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Aula 3

Teoria do Consumidor

Macroeconomia, Microeconomia e Economia


Brasileira para Analista - Área 3 do BACEN

Prof. Paulo Roberto Nunes Ferreira


Prof. Paulo Roberto Nunes Ferreira
Macroeconomia, Microeconomia e Economia Brasileira para Anal...
Aula 3: Teoria do Consumidor

Sumário
.......................................................................................................................................................................................

TEORIA DO CONSUMIDOR (CURVAS DE INDIFERENÇA).................................................................................. 3

OS BASTIDORES DA CURVA DE DEMANDA.................................................................................................... 3

PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR................................................................................................................. 3

CURVAS DE INDIFERENÇA............................................................................................................................. 6

FUNÇÃO UTILIDADE...................................................................................................................................... 18

UTILIDADE TOTAL E UTILIDADE MARGINAL................................................................................................ 20

EXEMPLOS DE FUNÇÕES UTILIDADE ............................................................................................................ 25

RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA........................................................................................................................ 28

RETA ORÇAMENTÁRIA.................................................................................................................................. 29

MUDANÇAS NA RETA ORÇAMENTÁRIA......................................................................................................... 31

MUDANÇAS NA RENDA DO CONSUMIDOR.................................................................................................... 32

MUDANÇA NOS PREÇOS............................................................................................................................... 33

EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR...................................................................................................................... 34

EFEITO RENDA E EFEITO SUBSTITUIÇÃO....................................................................................................... 39

QUESTÕES COMENTADAS PELOS PROFESSORES......................................................................................... 45

LISTA DE QUESTÕES..................................................................................................................................... 58

GABARITO.................................................................................................................................................... 63

RESUMO DIRECIONADO................................................................................................................................ 64

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Fala aê, pessoal! Tudo na paz? Na aula de hoje, veremos outra teoria econômica, a teoria do consumidor. É um tópico
bem legal na Economia, que demonstra como a curva de demanda é formada. Ou seja, ela demonstra o que está por
trás da curva de demanda.
Simbora nessa?

Teoria do Consumidor (Curvas de Indiferença)

Os bastidores da curva de demanda


Aqui no curso, já vimos a Teoria da Demanda e Oferta. Essa teoria nos mostra como consumidores e produtores reagem
em relação ao preço do bem e à quantidade demandada/ofertada.
A teoria que vamos estudar hoje se chama Teoria do Consumidor. Ela se chama assim porque estuda o comportamento
do consumidor quando ele vai decidir o que vai consumir. Ou seja, a Teoria do Consumidor nos diz exatamente o que
está por trás da demanda, isto é, como a demanda de um consumidor é formada e o porquê de ele resolver demandar
aquele bem.
Vamos falar, por exemplo, dos tipos de bens que o consumidor pode adquirir e quais bens terão a preferência deste
consumidor. Ou seja, quais são os bens que ele prefere consumir. Até porque, se pararmos para pensar, todos os
consumidores possuem rendas limitadas[1] e, por isso, eles não conseguirão consumir tudo o que desejam. Este fato
implica que o consumidor terá que fazer escolhas. A questão é: qual critério que ele utilizará para escolher?
Por que eu, Jetro, dou prioridade a jogos de tabuleiro e não a jogos de cartas? Por que o Paulo prefere viajar em vez de
ficar em casa? Esse tipo de pergunta é respondido pela Teoria do Consumidor, que passamos a estudar a partir de
agora.

Preferências do Consumidor
O ano era 2011. O mês era novembro. Há alguns meses, eu, Jetro, tinha tomado posse no Banco Central do Brasil. O
salário do primeiro ano como Técnico do Bacen, na época, era de aproximadamente R$4.900. Com esse dinheiro, eram
uns R$ 4.100 líquidos, mais ou menos, eu guardava um percentual na poupança, ajudava meus pais com o aluguel da
nossa casa, reservava um dinheiro para comer e sobrava uma parte.
O interessante eram os conselhos que as pessoas me davam. “Se eu fosse você, Jetro, faria X, Y, Z com seu salário,
compraria J, N e W e viajaria para Y, O e U”.
Muita gente me dizia para comprar um carro, pois um servidor público não tem que andar mais de ônibus ou de metrô,
já que tem “condição” de ter um carro. Mas não pode ser qualquer carro, tem que ser um “dos bons”. Na visão dessas
pessoas, o status conta mais do que a frugalidade[2].
De fato, eu poderia ter comprado um carro, financiado em 60 meses e consumindo uma parte relevante do salário.
Muitos amigos meus que passaram comigo fizeram isso. Ganhavam R$ 4100 líquidos, e gastavam mais de R$ 2500 reais
de prestação, gasolina, manutenção, etc.
Preferi ter outro comportamento. Preferi fazer diferente: gastar dinheiro com materiais para concurso, para poder
aumentar meu salário no futuro. Aumentando meu salário, poderia, finalmente, comprar um carro - à vista. Ou pelo
menos conseguir uma taxa menor de financiamento. Teria que ter paciência e esperar um pouco mais. Melhor do que
ficar endividado por causa de uma coisa que, quando eu terminasse de pagar, valeria bem menos do que eu paguei.
O plano deu certo. Acabei comprando um carro. Não tão bom como o que as pessoas “sugeriam”, mas um que atende
as minhas necessidades. Mas isso só aconteceu porque eu tomei uma decisão: a de priorizar os estudos.

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Se eu tivesse tomado a decisão oposta, talvez o resultado tivesse sido diferente. Aliás, você que está lendo meu relato,
poderia ter feito algo diferente. Poderia ter ido logo comprar o carro. Ou poderia ter dividido o que sobrava do salário:
metade para o carro, metade para materiais. Ou poderia ter tido ainda uma outra ideia relacionada.
A questão é: quando eu me deparei com uma decisão de consumo, preferi demandar materiais para concursos públicos
em vez de demandar automóveis. Ou seja, eu manifestei aquilo que eu prefiro, por meio do que escolhi consumir.
E isso acontece com todos nós. Manifestamos nossas preferências por meio do nosso consumo. Quando eu escolho
Apple à Samsung, estou dizendo que prefiro Apple. De forma semelhante, quando compro um tênis da Puma em vez de
um da Adidas, estou dizendo que prefiro a marca Puma à marca Adidas.
Ou seja, as preferências de um consumidor orientam a sua demanda. A demanda já sabemos como funciona. Agora,
precisamos saber como as preferências de um consumidor funcionam.
Para entendermos como as preferências funcionam, é necessário dizer que só precisamos manifestar nossa preferência
quando nos deparamos com uma escolha entre pelo menos dois bens. O consumidor fica a todo tempo comparando
dois bens e, aquele que ele preferir, vai ser o consumido.
A Economia costuma ilustrar essa situação comparando cestas de bens, também chamadas de cestas de consumo.
Cada cesta de consumo é uma combinação de diversos bens, em uma certa quantidade.
Mas, como vimos, os modelos econômicos são simplificações da realidade. Essas simplificações ocorrem para facilitar a
nossa análise. Por isso, o modelo da Teoria do Consumidor supõe que as cestas de bens, possuem apenas dois bens. Ou
seja, cada cesta do consumidor possui apenas duas mercadorias, mas quantidades diferentes destas[3].
Pense, por exemplo, em Hambúrgueres e Pizza. Esses dois bens serão divididos em duas Cestas, A e B. Cada cesta terá
uma quantidade diferente dos dois bens.
Cesta A - (4,2)

Cesta B - (2,4)

Na Cesta A, temos 4 hambúrgueres e 2 pizzas. Já na Cesta B, temos 2 hambúrgueres e 4 pizzas. Tendo essas duas cestas
para poder comparar, o consumidor pode manifestar sua preferência, escolhendo entre a Cesta A e a Cesta B. São três
possibilidades possíveis.
1ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta A à Cesta B.

2ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta B à Cesta A.

3ª Possibilidade: O consumidor é indiferente em relação às cestas.

Na 1ª possibilidade, sempre que se deparar com essa decisão, o consumidor irá preferir a Cesta A. Talvez porque ele
goste mais de hambúrgueres, sei lá.
Na 2ª possibilidade, o consumidor dá preferência a consumir menos hambúrgueres e mais pizzas, já que está
escolhendo a Cesta B, que possui maior quantidade de pizzas em sua composição.
Na 3ª possibilidade, tanto faz como tanto fez. Ou seja, o consumidor estará satisfeito com qualquer uma das duas
cestas.
O consumidor irá escolher a Cesta A ou a Cesta B baseado na satisfação que obterá. Se ele achar que a Cesta A trará
mais satisfação para ele, irá escolher a Cesta A. Se ele achar que a Cesta B trará mais satisfação para ele, irá escolher a
Cesta B. E se ele achar que as duas cestas trarão a mesma satisfação, ele será indiferente em relação às cestas.
Ou seja, o consumidor escolherá a cesta que trará mais satisfação para ele. A Economia costuma chamar essa satisfação
de utilidade. Assim, o consumidor preferirá a cesta que lhe trará mais utilidade (satisfação).
O consumidor preferirá a cesta que trará mais utilidade para ele.

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Agora, vamos supor que entre na história uma outra cesta, a cesta C, que seja formada assim: (4,4). A Cesta C, portanto,
é composta por 4 hambúrgueres e 4 pizzas. Agora, nosso número de possibilidades aumentou. Apenas para
exemplificar, olhe algumas das possibilidades:
1ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta A, depois a B, depois a C.

2ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta A, depois a C, depois a B.

3ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta B, depois a A, depois a C.

4ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta B, depois a C, depois a A.

5ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta C, depois a A, depois a B.

6ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta C, depois a B, depois a A.

7ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta A, mas é indiferente entre B e C.

8ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta B, mas é indiferente entre A e C.

9ª Possibilidade: O consumidor prefere a Cesta C, mas é indiferente entre A e B.

Viu como começou a ficar complicado? Pois é. Imagine se nós acrescentássemos uma 4ª cesta... Mas justamente para
evitar essa complicação toda, a teoria do consumidor nos ajuda a ordenar as preferências do consumidor. Ou seja, a
colocá-las em uma ordem que permita sabermos como as preferências do consumidor se comportam. Essa ordenação é
dada pelas premissas básicas sobre as preferências.
As premissas são:

1. Exaustividade (também chamada de completude ou de integralidade): Esta premissa estabelece que os


consumidores conseguem comparar todas as cestas de consumo e ordená-las em termos de preferência. Ou seja, todas
as combinações possíveis de bens e serviços serão classificadas em ordem de preferência, já que o consumidor
consegue comparar todas as cestas de consumo. Dizemos, então, que as preferências são completas, já que o
consumidor pode dizer se prefere uma cesta à outra ou se é indiferente entre elas.
2. Transitividade: Significa que se o consumidor prefere a cesta A à cesta B e prefere a cesta B à C, então, ele prefere A
à C. A ideia aqui é bem simples. Se eu prefiro smartphones a tablets; e prefiro tablets a computadores, então eu
prefiro smartphones a computadores. Dizemos, portanto, que as preferências são transitivas.
3. Monotonicidade: Esse nome bonito é só para dizer que quanto mais de um bem, melhor. Ou seja, o consumidor
preferirá as cestas que possuem maior quantidade de um bem do que uma que possua menos quantidade do mesmo
bem. Isto porque, segundo o princípio da não saciedade, o consumidor nunca está saciado (quanto mais,
melhor). Dizemos, então, que as preferências são monotônicas.
A monotonicidade nos diz que, como mais é melhor, se nós tivermos menos de um bem, teremos que ter mais de outro
para “compensar”. Ou seja, se uma cesta X for composta por 7 alimentos e 8 vestuários (7, 8), uma cesta Y que tenha
menos alimentos, terá que ter mais vestuário para compensar. Assim, por exemplo, a cesta Y poderia ser assim
composta (5,11). Assim, para abrirmos mão de um bem, temos que ter mais do outro bem[4].
4. Convexidade: isto significa que sempre que eu tiver uma Cesta C que seja uma combinação das cestas A e B, eu
prefiro C do que as outras cestas. Ou seja, se o consumidor for indiferente entre uma Cesta A (9,1) e a Cesta B (1,9), uma
Cesta C (5,5) é preferível as outras duas. Este fato significa que o consumidor prefere diversificar o consumo do que
especializar-se no consumo de apenas um bem. Por convexidade, o consumidor prefere C em relação a A e B. Dizemos,
assim, que as preferências são convexas.

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Quando uma preferência segue as condições de exaustividade e de transitividade, dizemos que essas preferências são
racionais. Ou seja, alcançamos a racionalidade nas preferências quando conseguimos comparar as cestas e ordenar
nossas preferências (qual cesta preferimos ou se somos indiferentes) e quando as preferências seguem a transitividade.
Portanto, para que uma preferência seja racional, basta que ela siga as premissas da exaustividade e da transitividade.

Preferências racionais são as que são exaustivas e transitivas

Apesar de apenas 2 das premissas serem necessárias para que as preferências sejam consideradas racionais, todas as 4
premissas servem de balizas para a Teoria do Consumidor. São elas que orientam as conclusões deste modelo. Se nós
mudarmos essas premissas, mudaremos também as conclusões da Teoria do Consumidor, ok[5]?

Curvas de Indiferença
Vimos no tópico passado que o consumidor está sempre querendo maximizar a sua própria utilidade. Isto significa que
ele está em busca de obter a maior utilidade possível. Esta utilidade dependerá das cestas de consumo a que o
consumidor tem acesso.
Imagine dois bens, como livros e tablets. Neste nosso exemplo, portanto, a utilidade dependerá dos dois bens em
questão, dos livros e dos tablets. Como os modelos econômicos utilizam a matemática para suas análises, precisaremos
colocar estas disposições em linguagem matemática.
Matematicamente, portanto, podemos representar a relação entre livros, tablets e utilidade assim:

U = U (T, L)

Ou seja, a utilidade é função de livros e tablets. Sabendo disso, podemos usar essa relação matemática para
elaborarmos um gráfico, de forma a representar visualmente essa relação. Acompanhe a figura:

Veja, por exemplo, o ponto A. Neste ponto, o consumidor consome 30 livros e 4 tablets. Já no ponto B, o consumidor
consome 20 livros e 7 tablets. No ponto C, o consumidor consome 9 livros e 12 tablets.
O ponto chave aqui, é que os pontos A, B e C estão sobre a mesma curva. Essa curva se chama curva de indiferença. Ela
significa que todos os pontos sobre ela terão a mesma utilidade.
Ou seja, os pontos A, B e C, apesar de terem combinações diferentes dos bens em questão, trazem a mesma utilidade
ao consumidor. Como ele obtém a mesma utilidade das cestas A, B e C, ele é indiferente a elas.
A ideia da curva de indiferença, então, é que ela é uma curva que representa as várias combinações possíveis entre dois
bens que proporcionam a mesma utilidade ao consumidor. Pontos em cima da curva de indiferença, portanto, possuem
a mesma utilidade.

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No nosso exemplo, isto significa que o consumidor tem a mesma utilidade consumindo a cesta A (30,4), a cesta B (20,7)
e a cesta C (9,12).
Agora, vocês lembram da premissa da Convexidade? Que diz que as preferências são convexas e que, por isso, uma
combinação entre dois bens é melhor? Então, olhe só que interessante.
O consumidor poderia atingir uma curva de indiferença mais alta (e, portanto, com mais utilidade) se ele consumisse 27
livros e 12 tablets. Ele passaria da curva de indiferença 1 (U1) para a curva de indiferença 2 (U2). Como a curva de
indiferença 2 é mais alta que a curva 1, o consumidor obteria mais utilidade.

A curva de indiferença 2 nos mostra diversas combinações possíveis entre livros e tablets. Todas elas possuem a mesma
utilidade. Só que, como a curva de indiferença 2 está mais alta (mais para a direita e para cima), ela representa maior
utilidade que a curva de indiferença 1. Assim, a utilidade da curva de indiferença 2 é maior do que a da curva de
indiferença 1.
Bom, a curva de indiferença, portanto, representa as diversas combinações de cestas que trazem a mesma utilidade ao
consumidor. No entanto, curvas mais altas representam maior utilidade e curvas mais baixas representam menor
utilidade.
Ah, uma última coisa: quando nós temos um conjunto de curvas de indiferença, chegamos ao chamado mapa de
indiferença. Olhe só:

Propriedades das Curvas de Indiferença bem-


comportadas

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Da mesma forma que as preferências possuem premissas, as curvas de indiferença também têm algumas. Existe um
caso geral das curvas de indiferença. Quando uma curva de indiferença segue o caso geral, elas são chamadas de curvas
bem-comportadas. Quando as curvas de indiferença não seguem o caso geral, elas são chamada de curvas mal-
comportadas[6].
Para concursos, a grande maioria das questões foca nas curvas bem-comportadas. Mas é possível que algumas bancas
cobrem as diferentonas, as curvas mal-comportadas.
Bom, vamos começar, então, com as características das curvas de indiferença bem-comportadas.

1. Curvas mais altas são preferíveis: Esta característica é tranquila. Até já tivemos contato com ela no tópico anterior.
Indo direto ao ponto, quanto mais alta for a curva, melhor. Isto porque curvas mais altas representam um nível de
utilidade mais elevado (perdoe o trocadilho). Portanto, um ponto sobre uma curva de indiferença mais elevada trará
mais utilidade do que um ponto sobre uma curva de indiferença mais baixa. Isso decorre diretamente da premissa de
monotonicidade das preferências (mais é melhor). Como mais é melhor, quanto mais alta a curva de indiferença, maior
é a utilidade e, portanto, em melhor situação estará o consumidor.

2. Curvas de indiferença não se cruzam: Esta propriedade decorre do princípio da transitividade. É que se nós
tivéssemos duas curvas de indiferença que se cruzassem, isso significaria que nós teríamos uma cesta de bens que traria
dois níveis de utilidade ao mesmo tempo. O que meio que não faz lá muito sentido. Olhe só:

Repare no caso acima. As duas curvas de indiferença têm uma cesta comum, que é a Cesta A. Sendo assim, a cesta A,
sozinha, representaria dois níveis de utilidade diferentes, o que já feriria a premissa de transitividade...
Acompanhe o raciocínio, pois fica pior. Olhe as outras duas cestas ( B e C). Como a cesta C está em uma curva de
indiferença mais alta, preferiríamos a Cesta C à Cesta B. Isto porque, como C está em uma curva de indiferença mais
alta, a cesta C retorna mais utilidade ao consumidor do que a cesta B.

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Só que como A e C estão na mesma curva de indiferença, essas cestas trazem o mesmo grau de utilidade ao
consumidor. Então, o consumidor seria indiferente entre as cestas A e C.
De forma semelhante, como A e B estão na mesma curva de indiferença, essas cestas trazem o mesmo grau de
utilidade ao consumidor. Então, o consumidor seria indiferente entre as cestas A e B.
O princípio da transitividade nos diria, nessa situação que: se o consumidor é indiferente entre A e C, ele também seria
diferente entre C e B. Só que, como vimos na última frase sublinhada, o consumidor preferiria a cesta C à B. Ou seja,
temos uma contradição aqui!
Se as curvas de indiferença se cruzassem, teríamos essa contradição: o consumidor é indiferente entre C e B e, ao
mesmo tempo, prefere C à B. Como isso é totalmente ilógico, as curvas de indiferença não podem se cruzar.
3. As curvas de indiferença possuem inclinação negativa: Isso significa que elas são descendentes (vão descendo) da
esquerda para a direita. Esse formato das curvas de indiferença nos diz que, para que o consumidor abra mão de um
bem, ele terá que ter mais de outro para manter sua utilidade. Ou seja, será necessário ter uma substituição entre bens:
o consumo de um bem em menor quantidade deverá ser substituído por um consumo maior do outro bem.

Sobre este último ponto, precisamos nos aprofundar.

Acabamos de conversar que um bem em menor quantidade deverá ser substituído por outro. Mas quanto de um bem
substituirá o consumo do outro? Para responder essa pergunta, temos o conceito de Taxa Marginal de Substituição
(TMS). Ou seja, a tal da TMS mede quanto que um consumidor troca de um bem pelo outro, para se manter no seu nível
de utilidade.
Pense, por exemplo, que duas cestas estariam sobre a mesma curva de indiferença: a Cesta A (6,7) e a cesta B (4, 10).
Como elas estão sobre a mesma curva de indiferença, as cestas A e B representam o mesmo nível de utilidade.

Ou seja, para abrir mão de 2 unidades do primeiro bem (saindo dos 6 da cesta A para os 4 da cesta B), o consumidor
aceita mais 3 unidades do segundo bem (saindo dos 7 da cesta A para as 10 unidades da cesta B). Podemos dizer, então,

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que quando o consumidor sai da Cesta A para a Cesta B, ele substituiu 2 unidades do primeiro bem por 3 do segundo
bem e mantém o seu nível de utilidade.
A TMS registrará precisamente esse fenômeno, pois será a taxa pela qual o consumidor está propenso a substituir um
pouco mais do consumo do bem 2 por um pouco menos do consumo do bem 1. E isso para quaisquer cestas de
bens, não só para o exemplo que demos, ok?
Matematicamente, a TMS será assim:

TMS= Δx2/Δx1

Ou seja, a TMS é a variação da quantidade do bem 2, dividida pela variação da quantidade do bem 1. Variação é “final
menos inicial” [7].
No caso do exemplo que demos, o bem 2 saiu de 7 unidades (cesta A) para 10 unidades (cesta B). Portanto, 10 é o valor
final e 7 é o valor inicial. Assim, a variação do bem 2 seria:
Δx2=10 – 7= 3

Já o bem 1 saiu de 6 unidades (cesta A) para 4 unidades (cesta B). Portanto, 4 é o valor final e 6 é o valor inicial. A
variação do bem 1 seria:
Δx1= 4 – 6 = -2

Agora, só falta dividirmos uma variação pela outra e encontraremos a TMS:

TMS= Δx2/Δx1= 3/-2= -1,5

Repare, primeiramente, que a TMS costuma ser um número negativo. Isto porque o consumidor está substituindo um
bem pelo outro, ele está trocando um bem pelo outro. O sinal negativo da TMS indica isso: para obter mais de um bem,
ele diminui a quantidade de outro bem. No caso do nosso exemplo, a TMS é -1,5, o que significa que o consumidor
estaria disposto a trocar 1 unidade do bem 1 para conseguir 1,5 unidades do bem 2.
O interessante é que essa conclusão reforça a inclinação negativa da curva de indiferença: para ter mais quantidade de
um bem, o consumidor abre mão do outro bem. Por isso, dizemos que a TMS representa a inclinação da curva de
indiferença. Olhe só:

Essa inclinação negativa da curva de indiferença, demonstrada pela TMS negativa, decorre da premissa da
monotonicidade das preferências: para abrir mão de um bem, precisamos de mais de outro bem.
Agora, em curvas de indiferença bem-comportadas, convexas, nós temos uma outra característica da TMS: ela será,
em módulo[8], decrescente. Isto porque à medida que andamos da direita para a esquerda na curva, o consumidor vai
abrindo cada vez menos mão do bem 1 para ganhar cada vez mais do bem 2.

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Imagine a seguinte curva de indiferença que compara canetas e lápis com as cestas A, B, C e D. Cesta A (32,4), Cesta B
(24,10), Cesta C (17,18) e cesta D (12, 28).

Da cesta A para a cesta B, o consumidor abre mão de uma quantidade grande de canetas para ganhar pouca quantidade
de lápis. Mas quando vamos para as cestas posteriores, C e D, o consumidor abre mão de menos quantidade de canetas
para ganhar muita quantidade de lápis.
Essa característica vai fazer com que a TMS seja decrescente ao longo da curva. Quer ver só?

TMS do ponto A para o ponto B (TMSab):

Da cesta A para a cesta B, saímos de 32 unidades de canetas para 24. Então, 24 é o valor final e 32 o inicial.

Δx2= 24 – 32 = -8

Já os lápis saíram de 4 unidades (cesta A) para 10 unidades (cesta B). Portanto, 10 é o valor final e 4 é o valor inicial. A
variação do bem 1 seria:
Δx1= 10 – 4 = 6

TMSab= Δx2/Δx1= -86= -1,33

TMS do ponto B para o ponto C (TMSbc)

Da cesta B para a cesta C, saímos de 24 unidades de canetas para 17. Então, 17 é o valor final e 24 o inicial.

Δx2= 17 – 24 =-7

Já os lápis saíram de 10 unidades (cesta B) para 18 unidades (cesta C). Portanto, 18 é o valor final e 10 é o valor inicial. A
variação do bem 1 seria:
Δx1= 18 – 10 = -8

TMSbc= Δx2/Δx1= -7/8= -0,875

TMS do ponto C para o ponto D (TMScd)

Da cesta C para a cesta D, saímos de 17 unidades de canetas para 12. Então, 12 é o valor final e 17 o inicial.

Δx2= 12 –17 = -5

Já os lápis saíram de 18 unidades (cesta C) para 28 unidades (cesta D). Portanto, 28 é o valor final e 18 é o valor inicial. A
variação do bem 1 seria:

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Δx1= 28 – 18 = 10

TMScd= Δx2/Δx1= -5/10= -0,5

Ou seja, da cesta A para a cesta B, a TMS é de -1,33. Da cesta B para a cesta C, a TMS é -0,875. Da cesta C para a cesta D,
a TMS é -0,5.
Perceba como o valor absoluto da TMS vai decrescendo quando andamos na curva de indiferença. Neste exemplo, a
TMS vai decrescendo seu valor em módulo: de 1,33 para 0,875 e de 0,875 para 0,5. Perceba, então, que para curvas de
indiferença convexas, a TMS é decrescente ao longo da curva.

Repare, no gráfico acima, com a TMS vai ficando mais deitada a medida que estamos indo da cesta A para a cesta D.
Isso significa que a inclinação é decrescente.
O fato da TMS ser decrescente significa que quanto mais temos de um bem, mais propensos estaremos a abrir mão
dele pelo outro bem. Ou seja, quando o consumidor tem muito de um bem, ele aceita trocar um pouco desse bem para
obter mais do outro bem.
Pense, por exemplo, que você está num deserto e morrendo de sede, mas com uma boa quantia de dinheiro no bolso.
Andando mais um pouco, você se depara com um oásis que possui um mercador vendendo água potável. Quanto você
estaria disposto a pagar por 200ml de água? Com certeza seria muito dinheiro.
Depois dos primeiros 200ml de água, você está em uma situação melhor que a de antes, mas ainda sente sede. O
mercador te oferece 300ml de água. Quando você estaria disposto a pagar pelos 300ml? Com certeza menos que nos
primeiros 200ml, pois sente menos sede, mas ainda assim uma quantia considerável.
Depois dos 300ml adicionais, você está em uma situação melhor que a de antes, pois já consegue perceber que está
com menos sede. Quando você estaria disposto a pagar por mais 600ml? Como você já está com menos sede, estaria
disposto a pagar ainda menos.
Após consumir os 600ml, você já consumiu ao todo 1,1 litros de água e já não sente mais sede. O mercador, então, te
oferece mais 1000 ml. De repente, economizar dinheiro passa a parecer mais vantajoso do que pagar por mais água...
É essa situação que a TMS decrescente representa. Você tem muito dinheiro, mas tem zero ml de água para saciar a
sede. Nos primeiros 200ml, você paga muito dinheiro para conseguir apenas 200ml. Depois, você está disposto a pagar
menos dinheiro para ter os próximos 300ml. E assim vai indo: À medida que vai tendo mais ml de água, você está
disposto a pagar cada vez menos. Em outras palavras, a TMS de ml de água por dinheiro vai decrescendo.
As birrentas: curvas de indiferença malcomportadas

As propriedades das curvas de indiferença que vimos no tópico anterior pertencem às curvas de indiferenças
denominadas bem-comportadas. Existem outras curvas, no entanto, que não apresentam aquelas três características

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(curvas mais altas são preferíveis, curvas de indiferença não se cruzam e curvas de indiferença possuem inclinação
negativa). Estas curvas, que não seguem a regra geral, são denominadas de malcomportadas.
Cuidado para não confundir. Uma coisa são as premissas das preferências. Outra coisa são as propriedades das curvas
de indiferença. Mesmo as curvas de indiferença malcomportadas seguem as premissas das preferências, ok? Elas
apenas não seguem as propriedades das curvas de indiferença bem-comportadas.
Como primeiro caso das curvas de indiferença malcomportadas, temos as curvas de bens substitutos perfeitos. Elas
possuem o formato a seguir:

Quando dois bens são substitutos perfeitos, a TMS deles é constante. Isso significa que trocamos sempre a mesma
quantidade de um pelo outro. Se a TMS for -1[9], trocarei um celular da Samsung por um da Apple e dois celulares da
Samsung por dois da Apple.
Repare no gráfico acima, no ponto A, que o consumidor adquiriria 10 aparelhos da Apple (A) e nenhum da Samsung (S).
Seguindo na curva de indiferença, descendo para o ponto B, o consumo seria de 7 e 3, respectivamente. Ou seja, abriria
mão de 3 aparelhos da Apple para consumir mais 3 da Samsung. Já no ponto D, abriria mão de mais 4 Apple para obter
mais 4 Samsung. Note, portanto, que a taxa de troca (a taxa marginal de substituição é sempre de um para um.
Ou seja, como a TMS é constante, as curvas de indiferença para bens substitutos serão uma reta (uma linha). Mas não
necessariamente a troca constante será sempre de um para um. Se a TMS for -2, por exemplo trocarei 2 celulares da
Samsung por 1 da Apple e 4 celulares da Samsung por 2 da Apple. E assim sucessivamente. Sempre que a TMS for
constante, os bens são substitutos perfeitos e teremos uma curva de indiferença como uma linha reta e com inclinação
negativa. Para uma TMS de -1/2, por exemplo, teríamos o seguinte:

Para exemplificar, vamos calcular a TMS do ponto A para o ponto B. A cesta A representa (10,0) e o ponto B, (7,6). Da
cesta A para o ponto B, o bem A saiu de 10 unidades (cesta A) para 7 unidades (cesta B). Portanto, 7 é o valor final e 10 é
o valor inicial. Assim, a variação do bem 2 seria:
Δx2= 7 – 10 =- 3

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Já o bem S saiu de 0 unidades (cesta A) para 6 unidades (cesta B). Portanto, 6 é o valor final e 0 é o valor inicial. A
variação do bem 1 seria:
Δx1= 6 – 0 = 6

Agora, só falta dividirmos uma variação pela outra e encontraremos a TMS:

TMS= -Δx2/Δx1= -3/6= -1/2

Se você fizer o mesmo cálculo para mudanças do ponto B para o ponto C e do C para o D, verá que a TMS permanece
constante em -1/2.
As bancas adoram bens substitutos perfeitos. Quer ver só?

CESPE – MJ – 2013) Curva de indiferença de dois bens substitutos perfeitos é uma reta.

RESOLUÇÃO:

Perfeito!

Esse conceito é muitíssimo cobrado!

Se os bens são substitutos perfeitos, a taxa marginal de substituição é constante, ou seja, a curva de indiferença é
uma reta.
Resposta: C

Outro caso de curvas de indiferença malcomportadas é a dos bens complementares perfeitos. Neste caso, temos, por
exemplo, um consumidor que toca bateria e faz coleção de baquetas. Para este consumidor, ele sempre precisa de um
par de baquetas para ter sua utilidade aumentada. Ter só a baqueta direita não aumenta sua utilidade. E ter só a
baqueta esquerda também não aumenta sua utilidade. Ou ele tem o par completo, ou ele simplesmente não tem
acréscimo em sua utilidade.
Nessa situação, a curva de indiferença será um L. Olhe só:

O vértice do L é onde o consumidor consegue formar o par de baquetas. Na parte vertical do “L”, a TMS será
infinita[10]. Já na parte horizontal do L, a TMS será igual a 0.
De forma parecida com os bens substitutos, não é necessário que o consumidor consuma sempre na proporção de 1
para 1 (como o exemplo que demos das baquetas). Pode ser que o consumidor deseje consumir 2 para 3 (duas colheres
de feijão para três de arroz, por exemplo). Mesmo neste último caso, teremos uma curva de indiferença em L.

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Aliás, desde que a proporção seja fixa e os bens sejam complementares perfeitos, teremos uma curva de indiferença em
L.

Um terceiro caso de preferências malcomportadas seria uma que tivesse um bem que o consumidor não curte. Por
exemplo, eu, Jetro, não gosto de palmito. Consumir este tipo de bem diminuiria minha utilidade em vez de aumentá-la.
Ou seja, em vez de “bem”, palmito, para mim, seria um “mal”.
Quando temos uma cesta de bens que possua dois bens, um que o consumidor goste e um que ele não goste, a
inclinação da curva será positiva. Ou seja, diferente do caso geral, quando a inclinação é negativa.
A inclinação negativa da curva de indiferença faz com que tenhamos a seguinte situação: quanto menos de um bem o
consumidor tiver, mais ele deve consumir do outro bem. Por exemplo, menos livros, mais tablets. Ou seja, menos de um
bem, mais do outro.
Mas a inclinação positiva tem uma pegada diferente. Imagine que eu, Jetro, esteja avaliando uma cesta de bens com
palmito e bacon. Gosto muito de bacon, mas não curto palmito. Então, o consumo de palmito faz com que minha
utilidade diminua. Isso significa que se você me der mais palmito, eu vou querer mais bacon também. Isto ocorre
porque palmito diminui a minha utilidade e bacon aumenta. Portanto, para manter minha utilidade no mesmo nível, ao
consumir mais de um bem que eu não gosto, também preciso consumir mais do bem que eu gosto. Ou seja, mais de um
bem, mais do outro.
É justamente esta relação que faz com que a inclinação da curva de indiferença que compara um bem que o consumidor
gosta com um que ele não gosta seja positiva. Olhe só:

Em um gráfico com inclinação positiva, as curvas mais ALTAS serão as preferíveis, pois apontam para um maior
consumo do bem que o consumidor gosta e menos para o bem que o consumidor não gosta.
O interessante é que como o consumo de palmito faz com que a minha utilidade diminua, a Taxa Marginal de
Substituição será positiva.

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Cuidado para não confundir TMS decrescente com TMS negativa!! Uma TMS pode ser decrescente e, mesmo assim, ser
positiva. Por exemplo, imagine uma TMS que, ao longo de uma curva de indiferença, seja 10, depois 8, depois 7, depois
4, depois 3, depois 1. Neste caso, a TMS é decrescente (pois vai diminuindo), mas ela continua positiva. TMS
decrescente e negativa é o caso das curvas de indiferença bem-comportadas.
No caso das curvas de indiferença malcomportadas, teremos TMS fixa para bens complementares e substitutos (ou
seja, ela não é decrescente nem crescente: ela é constante). Mas, no caso de a cesta ter um bem que o consumidor não
goste, a TMS será positiva.
Um outro caso de curvas de indiferença malcomportadas é quando temos um bem neutro na cesta de consumo. Ou
seja, um dos bens não aumenta, mas também não diminui a utilidade do consumidor. Eu, Jetro, gosto muito de assistir
jogos na NBA, mas, para mim, tanto faz como tanto fez a TV aberta. Portanto, consumir mais TV aberta não aumentará
nem diminuirá minha utilidade, pois apenas assistir mais jogos da NBA faria a minha utilidade aumentar.

Simbora mais um? Outro caso é o das curvas de indiferença côncavas. Uma das premissas que vimos das preferências é
a convexidade, e isto significa que o consumidor prefere consumir vários bens a consumir apenas um tipo de bem. Ou
seja, ele prefere diversificar o seu consumo em vez de se especializar no consumo de um bem.
Se a preferência for côncava, isto significa que o consumidor prefere um consumo especializado. Ele prefere se
especializar no consumo de um único bem, do que ter uma cesta diversificada.

Não ficou, claro? Então, vamos comparar preferências côncavas com preferências convexas através dos dois gráficos
abaixo:

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Note que no gráfico da esquerda, temos a mal-comportada da vez, curva de indiferença para preferências côncavas.
Neste caso, repare que uma cesta média entre os pontos A e B estaria numa curva de indiferença inferior. Ou seja, o
consumidor prefere os pontos A ou B à cesta média entre eles. Fica claro então que, neste caso, há tendência à
concentração do consumo em um dos bens.
Se as preferências são as nossas queridas bem-comportadas, temos a curva de utilidade convexa, a da direita. Ali, o
ponto médio entre os pontos A e B (cesta média entre eles) gera uma satisfação maior, já que estaria numa curva de
indiferença mais elevada quando comparada à dos pontos A e B. Ou seja, preferências convexas valorizam a
diversificação no consumo.
O último caso de curvas de indiferença que veremos aqui na aula é o caso das preferências quase lineares. Este é o caso
quando a TMS da curva de indiferença depende exclusivamente da quantidade consumida de apenas 1 dos dois bens.
Ou seja, quando a TMS é determinada exclusivamente pela quantidade de 1 bem, temos preferências quase lineares.

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Função utilidade
Como você está cansado de saber aqui pelo curso, a Economia utiliza modelos econômicos para simplificar a realidade e
verificar como uma variável influencia na outra. Para isso, dois instrumentos importantes são: os gráficos, que facilitam
na visualização dos fenômenos, e as funções matemáticas.
As funções matemáticas são equações que relacionam duas ou mais variáveis. Na função de demanda, por exemplo,
relacionamos as variáveis preço e quantidade demandada, que possuem relação inversa (Qd = a - bP). Já na função
oferta, relacionamos as variáveis preço e quantidade ofertada, que possuem relação direta (Qo = a+ bP).
Aqui na teoria do consumidor, nós também temos uma função específica, a chamada função utilidade. Esta função nos
ajudará a organizar as preferências e fará com que cada utilidade tenha um número (chamado índice de utilidade).
Portanto, a função utilidade é um modo de atribuir um número para cada cesta de consumo. Ou seja, se a cesta A
(x1,x2) for preferível à cesta B (j1,j2), o número atribuído à cesta A será maior do que o número atribuído à cesta B.
Assim, se o consumidor prefere a cesta A à Cesta B, o índice de utilidade de A será maior do que o de B.
E se o consumidor for indiferente entre A e B? Neste caso, o número será igual para ambas, o que significa que as cestas
A e B tem a mesma utilidade (e, portanto, estão na mesma curva de indiferença).
Mas aqui sobre este ponto, é importante que você saiba que temos duas teorias sobre as funções utilidades. A primeira
teoria se chama teoria cardinal e a segunda teoria se chama teoria ordinal.
Os primeiros economistas acreditavam que a felicidade e o bem-estar de uma pessoa pudessem ser medidos. Ou seja,
eles achavam que o principal objetivo de uma função utilidade seria mensurar a utilidade de uma pessoa,
medir exatamente o quanto de utilidade uma cesta teria a mais ou a menos do que outra. Para estes economistas, se
uma cesta X tivesse índice de utilidade igual a 20 e uma cesta y tivesse índice de utilidade igual a 10, isso significaria que
a cesta X possuiria o dobro da utilidade da cesta Y. Portanto, o consumo da cesta X daria o dobro de felicidade/bem-
estar ao consumidor do que a cesta Y. A função utilidade, para estes economistas, seria uma medida do grau de
satisfação/utilidade de um indivíduo.
Essa teoria, que acredita que o objetivo da função utilidade é medir a felicidade/bem-estar de um indivíduo, se
chama teoria cardinal. Em outras palavras, podemos dizer que a teoria cardinal se preocupa com a extensão da
diferença entre duas cestas (se uma tem o dobro, o triplo, o quádruplo, metade, um quarto da utilidade da outra cesta).
O problema em aceitar que a utilidade possa ser medida são os problemas conceituais que dela surgem. Por exemplo,
será que a utilidade de uma cesta para uma pessoa será a mesma para outra pessoa? Se eu comer um chocolate vou ter
mais prazer que ao comer uma cenoura, mas minha saúde ficará debilitada, como medir a utilidade neste caso?
Esse tipo de problema conceitual fez com que os economistas criassem uma nova teoria, a chamada teoria ordinal.
Essa teoria diz que a função utilidade não tem como objetivo efetivamente medir a utilidade (até porque é impossível
fazer isso), mas somente ordenar [11]as preferências.
Dessa forma, para a teoria ordinal, o índice de utilidade é só uma referência para sabermos quais cestas o consumidor
prefere e quais, não. Não interessa se uma cesta vai trazer o dobro ou o triplo de utilidade (até porque não temos como
saber exatamente este tipo de coisa). O que interesse é saber qual cesta vai trazer mais utilidade para o consumidor.
O quanto a mais não é importante.
Portanto, a teoria ordinal nos diz apenas que a função utilidade visa ordenar as preferências. Assim, se uma cesta X tiver
índice de utilidade igual a 20 e outra cesta Y tiver índice de utilidade igual a 10, isso significa que a cesta X tem maior
utilidade do que a cesta Y (já que 20 é maior do que 10). Mas isso não significa que a utilidade de X será o dobro da de Y.
A teoria ordinal se importa com a hierarquia entre as diferentes cestas de consumo (quais o consumidor prefere mais e
quais menos). Ou seja, ela está preocupada com as diferenças de utilidade entre duas cestas, mas não se importa com
a extensão da diferença de utilidade entre as cestas. A teoria ordinal não se importa com o quanto uma utilidade de
uma cesta é maior do que a de outra.
Portanto, no exemplo que demos (cesta X com índice de utilidade igual a 20 e cesta Y com índice de utilidade igual a 10),
temos duas conclusões, a depender da teoria que adotemos:

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Segundo a teoria cardinal, o consumidor prefere a cesta A à cesta B e a cesta A representa o dobro da
utilidade da cesta B (já que 20 é o dobro de 10).
Segundo a teoria ordinal, mais utilizada pelos economistas, o consumidor prefere a cesta A à cesta B. E
ponto.

Essa diferenciação acontece porque, na teoria ordinal, não estamos interessados no quanto que uma cesta difere da
outra em termos de utilidade. Estamos apenas interessados em qual cesta o consumidor prefere mais e qual ele prefere
menos. Índices de utilidade maiores representarão cestas que o consumidor prefere.
As questões de concurso cobram apenas funções de utilidade ordinais (que visam apenas ordenar as preferências).
Mas a banca pode cobrar a diferença entre teoria cardinal e ordinal na sua prova também, ok?

Utilidade Total e Utilidade Marginal


Uma coisa que eu, Jetro, gostava muito quando adolescente era de rodízio de pizza. Brother, como eu comia!
Frequentemente disputava com outros amigos meus quem comia mais pedaços. Meu recorde pessoal é de 23
pedaços[12]. No entanto, as vezes eu ficava me perguntando como que os donos das pizzarias não quebravam de tanto
“prejú” que eu e meus amigos dávamos para eles.
Isto porque, se a pizzaria cobrava R$ 40,00 por um rodízio de pizza, o que impediria que os clientes comessem, na
média, R$ 50,00 reais em pizza?
O fato é que embora alguns clientes (como eu e meus amigos) efetivamente dessem prejuízo, isso ocorria muito
raramente. É que 23 pedaços é muita coisa para a grande maioria das pessoas (a maioria das pessoas come entre 4 e 7
pedaços de pizza, apenas).
Num rodízio, todo mundo quer comer o máximo que puder, mas há um limite! Para a maioria das pessoas, comer 5
pedaços de pizza é um prazer, mas comer 23 é um absurdo! Ou seja, talvez o 6º pedaço de pizza já não seja tão
saboroso quanto o primeiro...
Seja como for, parece que o consumidor, num rodízio de pizza, está querendo maximizar algo, pois quer aproveitar ao
máximo a sua refeição. E ele só vai parar de comer pizza, quando estiver comendo pizza demais.
No caso de um empresário, fica mais claro que ele busca ter o máximo de lucro possível, ou seja busca maximizar seu
lucro. Mas e o consumidor? O que o consumidor busca ao máximo?
Os Economistas têm uma ideia sobre isso: o consumidor busca maximizar sua satisfação pessoal, o seu bem-estar. E ele
faz isso consumindo bens e serviços. Portanto, num rodízio de pizzas, o consumidor busca maximizar sua satisfação
pessoal ao comer pizzas. Quando estiver no máximo, ele simplesmente deixa de comer mais pizzas, pois já
comeu demais.
A Economia chama a satisfação pessoal/bem-estar do consumidor de Utilidade. Portanto, o consumidor, por meio dos
bens/serviços que consome, busca sempre maximizar a sua utilidade. Ele busca extrair o máximo que puder de cada
oportunidade.
Para mim, o máximo de prazer num rodízio seria consumir 23 pedaços. Para a maioria das pessoas, no entanto, o
máximo de prazer em um rodízio de pizza seria consumir entre 4 e 7 pedaços de pizza. O máximo varia para cada um,
mas todos os consumidores desejam aproveitar o máximo dos bens/serviços que consome.
Agora, quando uma pessoa vai num rodízio, ela não quer sentir fome quando sair da pizzaria. Ou seja, o objetivo dela é
se empanturrar de pizza e ficar saciado (sem fome). Vamos supor que a utilidade para a pessoa que vai no rodízio é ficar
saciado. Cada pedaço de pizza que ela comer, vai fazer com que ela fique mais saciada. Portanto, a cada pedaço de
pizza, a utilidade total dessa pessoa vai aumentar. Ou seja, cada pedaço de pizza vai fazer você chegar perto do máximo
de utilidade, que é ficar saciada.
Vamos imaginar que a saciedade de alguém variasse de 0 a 100, sendo que 0 é a pessoa com muita fome e 100 é a
pessoa completamente saciada. Portanto, a cada pizza comida, a pessoa se aproxima de 100 (saciada). Como exemplo,

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vamos supor que a pessoa chegue a zero de fome comendo 5 pedaços de pizza no rodízio.
Olhe só a tabela abaixo:

Pedaços de Pizza Utilidade Total

0 0 (com fome)

1 40

2 70

3 85

4 95

5 100 (saciada)

Repare que cada pedaço de pizza deixa a pessoa mais saciada. Ou seja, cada pedaço de pizza aumenta a utilidade total
do javali esfomeado!
Agora, os economistas não ficam satisfeitos com esse tipo de análise. Os economistas gostam de um outro conceito
chamado Utilidade Marginal. Este conceito significa o acréscimo de utilidade que cada bem gera. No nosso exemplo, o
quanto que cada pedaço de pizza aumenta a utilidade total. Vamos acrescentar uma outra coluna para saber o quanto
que cada pedaço de pizza acrescenta na utilidade total.

Pedaços de Pizza Utilidade Total Utilidade Marginal

0 0 (com fome) --

1 40 +40

2 70 +30

3 85 +15

4 95 +10

5 100 +5

Perceba que quando o consumidor consome o primeiro pedaço de pizza, sua utilidade total aumenta em 40! Ou seja, o
primeiro pedaço de pizza já dá uma baqueada legal na fome que a pessoa sente.
Agora, o segundo pedaço de pizza também aumenta a Utilidade Total (de 40 para 70). Só que o segundo pedaço de
pizza aumenta a utilidade total menos que o primeiro. O primeiro pedaço aumenta a utilidade total em 40 ( de o para
40). Já o segundo pedaço de pizza aumenta a utilidade total em 30 (de 40 para 70).

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O terceiro pedaço de pizza também aumenta a utilidade total, mas aumenta menos que o segundo. O segundo pedaço
de pizza aumenta 30 (de 40 para 70), enquanto que o terceiro pedaço de pizza aumenta a utilidade total em 15 (de 70
para 85).
O quarto pedaço de pizza também aumenta a utilidade total, mas aumenta só em 10, enquanto que o quinto pedaço de
pizza também aumenta a utilidade total, mas aumenta só em 5.
Perceba que a utilidade total vai sempre aumentando, mas a utilidade que cada pedaço de pizza acrescenta, vai
diminuindo. Ou seja, a Utilidade total vai sempre aumentando, mas a utilidade marginal vai diminuindo.
Essa característica é explicada pela Lei da Utilidade Marginal decrescente. Esta lei estabelece que quando um
indivíduo consume um bem, ele aumenta sua utilidade total. No entanto, quanto mais ele consumir desse bem, menos
sua utilidade total vai crescer. E isso ocorre porque a utilidade marginal é decrescente.
Se você me der 1 tênis de corrida, vou ficar felizão, pois isso fará muita diferença na minha utilidade. Se você me der o
segundo, também terá acréscimo significativo. Mas quando chegar no 5º tênis de corrida, já não fará muita diferença
para mim, pois eu já tenho outros 4 tênis, o que para mim já é mais do que o necessário.
A Utilidade Marginal (Umg) expressa exatamente esse conceito. Se você não tem nada de um bem e ganha a primeira
unidade, isso acrescenta muita utilidade para você (utilidade marginal grande da primeira unidade). Mas quando você
tem muito de um bem, conseguir mais 1 unidade desse bem já não faz tanta diferença (utilidade marginal pequena). E
essa utilidade adicional, marginal, vai caindo quanto mais você tem desse bem. Ou seja, a utilidade marginal vai
decrescendo.
Utilidade Marginal, portanto, é o acréscimo de utilidade que ocorre em virtude do consumo de uma unidade a
mais do bem em questão.
Se for a primeira unidade, provavelmente a utilidade marginal (o acréscimo na utilidade total) vai ser grande. Mas se
você já tiver muita quantidade desse bem e receber mais 1, a utilidade marginal será pequena (quase não vai ter
acréscimo na utilidade total).
Utilidade Marginal é o acréscimo de utilidade que ocorre em virtude do consumo de uma unidade a mais do bem em
questão.
Quando a utilidade marginal for 0, isso significa que alcançamos a Utilidade total máxima! Isto porque ao consumirmos
muito um bem, estamos aumentando a UT, mas diminuindo a Umg. Quando a Umg for 0, teremos chegado no máximo
da UT. Se continuarmos a acrescentar consumo desses bens, a Umg se tornará negativa e teremos DECRÉSCIMO na
Utilidade Total. Portanto, quando Umg = o, nós temos utilidade total máxima.
Quando Umg = 0, a Utilidade Total é máxima.

Como bons estudantes de Economia que somos, já sabemos que a Economia utiliza modelos para simplificar a
realidade e a matemática para exemplificar esses modelos.
Nós podemos exemplificar a Utilidade Total com a função utilidade. E a utilidade marginal como a derivada da função
utilidade.
A derivada é um procedimento matemático que ajuda a achar o máximo de uma função. Ou seja, nós podemos achar o
valor máximo que uma função pode chegar.
Então, se nós tivermos uma função utilidade que representa a utilidade total de uma pessoa, podemos aplicar a
derivada e então descobrir qual seria a Utilidade total máxima dessa pessoa.
Imagine que a função utilidade de alguma pessoa seja U = x2 + 3, em que x é a quantidade de bens que a pessoa
consome. Para sabermos o máximo que essa função pode chegar, ou seja, qual seria a utilidade máxima que essa
pessoa poderia chegar por essa função, basta derivá-la.

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Agora que já sabemos derivar uma função, fica fácil saber quando que uma função atinge valor máximo. Para sabermos
isso, basta derivar uma função e igualá-la a zero.

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Exemplos de Funções Utilidade


Vimos antes aqui na aula diversos tipos de curvas de indiferença. Vimos as curvas de indiferença bem-comportadas e
as malcomportadas. Dentro das curvas malcomportadas, vimos as curvas dos bens substitutos, dos bens
complementares e de outros bens também.
O interessante é que, para cada uma dessas curvas nós teremos um formato de função utilidade diferente. A ideia é
vermos as principais funções de utilidade, que são as mais cobradas em prova. Vamos começar pela função utilidade de
curvas de indiferença bem-comportadas. Por enquanto, queremos apenas que vocês se familiarizem com o formato de
cada uma das funções. Mais à frente, faremos umas brincadeirinhas com elas.
Função utilidade para curvas de indiferença bem-comportadas

O exemplo clássico de função utilidade para curvas de indiferença bem-comportadas são as chamadas funções Cobb-
Douglas[14]. Elas têm a seguinte forma:
U(X,Y)=X^aY^b

Na função Cobb-Douglas, temos que o índice de Utilidade (U) depende da quantidade do bem 1 (X) elevado a um
número “a” multiplicada pela quantidade do bem 2 (Y) elevado a um número “b”.
Este formato da Função Utilidade faz com que tenhamos curvas convexas, negativamente inclinadas, como a abaixo:

Um dos pressupostos das funções Cobb-Douglas é que os bens que ela representa possuem elasticidade-preço da
demanda e elasticidade renda da demanda unitárias. Com EPD e ERD = 1, a função Cobb-Douglas só trata de bens
normais (não trata de bens inferiores, por exemplo). Portanto sempre que você ver uma Função Cobb-Douglas, saiba
que está lidando com bens normais.
A função Cobb-Douglas representa o comportamento de bens normais.

Função utilidade para bens substitutos


Para bens substitutos, a curva de indiferença tem o seguinte formato, já visto em aula:

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Vimos também em aula que, para bens substitutos perfeitos, a TMS é constante. Uma função de utilidade que
apresenta essa propriedade e que seria uma boa representação das preferências de um consumidor entre bens
substitutos seria:
U (X,Y)=a.X+b.Y

Nesta função, o índice de utilidade U depende da quantidade do bem 1 (X) multiplicada por uma constante positiva
“a” mais a quantidade do bem 2 (Y) multiplicada por uma constante positiva “b”.

Função utilidade para bens complementares


Para bens complementares, a função também é diferente. É o caso do nosso baterista, que só se importa em ter um par
de baquetas. Se ele tiver só a baqueta direita, não adianta nada. Da mesma forma, de nada adiante ter só a baqueta
esquerda. Ele só se interessa pelo par.
Uma função que representaria bem essa preferência seria a seguinte:

U (X,Y)=[aX,bY]

Para esta função, U dependeria do mínimo de combinações possíveis do bem 1 (X) multiplicado por uma constante “a” e
do bem 2 (Y) multiplicado por uma constante “b”. Como esta função é um pouco mais diferente, vamos a um exemplo.
Imagina uma cesta para o nosso amigo baterista contendo 5 baquetas esquerdas e 5 direitas. Portanto, o bem 1 (X) será
a baqueta esquerda e o bem 2 (Y) será a baqueta direita. O grau de utilidade será:

U= {5,5}
Ou seja, o índice de utilidade será o menor valor entre (5,5). Isto porque ele só se interessa pelo par de baquetas. Como
o mínimo entre 5 e 5 é 5, U = 5.
Agora, vamos dar ao nosso amigo baterista mais duas baquetas esquerdas, totalizando 7. Agora, a cesta de consumo
possui a combinação (7,5). Vamos substituir esses valores na Função Utilidade.
U (X,Y)={7,5}

Com essa nova combinação, temos que escolher o mínimo entre 7 e 5. O índice de Utilidade continua sendo 5, isto
porque entre 7 e 5, 5 é o menor valor. Portanto, apesar do número de baquetas esquerdas terem aumentado, a utilidade
do consumidor permanece a mesma, 5, porque ele só se interessa pelo par de baquetas. Ter baquetas esquerdas
sobrando não aumenta sua utilidade.
Se nós aumentarmos o número de baquetas direitas para 7, teríamos uma nova cesta (7,7), agora, sim, com um índice
de utilidade maior, que será 7. O índice de utilidade subiu porque conseguimos formar novos pares de baqueta, da

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mesma forma como funcionam os bens complementares.


Esta função gera curvas de indiferença para bens complementares como a que vimos na aula:

Função utilidade quase linear


As preferências quase lineares são as preferências que ocorrem quando a TMS da curva de indiferença depende
exclusivamente da quantidade consumida de apenas 1 dos dois bens. Ou seja, quando a TMS é determinada
exclusivamente pela quantidade de 1 bem, temos preferências quase lineares.
As preferências quase lineares tem a função utilidade no seguinte formato:

U (X, Y) = X + Y^a

A função utilidade acima leva a curvas de indiferença no seguinte formato:

Restrição Orçamentária
Vimos na aula que uma das premissas das preferências bem comportadas é a monotonicidade. Esta premissa significa
que, do ponto de vista do consumidor, quanto mais bens ele puder consumir, melhor. Isso também significa que a curva
de indiferença mais alta é a que traz maior utilidade ao consumidor.
Mas a pergunta que fica é: Por que o consumidor não escolhe a curva de indiferença mais alta de todas? Ou seja, por que
ele não eleva o seu grau de utilidade ao máximo?
Porque ele possui uma restrição: a sua renda. O consumidor terá um limite de consumo, dado a ele pela sua renda.
Então, ele não irá escolher a curva de indiferença mais alta. Ele irá escolher a curva de indiferença mais alta possível. O

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consumidor, portanto, irá escolher a curva de indiferença mais alta que estiver dentro das possibilidades da sua renda.
Essa limitação do consumidor é chamada de restrição orçamentária. Se um consumidor possuir renda de R$ 1.000,00,
estes R$ 1.000 serão sua restrição orçamentária. Se um outro consumidor possuir renda de R$ 20.000,00, este
montante será sua restrição orçamentária e assim por diante.
Aqui na Teoria do Consumidor, é suposição que o consumidor não pode gastar mais do que sua renda. Portanto, ele não
tem acesso a empréstimos, crediário, compras a prazo, financiamentos, etc, ok?[15]
Bom, então, nosso consumidor não pode gastar mais do que sua renda. Certo. A renda que ele tiver, portanto, será
canalizada para o consumo de bens e serviços que trazem utilidade ao consumidor. Vamos continuar usando como
exemplo as cestas de consumo (x, y), em que x é a quantidade consumida do primeiro bem e y é a quantidade
consumida do segundo bem[16].
Imagine, portanto, que o consumidor tem uma renda “m” e gasta sua renda em dois bens, o bem “x” e o bem “y”.
Imagina também que o preço do bem x seja “px” e o preço do bem y seja “py”. Com isso, já conseguimos chegar a
representação matemática da restrição orçamentária:

“m” é a renda do consumidor. “Px.X” é o tanto que o consumidor gasta com o bem “x”. E “py.Y” é o tanto que o
consumidor gasta com o consumo do bem “y”. Repare que o que o consumidor gasta com os bens x e y, não pode ser
maior do que m, isto é, m tem que ser maior ou igual ao que o consumidor gasta com os bens x e y.
Imagine, por exemplo, que um consumidor ganhe R$ 5.000 de renda e que gaste toda sua renda apenas com bacon e
ovos, sendo que o preço do bacon é R$10,00 e o preço do ovo é R$ 5,00. Como ficaria sua restrição orçamentária?

Sua restrição orçamentária seria essa acima. Com essa restrição, o consumidor poderia, por exemplo, consumir 200
bacons todo mês e 600 ovos, porque isto estaria dentro da sua restrição orçamentária. Nesta situação, X seria igual a
200 (já que o consumidor consome 200 bacons) e Y seria 600 (o consumo de ovos do consumidor). Olhe só:

Repare que quando o consumidor consome 200 bacons, ele gasta, no total, R$ 2.000 com o consumo de bacon (10,
que é o preço do bacon, multiplicado por 200, quantidade de bacons que o consumidor consome). De forma
semelhante, o consumidor gasta R$ 3000 com o consumo de ovos (preço do ovo vezes a quantidade de ovos
consumidas).
Note que o consumo de 200 bacons e 600 ovos faz com que o consumidor gaste R$ 5.000. Como estes R% 5.000 é
igual a renda dele, o consumo de 200 bacons e 600 ovos está dentro das possibilidades de consumo deste consumidor.
Dizemos, portanto, que o consumo da cesta (200,600) obedece a restrição orçamentária deste consumidor.
As cestas de consumo que obedecem a restrição orçamentária de um consumidor recebem o nome de conjunto
orçamentário ou conjunto de oportunidade (já que ele terá a oportunidade de consumir estes bens).

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Agora, imagine que o consumidor queira consumir 400 bacons e 700 ovos. Neste caso, ele gastaria com bacons R$
4.000 (10.400) e R$ R$3500 com ovos (5.700). O gasto total do consumidor com estas mercadorias seria de R$ 7500 (R$
4000 + R$ 3500).
Só que não!

Como a renda do consumidor é de R$ 5.000 e ele não pode gastar mais do que isso, a cesta de bens (400,700), por
totalizar R$ 7500, está fora do conjunto orçamentário deste consumidor. Isto porque com o atual nível de renda dele,
ele não conseguirá consumir essa cesta. O jeito, então, é o consumidor se submeter a sua restrição orçamentária e
passar a consumir apenas o que o seu orçamento permite como é o caso da cesta (200,600)[17].

Reta Orçamentária
Agora você já adivinhou! Sahuauhsahussuha

Como os Economistas amam um gráfico, eles arrumaram um jeito de colocar a restrição orçamentária de forma visual.
Para isso, foi criado o conceito de reta orçamentária. Reta orçamentária nada mais á do que um conjunto de cestas que
custam exatamente a renda do consumidor. Ou seja, é o conjunto de cestas que o consumidor gasta toda sua renda,
não sobra nada, nem um centavinho.
A fórmula da reta orçamentária é a seguinte:

Isolando Y:

Pronto! Com a equação dessa forma, nós conseguiremos traçar uma reta orçamentária, tendo Y no eixo vertical e X no
eixo horizontal. A Reta orçamentária será a curva azul:

Já sabemos que a reta orçamentária é a curva azul, ok! Mas precisamos de elementos adicionais para fazer uma análise
mais completa.
O ponto A da nossa reta orçamentária é chamado de Intercepto Vertical. Ele ocorre quando toda a renda do consumidor
é gasta apenas com o bem Y (ou seja, quando X é igual 0). Se X for igual a zero, teremos:

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Portanto, quando X = 0, Y = m/py, que é o nosso intercepto vertical.

Já o intercepto horizontal, ocorre quando o consumidor gasta toda a sua renda com o bem X (ou seja, quando Y é igual a
o). Nessa situação:

A reta orçamentária, portanto, é a reta que vai ligar o intercepto vertical ao intercepto horizontal (novamente, a reta
azul que vimos mais acima).
Da mesma forma como as curvas de indiferença tem uma inclinação, a reta orçamentária também possui. Essa
inclinação será dada pela parte destacada em vermelho:

Ou seja, a inclinação da reta orçamentária é dada por -px/py.

No caso do exemplo de bacon e ovos que demos anteriormente, a inclinação da reta orçamentária seria -2 (px = 10 e py
= 5. Dividindo um pelo outro, temos -10/5 = 2).
A inclinação da reta orçamentária também é chamada de custo de oportunidade. Isto porque como a renda do
consumidor é fixa, para consumir um bem, ele precisa deixar de consumir outro. No caso do consumidor que gasta toda
sua renda com bacon e ovos, já que sua renda é fixa (R$5000), se ele quiser consumir mais bacon, terá que deixa de
consumir ovos. Se ele quiser consumir mais ovo, terá que deixar de consumir bacon. Esta relação (mais de um, menos
de outro) é chamada de custo de oportunidade.
Este custo de oportunidade é a inclinação da reta orçamentária. Como vimos, a inclinação da reta orçamentária é um
número de negativo e isto porque temos um custo de oportunidade (mais de um, menos do outro). No exemplo de
bacon/ovos, vimos que a inclinação é -2. Isso significa que o consumidor troca um bem pelo outro (por isso o sinal de
menos) à taxa de 2. Ou seja, se o consumidor quiser consumir 2 ovos a mais, terá que deixar de consumir 1 bacon. Se ele
quiser consumir 4 ovos a mais, terá que deixar de consumir 2 bacon. Porque isso acontece? Porque a inclinação da reta é
-2. Se a inclinação fosse -3, aí nós precisaríamos abrir mão de 1 bacon para 3 ovos e assim sucessivamente.

Mudanças na reta orçamentária

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Assim como tudo na Economia, a reta orçamentária também pode mudar. Isso pode acontecer de duas formas:

Quando a renda muda. Neste caso, o “m” se alterará

Quando os preços mudam. Neste caso, “px” e “py” se alterarão.

Cada um dos dois casos altera a reta orçamentária de uma forma diferente.

Vamos ver cada um dos dois casos

Mudanças na Renda do consumidor


Se a renda do consumidor mudar, “m” se alterará. Por causa da alteração de “m”, os interceptos m/py e m/px também
se alterarão. Olhe só:

Vamos pensar no nosso exemplo do consumidor que consome ovos e bacon e tem renda de R$ 5000. Para este
consumidor, m = 5000, px = 10 e py = 5.
O intercepto vertical é m/py. Portanto, o intercepto vertical seria 5000/5 = 1000.

Já o intercepto horizontal seria m/px. Portanto, o intercepto horizontal seria 5000/10 = 500

A inclinação da reta orçamentária seria px/py. Portanto, a inclinação seria -10/5 = -2.

Agora, já podemos traçar a reta orçamentária para este consumidor:

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Vamos supor que a renda deste consumidor aumente para R$ 10.000. Vamos precisar recalcular os interceptos.

O intercepto vertical é m/py. Portanto, o intercepto vertical seria 10000/5 = 2000.

Já o intercepto horizontal seria m/px. Portanto, o intercepto horizontal seria 10000/10 = 1000

A inclinação da reta orçamentária seria px/py. Como os preços não se alteraram, a inclinação continua a mesma igual a
-2.
Com m = 10000, a nova reta orçamentária seria:

Repare que quando temos alteração na renda, a reta orçamentária se desloca. Se m aumentar, deslocaremos a reta
orçamentária para a direita e para cima. Se m diminuir, deslocaremos a reta orçamentária para a esquerda e para baixo.

Mudança nos preços


Vimos no tópico passado que quando a renda (m) se altera, a reta orçamentária se desloca. Uma outra possibilidade é o
preço dos bens se alterarem, neste caso, nós teremos alteração da inclinação da reta orçamentária!
Vamos continuar com nosso exemplo do consumidor de ovos e bacon. A situação inicial era a seguinte:

Preço de Preço de Intercepto Vertical Intercepto Horizontal Inclinação (-


Renda
X Y (m/py) (m/px) px/py)

5000 10 5 1000 500 -2

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Vamos supor, agora, que um excesso de oferta fez com que os preços dos ovos baixassem para 2. Por causa disso, tudo
muda. Olha só o que aconteceria com os interceptos e com a inclinação:

Preço de Preço de Intercepto Vertical Intercepto Horizontal Inclinação (-


Renda
X Y (m/py) (m/px) px/py)

5000 10 2 2500 500 -5

A nova reta orçamentária seria assim:

Repare que a inclinação da curva mudou. Isso aconteceu porque o py se alterou e mudou tanto o intercepto vertical
(m/py) quanto a inclinação da curva -px/py.
Agora, e se, em vez do preço dos ovos, fosse o preço do bacon que tivesse se alterado? Imagine que, partindo da
situação inicial (m = 5000, px = 10 e py = 5), o preço do bacon tenha duplicado de valor, indo para 20. Ficaria assim:

Preço de Preço de Intercepto Vertical Intercepto Horizontal Inclinação (-


Renda
X Y (m/py) (m/px) px/py)

5000 20 5 1000 250 -4

Nessa situação, nós também teremos alteração na inclinação da curva:

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Portanto, fique ligado! Alterações na renda deslocam a reta orçamentária, mas sem alteração da inclinação. Já
alterações nos preços dos bens, alteram, sim, a inclinação da reta orçamentária.

Equilíbrio do Consumidor
Até agora, vimos que as curvas de indiferença nos mostram vários graus de utilidade, e o consumidor escolherá a mais
alta possível, já que a curva de indiferença mais alta é a que mais retorna utilidade para este consumidor. Por outro lado,
o consumidor possui uma restrição, a restrição orçamentária. Dessa forma, qual será a escolha ótima do consumidor?
Nessa situação, o consumidor irá escolher a curva de indiferença mais alta que possa ser alcançada com sua renda
atual. Em outras palavras, dada sua restrição orçamentária, ele escolherá a curva mais alta possível que seja compatível
com sua renda.
O equilíbrio do consumidor vai ocorrer, portanto, quando a curva de indiferença tocar a reta de restrição
orçamentária. Olhe só:

No gráfico acima, estão representadas as curvas de indiferença U1, U2 e U3 e a reta orçamentária R (azul).

Repare que no ponto A, temos a escolha ótima do consumidor, pois, considerando sua renda, ele alcança a curva de
indiferença mais alta possível, U2.
Os pontos B e C estão dentro da restrição orçamentária do consumidor, mas ocupam uma curva de indiferença U1,
que está abaixo da curva U2. Como a curva U1 está abaixo da curva U2, os pontos B e C são pontos que trazem menos
utilidade ao consumidor. Por isso, para o consumidor com este nível de renda, é melhor escolher o ponto A, que traz
mais utilidade, já que U2 é mais alta que U1.
Já a curva U3, apesar de ser a curva de indiferença mais alta, é inalcançável, pois a restrição orçamentária do
consumidor não o permite chegar lá. Para que o consumidor possa tocar a curva U3, é necessário que sua renda
aumente.
De forma algébrica, o equilíbrio ocorrerá quando a função utilidade que representa a curva de indiferença for igual à
função de restrição orçamentária. Neste mesmo ponto, portanto, a inclinação da função utilidade (a TMS) será igual à
inclinação da função de restrição orçamentária (p1/p2).

A TMS é representada por:

TMS= -Δx2/Δx1

Já a inclinação da reta orçamentária é dada por:

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p1/p2
Portanto, no equilíbrio:

TMS= p1p2

E isso significa dizer que:

-Δx2/Δx1= p1/p2

Pegando essa última expressão, podemos manipulá-la[18] e chegar até uma expressão bem cobrada em provas:

Umg1/Umg2= p1/p2

Ou seja, o equilíbrio do consumidor ocorrerá quando a Utilidade Marginal do bem 1 dividida pela Utilidade Marginal do
bem 2 igualar o preço do bem 1 dividido pelo preço do bem 2. Uma outra forma de dizer a mesma coisa é dizer que o
consumidor demandará os bens 1 e 2 até que a razão das utilidades marginais sejam igual à razão dos preços (ou custos)
dos bens.
Se preferir, uma outra forma de enxergar a mesma expressão é essa aqui:

Umg1/p1= Umg2/p2

Mesma coisa!

Bom, uma questão recorrente em provas de concursos, é quando a banca nos dá alguns dados e nos pergunta qual o
consumo ótimo dos dois bens. Ou seja, a banca nos pergunta qual a quantidade consumida entre dois bens que faz com
que atinjamos o equilíbrio do consumidor.
Como vimos anteriormente, as funções Cobb-Douglas representam o caso das preferências bem comportadas. Para as
funções Cobb-Douglas (e apenas para as funções Cobb-Douglas), os consumos ótimos dos bens X e Y serão:
S

Agora ficou fácil! Imagine, por exemplo que a renda do consumidor seja igual a 2000, o preço do bem x seja 10 e o preço
do bem u seja 20 e a função Cobb-Douglas seja U(X,Y)=X0,5Y0,5. Pergunta: Qual a quantidade consumida dos bens X e
Y?
Fácil, fácil! É só substituir na equação dos consumos ótimos para funções Cobb-Douglas. A renda do consumidor será
igual a 2000 (m = 2000), o preço do bem x é 10 (px = 10), o preço do bem Y é 20 (py = 20). O coeficiente “a” é igual a 0,5 (é
o número ao qual X está elevado) e o coeficiente “b” também é igual a 0,5 ( é igual ao número ao qual Y está elevado).
Só precisamos substituir nas funções do consumo ótimo. Olhe só:

Portanto, nessas condições, o consumo ótimo de X será de 100 unidades e o consumo ótimo de Y será de 50 unidades.

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Ao encontrarmos o consumo ótimo dos bens, estamos no equilíbrio do consumidor e, por isso, estamos extraindo sua
expressão de demanda (isto porque o consumo ótimo indica os bens a serem consumidos.
Vamos ver um exemplo de cobrança conceitual sobre o equilíbrio do consumidor?

FCC – ELETROSUL – 2016) O equilíbrio do consumidor é obtido quando

a) o consumidor escolhe uma cesta de produtos que se situa abaixo do teto de sua restrição orçamentária.

b) o preço marginal de um produto for inferior ao preço máximo que o consumidor está disposto a pagar por uma
unidade adicional.
c) a aquisição de uma unidade adicional aumenta o excedente do consumidor.

d) o consumidor deixa de ter satisfação com o produto.

e) a linha de restrição orçamentária do consumidor encontra a sua mais alta curva de indiferença.

RESOLUÇÃO:

a) Errado! Nesse caso, ele não está maximizando sua utilidade porque poderia alcançar uma curva de indiferença mais
alta.
b) Errado também porque neste caso ele ainda não teria chegado à relação de preços que lhe traz máxima satisfação.

c) Veremos o excedente do consumidor mais adiante. Mas se ele pode aumenta-lo, ainda não chegou ao equilíbrio.

d) Não mesmo! Primeiro porque, a menos que a banca deixe claro o abandono da premissa, pressupomos que mais
sempre é melhor que menos. Ou seja, não é que ele deixa de ter satisfação obtendo mais daquele bem no equilíbrio. É
simplesmente porque a utilidade marginal ali já se igualou ao preço.
e) É isso! Esse é o conceito fundamental: a linha de orçamento – que representa a limitação de sua renda – encontra
(tangencia) a curva de indiferença mais alta possível.
Resposta: E

Escolha do consumidor no caso de substitutos perfeitos e para preferências côncavas

Se os bens forem substitutos perfeitos, o consumidor, provavelmente só consumirá um dos bens, já que os bens são
concorrentes. Portanto, o consumidor gastará toda a sua renda com o bem relativamente mais barato (o bem que for
relativamente mais caro não terá consumo). Dizemos relativamente porque o que vale aqui é o custo-benefício.
Por causa disso, dizemos que a escolha do consumidor será na “fronteira”, também chamada de “solução de canto”

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Neste caso, o ponto A é o bem onde o consumidor encontrará seu equilíbrio. Isto ocorre porque o preço de X está
relativamente menor do que o preço do bem Y, substituto a X. Portanto, se px for relativamente menor que py, o
consumidor gastará toda a sua renda com X. Se py for relativamente menor que px, o consumidor gastará toda a sua
renda com Y. Ele direciona toda a sua renda para o bem mais barato, caso estes bens sejam substitutos.
Na solução de canto, o ótimo do consumidor não tem o mesmo esquema no qual a TMS = p1/p2. Isto porque, na
fronteira, a inclinação da TMS e da reta orçamentária não são iguais. TMS = p1/p2 só se aplica para preferências bem
comportadas.
Para preferências côncavas, nós também teremos uma solução de canto e a TMS será ≠ de p1/p2.

Escolha do consumidor para complementares perfeitos

Quando nós tivermos bens complementares, o consumidor escolherá consumir os bens em uma proporção
determinada. Se os bens forem complementares perfeitos, eles serão consumidos na mesma proporção, o que faz com
que qx = qy.
Então, temos a seguinte situação:

qx= qy

px.qx + pyqy= m

Substituindo qx na segunda equação, teremos:

px.(qy) + pyqy= m

O que faz com que

qy px+py= m

qy(px+py) = mS

Passando (px+py) dividindo para o outro lado:

De forma gráfica:

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Efeito Renda e Efeito Substituição


Vimos aqui nesta aula, que os Economistas utilizam cestas de consumo para ilustrar como o consumidor compara os
diversos bens. Estas cestas são representadas pelas quantidades de consumo de dois bens (x,y).
Depois disso, fomos adicionando mais coisas a nossa análise. Vimos as premissas das preferências do consumidor,
vimos as curvas de indiferença, as funções utilidade e a restrição orçamentária, chegando finalmente ao equilíbrio do
consumidor, que é o ponto onde o consumidor escolhe a curva de indiferença mais alta possível, dada sua restrição
orçamentária.
Uma das coisas que influencia na decisão do consumidor, tanto na restrição orçamentária quanto no equilíbrio do
consumidor, é o preço dos bens. Os preços fornecem a inclinação da reta orçamentária e também são fatores
importantes para cumprir a condição de equilíbrio do consumidor (lembre que Umg1/p1 = Umg2/p2).
Agora, e se os preços dos bens variarem? Nós teremos alguns impactos no comportamento do consumidor.

O primeiro impacto é o chamado Efeito Renda. Pense por exemplo se um dos dois bens que o consumidor está
acostumado a consumir caia de preço. Nessa situação, o consumidor ficou “mais rico” e, por isso, pode aumentar o
consumo do bem. Se o preço desse bem aumentar, o consumidor ficou “mais pobre” e vai diminuir o consumo do bem.
O segundo impacto que ocorre quando há mudança nos preços é o Efeito substituição. Como o consumidor tem uma
restrição orçamentária, se o preço de um bem aumentar, ele vai gastar mais de sua renda com outros bens. Ou seja, ele
irá deixar de comprar o bem que aumentou de preço e substituirá o consumo desse bem para outros bens que estão
relativamente mais baratos. O inverso também é verdadeiro. Se o preço de um bem diminuir, o consumidor deixará de
consumir outros bens para consumir mais este que ficou mais barato. Ou seja, o consumidor substituirá o consumo de
um bem por outro que tenha ficado mais barato.
Olhe como isso ficará graficamente:

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O consumidor do gráfico acima consome dois bens, vestuário e alimento. Uma redução no preço do alimento possuirá
um efeito renda e um efeito substituição. O equilíbrio inicial do consumidor é o ponto A, na curva de indiferença U, reta
orçamentária R e consumo A1. Depois que o preço do alimento reduz, o consumidor fica “mais rico”, pois pode comprar
mais bens. Essa situação vai causar uma rotação da reta orçamentária para a direita (curva R2) e o consumidor chegará
no ponto B (curva de indiferença mais alta), com consumo maior, A2.
A diferença entre A2 e A1 é o efeito total que a variação nos preços causou. Mas, esse efeito total, pode ser dividido
entre efeito renda e efeito substituição.
Vamos começar pelo efeito substituição (ES). O ES é a alteração no comportamento do consumidor causada pela
substituição de um bem pelo outro por causa da queda de preço, mas mantendo o mesmo nível de utilidade. Ou seja,
para podermos mensurar o ES devemos manter o mesmo nível de utilidade (estar sobre a mesma curva de indiferença).
Faremos isso traçando uma reta paralela à reta orçamentária R2 e que tangencie a curva de indiferença inicial U. Essa
nova reta orçamentária (azul claro mais grossa), imaginária, reflete o fato de que a renda foi reduzida para que
atingíssemos nosso objetivo de isolar o efeito substituição.
Com essa reta, o consumidor escolhe a cesta D, obtendo consumo E. Portanto, a diferença entre E e A1 é o nosso ES.
Neste nosso exemplo, a diferença no consumo entre E e A1 é positiva, o que significa que o ES aumentou o consumo do
bem quando tivemos redução de preços.
O ES tem sempre variação contrária à variação no preço. Se o preço reduziu (variação negativa), o ES vai aumentar o
consumo (variação positiva). Se o preço aumentou (variação positiva), o ES vai diminuir o consumo (variação negativa).
Portanto, dizemos que o ES é sempre negativo (porque ele varia de forma INVERSA aos preços).
Agora que analisamos o ES, vamos para o efeito renda (ER). Após a análise do ES, estamos no consumo E do bem. A
partir daqui, vamos nos deslocar para renda R2, onde chegaremos ao ponto B. A distância do consumo E para o
consumo A2 é o nosso ER.
Neste nosso exemplo, como A2 é maior que E, isso significa que o ER foi positivo, o que significa que aumentamos o
consumo. Quando o ER é positivo, estamos diante de uma situação na qual o bem é normal. Um bem normal é o bem
que quando a renda aumenta, o consumo dele também aumenta. Ou seja, se o Efeito Renda for positivo, isto significa
que aumento na Renda causou aumento no consumo e, portanto, estamos lidando com um bem normal.
Para o exemplo que demos aqui na aula, uma redução de preços fez com que tanto o ES quanto o ER indicassem
aumento no consumo. O ES fez com que o consumo saísse de A1 para E e o ER fez com que o consumo saísse de E para
A2. O efeito total foi que deslocamos o consumo de A1 para A2.
Portanto:

Efeito Total = Efeito Renda + Efeito Substituição

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A equação acima é chamada de equação de Slutsky, em homenagem a este economista, que estudou essas relações.

Bom, vimos que o ES é sempre negativo (isto porque ele atua na direção contrária à variação de preços). Agora, o ER
pode ser positivo ou negativo, dependendo do bem em questão.
Se o ER for positivo, estamos diante de um bem normal. Se o ER é positivo, isto significa que se a renda aumentar o
consumo também aumenta (renda para um lado e consumo para o mesmo lado = ER positivo, bem normal).
Se o ER for negativo, estamos diante de um bem inferior. Se o ER é negativo, isto significa que quando a renda aumenta
o consumo diminui. (renda para um lado, consumo para o outro = ER negativo, bem inferior).
No caso de bens inferiores, ER e ES atuarão em direções opostas. Olhe só:

Olhe o gráfico acima, de um bem inferior. Para bens inferiores, o ES fez com que o consumo saísse de A1 para E. Mas o
Efeito Renda fez com que o consumo diminuísse, fazendo com que o consumo saísse de E para A2. Portanto, enquanto
o ES aumentou o consumo, o ER fez o consumo diminuir. Como ES e ER estão em direções opostas (um aumenta o
consumo e o outro diminui), estamos tratando de um bem inferior.
Agora, além destas possibilidades, há uma terceira: o bem de Giffen.

Conhecemos a lei da demanda, que diz que preço e quantidade demandada variam de forma inversa. O bem de Giffen é
uma exceção à lei da demanda. Isto significa que, para o bem de Giffen, preço e quantidade demandada variam de
forma direta.
Quando há redução de preços, o efeito substituição (ES) será negativo, indicando aumento de consumo. Se o bem for
inferior, no entanto, o ER será negativo. Isto significa que quando houver redução de preço (=aumento de renda)
teremos redução no consumo.
O caso do bem de Giffen é um caso especial no qual, o ER negativo será maior do que o ES. Quando houver redução de
preços, o ES apontará para aumento do consumo. Teremos, então, ES negativo, como sempre. Só que, no caso do bem
de Giffen, nós temos que uma redução nos preços (aumento da renda) fará com que tenhamos redução no consumo (ER
negativo). Este ER negativo será maior do que o ES, o que fará com que o efeito total seja pela diminuição do consumo.
Dizemos, então, que o ER suplanta o ES. Olhe o gráfico abaixo:

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Da mesma forma que um bem inferior, o bem de Giffen também tem o ER e o ES apontando em direções opostas. Só
que o bem de Giffen é um caso particular do bem inferior, no qual o ER suplanta o ES. Dizemos, então, que todo bem
de Giffen é um bem inferior (pois ES e ER atuam em direções opostas), mas nem todo bem inferior é de Giffen.
Portanto, temos o seguinte:

Se ER e ES apontarem na mesma direção, o bem é normal.

Se ER e Es apontarem em direções opostas no consumo, o bem é inferior.

Se ER e ES apontarem em direções opostas no consumo e o ER suplantar o ES, o bem é de Giffen.

Segue um resumo do Efeito Substituição e Efeito Renda.

Efeito Substituição Efeito Renda Características

Positivo (redução de
Negativo (redução
Bem preços, aumento na ER positivo reforça o ES negativo, apontando para
de preços, mais
Normal renda aumenta o aumento no consumo se houver redução de preços.
consumo)
consumo)

Negativo (redução de
ER e ES em direções opostas. Se houver redução de
Bem preços, aumento na
Negativo preços, ES negativo aumenta o consumo e ER
Inferior renda, diminui o
negativo diminui o consumo.
consumo)

ER e ES em direções opostas, sendo que ER suplanta


Bem de Negativo e suplanta o o ES. Todo bem de Giffen é um bem inferior (pois ER e
Negativo
Giffen ES. ES atuam em direções opostas), mas nem todo bem
inferior é de Giffen.

Bom, pessoal, por hoje é “só”. Sua missão, se resolver aceitá-la, é fazer todas as questões da aula.

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Profs. Jetro Coutinho e Paulo Ferreira

[1] Mesmo os consumidores mais ricos possuem rendas limitadas.

[2] Falando em status, uma vez ouvi uma frase. Não sei a quem pertence. A frase dizia assim: “Status é você comprar o
que não precisa, com o dinheiro que não tem, para a agradar quem não gosta de você. Porque se esta pessoa gostasse
de você, você não precisaria comprar nada para agradá-la.”
[3] Parece “simplificação demais” formarmos cestas com apenas dois bens, certo? Mas, na realidade, essa simplificação
é até bem legal. Isto porque nós podemos considerar que uma cesta vai ser formada por um bem e por todo o resto que
o consumidor deseja adquirir. Por exemplo, uma cesta X (A,B) pode conter quantidades de dois bens A e B, em que A
seria a quantidade de computadores e B seria as quantidades de todos os outros bens que esse consumidor desejasse
consumir. Assim, o primeiro bem da Cesta X seria computadores e o “segundo bem” seria todas as outras mercadorias
que este consumidor busca consumir. Entendendo assim, cobrimos todos os bens que o consumidor demanda.
[4] Como veremos mais à frente, isso significa que a inclinação da curva que expressa as preferências será negativa.
Inclinação negativa da curva significa exatamente isso: se tivermos menos de um bem, temos que ter mais de outro.
[5] Veremos casos onde algumas dessas premissas não são seguidas mais à frente.

[6] Safadeeeeeenhaaaas!

[7] Cuidado para não confundir com variação percentual (final menos inicial sobre inicial). Variação e uma coisa,
variação percentual é outra coisa, ok?
[8] Ou valor absoluto.

[9] A TMS para bens substitutos continua negativa, já que a curva de indiferença possui inclinação negativa.

[10] Isso ocorre porque quando a TMS é vertical, a inclinação é máxima e, portanto, a TMS é infinita. Já quando a TMS é
horizontal, a inclinação é mínima e, portanto, TMS = 0.
[11] Por isso teoria ordinal, porque visa ordenar as preferências.

[12] O recorde da minha galera não era meu, no entanto. Um brother chegou a comer 34 pedaços uma vez.

[13] Nossa ideia aqui, não é fazer um curso de cálculo (e nem estudar outros conceitos relacionados à derivada, como
continuidade e limites). O objetivo é explicar da forma mais simples possível o que é derivada e como aplica-la nas
provas, ok?
[14] Elas recebem esse nome porque foram testadas pela primeira vez pelo economista Paul Douglas e pelo
matemático Charles Cobb com dados da construção naval.
[15] Esta é uma realidade bem simplificada, né? Kkkkkkkkkkkk Isto porque, na vida real, todos nós temos acesso a esse
tipo de “facilidade”. No entanto, o preço de tais facilidade é pagar juros ao emprestador/financiador. Portanto, por mais
que tenhamos acesso a empréstimos e financiamentos, do ponto de vista da sua saúde financeira, é melhor não ter nem
empréstimos e nem financiamentos, de forma a evitar pagar juros. Gaste menos do que você ganha, invista a diferença,
e aí você irá receber juros, o que é muito melhor!
[16] Lembre que x pode representar um bem específico, enquanto que y pode representar TODOS os outros bens que
esse consumidor está disposto a consumir.
[17] A cesta (200,600) é apenas um exemplo. Isto porque há diversas outras cestas que atendem à restrição
orçamentária do consumidor. É o caso, por exemplo, das cestas (0, 1000), (100,800) e (500,0) e outras que podemos
pensar. Desde que o total gasto com os dois bens não ultrapasse R$ 5000, esta cesta estará dentro do conjunto de
oportunidade deste consumidor.

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[18] Preferimos não demonstrar matematicamente aqui, para não encher a aula com algebrismos desnecessários. Mas,
basicamente, o que se faz é multiplicar a TMS por ΔU/ΔU. Fazendo as manipulações necessárias, chega-se a ΔU/ Δq1,
que como é a derivada de U em função a q1, podemos substituir por Umg1 e à ΔU/ Δq2, derivada de U em relação a q2,
que substituímos por Umg2.

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Questões comentadas pelos professores


1. FGV – FUNDSAUDE-CE – 2021)

Com relação às preferências dos consumidores, analise as afirmativas a seguir. I. Curvas de indiferença não se cruzam.
II. A utilidade aumenta quanto mais distante a cesta de produtos estiver da quantidade nula de ambos os produtos. III.
Se as preferências forem homotéticas, então as taxas marginais não se alteram se o consumo dos bens crescerem na
mesma proporção. Está correto o que se afirma em:
A I, somente.

B II, somente.

C I e II, somente.

D I e III, somente.

E I, II e III.

RESOLUÇÃO:

Como a questão não mencionou nada, utilizaremos como base as preferências bem-comportadas.

Vamos analisar as afirmativas!

I - Correta. De fato, preferências bem-comportadas não se cruzam, o que deriva do pressuposto da transitividade.

II - Incorreta. O que a afirmativa está dizendo é quanto mais bens nós tivermos na cesta de produtos, mais utilidade
teremos.
Em princípio, parece que esta afirmativa está se referindo à premissa da monotonicidade, mas há um detalhe aqui.

A monotonicidade nos diz que mais de um bem é melhor, ou seja, que o consumidor preferirá as cestas que possuam
maior quantidade de um bem do que uma que possua a quantidade do mesmo bem. Assim, não necessariamente é
preciso que ambos os produtos estejam em quantidade maior.
Suponha que um consumidor extraia mais utilidade do bem A do que de um bem B. Neste caso, este consumidor pode
preferir cestas que tenham mais do bem A, mesmo que apresentem menos do bem B.
Assim, o consumidor pode extrair um nível de utilidade da cesta (5,5), mas pode conseguir um nível de utilidade AINDA
MAIOR com a cesta (7,2). Ou seja, aumentamos o bem A (de 5 para 7) e diminuímos o bem B (de 5 para 2). O total de
bens na cesta (7,2) é menor do que na outra cesta, mas ainda assim o grau de utilidade é maior.
Portanto, o grau de utilidade não tem a ver somente com a quantidade de bens que o consumidor consome, mas
principalmente pela utilidade que ele extrai de cada bem.
III - Correta. A preferência é homotética quando a demanda por um bem aumenta ou diminui na exata proporção que
houve a mudança na renda. Assim, se a renda for reduzida pela metade, um consumidor com preferências homotéticas
irá reduzir a demanda pela cesta de bens também pela metade.
Repare que, neste caso, a proporção do consumo entre os bens é sempre a mesma, razão pela qual as taxas marginais
de substituição não se alteram.
Assim, apenas as afirmativas I e III estão corretas.

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Resposta: D

2. FGV – TJ-RO – 2021)

Considerando os conceitos sobre a tomada de decisão do consumidor, assinale a alternativa correta:

A preferências completas são preferências que fazem com que as pessoas desejem mais de todos os bens;

B suponha que um indivíduo esteja inicialmente escolhendo sua cesta ótima, então ocorre um aumento de 6% de sua
renda e dos preços dos produtos que ele consome. Assim, observa-se que o consumo dos bens irá diminuir;
C para qualquer tipo de relação de preferência, temos que uma mudança no preço de um bem não pode fazer com que
a utilidade permaneça inalterada, a menos que a mudança de preço seja acompanhada por uma mudança na renda;
D se as cestas de bens A e B estão na mesma curva de indiferença de um certo indivíduo, então sabe-se que a cesta A
contém as mesmas quantidades de bens que a cesta B;
E um aumento na renda de um indivíduo sem alterar os preços relativos irá deslocar a restrição orçamentária para fora
de maneira paralela.
RESOLUÇÃO:

Vamos às alternativas!

5. Incorreta. A premissa que faz com que as pessoas desejem mais de todos os bens é a premissa da
MONOTONICIDADE. Quando as preferências são completas, o consumidor é capaz de ordenar e comparar
todas as cestas de consumo.
6. Incorreta. Um aumento na renda e nos preços causará alterações na reta orçamentária do consumidor. Se
houver um aumento de 6% na renda, a reta orçamentária se deslocará de forma paralela, para a direita, no
sentido de maior possibilidade de consumo. No entanto, como houve um aumento de 6% nos preços dos
produtos, os interceptos serão menores, rotacionando a reta “para dentro”, no sentido de menor
possibilidade de consumo. O efeito final será que a reta orçamentária voltará para onde começou. Ou seja,
como a reta orçamentária ficou na mesma posição que estava antes, o consumo permanecerá o mesmo.
7. Incorreta. Pois essa relação depende do tipo de preferência. Se um consumidor for indiferente a um dos
bens, por exemplo, alterações no preço deste bem não influenciam a utilidade do consumidor. Dessa forma,
é possível sim que a mudança no preço de um bem faça com que a utilidade permaneça inalterada.
8. Incorreta. Se as cestas estão sob a mesma curva de indiferença, isso significa que o consumidor extrai as
mesmas UTILIDADES sobre tais cestas, mesmo que as quantidades sejam diferentes.
9. Correta. Perfeito! É o caso do gráfico abaixo:

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Resposta: E

3. FGV – TJ-RO – 2021)

Sobre a teoria do consumidor, assinale a alternativa correta:

A quando o consumidor tem preferências transitivas, então ele prefere consumir cestas de bens diversificadas em vez
de especializar seu consumo em um bem ou em outro;
B uma função utilidade dada por u(x,y)=x2 +6xy+9y2 representa uma relação de preferência de bens substitutos
perfeitos;
C Antônio é um consumidor que tem preferência dada por uA(x,y) = x1/2 y 1/2 e Beatriz uma outra consumidora que tem
preferência representada por uB(x,y) = 0,5ln x + ln y + 150. Se os salários desses dois consumidores são iguais, então
suas cestas de consumo serão idênticas;
D Carla gosta de consumir um tablete pequeno de manteiga com três pães franceses no seu café da manhã. Sabe-se,
então, que a preferência de Carla por esses bens é de substitutos perfeitos;
E Pedro tem preferências (curvas de indiferença) estritamente convexas para os bens x e y. Para ele, as cestas A=(xA,yA)
= (4,6) e B=(xB,yB)=(12,2) são indiferentes. Então, pode-se afirmar que Pedro também está indiferente ao consumo da
cesta C=(xC,yC)=(8,4).
RESOLUÇÃO:

Esta questão apresenta mais conceitos de matemática do que de Economia em algumas alternativas! Mas bora lá!

A) Errada. A preferência para cestas diversificadas vem da premissa da convexidade e não da transitividade. A
transitividade decorre do fato de que se o consumidor prefere a cesta X à Y e Y à Z, ele também prefere X à Z.
B) Certa. A função utilidade de bens substitutos perfeitos tem o formato aX + bY. Um exemplo seria a função x + 3Y.

Apesar da apresentação diferente, a função utilidade dada pela alternativa possui o mesmo formato, sendo apenas uma
transformação monotônica de aX + bY.
Vale lembrar que transformação monotônica é um modo de transformar um conjunto de números em outro, mas
preservando a ordem original dos números.
Dessa forma, aX + bY representa substitutos perfeitos.

Se pegarmos essa função e a elevarmos ao quadrado, teremos: (ax + bY)2, que também representa uma função
utilidade de bens substitutos perfeitos, pois apenas fizemos a transformação monotônica da função original. Neste
caso, a transformação foi elevar a função original ao quadrado.

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Já vimos que x + 3Y representa substitutos perfeitos. Pois bem, no caso desta alternativa, a função utilidade x2 + 6xY +
9y2 é o produto notável de (x +3y)2.
Se fizermos o produto notável, chegaremos à função da alternativa.

Vamos pegar a função (x +3y)2. Extraindo o produto notável (primeiro termo ao quadrado, mais duas vezes o primeiro
vezes o segundo, mais o quadrado do segundo):
X2 + 2.x.3y + (3y)2.

Assim:

X2 + 6xy + 9y2

Ou seja:

x2 + 6xY + 9y2 = (x +3y)2.

Portanto, a função x + 3y representa uma função para substitutos perfeitos. Se pegarmos essa função e elevarmos o
quadrado chegaremos à função (x +3y)2, que também representará substitutos perfeitos, pois esta é transformação
monotônica da primeira.
C) Errada. A função utilidade dada pelo enunciado uA(x,y) = x1/2y1/2 é uma função Cobb-Douglas.

Podemos reescrever essa função Cobb-Douglas sob a forma de logaritmo. Extraindo o logaritmo natural, a função
Cobb-Douglas acima teria o seguinte formato:
U = 0,5lnx + 0,5lny

Essas duas funções utilidades são equivalentes. Assim:

U = x1/2y1/2 = 0,5lnx + 0,5lny

Como essas duas funções são equivalentes, elas apresentam cestas de consumo idênticas, já que suas funções
utilidades também são idênticas.
Esta alternativa compara duas funções utilidades: a função utilidade de Antônio (x1/2y1/2) e a função utilidade de
Beatriz (0,5ln x + ln y + 150).
Para que as cestas de Antônio e Beatriz sejam idênticas, é necessário que suas funções utilidades sejam idênticas
também.
No entanto, já vimos que a função de Antônio é uma função Cobb-Douglas e que sua equivalente sob a forma de
logaritmo natural é U = 0,5lnx + 0,5lny.
Assim, a função logaritmo equivalente à de Antônio é U = 0,5lnx + 0,5lny, mas a função de Beatriz é

uB(x,y) = 0,5ln x + ln y + 150.

Como a função de Beatriz é diferente da de Antônio, eles não terão cestas idênticas.

D) Errada. Como Carla consome manteiga com pão, esses bens são de consumo associado. Ou seja, a preferência de
Carla pelos bens é de complementares perfeitos.
E) Errada. Se Pedro tem preferências estritamente convexas, isto significa que entre duas cestas em que ele é
indiferente ele preferirá a média das duas cestas.
Assim, como Pedro é indiferente entre A (4,6) e B (12,2), precisamos calcular uma cesta média. E Pedro preferirá esta
cesta média do que as cestas A e B.

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Na cesta A, temos 4 unidades de X e 6 de Y.

Na cesta B, temos 12 unidades de X e 2 de Y.

Tirando a média das quantidades de X, teremos:

(4 + 12)/2 = 16/2 = 8

Agora, vamos tirar a média das quantidades de Y:

(6+2)/2 = 8/2 = 4

Portanto, uma cesta média seria formada por 8 quantidades de X e 4 unidades de Y, formando assim a cesta (8,4).

Como as preferências de Pedro são estritamente convexas, ele prefere a cesta média (8,4) do que as outras cestas.
Portanto, ele não é indiferente à cesta (8,4). Pelo contrário, Pedro a PREFERE.
Resposta: B

4. FGV – DPE/RJ – 2019)

Karoline tem preferência pelos bens e descrita pela seguinte função utilidade: u(x, y) = x1/2y1/2

Inicialmente, Karoline demanda 25 unidades do bem x e 16 unidades do y. Caso Karoline passe a consumir 4 unidades
do bem x, mas tenha um choque de renda de modo a continuar sobre a mesma curva de indiferença inicial, a taxa
marginal de substituição nesse novo ponto de consumo será:
A 100;

B 72;

C 50;

D 36;

E 25.

RESOLUÇÃO:

Como a questão nos deu a função utilidade e as quantidades demandadas por Karoline, podemos encontrar o nível de
utilidade dela. Assim:
U = X0,5Y0,5

Como X = 25 e Y = 16, podemos substituir:

U = 250,5160,5

Elevar a 0,5 é a mesma coisa que extrair a raiz quadrada de um número. A raiz quadrada de 25 é 5 e a raiz quadrada de
16 é 4. Então:
U = 5.4 = 20.

Assim, o nível de utilidade de Karoline é igual a 20.

A questão fala, agora, de uma mudança (choque) na renda de Karoline, o que faz com que ela passe a demandar 4
unidades do bem X, mas se mantenha sobre a mesma curva de indiferença inicial, ou seja, que mantenha o seu nível de

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utilidade.
Assim, teremos:

U = X0,5Y0,5

Substituindo U = 20 e X = 4, teremos.

20 = 40,5.Y0,5

Assim:

20 = 2.Y0,5

20/2 = Y0,5

10 = Y0,5

102 = Y

Y = 100

Portanto, dado o choque de renda, Karoline passa a consumir 4 unidades do bem X e 100 unidades do bem Y.

Assim, a taxa marginal de substituição considerando a nova renda de Karoline será 100/4 =25.

Resposta: E

5. FGV – DPE/RJ – 2019)

Com relação à teoria do consumidor, analise as afirmativas a seguir.

I. Rafael é um consumidor que tem preferência pelos bens x e y dada por UR(x, y) = √xy . Já Antônio é um outro
consumidor com preferência representada por UA(x,y) = 3x³ y³ + 5. Se a renda de Rafael e Antônio são iguais, sabe-se
que suas cestas de consumo também serão.
II. Mariana adora ir ao cinema. No cinema, Mariana gosta de consumir um pacote de pipoca com dois copos de
refrigerante, sempre nessa mesma proporção fixa. No ano, Mariana tem R$ 150 para gastar em pipoca e refrigerante no
cinema. Se o preço de um pacote de pipoca é R$ 20 e o preço de um copo de refrigerante é R$ 5, então a demanda
anual de Mariana por pipoca no cinema é de 5 pacotes.
III. Se a função utilidade for representada por U(x, y) =x²y³, então esse consumidor aloca 40% da sua renda no bem y.

Está correto o que se afirma em:

A somente I;

B somente III;

C somente I e II;

D somente II e III;

E I, II e III.

RESOLUÇÃO:

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Vamos aos itens!

I - Correto. A função utilidade determina o quanto de renda os consumidores gastarão com seus bens. Nas duas funções
apresentadas, encontramos uma função Cobb-Douglas. Para encontrarmos a porcentagem da renda que o consumidor
gastará com tais bens, basta pegarmos os expoentes de cada um dos bens e dividirmos pela soma dos expoentes.
No caso da função de Rafael, ela é U = x1/2.y1/2 (lembre que extrair a raiz é a mesma coisa que elevar a 1/2).

Assim, o expoente de x é 1/2 e o de y também é 1/2. Se somarmos os dois expoentes, teremos 1 (1/2 + 1/2 = 1).

Para encontrarmos a percentagem de X, apenas pegamos o expoente de x e dividirmos pela soma. Assim: (1/2)/1 = 1/2.
Ou seja, metade (1/2) da renda de Rafael será gasta com o bem X.
A outra metade será gasta com o bem Y, já que o expoente de Y também é 1/2 [(1/2)/1 = 1/2].

Assim, Rafael gasta 50% da sua renda com o bem X e 50% com o bem Y.

Antônio tem preferência diferente, mas que é refletida também por uma expressão Cobb-Douglas, que é:

U = x3y3 + 5

Fazemos aqui o mesmo raciocínio.

A soma dos expoentes é 6 (3 +3 = 6).

A percentagem de renda gasta com o bem X será 3/6 = 50%.

Já a percentagem de renda gasta com o bem y será 3/6 = 50%.

Ou seja, Antônio também gasta 50% da sua renda com o bem X e 50% da renda com o bem X.

Se a renda de Rafael e Antônio forem iguais, isso significa que eles gastarão o mesmo montante com cada bem, o que
implica que os seus consumos serão iguais.
II - Correto. A função utilidade de mariana é a função proporções fixas, que tem o seguinte formato: U = [mín(aX,bY)]

Para facilitar o entendimento, vamos supor que o bem X seja a Pipoca (P) e que o bem Y seja o refrigerante (R). Assim,
substituindo na função utilidade, temos:
U = [mín(aP,bR)]

Sendo a o preço da pipoca (pelo enunciado o preço é 20) e b o preço do refrigerante (b = 5), podemos substituir isso na
função:
U = [mín(20P,5R)]

Portanto, como estamos com uma função de proporções fixas, escolhemos o menor valor entre 20 e 5.

Assim, a utilidade de Mariana ocorrerá quando ela consumir 5 pacotes.

III- Incorreta. Para conhecermos a porcentagem da alocação de renda em uma função utilidade Cobb-Douglas, basta
pegarmos o expoente de cada bem e dividirmos pela soma dos expoentes. Assim, a como o expoente de x é 2 e o
expoente de y é 3, a soma dos expoentes é 5 (2 +3 = 5).
Como o expoente de x é 2, a porcentagem de renda que o consumidor gastará com o bem x é de 40% (2/5 = 0,4). Já a
porcentagem de renda que o consumidor gastará com o bem y é de 60% (3/5 = 0,6).
O item afirmou que a porcentagem do bem y seria 40%, mas na verdade é 60%.

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Portanto, temos que as afirmativas I e II estão corretas.

Resposta: C

6. FGV – ALERO – 2018)

Suponha que um indivíduo tenha preferências estritamente convexas e monotônicas. Se este individuo é indiferente
entre as cestas x = (3,5) e y = (5,3), logo ele irá preferir, estritamente,
a) a cesta z = (4,0) em relação a cesta x apenas.

b) a cesta x em relação a qualquer combinação convexa de y com a cesta w = (4,5).

c) a cesta y em relação à cesta obtida pela média geométrica entre a cesta x e a própria cesta y.

d) qualquer cesta obtida pela combinação convexa (t3 + (1-t) 5, t5 + (1-t) 3), t ≥ 0, em relação as cestas x e y.

e) a cesta obtida pela média aritmética entre as cestas x e y em relação às próprias cestas x e y.

RESOLUÇÃO:

Façamos algumas conclusões prévias:

a) Se as preferências são estritamente convexas é porque o consumidor prefere diversificar seu consumo;

b) Se as preferências são monotônicas, é porque mais é preferível a menos;

c) Por fim, se o consumidor é indiferente entre as cestas x = (3,5) e y = (5,3) é porque os dois bens (a e b) têm a mesma
utilidade marginal para o consumidor.
Dadas essas premissas, como (3,5) é igual a (5,3), mas o consumidor prefere a diversificação, ele estar numa situação
bem melhor se tiver uma cesta (4,4)!
Mas vamos chegar a mesma conclusão, só que de uma outra forma. Uma função do tipo Cobb-Douglas com
expoentes iguais para os dois bens representaria perfeitamente essas preferências. Poderíamos ter, por exemplo: U
(a,b) = a.b.
Podemos afirmar, então, que ele prefere a cesta obtida pela média aritmética entre as cestas x e y em relação às
próprias cestas x e y.
A média aritmética entre 3 e 5 é 4!

Isso significa que a alternativa E, nosso gabarito, está nos dizendo que o consumidor prefere uma cesta com 4
unidades de cada bem às cestas com 3 de um bem e 5 do outro.
E ela está certa! Faça o teste substituindo as quantidades na função proposta ali em cima verá que a utilidade de (4,4)
é 16 contra 15 de utilidade para as cestas x = (3,5) e y = (5,3).
Isso pode ser compreendido mais facilmente numa representação gráfica:

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Note que a cesta H composta pela média aritmética das outras, com 4 unidades de cada bem, está numa curva de
indiferença mais avançada, ou seja, é preferível a X e a Y.
Resposta: E

7. FGV – ALERO – 2018)

Assinale a opção que apresenta uma característica do bem de Giffen.

a) É um bem inferior, mas cujo efeito renda não se sobrepõe ao efeito substituição de forma que o efeito preço é
negativo.
b) O efeito renda é menor do que aquele obtido por um bem de luxo.

c) Sua elasticidade é maior do que a de um bem necessário, em termos absolutos.

d) Sua demanda é positivamente inclinada.

e) Sua demanda é perfeitamente inelástica.

RESOLUÇÃO:

a) Errado! O bem de Giffen é um bem inferior, mas cujo efeito renda se sobrepõe ao efeito substituição. Isto ocorre
porque o efeito renda é maior que o efeito substituição.
b) Um bem de Giffen é um caso particular de bens inferiores e um bem de luxo é um caso particular de bens normais.
Não podemos dizer qual tem maior efeito renda. Apenas sabemos que agem em sentidos opostos.
c) Assim como na alternativa anterior, pode ser que sim, pode ser que não. A única coisa que sabemos é que a
elasticidade-renda da demanda pelo bem de Giffen é negativa porque ele é inferior, mas não podemos afirmar que é
maior que a de um bem necessário (caso particular de bens normais).
d) É isso! O bem de Giffen é aquele que é exceção á lei geral da demanda, ou seja, sua curva de demanda é
positivamente inclinada porque a procura por ele varia diretamente com o preço.
e) Errado. Se assim fosse, a demanda não variaria com a variação do preço.

Resposta: D

8. FGV – IBGE – 2017)

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Rafael tem função utilidade u(c,p)=min{½ c;p), onde P representa pipoca e C representa Coca-Cola.

Se o preço de um pacote de pipoca é R$10 e o preço de um copo de Coca-Cola é R$5, a demanda de Rafael por Coca-
Cola, se sua renda for de R$30, é de:
a) 1 unidade;

b) 2 unidades;

c) 3 unidades;

d) 4 unidades;

e) 5 unidades..

RESOLUÇÃO:

Este tipo de função representa bens perfeitamente complementares.

E como a função está colocada como u(c,p)=min{½ c;p), isso significa que Rafael consome 2 copos de coca para cada
pacote de pipoca. Ou seja, se ele tiver um terceiro copo de coca, mas manter só um saco de pipoca, ele não aumenta
sua utilidade.
Para ter sua utilidade aumentada, esse consumidor precisa de mais coca E DE mais pipoca.

Ou seja, o consumidor não obterá nenhuma utilidade adicional se consumir a terceira coca-cola combinado com
apenas um pacote de pipoca. Da mesma forma, um segundo pacote de pipoca teria que ser acompanhado de mais
duas cocas para elevar a utilidade.
Como a renda é de R$ 30, podemos achar o ponto ótimo assim:

R = C x $C + P x $P

Substituindo a renda e os preços, temos:

30 = 5C + 10P

Como sabemos que o consumidor demandará exatamente o dobro de unidades de coca em relação à pipoca, então
temos que P = C/2
Substituindo:

30 = 5C + 10.C/2

30 = 5C + 5C

30 = 10C

C=3

Por consequência, sabemos que será consumido 1,5 pacote de pipoca.

Os cálculos estão feitos apenas para comprovar, mas você poderia ir jogando valores e descobrir rapidamente que
com os preços as preferências dadas e uma renda de $30, a demanda seria C = 3 e P = 1,5.
Resposta: C

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9. FGV – ISS/Cuiabá – 2016)

A curva de indiferença é um ferramental importante na análise de preferências e escolhas do consumidor.

Assinale a opção que indica uma das características das curvas de indiferença, caso o consumidor tenha preferências
racionais.
a) Duas curvas nunca se cruzam, o que viola o pressuposto de transitividade das preferências.

b) A utilidade do consumidor aumenta quando as curvas se deslocam em direção à origem dos eixos cartesianos.

c) As curvas de indiferença geram cestas indiferentes mesmo se uma das cestas contenha uma quantidade
estritamente maior de todos os bens.
d) As curvas não cruzam o conjunto orçamentário do consumidor.

e) As curvas são convexas para funções utilidade convexas e côncavas, para funções utilidade côncavas.

RESOLUÇÃO:

a) Perfeito. Elas jamais se cruzam porque as preferências deixariam de ser transitivas, uma premissa fundamental para
nós.
b) É o contrário. Como curvas mais altas representam maior utilidade, quanto mais distante da origem a curva de
indiferença, maior a utilidade.
c) Não mesmo! Se uma cesta possui quantidades maiores de todos os bens, então ela não pode estar na mesma curva
de indiferença porque presumimos que mais é melhor que menos (premissa da monotonicidade).
d) Por que não? A curva do ponto ótimo não, mas as demais podem cruzar. Note no gráfico abaixo que a primeira curva
cruza o conjunto orçamentário (reta orçamentária) em dois pontos, B e C:

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e) A função utilidade é mera representação matemática da curva de indiferença. Mas, se tivermos uma curva côncava,
não teremos uma preferência bem comportada, daí o erro dessa alternativa.
Resposta: A

10. FGV – IBGE – 2016)

Com relação à teoria do consumidor, analise as afirmativas a seguir:

I - A teoria da utilidade cardinal parte do pressuposto de que o tamanho da diferença de utilidade entre duas cestas é
insignificante.
II - Uma curva de indiferença de um consumidor representa várias cestas de consumo diferentes que fornecem níveis
diferentes de utilidade.
III - Uma função utilidade dada por u(x1, x2) = ax1 + bx2, onde a e b são constantes positivas, e x1 e x2 os dois bens
consumidos, representa uma função utilidade para complementares perfeitos.
IV - Quando o preço de um bem varia, há dois efeitos: o renda e o substituição. O efeito renda é dado pela variação na
demanda devido ao aumento do poder aquisitivo.
Sendo V para a(s) alternativa(s) verdadeira(s) e F para a falsa(s), a sequência correta é:

a) V, V, F e F;

b) V, F, F e F;

c) V, F, F e V;

d) F, F, F e V;

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e) F, F, V e V.

RESOLUÇÃO:

I – Errado! Essa afirmação valeria para a teoria da utilidade ordinal, já que esta está preocupada apenas com a
ordenação, sem analisar o tamanho da diferença.
II – Errado! Uma curva de indiferença representa várias cestas que proporcionam a mesma utilidade. Por isso o nome:
na curva, o consumidor é indiferente às cestas que a compõem, já que estas cestas de bens trazem a mesma utilidade..
III – Errado! Essa é a típica função de utilidade de bens substitutos perfeitos e sua inclinação é constante (curva linear).

IV – Essa era para ser a única afirmação verdadeira na intenção da banca. Mas ela cometeu um erro ao colocar
“devido ao aumento do poder aquisitivo”. Isso porque o efeito pode ser para um lado ou para outro. Também temos
efeito renda quando a demanda varia devido à queda do poder aquisitivo. A afirmação estaria correta se fossem assim:
“Quando o preço de um bem varia, há dois efeitos: o renda e o substituição. O efeito renda é dado pela variação na
demanda devido à variação do poder aquisitivo”.
Resposta: Anulada (O gabarito preliminar era D)

11. FGV – CODEBA – 2016)

Uma pessoa recebe uma ligação de uma atendente de um banco, com a finalidade de responder a uma pesquisa de
opinião. Dentre os quesitos possíveis, a pessoa deve opinar sobre quais as qualidades que ela valoriza mais nos serviços
prestados pelo banco, dentre elas: segurança, baixo custo, remuneração elevada e quantidade de caixas eletrônicos.
A atendente pede para a pessoa dizer quais as qualidades que prefere, mas sempre duas a duas. Em suas duas primeiras
respostas, a pessoa disse que prefere segurança a baixo custo e prefere baixo custo a quantidade de caixas eletrônicos.
Se suas preferências são racionais, em sua terceira resposta, a pessoa não pode preferir

a) remuneração elevada a quantidade de caixas eletrônicos.

b) quantidade de caixas eletrônicos a remuneração elevada.

c) segurança a remuneração elevada.

d) baixo custo a remuneração elevada.

e) quantidade de caixas eletrônicos a segurança.

RESOLUÇÃO:

Se as preferências do consumidor são racionais, elas são transitivas. Então se ele prefere A a B e prefere B a C,
necessariamente prefere A a C.
Nesse caso, como o consumidor prefere A a C, ele não pode preferir C a A, pois isso seria uma contradição.

No caso da questão, se a pessoa atendida prefere segurança a baixo custo e prefere baixo custo a quantidade de
caixas eletrônicos, ela, por transitividade, prefere segurança a quantidade de caixas eletrônicos.
Logo, nosso gabarito é a alternativa E porque ali há uma relação que fere a transitividade que vimos aqui.

Resposta: E

12. FGV – IBGE – 2016)

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Aula 3: Teoria do Consumidor

Anna é uma estudante do curso de Economia. No início do semestre ela precisa comprar dois itens para acompanhar
suas aulas: folhas de fichário, X, e canetas, Y. Os preços de uma unidade desses bens são, respectivamente, pX = 5 e pY =
2. Se Anna tem renda de 60 unidades monetárias para cobrir os gastos do semestre com esses itens escolares e se sua
função utilidade por esses bens é dada por , a cesta ótima que pode ser comprada por Anna que maximiza sua utilidade
sujeita a sua restrição orçamentária é:
a) X = 2 e Y = 25;

b) X = 4 e Y = 20;

c) X = 6 e Y = 15;

d) X = 8 e Y = 10;

e) X = 10 e Y = 5.

RESOLUÇÃO:

Perceba que se somarmos os expoentes da Função Cobb Douglas (1/2 + ½), eles serão iguais a 1.

Isso significa que, no ponto ótimo, cada expoente representa o gasto de Anna com um dos bens. Como os expoentes
são ½. Anna gasta metade da sua renda com cada bem.
Se a renda é de $60, serão gastos $30 com cada bem no equilíbrio do consumidor.

Como o preço de X é $5, $30 compram 6 unidades de X (30/5).

Como o preço de Y é $2, $30 compram 15 unidades de Y (30/2).

Mas vamos resolver a questão com base nas equações que vimos na aula, só para checar. Para funções Cobb-Douglas
as quantidades consumidas dependerão dos expoentes da Função Cobb-Douglas (a e b), da renda do consumidor (m) e
dos preços do bem (px e py). Olhe só:
X= a / a + b m / Px = 1/2 / 1/ 2+1 / 2 60 / 5=60

Resposta: C

Lista de questões
1. FGV – FUNDSAUDE-CE – 2021)

Com relação às preferências dos consumidores, analise as afirmativas a seguir. I. Curvas de indiferença não se cruzam.
II. A utilidade aumenta quanto mais distante a cesta de produtos estiver da quantidade nula de ambos os produtos. III.
Se as preferências forem homotéticas, então as taxas marginais não se alteram se o consumo dos bens crescerem na
mesma proporção. Está correto o que se afirma em
A I, somente.

B II, somente.

C I e II, somente.

D I e III, somente.

E I, II e III.

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2. FGV – TJ-RO – 2021)

Considerando os conceitos sobre a tomada de decisão do consumidor, assinale a alternativa correta:

A preferências completas são preferências que fazem com que as pessoas desejem mais de todos os bens;

B suponha que um indivíduo esteja inicialmente escolhendo sua cesta ótima, então ocorre um aumento de 6% de sua
renda e dos preços dos produtos que ele consome. Assim, observa-se que o consumo dos bens irá diminuir;
C para qualquer tipo de relação de preferência, temos que uma mudança no preço de um bem não pode fazer com que
a utilidade permaneça inalterada, a menos que a mudança de preço seja acompanhada por uma mudança na renda;
D se as cestas de bens A e B estão na mesma curva de indiferença de um certo indivíduo, então sabe-se que a cesta A
contém as mesmas quantidades de bens que a cesta B;
E um aumento na renda de um indivíduo sem alterar os preços relativos irá deslocar a restrição orçamentária para fora
de maneira paralela.

3. FGV – TJ-RO – 2021)

Sobre a teoria do consumidor, assinale a alternativa correta:

A quando o consumidor tem preferências transitivas, então ele prefere consumir cestas de bens diversificadas em vez
de especializar seu consumo em um bem ou em outro;
B uma função utilidade dada por u(x,y)=x2 +6xy+9y2 representa uma relação de preferência de bens substitutos
perfeitos;
C Antônio é um consumidor que tem preferência dada por uA(x,y) = x1/2 y 1/2 e Beatriz uma outra consumidora que tem
preferência representada por uB(x,y) = 0,5ln x + ln y + 150. Se os salários desses dois consumidores são iguais, então
suas cestas de consumo serão idênticas;
D Carla gosta de consumir um tablete pequeno de manteiga com três pães franceses no seu café da manhã. Sabe-se,
então, que a preferência de Carla por esses bens é de substitutos perfeitos;
E Pedro tem preferências (curvas de indiferença) estritamente convexas para os bens x e y. Para ele, as cestas A=(xA,yA)
= (4,6) e B=(xB,yB)=(12,2) são indiferentes. Então, pode-se afirmar que Pedro também está indiferente ao consumo da
cesta C=(xC,yC)=(8,4).

4. FGV – DPE/RJ – 2019)

Karoline tem preferência pelos bens e descrita pela seguinte função utilidade: u(x, y) = x1/2y1/2

Inicialmente, Karoline demanda 25 unidades do bem x e 16 unidades do y. Caso Karoline passe a consumir 4 unidades
do bem x, mas tenha um choque de renda de modo a continuar sobre a mesma curva de indiferença inicial, a taxa
marginal de substituição nesse novo ponto de consumo será:
A 100;

B 72;

C 50;

D 36;

E 25.

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5. FGV – DPE/RJ – 2019)

Com relação à teoria do consumidor, analise as afirmativas a seguir.

I. Rafael é um consumidor que tem preferência pelos bens x e y dada por UR(x, y) = √xy . Já Antônio é um outro
consumidor com preferência representada por UA(x,y) = 3x³ y³ + 5. Se a renda de Rafael e Antônio são iguais, sabe-se
que suas cestas de consumo também serão.
II. Mariana adora ir ao cinema. No cinema, Mariana gosta de consumir um pacote de pipoca com dois copos de
refrigerante, sempre nessa mesma proporção fixa. No ano, Mariana tem R$ 150 para gastar em pipoca e refrigerante no
cinema. Se o preço de um pacote de pipoca é R$ 20 e o preço de um copo de refrigerante é R$ 5, então a demanda
anual de Mariana por pipoca no cinema é de 5 pacotes.
III. Se a função utilidade for representada por U(x, y) =x²y³, então esse consumidor aloca 40% da sua renda no bem y.

Está correto o que se afirma em:

A somente I;

B somente III;

C somente I e II;

D somente II e III;

E I, II e III.

6. FGV – ALERO – 2018)

Suponha que um indivíduo tenha preferências estritamente convexas e monotônicas. Se este individuo é indiferente
entre as cestas x = (3,5) e y = (5,3), logo ele irá preferir, estritamente,
a) a cesta z = (4,0) em relação a cesta x apenas.

b) a cesta x em relação a qualquer combinação convexa de y com a cesta w = (4,5).

c) a cesta y em relação à cesta obtida pela média geométrica entre a cesta x e a própria cesta y.

d) qualquer cesta obtida pela combinação convexa (t3 + (1-t) 5, t5 + (1-t) 3), t ≥ 0, em relação as cestas x e y.

e) a cesta obtida pela média aritmética entre as cestas x e y em relação às próprias cestas x e y.

7. FGV – ALERO – 2018)

Assinale a opção que apresenta uma característica do bem de Giffen.

a) É um bem inferior, mas cujo efeito renda não se sobrepõe ao efeito substituição de forma que o efeito preço é
negativo.
b) O efeito renda é menor do que aquele obtido por um bem de luxo.

c) Sua elasticidade é maior do que a de um bem necessário, em termos absolutos.

d) Sua demanda é positivamente inclinada.

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e) Sua demanda é perfeitamente inelástica.

8. FGV – IBGE – 2017)

Rafael tem função utilidade u(c,p)=min{½ c;p), onde P representa pipoca e C representa Coca-Cola.

Se o preço de um pacote de pipoca é R$10 e o preço de um copo de Coca-Cola é R$5, a demanda de Rafael por Coca-
Cola, se sua renda for de R$30, é de:
a) 1 unidade;

b) 2 unidades;

c) 3 unidades;

d) 4 unidades;

e) 5 unidades.

9. FGV – ISS/Cuiabá – 2016)

A curva de indiferença é um ferramental importante na análise de preferências e escolhas do consumidor.

Assinale a opção que indica uma das características das curvas de indiferença, caso o consumidor tenha preferências
racionais.
a) Duas curvas nunca se cruzam, o que viola o pressuposto de transitividade das preferências.

b) A utilidade do consumidor aumenta quando as curvas se deslocam em direção à origem dos eixos cartesianos.

c) As curvas de indiferença geram cestas indiferentes mesmo se uma das cestas contenha uma quantidade
estritamente maior de todos os bens.
d) As curvas não cruzam o conjunto orçamentário do consumidor.

e) As curvas são convexas para funções utilidade convexas e côncavas, para funções utilidade côncavas.

10. FGV – IBGE – 2016)

Com relação à teoria do consumidor, analise as afirmativas a seguir:

I - A teoria da utilidade cardinal parte do pressuposto de que o tamanho da diferença de utilidade entre duas cestas é
insignificante.
II - Uma curva de indiferença de um consumidor representa várias cestas de consumo diferentes que fornecem níveis
diferentes de utilidade.
III - Uma função utilidade dada por u(x1, x2) = ax1 + bx2, onde a e b são constantes positivas, e x1 e x2 os dois bens
consumidos, representa uma função utilidade para complementares perfeitos.
IV - Quando o preço de um bem varia, há dois efeitos: o renda e o substituição. O efeito renda é dado pela variação na
demanda devido ao aumento do poder aquisitivo.
Sendo V para a(s) alternativa(s) verdadeira(s) e F para a falsa(s), a sequência correta é:

a) V, V, F e F;

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b) V, F, F e F;

c) V, F, F e V;

d) F, F, F e V;

e) F, F, V e V.

11. FGV – CODEBA – 2016)

Uma pessoa recebe uma ligação de uma atendente de um banco, com a finalidade de responder a uma pesquisa de
opinião. Dentre os quesitos possíveis, a pessoa deve opinar sobre quais as qualidades que ela valoriza mais nos serviços
prestados pelo banco, dentre elas: segurança, baixo custo, remuneração elevada e quantidade de caixas eletrônicos.
A atendente pede para a pessoa dizer quais as qualidades que prefere, mas sempre duas a duas. Em suas duas primeiras
respostas, a pessoa disse que prefere segurança a baixo custo e prefere baixo custo a quantidade de caixas eletrônicos.
Se suas preferências são racionais, em sua terceira resposta, a pessoa não pode preferir

a) remuneração elevada a quantidade de caixas eletrônicos.

b) quantidade de caixas eletrônicos a remuneração elevada.

c) segurança a remuneração elevada.

d) baixo custo a remuneração elevada.

e) quantidade de caixas eletrônicos a segurança.

12. FGV – IBGE – 2016)

Anna é uma estudante do curso de Economia. No início do semestre ela precisa comprar dois itens para acompanhar
suas aulas: folhas de fichário, X, e canetas, Y. Os preços de uma unidade desses bens são, respectivamente, pX = 5 e pY =
2. Se Anna tem renda de 60 unidades monetárias para cobrir os gastos do semestre com esses itens escolares e se sua
função utilidade por esses bens é dada por , a cesta ótima que pode ser comprada por Anna que maximiza sua utilidade
sujeita a sua restrição orçamentária é:
a) X = 2 e Y = 25;

b) X = 4 e Y = 20;

c) X = 6 e Y = 15;

d) X = 8 e Y = 10;

e) X = 10 e Y = 5.

Gabarito
1. D

2. E

3. B

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4. E

5. C

6. E

7. D

8. C

9. A

10. X

11. E

12. C

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Resumo direcionado
Preferências:

As preferências do consumidor orientam sua demanda.

Os economistas utilizam cestas de consumo para ilustrar a decisão de consumo de um consumidor. Estas
cestas tem uma quantidade de um bem e uma quantidade de outro bem. Exemplo: Cesta A (5,5).
Premissas: Exaustividade (preferências são completas), Transitividade, Monotonicidade (quanto mais
melhor), Convexidade (média é preferível aos extremos).
Para que uma preferência seja considerada racional, ela precisa ser apenas exaustiva e transitiva.

Curvas de Indiferença:

Refletem a função utilidade e representam um nível de utilidade.

Cestas sobre a mesma curva de indiferença possuem o mesmo nível de utilidade.

Curvas mais altas são preferíveis, pois possuem maior nível de utilidade.

Curvas de indiferença não se tocam (decorre da premissa da transitividade).

Curvas de indiferença bem comportadas tem inclinação negativa (decorre da premissa da monotonicidade).

Conceitos Importantes:

Utilidade: Nível de satisfação que a cesta de bens fornece ao consumidor

Utilidade Marginal: Acréscimo de utilidade que ocorre em virtude do consumo de uma unidade a mais do
bem em questão. Derivada da Função Utilidade.
Lei da Utilidade Marginal Decrescente: Aumenta o consumo de um bem, diminui-se a utilidade marginal

A Utilidade Total será máxima quando Umg = 0.

Taxa Marginal de Substituição:

TMS= Δx2/Δx1

É a taxa de substituição de um bem pelo outro. Variação (final menos inicial) de um bem sobre variação do
outro.
É a inclinação da curva de indiferença.

Curvas de Indiferença bem-comportadas:

Convexas, a TMS é decrescente. Função Utilidade é Cobb-Douglas: U(X,Y)=X^aY^b

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Curvas de Indiferença malcomportadas:

Substitutos: Curva é uma reta, TMS é constante e negativa. Função Utilidade:

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Complementares: Curva em “L”. TMS: Infinita na parte vertical, zero na parte horizontal. Função Utilidade:

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Outros: Males (curva positivamente inclinada, TMS positiva); neutros (curva 100% horizontal, TMS = 0); Côncava
(voltada para dentro, indica especialização no consumo, TMS crescente) e Quase Linear (tem a forma de quase
uma linha, TMS depende de apenas um dos dois bens).

Restrição Orçamentária:

Impõe limitação ao consumidor.

O conjunto de cestas que o consumidor pode adquirir com sua renda se chama conjunto orçamentário (ou de
possibilidades). Cestas dentro da reta orçamentária representam o conjunto orçamentário do consumidor.
Reta orçamentária: Conjunto de cestas que esgotam a renda do consumidor: m=px X+ py Y

Dados da Reta Orçamentária: Intercepto Vertical (m/py). Intercepto Horizontal (m/px). Inclinação (-px/py).

Mudanças na Renda. Se aumenta m, reta se desloca para a direita e para cima (interceptos mudam na mesma
proporção):

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Mudanças nos preços. A Reta Orçamentária sofre uma rotação (interceptos podem mudar em proporções
diferentes):

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Equilíbrio do Consumidor:

Efeito Renda e Efeito Substituição:

Efeito Substituição Efeito Renda Características

Positivo (redução de
Negativo (redução
Bem preços, aumento na ER positivo reforça o ES negativo, apontando para
de preços, mais
Normal renda aumenta o aumento no consumo se houver redução de preços.
consumo)
consumo)

Negativo (redução de
ER e ES em direções opostas. Se houver redução de
Bem preços, aumento na
Negativo preços, ES negativo aumenta o consumo e ER
Inferior renda, diminui o
negativo diminui o consumo.
consumo)

ER e ES em direções opostas, sendo que ER suplanta


Bem de Negativo e suplanta o o ES. Todo bem de Giffen é um bem inferior (pois ER e
Negativo
Giffen ES. ES atuam em direções opostas), mas nem todo bem
inferior é de Giffen.

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