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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO EMPRESARIAL

Planejamento Empresarial

O que é Planejamento Tributário?


Planejamento Tributário é uma forma lícita (que se encontra em conformidade com a
lei) de reduzir a carga fiscal imposta à pessoa jurídica. Ou seja, é um estudo prévio à
concretização dos fatos geradores que, em boa parte das vezes, escolhe uma melhor
tributação para empresa.
No entanto, é preciso ficar atento para não confundir esse tipo de análise com
sonegação fiscal, pois planejar é escolher, entre duas ou mais opções legais, a que
resulte o menor custo tributário. Por outro lado, sonegar é utilizar formas ilegais para
atingir o objetivo de recolher menos tributos, onde são encontrados indícios de fraude.
Desta forma, cabe ao responsável pela tomada de decisão da empresa entender as
limitações previstas em lei, tipos de tributação e planejar a sua estratégia de atuação
no Planejamento Tributário empresarial.

Tributos
De acordo com o Art. 3º da Lei 5.172 de 1966, denominada “Código Tributário
Nacional”
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.
Este talvez seja o dispositivo mais importante de todo o CTN. A razão se deve ao
conceito de tributo. É impossível estudar direito tributário sem se ter a noção exata do
que é um tributo. O art. 146, III, “a”, da CF/88, estabelece que cabe à lei complementar
dar a definição de tributo.
Comentando sobre os Tributos:

 Prestação Pecuniária:
Vem de pecúnia, que quer dizer soma de determinado e específico valor, soma
está em moeda ou dinheiro, que contribuinte paga ao fisco.

 Prestação Compulsória:
Significa que o tributo é uma obrigação que nasce independentemente da
vontade dos sujeitos envolvidos. Compulsório quer dizer obrigatório, o
contribuinte é obrigado a pagar o tributo, é um dever atribuído ao contribuinte
e nunca uma faculdade.

 Prestação que não constitui sanção de ato ilícito:


Aquele cuja ação ou omissão, não violar direito e não causar dano a outrem.
Pagar o tributo é um dever do cidadão para com a ordem estatal, é através do
cumprimento deste dever que o Estado é mantido, sendo um dever cabe a
todos os cidadãos pagarem o tributo. O tributo em espécie alguma tem caráter
punitivo ou repreensivo, ele é um dever do cidadão para com o Estado

 Prestação instituída em lei:


Um tributo somente pode ser criado ou instituído por lei, em regra lei
ordinária. Nem medida provisória, decreto, emenda constitucional ou qualquer
outra espécie normativa diversa de lei pode instituir tributo, somente lei
ordinária, que é a regra geral.

 Prestação cobrada mediante atividade administrativa vinculada :


Cobrança e lançamento do tributo competem ao Poder Executivo através da
Administração Pública pelos seus órgãos ou entidades públicas. A União,
Distrito Federal, Estados e Municípios cabem cobrar tributo, atividade esta
indelegável. Particular, em hipótese alguma pode cobrar tributo, somente os
quatros entes da federação tem tal prerrogativa. Atividade de cobrar tributo
fica plenamente a absolutamente a cargo da Administração Pública através de
órgãos e entidades designadas para tal ato. Como exemplo, citaremos as
Receitas Federais e Estaduais, secretarias municipais da fazenda
A Constituição da República Federativa do Brasil em seu Art. 145 traz:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
I - Impostos;
II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Comentando sobre as impostos, taxas e contribuição de melhorias:


Impostos
De acordo com o Código Tributário Nacional, em seus Art. 16, 17 e 18:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica,
relativa ao contribuinte.
Art. 17. Os impostos componentes do sistema tributário nacional são
exclusivamente os que constam deste Título, com as competências e
limitações nele previstas.
Art. 18. Compete:
I - À União, instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos
aos Estados e, se aqueles não forem divididos em Municípios,
cumulativamente, os atribuídos a estes;
II - Ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios,
instituir, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos
Municípios.
Imposto é um tributo não vinculado, isto é, o fato gerador dessa espécie tributária é
definido como sendo uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte. Ou seja, a obrigação de pagar impostos decorre de
fatos do contribuinte. Por exemplo: a pessoa que possui um imóvel urbano está
obrigada a pagar IPTU, independentemente de qualquer atividade estatal específica a
ela relativa.
Além disso, os impostos são tributos de arrecadação não vinculada. Assim, a receita
decorrente dos impostos não pode ser vinculada a órgão, fundo ou despesas,
ressalvadas as hipóteses constitucionalmente previstas.
Taxas
As taxas consistem em um tributo que serve para financiar atividades relacionadas a
algum serviço público. Trabalhos relacionados à fiscalização, iluminação e limpeza de
ruas são apenas alguns exemplos de como esse tributo pode ser aplicado. Além disso,
as taxas podem ser de competência municipal, estadual ou federal.
As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos, nos termos do que
dispõe o § 2º do art.145 da Constituição Federal. O conceito de taxa no Direito
Tributário faz referência a uma cobrança diretamente relacionada à prestação de
serviços públicos e do poder de polícia. Diferentemente do imposto, elas são pagas
referentes à contraprestação de algum benefício recebido pelo contribuinte.
De acordo com o Código Tributário Nacional, artigo 77, as taxas são cobradas pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições. Assim, um não pode interferir na competência do outro.
Contribuições de Melhorias
Segundo o CTN, em seu Art. 81:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado.

A contribuição de melhoria é uma forma de tributo que pode ser instituída pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. Segundo o Código Tributário Nacional (BRASIL,
2011, Art. 81), seu objetivo consiste em arrecadar fundos para custear obras públicas
que tornarão os imóveis em seu entorno valorizados em termos imobiliários, tendo
como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo do valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Um exemplo de contribuição de melhoria seria o asfaltamento de uma rua, que geraria
a valorização dos imóveis da mesma, visto que esta obra facilitaria o acesso das
pessoas, permitiria a instalação de novas empresas, oferta de maiores serviços e
circulação de veículos.
De acordo com Giacomelli (2011), o fato gerador da contribuição de melhoria
constitui, visivelmente, o benefício que será acrescido a um imóvel particular
decorrente de obra pública. O autor ainda esclarece que a base de cálculo da
contribuição de melhoria é o limite total, o custo, observando a valorização
proporcional individual e particular de cada imóvel, auferido pela obra pública, de
acordo como Decreto-Lei nº 195/67, art. 3º, caput e parágrafos 1º e 2º:
Empréstimos compulsórios
O empréstimo compulsório é espécie de tributo, de competência exclusiva da União,
não vinculado à atividade estatal, com destinação específica (o valor arrecadado pelo
tributo tem destinação legalmente estabelecida) e restituível, uma vez que o ente
arrecadador tem o dever de devolver o valor pago ao contribuinte, cuja criação
depende de lei complementar.
O empréstimo compulsório está previsto na Constituição em seu Art. 148, que nos
traz:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios:
I - Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - No caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III,
"b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou
sua instituição.
Vale mencionar que - tão somente - se justifica no caso de guerra, se esta for iniciada
pelo outro país, uma vez que se a iniciativa partir do Brasil, este deveria antes ter
preparado seu orçamento.
Ademais, nessas hipóteses, após criado o empréstimo compulsório, imediatamente já
se faz possível a cobrança do tributo, uma vez que diante do panorama, não há
necessidade de observância ao princípio da anterioridade anual, nem nonagesimal.
Outra peculiaridade deste tributo é que deve ser criado por meio de Lei
Complementar, que necessita da maioria absoluta dos membros da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal para ser aprovada.
Convêm relembrar que

 Somente a União pode instituí-lo, mediante lei complementar:


 Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública,
de guerra externa ou sua iminência;
 No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional, respeitado o princípio da anualidade.
 Os empréstimos compulsórios têm duas características que lhes são próprias:
o O fato gerador é circunstância para a qual não participam nem o Sujeito
Ativo, nem o Sujeito Passivo;
o São restituíveis ao fim de certo tempo.

Contribuições especiais
A contribuição especial é uma modalidade de tributo trazida pela Constituição Federal
de 1988, que foge da teoria do fato gerador utilizado para classificar os tributos em
impostos, taxas e contribuições de melhoria. O seu critério de identificação baseia-se
na finalidade da criação do tributo (art. 149 CF/88), sendo necessária a vinculação da
receita que deu causa a sua criação. A Contribuição Especial é criada por meio de lei
ordinária e a competência legislativa para sua criação é da União, excetuando nos
casos em que o estados, os municípios e o Distrito Federal adotem regime de
previdência própria podendo assim criar a contribuição especial para tanto.
São três as espécies de contribuições especiais:

 Sociais:
Que são aquelas que financiam direitos sociais como educação, saúde,
moradia, lazer, por exemplo. Dentro das Contribuições especiais sociais ainda
podemos subdividir em Gerais e de Seguridade. Esta última constitui em ações
para promover a saúde, previdência ou assistência social (art. 194 CF/88 traz o
conceito de seguridade). A contribuições de Seguridade possuem regras
próprias elencadas no art. 195 CF/88 estabelecendo as Contribuições que a
União pode criar, bem como a competência residual respeitando a regra do art.
154, I da CF/88. Como exemplo, podemos citar a extinta CPMF. Quanto às
Contribuições Sociais Gerais, a definimos por exclusão, isto é, são as
contribuições que financiam outros direitos sociais que não sejam saúde,
previdência e assistência.
 Intervenção no domínio econômico:
Que são as chamadas CIDEs (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico). Aqui não existe uma regra expressa para sua delimitação, mas sim
regras a partir de uma construção doutrinária. Para se ter uma CIDE, de acordo
com a doutrina, a União deve delimitar o domínio econômico que vai atuar;
além disso deve-se ter um motivo para atuação e a partir desse motivo traçar
uma finalidade bem como a destinação do dinheiro arrecadado; os sujeitos
passivos da CIDE devem ser atrelados ao setor econômico atingido; e alguns
autores ainda defendem que essa contribuição deve ser temporária (mas não é
pacífico na doutrina). Como exemplo temos a CIDE combustíveis.
 Interesse de categoria profissional ou econômica (corporativas):
Aqui temos as contribuições que são feitas para as categorias profissionais
(CRM, CREA, CRP, CRC, CRA etc.). A União cria uma autarquia sui generis para
atuar no interesse da categoria profissional e junto a isso cria um tributo para
manter essa autarquia. Vale lembrar que a contribuição para OAB não é
considerada um tributo, de acordo com o STF, com o objetivo de manter a sua
independência perante o Estado.

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