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Inércia Eulália

Lânea Erca
Marcelina Faife
Marina Chamo

Licenciatura em Psicologia Social das Organizações

3o Ano Laboral

Estatuto e poder

Universidade Pedagógica
Maputo
2023
Inércia Eulália
Lânea Erca
Marcelina Faife
Marina Chamo

Licenciatura em Psicologia Social das Organizações

3o Ano Laboral

Universidade Pedagógica
Maputo
2023
Índice
1. Introdução...........................................................................................................................1

1.1. Objectivos....................................................................................................................2

1.1.1. Geral.........................................................................................................................2

1.1.2. Específicos...............................................................................................................2

1.2. Metodologia.................................................................................................................3

2.1. Poder...................................................................................................................................4

2.1.1. Poder na Sociologia......................................................................................................4

2.1.2. Poder na Filosofia.........................................................................................................5

2.1.3. Poder na política...........................................................................................................5

2.1.4. Poder nas organizações.................................................................................................6

2.1.4.1. As bases de poder.....................................................................................................7

2.1.4.2. Relações de poder entre o líder e o colaborador........................................................8

2.2. Estratificação social............................................................................................................9

2.3. Estatuto social dos grupos dominantes e dominados........................................................10

3. Conclusão..........................................................................................................................13

4. Referências Bibliográficas................................................................................................14
1. Introdução

O poder é um dos temas mais controversos nas Ciências Humanas. De fato, em suas
várias faces, o poder extrapola o âmbito da política e confunde-se com as múltiplas
manifestações que assume na esfera social e privada. Há uma pluralidade de interpretações
sobre o poder em geral e o poder político em sua especificidade. Indagar sobre o poder
político exige que consideremos a política enquanto práxis humana. Portanto, os conceitos de
política, poder político e Estado encontram-se estreitamente ligados. Pensar o poder é,
simultaneamente, pensar a política.

Sachdev e Bourhis (1991) consideraram o estatuto e poder dos grupos como variáveis
de extrema influência nos padrões de comportamento intergrupal nas sociedades multiétnicas.
Assim, o papel moderador do estatuto e do poder do grupo no enviesamento intergrupal tem
sido progressivamente reconhecido.

Percebe-se que o ambiente organizacional vem sofrendo mudanças, “adaptações” ou


“rearranjos”, principalmente, após o século XVIII, que culminaram no actual cenário incerto
e volátil.

O poder pode ser considerado como um tema que encanta e desperta a atenção, tanto
de pesquisadores académicos ou profissionais. Observa-se que o poder é uma “ferramenta”
para elevar a eficiência e eficácia das organizações, mesmo sendo usado por uma perspectiva
coercitiva ou democrática. A natureza dinâmica, intrigante e, até desafiadora do tema reflecte
um campo fértil que desenvolveram e são desenvolvidas as teorias, que passam por vertentes
diferenciadas das ciências sociais e humanas.

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1.1. Objectivos
1.1.1. Geral

Caracterizar o poder dos estatutos sociais, organizacionais e em grupo dominantes e


dominados.

1.1.2. Específicos

 Definir o poder na vertente social, filosófica e política;


 Caracterizar o estudo social dos grupos dominantes e dominados em relação ao poder;
 Descrever o poder nas organizações.

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1.2. Metodologia
A metodologia de pesquisa usada no presente trabalho é qualitativa, tendo-se baseado
no carácter subjectivo, a partir de uma abordagem sócioantropolólica compilando
informações baseadas na observação de comportamentos naturais, discursos, respostas
abertas para uma posterior interpretação e significados de modo científico acerca dos factores
psicossociais.

Esta pesquisa foi mediante a pesquisa bibliográfica em diversos artigos electrónicos, e


internet.

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Estatuto de poder dos grupos dominantes e dominados

2.1. Poder

O poder é um tema de estudo e debate de inúmeras áreas do conhecimento, que


abordam diferentes perspectivas. Um dos processos sociais mais importantes é a capacidade
do indivíduo de interagir e modificar o comportamento do outro e é de fundamental
importância para a convivência humana, pois através disso faz com que as acções sejam
decretadas e feitas com objectivos traçados.

Desta maneira vários autores deixaram seu ponto de vista sobre a questão, mostrando
as várias vertentes do poder e como podem influenciar de modo negativo ou positivo.

2.1.1. Poder na Sociologia


No que se refere aos estudos da sociologia, o poder é definido geralmente, como a
habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma
maneira. Existem, dentro do contexto sociológico, diversos tipos de poder: o poder social
(de Estado); o poder económico (poder empresarial); o poder militar (poder político); entre
outros. Foram importantes para o desenvolvimento da actual concepção de poder nos
trabalhos de Max Weber e Pierre Bourdieu.

O Poder segundo Max Weber (2009) considera que o poder significa a probabilidade
de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra a resistência e
qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade, sendo assim, a imposição da vontade de
alguém pode ocorrer em inúmeras situações.

Bourdieu preocupou-se com o poder simbólico que seria o poder invisível que só
pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que estão sujeitos a esse poder ou mesmo
daqueles que o exercem.

Através das diversas formas e conceitos de diferentes pensadores no que tange o tema
poder, é possível analisarmos o quão é relevante e quais as consequências que o poder
organizacional ou empresarial pode ter.

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Porém, a definição de Poder mais utilizada na Psicologia Social é a de Jones (1972)
que definiu poder como o nível de controlo que um individuo ou grupo tem dentro da
estrutura social sobre o seu próprio destino ou o destino dos outros.

2.1.2. Poder na Filosofia


A filosofia política aborda as diferentes perspectivas nas quais os pensadores Hobbes,
Arendt e Michel Foucault conceituam o poder. Segundo Thomas Hobbes, "a organização do
Estado e dos poderes coincide com um contrato social que substitui o estado de Natureza no
qual dominava a força física e a lei do Mais Forte, o que ele denomina de Mundo Cão ou
Caos Social.

Quando todos detêm o poder, na realidade, este poder é inexistente de fato e de


Direito no Caos Social (deixando claro que se trata do poder político de Governar o Estado
ou Nação politicamente organizada mais precisamente o País, Segundo Thomas Hobbes),
pois, "no limite, o poder é exercido pelo mais forte esse o Estado de Direito".

Segundo Aristóteles, poder é um elemento natural que permeia as relações animais,


mas há um animal que transpassa o meio selvagem com o poder justamente por sua
capacidade de falar: o ser humano. Nesse sentido, o poder não é somente o ato de dominação
pela força, mas um atributo que o ser humano leva consigo como elemento-chave para o
entendimento das relações sociais.

Para Hannah Arendt, poder implica necessariamente a existência de duas ou mais


pessoas, ou seja, o poder é sempre relacional.

2.1.3. Poder na política

Para política, o poder está relacionado com as disputas políticas inseridas nas
instituições e na convivência diária dos indivíduos de uma sociedade e pode ser definido
como a capacidade de uma pessoa ou instituição governamental de impor sua vontade a que
afecta a decisão tomada.

A política, em seu sentido moderno, pressupõe a legitimação do poder, isto é, tanto


governantes quanto governados devem estar de acordo com as regras do jogo que
estabelecem o exercício do poder. Isto porque, segundo Arendt, a política se contrapõe ao
mundo natural sendo, por esta forma, o modo mais racional do exercício do poder, já que nas
relações em que impera a força bruta, não há espaço para a política, ou melhor, destrói-se o

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ambiente no qual é possível o exercício de poder político. Assim, poder seria o oposto da
violência. A violência acontece quando se dá a perda de autoridade e poder.

O Poder Político, por conseguinte, está atrelado tanto ao conceito de Poder Social que
envolve as relações humanas em sociedade quanto à função de mediação de conflitos da
política. Isso, entretanto, está inserido em um contexto específico no Estado moderno: o
monopólio do uso da força.

De maneira concisa, isso quer dizer que o poder político do Estado moderno sustenta-
se no domínio exclusivo do uso da violência de forma legítima, o que, em contrapartida, não
quer dizer que o poder político configura-se pela utilização da violência, mas, sim, pelo
controle da utilização dessa força como forma coactiva. Em outras palavras, o poder político
configura-se pela exclusividade do uso da força em relação a um conjunto de grupos que
formam um mesmo contexto social.

2.1.4. Poder nas organizações


Sendo o poder um tema que desperta a atenção de muitos profissionais. É uma
“ferramenta” utilizada para elevar a eficácia das organizações. Com isso o ambiente
organizacional vem sofrendo alterações, necessitando de adaptação constante, pois
actualmente as organizações estão tendo dificuldades em conduzir o mercado e sofrendo com
a pressão dos prazos para resolver tais situações, desta forma, o uso correto do poder facilita
nas tomadas de decisões envolvendo todos os níveis hierárquicos para tornar mais veloz e
eficaz a busca de resultados satisfatórios para a empresa trazendo consigo o desenvolvimento
organizacional e o próprio crescimento pessoal.

A organização adopta o poder a fim de ajudar a todos da organização, aonde os


mesmos vão se sentir motivados, confiantes e parte do sucesso, havendo amadurecimento
organizacional e consequentemente trazendo mais lucros significativos a organização. O
profissional quando possui essas características se torna mais qualificado, pois consegue
exercer poder e influenciar as pessoas, e com a atenção adequada mantém a relação entre
todos os indivíduos, com isso, todos se tornam motivados a exercer a sua função da melhor
forma, pois se sentem positivos para progredir.

As relações de poder vão ser apresentadas para identificar os tipos de poder como
forma de liderança através da relação entre os envolvidos, apresentando várias vertentes, o

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indivíduo que detém o poder apresenta a capacidade ou potencial que pode ser desenvolvido,
sendo ou não utilizado de forma favorável.

Em um ambiente competitivo, o poder é parte da gestão de uma organização, sendo


apto para propor mais velocidade, flexibilidade e capacidade tornando mais ágil as decisões e
execução das actividades, usado como técnica para aumentar a produtividade e a motivação
dos colaboradores, mostrando que é um método de gestão necessária e útil para resolver
problemas, como o processo de planeamento, desenvolvimento e actuação do indivíduo na
organização, criando uma relação de harmonia entre líder e colaborador.

2.1.4.1. As bases de poder


As bases do poder estão descritas para mostrar as suas formas e como são vistas como
sustentação para serem usadas nas organizações.

Estudando Likert & Likert (1979) e Krausz (1991) que seguem os trabalhos de French &
Raven (1960), percebesse a sustentação do poder em cinco pontos distintos. Esses
personificam as formas de relacionamento entre aquele que detém o poder e aquele que é
influenciado por este. São estes os pontos:
 Poder de recompensa: Obtém recompensas vistas como valiosas, por meio da
submissão. Esse poder é feito com as recompensas que o líder oferece ao seu
colaborador, como meio de motivação para garantir que as funções sejam realizadas
com sucesso. Exemplo: Os gerentes influenciam o comportamento por meio de
recompensas (uma variedade dela) para estimular o funcionário quando não é
utilizado como forma de manipulação, é bem-vindo como forma de reconhecimento.
 Poder coercitivo: Está associado ao poder de punir do superior e do medo das
punições quanto aos colaboradores. Isso significa que os colaboradores em posição
inferior, temem possíveis consequências da negativa em realizar tarefas ordenadas
pelos superiores. Exemplo: Para influenciar o comportamento dos subordinados, os
superiores recorrem a punições, tais como “repreensões públicas”, designação para
tarefas indesejáveis, descontos nos pagamentos, entre outros.
 Poder legítimo: O poder que é dado a uma pessoa pela sua posição na organização.
Este é realizado devido à ordem hierárquica, por meio do qual o superior impõe aos
colaboradores que realizem o que lhes competem na organização. Exemplo: Desde a
infância, as pessoas aprendem a aceitar ordens de pessoas como poder, primeiros os

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pais, depois os professores, e por fim os chefes (líderes), envolvendo sempre a
compreensão de hierarquia.
 Poder de referência: Influência baseada em interacções pessoais ou recursos
desejados. É uma forma de influenciar alguém com a força do carisma, tem como
base a identificação com outro, visto com admiração e usado como referência.
Exemplo: Famosos líderes religiosos e personalidades políticas geralmente
desenvolvem e usam o poder de referência também chamado de poder carismático, ou
seja, é usado para conquistar o público.
 Poder de especialista: O poder baseado em habilidades específicas e conhecimentos.
Baseia-se em experiências para realizar uma função determinada. Exemplo: O
médico dá conselho que o paciente provavelmente seguirá, entendendo que ele tem o
conhecimento e experiência para buscar a cura.

2.1.4.2. Relações de poder entre o líder e o colaborador

A relação entre o líder e o colaborador contribui nas decisões que reflectem na cultura
da organização, pois essa relação de poder influencia totalmente no comportamento dos
envolvidos, para a obtenção de resultados.
Robbins (2010) apresenta o comportamento defensivo, que é o comportamento
reactivo ou proteccionista que busca evitar acções, culpabilidade ou mudanças, sendo a
pessoa que é resistente a mudanças, o autor mostra formas de como lidar e superar modelos
de resistência, tais como:
 Educação e comunicação: a resistência pode ser minimizada por meio da
comunicação, ajudando a compreender a lógica da mudança.
 Participação: È difícil que uma pessoa resista a uma mudança se tiver participado de
sua decisão.
 Facilitação e apoio: Pode oferecer uma série de esforços apoiadores para reduzir a
resistência.
 Negociação: Ao lidar com a resistência em potencial é trocar algo valioso pelo
afrouxamento da resistência.
 Manipulação e Co-optação: Manipulação refere-se a tentativa de influência
disfarçada, a distorção de fatos para induzir a aceitar a mudança. A co-optação, por
outro lado, é uma mistura de manipulação com participação, é uma tentativa de
“conquistar” os líderes dos grupos oferecendo-lhes papéis chaves.

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 Coerção: A última das tácticas é a coerção, ou seja, o uso de ameaças directas ou de
forças sobre os resistentes.

A convivência no trabalho leva as pessoas a ter posições diferentes e várias opiniões,


formações, cada um com sua particularidade, levando cada indivíduo a defender seu próprio
pensamento, e alguns são mais resistente em algumas situações.

Nas organizações já é esperado relacionamentos complexos, por isso através das


formas citadas acima por Robbins (2010), cria se uma competência maior, melhorando as
relações de poder, tendo uma melhor qualidade na realização de cada actividade, na
comunicação e nas formas de comportamentos.

2.2. Estratificação social

Estratificação social, na sociologia, é um conceito que envolve a "classificação das


pessoas em grupos com base em condições socioeconómicas comuns; um conjunto relacional
das desigualdades com as dimensões económicas, social, política e antropológica". Quando
as diferenças levam a um status de poder ou privilégio de alguns grupos em detrimento de
outros, isso também é chamado de estratificação social.

O sociólogo alemão Max Weber argumentou que a estratificação é baseada em três


factores: propriedade, status e poder, sendo o Status uma ideia chave na estratificação
social. Ele afirmou que essa estratificação é resultado da interacção de riqueza
(classe), status de prestígio e poder.

 Propriedade refere-se às posses materiais de alguém. Se alguém tem o controle da


propriedade, essa pessoa tem poder sobre os outros e pode usar a propriedade para seu
próprio benefício.
 Estatuto (status) refere-se ao nível relativo de respeitabilidade e honra social de uma
pessoa. O interesse de Weber era particularmente em grupos de status, que têm
disposições e privilégios culturais distintos, e cujos membros geralmente socializam
uns com os outros.
 Poder é a capacidade de fazer o que deseja, independentemente da vontade dos
outros. (Dominação, um conceito intimamente relacionado, é o poder de fazer com
que o comportamento dos outros esteja de acordo com seus comandos).

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2.3. Estatuto social dos grupos dominantes e dominados

Estatuto social (também denominado status em Ciências Sociais) é o nível de valor


social que uma pessoa é considerada a possuir. Mais especificamente, refere-se ao nível
relativo de respeito, honra, competência e influencia concedida a pessoa, grupos e
organizações em uma sociedade.

O estatuto (status) é baseado em crenças amplamente compartilhadas sobre quem os


membros de uma sociedade pensam que detém comparativamente mais ou menos valor
social, em outras palavras, quem eles acreditam ser melhor em termos de competência ou
carácter.

O status é determinado pela posse de várias características que se acredita


culturalmente indicarem superioridade ou inferioridade (por exemplo, maneira confiante de
falar ou raça). Como tal, as pessoas usam hierarquias de status para alocar recursos, posições
de liderança e outras formas de poder.

A definição de estatuto social dos grupos mais utilizada é a proposta pela Teoria da
Identidade Social (TIS) que o definiu como a posição relativa dos grupos em dimensões de
comparação valorizadas, tais como a profissão, o nível de educação ou a riqueza (Sachdev &
Bourhis, 1991).

De acordo com a TIS, os indivíduos, ao procurarem pertencer a grupos que lhes


provejam uma identidade social positiva, fazem comparações, preferencialmente favoráveis,
em dimensões consideradas relevantes. Tais comparações conduzem ao estabelecimento de
hierarquias de estatutos sendo que, se o estatuto é elevado, o sujeito tem uma identidade
social positiva, e vice-versa.

Assim, a TIS considera que o estatuto tem um papel predominante na identidade


social e nos processos intergrupais, enquanto que o poder e a dimensão do grupo têm uma
contribuição mais qualitativa do que quantitativa.

Relativamente à discriminação intergrupal, o estatuto tem revelado ter um papel


determinante e uma correlação positiva com a discriminação, isto é, os membros de grupos de
alto estatuto tendem a exibir mais comportamentos discriminatórios do que grupos com baixo
estatuto (Mullen et al. 1992).

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Segundo Sachdev e Bourhis (1991) revelaram que os membros de grupos de alto
estatuto obtiveram valores mais elevados nas medidas de discriminação que os do grupo de
baixo estatuto, mostraram-se menos orientados para a paridade que os do segundo grupo,
sentiram-se mais confortáveis, satisfeitos e felizes com o seu endogrupo, expressaram uma
maior concordância com a categorização baseada no estatuto, bem como consideraram esta
categorização mais justa e a hierarquia de estatutos mais legítima que os membros de grupos
de baixo estatuto.

A discriminação pelos membros de grupos de alto estatuto deve-se ao facto de estes


procurarem manter uma identidade social positiva, enquanto que os membros de grupos de
baixo estatuto reconheceram a inferioridade do seu grupo e, consequentemente, apresentaram
respostas avaliativas e emocionais menos positivas relativamente ao seu grupo de pertença e
à situação onde tal inferioridade foi estabelecida.

Apesar do papel predominante do estatuto, estudos revelam que o poder pode ter
efeitos qualitativos distintos dos do estatuto no comportamento intergrupal, ou seja, entre
estatuto, poder e dimensão do grupo, o poder é a variável que melhor explicou a variância no
comportamento de distribuição de recursos, e que, portanto, parece desempenhar um papel
central no comportamento intergrupal em sociedades altamente estratificadas.

A questão do poder social foi abordada por Deschamps (1982), que considerou que as
diferenças de poder social dos grupos eram determinantes das relações intergrupais, uma vez
que, enquanto os dominantes determinam e representam a norma social, os dominados
meramente sucumbem a esta norma. Assim, o poder é também uma variável importante no
estudo da discriminação intergrupal, visto que é determinante do comportamento
discriminatório (Sachdev & Bourhis, 1991).

Para os grupos de baixo estatuto, ou seja, grupos dominados colocam em questão a


legitimidade das hierarquias e da situação intergrupal pode ser perspectivado como um meio
de vislumbrar a possibilidade de mudança da situação desfavorável em que se encontram. No
geral, conclui-se que estes resultados suportam a perspectiva do poder como instrumento
necessário à discriminação.

Apesar de alguns autores apontarem para a relevância da distinção entre poder e


estatuto no âmbito da psicologia social experimental, recentemente Simon e colegas (2003)
realizaram um estudo sobre os efeitos de pertenças grupais assimétricas no âmbito do qual

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chamaram a atenção para a dificuldade de distinguir entre poder e estatuto nos grupos reais,
defendendo que o estatuto e poder dos grupos encontram-se muitas vezes positivamente
correlacionados no mundo real.

Nesta linha, também Lorenzi-Cioldi (2003) chamou a atenção para a dificuldade em


distinguir diferentes assimetrias grupais, como poder e estatuto, devido à multiplicidade dos
conceitos na literatura, defendendo que, apesar da literatura frequentemente distinguir
estatuto de poder, a definição das variáveis como atributos e prerrogativas de um conjunto de
pessoas incluídas numa mesma categoria nas dimensões de prestígio (estatuto em sentido
estrito) ou poder (capacidade para exercer influência sobre os outros), reflecte a relação
existente entre poder e estatuto nos grupos reais.

Apesar de alguns autores apontarem para a relevância da distinção entre poder e


estatuto no âmbito da psicologia social experimental, recentemente Simon e colegas (2003)
realizaram um estudo sobre os efeitos de pertenças grupais assimétricas no âmbito do qual
chamaram a atenção para a dificuldade de distinguir entre poder e estatuto nos grupos reais,
defendendo que o estatuto e poder dos grupos encontram-se muitas vezes positivamente
correlacionados no mundo real.

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3. Conclusão

Acredita-se que a partir da elaboração do presente trabalho pode-se contribuir para a


compreensão da natureza do poder e suas faces no ambiente organizacional, no entanto,
podemos concluir que diante dos conceitos de poder estudados no trabalho, verificou-se que
alguns autores tentaram descrever o que é o poder e outros tentaram contribuir dizendo como
utilizar o poder. É importante destacar que o poder só existe diante de uma situação em que
se encontram um influenciado e um influenciador.
A dependência entre as partes reflecte na forma de poder exercido. O poder ou a
forma de governo nas organizações em muitos casos personifica da postura do influenciador.
Desta forma, o detentor do poder pode transparecer uma ou várias características que podem
ser rotuladas pelo grupo ou no grupo, como: autocrático, democrático ou liberal. É estudando
um grupo e conhecendo as bases ou fontes de poder, que fica fácil traduzir o tipo de poder
exercido sobre o influenciado.

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4. Referências Bibliográficas

KRAUS, R. R. Compartilhando o Poder nas Organizações. São Paulo: Nobel, l991. p.1-62.

LIKERT, R; LIKERT, J. G. Administração de conflitos: novas abordagens. São Paulo:


McGraw-Hill, 1979. 362p.

MULLEN, B., BROWN, R., & SMITH, C. (1992). Ingroup bias as a function of salience,
relevance, and status: an integration, European Journal of Social Psychology, 22,
103-122.

ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 9ed, São Paulo: Prentice Hall, 2002. p.342-
393.

SACHEDEV, I., & BOURHIS, R. Y. (1991). Power and status differentials in minority and
majority group relations. European Journal of Social Psychology, 21, 1-24.

Wikipédia, a enciclopédia livre. Estatuto social. https://pt.wikipedia.org/wiki/Estatuto_social.


Acessado em 27.03.2023

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