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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE ARTES, HUMANIDADE E LETRAS


BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL/JORNALISMO

ADAILANE DOS SANTOS SOUZA

RAÍZES DA ROÇA:

RADIODOCUMENTÁRIO SOBRE AS NARRATIVAS E TRAJETÓRIAS DOS


JOVENS DA COMUNIDADE DE PERNAMBUCO NO ENSINO SUPERIOR

CACHOEIRA-BA
2021
ADAILANE DOS SANTOS SOUZA

RAÍZES DA ROÇA:

RADIODOCUMENTÁRIO SOBRE AS NARRATIVAS E TRAJETÓRIAS DOS


JOVENS DA COMUNIDADE DE PERNAMBUCO NO ENSINO SUPERIOR

Memorial descritivo apresentado ao Curso de Comunicação Social com


habilitação em Jornalismo do Centro de Artes, Humanidades e Letras,
da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharela em Comunicação Social.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Moreira Fernandes


Coorientador: Prof. Joilson Fiúza dos Santos

CACHOEIRA-BA
2021
ADAILANE DOS SANTOS SOUZA

Memorial apresentado ao Curso de Comunicação Social com


habilitação em Jornalismo do Centro de Artes, Humanidades e Letras,
da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharela em Comunicação Social.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Moreira Fernandes


Coorientador: Prof. Joilson Fiúza dos Santos

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Guilherme Moreira Fernandes,
Jornalista, doutor em Comunicação e Cultura pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ)

________________________________________
Avaliadora interna: Prof.ª Dr.ª Leila Maria Nogueira de Almeida Kalil
Jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

________________________________________
Avaliador externo: Cláudio Barcelos de Barcellos
Repórter e escritor, jornalista pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)
“Se avexe não, toda caminhada começa no primeiro passo. A natureza
não tem pressa, segue seu compasso inexoravelmente chega lá. Se
avexe não, observe quem vai subindo a ladeira seja princesa ou seja
lavadeira. Pra ir mais alto vai ter que suar”.

(Música: A natureza das coisas, Flávio José).


Com gratidão, dedico este trabalho a Deus, por ser presença essencial
em minha vida e na minha caminhada, o dono do meu destino, meu
alicerce, meu baluarte, socorro presente na hora das preocupações,
angústias e aflições, à minha avó Maria dos Santos (in memoriam), por
ser referência para mim.
AGRADECIMENTOS

Toda a trajetória acadêmica é um caminho que não é fácil, acredito que a força maior
que me mantém de pé diante de todas as circunstâncias é Deus, agradeço primeiramente a Ele,
pois sem a sua presença em minha vida eu nada seria e por me fazer acreditar que existe um
tempo certo para tudo.
Agradeço aos meus pais, Adilson da Conceição Souza e Maria de Lourdes Rocha dos
Santos, por todo ensinamento durante toda a minha vida, pelo carinho, apoio, incentivo e
proteção. Agradeço a minha querida e amada avó Maria Rocha dos Santos (in memoriam), que
torceu muito pelo meu sucesso. “Vovó sua neta conseguiu!”. À minha irmã Adailma dos Santos
Souza, por toda parceria e por dividir o pouco que tinha para me ajudar a realizar o meu sonho,
foi a permissão de Deus que fez com que nos duas pudéssemos entrar juntas na universidade.
Agradeço muito ao meu orientador, Guilherme Fernandes, por ter dado o seu sim e ter
acreditado no meu projeto e no meu potencial, extraindo de mim sempre o melhor, sendo minha
luz no meio da escuridão, minha âncora, meu eterno carinho e gratidão. São professores como
ele que me faz acreditar que o sonho é possível. Ao meu coorientador Joilson Fiuza, por todo
empenho, ajuda e comprometimento com meu trabalho. Gratidão a minha banca examinadora,
pela gentileza de aceitarem o meu convite.
Agradeço a toda a minha família e amigos por serem peças fundamentais em minha
vida. Aos anjos em forma de amigos, que a universidade me proporcionou a conhecer, Bruno
Leite, Leandro Queiroz, Fellipe Moreira, Monalysa Melo, Janeise Santos, Shagaly Ferreira,
Eliane Cruz.
Agradeço ao técnico da UFRB, Saulo Leal, por toda a disponibilidade e por contribuir
valiosamente para o meu produto.
Minha eterna gratidão ao Colegiado de Jornalismo através do seu corpo docente, pela
contribuição no meu aprendizado e na minha formação acadêmica e profissional. A UFRB e a
Cachoeira, por todo acolhimento durante todos estes anos, por me proporcionar muitas
conquistas, experiências, resiliências, com certeza sempre ficará gravada em minha mente e em
meu coração.
Para finalizar, o meu muito obrigada a minha comunidade, pois é no Pernambuco que
minhas raízes estão fincadas. Agradeço aos meus entrevistados, por toda a disponibilidade,
paciência e principalmente por contribuir valiosamente para a realização deste trabalho, sem
eles não seria possível. Por fim, meu muito obrigada a todas as pessoas que ajudaram direta e
indiretamente para a realização deste radiodocumentário. Minha Eterna Gratidão!
RESUMO

Este memorial descritivo acompanha o produto “Raízes da Roça: radiodocumentário sobre as


narrativas e trajetórias dos jovens da comunidade de Pernambuco no ensino superior”. Um
trabalho radiofônico desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação
Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia-
UFRB. O objetivo é deixar registrado a trajetória e narrativas de cinco jovens da comunidade
de Pernambuco, localizada na cidade de Muritiba, no Recôncavo baiano. O radiodocumentário
tem a duração de 20 minutos e 02 segundos, estruturado em um único bloco e dividido em 3
conteúdos: Na primeira categoria, foi abordado a trajetória acadêmica até adentrar na
universidade/faculdade e a sua adaptação neste ambiente. Na segunda categoria, foi apresentado
o percurso na universidade. Para finalizar, os entrevistados abordaram suas perspectivas de
futuro após a conclusão do ensino superior. Nesta produção é possível perceber relatos de
minha trajetória acadêmica que foi fundamental para a escolha do tema e a participação no
Profissão Repórter fonte de inspiração para reafirmar a temática escolhida. Para os
embasamentos teóricos que auxiliaram no tema desenvolvido, utilizei autores como Luiz Artur
Ferraretto, Robert McLeish, Mário Kaplún, Rosa Maria Vieira Medeiros, Maria José Carneiro
e Elisa Guaraná Castro. O produto radiofônico será disponibilizado nas plataformas digitais,
nas rádios comunitárias, nas escolas e outros meios, afim de que possa inspirar outras pessoas
a adentrarem e permanecerem na universidade independente do meio em que estão inseridos.

Palavras-chave: Território; Juventude; Ensino Superior; Mídia Sonora.


SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 09
2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 10
3. CONTEXTUALIZANDO O TERRITÓRIO ................................................................... 12
3.1 RECÔNCAVO DA BAHIA ........................................................................................ 12
3.2 MUNICÍPIO DE MURITIBA ..................................................................................... 14
3.3 A CONSTRUÇÃO DA TERRITORIALIDADE DA COMUNIDADE RURAL DE
PERNAMBUCO ..................................................................................................................... 15
4. RÁDIO E LINGUAGEM RADIOFÔNICA..................................................................... 18
4.1 VOZ HUMANA ................................................................................................................. 19
4.2 MÚSICA ............................................................................................................................. 19
4.3 EFEITOS SONOROS......................................................................................................... 20
4.4 SILÊNCIO .......................................................................................................................... 20
4.4 RÁDIO E TECNOLOGIAS ............................................................................................... 20
5. RADIODOCUMENTÁRIO ............................................................................................... 22
5.1 PLANEJAMENTO ............................................................................................................. 22
5.2 PESQUISA ......................................................................................................................... 23
5.3 ESTRUTURA ..................................................................................................................... 23
5.4 EDIÇÃO ............................................................................................................................. 23
6. INVISIBILIDADE DA JUVENTUDE RURAL .............................................................. 25
7. PERTENCIMENTO: RURAL E RURALIDADE .......................................................... 28
8. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PESQUISA ............................................................. 30
8.1 OS ENTREVISTADOS ..................................................................................................... 31
9. PROCESSOS DE PRODUÇÃO ........................................................................................ 32
9.1 PROCESSO DE GRAVAÇÃO .............................................................................................. 32
9.2 PROCESSO DE EDIÇÃO.................................................................................................. 33
9.3 VEICULAÇÃO DO RADIODOCUMENTÁRIO ............................................................. 34
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 37
APÊNDICES E ANEXO ........................................................................................................ 40
APÊNDICE A: SCRIPT .............................................................................................. 40
APÊNDICE B: ENTREVISTADOS ........................................................................... 44
ANEXO A: TERMO DE AUTORIZAÇÃO ................................................................ 46
9

1 APRESENTAÇÃO

Raízes da Roça: radiodocumentário sobre as narrativas e trajetória dos jovens da


comunidade de Pernambuco no ensino superior tem como objetivo apresentar a história de
cinco jovens universitários da comunidade de Pernambuco, zona rural do município de
Muritiba. Através de seus depoimentos iremos documentar as questões que marcam a trajetória
de vida até o ingresso no ensino superior, os desafios enfrentados para permanecer na
universidade, os aspectos da formação destes jovens, compreender as mudanças que ocorrem
durante a graduação, buscando ao mesmo tempo, conciliar sua vida no contexto familiar,
universitário e enquanto morador de comunidade rural, perceber como o espaço universitário
mudou sua visão de mundo.
Temos como objeto de pesquisa, os estudantes da zona rural, ingressos da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia - campi de Cachoeira e Cruz das Almas, da Faculdade Maria
Milza - em Governador Mangabeira e da Faculdade Adventista da Bahia, no distrito de
Capoeiruçu - Cachoeira. Os jovens das comunidades rurais lutam para combater a
invisibilidade social, que infelizmente são submetidos, não tem reconhecimento, sofrem
preconceitos e são estigmatizados, Weisheimer (2013) explana:

Entre todos os excluídos e marginalizados de nossa sociedade atual, os jovens que


vivem em territórios rurais figuram como vulneráveis. A invisibilidade social que
estes jovens mais cruéis de exclusão social, uma vez que, dessa forma, eles se tornam
sujeitos de direitos sociais ou alvos de políticas públicas, invisibilizando o
rompimento da própria condição de exclusão (WEISHEIMER, 2013, p.23).

A educação é uma forma dos jovens da zona rural ganharem visibilidade perante a
sociedade, pois, dentro deste espaço sairão psicólogo, farmacêutico, administrador, cientista
social, gestor em cooperativa, jornalista, pedagogo, juventude com grandes potenciais, porém,
acabam sendo desvalorizados pelos simples fatos de serem oriundos de uma zona rural.
Segundo Carneiro (2005, apud Menezes; Souza; Pereira, 2012), “a educação se destaca em
primeiro lugar como assunto que mais interessa a aproximadamente um quarto dos jovens
rurais (22%)”. Os jovens rurais enxergam na educação, caminhos para conquistar melhores
condições de trabalho. Os pais almejam que seus filhos tenham uma vida diferente da sua, do
trabalho árduo nas lavouras, trabalhando na agricultura familiar.
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2 JUSTIFICATIVA

As poucas pesquisas relacionadas ao estudo com a juventude rural, motivou a


elaboração de um trabalho relacionado a este grupo de pessoas. Durante a trajetória acadêmica
existe uma carência de se falar deste público que também ocupa o espaço acadêmico. A
universidade muitas das vezes causa um medo, insegurança, sentimento de inferioridade, em
muitos jovens rurais que estudaram em escolas públicas e não acreditavam que era capaz de
ocupar o espaço universitário.
O registro da história de luta e superação destes jovens por meio deste trabalho,
possibilitará que as pessoas conheçam a realidade de muitos jovens que embora passam por
diversos problemas, não desistem de suas ideais e acabam servindo de inspiração para muitos
outros jovens.
A disciplina de Oficina de Textos, ministrada pela professora Leila Nogueira no
primeiro período da graduação em 2016, despertou o interesse por essa temática, através de
um trabalho que relatou a vida de uma estudante de zona rural que sofria com a invisibilidade
e com os problemas financeiros que era uma grande dificuldade para sua permanência na
faculdade, porém, o seu desejo de vencer e de ver o sonho de seus pais realizado em ter uma
filha formada no ensino superior, fizeram com que ela lutasse para permanecer nesse meio.
Durante o início da graduação o medo e a insegurança me fizeram paralisar e eu não
conseguia me desenvolver nas discursões em sala de aula, me sentia incapaz de ocupar este
espaço, acreditando que eu enquanto moradora de zona rural não merecia fazer parte do curso
de jornalismo, no entanto, durante as disciplinas de Telejornalismo I, ministrada pela professora
Leila Nogueira e Radiojornalismo II, ministrada pelo professor Guilherme Fernandes, eu pude
de fato me descobrir no curso de jornalismo e entender que minha limitação de estudante
oriunda da zona rural não era motivo para me fazer desanimar e a partir dessas disciplinas que
eu fui me desenvolvendo ao longo do curso.
Graças a disciplina de Telejornalismo minha equipe de trabalho teve VT indicado para
o prêmio Montezuma de Comunicação, e que foi o pontapé para abrir novas portas, e através
dessa experiência eu fui selecionada para ser repórter do Projeto de Extensão, Saberes
Cruzados. Através da disciplina de Radiojornalismo II, novamente tive matéria indicada para
o prêmio Montezuma e tive a experiência de apresentar um radiodocumentário desenvolvido
na disciplina no Intercom Nordeste, no Maranhão. E que foi também a motivação de produzir
um produto radiofônico. Eu pude entender que independente do meio e que estamos inseridos
temos que usufruir de todos os benefícios que o ambiente acadêmico nos proporciona.
11

Em maio de 2019, eu tive a experiência de ter sido fonte do Profissão Repórter,


apresentado pelo jornalista, Caco Barcellos, no episódio “Estudantes e Professores mostram a
realidade da educação no Brasil”, no qual, Caco Barcellos acompanhou todo o nosso percurso
e foi a oportunidade de mostrar para a sociedade que os estudantes de comunidades rurais lutam
diariamente para conquistar o seu espaço, com muita força, resistência e dedicação. Ter
participado deste programa foi uma fonte de referência para a escolha do tema deste trabalho.
Diante disso este trabalho torna-se relevante, pois mesmo com todas as dificuldades
estes jovens batalham para conquistar os seus sonhos, mesmo ouvindo discursos que legitimam
e reforçam estereótipos como “filho de pobre e da zona rural não vão chegar a lugar nenhum”.
Através desta produção acadêmica, deixaremos registrado que moradores de comunidades
rurais podem ocupar qualquer espaço independente de ser morador de zona rural, e também é
uma oportunidade dos jovens da comunidade de Pernambuco tornarem atores de suas histórias
e consequentemente conquistarem a visibilidade perante a sociedade. É também uma forma de
dar retorno à comunidade de Pernambuco.
12

3 CONTEXTUALIZANDO O TERRITÓRIO

Antes de adentrarmos ao tema proposto nesta produção acadêmica, faz-se necessário


contextualizar o território em que estamos inseridos. Diante dos vastos conceitos que
estudiosos da área definem o termo, o território pode ser entendido com um espaço de relação
entre os indivíduos, um espaço onde se constrói sua identidade, um local onde o seu povo vive
e luta pela sua sobrevivência.
Diante disso, a comunidade de Pernambuco, local em que este trabalho se delimita, fica
localizado no município de Muritiba, no Recôncavo da Bahia. A localidade de Pernambuco
carrega consigo um atrelado de significados para o seu povo, significados estes que tornam o
Pernambuco único em meio a tantos outros lugares, é um território em que o seu povo constrói
a sua identidade se tornando atores sociais que lutam pelo desenvolvimento de sua comunidade.
A importância do território para a produção deste produto carrega consigo significados
coletivos onde todas as fontes têm uma relação de pertencimento com este meio, resgatando
suas memórias e vivências.

3.1 RECÔNCAVO DA BAHIA

O conceito de território é alvo de vários debates ao longo dos anos. Com o avanço da
globalização, várias são as imbricações que giram em torno do território, estudiosos da área
buscam debater, entender, problematizar as vertentes deste conceito. O geógrafo Milton Santos
(2007, p.13) conceitua que: “território é o lugar em que desembocam todas as ações, todas as
paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem
plenamente se realiza a partir das manifestações da sua existência”.
O Recôncavo da Bahia é uma região que geograficamente fica em torno da baía de
Todos os Santos, tendo grande importância no contexto histórico, cultural, econômico e social
para o estado da Bahia. Nacif (2010) explica que, o termo recôncavo, originalmente usado para
designar o conjunto de terras em torno de qualquer baía, se associou, no Brasil, desde os
primórdios da colonização, à região que forma um arco em torno da Baía de Todos-os-Santos.
Brandão afirma:
O Recôncavo histórico e cultural – área da Grande Salvador – está contido, na face
litorânea da Zona da Mata, entre o Sauípe e o Jequiriçá, com um limite a sudoeste ao
longo do Rio da Dona, formando uma faixa em semicírculo de cerca de 50 a 70 km
de largura, em torno da Baía de Todos os Santos. Vem daí sua designação como
Recôncavo da Bahia ou simplesmente Recôncavo, e não Recôncavo Baiano, como o
vêm denominando os documentos oficiais (BRANDÃO, 2017, p.24).
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Essa região se caracteriza não apenas pelas suas incríveis variáveis físico-naturais, mas,
sobretudo, por sua história e dinâmica sociocultural. Para Bahia (2019), o recôncavo teve
fundamental importância na exploração agrícola fomentando a economia e forte fator para a
formação da identidade cultural, ficou muito conhecida pela presença do número expressivo de
negros escravizados durante o período escravocrata:
A região conheceu diferentes fluxos de exploração econômica, iniciando com a
extração de madeira (jacarandá e cedro-rosa, principalmente) da luxuriosa floresta
fluvial que existia até o Século XVI. A partir daí e até o Século XVIII, foi desenhando
um perfil de exploração agrícola que concentrou nas áreas de Muritiba, Cruz das
Almas e São Gonçalo as plantações de fumo e mandioca, reservando as demais para
a monocultura da cana-de-açúcar. As lavouras de cana, algodão e fumo (e depois a
extração de dendê) foram as primeiras e por muito tempo as mais importantes fontes
de exploração econômica, demandando um grande contingente de mão-de-obra
escrava, que daria os contornos para a formação de sua identidade cultural (BAHIA,
2019, p.24-25).

O Recôncavo da Bahia é um território formado por 20 municípios: Cabaceiras do


Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo
Costa, Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Santo Amaro, Santo
Antônio de Jesus, São Felipe, São Félix, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé,
Sapeaçu, Saubara e Varzedo, nota-se que mesmo fazendo parte de um mesmo território,
observamos diferentes características relacionadas com as questões culturais, política ou social.
Mesmo com suas particularidades, com o avanço da globalização o Recôncavo da Bahia
acaba se fortalecendo para manter vivas as suas tradições, como, por exemplo, os festejos
juninos, que mesmo com a mundialização e a espetacularização das festas em colocar novos
ritmos, de ter interferência dos poderes públicos que acabam uma via de mãos duplas, um lado
a valorização do recôncavo enquanto celeiro de diversas culturas e identidades e de outro a
descaracterização de uma festa tradicional.
Para Milton Santos (1998) é a partir dessa realidade que encontramos no território, hoje,
novos recortes, além da velha categoria região; e isso é resultado da nova construção do espaço
e do novo funcionamento do território. Nota-se que todo o processo de globalização assegura
que o mesmo território possui várias territorialidades, no sentido que mesmo estando no
recôncavo cada cidade vai ter o seu significado para as pessoas que ali habitam, mesmo face ao
processo de globalização cada local tem sua cultura, sua identidade e a sua história.
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3.2 MUNICÍPIO DE MURITIBA

Muritiba é uma cidade localizada no Território do Recôncavo Baiano, distante a 114


quilômetros da capital Salvador. Segundo os dados do IBGE (censo 2010), a população do
município é 28.899 habitantes, sendo que 18.040 residem na zona urbana e 10.859 em
localidades rurais, tendo a densidade demográfica de 323,58 habitantes/Km 2.
O município nasceu com a chegada de exploradores portugueses e jesuítas no ano de
1559, de acordo com Brito (2015), após os exploradores atingirem as cidades de Cachoeira e
São Félix, escalando a serra criaram dois templos e conventos, dando origem ao povoado de
Muritiba. Antes de sua fundação as terras eram habitadas pelos índios Maracás (Tapuias).
Segundo Brito (2015), em 1889 São Félix foi desmembrada do Município de Cachoeira,
tornando Muritiba distrito de São Félix. Mediante a Lei nº 1349, assinada pelo então
Governador da Bahia, Antonio Muniz Sodré de Aragão, de 8 de agosto de 1919, Muritiba
elevou-se à categoria de vila e município. Sobre a origem do nome, o antropólogo Theodoro
Sampaio em seu livro “O Tupi na Geografia Nacional”, escreve que Muritiba se origina do
nome Merú- tyba que significa o mosqueiro ou o sítio das moscas.
O município de Muritiba (sede) é composto pelo Distrito de São José do Itaporã e por
alguns povoados como aborda Brito (2015) que costumamos chamar de roça, merecendo
destaque: Alegre, Baixa Grande, Baixa Pequena, Beija-Flor, Caatinga-Seca, Candeal, Carro
Quebrado, Gravatá de Baixo, Gravatá de Cima, Mil Peixes, Laranjeiras, Marimbondo, Maxixe,
Pau-Ferro, Pedrinhas, Pernambuco e Tabuleiro da Baiana.
A cidade de Muritiba é rica em manifestações culturais e eventos religiosos, tendo
destaque ao novenário do Padroeiro São Pedro do Monte e a festa profana denominada São
Pedro da Serra e a festa em louvor ao Senhor do Bonfim, dando destaque ao Pregão anunciador,
anunciando a Festa do Bonfim e as tradicionais lavagens: a dos ‘cão’, das caretas e das baianas.
A figura abaixo identifica a localização territorial do município de Muritiba, no
Recôncavo da Bahia e os municípios com quem se limita.
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Figura 1: Mapa Território de Identidade 21

Fonte: SEI-BA

3.3 A CONSTRUÇÃO DA TERRITORIALIDADE DA COMUNIDADE RURAL DE


PERNAMBUCO

O universo de pesquisa que será explorado neste trabalho é a comunidade de


Pernambuco, zona rural de Muritiba. Não encontramos dados referentes à origem do nome. A
comunidade possui uma população média de 820 moradores, de acordo com registros realizados
no ano de 2020, através do cadastro das famílias na Unidade Básica de Saúde Humberto
Augusto Alves. Pernambuco é uma localidade que passou a ter energia elétrica em 12 de
dezembro de 1994 e a água encanada foi inaugurada em 26 de julho 2015, o desenvolvimento
da comunidade começou devido a interferência dos governantes da época. A população tinha
que puxar água em cisternas e tinham período que secava a cisterna em algumas casas, as
pessoas que tinha em água em abundância nas suas residências sedia para quem não tinha. A
relação de cumplicidade, irmandade e união na comunidade é muito forte, é um ajudando o
outro nas suas necessidades e anseios.
A religião predominante é o catolicismo, porém, têm pessoas adeptas ao candomblé e
ao protestantismo. A escolaridade que predomina é o ensino fundamental incompleto e o ensino
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médio completo, tendo algumas pessoas analfabetas e outras com ensino superior completo e
em fase de conclusão. A comunidade conta com uma escola municipal, associação comunitária
(que atualmente se encontra desativada), campos de futebol, granjas de avicultura, uma fazenda
de citros, mercadinhos, bares e quiosques. As principais manifestações culturais são a festa do
Padroeiro (São José) e as datas comemorativas, São João, São Pedro, Santo Antônio, Natal e
Ano Novo. A principal fonte de renda dos moradores é a agricultura familiar, muitas famílias
tiram seu sustento através do cultivo de mandioca, limão, laranja, amendoim, milho, aipim,
batata-doce, abóbora, andu e vários outros alimentos.
Embora Pernambuco enfrente dificuldades de acesso à saúde, educação, esporte,
cultura, lazer e estradas de qualidade é um local que existe uma irmandade na qual uns ajudam
aos outros, compartilhando seus anseios, dificuldades, lutas e vitórias. No que diz respeito sobre
o pertencimento, de trocas do meio em que se vive, de analisar o território não só como um
espaço em que se habita, mas como também como uma local de construção identitária, como
descreve Santos:
O território não apenas o conjunto dos sistemas naturais e de sistemas de coisas
superpostas; o território tem que ser entendido como território usado, não o território
em si. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de
pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho; o lugar da
residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida. O território em si
não é uma categoria de análise em disciplinas históricas, como a geografia. É o
território usado como categoria de análise (SANTOS, 2007, p.14).

O território é composto por várias territorialidades. Sack (1986 apud GIL, 2004, p.7)
entende a territorialidade como a tentativa de um indivíduo ou grupo social de influenciar,
controlar pessoas, recursos, fenômenos e relações, delimitando e efetivando o controle sobre
uma área. A territorialidade envolve relações econômicas, culturais, políticas e sociais, por isso,
um único território pode ter várias territorialidades o que irá diferenciar é a relação social que
o indivíduo terá com aquele espaço.
Pernambuco é uma roça que não se difere das outras comunidades rurais de Muritiba,
porém, cada espaço é único para as pessoas que convive nesse meio. Assim, falar de
Pernambuco é falar dos idosos que são fontes de conhecimentos, de memórias, de saberes
populares, é lembrar das benzedeiras e rezadeiras, das festas populares que existem, das festas
de padroeiros, de todas os ditos populares, contada pelas gerações passadas. É lembrar dos
jovens que lutam para conquistar um futuro melhor, seja estudando ou trabalhando, é lembrar
de todas as pessoas que já viveram na comunidade e que hoje não estão em nosso meio, mas
deixaram muitas fontes de conhecimento e experiência. É um local que tudo se planta, colhe e
compartilha com os outros, a irmandade e a cumplicidade deste pedaço de chão que os
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moradores orgulham em falar “minha comunidade”, “minha roça”, “meu Pernambuco” é a


relação de afetividade com o meio em que se vive, das recordações, das memórias e trocas
mútuas – e, além de tudo, é o meu lugar de fala, de vivência, de afetividades: é a minha relação
de vizinhança.
Apesar de a localidade de Pernambuco não ser diferente de outras, o que vai tornar esse
território único é a relação do seu povo com o lugar em que se vive, ou seja, Pernambucano
pertence ao seu povo, como seu povo pertence ao Pernambuco, de forma que as pessoas que
vivem neste meio buscam a cada dia construir a história e a identidade deste lugar. Uma
construção de espaços de diálogos e de vivências que possam romper as barreiras das
desigualdades socioeconômicas. Esse povo luta para que a zona rural tenha os mesmos direitos
que a zona urbana, e não desigualdades, preconceito e falta de acessibilidade.
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4 RÁDIO E LINGUAGEM RADIOFÔNICA

O rádio é, por definição, um meio dinâmico. Está presente lá, onde a notícia acontece,
transmitindo-a em tempo real para o ouvinte. Também aparece ali, onde se faz necessária uma
canção para espairecer ou enlevar. E chega acolá, naquele cantinho humilde a carecer de uma
palavra de apoio, de conforto ou, quem sabe, de indignação. (FERRARETTO, 2014).
Presente em muitos lares brasileiros, o rádio é um veículo de baixo custo, sendo um dos
principais veículos de informação e reivindicação quando se refere às comunidades rurais. De
acordo com Weber e Déver (2010, p.50), “o rádio é um veículo com linguagem simples e de
grande alcance, por isso é muito comum no meio rural. Além disso, o rádio não exige que seus
usuários tenham um grau de instrução elevado, uma vez que, como não utiliza imagens, seu
texto deve ser simples e autoexplicativo”.
Kaplún (2017) elenca as vantagens do rádio como veículo de massa, sendo um meio de
comunicação de ampla difusão popular, simultâneo, instantâneo, com largo alcance, com baixo
custo e acesso remoto às casas dos destinatários.
Para Ferraretto (2014, p.46), “a linguagem radiofônica engloba o uso da voz humana
(em geral, na forma da fala), da música, dos efeitos sonoros e do silêncio, atuando isoladamente
ou combinados entre si”. A linguagem radiofônica tem de ser clara, objetiva e simples para que
todos os ouvintes independentes do grau de instrução possam compreender, possibilitando
assim que os diálogos aproximem o receptor do emissor.
Conforme José e Sergl (2015),

Sem dúvida alguma, foi a peça radiofônica publicitária, conhecida hoje


como spot publicitário, que inicialmente, mais “investigou” a potencialidade do
rádio como linguagem; portanto, na radiofonia, jingles e “reclames”, como eram de-
nominados os textos comerciais falados, precisavam atrair a escuta dos ouvintes
e fixar a marca diante do público para torná-lo consumidor e só a oralidade não
dava conta dessa tarefa porque, como tudo no rádio era palavra falada, a peça
comercial radiofônica precisava de constituintes diferenciadores no todo da
programação e precisava conquistar um espaço fixo no interior da programação (e
conquistou: a Barra Comercial). Enfim, o rádio precisava tornar-se rentável e o
caminho foi tornar-se mídia. (JOSÉ; SERGL, 2015, p. 5-6)

Os quatros elementos da linguagem radiofônica proposta por Ferraretto (2014) e José e


Sergl (2015) são: a voz, música, efeitos sonoros e o silêncio. Estes elementos foram inseridos
na produção do radiodocumentário.
19

4.1 VOZ HUMANA

A voz é um fator imprescindível para a linguagem radiofônica. “A palavra, na


linguagem radiofônica, assume uma diversidade de funções, muitas das quais são
complementares, enquanto outras adquirem maior relevância
dependendo do tipo e da finalidade do discurso” (MARTÍNEZ-COSTA; DÍEZ UNZUETA,
2005, p. 46-47 apud FERRARETTO, 2014, p.47).
Nessa produção, a linguagem da voz humana foi utilizada como forma de transmitir aos
ouvintes através da entonação das vozes, as sensações e sentimentos, a reflexão, a formação de
ideias a idealização de cenário em que as fontes estão inseridas.

4.2 MÚSICA

A música foi utilizada como background (BG), como forma de complementar e


aperfeiçoar o conteúdo, está presente na abertura, na finalização da divisão do conteúdo e na
finalização do produto, possibilitando, assim, uma leveza na escuta do produto. Para Kaplún
(2017) dentro de um programa de rádio a música tem diversas funções, entre ela, a função
gramatical, a qual foi empregada nesta produção radiofônica, “colocamos trechos de música
para separar seções ou blocos de texto, para passar de um assunto a outro” (KAPLÚN, 2017,
p. 152).
Conforme José; Sergl (2015):

Mas a grande sacada foi a descoberta de que era possível recortar a música em muitas
de suas frases musicais, deslocá-las da composição original para outros contextos,
tanto musicais, através das mixagens, como para ser suporte de textos verbais
oralizados, através de backgrounds, mais conhecidos como BG. Como nomenclatura
radiofônica, esse recurso técnico foi denominado de trilha sonora. (JOSÉ; SERGL,
2015, p. 6).

A música escolhida foi a “Natureza das Coisas” interpretada pelo cantor Flávio José, a
escolha da canção foi por eu acreditar que a letra dela retrata toda a trajetória de vida destes
jovens complementando as falas. A mensagem que eu quero passar para estes jovens através
desta música é de não desistir, pois tudo tem o seu tempo e que para conseguir algo na vida
temos que lutar, batalhar e ter força de vontade, acreditando que tudo dará certo um dia
independente das circunstâncias que vierem a surgir ao longo do caminho.
20

4.3 EFEITOS SONOROS

O efeito sonoro utilizado na produção radiofônica foi o som de enxada capinando e o


som ambiente do canto dos pássaros, possibilitando que os ouvintes relacionem esses sons com
o ambiente rural. De acordo com Ferraretto (2014), o efeito sonoro descritivo-ambiental permite
construir um cenário permitindo a localização de objetos e de personagens dentro deste.

4.4 SILÊNCIO

“Elemento intrínseco à linguagem verbal, o silêncio potencializa a expressão, a


dramaticidade e a polissemia da mensagem radiofônica, delimita núcleos narrativos e
psicológicos e serve como elemento de distância e reflexão” (BALSEBRE, 2010 apud
FERRARETTO, 2014, p.52). O silêncio permite que o ouvinte reflita com o que está sendo
abordado tirando suas próprias conclusões, o silêncio é o elemento imprescindível na
linguagem radiofônica.
A linguagem radiofônica é marcada pela oralidade e sonoridade, pelos elementos
verbais e sonoros, tudo aquilo que atinge o órgão da audição. De acordo com José e Sergl
(2015), “na Radiofonia, a Oralidade é marcada essencialmente pelo som fonético que produz a
palavra falada e a Sonoridade é marcada essencialmente pelo som musical e por sons que, sem
formar melodia, funcionam para outras indicações e são conhecidos por efeitos sonoros”
(JOSÉ; SERGL, 2015, p.15).

4.5 RÁDIO E TECNOLOGIAS

O advento das novas tecnologiass promoveu diversas transformações na radiofonia, o


rádio que antes era limitado ao aparelho ligado na tomada, passou por transformações
tecnológicas e hoje está presente nos aparelhos celulares, notebooks, televisão. Neste contexto,
a radiodifusão possibilitou uma mobilidade onde os ouvintes podem escutar o conteúdo em
qualquer lugar e horário.
Dentre as linguagens radiofônicas presentes e com o advento da internet temos uma
nova era, a era digital. O rádio está presente nos meios digitais como a webrádio, em que a
transmissão é exclusiva pela internet e não necessita de altos investimentos para pôr no ar, com
um aparelho de celular e internet a pessoa consegue produzir um programa, temos o podcasting
21

“é ele mesmo, uma continuação da radiodifusão”. (BONINI, 2020, p.18). Além das diversas
plataformas digitais de áudio disponíveis na internet.
Nesta concepção, “Raízes da Roça: Radiodocumentário sobre as narrativas e trajetórias
dos jovens da comunidade de Pernambuco no Ensino Superior” está inserido nas mídias
digitais, uma vez que o principal meio de veiculação será pelas plataformas digitais e
possibilitando que as pessoas poderão ouvir do seu próprio aparelho celular, notebook, em qual
horário e lugar.
22

5 RADIODOCUMENTÁRIO

No rádio existe uma diversidade de formatos jornalísticos, entre eles o


radiodocumentário. Este gênero tem que chamar a atenção, “é preciso entreter e ao mesmo
tempo, informar, esclarecer e estimular novas ideias e interesses” (MCLEISH, 2001, p.192).
Desta forma o autor afirma:

Um documentário apresenta somente fatos, baseados em evidência documentada,


registros escritos, fontes que podem ser citadas, entrevistas atuais e coisas do gênero.
O objetivo fundamental é informar, mostrar uma história ou situação sempre se
baseando na reportagem honesta e equilibrada (MCLEISH, 2001, p. 191).

Segundo Ferraretto (2014), para conceituar o documentário, uma das principais


dificuldades que se apresenta diz respeito à sua diferenciação em relação à grande reportagem
ou reportagem especial. Em relação com a grande reportagem, o documentário permite que os
depoimentos sejam mais longos, tendo um maior tempo para a sua produção.
Os documentários radiofônicos surgem no final dos anos 1920, por influência dos
documentários cinematográficos. Os produtores da época perceberam que o gênero poderia
tornar o rádio mais interessante e “vivo”. Mas o formato ganha visibilidade a partir Glenn
Robert Gould (1932-1982), canadense considerando um dos maiores gênios musicais do século
XX (KLÖCKNER; PRATA, 2009, p. 162 apud SOUTO; CAETANO, 2012, p. 12).
De acordo com McLeish (2001), produzir um radiodocumentário exige planejamento,
pesquisa, estrutura e edições. Seguir essas etapas foi imprescindível para a realização do
produto.

5.1 PLANEJAMENTO

Dado que o planejamento exige do produtor uma organização das ideias, analisando a
duração do programa e a seleção do material coletado que será utilizado no produto. Nesta
etapa foi escrito um briefing para o radiodocumentário, onde foi definido um título provisório,
objetivo do produto, as informações referentes a temática, o conteúdo a ser explorado, as fontes
de entrevistas e a fonte de referência. A fonte de referência para a elaboração do trabalho foi o
programa jornalístico, Profissão Repórter, apresentado pelo jornalista Caco Barcellos e exibido
pela Rede Globo.
23

De acordo com McLeish (2001) não há nenhum padrão formal para organizar o
planejamento do programa; cada produtor tem seu próprio método. O briefing me auxiliou no
momento das entrevistas, pois, quando gravei a primeira ainda não tinha escrito o briefing e a
entrevista ficou muito redundante, “o briefing bem definido sabe o que quer e ao fazer as
perguntas certas poupa tempo e dinheiro”. (MCLEISH, 2001, p. 193).

5.2 PESQUISA
A pesquisa depende da decisão do produtor do programa, “deverá decidir se apela para
um especialista no assunto ou se ele mesmo redige o script. A questão da pesquisa dependerá
dessa decisão” (MCLEISH, 2001, p.193).
Como eu já tinha experiência em redigir script de rádio, devido às aulas de
Radiojornalismo II, escrevi o script do programa. Mesmo após a realização de todas as
entrevistas eu tive que voltar às fontes para complementar algumas informações.

5.3 ESTRUTURA

Para McLeish (2001, p.193), “a principal decisão estrutural é utilizar ou não um


narrador”, inicialmente escrevi o script e optei por ter dois narradores para a composição do
produto, porém, após as orientações do professor Guilherme Fernandes ficou decido que não
teríamos um narrador. Eu tive dificuldades para estruturar o radiodocumentário sem o narrador,
pois as falas dos entrevistados tinham que se complementarem para não ficar algo superficial.
Após muita dedicação eu consegui estruturar todo o produto sem a necessidade de um narrador,
ressaltando que desta maneira as fontes que se apresentam no início.

5.4. EDIÇÃO

Após ter seguido todas as etapas que foram supracitadas acima, chegou o momento da
edição. Inicialmente a abertura era composta apenas do texto de apresentação e da trilha sonora,
porém no decorrer das edições, o meu orientador sugeriu criar uma dramatização e vinheta para
compor a abertura do radiodocumentário. Foram realizadas várias edições até chegar à versão
final, a ideia central do briefing foi mantida, tendo alteração no título e o script foi modificado
de acordo com todas as alterações da edição.
24

O “Raízes da Roça: radiodocumentário sobre as narrativas e trajetória dos jovens da


comunidade de Pernambuco no ensino superior” visa convidar os ouvintes a conhecer a história
e trajetória de vida acadêmica de cinco jovens da comunidade de Pernambuco.

A principal vantagem do documentário sobre a fala direta é tornar o tema mais


interessante e mais vivo ao envolver um maior número de pessoas, de vozes e um
tratamento de maior amplitude. É preciso entreter e ao mesmo tempo informar,
esclarecer e também estimular novas ideias e interesses. (MCLEISH, 2001, p. 192).

O documentário radiofônico permite aprofundar em um tema central, no caso do


produto foi os jovens da comunidade de Pernambuco que se enquadram no tema proposto deste
trabalho e que tem propriedade em abordar o conteúdo. De maneira simples e clara relataram
através das entrevistas toda a sua trajetória enquanto estudantes oriundos do meio rural no
ensino superior.
25

6. INVISIBILIDADE DA JUVENTUDE RURAL

O conceito de juventude corresponde a um momento no ciclo da vida, caracterizado


como um período de transição entre a infância e a idade adulta. Culturalmente determinada, a
demarcação desta etapa da vida é sempre imprecisa, sendo referida ao fim dos estudos, ao início
da vida profissional, à saída da casa paterna ou à constituição de uma nova família ou, ainda,
simplesmente uma faixa etária (CARNEIRO; CASTRO 2007).
As Nações Unidas definem a juventude pelo grupo etário composto por pessoas entre
15 e 24 anos, a Política Nacional de Juventude (PNJ), considera todos da faixa etária entre 15
e 29 anos. Segundo o Diagnóstico da Juventude Rural de 2018, o último censo realizado pelo
IBGE apontou que o Brasil possui 32% da população entre 15 e 29 anos. Desses jovens, cerca
de 15% vivem em zonas rurais do país e na região a juventude rural equivale a 26,4%. Para
Weisheimer (2004 apud Castro, 2009), o recorte de juventude a partir de uma faixa etária
específica é pautado pela definição de juventude como período de transição entre a
adolescência e o mundo adulto.
A maioria dos estudos sobre juventudes tem foco para os jovens dos centros urbanos,
os jovens de comunidades rurais sofrem com a invisibilidade. Castro (2009) enfatiza, que
apesar de limitado, existe um material empírico considerável, especialmente associado à
“juventude urbana”. Mas no que concerne à chamada “juventude rural” a produção é bem
menor.
A juventude rural acaba recebendo estereótipos de que ser jovem de zona rural está
ligado ao atraso, de quem não quer nada, sem perspectiva, tendo sua vida relacionada com a
agricultura, tendo em vista que a zona rural sofre com o preconceito de que os jovens dos
centros urbanos são mais desenvolvidos do que os da comunidade rural, não basta só lutarmos
para conquistar nosso espaço perante a sociedade, temos que provar a todo momento que apesar
de sermos filhos de pais agricultores, sem estudo, temos a capacidade de ocuparmos qualquer
espaço e não somente seguir a profissão de nossos pais trabalhadores da “roça”.

Os identificados como jovens e rurais seriam aqueles que vivenciam o que podemos
denominar duplo “enquadramento”. Por um lado, sofrem com as imagens pejorativas
sobre o mundo rural e as consequências dessa desvalorização do mundo rural no
espaço urbano – ou seja, a associação do imaginário sobre o “mundo rural” ao atraso
e a identificação dos jovens como roceiros, peões, aqueles que moram mal. Por outro,
no meio rural, muitas vezes são deslegitimados por seus pais e adultos em geral, por
serem muito urbanos. Jovem rural carrega o peso de uma posição hierárquica de
subalternidade, ou seja, uma categoria percebida como inferior nas relações de
26

hierarquia estabelecidas na família, bem como na sociedade. Essa posição está, ainda,
marcada por um contexto nacional de difíceis condições econômicas e sociais para a
pequena produção familiar. (WANDERLEY, 2007 apud CASTRO, 2009, p 38).

Rubem (1990) argumenta que a invisibilidade é um dos principais fatores que inibem o
desenvolvimento das potencialidades dos jovens no meio rural, o que impede de contribuir para
o desenvolvimento rural sustentável. Esta invisibilidade acaba fazendo com que a juventude
deste meio busque oportunidades em grandes centros urbanos, pois muitos acreditam que a
juventude do campo não tem capacidade de ocupar lugares de destaque, mesmo tendo
profissionais da comunidade rural aptos a ocuparem determinados cargos o que acaba
acontecendo e que contratam pessoas da sede ou de outros municípios, porém não contratam o
jovem rural.

A invisibilidade consiste na característica de um objeto de não ser visível aos


observadores porque não absorve nem reflete luz. Ao acrescentarmos o termo social,
estamos nos referindo a situações em que determinados sujeitos se encontram
imperceptíveis nas relações sociais. Trata-se, portanto, de uma ação social que implica
em não ver o outro, não enxergar sua existência social e tudo que decorre deste fato.
Ou seja, por invisibilidade social entendemos todo um processo de não
reconhecimento e indiferença em relação a sujeitos subalternos da sociedade. Esta
invisibilidade social nega ao outro o direito ao reconhecimento e à identidade social.
Ela se manifesta na vida cotidiana, opera de modo intersubjetivo e objetiva-se nas
práticas do senso comum e do campo científico. Particularmente em relação à
produção do conhecimento científico, a invisibilidade se processa quando este não
abrange tais sujeitos, não reflete sobre eles, não lhes reconhece a e nem lhes atribui
capacidades reflexivas. (WEISHEIMER, 2013, p. 23).

Os jovens da comunidade muitas das vezes precisam interromperem os seus estudos


para poderem trabalhar para ajudar a custear o sustento da casa, porque a família não tem
condição financeiras. Nos deparamos com a realidade de que muitos jovens não saberem ler e
nem escrever, enquanto batalham para conseguir emprego, às vezes não consegue, acabam
buscando, lutando pela sua sobrevivência, optam por deixar os estudos de lado.
O estudo acaba sendo uma opção, não como forma de perspectiva de um futuro melhor,
deixam a comunidade e vão em busca de emprego nos grandes centros urbanos, outros ficam
na comunidade e vão trabalhar na roça dos outros e infelizmente muitos escolhem o caminho
das drogas.
O curso superior, o diploma, acaba sendo um luxo nas mãos de poucos, não um luxo
como questão de se engrandecer, mas como forma de que poucos jovens enxergam nos estudos
uma perspectiva de vida melhor, não pelo fato de não se acharem merecedores, incapazes, mas
pela construção histórica do meio rural, que sofre com a invisibilidade, com o preconceito em
27

pensar que filho de agricultor, o pobre, o negro, o “da roça”, não são merecedores de ocuparem
determinados espaços.

Os jovens rurais expressam suas articulações coletivas em busca de legitimidade


política através de produções musicais, de documentos e poesia, buscando maiores
espaços de acesso à educação, trabalho, lazer e cultura respeitando as suas identidades,
permitindo ver os jovens rurais como atores sociais que lutam pelo reconhecimento
da categoria juventude rurais. (MENEZES; SOUZA; PEREIRA, 2012, p. 4).

A juventude rural luta pelo seu direito enquanto pessoas que buscam contribuir para a
sociedade e principalmente para o desenvolvimento da sua comunidade e de seu município. Os
jovens rurais buscam visibilidade através dos estudos, da música, da capoeira, da dança,
buscando espaço na educação, cultura, lazer, esportes, no mercado de trabalho, permitindo que
os jovens lutem para serem atores sociais que buscam reconhecimento pelo seu potencial
enquanto juventude rural.
Sempre tive um olhar voltado para o público jovem, devido a minha participação na
Pastoral da Juventude da igreja católica, a temática relacionada com a juventude marginalizada
e excluída sempre foi alvo de meu interesse. Meu desejo sempre foi de uma certa forma levar
a minha comunidade para o ambiente universitário e principalmente o potencial da juventude
rural e olhando a minha trajetória de jovem e universitária que enfrentou diversos problemas
para ocupar este espaço. Então, comecei a observar os demais jovens universitários da
comunidade quem passam pela mesma situação que eu passei. Nas minhas observações como
moradora/documentarista e pesquisadora eu percebi que Adailma dos Santos Souza (28),
Alessandra Gonzaga Ramos (21), Aline Gonzaga Ramos (24), Daniel Santos de Jesus (25) e
Jacson de Souza Brandão (24) têm uma trajetória de vida que merecia ser mostrada, era a
oportunidade de possibilitar que essa juventude pudesse ser protagonista das suas histórias. Foi
também por sentir a carência de trabalhar a questão da juventude rural no ambiente acadêmico
que são pautas importantes a serem discutidas nesses ambientes.
Todo esse embasamento me direcionou a produzir o radiodocumentário, apesar de
serem pessoas diferentes, com histórias de vida com suas particularidades, mas o que unem
todos esses cincos jovens é a vontade de crescer através dos estudos, das dificuldades que
tornam eles cada dia mais fortes e com sede de vencer. Com essa produção os jovens vão
ganhar visibilidade e também pode ser o pontapé inicial para futuras pesquisas relacionadas a
juventude oriunda de localidades rurais.
28

7 PERTENCIMENTO: RURAL E RURALIDADE

Com a globalização e a modernização o meio rural sofreu diversos processos de


transformações, o rural passou a não ser somente o lugar da agricultura, como agora ganha
novas conjunturas, passou a ser um lugar em que se busca lazer, tranquilidade, bem-estar ou
até uma opção de moradia.

O contato com a natureza é, então, realçado por um sistema de valores alternativos,


neo-ruralista e antiprodutivista. O ar puro, a simplicidade da vida e a natureza são
vistos como elementos “purificadores” do corpo e do espírito poluídos pela sociedade
industrial. O campo passa a ser reconhecido como espaço de lazer ou mesmo como
opção de residência (CARNEIRO, 1998, p. 57).

Para Medeiros (2017) a ruralidade passa a se restringir à natureza enquanto fonte de


repouso e de tranquilidade. É uma natureza considerada bucólica, vista frequentemente a partir
de paisagens reais e idealizadas, pensadas como fatores de uma melhor qualidade de vida. Desta
forma, a ruralidade é um modo de vida própria do meio rural e com relação ao meio urbano.
O meio rural que era visto como pacato passou a sofrer grandes interferências dos
grandes centros urbanos, como por exemplo, o acesso à internet, a presença de comércios e a
industrialização das tarefas agrícolas que antes era feito de forma manual. Mas o que tornou o
meio rural não perder a sua identidade, são as suas histórias, o sentimento de pertencimento do
ambiente em que se vive. É um local de trocas e de irmandades e que mesmo com todo o
processo de modernização o rural sempre terá o mesmo significado para aqueles que ali
habitam. Ao conceituar ruralidade Medeiros (2017) aborda:

A ruralidade pode ser entendida como um modo de vida, como uma sociabilidade que
é pertinente ao mundo rural, com relações internas específicas e diversas do modo de
viver urbano. A ruralidade sugere uma gama considerável de imagens quando é
pensada, quando é discutida. Ruralidade é uma construção social contextualizada,
com uma natureza reflexiva, ou seja, ela é o resultado de ações dos sujeitos que
internalizam e externalizam através dessas ações a sua condição sociocultural presente
que é reflexo da condição herdada de seus antepassados. Nesta ruralidade está
expressa a capacidade destes sujeitos de se adaptarem às novas condições resultantes
das influências externas. (MEDEIROS, 2017, p. 182)

A ruralidade é um modo de vida pertinente ao meio rural e com relações específicas de


modo de vida urbana, de forma que os habitantes do meio rural conseguem se adaptar com as
influências, “as transformações na comunidade rural provocadas pela intensificação das trocas
29

com o mundo urbano (pessoais, simbólicas, materiais...) não resultam, necessariamente, na


descaracterização de seu sistema social e cultural. (CARNEIRO, 1998, p. 58).
O espaço rural é um local onde os laços de identidade com a terra se reconfiguram,
tornando-se mais fortes e reafirmando a importância do mundo rural, com todo esse processo
de modernização. Entende-se que a ruralidade não pode ser separada do rural, uma vez que
com todo o processo de modernização e interferência do centro urbano, o rural não se modifica,
ele tem o seu próprio significado e suas particularidades:

Estas novas ruralidades ao serem estudadas devem considerar todas as especificidades


e todas as representações deste espaço rural tanto em relação ao espaço físico
(referência ao território e aos seus símbolos), ao lugar onde se vive (territorialidades,
identidades) e lugar de onde se vê e se vive o mundo (a cidadania e inserção nas esferas
políticas e econômicas da sociedade). (MEDEIROS, 2017, p. 183).

Nunes; Neto (2016) contextualiza esta relação do urbano com o rural:

[...] uma coisa é certa, o que tem que ser buscado não é deter o homem no campo, mas
o caminho inverso, ou seja, promover as políticas públicas nas áreas rurais e nas
pequenas cidades, levar as políticas de investimento onde de fato precisam, como:
educação, saúde, habitação, saneamento, emprego, previdência, crédito [...].
(NUNES; NETO, 2016, p. 65).

Os desafios do meio rural são muitos, sofremos com a falta de acessibilidade, com a
carência em relação a saúde, lazer, esporte, educação, porém o que se deve ser pensado são nas
políticas públicas que possam agregar tanto o meio rural quanto o urbano de forma igualitária.
Pois seria muito mais fácil desistir de viver em um espaço rural e ir para uma área urbana que
tem muitos outros benefícios, porém a população rural decide continuar neste espaço, quanto
pela sua transformação evitando o êxodo rural entre outros processos migratórios.
30

8 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PESQUISA

Inicialmente este trabalho caminhava em dupla com Monalysa de Melo Pereira,


organizamos o roteiro das entrevistas e como eu sou moradora do Pernambuco realizava as
gravações e Monalyssa as decupava. Ela também realizou uma entrevista com a fonte através
do aplicativo Anchor. Porém no decorrer do processo, percebemos que o trabalho em dupla
não estava fluindo, pois como a temática do trabalho era uma realidade que Monalysa não
vivenciava e não tinha domínio com o tema ela não conseguia produzir. Com a orientação do
professor Guilherme e acordo entre nós, decidimos pôr fim à dupla e acabei caminhando
sozinha com o projeto.
Com um olhar de pesquisadora e como moradora do Pernambuco busquei durante a
vivência na comunidade, e também por conhecer a realidade de muitos jovens deste meio,
perceber que temos juventudes potentes com histórias e trajetórias de vida surpreendentes que
daria para desenvolver um trabalho acadêmico. Escolhi cinco jovens da comunidade que se
enquadram no objetivo proposto pela pesquisa. Após as observações, foi realizado o
levantamento de dados bibliográficos sobre território, rádio, radiodocumentário, juventude
rural, territorialidade, rural e ruralidade e sobre entrevista.
Adotei o método de entrevista em profundidade proposta por Duarte (2006), “a
entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e
pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir de experiência subjetiva de
uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer”. A partir das leituras e
observações, um roteiro de entrevista foi formulado de acordo com a pesquisa qualitativa, não
estruturada, aberta. De acordo com Duarte (2006), a entrevista aberta é realizada a partir de um
tema central. A questão do radiodocumentário foi a narrativa e trajetórias dos jovens da
comunidade de Pernambuco no ensino superior, cada jovem ficou livre para relatar toda a sua
trajetória a partir do tema estabelecido.
Após todas as técnicas e métodos utilizados, partimos para a decupagem e a elaboração
do roteiro, sempre lembrando que mesmo estando inserido no ambiente da pesquisa e por
vivenciar as mesmas experiências o autor interfere nos resultados a partir de suas escolhas.

8.1 OS ENTREVISTADOS
31

Adailma dos Santos Souza, graduanda do curso de Bacharelado em Ciências Sociais


pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), no Centro de Artes Humanidades
e Letras (CAHL), em Cachoeira.
Alessandra Gonzaga Ramos, graduanda do curso de Psicologia pela Faculdade
Adventista da Bahia, no distrito de Capoeiruçu em Cachoeira.
Aline Gonzaga Ramos, graduanda do curso de Farmácia pela Faculdade Maria Milza
(FAMAM), em Governador Mangabeira.
Daniel dos Santos de Jesus, graduando em Tecnólogo em Gestão em Cooperativas pela
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), no Centro de Ciências Agrárias,
Ambientais e Biológicas (CCAAB), em Cruz das Almas.
Jacson de Souza Brandão, graduando em Administração pela Faculdade Maria Milza
(FAMAM), em Governador Mangabeira-BA.
32

9. PROCESSOS DE PRODUÇÃO

O Raízes da Roça: Radiodocumentário sobre as narrativas e trajetórias dos jovens da


comunidade de Pernambuco no ensino superior foi roteirizado em bloco único, dividido em três
categorias, com duração total de 20 minutos e 02 segundos.
O radiodocumentário iniciou com a apresentação dos entrevistados, falando sobre sua
família, infância e contextualizando a comunidade. Na primeira categoria, foi abordado a
trajetória acadêmica até adentrar à universidade/faculdade e a sua adaptação neste ambiente.
Na segunda categoria, foi apresentado o percurso na universidade, abordando os
projetos desenvolvidos, as superações, desafios e mudança de visão a partir do ambiente
acadêmico. Para finalizar, os entrevistados abordaram suas perspectivas de futuro após a
conclusão do ensino superior.
Para compor a produção do produto, foi utilizado uma dramatização com as vozes de
moradores da comunidade: Genilda da Conceição, Naiara Dias dos Santos, Fláviane Oliveira
da Silva, Josec da Hora de Oliveira, Tailson dos Santos Souza e Adailane dos Santos Souza.
Além de utilizar as vozes dessas pessoas para a vinheta de abertura e fechamento. A vinheta de
abertura foi elabora pelo servidor técnico-administrativo da UFRB, Saulo Leal, que também
realizou o tratamento técnico das sonoras.
Para compor a produção do produto final, foi utilizado a canção “A Natureza das
Coisas”, do compositor Accioly Neto, porém, no radiodocumentário foi interpretada pela
cantora Carla Gomes, em cada finalização da divisão do conteúdo e na vinheta foi entoada pelo
cantor Flávio José.

9.1 PROCESSO DE GRAVAÇÃO

Utilizamos para registrar as entrevistas das fontes um aparelho celular Samsung Galaxy
J7 Duo com capacidade de 32 gigas de armazenamento, um cartão de memória da marca HC
com capacidade de 8 gigas.
As entrevistas tiveram durações variadas, pois as fontes ficaram livres para falar sobre
sua vida, duraram de trinta minutos a uma hora. As entrevistas aconteceram na residência dos
entrevistados, de acordo com o dia e horário disponibilizado pela fonte, seguindo todas as
recomendações de segurança da Organização Mundial de Saúde e dos Governos Estadual e
Municipal, devido ao período de pandemia do Coronavírus.
33

Elaboramos um roteiro com alguns pontos principais a serem tratados no decorrer da


entrevista, de acordo com o tema proposto para o objetivo do trabalho.

9.2 PROCESSO DE EDIÇÃO

Após a realização de todo o processo de gravação, foi realizada a decupagem onde


transcrevemos as entrevistas. O momento da decupagem foi muito estressante e trabalhoso,
porém, possibilitou agilizar o processo de edição e também facilitou a seleção dos trechos das
falas que iremos utilizar para compor o radiodocumentário. Depois de selecionar todas as falas
foi feito textos corridos com as categorias do radiodocumentário.
Para o processo de edição foram utilizados o notebook da marca HP 250 G7 Intel Core
i5 com capacidade de 8GB - 256GB SSD, fone de ouvido Samsung, caneta, lápis e caderno
para anotações. O software de edição de áudio foi Audacity, escolhido por ser de acesso
gratuito.
Todo o processo de edição foi muito trabalhoso e complicado, pois não tinha técnica e
nem habilidade para a edição e nem sabia manusear o programa. Com muita paciência e
dedicação, foi possível editar as entrevistas e a dramatização. Apesar das dificuldades foi muito
gratificante, prazeroso e emocionante, pois a partir de cada relatos foi possível perceber que os
jovens da comunidade de Pernambuco têm uma trajetória de vida de superação, luta, garra e
muita resistência.
Outra dificuldade enfrentada foi na duração do produto. Tive muita dificuldade para
selecionar os trechos que eu iria utilizar, pois como tinha muito material fiquei sem saber o que
iria compor o produto. Durante o período, meu orientador sempre mandava cortar alguns
minutos. A primeira versão ficou com média de 45 minutos, a segunda com 35 minutos e ele
me orientou para ter a duração até 21 minutos. Eu não sabia o que cortar, pois eu acreditava que
radiodocumentário iria perder a essência.
Após todas essas orientações de redução dos minutos eu pude perceber que muitas das
falas dos entrevistados seria essencial para compor o memorial descritivo e o produto
radiofônico que ao contrário que imaginava, não perdeu a essência, apenas extraiu o melhor das
falas dos entrevistados em minha perspectiva documental.
Fizemos duas versões do radiodocumentário, a primeira com todas as histórias isoladas,
inspirada no documentário Edifício Master de Eduardo Coutinho e a segunda com as histórias
intercaladas divididas em conteúdo. Após ouvir as duas versões, optamos pela segunda.
34

De acordo com as orientações do professor Guilherme Fernandes, foram feitas várias


alterações e também foi possível perceber os problemas técnicos que o radiodocumentário
apresentava e com a orientação diretor de som Saulo Leal os corrigimos. As orientações foram
muito valiosas, pois, foi possível concluir o produto com sucesso.

9.3 VEICULAÇÃO DO RADIODOCUMENTÁRIO

Esse radiodocumentário será exibido na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia


(UFRB), na apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso, no mês de maio. Será realizado
uma festa de divulgação na comunidade de Pernambuco, respeitando as recomendações da
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, para a exibição do produto. Além de uma campanha
de divulgação pelas redes sociais.
Este produto poderá ser divulgado em rádios como: Rádio Muritiba FM, em Muritiba,
Rádio Web Olha a Pititinga, em Cachoeira, na Rádio Web Alto da Serra, em Muritiba, Rádio
Excelsior Recôncavo, em Cruz das Almas- BA. Também poderá ser disponibilizado nas escolas
como forma de incentivo para os estudantes e na biblioteca do Centro de Artes, Humanidades
e Letras da UFRB. Além disso, o material estará disponível no SoundCloud, plataforma on-line
de publicação de áudio e compartilhamento nas redes sociais digitais.
35

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa produção acadêmica é motivo de muito orgulho e superação, pois a todo momento
eu pensava que não iria conseguir concluir essa etapa, entre os muitos problemas enfrentados
durante a construção deste TCC, acabei contraindo a COVID-19, perdi ente querido, problemas
de saúde no meu seio familiar que acabou acarretando em um turbilhão de sensações. No
entanto, parei e analisei toda a minha vida acadêmica, todos os altos e baixos que passei, os
obstáculos diários que enfrentei para poder chegar até aqui e eu não poderia e nem deveria
estacionar, pois tinha uma comunidade acreditando em mim e no meu potencial.
Recordo-me que perdi aulas para poder trabalhar na lavoura de limão para conseguir
dinheiro para custear os gastos universitários, perdi aulas por não ter dinheiro para pagar as
passagens, ouvi comentários negativos de pessoas questionando a minha capacidade em ter
conseguindo acesso a uma universidade federal, porém isso não me desanimava, não me
deixava triste e sim, motivada em querer buscar sempre o melhor, em chegar em sala de aula e
superar todas as minhas dificuldades, sempre com sorriso no rosto.
E analisando toda essa trajetória, a comunidade de Pernambuco tem jovens que
enfrentam muitos problemas para permanecer na universidade, contudo, não se deixam abater,
mesmo diante de todas as lutas diárias que surgem ao longo do caminho. As dificuldades não
se tornam empecilhos para fazerem eles desistirem e sim um degrau para quererem subir cada
vez mais para conquistar os seus objetivos.
A juventude rural sofre com a invisibilidade, questionam a todo o momento sobre a sua
capacidade de ocupar os seus espaços, são desvalorizados, estereotipados e essa produção
acadêmica surgem na perspectiva de mostrar o contrário destas características negativas, uma
forma de proporcionar uma visibilidade para a juventude rural, pois o filho do pobre, do
agricultor e da roça podem e devem ocupar qualquer espaço independente do meio em que se
vive.
Este radiodocumentário é um grito preso na garganta de muitos jovens que pensavam
que o ambiente acadêmico não seria para eles, o grito de uma juventude que se sente invisível
perante a sociedade perversa, preconceituosa e injusta. Essa produção é a maneira de mostrar
que a juventude rural não são poucas, são muitas e além de tudo é uma juventude unida, disposta
a lutar para serem protagonistas de suas histórias e que sabe lutar para serem referência e
inspiração para toda a comunidade.
Este memorial carrega consigo o sentimento de missão cumprida, de uma realização
pessoal, de persistência e garra, pois não sabia editar e eu acabei aprendendo, pois, a minha
36

força de vontade e o desejo de dar um retorno para a minha comunidade era maior do que
qualquer dificuldade. Espero que o Raízes da Roça se espalhe e mostre para o mundo que a
juventude rural é muito potente.
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REFERÊNCIAS

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https://www3.sct.embrapa.br/publicacoes/ProsaRural_Escobar_Miura_Intercom2008.pdf.
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WEISHEIMER, Nilson. Sobre a invisibilidade social das juventudes. DESidades, Rio de
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content/uploads/2013/12/DESidades-1-port.pdf>. Acesso em 17 de abr. de 2021
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APÊNDICE A- Script do Raízes da Roça: Radiodocumentário sobre as narrativas e


trajetórias dos jovens da comunidade de Pernambuco no Ensino Superior.

PRODUTO: DURAÇÃO:
RAÍZES DA ROÇA: RADIODOCUMENTÁRIO 20 minutos
SOBRE AS NARRATIVAS E TRAJETÓRIAS DOS
JOVENS DA COMUNIDADE DE PERNAMBUCO DATA:
NO ENSINO SUPERIOR 28/05/2021

FORMATO: EDITORA: TÉCNICO:


ÁUDIO ADAILANE SOUZA SAULO
LEAL

Tec.: Vinheta de abertura


Sobe som: Dramatização e apresentação
Desce som:
LOC - UM POVO QUE NÃO VAI CALAR A SUA VOZ BUSCANDO A SUA VEZ// EU
SOU ADAILANE SOUZA E A PARTIR DE AGORA VOCÊ VAI OUVIR RAÍZES DA
ROÇA: RADIODOCUMENTÁRIO SOBRE AS NARRATIVAS E TRAJETÓRIAS DOS
JOVENS DA COMUNIDADE DE PERNAMBUCO NO ENSINO SUPERIOR

Tec.: Sobe som: Trilha Sonora “A natureza das coisas- Carla Gomes”
Desce som

Sonora (1): ALINE GONZAGA RAMOS


DI: “Me chamo Aline Gonzaga Ramos, estou com 24 anos...”
DF: “A gente pode colher o que a gente planta, realmente, da terra, né, realmente a gente mora
no céu.”

Sonora (2): ADAILMA DOS SANTOS SOUZA


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DI: “Meu nome é Adailma dos santos souza, tenho 28 anos...”


DF: “Todos esses aspectos contribuíram para fortalecer ainda mais a cultura do Pernambuco.”

Sonora (3): JACSON DE SOUZA BRANDÃO


DI: “Eu sou Jacson, eu tenho 24 anos, eu moro em Muritiba, em uma zona rural chamada
Pernambuco...”
DF: “Uma fartura, uma irmandade, um ajuda o outro, essa cumplicidade que existe entre os
moradores é muito positiva.”

Sonora (4): ALESSANDRA GONZAGA RAMOS


DI: “Me chamo Alessandra Gonzaga Ramos, tenho 21 anos.”
DF: “E a adolescência foi basicamente isso também, um pouco difícil, mas boa.”

Sonora (5): DANIEL DOS SANTOS DE JESUS


DI: “Me chamo Daniel dos Santos de Jesus, tenho 26 anos, resido na comunidade de
Pernambuco...”
DF: “Então eu acho bom morar no campo, até o ar que a gente respira é diferente.”

Tec.: Sobe som: Trilha Sonora “A natureza das coisas- Carla Gomes”
Desce som:

Sonora (6): ALINE GONZAGA RAMOS


DI: “Sempre estudei em escola pública...”
DF: “Então para quem gosta é mais fácil se adaptar do que quem não gosta.”

Sonora (7): ADAILMA DOS SANTOS SOUZA


DI: “Meu nome é Adailma dos santos souza, tenho 28 anos...”
DF: “Todos esses aspectos contribuíram para fortalecer ainda mais a cultura do Pernambuco.”

Sonora (8): JACSON DE SOUZA BRANDÃO


DI: “Sempre foi escola pública e aí quando chegou a oitava série...”
DF: “E aí depois de uma semana eu fui me adaptando melhor as coisas.”

Sonora (9): ALESSANDRA GONZAGA RAMOS


42

DI: “Sempre estudei em escola pública...”


DF: “Foi tanto que a pedagoga me ajudou bastante.”

Sonora (10): DANIEL DOS SANTOS DE JESUS


DI: “Meu ensino médio também foi em escola pública...”
DF: “Que eu consegui uma bolsa, um auxílio de vale-transporte.”

Tec.: Sobe som: Trilha Sonora “A natureza das coisas- Carla Gomes”
Desce som:

Sonora (11): ALINE GONZAGA RAMOS


DI: “O que mais me motiva a estudar...”
DF: “Quando a gente conhece melhor a realidade onde a gente está envolvido.”

Sonora (12): ADAILMA DOS SANTOS SOUZA


DI: “Durante esses anos na universidade...”
DF: “A universidade mudou bastante o meu modo de viver em sociedade.”

Sonora (13): JACSON DE SOUZA BRANDÃO


DI: “Durante o curso eu tive a oportunidade de participar...”
DF: “Buscava sempre me esforçar e adentrar em novos lugares.”

Sonora (14): ALESSANDRA GONZAGA RAMOS


DI: “O que mais faz permanecer nesse caminho...”
DF: “E também ajudar outras pessoas, inspirar outras pessoas.”

Sonora (15): DANIEL DOS SANTOS DE JESUS


DI: “Eu sei que com esse curso, com o conhecimento que vou adquiri ...”
DF: “Um membro da família está estudando em uma faculdade federal.”

Tec.: Sobe som: Trilha Sonora “A natureza das coisas- Carla Gomes”
Desce som:

Sonora (16): ALINE GONZAGA RAMOS


43

DI: “pretendo depois fazer pós...”


DF: “Porque também vai ajudar o próximo, as vezes não é a nossa hora.”

Sonora (17): ADAILMA DOS SANTOS SOUZA


DI: “Devemos batalhar, seguir em frente...”
DF: “Fiz disso uma força de vontade de querer buscar cada vez mais.”

Sonora (18): JACSON DE SOUZA BRANDÃO


DI: “Minha vontade é permanecer onde eu moro...”
DF: “Eu amo o recôncavo e principalmente, exatamente, Pernambuco, aqui onde estou.”

Sonora (19): ALESSANDRA GONZAGA RAMOS


DI: “Quando a gente fala em futuro...”
DF: “Eu lutei por mim esse é o grande diferencial.”

Sonora (20): DANIEL DOS SANTOS DE JESUS


DI: “Eu penso assim em me organizar pela aqui mesmo ...”
DF: “E eu não pôr em prática, é como eu jogasse no lixo todo esse tempo, né.”

Tec.: Vinheta de encerramento


Tec.: Sobe som: Dramatização final
Desce som:

LOC- ESTE RADIODOCUMENTÁRIO É PARTE DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE


CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO PELA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA-UFRB//

PRODUÇÃO E EDIÇÃO ADAILANE SOUZA/ ORIENTAÇÃO GUILHERME


FERNANDES/ PRODUÇÃO TÉCNICA SAULO LEAL//.

Sobe som: Trilha Sonora “A natureza das coisas - Flávio José”


Desce som
Sobe som: Vinheta Final
Desce som
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APÊNDICE B- Entrevistados do Radiodocumentário

Adailma dos Santos Souza

Estudante do curso Ciências Sociais

Foto: Adailane Souza

Alessandra Gonzaga Ramos

Estudante do curso de Psicologia

Foto: Acervo Pessoal

Aline Gonzaga Ramos

Estudante de Farmácia

Foto: Acervo Pessoal


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Daniel Santos de Jesus

Estudante de Gestão em
Cooperativas

Foto: Acervo Pessoal

Jacson de Souza Brandão

Estudante de Administração

Foto: Acervo Pessoal


46

ANEXO A - Termo de autorização de uso de imagem e voz

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E VOZ

Eu,_________________________________________________________________,
brasileiro(a), portador(a) da cédula de identidade nº __________________________,
AUTORIZO o uso da minha imagem e da minha voz por Adailane dos Santos Souza,
brasileiro(a)(s), portador(a)(s) da cédula de identidade nº 16.279.380-44 , estudante(s) do curso
de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo do Centro de Artes, Humanidades e
Letras (CAHL), para a realização do Raízes da Roça: Radiodocumentário sobre as narrativas e
trajetórias dos jovens da comunidade de Pernambuco no ensino superior. A presente autorização
é concedida a título gratuito e irrevogável, abrangendo o uso da imagem e da voz acima
mencionadas em festivais ou concursos universitários, em todo o território nacional e no
exterior.

Cachoeira, de de .

___________________________________________
Assinatura

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