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All content following this page was uploaded by Roberto Dalmo Varallo Lima de Oliveira on 11 July 2016.
Educação em Ciências
e Direitos Humanos:
Reflexão-ação em/para uma
sociedade plural
EDITORA MULTIFOCO
Rio de Janeiro, 2013
EDITORA MULTIFOCO
Simmer & Amorim Edição e Comunicação Ltda.
Av. Mem de Sá, 126, Lapa
Rio de Janeiro - RJ
CEP 20230-152
1ª Edição
Setembro de 2013
ISBN: 978-85-8273-331-8
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Sumário
Prefácio ................................................................................9
Apresentação ......................................................................15
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Prefácio
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se ha de volver a pisar.
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Apresentação
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Capítulo 1
2 Esse escrito é uma reelaboração do que foi dito no dia 23 de Maio de 2013 na Uni-
versidade Católica de Brasília a convite da Professora Msc. Verenna Barbosa Gomes,
que cedeu espaço para minhas reflexões e para o afloramento de tais ideias em futuros
professores de Química.
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sobre elas. Uma visão particular, mas que foi construída cole-
tivamente e busca construir-se ainda mais no compartilhar da
minha fala.
Não digo que foi em um dia que despertei para a neces-
sidade de uma Educação em Ciências que vá ao encontro dos
Direitos Humanos – essa é uma busca antiga que antecede
a minha prática como professor –, porém, em um único dia,
presenciei inúmeros discursos de preconceito no ambiente
escolar: discriminações contra homossexuais, negros, can-
domblecistas, umbandistas, ateus, judeus. Talvez nesse dia
eu estivesse mais atento a essa questão. Talvez eu estivesse
estudando mais sobre e, por isso, percebi com outro olhar
aquilo que talvez fosse cotidiano e eu não havia observado
até o momento. Uma enorme indignação surgiu e, não por
acaso, nesse momento, percebi que falar de/em diversidade
não é algo bem visto, e que há muitas escolas que se vendem
como inovadoras, mas mantém discursos hegemônicos3. En-
tretanto, a necessidade de formar uma rede de educadores
que se preocupem com os direitos humanos me fez pensar
em uma afirmação: Uma educação em ciências que não vá
ao encontro dos Direitos Humanos é uma educação vazia e
pouco contribui para a humanidade.
Dessa forma, o escrito a seguir é precedido por essa vi-
são de mundo de um professor que refletiu/reflete sobre as
“realidades” difundidas nas escolas e as forças que impedem
sua transformação. Porém, reflete propositivamente e, a partir
do segundo capítulo, esse texto mostrará ações que envolvem
projetos chamados de CTS-ARTE.
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Figura 4: Adaptado de TONUCCI, (2008). Charge de 1970 e a es-
cola do Século XXI
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Cultura, identidade
6 O termo cultura possui diversas definições, mas para esse caso usarei o conceito
de Geertz (2008), que destaca a cultura não como padrões concretos de comporta-
mento (costumes, hábitos, tradições), mas como planos e instruções para governar
o comportamento. O autor também afirma que os homens são “desesperadamente”
dependentes desses mecanismos para ordenar seu comportamento. “Um dos fatos
mais significativos a nosso respeito, deve ser, finalmente, que todos nós começamos
com um equipamento natural para viver milhares de vidas, mas terminamos por viver
apenas uma espécie”. Nessa perspectiva, a cultura é compreendida como um mecan-
ismo de controle e parte do pressuposto do pensamento ser social e político – o pensar
seria um trafego de símbolos significantes (palavras, gestos, músicas, artefatos como
relógios, celulares, ou qualquer coisa que esteja afastado da realidade, mas que seja
utilizada para impor um significado à experiência). Esses significados partilhados são
como uma bússola que orienta as experiências. Dessa forma, a cultura não é apenas
um acúmulo de símbolos, mas uma condição essencial para a vida humana, “a prin-
cipal base de suas especificidades”.
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fazer uma nova mulher\ Que sabe o que faz e sabe o que quer
é...\Revigorada pelo líquido do amor\ Te vejo agora como a
mais linda flor.”
E ler um trecho do livro “Poema Sujo”, do poeta Ferreira
Gullar “e os carinhos mais doces mais\ sacanas\ mais sentidos\
para explodir como uma galáxia\ de leite\ no centro de tuas
coxas no fundo\ de tua noite ávida\ cheiros de umbigo e de
vagina\ graves cheiros indecifráveis como símbolos\ do corpo\
do teu corpo do meu corpo”...
Esses dois trechos nos levam a questionar os motivos do
gênero musical Funk não ser, aos olhos de muitos, considera-
do cultura, enquanto o poema de Gullar é considerado como
tal. Quais razões estariam por trás desse jogo de poderes?
Lopes e Macedo (2011) acreditam que a criação de uma
“cultura humana” geral envolve mecanismos de exclusões e
rejeições de áreas consideráveis da cultura vivida, porém, na
contemporaneidade, é possível perceber que, por mais que es-
sas desvalorizações tenham ocorrido durante anos, diversos
movimentos sociais7 estão colocando-as em xeque.
Um exemplo, dentro do contexto explicitado aqui, foi o
“Movimento Funk é Cultura”
7 Gohn (2011) considera movimentos sociais como ações sociais coletivas de caráter
sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e
expressar suas demandas. Essas ações se expressam através de diferentes estratégias,
como denúncias, marchas, mobilizações, passeatas. Na atualidade os jovens atuam
por meio de meios de comunicação midiáticos, como as redes sociais. A autora consi-
dera que a construção de uma sociedade democrática é um ideal civilizatório e, idéias
como uma sociedade sustentável (em contraposição à sociedade desenvolvimentista)
e a reconhecimento da diversidade cultural, têm sido incorporadas às identidades dos
movimentos sociais.
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“Um garoto de oito anos foi ofendido por uma colega de sala
por ser negro, segundo denúncia registrada na polícia pela
mãe nesta quarta-feira (27) no Distrito Federal. De acordo
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11 Ao elaborar essa crítica, não pretendo desmerecer professores que estão no sistema
de pré-vestibulares, mas mostrar que é possível ir além. Também não considero a edu-
cação tradicional - e quando digo tradicional, refiro-me a praticas que buscam colocar
apenas a “ciência” sem relacioná-la a outros aspectos históricos, sociais, culturais
- ruim. Tenho clareza que eu e muitos outros nos formamos por essa educação tradi-
cional, e criamos uma consciência mais crítica sobre as ciências, porém, penso nos
outros que não seguiram uma vida estudando Química, Física, Biologia. Questiono-
me se a eles essa educação “tradicional” foi significativa ou serviu para propagar uma
falsa visão de neutralidade nas Ciências. Foi significativa ou serviu para consolidar
visões de mundo que não consideram o fazer científico como um fazer político?
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Capítulo 2
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A estratégia CTS-ARTE
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vador terá uma interpretação diferente que irá variar com sua
sensibilidade condicionada, sua cultura, gostos, propensões,
ou seja, sua forma individual, o que faz com que a obra possa
ser vista e compreendida segundo múltiplas perspectivas. Essa
abertura nos permite a interpretação social de uma obra de
arte sem colocar em menor grau as singularidades da criação,
mas valorizando nossos objetivos educacionais.
A última etapa do trabalho é a produção, pelos estudan-
tes, de um produto que denominamos científico-artístico. Po-
dendo ser qualquer tipo de manifestação artística, como pin-
tura, música, literatura, teatro, nós consideramos a relação
Sociedade-Arte de forma a dar sentido à sociedade através dos
olhos dos estudantes. O produto será fruto das identidades
dos daqueles que o produziram, e a abertura para diversas
possibilidades de construção permitirá que haja a expressão e
significação de crenças, valores e de sua posição cultural na-
quele dado instante.
Com intuito de ajudar na elaboração dos projetos CTS-
-ARTE, elaboramos uma tabela que não seria um cânone, mas
uma tabela que iria elucidar alguns pontos que consideramos
importantes de serem abordados em sala, a exemplo das ques-
tões sociais que o projeto envolverá. Qual a Arte utilizada, a
Ciência, a Tecnologia e como discutiremos os aspectos sociais?
Serão necessários experimentos? Terei quanto tempo e quan-
tos alunos?
É importante destacar que os projetos até o momento fo-
ram elaborados de forma prática antes de surgir uma teoria
que os apoiasse. Os projetos apresentados a seguir foram fei-
tos de maneira individualizada por um professor de Ciências,
o que não impede que se formem parcerias com outros pro-
fessores de outras disciplinas. No próximo capítulo, traremos
dois exemplos de Projetos CTS-ARTE. Um deles finalizado e
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Planejamento Comentários
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Capítulo 3
A Cultura nordestina ganha voz nos
Cordéis de João Batista Melo
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Figura 1: Os cordéis
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[...]
Se é vazamento na rua
denuncie faça um ofício
telefone pra empresa
avise do desperdício
evite que aquela farra
entre no código de barra
e resulte em sacrifício
[...]
“Recuperar nossas águas
é nosso grande dever
e convido a juventude
para lutar e vencer
e se alguém quiser mais água
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Planejamento
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As aulas
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Grupo 1:
“Existem várias formas de acabar com a poluição
Só falta os políticos terem mais dedicação
Pois a população vota querendo mudança
Mas eles acabam fazendo maior lambança.
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Grupo 2:
As coisas enlouquecem
Grupo 3:
Grupo 4:
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Hidrogênio e Oxigênio
Forma sua composição”
Grupo 5:
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Capítulo 4
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Planejamento
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Considerações finais
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Anexo
Um convite a caminhar
16 Nessa seção, mostraremos um recorte do filme de Vik Muniz, duas obras de Frida
Kalho, um pedaço do poema de Ferreira Gullar. De forma que tais imagens e o trecho
não ferem a resolução 9613/98, que afirma não constituir ofensa aos direitos autorais
(...) art. VIII – a reprodução, em quaisquer obras, trechos de obras preexistentes,
de qualquer natureza, ou a obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a
reprodução em si não seja o objetivo principal da nova obra e que não prejudique a
exploração normal da obra reproduzida nem cause prejuízo injustificado aos legíti-
mos interesses dos autores.
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Planejamento
O processo de reciclagem,
Conteúdo Abordado diferenciação entre reciclagem e
reutilização.
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Planejamento
Polímeros e macromoléculas a
partir do estudo do higrômetro
Conteúdo Abordado – aparelho para a medição de
umidade do ar feito a partir das
propriedades de fios de cabelo.
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Planejamento
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[...]
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Planejamento
Questionar se os estudantes
conhecem manguezais, se eles já
Questões sociais + Arte escolhida
repararam em casas construídas na
para abordar o tema
beira dos mangues, se comem algo
que vem do mangue...
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Trechos:
Sobre a pobreza
“...os homens se assemelhando em tudo aos caranguejos.
Arrastando-se, acachapando-se como os caranguejos para po-
derem sobreviver. Parado como os caranguejos na beira da água
ou caminhando para trás como caminham os caranguejos”.
Sobre organização social
“Já não havia alegria de verdade, nem festas nos mangues.
O que havia eram reuniões secretas para preparar a revolução
salvadora. Para botar fora aquele governo de ladrões. [...] “Vi-
nham homens de toda parte parar parlamentar com Cosme
[...] vinham líderes dos trabalhadores do porto, dos serviços
públicos e da companhia de bondes. E vinham, de mais lon-
ge, líderes camponeses que traziam suas queixas da vida nas
usinas de açúcar e sua revolta perante o que estavam a sofrer
dos usineiros.”
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Referências Bibliográficas
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Este livro foi composto em Sabon LT Std pela
Editora Multifoco e impresso em pólen soft 80g.