produzir o óleo de girassol extraí-
dos de suas sementes. Cocos nucifera L, pertencente à família Are-
caceae e responsável por produzir o óleo de coco extraídos de sua
polpa. Responsáveis por atividades terapêuticas como: evita a desi-
dratação tecidual e mantém a temperatura corpórea, além de possuir
importante caráter imunomodulador (MANDARINO, 2005), adstrin-
gente, diurético, usado para tratamento de infecções da pele (COR-
REIA et al., 2014). Já as espécies com destaque para os óleos es-
senciais, estão Rosmarinus officinalis L, da família Lamiaceae, pro-
dutora do óleo de alecrim, extraídos de suas folhas. Desempenha ati-
vidade terapêutica como, atividade antimicrobiana, antifúngico, an-
tioxidante, anti-inflamatória (RIBEIRO et al., 2012). E a espécie Me-
laleuca alternifólia, da família Myrtaceae. Que se destaca por exer-
cer atividades analgésica, cicatrizante, anti-inflamatório, antifúngico,
bactericida (DA SILVA et al., 2019). O óleo essencial de melaleuca é
extraído de suas folhas, com odor intenso e agradável e que são ex-
tremamente voláteis. Os óleos são formados por diversas substân-
cias. São obtidos através de destilação, pela evaporação junto com
a água, possuindo baixa solubilidade em água. Os extratos vege-
tais descritos na tabela 1, também são usados na medicina popular.
Destacando a espécie Schinus terebinthifolius Raddi,da família Ana-
cardiaceae, conhecida popularmente por aroeira-vermelha, utilizan-
do extratos de suas cascas para fins medicinais como: Adstringente,
antimicrobiano, cicatrizante e anti-inflamatório (SANTOS CTC et al.,
2019). Outra espécie que se evidencia, é Anacardium occidentale,
da família Anacardiaceae, conhecida por cajueiro, seus extratos são
produzidos através de duas folhas que apresentam atividades tera-
pêuticas como, Antidiabético, anti-inflamatório, cicatrizante e antitus-
sígeno (SANTOS, 2011).
Todas as atividades descritas por essas plantas medicinais
são reveladas por apresentar moléculas bioativas que são substân-
cias químicas, geralmente metabólitos secundários, que a planta pro-
duz durante o crescimento e desenvolvimento, e que possuem ações

126
diversas sobre o organismo humano ou animal (ERB; KLIEBENS-
TEIN, 2020). As moléculas bioativas podem variar a concentração
de acordo com a parte da planta e seu estádio fenológico. A extração
das moléculas bioativas visa o aproveitamento total da planta e vai
depender do método de preparo, pois de acordo com o método po-
derá haver aumento do poder terapêutico, determinando a função fi-
siológica (SACHDEV et L., 2021).
Nesse sentido, podemos destacar as seguintes moléculas
bioativas:
Ácido linoleico, oleico, palmítico, esteárico, láurico, mirístico, caprí-
lico, cáprico presentes nos óleos fixos, que são cadeias de ácidos
graxos em óleos vegetais estão entre C13 e C21. Seus pesos mole-
culares estão em torno de 220–350 g mol -1 e têm volatilidade mui-
to baixa (pontos de ebulição normais em torno de 250–450 °C). Da
mesma forma que os ácidos graxos, têm pontos de ebulição nor-
mais altos (baixa volatilidade), mas pesos moleculares consideravel-
mente maiores, em torno de 750–950 g mol -1 (LÓPEZ-PADILLA et
al., 2016). Apresentam propriedades anti-estresse oxidativo (SHEN
et al., 2021) e anti-inflamatório (CHEN et al., 2021).
Enquanto nos óleos essenciais e extratos vegetais estão pre-
sentes de forma geral os terpenos e taninos nas suas mais diver-
sas formas. Por exemplo, aos terpenos são metabólitos de isopre-
no. Esses compostos são divididos em monoterpenos, sesquiterpe-
nos, diterpenos, sesterpenos, triterpenos, tetraterpenos e politerpe-
nos (HARTMANN, 2007). Eles têm várias funções biológicas em re-
lação à cadeia de transporte de elétrons, pigmentos e elementos es-
truturais. Eles também podem interagir com as membranas celula-
res. Os terpenos voláteis são encontrados em diferentes tecidos ve-
getais, como raízes, caules, folhas, frutos, sementes e flores, geral-
mente fornecendo o aroma associado a uma fruta específica (ZHOU
et al., 2015).
Os taninos e os múltiplos grupos funcionais, como as hidroxi-
las, de sua estrutura química permitem que eles desenvolvam liga-
ções para estabelecer uma associação reticulada estável dentro de
diferentes moléculas, como proteínas ou carboidratos. Esta carac-
terística única permite a sua diferenciação em grupos polifenólicos
(BYRNE et al., 2019). São compostos naturais presentes em frutas,

127
vegetais, cereais e sementes e têm ampla aplicação na saúde hu-
mana, defesa vegetal, desenvolvimento e crescimento vegetal. Além
de possuir propriedades adstringentes, redutoras de ROS, antimuta-
gênicas, antivirais e antimicrobianas (MAIER et al., 2017). Justifican-
do as propriedades medicinais de cada espécie botânica apresenta-
da na tabela 1.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto as plantas medicinais e suas propriedades terapêuti-


cas se dão pela presença das moléculas bioativas presentes em vá-
rias partes das plantas. E esta revisão mostra que essas moléculas
possuem muitas funções biológicas e biotecnológicas podendo pos-
sibilitar pesquisas em várias áreas da indústria cosmética, alimentícia
e farmacológica. No entanto, a utilização das plantas medicinais deve
ser feita de forma sustentável e responsável, a fim de evitar a explo-
ração excessiva e a extinção de espécies vegetais importantes para
a saúde humana e para o equilíbrio ecológico.

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131
CAPÍTULO 9

PRINCIPAIS PLANTAS COM ATIVIDADE


ANTI-INFLAMATÓRIA USADAS NA AROMATERAPIA:
UMA REVISÃO DE LITERATURA
A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

Bruno Vinicius Souza da Silva


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências - CB
Recife - Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-4890-1310
bruno.viniciuss@ufpe.br

Paloma Maria Da Silva


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife - Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-4890-1310
paloma.mariasilva@ufpe.br

Thiago Felix da Silva


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife - Pernambuco
https://orcid.org/0000-0001-8532-9128
thiagofelix.felix@hotmail.com

Luzia Abílio da Silva


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife - Pernambuco
https://orcid.org/0000-0002-8623-3045
luzia.abilio@ufpe.br

Saulo Almeida de Menezes


Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Centro de Biotecnologia – CBiot
Porto Alegre – Rio Grande do Sul
https://orcid.org/0000-0001-6657-585X
saulomenezes99@gmail.com

132
Rayanne Maria Vitória Vasconcelos de Oliveira
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife - Pernambuco
https://orcid.org/0009-0002-9045-7065
rayanne.v@ufpe.br

Laís Ruanita Leopoldina Galvão


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife - Pernambuco
https://orcid.org/0009-0009-3166-0304
lais.galvao@ufpe.br

Irivânia Fidelis da Silva Aguiar


Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-0070-7770
irivania.aguiar@ufpe.br

Wêndeo Kennedy Costa


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife - Pernambuco
https://orcid.org/0000-0001-7925-6794
wendeo.costa@ufpe.br

Alisson Macário de Oliveira


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências – CB
Recife – Pernambuco
https://orcid.org/0000-0003-4152-150X
alisson.macario@ufpe.br

RESUMO
Os óleos essenciais são concentrados aromáticos extraídos de plan-
tas e contêm compostos voláteis com várias propriedades terapêu-

133
ticas, incluindo propriedades anti-inflamatórias, que podem ser utili-
zados no tratamento de condições inflamatórias agudas e crônicas.
Assim o presente estudo objetiva elencar as principais espécies que
possuem atividade anti-inflamatória e que são utilizadas na aromate-
rapia. Entre as espécies sumarizadas, destacam-se Citrus bergamia
(Bergamota), Boswellia carterii (Olíbano), Zingiber officinalis (Gengi-
bre), Origanum vulgare (Orégano), Gaultheria procumbens (Winter-
green), Eucalyptus globulus (Eucalipto), Copaífera officinalis (Copai-
ba) e Melaleuca alternifolia (Tea tree). As propriedades anti-inflama-
tórias dessas espécies podem ser atribuídas a mecanismos de ação
diversos, que incluem redução dos fatores de transcrição nuclear, ini-
bição de citocinas, redução da expressão da p-selectina, etc. Ao final
conclui-se que existem muitos estudos que comprovam as atividades
biológicas das espécies selecionadas, contudo, há a necessidade de
mais trabalhos na área de aromaterapia para validação de eficácia e
segurança do uso dessas espécies.
Palavras-chaves: Aromaterapia; Plantas Medicinais; Anti-inflamatório

ABSTRACT
Essential oils are aromatic concentrates extracted from plants and
contain volatile compounds with various therapeutic properties, in-
cluding anti-inflammatory properties, which can be used in the treat-
ment of acute and chronic inflammatory conditions. Thus, the present
study aims to list the main species that have anti-inflammatory activity
and that are used in aromatherapy. Among the summarized species,
Citrus bergamia (Bergamot), Boswellia carterii (Olibanum), Zingiber
officinalis (Ginger), Origanum vulgare (Oregano), Gaultheria procum-
bens (Wintergreen), Eucalyptus globulus (Eucalyptus), Copaifera of-
ficinalis (Copaiba) and Melaleuca alternifolia (Tea tree). The anti-in-
flammatory properties of these species can be attributed to different
mechanisms of action, which include the reduction of nuclear tran-
scription factors, cytokine inhibition, reduction of p-selectin expres-
sion, etc. In the end, it is concluded that there are many studies that
prove the biological activities of the selected species, however, there
is a need for more work in the area of aromatherapy to validate the ef-
fectiveness and safety of the use of these species.
Keywords: Aromatherapy; Medicinal plants; Anti-inflammatory

134
Introdução

Fisiologicamente, o processo inflamatório consiste em uma


complexa cascata de respostas desencadeadas por uma série de
eventos moleculares, celulares e imunológicos. Esse evento ocorre
quando o corpo responde a estímulos que podem causar danos ao
corpo, como infecção patogênica ou sinais endógenos de dano teci-
dual(FULLERTON; GILROY, 2016).
Aromaterapia é a arte e a ciência de com os aromas naturais
das plantas pelos óleos essenciais promover a saúde e o bem-estar
do corpo, da mente e das emoções (GRACE, 1999; ULRICH, 2004).
O óleo essencial é uma substância volátil complexa com fragrância
variável, derivada de qualquer parte da planta, produzida principal-
mente em Lauraceae, Myrtaceae, Labiatae, Rutaceae, Umbelliferae
etc., é o segundo metabólito secundário da planta aromática (BU-
CHBAUER, 2004).
O uso de plantas medicinais tem recebido atenção crescente
nos últimos anos, especialmente devido à implementação da Política
Nacional de Plantas Medicinais e da Política Nacional de Práticas In-
tegradas e Complementares. Este último inclui a aromaterapia, a prá-
tica de usar o aroma dos óleos essenciais para benefícios terapêuti-
cos, como alcançar a saúde física e mental e ajudar no tratamento de
várias doenças e condições (alergias, câncer, inflamações), e equili-
bra as defesas do organismo (ação imunomoduladora), disponibiliza-
do pelo SUS desde 2018 (DOS SANTOS PEDROSO; PIRES, 2021).
Devido a isso o presente estudo traz como objetivo elencar
as principais espécies que possuem atividade anti-inflamatória e que
são utilizadas na aromaterapia.

Desenvolvimento

O estudo das principais plantas e fitoterápicos com atividade


anti-inflamatória usadas na aromaterapia, foi realizado com revisão
de literatura científica, de trabalhos publicados em bases de dados
na Internet (Scielo, PubMed e Google Scholar), usando-se os descri-
tores “plantas aromaterapia anti-inflamatória”, “anti-inflamatória aro-
materapia”, “óleo essencial anti-inflamatória”.

135
Após a análise as principais plantas de que se têm relatos en-
contradas são: Citrus bergamia (Bergamota), Boswellia carterii (Olí-
bano), Zingiber officinalis (Gengibre), Origanum vulgare (Orégano),
Gaultheria procumbens (Wintergreen), Eucalyptus globulus (Eucalip-
to), Copaífera officinalis (Copaiba) e Melaleuca alternifolia (Tea tree)
das quais muitas são consideradas espécies usadas também como
parte da dieta ou com outra forma de uso. Foram excluídos artigos
com estudos envolvendo alimentos industrializados, alimentos pro-
cessados e remédios sintéticos.

Citrus bergamia

O óleo essencial de bergamota é amplamente utilizado na


aromaterapia e recentemente recuperou popularidade por melho-
rar sintomas leves de humor e distúrbios induzidos pelo estresse
(HALCÓN, 2002) e promover a indução do sono (WIEBE, 2000).
Foi demonstrado que a massagem com aromaterapia reduz os
sintomas de ansiedade em pacientes com câncer (WILKINSON et
al., 2007).
A atividade anti-inflamatória do óleo essencial de bergamota
foi demonstrada usando edema de pata induzido por carragenina em
ratos. O maior nível de atividade anti-inflamatória do BEO foi obtido
na dose de 0,10 ml/kg. A dose efetiva média de BEO foi de 0,079 ml/
kg (KARACA et al., 2007).

Boswellia carterii

Em particular, a goma-resina produzida a partir da casca da


Boswellia carterii Birdw. Foi relatado como olíbano na medicina tra-
dicional chinesa (MTC) para uma ampla gama de indicações, como
dor de cabeça, carbúnculo, contusões, dismenorreia, reumatismo
etc. (HAMIDPOUR et al., 2013).
Olíbano é a indicação certa para dores musculares e articula-
res crônicas. Pode reduzir significativamente os níveis de inflamação
e reduzir a dor em condições como artrite, doenças articulares, reu-
matismo e dores musculares (HAMIDPOUR et al., 2013).

136
Zingiber officinalis

Zingiber officinale (Ginger) é uma planta com flor pertencen-


te à família Zingiberaceae cujo rizoma, raiz de gengibre ou simples-
mente gengibre é amplamente utilizado como especiaria ou na medi-
cina popular. A raiz ou caule subterrâneo (rizoma) da planta de gen-
gibre pode ser consumida fresca, em pó, seca como tempero, na for-
ma de óleo ou como suco (DHANIK; ARYA; NAND, 2017). De acor-
do com Dhanik et al. (2017), Z. officinale apresenta atividade Gastro-
protetora, Antiinflamatoria, antithelmintica, antioxidante, entre outras.

Origanum vulgare

Origanum vulgare L. é uma espécie de Lamiaceae nativa da re-


gião do Mediterrâneo e oeste da Eurásia. Esta erva aromática é ampla-
mente utilizada em todo o mundo como especiaria e planta medicinal,
representando a medicina em muitos sistemas tradicionais de cura. Em
particular, o óleo essencial de orégano, rico em monoterpenos C10, tem
sido amplamente utilizado e, portanto, pesquisado. As atividades bioló-
gicas de O. vulgare incluem: atividades anticancerígenas, antiinflamató-
rias, antioxidantes e antibacterianas (PEZZANI; VITALINI; IRITI, 2017).

Figura 1. Flor de Origanum vulgare

Fonte: Origanum vulgare (oregano) - Origanum vulgare (Photo: Wolfgang Stuppy). Digital Ima-
ge © Board of Trustees, RBG Kew (unless otherwise stated). Wolfgang Stuppy

137
Gaultheria procumbens

Gaultheria procumbens é um arbusto perene da família Eri-


caceae, nativo do leste da América do Norte. O óleo desta planta é
rico em salicilato de metila e tem um cheiro agradável de Wintergre-
en. Seu óleo é utilizado para aromatizar gomas de mascar (Teaber-
ry), balas, cremes dentais e enxaguatórios bucais (Facciola, 1998).
Atividades Anti-inflamatória e antioxidante também compõem as ati-
vidades biológicas (MICHEL et al., 2014).

Eucalyptus globulus

O óleo de eucalipto é rico em monoterpenos como o euca-


liptol, que há muito é usado para tratar doenças respiratórias, como
bronquite, sinusite e outras inflamações. O óleo de eucalipto funcio-
na assim porque é um inibidor de citocinas, responsáveis ​​por ativar
o processo inflamatório, que é uma resposta imune. Se as citocinas
forem impedidas de fazer seu trabalho, não ocorre inflamação (SIL-
VA et al., 2003).

Figura 2. Árvore de Eucalyptus globulus

Fonte: Eucalyptus globulus Labill. Mauricio Diazgranados © RBG Kew

138
Copaífera officinalis

Estudos demonstraram que a presença do Humuleno em


seus constituintes demonstrou reduzir os fatores de transcrição nu-
clear, além de reduzir a expressão da p-selectina no tecido pulmonar
e a secreção de muco nos pulmões. Desta forma, sua ação anti-infla-
matória e expectorante é uma verdadeira aliada no combate às doen-
ças comuns das vias respiratórias(ROGERIO et al., 2009) .

Figura 3. Árvore de Copaífera officinalis

Fonte: Davison Shillingford

Melaleuca alternifolia

Usado na medicina popular desde a antiguidade, podemos


encontrar neste óleo efeitos anti-inflamatórios, antivirais, antibacte-
rianos, antibacterianos e antifúngicos. O óleo de tea tree, cientifica-
mente conhecido como Melaleuca alternifolia, é uma excelente esco-
lha entre as alternativas naturais para fortalecer o sistema imunológi-
co, matar piolhos e tratar a sarna (HAMMER; CARSON; RILEY, 2004;
HART et al., 2000).

139
Figura 4. Árvore de Melaleuca alternifolia

Fonte: Melaleuca alternifolia (tea tree) - Melaleuca alternifolia in Royal Botanic Gardens, Syd-
ney (Photo: Gardenology.org). Digital Image © Board of Trustees, RBG Kew (unless otherwi-
se stated). Raffi Kojia

Considerações Finais

Ao final concluímos que existem muitos estudos que compro-


vam as atividades biológicas das espécies selecionadas, contudo, há
a necessidade de mais trabalhos na área de aromaterapia para uma
validam e uma divulgação cientifica maior.

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142
SOBRE OS ORGANIZADORES
A EFETIVIDADE CLÍNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS

Aldenora Maria Ximenes Rodrigues

Possui graduação em Biomedicina pela Faculdade Maurício de Nas-


sau - Aliança (PI), mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Univer-
sidade Federal do Piauí, doutorado em Biotecnologia pela Universi-
dade Federal do Piauí e pós-doutorado na área de imunologia dos tu-
mores pela Unesp. Atua como pesquisadora na Unesp, relatoria de
projetos clínicos no CEP da Unifesp, pesquisadora em ATS no HCPA
e NUTES. Tem experiência na área de produtos naturais, doenças
neurodegenerativas, imunologia dos tumores, estudos clínicos patro-
cinados, ATS e assessoria acadêmica.

143
Guilherme Antônio Lopes de Oliveira

Doutor em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia - UFPI,


com estágio de Doutorado Sanduíche no Departamento de Farmaco-
logia da Universidade de Sevilla - Espanha. Especialista em Docên-
cia do Ensino Superior e em Análises Clínicas e Microbiologia pela
Universidade Cândido Mendes. Bacharel em Biomedicina pela Fa-
culdade Maurício de Nassau/Aliança. Tem experiência em Biopros-
pecção de Produtos Naturais com ênfase em Antioxidantes e Anti-in-
flamatórios. Professor na Christus Faculdade do Piauí - CHRISFAPI.
Defendeu a Tese de Doutorado aos 26 anos, foi considerado um dos
doutores mais jovens do Brasil gerando grande repercussão nacio-
nal e internacional em decorrência da história de superação. Foi con-
decorado com a Insígnia de Comendador da Ordem do Mérito Re-
nascença do Estado do Piauí, Concedeu entrevistas à nível nacional
como no Programa Encontro com Fátima Bernardes da Rede Globo
e o Programa Domingo Espetacular da Record TV. Mais informações
podem ser conferidas na aba Produção - Produção Técnica - Entre-
vistas, Mesas-redondas, programas e comentários na mídia. Contato
no Instagram: @drguilhermelopes

144
ÍNDICE REMISSIVO

A O
Acoplamento, 12 Óleos fixos e essenciais, 122
Alternativa terapêutica, 122
Antibacteriano, 12 P
Anti-inflamatório, 134 Plantas medicinais, 44, 56, 76,
Antioxidante, 12 107
Aristolochia, 25 Plantas Medicinais, 25, 134
Aromaterapia, 134
Artrites, 44 T
Toxicidade, 107
C
Citrus latifólia, 12 U
Uso popular, 107
D
Diabetes, 76
Doença crônica, 56
Dor, 90

E
Espécies botânica, 122
Etnobotânica, 25, 107
Eucalyptus globulus, 12
Extratos vegetais, 122

F
Faveiro, 44
Fitoterapia, 44, 56, 76, 90

I
Inflamação, 90

M
Metabólitos secundários, 122

145

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