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A BNCC DA COMPUTAÇÃO E O

PENSAMENTO COMPUTACIONAL

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO À BNCC DA COMPUTAÇÃO


No limiar de uma era digital sem precedentes, a educação enfrenta o desafio e a oportunidade de pre-
parar os jovens para um mundo em constante evolução tecnológica. A Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) da Computação surge como um farol orientador nessa jornada, propondo uma abordagem educa-
cional que integra a computação à formação básica dos estudantes. Este capítulo se dedica a explorar os
contornos dessa iniciativa, delineando os seus objetivos, a justificativa para sua criação, e o seu papel no
contexto educacional mais amplo.

A GÊNESE DA BNCC DA COMPUTAÇÃO


A BNCC da Computação nasceu como resposta a uma necessidade crescente de alinhar o currículo
escolar com as demandas do século XXI. Vivemos em uma sociedade permeada pela tecnologia, na qual
habilidades digitais não são apenas úteis, mas essenciais para a participação cidadã, acesso ao mercado
de trabalho e desenvolvimento pessoal. Nesse cenário, a computação assume um papel central não só
como ferramenta, mas como linguagem do mundo moderno.

O objetivo da BNCC da Computação é, portanto, garantir que todos os estudantes adquiram uma com-
preensão fundamental da computação, incluindo suas práticas, conceitos e impacto na sociedade. Mais
do que promover o aprendizado de programação, ela visa desenvolver uma base sólida de pensamento
crítico, criatividade e resolução de problemas por meio da tecnologia.

POR QUE A COMPUTAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA?


Incluir a computação na educação básica vai além de preparar os estudantes para carreiras em Ciência da
Computação ou Tecnologia da Informação. Trata-se de equipá-los com uma nova forma de pensar e resol-
ver problemas, conhecida como pensamento computacional. Este conjunto de habilidades, que inclui a
decomposição de problemas, o reconhecimento de padrões, a abstração e a criação de algoritmos,
é aplicável em todas as disciplinas, da Literatura à Biologia, da Arte à História.

A computação na educação básica prepara os estudantes para um futuro em que a tecnologia será uma
constante, capacitando-os a não apenas consumir, mas também criar e influenciar o desenvolvimento tec-
nológico. É uma questão de democratizar o acesso ao conhecimento tecnológico, promovendo a inclusão
digital e preparando uma geração capaz de enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do futuro.
A BNCC DA COMPUTAÇÃO COMO COMPLEMENTO À BNCC GERAL
A BNCC da Computação não substitui, mas complementa a Base Nacional Comum Curricular geral, inte-
grando-se harmoniosamente aos seus objetivos de formação integral. Ao enfatizar o desenvolvimento de
competências digitais, a BNCC da Computação amplia o escopo da educação básica, preparando os estu-
dantes não apenas academicamente, mas também como cidadãos ativos e conscientes na era digital.

Essa abordagem reconhece a importância de uma formação holística, que valoriza as habilidades cogniti-
vas, emocionais e sociais, e considera a tecnologia como uma extensão do ser humano, capaz de ampliar
suas capacidades e possibilidades de expressão.
CAPÍTULO 2:
FUNDAMENTOS DO PENSAMENTO
COMPUTACIONAL

Adentrar o universo do pensamento computacional é embarcar em uma jornada pelo cerne da lógica e
criatividade humanas, aplicadas ao resolver problemas.

Imagine uma linguagem universal capaz de descrever problemas e soluções de maneira estruturada e
eficiente. Esta é a promessa do pensamento computacional: uma abordagem para solucionar problemas,
desenhar sistemas e compreender o comportamento humano utilizando conceitos fundamentais da infor-
mática. Ao invés de focar na operação de dispositivos ou na programação em si, essa habilidade concen-
tra-se em desenvolver a capacidade de pensar de forma algorítmica e sistemática.

2.1. OS QUATRO PILARES FUNDAMENTAIS

Decomposição
Todo problema complexo parece menos intimidante quando quebrado em partes menores e mais mane-
jáveis. A decomposição é a arte de dividir uma questão complicada em subproblemas simples, tornando a
busca por soluções mais acessível e organizada. Essa estratégia é aplicável em qualquer disciplina, facili-
tando desde a análise literária até a compreensão de fenômenos naturais.

Reconhecimento de Padrões
Ao enfrentarmos um problema, identificar semelhanças com situações já conhecidas pode ser a chave
para encontrar uma solução. O reconhecimento de padrões permite prever comportamentos e extrair
significados, uma habilidade valiosa tanto na ciência quanto nas artes. Essa capacidade de ver conexões
onde outros veem caos é fundamental para a inovação e a criatividade.

Abstração
Abstrair é filtrar as informações essenciais, ignorando os detalhes irrelevantes. Na resolução de proble-
mas, isso significa concentrar-se nas características que realmente importam, facilitando a criação de
modelos ou soluções genéricas. A abstração é uma ferramenta poderosa em todas as áreas do saber,
permitindo desde a formulação de teorias científicas até o desenvolvimento de obras artísticas.

Algoritmos
Por fim, o desenvolvimento de algoritmos é o processo de criar uma série de passos ordenados e claros
para resolver um problema. Essa habilidade não se limita ao campo da computação; é uma forma de
expressar soluções de maneira que possam ser executadas por um agente, seja ele um computador, uma
pessoa ou um conjunto de pessoas. A capacidade de “algoritmizar” é essencial para a organização do pen-
samento e a eficiência na execução de tarefas.

Como podemos observar, o pensamento computacional pode estar na vida de todos nós, ajudando a
resolver problemas complexos.
2.2. APLICABILIDADE TRANSVERSAL NA EDUCAÇÃO
Longe de ser uma competência exclusiva dos futuros profissionais da tecnologia, o pensamento compu-
tacional enriquece o processo educacional em sua totalidade. Ele oferece uma nova lente através da qual
estudantes podem explorar conceitos matemáticos, científicos, linguísticos e artísticos, promovendo uma
compreensão mais profunda e integrada do conhecimento.

Ao aprender a pensar desde a lógica do pensamento computacional, os estudantes desenvolvem uma ha-
bilidade valiosa: a capacidade de abordar problemas de forma lógica, criativa e eficaz. Essa competência
prepara os jovens para um mundo em que a resolução de problemas complexos e o pensamento crítico
são indispensáveis, independentemente da carreira que escolham seguir.

Ao incorporar esses princípios no currículo escolar, estamos não apenas preparando os estudantes para
os desafios tecnológicos do futuro, mas também promovendo uma educação mais rica e completa, capaz
de formar indivíduos criativos, críticos e inovadores. Ao prosseguir nesta obra, veremos como esses fun-
damentos podem ser aplicados de maneira prática, transformando o processo educativo e preparando os
jovens para um futuro brilhante e imprevisível.
CAPÍTULO 3: IMPLEMENTANDO A
BNCC DA COMPUTAÇÃO ATRAVÉS DO
PENSAMENTO COMPUTACIONAL

2.2. APLICABILIDADE TRANSVERSAL NA EDUCAÇÃO


A incorporação do pensamento computacional no currículo escolar representa um marco na educação,
prometendo não apenas uma transformação no modo como os conteúdos são ensinados, mas também
na forma como os alunos aprendem e interagem com o conhecimento.
A integração do pensamento computacional no currículo vai além da simples adição de horas de código ou
aulas de Informática. Trata-se de uma abordagem holística que permeia todas as disciplinas, incentivando
os alunos a aplicarem raciocínios lógicos e estratégias de resolução de problemas em variados contextos.

Transdisciplinaridade
Uma das estratégias mais eficazes é a adoção de uma abordagem transdisciplinar, na qual conceitos
e habilidades do pensamento computacional são integrados nas diversas áreas do conhecimento. Por
exemplo, na Matemática, os alunos podem aprender sobre algoritmos ao explorar padrões numéricos.
Nas Ciências, a decomposição de experimentos complexos em etapas simples pode exemplificar a aplica-
ção prática desse conceito. A Literatura, por sua vez, oferece um campo fértil para o desenvolvimento de
habilidades de abstração, incentivando os estudantes a identificarem temas e padrões nas obras.

Projetos Baseados em Problemas Reais


Outra abordagem poderosa é o desenvolvimento de projetos baseados em problemas reais, incentivando
os alunos a aplicarem o pensamento computacional na busca por soluções inovadoras. Esses projetos
podem variar desde o design de aplicativos que solucionam questões comunitárias até a automação de
tarefas cotidianas usando princípios de programação. Essa metodologia promove não apenas o apren-
dizado ativo, mas também o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como trabalho em
equipe, empatia e perseverança.

3.1. EXEMPLOS DE ATIVIDADES PRÁTICAS


Para ilustrar como o pensamento computacional pode ser integrado ao currículo, vejamos alguns exem-
plos de atividades:

Ciências Naturais: Estudar ecossistemas por meio da modelagem computacional, permitin-


do que os alunos explorem o impacto das variáveis ambientais nos sistemas vivos.

Matemática: Utilizar algoritmos para resolver problemas de lógica e equações, desenvolven-


do sequências de passos claros e ordenados.

Artes: Criar animações ou arte digital, aplicando conceitos de algoritmos e abstração para
expressar ideias criativas através da tecnologia.

História: Analisar tendências históricas e reconhecer padrões em eventos passados, utilizan-


do ferramentas digitais para mapear e visualizar dados.

A implementação bem-sucedida dessa abordagem requer educadores preparados e motivados. A forma-


ção continuada é essencial para que os professores se sintam confiantes e capacitados a integrar o pensa-
mento computacional em suas aulas. Além disso, a colaboração entre docentes de diferentes áreas do
conhecimento é fundamental para criar projetos interdisciplinares que reflitam a aplicabilidade universal
dessas habilidades.
CAPÍTULO 4: DESENVOLVENDO
COMPETÊNCIAS DIGITAIS NA
EDUCAÇÃO BÁSICA

A inserção das competências digitais no coração da educação básica é um compromisso com a formação de
cidadãos capazes de navegar, compreender e influenciar a sociedade de forma consciente e ética.
As competências digitais transcendem a habilidade de usar dispositivos tecnológicos ou software, elas englo-
bam a capacidade de entender e aplicar tecnologias digitais de maneira crítica, criativa e ética. Essas habili-
dades são fundamentais para que os estudantes se tornem participantes ativos na sociedade, capazes de
resolver problemas complexos, criar conteúdo inovador e tomar decisões informadas em um contexto digital.

4.1. ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS DIGITAIS

Integração Curricular
Uma abordagem eficaz para o desenvolvimento de competências digitais é a sua integração em todas
as áreas do currículo, não apenas como um tema isolado. Isso significa utilizar ferramentas digitais e
pensamento computacional para enriquecer o aprendizado em matérias como Línguas, Matemática,
Ciências e Artes. Por exemplo, a programação pode ser utilizada para criar simulações em Ciências,
enquanto as ferramentas digitais podem ajudar na análise de textos literários.

Projetos Interdisciplinares
Os projetos interdisciplinares que combinam diferentes áreas do conhecimento com tecnologia
incentivam os alunos a aplicarem suas competências digitais na solução de problemas reais. Tais projetos
promovem não apenas o aprendizado ativo, mas também o desenvolvimento de habilidades tais como
colaboração, pensamento crítico e criatividade.

Educação Midiática
Ensinar os alunos a compreenderem, analisarem e criarem conteúdo digital de forma responsável é
fundamental na era da informação. A educação midiática ajuda os estudantes a desenvolverem um senso
crítico sobre as informações acessadas e compartilhadas on-line, fomentando uma compreensão mais
profunda da ética digital e da cidadania na internet.

Ambientes de Aprendizagem Inovadores


A criação de ambientes de aprendizagem que incentivam a exploração e a experimentação com
tecnologias digitais é crucial. Espaços como laboratórios de informática e ambientes virtuais de
aprendizagem oferecem aos alunos oportunidades para explorarem suas paixões, desenvolverem novas
habilidades e aplicarem o conhecimento de forma criativa.

Para cultivar competências digitais eficazes, os educadores devem ser tanto facilitadores quanto
aprendizes contínuos. A formação profissional em tecnologia educacional e práticas pedagógicas
inovadoras é essencial para que possam orientar seus alunos nessa jornada. Além disso, os professores
devem estar abertos a explorar novas ferramentas e metodologias, adaptando-se às mudanças rápidas
no campo da tecnologia.
CAPÍTULO 5: DESAFIOS E
OPORTUNIDADES NA IMPLEMENTAÇÃO

A jornada para integrar a educação computacional e o pensamento computacional nas escolas é pavimentada
tanto por desafios quanto por oportunidades.

5.1. NAVEGANDO PELOS DESAFIOS

Recursos Limitados
Um dos maiores desafios é a limitação de recursos, tanto em termos de infraestrutura tecnológica
quanto de formação docente. Muitas escolas ainda carecem do equipamento necessário para uma
implementação eficaz da educação computacional, enquanto a formação contínua dos professores em
competências digitais e pedagogias inovadoras é um investimento que nem todas as instituições podem
suportar.

Resistência à Mudança
A mudança encontra resistência em várias frentes, incluindo a hesitação de educadores em adotar novas
metodologias e a preocupação dos pais com a exposição excessiva à tecnologia. Superar essas barreiras
requer uma comunicação eficaz sobre os benefícios da educação computacional e o desenvolvimento de
políticas claras que equilibrem o uso da tecnologia com outras formas de aprendizagem.

Lacuna de Habilidades
A rápida evolução da tecnologia significa que os currículos podem rapidamente se tornar obsoletos.
Manter o conteúdo educacional atualizado e garantir que os professores tenham as habilidades
necessárias para ensinar conceitos modernos de computação são desafios contínuos.

5.2 EXPLORANDO AS OPORTUNIDADES

Inovação Pedagógica
Apesar dos desafios, a integração da educação computacional oferece uma oportunidade sem
precedentes para a inovação pedagógica. Abre-se a possibilidade de desenvolver métodos de ensino mais
interativos e engajantes, que não apenas melhoram o aprendizado em Ciências da Computação, mas
também enriquecem outras áreas do currículo ao fomentar habilidades como o pensamento crítico e a
resolução de problemas.

Desenvolvimento Profissional
A necessidade de formação contínua dos professores em tecnologia e pedagogia computacional
representa uma oportunidade para o desenvolvimento profissional. Programas de capacitação e
workshops oferecem aos educadores a chance de aprimorar suas habilidades e permanecerem
atualizados com as últimas tendências em educação e tecnologia.

Preparação para o Futuro


Ao superar os desafios da implementação, as escolas preparam seus alunos não apenas para o sucesso
acadêmico, mas também para a vida em uma sociedade cada vez mais digital. A educação computacional
equipa os estudantes com as ferramentas necessárias para navegar no futuro, abrindo caminhos para
carreiras em campos emergentes e capacitando-os a contribuir de forma significativa para a sociedade.
CONCLUSÃO
A integração da BNCC da Computação e do pensamento computacional no currículo escolar promete
remodelar o panorama educacional, preparando os alunos não apenas para participarem ativamente na
sociedade digital, mas também para moldá-la.

Ao dotar os estudantes dessas competências, estamos abrindo caminho para que se tornem não apenas
consumidores de tecnologia, mas criadores, influenciadores e, acima de tudo, pensadores autônomos
capazes de navegar por um futuro repleto de incertezas e possibilidades. A educação computacional não
está preparando os alunos apenas para as carreiras do futuro, mas está equipando-os com o mindset
necessário para enfrentar desafios globais, sejam eles ambientais, sociais ou econômicos.

Embora os desafios na implementação dessas diretrizes educacionais sejam reais e não triviais, eles
também representam oportunidades para repensar e inovar na maneira como educamos. Cada obstáculo
enfrentado pode ser visto como um catalisador para o desenvolvimento profissional dos educadores,
para a adoção de métodos pedagógicos mais interativos e engajadores, e para a criação de uma
comunidade educacional mais colaborativa e resiliente.

À medida que avançamos, é crucial manter o diálogo aberto sobre como a educação pode continuar
evoluindo para atender às necessidades de uma sociedade em rápida transformação. A reflexão contínua
sobre as práticas pedagógicas, o compromisso com a formação continuada dos educadores e a inclusão
das vozes dos estudantes no processo de aprendizagem são essenciais para garantir que a educação
permaneça relevante, inclusiva e capacitadora.
BIBLIOGRAFIA
Brasil. Ministério da Educação. (2020). Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Recuperado de
[site oficial da BNCC], fornecendo diretrizes nacionais para a educação básica no Brasil, incluindo a
computação.

Valente, J. A. (2019). Computação na Educação: da Abordagem Informática na Educação até a


Computação Desplugada. São Paulo: Editora Moderna. Uma obra que explora diferentes abordagens
para integrar a computação na educação, desde o uso de computadores até atividades que não envolvem
tecnologia diretamente.

Moro, M. L., Ficheman, I. K., & Nascimento, M. A. (Eds.). (2018). Pensamento Computacional: Teoria
e Prática. São Paulo: Editora Solis. Este livro reúne contribuições de vários autores sobre o pensamento
computacional, oferecendo uma visão teórica e exemplos práticos de aplicação.

Freire, P., & Nascimento, M. A. (2017). Educação e Tecnologia: Parcerias 3.0. Porto Alegre: Penso Editora.
Discussão sobre a relação entre educação e tecnologia, propondo um modelo de parceria que beneficie o
processo educativo.

Santos, A. R. dos, & Bissaco, M. A. S. (2018). A BNCC na Prática: Ensino Fundamental Anos Iniciais e
Anos Finais. São Paulo: Editora do Brasil. Guia prático para educadores sobre a implementação da BNCC,
incluindo a parte de computação, no ensino fundamental.

CRÉDITOS
Autor: Simone Telles
Coordenação do Projeto: Claudia Mori
Supervisão de conteúdo: Roberta Flaborea Favaro
Diagramação: Henrique Inhauser Caldas
Ilustrações por: Leonardo Kina Ikeda

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