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Percursos da Formação de Professores em Tecnologias na Educação: do acesso


aos computadores à inclusão digital

Chapter · August 2014

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Adriana Richit
Universidade Federal da Fronteira Sul
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Apresentação

Tecnologias Digitais em Educação: perspectivas teóricas e metodológicas sobre


formação e prática docente

A interiorização das tecnologias intelectuais pode ser muito forte, quase um


reflexo, como podem sê-lo o conhecimento de uma língua natural, a leitura e
escrita de ideogramas ou alfabetos, os sistemas de numeração e de medida, a
representação em linhas e em colunas, o uso do teclado das máquinas de
escrever ou dos computadores, etc. Palavras cochichadas ao crepúsculo,
signos brilhando sob o sol de meio-dia ou sob o céu inverso das telas, nós
introjetamos agenciamentos semióticos dispersos no mundo. E é com estes
elementos de fora interiorizados, subjetivados, metaforicizados pelo hábito
ou a imaginação, que criamos novas entidades audíveis ou visíveis,
concretudes duráveis ou acontecimentos fugazes, que outros ou talvez nós
mesmos interiorizaremos novamente (Pierre Lévy, 1993, p.174).

Adriana Richit1

O tema central do debate colocado neste livro figura entre os principais eixos de
investimento das políticas educacionais contemporâneas, nomeadamente “Tecnologias
Digitais em Educação”. Da mesma forma esse tema tem interessado pesquisadores em
distintos campos do conhecimento humano, sobretudo em educação, cujos estudos têm
possibilitado que novas perspectivas teóricas sejam enunciadas.
As tecnologias, sabidamente, têm produzido mudanças nos mais diversos setores
da sociedade e, primacialmente, nas práticas sociais, culturais, intelectuais...das pessoas
pois, conforme preconiza Pierre Lévy, a interiorização das tecnologias intelectuais
permite que outras “identidades” (ou seriam realidades?) sejam criadas, iniciando-se um
novo movimento de mudança. Partindo dessa premissa buscamos, enquanto
pesquisadores que ocupam-se do referido tema, conduzir reflexões que abarcam
distintas dimensões da educação, reflexões essas que constituem a presente obra.
Para inaugurar o debate o capítulo intitulado Percursos da Formação de
Professores em Tecnologias na Educação: do acesso aos computadores à inclusão
digital, de autoria de Adriana Richit, apresenta uma discussão sobre os percursos da
formação de professores em tecnologias digitais, perpassando esse processo desde o
despontar do movimento de informatização da educação até a emergência do conceito
de inclusão digital. Em face da análise proposta a autora evidencia os enlaces teóricos e
metodológicos entre formação docente e tecnologias digitais em educação e os desafios
a serem superados para que a inclusão digital em educação se concretize.
Aprofundando o debate e olhando o processo de integração de tecnologias na
perspectiva da educação matemática, o capítulo Integración de Tecnologías en el Aula
de Clase de Matemáticas: el caso de los profesores implicados en el plan TESO,
assinado pelos autores Jhony Alexander Villa-Ochoa, Jackelinne Galvis Rojo, Rubén
1
Professora, nível Adjunto II, da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim. Coordenadora
Adjunta e Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFFS. Coordenadora do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Educação Matemática e Tecnologias – GEPEM@T. E-mail:
adrianarichit@gmail.com
Darío Sierra Álvarez e Lida Yaneth Vélez Espinosa, propõe uma reflexão sobre as
compreensões de professores frente ao uso de tecnologias (computador XO) em sala de
aula, tomando por contexto de estudo o projeto colombiano TESO. De acordo com a
análise dos autores, há modos de uso que os professores fazem das tecnologias que
subordinam as potencialidades desses recursos a uma “transposição” das atividades
realizadas com os meios convencionais, de modo que não há uma reorganização das
diferentes atividades que se podem desenvolver com esses recursos.
O capítulo intitulado Objetos de Aprendizagem e Lousas Digitais: uma
experiência no Curso de Licenciatura em Matemática, de autoria de Marco Aurélio
Kalinke e Luciane Ferreira Mocrosky, brinda-nos com uma discussão sobre a
apropriação de tecnologias digitais, especificamente as lousas digitais, no processo de
formação inicial de professores, tomando por contexto de análise a licenciatura em
matemática. A discussão proposta neste capítulo evidencia que a apropriação das
tecnologias pelo professor ao longo do processo de formação inicial pode contribuir
para formar novas gerações de professores, que não sejam nativos digitais. Contudo,
essa formação precisa possibilitar ao licenciando atividades práticas de domínio das
tecnologias, preferencialmente a partir da sua imersão no contexto da escola e da prática
docente em sala de aula.
O debate central em questão volta-se, então, para os processos de ensino e
aprendizagem na educação básica na medida em que o capítulo Os Sites de Redes
Sociais como ferramenta de novas práticas pedagógicas, conduzido por Ana Maria
Simões Netto Costa e André Luis Andrejew Ferreira, apresenta uma discussão sobre o
desenvolvimento de novas metodologias de ensino nos processos de ensino e
aprendizagem da matemática, tomando por base a análise de uma atividade
desenvolvida com estudantes no contexto das redes sociais facebook e twitter. O estudo
evidencia as mudanças deflagradas nos modos de ensinar e aprender matemática e nos
ambientes formais de ensino em virtude da utilização das redes sociais, associadas ao
desenvolvimento de projetos educativos em matemática.
Ainda analisando o processo de aprendizagem sob o viés da educação matemática,
o capítulo Aprendizagem Matemática com tecnologias na perspectiva dos registros de
representações semióticas, de Bárbara Cristina Pasa, Adriana Richit e Gisele May,
contribui com o debate central desse livro ao propor uma reflexão sobre as
potencialidades pedagógicas dos ambientes permeados pelas tecnologias. Para tanto,
toma por palco de estudo o Programa Um Computador por Aluno, procedendo a análise
sob a lente teórica das representações semióticas de Raymond Duval. O estudo assinala
que a aprendizagem matemática, no âmbito das atividades desenvolvidas com alunos,
dá-se em face das operações cognitivas de tratamento e conversão entre as
representações semióticas de conceitos matemáticos (tais como a noção de função), na
medida em que as tecnologias ampliam as possibilidades de experimentação e
investigação de situações matemáticas, viabilizando a visualização e a compreensão de
conceitos matemáticos associados a essas situações.
Complementando o debate posto no livro, o capítulo Robótica nos processos de
aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental, esboçado por Aníbal Lopes
Guedes e Fernanda Lopes Guedes, tece considerações sobre as contribuições da
Robótica Educativa à aprendizagem de crianças das séries iniciais da educação básica, a
partir do desenvolvimento de atividades de ensino e extensão, utilizando-se do kit
robótico Lego Mindstorms NXT. A partir da análise realizada os autores ressaltam as
possibilidades da tecnologia Lego Mindstorms no aprendizado tanto de alunos quanto de
professores, pois esse recurso proporciona a criação de estruturas imaginativas
concretas, envolvendo desde humanoides, réplicas de animais, veículos, entre outras
construções. Contudo, destacam alguns entraves ao uso da robótica nos processos
educativos na educação básica na escola pública, sobretudo no que diz respeito às
dificuldades de implementação de infraestrutura necessária.
A discussão volta-se, então, para o processo de aprendizagem com tecnologias em
geografia com o capítulo As Tecnologias de Rede como Espaço de Aprendizagens
Significativas em Geografia, elaborado por Ana Maria Pereira de Oliveira e Adriano
Canabarro Teixeira, o qual expõe a análise de uma atividade prática (experiência
metodológica), pautada no uso de tecnologias de rede, tomando por base teórica a
aprendizagem significativa de David Ausubel. Em face da análise realizada os autores
preconizam que o uso das tecnologias de rede, concebidas como espaço de construção
do conhecimento em geografia, possibilita ao estudante, entre outras coisas, a integração
entre as novas informações e os conhecimentos prévios (subsunçor), pois tais
tecnologias ampliam as possibilidades de visualização e interatividade, ao tempo que
têm relação com aspectos motivacionais da aprendizagem.

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