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10 anos da Lei Antifumo do Estado de São Paulo 

Lei nº 13.541 de 7 de Maio de 2009

Centro de Vigilância Sanitária/CCD/SES-SP – 2019


10 anos da Lei Antifumo

João Doria
Governo do Estado de São Paulo
José Henrique Germann Ferreira
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Paulo Rossi Menezes
Coordenadoria de Controle de Doenças – CCD
Maria Cristina Megid
Centro de Vigilância Sanitária – CVS

Coordenação/Elaboração
Elaine C. D´Amico – CVS
Luís Sérgio Ozório Valentim - CVS
Maria Cristina Megid - CVS
Sylia Rehder – CCD
Revisão
Kátia Rocini – CCD
Projeto gráfico e editoração eletrônica
Maria Rita Negrão de Oliveira - CVS

Av. Dr. Arnaldo, 351, Anexo III


CEP: 01246-000 – Pacaembu – São Paulo – SP
site: www.cvs.saude.sp.gov.br
Centro de Vigilância Sanitária – CVS/CCD/SES-SP

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

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10 anos da Lei Antifumo

índice
Editorial ......................................................................................................................7

Subsídios que embasaram a propositura do Projeto de Lei Estadual que proíbe


o fumo em recinto de uso coletivo no estado de São Paulo ......................................10

Lei Antifumo foi aprovada após amplo debate ..........................................................15

Publicação da Lei Antifumo - Diário Oficial ................................................................17

Resolução SES/SJDC - 3, de 16-7-2009......................................................................21

Folder da Lei Antifumo..............................................................................................23

Programa Ambientes Saudáveis e Livres do Tabaco no Estado de São Paulo ...............26

A vida seguiu e a saúde venceu.................................................................................38

Vigilância Sanitária do tabaco no estado de São Paulo ..............................................40

Impacto da Lei Antifumo do estado de São Paulo......................................................48

O fumo em lugares fechados ....................................................................................53

Lei de controle do tabagismo no Brasil e no estado de São Paulo: uma visão


de promoção da saúde .............................................................................................55

Ambientes livres de tabaco ......................................................................................59

Dez anos da Lei Antifumo em São Paulo ...................................................................62

10 anos de parceria Incor/Centro de Vigilância Sanitária ............................................66

O GAPS nos 10 anos de Programa Ambiente Livre de Tabaco ....................................78

A Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco ........................................80

A Lei Antifumo de São Paulo e suas contribuições para o aperfeiçoamento da


política nacional de controle do tabaco .....................................................................83

Resultados dos 10 anos de fiscalização da Lei Antifumo ............................................88

Agradecimentos........................................................................................................92

Fotos & Fatos ............................................................................................................97

Créditos ..................................................................................................................108
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10 anos da Lei Antifumo

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10 anos da Lei Antifumo

Editorial

Lei Antifumo no estado de


São Paulo
Há dez anos, fui chamada pelo então secretário de
estado da saúde, o saudoso Dr. Barradas, e ele me comunicou que teríamos um
grande desafio a enfrentar. A situação me pareceu bastante assustadora e urgente.

A Lei Antifumo do estado de São Paulo estava em vias de ser sancionada pelo
governador, tínhamos que pensar e agir rapidamente. Durante os três meses
seguintes precisávamos fazer uma ação educativa em massa para uma população
de 42 milhões de habitantes e, logo em seguida, a lei entraria em vigência, com
fiscalização efetiva.

Tínhamos à frente um cenário bastante complexo, não havia expertise no país


com ações desse porte. Foi necessário aprender a segurar nossa ansiedade e ver
a situação por meio da lógica e da razão. Sim, Dr. Barradas estava certo: era um
grande desafio!

Reuni minha equipe do Centro de Vigilância Sanitária, sentamos e começamos a


construir uma estratégia. Foram discussões e mais discussões até chegarmos a uma
proposta factível.

Apresentamos ao secretário, pois haveria necessidade de um apoio logístico para


darmos início a uma grande “maratona” por todo o estado. Precisávamos treinar
mais de 500 técnicos por meio de um curso de capacitação que abordaria todos os
temas relacionados ao tabagismo passivo, tais como: os impactos no funcionamento
do aparelho cardiovascular e respiratório, na pediatria, na oncologia, na obstetrícia,
além dos atos legais para a aplicação da fiscalização.

O nosso objetivo era que os fiscais entendessem o real significado da lei. Estava
em implantação uma importante política pública de proteção e promoção à saúde
da população e precisávamos dialogar com a sociedade para que entendesse o
espírito da fiscalização e, não só nos apoiasse nessa luta que se iniciava, como
também fosse nossa parceira nessa grande conquista.

Fomos exitosos nesse diálogo. Além da população, a Fundação Procon


esteve presente desde o início das nossas ações. Aproveito para registrar nosso

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10 anos da Lei Antifumo

agradecimento especial à Dra. Jaqueline Scholz pelo seu envolvimento


e comprometimento, treinando à noite os fiscais que iriam utilizar os
monoxímetros, inclusive eu mesma, no auditório do CVS. Trabalho incansável
de todos os envolvidos. Agradecimentos, também, à Associação Brasileira do
Câncer (ABCâncer) e Aliança de Controle do Tabagismo (ACTBr), que nos
acompanharam representando a voz da sociedade civil.

Com o projeto aprovado, aguardando ser sancionado pelo governador, os


obstáculos e questionamentos começaram a surgir:

• Vai cercear a liberdade das pessoas?

• Vai impactar negativamente no setor de hospitalidade?

• Vai prejudicar economicamente vários estabelecimentos?

• Vai ter perda de empregos?

• Dezenas de liminares para impedir a fiscalização.

• Não vão conseguir implantar a lei, o universo é muito grande.

Em contrapartida, criou-se um grande debate sobre a importância do


controle da fumaça do tabaco em ambientes fechados e suas consequências
à saúde, até mesmo extrapolando o território do estado, atingindo a esfera
nacional.

Os mais renomados especialistas comprometidos com a luta contra o


tabagismo se posicionaram, foram aos mais diversos meios de comunicação
e fizeram pronunciamentos a favor dos benefícios da restrição de produtos
fumígenos em ambientes fechados e parcialmente fechados. Não estava
sendo proibido o ato de fumar e sim fumar em ambientes que poderiam
comprometer a saúde de outros.

A grande pergunta que fazíamos a nós mesmos era quantos estabelecimentos


conseguiríamos fiscalizar em um ano? Cem mil era a meta. Loucura pensar
em um número tão grande.

Não explicitamos para ninguém, mas tínhamos uma grande expectativa,


ficamos acompanhando tudo muito de perto e, ao final do primeiro ano de
vigência da lei, havíamos realizado mais de 330 mil fiscalizações. O mais
formidável foi constatar o resultado: mais de 99% dos estabelecimentos
cumprindo a legislação. Estávamos no caminho certo!

Como bem constatou Dr. Barradas na época: “A vida seguiu e a saúde


venceu!”.

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10 anos da Lei Antifumo

Podemos afirmar, sem medo de errar, que atualmente está garantido no


estado de São Paulo o direito dos cidadãos viverem em ambientes coletivos,
públicos ou privados, saudáveis e livres da fumaça do tabaco, prevenindo
um importante fator de risco para doenças graves, incapacitantes e fatais.

É dever do estado incentivar hábitos saudáveis que possam prevenir


doenças e assegurar melhor qualidade de vida às pessoas. A lei antifumo
paulista está em sintonia com o movimento global para o enfrentamento
dos males ocasionados pelo tabaco. Os avanços alcançados são inegáveis,
o que pode ser verificado claramente pela mudança de comportamento da
população.

Realizamos mais de 2 milhões de fiscalizações nesses dez anos de


vigência da lei e mantemos um índice de mais de 99% de cumprimento a
ela. Índice de observância que se equipara a outros lugares do mundo com
leis semelhantes, como a cidade de Nova York (97%), Irlanda (94%), Otawa
(95%), por exemplo.

Vale destacar a manifestação do presidente da Instituição Cancer Research


UK, Jean King: “Essas leis estão salvando vidas”. Todos nós concordamos
com isso.

Boa leitura!

Maria Cristina Megid


Diretora do Centro de Vigilância Sanitária

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10 anos da Lei Antifumo

Subsídios que embasaram a


propositura do Projeto de Lei Estadual
que proíbe o fumo em recinto de uso
coletivo no estado de São Paulo
José Dínio Vaz Mendes
Coordenadoria de Planejamento de Saúde. Secretaria de Estado da Saúde

Exposição de Motivos V. 90% dos casos de câncer de pulmão


ocorrem em fumantes, o que mostra a
Há muitos anos já existem estudos forte correlação dessa doença com o
científicos que estabelecem a relação do uso tabagismo
do tabaco com problemas de saúde, com
grande significado para a saúde pública. VI. O câncer de pulmão é o tipo de câncer
Conforme referido pelo Instituto Nacional que mais mata no Brasil”.
do Câncer (INCA)1 “milhares de estudos
acumulados, até o momento, evidenciam o Por estes motivos, os países desenvolvidos
uso do tabaco como fator causal de quase têm adotado, progressivamente, leis
50 doenças diferentes, destacando-se as e normas cada vez mais restritivas ao
doenças cardiovasculares, o câncer e as consumo do tabaco.
doenças respiratórias obstrutivas.
A legislação estadual de São Paulo sobre
Esses estudos mostram que ao consumo ambientes livres de fumo encontra-se,
de tabaco podem ser atribuídas: atualmente, inadequada e desatualizada,
inclusive em relação à legislação federal
I. 45% das mortes por doença (Lei Federal n.º 9.294, de 15 de julho de
coronariana (infarto do miocárdio), 1996, que dispõe sobre as restrições ao
uso e à propaganda de produtos fumígeros,
II. 85% das mortes por doença pulmonar bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias
obstrutiva crônica (enfisema), e defensivos agrícolas).

III. 25% das mortes por doença cérebro- O último destes instrumentos legais
vascular (derrames) estaduais, editado recentemente, a Lei
Estadual nº 13.016 de 19/5/2008, listou
IV. 30% das mortes por câncer. especificamente alguns recintos em que
é proibido o fumo, deixando de incluir
1
INCA – Instituto Nacional do Câncer/Ministério da Saúde. Ação Global para o Controle do Tabaco 1º Tratado Internacional de Saúde
Pública. 2003.

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10 anos da Lei Antifumo

em suas disposições uma série de outros Como se vê, a CQCT determina que
estabelecimentos, incluídos na legislação as legislações nacionais não permitam o
federal, causando assim, certa confusão fumo em ambientes coletivos internos e
junto à população. neste aspecto, a lei federal, que em seu
art. 2º ressalva da proibição de fumar “a
A Lei Federal nº 9294/96, que entre suas área destinada exclusivamente a esse fim,
determinações proíbe o fumo em ambientes devidamente isolada e com arejamento
coletivos, públicos e privados, continua em conveniente”, mereceria ser revisada e
vigor. Ao deixar de mencionar inúmeros atualizada.
estabelecimentos, entre eles bares,
restaurantes, casas noturnas e hotéis, a lei Pois bem, a Constituição Federal, ao
estadual acaba por servir como argumento estabelecer as competências dos entes
para infringir a lei federal. federativos: União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, as distinguiu em
É importante ressaltar que mesmo a Lei competências privativas, competências
Federal nº 9294/96 encontra-se atualmente comuns e competências concorrentes.
desatualizada frente à Convenção Quadro
para o Controle do Tabaco (CQCT), primeiro Cuidar da saúde e proteger o meio
tratado internacional de saúde pública já ambiente está entre as competências
ratificado por mais de 150 países, dentre comuns dos entes federativos (CF, art.
eles o Brasil. 23, II e VI). A proteção e defesa da saúde
encontram-se dentre as competências
Diz o art. 8º da CQCT: concorrentes (CF, art. 24, XII c/c art. 30, II).

“Artigo 8 – Proteção contra a exposição As competências comuns são de


à fumaça do tabaco natureza material, mas para que sejam
implementadas requerem a existência de
1. As Partes reconhecem que a ciência políticas públicas, muitas delas efetivadas
demonstrou de maneira inequívoca que a por meio de leis. Daí falar, a doutrina, em
exposição à fumaça do tabaco causa morte, competências concorrentes impróprias, de
doença e incapacidade. natureza legislativa, “cujo regime jurídico
indica a inexistência de limites a cada uma
2. Cada Parte adotará e aplicará, em das ordens federativas, ou seja, cada uma
áreas de sua jurisdição nacional existente, delas pode legislar de maneira integral
e conforme determine a legislação sobre as mesmas matérias”.2 Bem por
nacional, medidas legislativas, executivas, isso, são implícitas e permitem aos entes
administrativas e/ou outras medidas eficazes federativos legislar ilimitadamente sobre as
de proteção contra a exposição à fumaça matérias objeto das competências comuns.
do tabaco em locais fechados de trabalho,
meios de transporte público, lugares O Estado, portanto, tem competência
públicos fechados e, se for o caso, outros comum, de índole material, para cuidar
lugares públicos, e promoverá ativamente da saúde, defender o meio ambiente e
a adoção e aplicação dessas medidas em combater a poluição em qualquer de suas
outros níveis jurisdicionais.” formas.
2
Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrado Nunes Júnior, Curso de Direito Constitucional, 12ª edição revista e atualizada, São Paulo:
Saraiva, 2008, p.275.

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10 anos da Lei Antifumo

A saúde, direito social elevado à garantia de acesso à cultura, à educação e à ciência


fundamental (art. 6º), recebeu seção própria (art. 23, V) não inibe a atuação do Estado
na Constituição. O art. 196 da CF determina ou do Município na disciplina da matéria,
ser a saúde direito de todos e dever do possibilitando-lhes disciplinarem critérios
Estado, devendo ser garantido por políticas próprios para a contratação de professores,
sociais e econômicas para a sua promoção, desde que respeitado o piso estabelecido
proteção e recuperação. na lei federal.

Da mesma forma o meio ambiente, No caso de ambientes livres de fumo,


direito de todos garantido pelo art. 225, portanto, respeitado o mínimo previsto no
deve ser defendido pelo Poder Público e art. 2º, da Lei Federal nº 9294/06, podem
pela coletividade. Estados e Municípios ampliarem o espectro
da restrição aos produtos fumígeros de forma
Os ambientes livres de fumo visam a preservar a saúde e o meio ambiente.
preservar o direito à saúde de todos,
fumantes e não fumantes, sejam eles os Por outro lado, considerando a matéria
frequentadores dos ambientes coletivos, de ambientes livres de fumo como afeita ao
sejam eles os trabalhadores que ali exercem art. 24, XII, da CF, que trata da competência
sua atividade, bem como o direito ao meio concorrente própria para legislar sobre
ambiente saudável, livre da Poluição a proteção e defesa da saúde, da mesma
Ambiental Tabagística (PTA), que contém forma pode o Estado editar norma mais
cerca de 60 substâncias cancerígenas restritiva aos locais em que se pode fumar.
causando danos à saúde.
Cabendo aos Estados e Municípios
Tais objetivos encontram-se dentro da suplementar a legislação federal, no caso a
competência comum dos entes federativos, Lei Federal nº 9294/06, qualquer medida
exercida ilimitada e simultaneamente, e que busque ampliar a proteção à saúde e
que, para serem desempenhadas, implicam ao meio ambiente, restringindo o fumo,
na competência concorrente imprópria da estará cumprindo a norma constitucional,
União, Estados e Municípios. já que esses são os bens jurídicos tutelados,
e não um suposto direito a fumar, liberdade
O objetivo da Lei Federal nº 9294/96, essa que pode ser restringida na medida
que trata de ambientes livres do fumo, em que contraposta a direitos fundamentais
é preservar a saúde e o meio ambiente. garantidos em nível constitucional como a
A competência comum e concorrente saúde e o meio ambiente.
imprópria dos entes federativos permite
legislação estadual ou municipal mais É o que decidiu o Tribunal de Justiça de
rigorosa, de forma a garantir tais direitos. São Paulo, in verbis:

Neste sentido, o Supremo Tribunal “Mandado de Segurança – Impetração


Federal considerou, em julgamento do contra a proibição de fumar em bares,
Recurso Extraordinário no. 179.285-RJ, restaurantes e estabelecimentos similares –
relatado pelo Min. Marco Aurélio, que a Decreto nº 34.836/95 que regulamentou a
existência de legislação federal sobre meios Lei do Município de São Paulo, nº 10.862/90

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10 anos da Lei Antifumo

– Alegada ofensa aos princípios da legalidade quais sejam, o direito à saúde e ao meio
restrita e da isonomia – Concorrência de ambiente saudável, podendo, assim,
diplomas legais: Lei Estadual no. 9.178/95 ampliar os limites mínimos conferidos pela
e Decreto nº 40.695/95 e Lei Federal nº legislação federal.
9294/96 e Decreto nº 2.018/96.
Sobre essa matéria, importante
O tabagismo enquadra-se como precedente foi alcançado pelo próprio
problema de saúde pública, em razão Estado de São Paulo com a decisão do
de seu fator cancerígeno e de gerador de Supremo Tribunal Federal, em Ação Direta
riscos de doenças e outros agravos contra de Inconstitucionalidade movida pela
o indivíduo e a coletividade. O malefício Confederação Nacional dos Trabalhadores
também alcança os denominados ‘fumantes na Indústria (CNTI), que manteve a vigência
passivos’. da lei paulista nº 12.684/07, que proibiu
o uso de qualquer produto que utilize o
A legislação municipal que restringe amianto no estado. A maioria dos ministros
o uso de produtos fumígeros em recinto concordou que a lei estadual está em
coletivo está fundamentada na competência conformidade com a Constituição Federal
que a constituição Federal lhe atribui para e atende ao princípio da proteção à saúde.
suplementar a legislação federal e estadual
no setor proteção e defesa da saúde: Arts. Em seu voto, o Ministro Joaquim
24, XII e 30, II da Constituição Federal; Barbosa citou estudos científicos que
art. 219 e parágrafo único da Constituição comprovam o aparecimento de doenças
Estadual; Lei Orgânica do Município de São relacionadas ao uso do amianto, inclusive
Paulo, art. 213. o câncer, e afirmou que a lei paulista está
respaldada pela Convenção 162 da OIT
Os preceitos legais do Município de São (Organização Internacional do Trabalho),
Paulo sobre as restrições ao uso de produtos um compromisso assumido pelo Brasil, em
fumígeros passaram a integrar todas as esfera internacional, para salvaguardar o
determinações da recente legislação federal trabalhador de ter contato com o amianto e
específica, Lei 9294/96 e Decreto no. inclusive para o banir.
2019/96, este ressalvando expressamente a
validade das sanções previstas na legislação Para o Ministro, a Convenção da
local. Recurso provido para denegar OIT é uma norma supralegal, com força
mandado de segurança e cassar liminar normativa maior que a norma federal.
concedida.” (TJSP, 3ª C Direito Público, "Não faria sentido que a União assumisse
Apelação no. 276.582-2/1, Comarca de São compromissos internacionais que não
Paulo, deram provimento v.u., j. 15/4/1997. tivessem eficácia para os estados membros.
Grifos adicionados). Não acredito que a União possa ter duas
caras: uma comprometida com outros
Como se vê, por qualquer ângulo que Estados e organizações internacionais e
se analise a questão, tem o Estado de São outra descompromissada para as legislações
Paulo competência para legislar sobre com os estados-membros", disse Barbosa
ambientes livres do fumo e deve, ao fazê-lo, ao citar estudo acadêmico.
preservar os bens jurídicos constitucionais,

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10 anos da Lei Antifumo

No caso de ambientes livres do fumo


também há tratado internacional, a CQCT,
que, embasada nos malefícios do fumo
passivo, inclusive e especialmente para
a saúde dos trabalhadores, determina a
adoção de ambientes coletivos fechados,
públicos ou privados, livres de fumo. Sem
exceção.

Por todas essas razões, confirma-se a


competência estadual para legislar sobre
o tema e o dever dessa legislação ser mais
protetiva que a lei federal para excluir
a possibilidade de exceções dentro dos
ambientes coletivos fechados, inclusive em
atendimento ao Tratado Internacional ao
qual o Brasil aderiu e ratificou.

Portanto, a Secretaria de Estado da Saúde


considera que o presente projeto de lei
trará contribuição efetiva para, ao restringir
de forma inequívoca o fumo em qualquer
recinto coletivo, melhorar as condições de
saúde da população paulista.

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10 anos da Lei Antifumo

Lei Antifumo foi aprovada


após amplo debate
Produção Legislativa 2009
21/12/2009 19:43

A Lei antifumo (13.541/2009) foi As calçadas são a opção para os fumantes,


sancionada em 7/5 pelo governador José mas também há restrições. A Secretaria da
Serra em ato no Instituto do Câncer do Estado Justiça, um dos órgãos responsáveis pela
de São Paulo, por ocasião da comemoração fiscalização da lei, enfatiza que as mesas
do primeiro ano de funcionamento do de bares e restaurantes que estão do lado
hospital, que atende inclusive a ex-fumantes externo dos estabelecimentos devem estar
vitimados pelo câncer. totalmente isoladas das localizadas na parte
interna. Do contrário, vale a restrição para
A nova lei, em vigor desde o dia 7/8, o local, que será multado caso desrespeite
proíbe o consumo de cigarros, charutos, a proibição.
cigarrilhas, cachimbos, narguilés ou outros
produtos fumígenos em qualquer tipo de No mesmo espírito da proposta do
estabelecimento fechado, como bares, Executivo, foi apresentado pelo deputado
restaurantes, danceterias, boates, cinemas, Edson Ferrarini (PTB) projeto de lei que
shoppings, bancos, supermercados, proíbe a venda de narguilé aos menores de
repartições públicas, instituições de saúde e 18 anos. Com a sua transformação na Lei
escolas, entre outros. A proibição se estende 13.779, de 21/10/2009, os estabelecimentos
a veículos de transporte coletivo, táxis e que comercializam o cachimbo conhecido
nas áreas comuns de condomínios, hotéis, como narguilé só poderão vendê-lo aos
pousadas e dos condomínios residenciais e que, através de documento de identidade,
comerciais. comprovarem a maioridade.

Os responsáveis pelos estabelecimentos Outro projeto de lei restritivo ao uso de


devem advertir os fumantes e afixar avisos produtos que oferecem risco à saúde foi
sobre a proibição em locais visíveis. apresentado pelo deputado Afonso Lobato
Ficam excluídos da restrição ao fumo (PV). Também referendado pelos deputados,
apenas os locais de culto religioso (onde o o PL 330/2006 trata da criação do Conselho
fumo faça parte do ritual), instituições de Estadual de Inspeção e Controle da Venda
saúde que tenham pacientes autorizados de Bebidas Alcoólicas e Fumo (Ceicaf) no
a fumar pelo médico responsável, vias âmbito estadual.
públicas, residências e estabelecimentos
Debate
exclusivamente destinados ao consumo
de produtos fumígenos (tabacarias) com O PL 577/2008, que deu origem à
cadastro na Vigilância Sanitária. Lei 13.541/2009, que proíbe fumar em

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10 anos da Lei Antifumo

recintos de uso coletivo, foi debatido em


uma audiência pública, em 31/3. Além
dos deputados paulistas, participaram
das discussões representantes de diversos
setores da sociedade civil, advogados,
médicos e representantes de sindicatos
patronais e de empregados do setor
de bares, hotéis e restaurantes. Esses
últimos advertiram para provável impacto
econômico que a medida poderia causar no
faturamento das empresas, e o desemprego
decorrente dessa situação.

José Ferreira Neves, presidente da


Federação dos Empregados no Comércio
Hoteleiro e Similares do Estado de São
Paulo, expressou sua preocupação
com possível queda no movimento dos
estabelecimentos comerciais, que trarão
desemprego à categoria. “Poderão ser mais
de 30 mil trabalhadores prejudicados”,
alertou, pois “se não pode fumar, o cliente
simplesmente vai embora”.

Já os oradores favoráveis à lei, entre eles o


médico Dráuzio Varella, manifestaram forte
preocupação com o grupo dos fumantes
passivos que, conforme reconhecidos
estudos científicos, também são vítimas dos
males causados pelo tabaco.

Varella protestou, ao argumentar que


“não se pode empestear o ar de todos em
nome da liberdade individual”. O médico
contou que a proibição do fumo em
lugares fechados em Glasgow, Escócia,
levou à queda no atendimento por
doenças relacionadas ao tabaco em 30%
nos fumantes e 19% nos não fumantes. O
oncologista também falou sobre a saúde dos
trabalhadores, sugerindo que eles devem
lutar por adicionais de insalubridade e por
planos de saúde melhores.

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10 anos da Lei Antifumo

Volume 119 • Número 84 • São Paulo, sexta-feira, 8 de maio de 2009 www.imprensaoficial.com.br

§ 3º - Nos locais previstos nos parágrafos 1º e 2º deste


artigo deverá ser afixado aviso da proibição, em pontos de
Leis
ampla visibilidade, com indicação de telefone e endereço
dos órgãos estaduais responsáveis pela vigilância
LEI Nº 13.541, DE 7 DE MAIO DE 2009 sanitária e pela defesa do consumidor.
Artigo 3º - O responsável pelos recintos de que trata
Proíbe o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, esta lei deverá advertir os eventuais infratores sobre a
cachimbos ou de qualquer outro produto fumígeno, proibição nela contida, bem como sobre a obrigatoriedade,
derivado ou não do tabaco, na forma que especifica caso persista na conduta coibida, de imediata retirada do
local, se necessário mediante o auxílio de força policial.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Artigo 4º - Tratando-se de fornecimento de produtos
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu e serviços, o empresário deverá cuidar, proteger e vigiar
promulgo a seguinte lei: para que no local de funcionamento de sua empresa não
Artigo 1º - Esta lei estabelece normas de proteção à seja praticada infração ao disposto nesta lei.
saúde e de responsabilidade por dano ao consumidor, nos Parágrafo único - O empresário omisso ficará sujeito
termos do artigo 24, incisos V, VIII e XII, da Constituição às sanções previstas no artigo 56 da Lei federal n.º
Federal, para criação de ambientes de uso coletivo livres 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa
de produtos fumígenos. do Consumidor, aplicáveis na forma de seus artigos 57
Artigo 2º - Fica proibido no território do Estado de a 60, sem prejuízo das sanções previstas na legislação
São Paulo, em ambientes de uso coletivo, públicos ou sanitária.
privados, o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos ou Artigo 5º - Qualquer pessoa poderá relatar ao órgão
de qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do de vigilância sanitária ou de defesa do consumidor da
tabaco. respectiva área de atuação, fato que tenha presenciado
§ 1º - Aplica-se o disposto no “caput” deste artigo aos em desacordo com o disposto nesta lei.
recintos de uso coletivo, total ou parcialmente fechados § 1º - O relato de que trata o “caput” deste artigo
em qualquer dos seus lados por parede, divisória, teto ou conterá:
telhado, ainda que provisórios, onde haja permanência ou 1 - a exposição do fato e suas circunstâncias;
circulação de pessoas. 2 - a declaração, sob as penas da lei, de que o relato
§ 2º - Para os fins desta lei, a expressão “recintos de corresponde à verdade;
uso coletivo” compreende, dentre outros, os ambientes 3 - a identificação do autor, com nome, prenome,
de trabalho, de estudo, de cultura, de culto religioso, de número da cédula de identidade, seu endereço e
lazer, de esporte ou de entretenimento, áreas comuns de assinatura.
condomínios, casas de espetáculos, teatros, cinemas, § 2º - A critério do interessado, o relato poderá ser
bares, lanchonetes, boates, restaurantes, praças de apresentado por meio eletrônico, no sítio de rede mundial
alimentação, hotéis, pousadas, centros comerciais, de computadores - “internet” dos órgãos referidos
bancos e similares, supermercados, açougues, padarias, no “caput” deste artigo, devendo ser ratificado, para
farmácias e drogarias, repartições públicas, instituições atendimento de todos os requisitos previstos nesta lei.
de saúde, escolas, museus, bibliotecas, espaços de § 3º - O relato feito nos termos deste artigo constitui
exposições, veículos públicos ou privados de transporte prova idônea para o procedimento sancionatório.
coletivo, viaturas oficiais de qualquer espécie e táxis. Artigo 6º - Esta lei não se aplica:

19
10 anos da Lei Antifumo

I - aos locais de culto religioso em que o uso de produto fumígenos, derivados ou não do tabaco, em
fumígeno faça parte do ritual; ambientes de uso coletivo, total ou parcialmente
II - às instituições de tratamento da saúde que tenham fechados, e dá providências correlatas
pacientes autorizados a fumar pelo médico que os assista;
III - às vias públicas e aos espaços ao ar livre; JOSÉ SERRA, Governador do Estado de São Paulo,
IV - às residências; no uso de suas atribuições legais,
V - aos estabelecimentos específica e exclusivamente Decreta:
destinados ao consumo no próprio local de cigarros, CAPÍTULO I
cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro Disposição Preliminar
produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, desde Artigo 1° - Este decreto institui a Política Estadual para
que essa condição esteja anunciada, de forma clara, na o Controle do Fumo e regulamenta a Lei nº 13.541, de
respectiva entrada. 7 de maio de 2009, que proíbe o consumo de cigarros,
Parágrafo único - Nos locais indicados nos incisos I, cigarilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro
II e V deste artigo deverão ser adotadas condições de produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, na forma
isolamento, ventilação ou exaustão do ar que impeçam a que especifica.
contaminação de ambientes protegidos por esta lei. CAPÍTULO II
Artigo 7º - As penalidades decorrentes de infrações Política Estadual para o Controle do Fumo
às disposições desta lei serão impostas, nos respectivos SEÇÃO I
âmbitos de atribuições, pelos órgãos estaduais de Objetivos e Diretrizes da Política Estadual para o
vigilância sanitária ou de defesa do consumidor. Controle do Fumo
Parágrafo único - O início da aplicação das penalidades Artigo 2° - A Política Estadual para o Controle do
será precedido de ampla campanha educativa, realizada Fumo tem por objetivos:
pelo Governo do Estado nos meios de comunicação, como I - a redução do risco de doenças provocadas pela
jornais, revistas, rádio e televisão, para esclarecimento exposição à fumaça do tabaco e de outros produtos
sobre os deveres, proibições e sanções impostos por esta fumígenos;
lei, além da nocividade do fumo à saúde. II - a defesa do consumidor;
Artigo 8º - Caberá ao Poder Executivo disponibilizar III - a criação de ambientes de uso coletivo livres do
em toda a rede de saúde pública do Estado, assistência fumo.
terapêutica e medicamentos antitabagismo para os Artigo 3º - A Política Estadual para o Controle do Fumo
fumantes que queiram parar de fumar. será implementada com a integração de providências:
Artigo 9º - Esta lei entra em vigor no prazo de 90
I - do Poder Público;
(noventa) dias após a data de sua publicação.
II - dos empresários e demais responsáveis por
Palácio dos Bandeirantes, 7 de maio de 2009.
ambientes de uso coletivo, fechados ou parcialmente
JOSÉ SERRA
fechados;
Luiz Antônio Guimarães Marrey
III - da comunidade.
Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania
§ 1º - Caberá ao Estado fornecer informações,
Luiz Roberto Barradas Barata
exercer a fiscalização e prestar assistência terapêutica
Secretário da Saúde
e medicamentos antitabagismo, conforme o disposto no
Guilherme Afif Domingos
artigo 6º deste decreto.
Secretário do Emprego e Relações do Trabalho
§ 2º - Caberá aos empresários e demais responsáveis
Aloysio Nunes Ferreira Filho
por ambiente de uso coletivo, fechados ou parcialmente
Secretário-Chefe da Casa Civil
fechados, adotar as medidas previstas no artigo 7º deste
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 7 de
decreto.
maio de 2009.
§ 3º - Para o controle do fumo em ambientes de uso
coletivo, fechados ou parcialmente fechados, é facultada
a participação de qualquer pessoa ou de entidades de
classe e da sociedade civil, na forma prevista nos artigos
Decretos 13, 14 e 15 deste decreto.
SEÇÃO II
DECRETO Nº 54.311, DE 7 DE MAIO DE 2009 Informação oficial, fiscalização e assistência
terapêutica
Institui a Política Estadual para o Controle Artigo 4º - As Secretarias da Saúde e da Justiça e da
do Fumo, regulamenta a Lei nº 13.541, de 7 de Defesa da Cidadania, observados os respectivos campos
maio de 2009, que proíbe o consumo de produtos funcionais:

20
10 anos da Lei Antifumo

I - realizarão campanhas de saúde pública II - determinação às pessoas sujeitas ao seu poder de


e divulgação, de cunho educativo, nos meios de direção, inclusive empregados e prepostos, para que, nos
comunicação, como jornais, revistas, rádio e televisão, ambientes de uso coletivo, total ou parcialmente fechados:
para amplo conhecimento quanto à nocividade do fumo e a) não consumam produtos fumígenos;
esclarecimento sobre os deveres, proibições e sanções da b) informem os respectivos frequentadores da proibição
Lei nº 13.541, de 7 de maio de 2009; de fumar;
II - divulgarão as medidas administrativas adotadas III - determinação ao fumante para que não consuma
para aplicação da Lei nº 13.541, de 7 de maio de 2009, produtos fumígenos;
e os estudos mais relevantes sobre o tabagismo, com IV - comunicação à Polícia Militar para que providencie
a manutenção de sítio específico na rede mundial de o auxílio necessário à imediata retirada do fumante que
computadores - internet. não atender à determinação de que trata o inciso III deste
Artigo 5º - O cumprimento da Lei nº 13.541, de 7 artigo.
de maio de 2009, será fiscalizado, no âmbito de suas § 1º - Os avisos de proibição serão afixados em número
respectivas atribuições, pela Fundação de Proteção e suficiente para garantir sua visibilidade na totalidade dos
Defesa do Consumidor - PROCON/SP e pelo Centro de respectivos ambientes.
Vigilância Sanitária, órgão da Secretaria da Saúde, os § 2º - Nos veículos de transporte coletivo, viaturas
quais poderão celebrar, para esse fim, convênios com a oficiais e táxis, admitir-se-á a redução das dimensões do
União e Municípios, observado o disposto no Decreto nº aviso, desde que assegurada sua visibilidade.
40.722, de 20 de março de 1996. § 3º - Nos meios de transporte sobre trilhos, afixarse-á
§ 1º - No exercício da fiscalização de que trata o “caput” o número suficiente de avisos para garantir sua visibilidade
deste artigo, orientada, precipuamente, para a proteção ao em cada vagão.
fumante passivo e a identificação de barreiras impeditivas Artigo 8º - A adoção, no âmbito das repartições públicas
da dispersão de fumaça, observarse-á o seguinte: estaduais, das medidas relacionadas no artigo 7º deste
1. os quartos de hotéis, pousadas e similares, desde decreto constituirá atribuição da chefia de cada órgão.
que ocupados, equiparar-se-ão a residências; Parágrafo único - O descumprimento, por servidor
2. os estabelecimentos prisionais e as unidades de público estadual, do disposto na Lei nº 13.541, de 7 de
cumprimento de medidas socioeducativas se sujeitarão maio de 2009, e neste decreto, acarretará as sanções
às normas próprias de execução penal e de proteção à disciplinares previstas na Lei nº 10.261, de 28 de outubro de
criança e ao adolescente, respectivamente; 1968 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado.
3. o PROCON/SP e o Centro de Vigilância Sanitária Artigo 9º - O empresário que se omitir na adoção das
compartilharão as informações coligidas e coordenarão as medidas a que se refere o artigo 7º deste decreto ficará
respectivas atuações de fiscalização. sujeito às sanções previstas no artigo 56 da Lei federal nº
§ 2º - As Secretarias da Saúde e da Justiça e da Defesa 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa do
da Cidadania divulgarão, em conjunto e periodicamente, Consumidor, aplicáveis na forma de seus artigos 57 a 60,
relatório tendo por objeto os resultados da fiscalização de sem prejuízo das sanções previstas no artigo 112 da Lei
que trata este artigo. nº 10.083, de 23 de setembro de 1998 - Código Sanitário
Artigo 6º - A Secretaria da Saúde organizará a do Estado, aplicáveis na forma de seus artigos 113 a 122.
prestação de assistência terapêutica aos dependentes Parágrafo único - Considera-se empresário, nos
do tabaco, incluído o fornecimento de medicamentos termos do artigo 966 do Código Civil, quem exerce
prescritos por médico integrante do Sistema Único de profissionalmente atividade econômica organizada para a
Saúde - SUS. produção ou a circulação de bens ou de serviços.
SEÇÃO III Artigo 10 - Quando não houver relação de consumo,
Medidas de cuidado, Proteção e Vigilância nos o responsável por ambiente de uso coletivo, total ou
Ambientes de Uso Coletivo, Fechados ou Parcialmente parcialmente fechado, fica sujeito unicamente às sanções
Fechados, e Sanções Aplicáveis previstas no artigo 112 da Lei nº 10.083, de 23 de setembro
Artigo 7º - A obrigação de cuidado, proteção e vigilância de 1998 - Código Sanitário do Estado, aplicáveis na forma
para impedir a prática das infrações previstas na Lei nº de seus artigos 113 a 122.
13.541, de 7 de maio de 2009, compreende a adoção, Artigo 11 - Os órgãos encarregados da fiscalização
por empresários e responsáveis, das seguintes medidas: de que trata o artigo 5º deste decreto, na imposição de
I - afixação de avisos de proibição, previstos no § sanções, levarão em conta a reincidência, respeitadas as
3º do artigo 2º da Lei nº 13.541, de 7 de maio de 2009, normas próprias sobre a matéria.
que deverão ser confeccionados na forma e dimensões Artigo 12 - O PROCON/SP e o Centro de Vigilância
indicadas em resolução conjunta dos Secretários da Sanitária, observada a legislação pertinente a cada esfera
Saúde e da Justiça e da Defesa da Cidadania; de atribuição, harmonizarão a aplicação das respectivas

21
10 anos da Lei Antifumo

sanções, editando, se necessário, normas específicas


para a dosimetria das multas.
SEÇÃO IV
Participação da comunidade
Artigo 13 - Os relatos de fatos que possam configurar
infração à Lei nº 13.541, de 7 de maio de 2009, serão
feitos mediante o preenchimento e a assinatura de
formulário, nos moldes do Anexo deste decreto, o qual
poderá ser remetido pelo correio ou entregue diretamente
nos postos de atendimento do PROCON/SP ou do Centro
de Vigilância Sanitária.
Parágrafo único - Os empresários ou responsáveis
pelos ambientes a que se refere o § 2º do artigo 2º da
Lei nº 13.541, de 7 de maio de 2009, deverão fornecer
ao interessado, gratuitamente, o formulário de que trata
este artigo.
Artigo 14 - O PROCON/SP e o Centro de Vigilância
Sanitária disponibilizarão, nos sítios da rede mundial de
computadores - internet a que se refere o inciso II do artigo
4º deste decreto, canal específico para o recebimento
de denúncias de descumprimento do disposto na Lei nº
13.541, de 7 de maio de 2009, e neste decreto.
Parágrafo único - Para o fim de que trata o “caput” deste
artigo, poderão o PROCON/SP e o Centro de Vigilância
Sanitária disponibilizar linhas telefônicas exclusivas.
Artigo 15 - O Poder Executivo, por intermédio das
Secretarias da Saúde e da Justiça e da Defesa da
Cidadania, incentivará a atuação de entidades de classe,
de empregados e empregadores, e de entidades da
sociedade civil organizadas para a defesa do consumidor
ou proteção da saúde, notadamente mediante a celebração
de convênios tendo por objeto:
I - o compartilhamento de informações acerca do
cumprimento da Lei nº 13.541, de 7 de maio de 2009;
II - a adoção de ações destinadas a auxiliar o fumante
a abandonar o consumo de produtos fumígenos;
III - o estímulo a iniciativas que promovam os direitos
assegurados pela Lei nº 13.541, de 7 de maio de 2009.
Capítulo III
Disposições Finais
Artigo 16 - Os Secretários da Saúde e da Justiça
e da Defesa da Cidadania poderão editar normas
complementares para o cumprimento deste decreto.
Artigo 17 - Este decreto entra em vigor 90 (noventa)
dias após sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, 7 de maio de 2009
JOSÉ SERRA
Luiz Roberto Barradas Barata
Secretário da Saúde
Luiz Antonio Guimarães Marrey
Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania
Aloysio Nunes Ferreira Filho
Secretário-Chefe da Casa Civil
Publicado na Casa Civil, aos 7 de maio de 2009.

22
10 anos da Lei Antifumo

Resolução SES/SJDC - 3, de 16-7-2009

Dispõe sobre os ambientes de uso fechados em qualquer dos seus lados por
coletivo a que se refere o § 1º do artigo parede, divisória, teto ou telhado, ainda
2º da Lei nº 13.541, de 07 de maio de que provisórios, onde haja permanência
2009, bem como acerca dos avisos e ou circulação de pessoas, compreendendo,
da dosimetria das multas, constantes, dentre outros, os ambientes de trabalho,
respectivamente, dos artigos 7º, inciso I, e de estudo, de cultura, de culto religioso,
12 do Decreto nº 54.311/09. de lazer, de esporte ou de entretenimento,
áreas comuns de condomínios, casas
Os Secretários da Saúde e da Justiça e
de espetáculos, teatros, cinemas, bares,
da Defesa da Cidadania, Considerando
lanchonetes, boates, restaurantes, praças
as disposições da Lei nº 13.541, de 07
de alimentação, hotéis, pousadas,
de maio de 2009, regulamentada pelo
centros comerciais, bancos e similares,
Decreto nº 54.311, de mesma data, que
supermercados, açougues, padarias,
instituiu a Política Estadual para o Controle
farmácias e drogarias, repartições públicas,
do Fumo;
instituições de saúde, escolas, museus,
Considerando que esses diplomas bibliotecas, espaços de exposições,
legais têm por objetivo a redução do risco veículos públicos ou privados de transporte
de doenças provocadas pela exposição à coletivo, viaturas oficiais de qualquer
fumaça do tabaco e de outros produtos espécie e táxis.
fumígenos, a defesa do consumidor e a
criação de ambientes de uso coletivo livres Artigo 2º - O aviso de proibição do
do fumo; consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos
ou de qualquer outro produto fumígeno,
Considerando a necessidade de derivado ou não do tabaco, em ambientes
harmonizar procedimentos para a de uso coletivo, total ou parcialmente
aplicação das sanções previstas nesses fechados, deverá seguir o modelo constante
diplomas legais; do Anexo desta Resolução, respeitadas as
Considerando que a consecução dos dimensões de 25 centímetros de largura
objetivos supracitados envolverá órgãos por 20 centímetros de comprimento,
pertencentes às Secretarias da Saúde observados os tamanhos de fonte, cores
e da Justiça da Defesa da Cidadania, e proporções estabelecidos no modelo
conjuntamente resolvem que: constante do Anexo desta Resolução;

Artigo 1º - Para os fins desta Resolução, Parágrafo único - Admitir-se-á a redução


consideram-se recintos de uso coletivo, das dimensões estabelecidas no caput na
nos quais é proibido consumo de cigarros, hipótese da afixação do referido aviso em
cigarrilhas, charutos ou de qualquer outro veículos de transporte coletivo, viaturas
produto fumígeno, derivado ou não do oficiais e táxis, respeitada a largura
tabaco, aqueles total ou parcialmente mínima de 10 centímetros e a altura

23
10 anos da Lei Antifumo

mínima de 7 centímetros, bem como as


cores e proporções do modelo constante
do Anexo desta Resolução.
Artigo 3º - As multas aplicadas pelo
PROCON/SP e pelo Centro de Vigilância
Sanitária em razão do descumprimento
das disposições da Lei nº 13.541/09,
regulamentada pelo Decreto nº 54.311/09,
em consonância com as disposições da Lei
Federal nº 8.078/90 - Código de Defesa
do Consumidor - e da Lei nº 10.083/98 -
Código Sanitário do Estado de São Paulo,
serão graduadas de modo que a pena base
inicial não seja inferior a 50 (cinquenta)
UFESPs e nem superior a 100 (cem) UFESPs,
observada a disposição do artigo 4º desta
Resolução.
§ 1º - Caso o infrator reitere qualquer
prática irregular capitulada nos mencionados
diplomas legais, a multa ser-lhe-á aplicada
em dobro.
§ 2º - A partir da terceira autuação, o
infrator reincidente ficará sujeito à sanção
de interdição total do estabelecimento,
obedecidos os seguintes critérios:
I - A primeira interdição perdurará por
48h (quarenta e oito horas);
II - A segunda interdição e as seguintes
perdurarão por 30 (trinta) dias.
Artigo 4º - O processo administrativo
relativo à aplicação das sanções ora
descritas será objeto de normas próprias
expedidas pelo PROCON/SP e pelo Centro
de Vigilância Sanitária, no âmbito das
respectivas competências.
Artigo 5º - Esta Resolução entra em vigor
na data de sua publicação.

24
10 anos da Lei Antifumo

Folder da Lei Antifumo

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10 anos da Lei Antifumo

26
10 anos da Lei Antifumo
PROJETO
Ambientes Saúdaveis
e Livres do Tabaco

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10 anos da Lei Antifumo

Programa Ambientes Saudáveis e Livres


do Tabaco no Estado de São Paulo
Maria Cristina Megid; Luís Sérgio Ozório Valentim; Cristina E. Shimabukuro;
Elaine D’Amico
Centro de Vigilância Sanitária/CCD/SES, São Paulo, Brasil.

INTRODUÇÃO 80% dos casos derivam da exposição direta


ou indireta às substâncias tóxicas emitidas
A exposição à fumaça do cigarro é um pelos produtos fumígenos. As campanhas
problema de saúde pública com feições de saúde pública, as restrições legais e a
históricas e amplitude global. Estima-se presença de uma sociedade esclarecida
que cinco milhões de pessoas morram sobre os males do fumo nas nações mais
anualmente no mundo em decorrência desenvolvidas têm deslocado, nas últimas
dos males do tabaco, 200 mil delas são décadas, a geografia do consumo do tabaco
brasileiras. Uma em cada duas pessoas para os países de economia periférica.
que fumam durante 40 anos têm morte
associada a esse hábito. Portanto, a indústria No Brasil, cerca de 15% da população
do tabaco mata, a longo prazo, metade de adulta fuma; na capital do Estado, a
seus consumidores. Embora evidências prevalência do tabagismo chega a 19%.(*)
científicas apontem nesse sentido, tal A despeito das campanhas de saúde pública
segmento econômico ainda se mantém estarem tradicionalmente direcionadas ao
vigoroso, beneficiando, dia a dia, 20 mil fumante propriamente dito, a exposição às
toneladas de tabaco para o consumo diário substâncias tóxicas do cigarro não se limita
de 20 bilhões de cigarros no mundo, ou sete aos seus usuários, pois os que compartilham
trilhões de unidades anuais, que abastecem ambientes fechados ou parcialmente
cerca de 1,3 bilhões de fumantes. fechados com fumantes também se expõem.
Tal fato é conhecido como fumo passivo.
A literatura médica internacional é farta
em relatar os impactos dessa atividade Em recintos fechados, onde a fumaça
econômica na saúde da população. Cerca de tende a se concentrar, mesmo quem não
30% dos casos de câncer que se manifestam fuma se sujeita aos males do tabaco quando
no planeta apresentam relação com a em companhia de fumantes. Irritações nasais
fumaça do cigarro. No tocante ao câncer e oculares, dores de cabeça e sensação
de pulmão – neoplasia que mais mata –, de secura na garganta são sintomas que o

28
10 anos da Lei Antifumo

fumante passivo pode apresentar quando e muitas vezes incentivado, quando não
eventualmente exposto às substâncias glamurizado, uso de produtos fumígenos
presentes na fumaça do cigarro. Quando em ambientes pouco propícios à dispersão
a exposição é crônica, as consequências da fumaça.
se acentuam, com sinusites, otites e riscos
mais intensos de infarto, derrame, enfisema Para tanto, a Secretaria de Estado da Saúde
e câncer. incumbiu o Centro de Vigilância Sanitária
de estudar a questão e elaborar projeto
Nesse contexto de extrema importância condizente com as diretrizes expressas no
para a saúde pública, São Paulo tomou a projeto de lei, considerando as funções
iniciativa de regulamentar o tema, para fiscalizatórias das autoridades sanitárias,
além do arcabouço legal existente no país, que permitem livre acesso a locais de uso
ainda defasado em relação às diretrizes da coletivo e a penalização de infratores.
Organização Mundial de Saúde (OMS), Cumprindo o determinado, quando ainda
expressas na Convenção Quadro sobre da tramitação do projeto no legislativo,
o Controle do Uso do Tabaco, do qual o foram apresentadas ao Secretário de Estado
Brasil é signatário desde 2006. O texto da da Saúde as ações de vigilância para efetivar
convenção é enfático ao afirmar que “(...) a a política antifumo, organizada sob o nome
ciência demonstrou de maneira inequívoca de Programa Ambientes Saudáveis e Livres
que a exposição à fumaça do tabaco causa do Tabaco.
morte, doença e incapacidade”.
O principal objetivo do programa é
Após amplo debate, que envolveu demonstrar a viabilidade de eliminar
segmentos representativos da sociedade, foi o tabagismo de locais de uso coletivo,
aprovada em maio de 2009 a Lei Estadual fechados ou parcialmente fechados, sejam
13.541, conhecida popularmente como eles públicos ou privados, mediante ações
lei antifumo. Em síntese, a proposta que de Vigilância Sanitária, coordenadas com
resultou na lei conferiu ênfase na proteção outros órgãos, especialmente os de Defesa
ao fumante passivo, proibindo o consumo do Consumidor. Com esse propósito,
de cigarro e quaisquer outros produtos foram institucionalizadas ações do poder
derivados do tabaco em ambientes de público para vigilância de ambientes
uso coletivo, fechados ou parcialmente que porventura favorecessem o ato de
fechados. fumar, consolidando uma mudança de
comportamento da população em relação
Estratégia para Implantação ao produto. Ao assim garantir ambientes
livres de fumo, preserva-se o direito de
Nas estratégias do Governo do Estado, ao todos à saúde, fumantes e não fumantes,
propor à Assembleia Legislativa o projeto de sejam eles frequentadores dos ambientes
lei que culminaria na Lei Antifumo, alicerce coletivos, sejam eles trabalhadores que ali
da Política Estadual para o Controle do exercem sua atividade.
Fumo, estava o propósito de efetivamente
fazer valer o disposto no texto legal por O eixo estruturador do programa
meio de intensiva ação de orientação e consistiu em inspeções de campo por
fiscalização, superando, assim, o arraigado parte de técnicos das esferas regionais

29
10 anos da Lei Antifumo

e municipais do Sistema Estadual de ao consumo de cigarro evidenciou o grau


Vigilância Sanitária (Sevisa), em parceria de desafio para se estabelecer políticas
com os órgãos de Defesa do Consumidor públicas de combate ao tabaco e fazer valer
(Procons), em estabelecimentos de uso medidas efetivamente restritivas ao uso de
coletivo de, a princípio, 28 municípios de produtos fumígenos.
importância regional, onde estão instaladas
as sedes dos Grupos Regionais de Vigilância Por sua vez, o amplo universo de
Sanitária – GVS e onde se assenta cerca de demandas historicamente consolidadas de
metade da população do Estado. Tratam- Vigilância Sanitária, que abarcam ações de
se de municípios-polo, nos quais as ações prevenção e minimização de riscos à saúde
no formato preconizado têm potencial em diferentes contextos e circunstâncias,
para repercutir regionalmente, conferindo caracterizou o desafio de incorporar, no
o pretendido caráter demonstrativo: São âmbito do Sistema Estadual de Vigilância
Paulo, Campinas, Osasco, Santo André, Sanitária, sem prejuízo à sua rotina, as
São José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão particularidades das ações de regulação
Preto, Santos, São José do Rio Preto, Mogi do uso do tabaco em ambientes de uso
das Cruzes, Piracicaba, Bauru, Franca, coletivo.
Taubaté, Marília, Presidente Prudente,
Araraquara, Araçatuba, Franco da Rocha, Desse modo, o Programa Ambientes
Botucatu, Barretos, Assis, Caraguatatuba, Saudáveis e Livres do Tabaco estabeleceu
Itapeva, São João da Boa Vista, Registro, novas referências de atuação de Vigilância
Jales e Presidente Venceslau. Sanitária, exigindo uma lógica de trabalho
flexível, que não interferisse diretamente
A iniciativa foi depois estendida aos nas rotinas de vigilância e que pudesse
demais municípios do Estado, tendo sempre enfatizar a presença do poder público para
por referência as cidades-polo. garantir o cumprimento da lei, mesmo
em locais ou horários pouco usuais de
Vigilância Sanitária – Novas fiscalização.
Referências de Atuação
Para que a iniciativa alcançasse os
As evidências científicas que associam resultados esperados, foi necessário
o tabaco a um amplo conjunto de doenças cuidadoso planejamento, que contemplou
e que apontam como vítimas do hábito de ampla interlocução institucional;
fumar não apenas os tabagistas, mas também mobilização dos serviços municipais e
os que com eles compartilham ambientes estaduais de vigilância; capacitação dos
onde são restritas as condições de dispersão agentes; definição precisa do apoio logístico
da fumaça, conferiram relevância às e financeiro; sistemática elaboração de
medidas regulatórias de restrição ao fumo. escalas de ações de campo para garantir
uma equilibrada, porém maciça, atuação
No entanto, os interesses corporativos da fiscalização em termos geográficos
da indústria do tabaco, o ineditismo da e temporais; estabelecimento de canais
iniciativa regulamentatória paulista e de comunicação com a população e
o comportamento social moldado por elaboração de um sistema de informações
décadas de massiva indução publicitária para controle e avaliação da produção.

30
10 anos da Lei Antifumo

Foi estabelecida uma programação Em suma, as estratégias da Campanha


intensiva e dinâmica de fiscalização nas podem ser assim descritas:
principais cidades do Estado, atingindo,
nos momentos mais intensos da campanha, I. Apoio à Regulamentação da lei
quantidade superior a mil inspeções diárias,
com horários diferenciados de ações de Ante a necessidade de regulamentar
campo, em períodos noturnos e finais de a Lei nº 13.541/2009, foi providenciado
semana. Foram, também, selecionados apoio técnico ao gabinete da Secretaria
técnicos estaduais e municipais atuantes de Estado da Saúde e à Casa Civil, que
no Sistema Estadual de Vigilância Sanitária, resultou na publicação do Decreto nº
já, portanto, imbuídos de experiência e 54.311/2009, instituindo a Política
poder de polícia administrativa, para as Estadual para o Controle do Fumo. Na
atividades de orientação, esclarecimento e mesma linha, foi editada a Resolução
fiscalização. Conjunta SES/SJDC-3/2009, que trata da
sinalização e da aplicação de penalidades
A criteriosa definição de escalas de previstas na Lei Antifumo. Em paralelo,
trabalho associada à ajuda de custo destinada foram elaborados estudos e estabelecidos
aos técnicos em campo permitiu oferecer critérios de fiscalização no que diz respeito
presença maciça do Estado no período mais à interpretação legal dos ambientes de uso
crítico da implementação da Lei Antifumo, coletivo fechados e parcialmente fechados.
quando era imprescindível afirmar seus
princípios e restrições, em contraponto II. Interlocução institucional
a certa resistência ditada por interesses
econômicos e alguma desconfiança pública O Programa Ambientes Saudáveis e
na capacidade do dispositivo legal mudar, Livres do Tabaco implicou no diálogo e
de fato, hábitos, embora prejudiciais à aproximação com a Fundação Procon,
saúde, tão disseminados e arraigados em órgão da Secretaria de Estado da Justiça
nossa sociedade. e Defesa da Cidadania, possibilitando
a incorporação das ações de defesa do
Deste modo, o Programa Ambientes consumidor.
Saudáveis e Livres do Tabaco possibilitou
uma atuação diferenciada do poder público, O Programa exigiu, também, interlocução
moldando as ações de Vigilância Sanitária com a Secretaria de Segurança Pública para
ao ritmo das necessidades de afirmação dos garantir apoio em operações especiais de
preceitos da lei antifumo e da superação de campo, nos horários ou locais entendidos
comportamentos sociais pouco compatíveis como de risco mais acentuado à segurança
com a saúde pública, sem com isto onerar o dos agentes fiscais.
Estado com a implementação de estruturas
adicionais de fiscalização, não compatíveis Além disso, foi necessária estreita
com a dinâmica e flexibilidade requerida articulação com a Assessoria de
pelas estratégias do poder público no Comunicação, o Departamento de
enfrentamento do tabagismo e de seus Marketing e a Consultoria Jurídica da
males. SES, que possibilitaram homogeneizar a
divulgação ao público das ações antifumo,

31
10 anos da Lei Antifumo

definir identidade gráfica à Campanha e residenciais e comerciais, shopping centers,


responder com prontidão às contestações casas de espetáculo, instituições de ensino
jurídicas, apresentadas na forma de e terminais de transporte.
mandados de segurança e pedidos de
liminares, que se anteciparam e se seguiram No que tange às instituições de ensino, por
à publicação da Lei Antifumo. exemplo, foram agendadas reuniões como
as universidades públicas e particulares
III. Diálogo com os setores econômicos mais representativas do Estado, em agosto
sujeitos a regulamentação e com a de 2009, na retomada do calendário
sociedade em geral escolar, cuja pauta contemplou os temas
tabagismo e saúde, conceitos e princípios
O comportamento social no que tange da lei antifumo, medidas para adequação à
ao tabaco envolve posições muitas vezes lei e esclarecimento de dúvidas. Em sintonia
duais. Embora pesquisas de opinião com outras questões de relevância em
pública apontem expressiva aprovação da saúde pública, as reuniões contemplaram
população às medidas de regulação do fumo também medidas de prevenção da
em ambientes de uso coletivo fechados, Influenza H1N1, que se anunciava, então,
interesses econômicos e arraigados hábitos como epidemia de magnitude global e cuja
tabagistas conduziam a resistências propagação era facilitada pelo convívio
localizadas à implementação da lei – a coletivo em ambientes fechados, onde
despeito das evidências dos males do tabaco também é precária a dispersão da fumaça
–, que se expressavam no plano jurídico e do tabaco. Outro exemplo são os terminais
nas pautas da mídia. Daí a necessidade do de transporte, onde antes era recorrente o
contraponto às manifestações contrárias hábito de fumar, concentrando parte das
à lei e de uma sistemática campanha de denúncias oferecidas pela população no que
esclarecimento e orientação. concerne ao desrespeito à lei. Tal situação
demandou reuniões de esclarecimentos e
Tal estratégia conduziu o Centro de avaliação com órgãos como a São Paulo
Vigilância Sanitária a promover canais Transporte S/A – SPTrans, responsável pela
preliminares de diálogo e participação com gestão do sistema de transporte na capital,
setores representativos da sociedade, tais e a Companhia do Metropolitano de São
como a Aliança de Controle do Tabagismo Paulo (Metrô).
(ACT); Associação Brasileira de Câncer
(ABCâncer); Sindicato dos Trabalhadores Complementar aos diálogos setorizados
no Comércio e Serviços em Geral de foram organizadas estratégias para pronta
Hospedagem, Gastronomia, Alimentação resposta – em sintonia com a Assessoria de
Preparada e Bebida a Varejo de São Paulo Comunicação da SES – às demandas da mídia,
e Região (Sinthoresp); e a Associação pois o assunto rendeu extensa cobertura da
de Gastronomia, Entretenimento, Arte e imprensa e um interessante debate sobre
Cultura da Vila Madalena (Ageac). direitos individuais e responsabilidades
sociais envolvendo políticas de saúde
Em paralelo, foi direcionada atenção pública numa sociedade democrática.
ao diálogo com setores mais diretamente Desse modo, a Direção do Centro de
regulados pela lei, como condomínios Vigilância Sanitária e os profissionais

32
10 anos da Lei Antifumo

encarregados da coordenação central e ƒ Remuneração dos profissionais


regional da campanha se mobilizaram para técnicos (agentes de campo),
informar e esclarecer à imprensa em geral responsáveis pela fiscalização direta
sobre os resultados das ações de vigilância. da lei, por meio de ajuda de custo,
modalidade prevista em campanhas
Ainda em relação à necessidade de de relevância em saúde pública no
se garantir canais de comunicação com estado de São Paulo.
a população, foram implementados
um portal da Lei Antifumo
(http://www.leiantifumo.sp.gov.br/),
para esclarecimentos, orientações e
recebimento de denúncias oferecidas
pela população, e um serviço telefônico
(0800 771 3541) para também abrigar
as denúncias contra os estabelecimentos
infratores.

IV. Apoio logístico e operacional

Até então excepcionais à rotina de


Vigilância Sanitária, as ações antifumo
previstas no Programa Ambientes
Saudáveis e Livres do Tabaco exigiram
apoio logístico e operacional para além do ƒ Aquisição de monoxímetros,
disponível no Sistema Estadual de Vigilância aparelhos de medição do teor de
Sanitária. Em síntese, o Projeto requereu: monóxido de carbono no ar de
ambientes regulados pela lei e no
ƒ Viabilização do transporte dos organismo dos usuários – fumantes
agentes de campo com o uso de e não fumantes –, de modo a melhor
veículos da própria SES e de frota orientar a população sobre as
contratada, devidamente identificada, consequências do tabaco, permitir
garantindo transparência das ações maior interação entre os agentes
e ampla cobertura de fiscalização, fiscais e os proprietários, funcionários
inclusive em horários noturnos e e frequentadores dos ambientes
finais de semana. inspecionados, bem como subsidiar
pesquisas científicas dos impactos das
ƒ Elaboração e aquisição de ações antifumo.
coletes, bolsas, crachás, impressos
de orientação e divulgação, com
identidade gráfica padronizada, de
modo a permitir o reconhecimento do
agente fiscal pela população em geral
e ampliar a percepção da presença do
estado na fiscalização da lei.

33
10 anos da Lei Antifumo

V. Mobilização do Sistema
Estadual de Vigilância
Sanitária

As ações de orientação,
esclarecimento e fiscalização da lei
antifumo, inicialmente executadas em
28 cidades representativas do estado,
tinham o intuito de demonstrar a
viabilidade de se garantir ambientes
livres do tabaco, propiciando a
posterior expansão das ações para
os 645 municípios de São Paulo,
todos com serviços estruturados de
Vigilância Sanitária.

Para garantir a cobertura de O ciclo de capacitação dos agentes


fiscalização em todo o estado, o programa de campo contou com a colaboração de
estabeleceu, além da coordenação diversas instituições, reunindo profissionais
central, a cargo do Centro de Vigilância de notório saber da academia e do serviço.
Sanitária, coordenações regionais, sob Os eventos ocorreram entre maio e junho
responsabilidade dos GVS, que atuam em de 2009 em São Paulo, Ribeirão Preto
28 diferentes regiões do estado. A medida e Bauru, contemplando temas como os
garantiu uma atuação homogênea da impactos do tabagismo sobre a saúde,
Vigilância Sanitária por todo o território sociedade e controle do tabagismo,
paulista e fomentou o diálogo das esferas legislação e aspectos jurídicos das normas
estaduais e municipais, propiciando a antitabagismo, experiências de vigilância,
desejada inserção das ações antifumo na a Campanha Ambientes Saudáveis e Livres
rotina dos serviços de Vigilância Sanitária. do Tabaco e atribuições, referências e
procedimentos da campanha. Em junho
VI. Seleção e capacitação dos de 2009, ao final do ciclo de capacitação,
profissionais técnicos ocorreu cerimônia coletiva, com a presença
do governador, para entrega dos certificados
Cerca de 400 agentes de campo de e do lançamento oficial da Campanha, que
Vigilância Sanitária participaram da contou com extensa cobertura da imprensa.
Campanha. Eles foram escolhidos dentre
o conjunto de profissionais técnicos do VII. Elaboração de Sistema
Sistema Estadual de Vigilância Sanitária por de Informações
intermédio de processo seletivo amplamente
divulgado e transparente, no qual se definiu A intensa fiscalização da lei antifumo
os atributos e perfil desejado dos agentes, nas diferentes regiões do estado requereu a
que envolveu, dentre outros, experiência elaboração de um sistema de informações
em inspeções sanitárias, assim como para subsídio à avaliação e controle da
capacidade de diálogo e argumentação. produção, o necessário ajuste das estratégias

34
10 anos da Lei Antifumo

e das ações, a informação à mídia, a Diante da demanda, foi necessário


prestação de contas do desempenho do elaborar escalas criteriosas de inspeção,
programa ao secretário de Estado da Saúde, de acordo com o porte dos municípios, às
ao governador e à sociedade em geral. O características e vocações de seus bairros,
sistema é alimentado diretamente pelos a disponibilidade dos agentes de campo e
agentes de campo e permite a obtenção dos recursos logísticos, às peculiaridades
de diferentes relatórios, informando o total dos estabelecimentos pesquisados, aos
de inspeções e o recorte dos dados por horários e dias de maior produção das
período de tempo, área geográfica e tipo de equipes e às denúncias oferecidas pela
estabelecimento, a produção de cada agente população. Importou também o equilíbrio
de campo em termos de cumprimento de da cobertura das inspeções, de forma a
etapas e estabelecimentos inspecionados, contemplar tanto regiões centrais como
o número de autuações, dentre outras periféricas das cidades e os espaços de
informações. maior afluxo de público, onde se acentua
a sensação da presença ostensiva do
Foi necessário, também, elaborar estado para garantir o cumprimento da
sistema de informações específico lei. As escalas de ações de campo foram
para o acolhimento de denúncias da elaboradas pelas coordenações central
população, que exigiu estreita interação e regional do programa, discriminando
com a Coordenadoria de Planejamento diariamente as regiões a serem cobertas e
de Saúde da SES, e um sistema 24 horas respectivas equipes de inspeção, os roteiros
de atendimento telefônico (Disque mais eficientes em termos de produção, o
Antifumo) franqueado à população, cuja apoio logístico necessário, o volume de
implementação envolveu interlocução denúncias a serem atendidas e as eventuais
com a Companhia de Processamento de pendências em termos de cobertura da
Dados (Prodesp/Poupatempo), vinculada à região contemplada.
Secretaria de Gestão Pública.
IX. Operações especiais
VIII. Elaboração de escalas e
estratégias de inspeção Datas especiais, como o Dia Nacional
de Combate ao Fumo (29 de agosto), Dia
A necessidade de atuação ostensiva do Estadual de Combate ao Fumo (07 de maio),
poder público para fazer valer o disposto vigência da Lei Antifumo (07 de agosto),
na lei antifumo, de maneira a reverter início das temporadas de verão e de inverno,
expectativas negativas quanto à capacidade carnaval, réveillon, eventos esportivos (GP
de se eliminar o uso do tabaco de ambientes Brasil de Fórmula 1 e Fórmula Indy), volta
coletivos, impôs que as inspeções às aulas, dentre outras, exigiram estratégias
ocorressem de maneira sistemática, de fiscalização diferenciadas e mais
cobrindo locais e horários diversos, onde intensivas, adaptáveis às circunstâncias do
e quando o hábito de consumir produtos calendário, demonstrando à população
fumígenos estava tradicionalmente presente o firme empenho do poder público em
e a sensação de impunidade era maior. garantir o cumprimento da lei.

35
10 anos da Lei Antifumo

X. Apoio à produção de pesquisas


acadêmicas

O ineditismo das ações antifumo


em São Paulo despertou o interesse
de diversas instituições nacionais e
mesmo internacionais a respeito da
viabilidade e dos impactos da iniciativa.
Ainda no início do programa, o Centro
de Vigilância Sanitária manteve
entendimentos com o Instituto do
Coração, vinculado ao Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da
USP para viabilizar pesquisas a respeito
dos impactos das ações previstas. Tais
entendimentos resultaram em pesquisa no período de maio de 2009 até meados
acadêmica sobre os efeitos da lei paulista de 2013, em cerca de um milhão de
antifumo na redução das concentrações inspeções de orientação, esclarecimento e
de monóxido de carbono no ambiente e fiscalização, abrangendo não só as 28 sedes
no organismo de trabalhadores de bares, regionais, mas todos os 645 municípios do
restaurantes e outros estabelecimentos estado, motivadas por ações rotineiras de
similares. A qualidade da pesquisa cobertura programática ou pelas 24 mil
possibilitou sua publicação na revista denúncias oferecidas pela população por
Tobacco Control, referência internacional meio do portal antifumo ou pelo telefone
sobre o assunto, com o título The effect 0800. Embora tenham sido realizadas um
of São Paulo’s smoke-free legislation milhão de inspeções nesses quatro anos,
on carbon monoxide concentration in foi necessária a lavratura de apenas 2,4
hospitality venues and their workers. mil autos de infração, demonstrando que
99,7% dos estabelecimentos inspecionados
atendiam às disposições legais referentes ao
controle do tabaco em São Paulo.
RESULTADOS
Como consequência da intensa
As ações do programa foram vigilância, não se observa mais o fumo
desencadeadas três meses antes da lei em ambientes fechados ou parcialmente
antifumo entrar em vigor, consistindo, na fechados no Estado de São Paulo, tendo
primeira fase, em atividades de orientação sido, assim, eliminado um importante fator
e esclarecimentos e, na segunda fase, de risco à população para moléstias graves,
em efetiva fiscalização dos espaços incapacitantes e fatais.
contemplados pela legislação.

Após intenso processo de diálogo


com segmentos representativos e com a
sociedade e m geral, as ações resultaram,

36
10 anos da Lei Antifumo

LIÇÕES APRENDIDAS parcerias estratégicas para o enfrentamento


da questão. O envolvimento da Fundação
Promoção de participação e controle Procon na Campanha foi fundamental
social para ampliar a capacidade fiscalizatória e
direcionar esforços conforme as atribuições
A aprovação da lei antifumo na e competências das instâncias de Vigilância
Assembleia Legislativa foi precedida por Sanitária e de Defesa do Consumidor.
amplo debate democrático, quando se A Fundação Procon teve atuação mais
explicitaram e se confrontaram as opiniões destacada na capital, embora também
dos diferentes segmentos da sociedade tenha promovido fiscalizações em algumas
a respeito da oportunidade de regulação cidades do interior.
pelo poder público do consumo de
cigarros e outros produtos fumígenos em A parceria com o Instituto do Coração,
ambientes coletivos fechados. Tais embates vinculado ao Hospital das Clínicas da
evidenciaram o desejo da sociedade de FMUSP, permitiu a aquisição de aparelhos
controlar os riscos associados ao consumo do de avaliação da concentração de monóxido
tabaco. A lei e seu decreto regulamentador de carbono no ambiente e no organismo
garantiram ampla participação popular, seja humano e o desenvolvimento de métodos
ao promover acesso a canais de denúncias de trabalho e de investigação científica dos
de infrações à lei e a eventuais falhas ou reais impactos da campanha.
lacunas de fiscalização, assim como em
outros aspectos associados aos direitos e A intensa colaboração entre a
auxílio aos tabagistas, previstos na Política coordenação da campanha e organizações
Estadual de Controle do Fumo. atuantes da sociedade civil, em especial
com a Aliança de Controle do Tabagismo
A transparência das ações da Campanha (ACT) e Associação Brasileira do Câncer
foram também garantidas pela ampla (ABCâncer) propiciaram conhecimento
cobertura da mídia e pelas opiniões especializado e maior sensibilidade à
favoráveis e contrárias à lei que tiveram Vigilância Sanitária a respeito às demandas
farto espaço na imprensa. A garantia do sociais.
cumprimento da lei, por meio da ostensiva
fiscalização, foi enfaticamente noticiada, Gestão de pessoas
bem como todas as informações a respeito
dos resultados das ações fiscalizatórias e A Campanha envolveu profissionais
das autuações contra os infratores. Todos técnicos já atuantes nos serviços estaduais
os cidadãos que ofertaram denúncias têm e municipais de Vigilância Sanitária.
à disposição informações a respeito das O processo seletivo transparente e
medidas adotadas pelos agentes fiscais. amplamente divulgado em Diário Oficial
e na imprensa em geral, com critérios pré-
Desenvolvimento de parcerias estabelecidos, e a capacitação criteriosa
dos agentes de campo permitiu que as
A magnitude e os desafios das ações centenas de milhares de inspeções até
antifumo exigiram articulação sistemática o momento registradas transcorressem
com outras instituições e construção de de forma tranquila e equilibrada, com

37
10 anos da Lei Antifumo

grande aceitação por parte dos donos contar com flexibilidade, capacidade de
de estabelecimentos e da população adaptação às circunstâncias e aos novos
em geral, e com reduzido número de contextos, bem como poder de articulação
infrações constatadas. A elaboração das e criatividade suficientes para responder
escalas de trabalho, baseadas em critérios às demandas que a sociedade apresenta
de demanda e do emprego racional dos e impõe, em diferentes momentos, como
recursos humanos e logísticos favoreceu desafio ao Sistema Único de Saúde.
o equilíbrio entre as ações de rotina e as
ações adicionais previstas na Campanha. A cessação do uso de produtos
fumígenos em ambientes coletivos
Processos fechados, comprovada pelo número ínfimo
de infrações e denúncias atualmente
A Campanha tem como principal observadas, indica que os objetivos da
atividade a orientação à população e Campanha foram atendidos e que ações
a fiscalização dos ambientes coletivos de Vigilância Sanitária são importantes
abrangidos pela lei antifumo para coibir para garantir a execução de políticas de
eventuais infrações à norma legal, saúde pública. Desse modo, a campanha é
eliminando, assim, a concentração referência para o enfrentamento de outros
de fumaça em espaços fechados e a problemas relevantes que envolvem
consequente exposição da população à fatores de risco à saúde da população.
poluição tabagística ambiental. Para isso,
foi necessário estruturar um conjunto de Ética e sustentabilidade
iniciativas de vigilância que extrapolam as
ações já incorporadas na rotina do Sistema As condutas contempladas na
Estadual de Vigilância Sanitária e exigem Campanha procuram sintonia com os
um planejamento baseado em ações princípios constitucionais da administração
abrangentes, intensas e flexíveis, conforme pública, com destaque para a eficiência
as peculiaridades regionais e no ritmo e publicidade dos atos. O banimento do
ditado pelas demandas da população. fumo em ambientes coletivos fechados do
Estado de São Paulo e o amplo debate que
Aprendizado organizacional permeou a implementação da lei indicam
que a Campanha atendeu a esses princípios
A Campanha demonstra ser o Sistema com sucesso.
Estadual de Vigilância Sanitária uma
instância da administração pública que Outro princípio prevaleceu de forma
possibilita respostas eficazes a políticas de notória no transcorrer da Campanha: a
promoção e proteção da saúde coletiva. supremacia do interesse público sobre o
privado. Do confronto transparente das
A despeito de muito da regulação de ideias surgiu patente a prevalência de
riscos sanitários estar necessariamente um compromisso coletivo que ultrapassa
atrelado a ações rotineiras, que envolvem o a realização imediata de satisfações –
cadastramento, licenciamento e fiscalização ou vícios – particulares, assim como a
de atividades de interesse à saúde, as convicção de que um estado atuante,
estruturas de Vigilância Sanitária devem fiscalizador, não guarda parentesco direto

38
10 anos da Lei Antifumo

– como a princípio se fez supor – com um Instituto Nacional de Câncer. Convenção-


estado autoritário. quadro para o controle do tabaco. Rio de
Janeiro: INCA; 2011. [Links]
Muito da argumentação que sustentou
a lei antifumo está ancorada no consenso 4. Organização Pan-Americana da
internacional de que a tolerância ao Saúde. São Paulo respira melhor: adoção de
fumo em ambientes coletivos fechados é ambientes fechados livres do tabaco no maior
indefensável em termos de saúde pública. estado brasileiro. Brasília: OPAS; 2010.
Eis o mérito do governo paulista: adiantar-
se à legislação federal e colocar-se em 5. Secretaria da Saúde, Centro de
sintonia com o movimento global para Vigilância Sanitária, Coordenadoria de
enfrentamento dos males do tabaco. Controle de Doenças. Vigilância sanitária do
tabaco no estado de São Paulo. Rev. Saúde
A descentralização das ações da Pública. 2012;46(2):395-7. [Links]
Campanha, por meio de sua incorporação
às rotinas fiscalizatórias das esferas 6. (*) De acordo com dados do Vigitel
regionais e municipais do Sistema Estadual (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
de Vigilância Sanitária, permitem conferir Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico),
permanência e sustentabilidade às ações divulgados em abril de 2012, que considera
antifumo, demonstrando que iniciativas o percentual de fumantes acima de 18 anos
do poder público podem mudar, de de idade em relação ao total da população na
fato, contextos desfavoráveis à saúde e à mesma faixa etária.
qualidade de vida da coletividade.
Artigo publicado originalmente no Boletim
Epidemiológico Paulista (Bepa), vol.10, no.115,
jul.2013

Bibliografia

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subsídios ao Poder Judiciário. São Paulo:
AMB; 2013. [Links]

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Shimabukuro C, Valentin LSO et al. The
effect of Sao Paulo’s smoke-free legislation
on carbon monoxide concentration in
hospitality venues and their workers. Tob.
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3. Ministério da Saúde, Instituto


Nacional de Câncer. Brazil: health warnings
on tobacco products 2009. Rio de Janeiro:
INCA; 2008. [Links]Ministério da Saúde,

39
10 anos da Lei Antifumo

A vida seguiu e
a saúde venceu
Luiz Roberto Barradas Barata

____________________________________

Depois de um ano de lei antifumo, a


realidade mudou radicalmente, e não
demorou para os resultados positivos
começarem a aparecer
___________________________________

Até a zero hora de 7/8/2009, qualquer dos donos assegurar as condições de higiene
cidadão paulista, ao adentrar um e salubridade de seus estabelecimentos.
estabelecimento fechado, especialmente
um bar, restaurante ou casa noturna, estava A lei antifumo paulista deu certo porque
sujeito a inalar, de forma involuntária, tanto os proprietários dos estabelecimentos
quantidade expressiva de monóxido de quanto os síndicos de condomínio e
carbono e outras substâncias tóxicas que a esmagadora maioria da população
saem da ponta de cigarros acesos. compreenderam que se trata de uma medida
de saúde pública da maior importância para
Um ano depois, a realidade mudou combater o tabagismo passivo, a terceira
radicalmente, felizmente para melhor. Uma maior causa de morte evitável, segundo a
cena antes comum, pessoas fumando em Organização Mundial da Saúde.
locais fechados de uso coletivo, hoje grita
aos olhos como, no mínimo, estranha. Houve um trabalho prévio exemplar
de orientação e educação, realizado por
De fato é absurdo expor a maioria da agentes da Vigilância Sanitária Estadual e
população, composta por não fumantes, à do Procon-SP nos três meses anteriores à
poluição causada pelo tabaco, que tanto vigência da lei. O objetivo principal não era
mal faz à saúde. multar, punir, mas sim garantir ambientes
saudáveis.
Essa mudança de comportamento,
é verdade, veio por força de uma lei Quando a lei entrou em vigor, entretanto,
estadual que, diferentemente de legislações rapidamente houve uma percepção
anteriores, atribuiu aos proprietários a generalizada de que, de fato, era para valer.
responsabilidade por manter os ambientes Os agentes saíram às ruas e, desde então,
livres do tabaco. O que faz todo o sentido realizaram mais de 350 mil inspeções.
sob o ponto de vista sanitário, já que é dever

40
10 anos da Lei Antifumo

Felizmente o resultado foi de adesão


superior a 99% dos estabelecimentos
vistoriados, que baniram o fumo, instalaram
os avisos sobre a proibição e removeram os
cinzeiros. Fumar, agora, só lá fora.

Não demorou para os resultados


começarem a aparecer. Um estudo
realizado pelo Instituto do Coração em
cerca de 700 estabelecimentos do Estado
apontou redução entre 68% e 73,5%
nos níveis de monóxido de carbono dos
ambientes fechados, conforme o tipo
de local. Já a queda da contaminação no
organismo de trabalhadores não fumantes
chegou a 52,6%. São dados que apontam
inequivocamente para o acerto da legislação
paulista em favor dos não fumantes.

Neste primeiro aniversário da lei


antifumo, é hora de fazer justiça a uma
medida que só trouxe benefícios a todos os
cidadãos, aos fumantes inclusive, ao coibir
a exposição passiva à fumaça do tabaco.

Parece até que foi ontem. A vida seguiu


e a saúde pública, em São Paulo, saiu
vencedora.

LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA (1953-2010)


foi secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
Este era seu último artigo inédito. (Publicado
originalmente no jornal Folha de São Paulo, em
Tendências e Debates, edição de 19 de julho de 2010)

41
10 anos da Lei Antifumo

Vigilância Sanitária do tabaco


no estado de São Paulo
Centro de Vigilância Sanitária. Coordenadoria de Controle de Doenças,
Secretaria de Estado da Saúde.

INTRODUÇÃO Os interesses corporativos da indústria do


tabaco, o ineditismo da iniciativa paulista
Evidências científicas respaldam medidas e o comportamento social moldado por
regulatórias de restrição ao fumo, cujas décadas de massiva indução publicitária
vítimas não são apenas os tabagistas, mas ao consumo de cigarro mostram o desafio
também os que compartilham ambientes de se estabelecerem políticas públicas de
com condições restritas de dispersão da combate ao tabaco e fazer valer medidas
fumaça. efetivamente restritivas do uso de produtos
fumígenos.
O Brasil é signatário da Convenção
Quadro para o Controle do Uso do Tabaco Por sua vez, é amplo o universo de
desde 2006, na qual a Organização Mundial demandas historicamente consolidadas de
da Saúde (OMS) preconiza a adoção de vigilância sanitária que abarcam ações de
medidas eficazes, de caráter legislativo, prevenção e minimização de riscos à saúde
executivo e administrativo, para proteger em diferentes contextos e circunstâncias.
seus cidadãos “(...) contra a exposição à Tais encargos realçam o desafio de
fumaça do tabaco em locais fechados de incorporar no âmbito do Sistema Estadual
trabalho, meios de transporte público, de Vigilância Sanitária, sem prejuízo à sua
lugares públicos fechados e, se for o caso, rotina, as particularidades das ações de
outros lugares públicos, (...)”. regulação do uso do tabaco em ambientes
de uso coletivo.
Nesse sentido, o Governo do Estado
de São Paulo apresentou à Assembleia As conquistas obtidas em São Paulo
Legislativa proposta de regulamentação fomentaram iniciativas similares em outros
que resultou na Lei 13.541, popularmente estados e reforçaram a necessidade de se
conhecida como lei antifumo, em maio aprimorar a legislação federal, resultando
de 2009, após amplo debate. Ainda na na lei 12.546, sancionada em dezembro de
fase de debates no Legislativo, a Secretaria 2011 pela presidente da República, ora em
de Estado da Saúde incumbiu o Centro fase de regulamentação. O novo cenário
de Vigilância Sanitária (CVS) de elaborar legal torna oportuno difundir a experiência
proposta com estratégias de fiscalização paulista no tocante às ações de vigilância
para fazer valer o disposto no projeto de sanitária do tabaco.
lei, dando origem ao Programa Ambientes
Saudáveis e Livres do Tabaco.

42
10 anos da Lei Antifumo

TABAGISMO E SAÚDE PÚBLICA fumígenos. A despeito de as campanhas


de saúde pública estarem tradicionalmente
A exposição à fumaça do cigarro é um direcionadas ao fumante propriamente
problema de saúde pública de amplitude dito, a exposição às substâncias tóxicas do
global. Estima-se que cinco milhões de cigarro não se limita aos seus usuários, pois
pessoas morram anualmente no mundo os que compartilham ambientes fechados
em decorrência dos males do tabaco, 200 ou parcialmente fechados com fumantes
mil das quais são brasileiras. Uma em cada também se expõem. Tal fato é conhecido
duas pessoas que fumam durante 40 anos como fumo passivo.
tem morte associada a esse hábito. Por-
tanto, a indústria do tabaco mata, a longo Em recintos fechados, onde a fumaça
prazo, metade de seus consumidores. tende a se concentrar, mesmo quem não
Embora evidências científicas apontem fuma se sujeita aos males do tabaco quando
nesse sentido, tal segmento econômico em companhia de fumantes. Irritações nasais
ainda apresenta vigor, beneficiando, dia e oculares, dores de cabeça e sensação
a dia, 20 mil toneladas de tabaco para o de secura na garganta são sintomas que o
consumo diário de 20 bilhões de cigarros fumante passivo pode apresentar quando
no mundo, ou sete trilhões de unidades eventualmente exposto às substâncias
anuais, que abastecem cerca de 1,3 bilhão presentes na fumaça do cigarro. Quando
de fumantes. a exposição é crônica, as consequências
se acentuam, com sinusites, otites e riscos
A literatura médica internacional é farta mais intensos de infarto, derrame, enfisema
em relatar os impactos dessa atividade e câncer.
econômica na saúde da população. No
mundo, cerca de 30% dos casos de câncer LEGISLAÇÃO PAULISTA ANTIFUMO
que se manifestam apresentam relação com
a fumaça do cigarro. No tocante ao câncer Nesse contexto de riscos e impactos à
de pulmão – neoplasia que mais mata –, saúde pública, São Paulo tomou a iniciativa
80% dele deriva da exposição direta ou de se adiantar na regulamentação do tema,
indireta às substâncias tóxicas emitidas para além do arcabouço legal existente
pelos produtos fumígenos. As campanhas no País, seguindo as diretrizes da OMS
de saúde pública, as restrições legais e a expressas na Convenção Quadro sobre o
presença de uma sociedade esclarecida Controle do Uso do Tabaco. O texto da
sobre os males do fumo nas nações mais convenção é enfático ao afirmar que “(...) a
desenvolvidos têm deslocado, nas últimas ciência demonstrou de maneira inequívoca
décadas, a geografia do consumo do tabaco que a exposição à fumaça do tabaco causa
para os países de economia periférica. morte, doença e incapacidade”.

No Brasil, cerca de 17% da população A Lei Estadual 13.541 de 2009 conferiu


adulta fuma; na capital do Estado de São ênfase na proteção ao fumante passivo,
Paulo a prevalência do tabagismo chega proibindo o consumo de cigarro e quaisquer
a 21%. O perfil epidemiológico paulista outros produtos derivados do tabaco em
deve parte de sua configuração ao alto ambientes de uso coletivo, fechados ou
consumo de cigarros e outros produtos parcialmente fechados.

43
10 anos da Lei Antifumo

Nas estratégias do Governo do Estado e municipais do Sistema Estadual de


estava o propósito de efetivamente fazer Vigilância Sanitária, em parceria com os
valer o disposto no texto legal por meio de órgãos de Defesa do Consumidor (Procon),
intensiva ação de orientação e fiscalização, em estabelecimentos de uso coletivo de
superando, assim, o arraigado, e muitas 28 municípios de importância regional,
vezes incentivado, uso de produtos sedes dos Grupos Regionais de Vigilância
fumígenos em ambientes impróprios à Sanitária e onde se assenta cerca de metade
dispersão da fumaça. da população do Estado. A iniciativa foi
depois estendida aos demais municípios
CAMPANHA AMBIENTES SAUDÁVEIS do Estado, tendo sempre por referência as
E LIVRES DO TABACO cidades-polo.

O Centro de Vigilância Sanitária da A magnitude e os desafios das ações


Secretaria de Estado da Saúde elaborou antifumo exigiram estreita articulação
projeto condizente com as diretrizes com outras instituições e construção de
expressas no projeto da lei citada. Quando parcerias estratégicas. O envolvimento
da tramitação do projeto no Legislativo, do Procon na campanha foi fundamental
foram apresentadas ao Secretário de Estado para ampliar a capacidade fiscalizatória e
da Saúde as ações de vigilância para efetivar direcionar esforços conforme as atribuições
a política antifumo, organizadas sob o e competências das instâncias de vigilância
nome de Campanha Ambientes Saudáveis sanitária e de defesa do consumidor.
e Livres do Tabaco. Com a parceria do Instituto do Coração,
vinculado ao Hospital das Clínicas da
O principal objetivo da campanha Faculdade de Medicina da Universidade
foi mostrar a viabilidade de eliminar o de São Paulo, foram possíveis a aquisição
tabagismo de locais de uso coletivo, fechados de aparelhos de avaliação da concentração
ou parcialmente fechados, sejam eles de monóxido de carbono no ambiente e no
públicos, sejam privados, mediante ações organismo humano e o desenvolvimento
da vigilância sanitária, coordenadas com de métodos de trabalho e de investigação
outros órgãos, especialmente o de Defesa científica dos reais impactos da campanha.
do Consumidor. Com esse propósito, foram A intensa colaboração entre a coordenação
institucionalizadas ações do poder público da campanha e organizações atuantes
para vigilância de ambientes que porventura da sociedade civil, em especial com a
favorecessem o ato de fumar, consolidando Aliança de Controle do Tabagismo (ACT)
mudança de comportamento da população e a Associação Brasileira do Câncer
em relação ao produto. Assim, garantindo (AB Câncer), propiciou conhecimento
ambientes livres de fumo, preserva-se o especializado e maior sensibilidade à
direito de todos à saúde, fumantes e não vigilância sanitária a respeito das demandas
fumantes, sejam eles frequentadores, sejam sociais.
trabalhadores de ambientes coletivos.
A transparência das ações da campanha
O eixo estruturador do programa foi garantida pela ampla cobertura da mídia
consistiu em inspeções de campo por e pelas opiniões (favoráveis e contrárias
parte de técnicos das esferas regionais à lei). A garantia do cumprimento da lei,

44
10 anos da Lei Antifumo

por meio da ostensiva fiscalização, foi COMENTÁRIOS FINAIS


enfaticamente noticiada, bem como todas
as informações a respeito dos resultados das O Sistema Estadual de Vigilância Sanitária
ações fiscalizatórias e das autuações contra mostrou ser uma instância da administração
os infratores. Todos os cidadãos que fizeram pública que possibilita respostas eficazes a
denúncias tinham à disposição informações políticas de promoção e proteção da saúde
a respeito das medidas adotadas pelos coletiva.
agentes fiscais.
Muito da regulação de riscos sanitários
As ações da campanha foram está atrelada a ações rotineiras que
desencadeadas três meses antes de a lei envolvem o cadastramento, licenciamento
antifumo entrar em vigor, consistindo, na e fiscalização de atividades de interesse à
primeira fase, em atividades de orientação saúde. A despeito disso, as estruturas de
e esclarecimentos e, na segunda fase, Vigilância Sanitária devem contar com
em efetiva fiscalização dos espaços flexibilidade, capacidade de adaptação às
contemplados pela legislação. As ações circunstâncias e aos novos contextos, bem
resultaram, entre maio de 2009 e janeiro como poder de articulação e criatividade
de 2012, em mais de 580 mil inspeções de suficientes para responder às demandas
orientação, esclarecimento e fiscalização. que a sociedade apresenta e impõe, em
Como consequência da intensa vigilância, diferentes momentos, como desafio ao
não se observa mais o fumo em ambientes Sistema Único de Saúde.
fechados ou parcialmente fechados no
estado de São Paulo, eliminando-se, assim, A cessação do uso de produtos
um importante fator de risco à saúde da fumígenos em ambientes coletivos
população. fechados, comprovada pelo número ínfimo
de infrações e denúncias atualmente
Para que a iniciativa alcançasse os observadas, indica que os objetivos da
resultados esperados foi necessário campanha foram atendidos e que ações
estabelecer novas referências de atuação de de vigilância sanitária são importantes
vigilância e um cuidadoso planejamento, para garantir a execução de políticas de
que contemplou ampla interlocução saúde pública. Desse modo, a campanha é
institucional, mobilização dos serviços referência para o enfrentamento de outros
municipais e estaduais de vigilância, problemas relevantes que envolvem fatores
capacitação dos agentes, definição precisa de risco à saúde da população.
do apoio logístico e financeiro, elaboração
sistemática de escalas de ações de campo As condutas contempladas na
para garantir atuação maciça e equilibrada campanha procuraram sintonia com os
da fiscalização em termos geográficos princípios constitucionais da administração
e temporais, estabelecimento de canais pública, com destaque para a eficiência
de comunicação com a população e e publicidade dos atos. O banimento do
elaboração de um sistema de informações fumo em ambientes coletivos fechados do
para controle e avaliação da produção. estado de São Paulo e o amplo debate que
permeou a implementação da lei indicam
que a campanha atendeu esses princípios.

45
10 anos da Lei Antifumo

Outro princípio prevaleceu de forma


notória na campanha: a supremacia do
interesse público sobre o privado. Do
confronto transparente das ideias surgiu
patente a prevalência de um compromisso
coletivo sobre comportamentos individuais
que prejudicam a saúde de terceiros. Além
disso, consolida-se a convicção de que um
estado atuante, fiscalizador, não guarda
parentesco direto – como a princípio se fez
supor – com um estado autoritário.

Muito da argumentação que sustentou


a lei antifumo está ancorada no consenso
internacional de que a tolerância ao
fumo em ambientes coletivos fechados
é indefensável em termos de saúde
pública. O mérito da iniciativa paulista foi
adiantar-se à legislação federal e
sintonizar-se com o movimento global para
enfrentamento do tabaco.

A descentralização das ações da


campanha, com sua incorporação às rotinas
fiscalizatórias do Sistema Estadual de
Vigilância Sanitária, conferem permanência
e sustentabilidade às ações antifumo,
confirmando que iniciativas do poder
público podem mudar, de fato, contextos
desfavoráveis à saúde e à qualidade de vida
da coletividade.

Publicado originalmente na Revista de Saúde


Pública 2012;46(2):395-7

46
10 anos da Lei Antifumo

47
Impactos na
Saúde Pública
10 anos da Lei Antifumo

Impacto da Lei Antifumo


do estado de São Paulo
Jaqueline ScholzI, Tania Marie Ogawa AbeII
I
Instituto do Coração de São Paulo (Incor); IIHospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo.

A lei antifumo do Estado de São Paulo, O tabagismo ativo é a primeira causa


nº 13.541, que foi aprovada em maio de evitável de morte e o tabagismo passivo a
2009, proibiu o uso de cigarros e outros terceira causa evitável de morte.
derivados de tabaco em locais fechados
e/ou semifechados, públicos e privados, O Brasil, apesar de grande produtor e
excetuando-se residências, locais de culto exportador de tabaco, tem atuação exemplar
religioso em que o fumo faça parte da na redução da prevalência do tabagismo
cerimônia e locais destinados ao consumo nos últimos anos, desde 1996, e desde
de produtos fumígenos, atendeu às então inúmeras medidas foram adotadas
prerrogativas de um país que é signatário permitindo essa queda na prevalência do
da Convenção-Quadro para o Controle tabagismo. O percentual de brasileiros
do Tabaco (CQCT). Esta Convenção foi o fumantes na década de 90 chegava a 30%
primeiro tratado internacional de Saúde da população adulta, atualmente é 14%. É o
Pública da Organização Mundial da Saúde país com a maior taxa anual de redução de
(OMS) que passou a vigorar em fevereiro de fumantes segundo a Organização Mundial
2005. Trata-se de um instrumento legal pelo de Saúde.
qual os países signatários se comprometem
a implantar ações integradas para Apesar do tabaco ser uma droga lícita e
controle do tabagismo. Entre estas ações, arrecadar imposto com sua comercialização,
estão regulamentação ou banimento da é fato indiscutível que os custos das
publicidade, do patrocínio e da promoção doenças e mortes prematuras provocadas
de produtos de tabaco, a proteção contra pelo seu uso são muito superiores aos
a exposição à fumaça ambiental de valores arrecadados. O esforço coletivo
tabaco (controle do tabagismo passivo), das autoridades de saúde governamentais,
a promoção da cessação do tabagismo não governamentais e da sociedade civil
(controle do tabagismo ativo), a criação de organizada visa reduzir o tabagismo no
alternativas para a fumicultura, a elevação mundo e libertar o ser humano dessa
dos impostos sobre produtos fumígenos, dependência.
o controle do mercado ilegal de tabaco, a
realização de advertências sanitárias nos Claro que o fumante, diante de qualquer
produtos que contenham derivados de medida que restrinja o consumo do
tabaco, entre outros. tabaco, achará o remédio amargo, mas
indiscutivelmente se beneficiará deste fel.

50
10 anos da Lei Antifumo

A lei antifumo, que restringe o tabagismo a aplicação da lei. Foram visitadas casas
em ambientes fechados, teve como foco noturnas, bares, restaurantes, padarias e
central a proteção dos não fumantes à afins no município de São Paulo, com o
exposição passiva, mas também promoveu intuito de avaliar o nível de CO ambiental
alterações no comportamento dos e individual existente nessas localidades,
fumantes ao desestimular o seu consumo. gerado predominantemente pelo cigarro
Possibilitou que o fumante percebesse sua fumado dentro desses estabelecimentos.
vulnerabilidade à dependência à nicotina e, Essa medição foi realizada antes do início da
com isso, motivou-o a enfrentá-la, buscando vigência da lei antifumo e, posteriormente,
tratamento. Adicionalmente reduziu a os mesmos estabelecimentos foram
prevalência do tabagismo entre os jovens, visitados cerca de 3 meses após o início
pois transformou ambientes que antes da vigência da lei e a medição foi repetida.
eram propícios aos rituais de iniciação ao A avaliação consistiu na medição do CO
tabagismo em ambientes livres da fumaça ambiental, medido nessas localidades em
do cigarro. três níveis – parte aberta, parte semi-aberta
e parte fechada do estabelecimento – e na
Para avaliar o impacto inicial da lei medição do CO exalado pelos trabalhadores
antifumo do Estado de São Paulo, foi dessas localidades. A escolha da medição
realizado um estudo prospectivo pelo de CO foi realizada com base em dados
Programa de Tratamento de Tabagismo do preexistentes da relação entre exposição
Instituto do Coração, Área de Cardiologia, à fumaça do cigarro e elevação das taxas
em parceria com a Secretaria de Saúde do de CO – tanto no ar exalado quanto no
estado de São Paulo, setor da Vigilância ambiente em que há pessoas fumando.
Sanitária, área responsável por fiscalizar

Vejam o gráfico da redução de monóxido dos ambientes (fig. 1).

51
10 anos da Lei Antifumo

Este estudo demonstrou, de maneira demais estabelecimentos, bem como


inédita, uma significativa redução nas nos trabalhadores destas localidades,
taxas de CO em todos os níveis avaliados fossem eles não tabagistas ou tabagistas,
(parte aberta, semi-aberta e fechada do independentemente de terem parado de
estabelecimento), tanto em restaurante, fumar ou não durante este período.
quanto em casas noturnas, bares e

Vejam o gráfico da redução de monóxido entre trabalhadores fumantes e não fumantes


antes da lei (pré ban) e pós lei (pós ban). (fig. 2)

O estado de São Paulo foi pioneiro da USP, da doutoranda Tania Marie Ogawa
no Brasil na adoção da lei antifumo. Por Abe, com o levantamento dos dados de
essa medida, projetou-se uma redução na mortalidade e internações hospitalares em
morbidade por doenças cardiovasculares decorrência de doenças cardiovasculares
similar à observada em outras localidades, e cerebrovasculares comparando os
nos meses que se sucederam à lei, no períodos anterior e posterior à lei antifumo.
entanto em função da grandiosidade da Também foram analisados no modelo a
cidade de São Paulo, o desafio de conseguir influência e o comportamento de variáveis
comprovar com números objetivos esta como: temperatura, umidade do ar,
redução passou a exigir dos pesquisadores poluição ambiental, introdução de novos
um esforço grandioso. medicamentos para prevenção de eventos
cardiovasculares ou novas tecnologias para
A segunda fase da pesquisa foi iniciada diagnóstico de doença cardiovascular,
como material de tese de doutorado em sazonalidade dos eventos cardiovasculares
Cardiologia pela Faculdade de Medicina e cerebrovasculares.

52
10 anos da Lei Antifumo

A tese foi finalizada, e após inúmeras possibilitou a redução de 571 óbitos por
iniciativas de escolha de modelo adequado “Infarto” (fig. 3) e 228 óbitos por “AVC” nos
para realizar uma análise tão complexa, o 17 meses iniciais (fig. 4) após a implantação
modelo de estudo foi concluído, levando da lei antifumo.
em consideração todas as variáveis que
poderiam interferir no resultado, como Esses achados são concordantes com
mencionado acima, e a conclusão foi que dados da literatura mundial, em que estudos
a lei antifumo no Estado de São Paulo prévios realizados em localidades do mundo

Figura 3 – Taxa observada de mortalidade por “Infarto”* e taxa prevista** de mortalidade por “Infarto”,
Município de São Paulo - 2005 a 2010, IC 95%, modelo ITSA-ARIMAX. Linha vertical vermelha,
implantação da lei antifumo.

Figura 4 – Taxa observada de mortalidade por “AVC”* e taxa prevista** de mortalidade por “AVC”,
Município de São Paulo - 2005 a 2010, IC 95%, modelo ITSA-ARIMAX. Linha vertical vermelha,
implantação da lei antifumo.

53
10 anos da Lei Antifumo

que implantaram leis antifumo


semelhantes verificaram reduções
nas taxas de internação hospitalar
e mortalidade por infarto agudo do
miocárdio após o início da restrição
ao fumo. Essas taxas variam entre
0 e 40%, sendo que os melhores
resultados foram observados nos
estudos realizados em pequenas
localidades, pela maior facilidade
de controlar variáveis que poderiam
interferir nesses resultados.

Este estudo sobre o impacto da


lei antifumo na cidade de São Paulo
foi pioneiro em obter resultados
tão expressivos nas taxas de morte
por infarto e AVC, controlando a influência fosse a aplicação da lei antifumo na Cidade
de outras variáveis, como poluentes, de São Paulo, exatamente correlacionando
temperatura ambiental, sazonalidade e a redução das mortes com o período de
prática médica. implantação da lei.

Apesar da limitação técnica do modelo Este estudo comprovou que a adoção de


do estudo, de ser um “estudo ecológico”, medidas legislativas efetivas podem salvar
sem possibilidade de dar uma resposta vidas. Cabe ao Estado e à população, com
efetiva de causalidade, nenhuma outra inteligência e sabedoria, apoiar medidas
justificativa plausível para a redução destas coletivas e individuais que promovam a
mortes foi encontrada, e estudada, que não saúde e bem-estar de todos.

Artigo publicado originalmente no


Boletim Epidemiológico Paulista
(Bepa) especial, vol.13, no.153-154,
setembro/outubro 2016

54
10 anos da Lei Antifumo

O fumo em lugares fechados


Drauzio Varella

A proibição do fumo em lugares benzopireno


fechados, aprovada por lei em São Paulo, e 52 vezes
reduz a exposição de não-fumantes aos mais DNPB
males da nicotina. (estes dois,
cancerígenos
Agora que as paixões acalmaram volto à potentes).
proibição do fumo em ambientes fechados,
aprovada pela Assembleia Legislativa de Por serem
São Paulo. de tamanho
menor, as
Incrível como esse tema ainda gera partículas que se desprendem da ponta
discussões acaloradas. Como é possível acesa, produzidas durante 96% do
considerar a proibição de fumar, nos tempo em que um cigarro é consumido,
lugares em que outras pessoas respiram, penetram com mais facilidade nos alvéolos
uma afronta à liberdade individual? pulmonares.

As evidências científicas de que o Depois de uma manhã de trabalho num


fumante passivo também fuma são tantas escritório em que várias pessoas fumam,
e tão contundentes, que os defensores a concentração de nicotina no sangue de
do direito de encher de fumaça bares, um abstêmio pode atingir os níveis de
restaurantes e demais espaços públicos só quem tivesse fumado três a cinco cigarros.
podem fazê-lo por duas razões: ignorância Empregados de bares e restaurantes, que
ou interesse financeiro. Sinceramente, não passam seis horas em ambientes carregados
consigo imaginar terceira alternativa. de fumaça, chegam a ter concentrações
sanguíneas de nicotina equivalentes a de
Vamos começar pela ignorância. Num quem fumou cinco ou mais cigarros.
país de baixos níveis de escolaridade
como o nosso, nem todos têm acesso a Mulheres gestantes expostas à poluição
conhecimentos básicos. A fumaça expelida do fumo, em casa ou no trabalho,
dos pulmões fumantes contém, em média, apresentam nicotina não apenas na corrente
um sétimo das substâncias voláteis e sanguínea, mas no líquido amniótico e no
particuladas do total inalado. Já aquela cordão umbilical do bebê.
liberada a partir da ponta acesa contém
substâncias tóxicas em concentrações bem A nicotina inalada pelo fumante passivo,
maiores: três vezes mais nicotina, três a associada ao monóxido de carbono,
oito vezes mais monóxido de carbono, provoca lesões nas paredes internas das
47 vezes mais amônia, quatro vezes mais coronárias, redução do fluxo de sangue

55
10 anos da Lei Antifumo

e do aporte de oxigênio para o músculo capaz de impedir que a fumaça se dissemine


cardíaco, facilitando a formação de placas pelo ambiente inteiro, esses senhores
de ateroma e a ocorrência de infartos. defendem o indefensável. Liberdade para
através de uma ação individual causar mal
Um estudo feito por um grupo da à coletividade? Não sejamos ridículos.
Universidade Harvard entre 32.046
mulheres que nunca fumaram, ao contrário Os sindicatos dos empregados de bares
de seus maridos, mostrou que a incidência e restaurantes, que sempre se levantaram
de doença coronariana entre elas atingiu contra a proibição, alegando risco de
quase o dobro daquela encontrada entre desemprego (fato que não ocorreu em
mulheres não expostas. nenhuma cidade do mundo), que medidas
tomaram até hoje para proteger seus
Pesquisa da Universidade Yale com 10 associados da poluição ambiental em que
milhões de mulheres de maridos fumantes trabalham? Alguma vez lutaram para que
revelou que a incidência de câncer de eles recebessem adicional de insalubridade?
pulmão foi o dobro da esperada entre não Para que tivessem um plano de saúde
fumantes. decente?

Há poucos meses, citei um estudo recém- Não é função do Estado proteger o


publicado pela Universidade de Glasgow, cidadão do mal que ele causa a si mesmo.
na Escócia, para avaliar o impacto da lei Mas é dever, sim, defendê-lo do mal que
que proibiu o fumo em bares e restaurantes terceiros possam fazer contra ele.
na incidência de ataques cardíacos.
Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor.
Artigo publicado originalmente em 28 de abril
Nos dez meses que antecederam a de 2011. Revisado em 5 de abril de 2019
vigência da lei, foram internados nos
hospitais de Glasgow 3.235 pacientes com
quadros coronarianos agudos. Nos dez
meses seguintes à proibição, houve 551
casos a menos. Houve queda em todos
os grupos: 14% nos fumantes, 19% nos
ex-fumantes e 21% nos não-fumantes, a
diminuição mais acentuada.

Para não abusar de sua paciência, leitor,


serei breve: os dados são inequívocos, os
fumantes passivos estão sujeitos a sofrer
dos mesmos males que afligem os ativos.

Agora, vamos ao interesse pessoal dos que


entendem que proibir a poluição ambiental
causada pelo fumo é uma interferência do
Estado na liberdade individual. Se ainda
não foi inventado um método de exaustão

56
10 anos da Lei Antifumo

Lei de controle do tabagismo no Brasil


e no estado de São Paulo:
uma visão de promoção da saúde
Marco Antonio de Moraes

A legislação constitui a base de um O trabalho na


controle eficaz do consumo do cigarro, área legislativa
pois ela expressa valores profundamente deve ser um dos
enraizados na sociedade, institucionaliza eixos prioritários
o compromisso de uma área territorial nas estratégias
definida, centra as atividades e regula o nacionais, estaduais
compromisso privado.1 e municipais para o controle do tabagismo,
pois a lei deve responder à obrigatoriedade
Em programas e ações governamentais, do Estado Maior de cuidar da saúde de
a lei se configura como um componente todos os cidadãos, geralmente estabelecida
indispensável para estabelecer e promulgar nos textos constitucionais dos diferentes
uma política pública, fortalecer as países em todo o mundo. Essas leis devem
estratégias em desenvolvimento e contribuir criar, reunir e ampliar a normatização legal
para o crescimento, em nosso caso, sem a antitabágica vigente que, por sua vez, sirva
influência do tabaco.2 de ajuda a fumantes e não fumantes para
prevenir e defender-se dos danos causados
Legislação abrangente sobre o controle pelo tabagismo.5,6
do tabagismo é fundamental para o alcance
do sucesso de programas de controle Em todos os países, o Governo Federal
do tabagismo, sendo a sua finalidade tem a responsabilidade de proteger a saúde
prevenir e reduzir a carga de enfermidade, de sua população, preservar a ecologia,
a mortalidade e o sofrimento humano regular as atividades comerciais e promover
causados pelo tabaco.3 a saúde, a segurança e o bem-estar público
de seu povo. No caso do tabaco, é sustentado
O processo de desenvolvimento de internacionalmente que o direito do Estado
uma legislação bem sucedida consiste em de proteger a saúde de sua população,
fases básicas como o desenvolvimento, restringindo atividades de publicidade e o
implementação e cumprimento, sendo que consumo do tabaco em lugares públicos,
todos os países também devem contar com tem prioridade sobre a liberdade individual
o auxílio da população no cumprimento da e da indústria fumageira.2
lei, principalmente em relação à venda de
produtos derivados do tabaco a menores de Em nosso país, desde meados da década
idade ou a preservação de ambientes livres de 1960, surgiram os primeiros projetos
do tabaco.4 de lei (PL) relacionados ao controle do

57
10 anos da Lei Antifumo

tabagismo na pauta do Congresso Nacional; da publicidade que tem como objetivo


já em 1964 foi encaminhado um PL que a indução do consumo. Além disso, são
propunha a proibição da propaganda de necessárias medidas legais importantes
derivados do fumo em qualquer meio para dificultar o acesso dos jovens a
de comunicação, sendo que, nos anos produtos derivados do tabaco, envolvendo
seguintes e no início da década de 1980, as que resultem em aumento do preço
vários outros PL foram encaminhados, desses produtos, controlem as formas de
demonstrando que a discussão sobre esse vendas dos mesmos, e, principalmente, o
assunto mantinha-se como altamente contrabando do cigarro.4
relevante, porém, nenhum destes foram
aprovados na época, evidenciando a A globalização das preocupações na
fragilidade da discussão nesse período.7 área de saúde e outras áreas correlatas
com o controle do tabagismo levaram,
As medidas mais eficazes para reduzir consequentemente, a uma ampliação
o uso do tabaco são as normativas. Uma das iniciativas, propondo uma melhor
enormidade de evidências mostram que regulamentação do hábito de fumar em
as medidas políticas, como o aumento da nosso país. Somente em 1986 surge a
taxação dos impostos do tabaco, eliminação primeira legislação em âmbito federal
da promoção do tabaco, ampla informação relacionada à regulamentação do tabagismo
sobre os riscos do consumo desses produtos no Brasil, a Lei Federal nº 7.488/86, que
nas embalagens e a efetiva implementação institui 29 de agosto como o “Dia Nacional
da proibição de fumar em lugares públicos de Combate ao Fumo”, mas somente dez
e locais de trabalho, reduzem o número anos após, em 1996, é aprovada a Lei
de jovens que começam a fumar, ajudam 9.294/96, que aborda sobre o uso e a
os fumantes a deixar de fumar, além propaganda de produtos fumígenos, assim
de protegerem os fumantes passivos da como o uso de mensagens de advertências
exposição à fumaça do tabaco.1,4 divulgando os malefícios do cigarro,
entre outras limitações do uso do cigarro.
As ações legislativas em conjunto com Apesar de ter se mostrado um importante
as econômicas representam as mediações instrumento para ampliação das restrições
sociais potencializadoras das ações do fumo, esta lei mostrou-se falha por não
educativas. Cabe aos diferentes setores prever punição ao fumante infrator, assim
da sociedade alertar, cobrar, estimular como não define, de forma clara, as regras
e pressionar as esferas responsáveis pela em relação a fumódromos.
legislação, com o objetivo de criar e fazer
cumprir as leis que resultem em mudanças Atualmente, temos a Lei Federal nº
políticas, ambientais e econômicas 12.546, de 14 de dezembro de 2011, que
capazes de reforçar as mudanças de alterou disposições da Lei Federal nº 9.294
comportamento necessárias à redução de 15 de julho de 1996.
do tabagismo.4,5 Entre essas referidas leis,
destacam-se aquelas que visam informar a Vemos que o Brasil dispõe de legislação
população sobre os riscos do consumo do muito ampla que regula o uso do fumo,
tabaco, protegê-la da exposição à poluição devendo as leis que foram estabelecidas
tabágica ambiental (PTA) e a proibição pelos poderes executivo e legislativo ser

58
10 anos da Lei Antifumo

acatadas e obedecidas, para que possamos 13.541, de 07 de maio de 2009, que


realmente exercer a cidadania em toda a também proíbe o consumo de cigarros,
sua magnitude.8 cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de
qualquer outro produto fumígeno, derivado
Nosso país destaca-se como o primeiro ou não do tabaco, na forma que especifica.
a conseguir tirar os descritores das
embalagens e o segundo a colocar os Na referida lei do estado de São Paulo,
alertas com frases e imagens nos maços de a proibição de fumar se estendeu aos locais
cigarro, sendo periodicamente renovadas, e parcialmente fechados em qualquer de
um dos poucos a restringir a publicidade do seus lados por parede, divisória, teto ou
tabaco nos meios de comunicação, sendo telhado, ainda que provisórios, onde haja a
que estas ações de regulação no mercado permanência ou circulação de pessoas. Esta
colaboram grandemente para redução do lei incentivou, na sequência, o estado do
consumo do tabaco em nosso meio.9 Rio de Janeiro e outros na elaboração de leis
mais precisas de controle do tabagismo.11,12
Para um eficiente controle do tabagismo,
seja qual for a forma da legislação, o A mesma lei demonstrou, em pesquisa
fundamental é o grau de aplicação das realizada pelo Instituto do Coração do
medidas legislativas. Um determinado Hospital das Clínicas da Faculdade de
país pode ter inserido no seu ordenamento Medicina da Universidade de São Paulo,
jurídico uma lei que restrinja o uso do tabaco, que houve uma redução de 73% nos níveis
porém se não a executa, consequentemente de monóxido de carbono de casas noturnas
a população não respeita, tornando a lei de São Paulo, após seis meses da aplicação
inútil.10 da lei. Outro resultado benéfico é que não
se observa mais o fumo em ambientes
Torna-se importante destacar que, em fechados ou parcialmente fechados no
2003, a 56ª Assembleia Mundial da Saúde estado de São Paulo, eliminando-se, assim,
aprovou o primeiro tratado internacional um importante fator de risco à saúde da
de saúde pública, contendo um elenco população.
de medidas intersetoriais, denominada
Convenção-Quadro para o Controle Torna-se relevante ressaltar que a Lei
do Tabaco da Organização Mundial da antifumo do estado de São Paulo foi
Saúde, onde as medidas legislativas têm se construída de forma intersetorial, conforme
destacado.11 preconizada pela área da Promoção da
Saúde, exigindo estreita articulação com
Principalmente nesta última década, outras instituições e construção de parcerias
temos observado que o Brasil, em estratégicas como do Procon, do Instituto
praticamente todos os seus estados e do Coração do Hospital das Clínicas da
relativa parte de seus municípios, vem Faculdade de Medicina da Universidade
regulamentando leis mais abrangentes de São Paulo, da Aliança de Controle do
em relação ao controle do tabagismo, e Tabagismo (ACT) e da Associação Brasileira
o estado de São Paulo se destaca como do Câncer (ABCâncer), resultando na
precursor nessa iniciativa, extinguindo otimização dos serviços prestados.12
os fumódromos com a aprovação da Lei

59
10 anos da Lei Antifumo

Resultados de outras pesquisas indicam 4. Organização Pan-Americana da


que leis de ambientes livres da fumaça do Saúde. Divisão de Promoção e Proteção
tabaco, tanto regionais quanto nacionais, da Saúde. Programa de Saúde Mental.
em nosso país, têm sido eficazes na redução Unidade de Tabaco, Álcool e outras drogas.
da exposição ao fumo em restaurantes e Desenvolvimento da Legislação para o
controle do tabaco. Washington: OPAS; 2003.
bares, referindo que ainda há espaço para
melhorias.11
5. Moraes MA. Avaliação da implantação
do Programa de Controle do Tabagismo
Torna-se importante, porém, relatar no Hospital Santa Cruz, São Paulo-Capital.
que essas medidas de regulação devem São Paulo: 2006, [Tese de Doutorado
ser contínuas, pois apesar da constatação – Faculdade de Saúde Pública- USP].
da significativa redução da prevalência
do tabagismo em nosso país e estado, o 6. Comitê Latinoamericano Coordenador
tabagismo ainda se constitui em um grave del Control del Tabaquismo. Legislation sobre
problema de saúde pública, que necessita el control del tabaquismo em América Latina:
da constante e permanente atuação das resúmenes y ejemplos . Boletin Claccta 1997.
áreas de vigilância e atenção à saúde em
7. Teixeira LA, Jaques TA. Legislação
todas as esferas de governo.
e controle do tabaco no Brasil entre o final
Marco Antonio de Moraes – Doutor e Mestre em do século XX e início do XXI. Rev Bras Canc
Saúde Pública, Enfermeiro em Saúde Pública e 57(3):295-304, 2011.
Ocupacional, Comendador em Saúde e Segurança
do Trabalho. Atual Diretor Técnico de Saúde da 8. Albanesi Filho FM. A legislação e o
Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis fumo. Arquivos Brasileiros de Cardiologia –
e Responsável pela Área de Promoção da Saúde volume 82, nº 5, 2004.
no CVE da SES/SP.
9. Silva ST, et al. Combate ao Tabagismo
no Brasil: a importância estratégica das ações
REFERÊNCIAS governamentais. Ciência e Saúde Coletiva,
19 (2):539-552, 2014.
1. World Health Organization. Tobacco
Control Legislation – an introductory guide 10. Roemer R. Accion legislativa contra
(Advancing tobacco control in the 21st la epidemia mundial del tabaquismo.
century). Geneva-Switzerland: WHO; 2003. Genebra: OMS; 1995.

2. Ministério da Saúde. Instituto 11. Mendes FL et al. A percepção do


Nacional de Câncer. Dados e Fatos: ações cumprimento das leis antifumo em bares
legislativas para o controle do tabagismo e restaurantes em três cidades brasileiras:
no Brasil. Oficina de capacitação para a dados do ICT-Brasil. Cad. Saúde Pública 33
implementação de um Programa Nacional de Sup 3:588-600, 2017.
Controle do Tabagismo – Piloto com países
Lusofônicos – 08 a 11 de abril de 2003. 12. Centro de Vigilância Sanitária,
Coordenadoria de Controle de Doenças,
3. World Health Organization. Building Secretaria de Estado da Saúde. Vigilância
blocks for tobacco control: a handbook sanitária do tabaco no estado de São Paulo.
Geneva-Switzerland: WHO; 2004. Rev Saúde Pública 46(2): 395-7, 2012.

60
10 anos da Lei Antifumo

Ambientes livres de tabaco


Sandra Silva Marques
Coordenação Estadual Programa de Controle do Tabagismo - CRATOD/SES

O Tabagismo é uma importante questão Os levantamentos


de saúde Pública. O Brasil é referência epidemiológicos e
mundial no combate ao tabagismo e o processamento de
desenvolve ações por meio do Programa dados advindos de
Nacional de Controle do Tabagismo, arquivos e sistemas
vinculado ao Instituto Nacional do Câncer de informação
(INCA) e Ministério da Saúde (MS). devem servir de base para o correto
planejamento e elaboração de medidas de
O controle do tabagismo é um poderoso saúde contextualizadas às reais necessidades
instrumento para melhorar a saúde e da população assistida. Dessa maneira, a
promover os Objetivos de Desenvolvimento avaliação dos indicadores: monitoramento
Sustentável (ODS) — em particular a meta dos fatores de risco; monitoramento da
nº 4 do ODS nº 3, que prevê a redução morbidade e mortalidade das DCNTs; e
da mortalidade prematura por doenças monitoramento e avaliação das ações de
crônicas não transmissíveis em um terço assistência e promoção da saúde, devem
até 2030. orientar o planejamento adequado de ações
e levantamento de recursos alinhados ao
O fortalecimento da implementação da Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Convenção Quadro para o Controle de (ODS).
Tabaco (meta n º 3.a.) através da Política
Estadual do Controle do Tabagismo, busca A implementação de medidas da
respostas multissetoriais para a prevenção Convenção Quadro para o Controle do
de doenças não transmissíveis, reforçando Tabaco no Brasil (1º Tratado de Saúde
a importância do esforço conjunto dos Internacional, assinado e ratificado por
setores público, privado, sociedade civil, 192 países), ganhou o status de política de
organizações médicas e acadêmicas. estado e apresentou eficácia na redução
da prevalência do tabagismo no Brasil que
O conhecimento das condições era de 34,8% em 1989 e hoje atinge 9,3%
patológicas mais comumente observadas (Dados VIGITEL), apesar de ainda termos
em uma população é de grande relevância um custo de 57 bilhões ao ano com a
e interesse para gestores públicos e perda de produtividade e doenças tabaco
profissionais que atuam na promoção, relacionadas. Atividades educativas nas
prevenção e assistência em saúde. escolas, restrição à propaganda, regulação

61
10 anos da Lei Antifumo

e taxação de produtos, padronização “Legislação de Ambientes Livres de Fumaça


de embalagens, advertências sanitárias, de Tabaco e mortalidade neonatal “-
fiscalização dos pontos de venda são demonstrando que quanto mais abrangente
algumas das medidas implantadas, porém a for a legislação, maior a redução na
promoção de Ambientes Livres de Tabaco mortalidade infantil; e que a redução da
está entre uma das seis medidas indicadas mortalidade infantil foi maior em municípios
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com alta pobreza e menor nível educacional.
como prioritárias e tendência mundial
para conter a expansão do tabagismo e Há de referir também à descentralização
suas graves consequências para a saúde, das ações do Programa Nacional de Controle
fundamentada no conhecimento dos do Tabagismo, de acordo com a Portaria nº
malefícios provocados pela exposição à 571/GM/MS de 05 de abril de 2013, onde se
Poluição Tabagista Ambiental (PTA). estabeleceram as diretrizes da abordagem
em todos os níveis mas prioritariamente à
A adesão da sociedade e aprovação todos os indivíduos em nível de Atenção
da legislação através da Lei ANTIFUMO Primária à Saúde (APS), visando não apenas
(LEI ESTADUAL nº 13.541 de 07 de maio diagnosticar o tabagismo e a sensibilização
de 2009), trouxe a questão da Poluição destes, mas estimular à população não
Tabagística Ambiental e a influência no fumante à prevenção da iniciação,
Tabagismo Passivo, e consequentemente baseadas inclusive na poluição tabagística
a importância da proibição do tabagismo ambiental. Foi o desenvolvimento da
no local de trabalho, especialmente, estrutura organizacional do programa no
reduzindo as oportunidades de fumar e estado, através do planejamento estratégico
configurando o abandono da prática. Desta de nossas ações, que se basearam em
forma, o empoderamento da população e a qualificar a rede para gestão do programa
participação social, princípios da promoção nas regionais de saúde e municípios,
da saúde, foram imprescindíveis para que a melhorando e otimizando os processos
legislação fosse efetivada. de trabalho, criando instrumentos para
coleta de dados da assistência de forma
É importante salientar que, escolas organizada nos diferentes níveis de atenção
e hospitais sempre foram ambientes e a inclusão da dispensação dos insumos,
propícios para estabelecermos modelos através de um sistema gerencial de
de comportamento, entre jovens e medicamentos. Dessa maneira, a criação
adolescentes, para a divulgação da política de indicadores foi fundamental para que
de ambientes livres de tabaco. a avaliação do programa seja avaliada e
realinhada periodicamente.
A introdução das leis ambientes livres
de tabaco também estabeleceram relação Ampliamos a promoção de ambientes
direta com as reduções significativas livres de tabaco (artigo 8º) e desenvolvemos
na mortalidade infantil nos municípios o trabalho com a educação (artigo 12)
brasileiros entre 2000 e 2016 – segundo através do programa saber saúde (enfoque
estudo recente realizado pelo INCA em nos atores de risco das doenças crônicas
parceria com a Imperial College London não transmissíveis), e que está inserido no
(Reino Unido) e o Erasmus MC (Holanda): programa saúde na escola (PSE).

62
10 anos da Lei Antifumo

Esses indicadores nos trazem o resultado


de 45.183 usuários atendidos em 1672
unidades de saúde no estado, melhorando
dessa forma, o acesso ao usuário ao
tratamento.

Além das questões sanitárias, a lei que


trata sobre os Ambientes Livres de Tabaco
trouxe ao ato de fumar, uma consciência
social sobre o uso do tabaco, que apesar
de ser uma droga lícita, traz malefícios não
só ao tabagista mas, a quem convive com
ele. Isto foi fundamental para o sucesso e
efetivação da Lei Antifumo.

Com o advento dessa conscientização,


temos avançado na promoção de
Ambientes Livres de Tabaco no Estado de
São Paulo, com a adesão de instituições
de tratamento como os hospitais gerais
e na área de Saúde Mental, como os
Hospitais Psiquiátricos (Exceções na Lei
ANTIFUMO). Importante realidade, onde
tratamos também de questões clínicas
relacionadas à dependência, as quais
comorbidades relacionadas ao tabagismo é
que acabam por levar o indivíduo ao óbito
precocemente.

São 10 anos da lei em vigor, momento


de comemorarmos os avanços e
refletirmos sobre os próximos desafios a
serem enfrentados, como por exemplo,
atualização da lei quanto as suas exceções.

Parabenizamos a Vigilância Sanitária


Estadual, que exerceu papel fundamental
na implantação, controle e fiscalização da
Lei Antifumo no Estado de São Paulo.

Dra. Sandra Silva Marques – Coordenação Estadual


Programa de Controle do Tabagismo- CRATOD/SES

63
10 anos da Lei Antifumo

Dez anos da Lei Antifumo em


São Paulo
Paula Johns – Diretora Geral ACT Promoção da Saúde
Mônica Andreis – Diretora Executiva ACT Promoção da Saúde

Balada sem fumaça? Impossível!

Antes da lei antifumo de São Paulo, fumar


em locais fechados como bares, restaurantes
e casas noturnas era tão normalizado que
parecia impossível mudar tal condição.

O ambiente insalubre aos frequentadores poluição tabagística ambiental (PTA).


e especialmente aos trabalhadores era Mesmo um baixo nível de exposição ao
tolerado até então, para satisfação dos fumo passivo pode causar danos à saúde,
fabricantes de cigarros, que inclusive de modo que se pode afirmar que não há
promoviam o produto associando-o ao nível seguro de exposição à fumaça de
prazer, a liberdade, ao consumo, a sedução tabaco.2 Uso de exaustores e filtros não
e convívio social. eliminam as micropartículas da fumaça
de cigarros e portanto não representam
Com as evidências científicas dos efeitos solução adequada ao problema.3
danosos do fumo passivo, causado pela
exposição à fumaça tóxica de produtos de Os trabalhadores de locais como bares
tabaco, não se justifica permitir o tabagismo e restaurantes não tinham opção a não
em locais fechados, onde os poluentes ficam ser respirar diariamente o ar contaminado
concentrados sem dispersão adequada. A com a PTA. Campanhas foram realizadas
fumaça de cigarros e outros produtos de com o intuito de abordar este tema, dando
tabaco contêm mais de 7000 substâncias, visibilidade aos riscos a que eram submetidos
ao menos 69 destas carcinogênicas. A os funcionários de estabelecimentos onde
exposição ao fumo passivo está associada o fumo era permitido. Muitas pessoas,
ao desenvolvimento de graves doenças inclusive fumantes, apoiaram a adoção de
como o câncer de pulmão, doenças ambientes livres de tabaco, especialmente
cardiovasculares e acidente vascular ao se dar conta desta situação. O debate
cerebral.1 público foi intenso e importante para ampliar
a conscientização acerca do tabagismo
Vale lembrar que existem efeitos agudos passivo, bem como para esclarecer os
e crônicos advindos do contato com a objetivos da lei.

64
10 anos da Lei Antifumo

Imagem 1: Campanha: “Qualquer ambiente fechado Imagem 2: Campanha: “Quem não fuma não é obrigado a
é pequeno demais para o cigarro” lançada em 2008 fumar”, lançada em 2009

O impacto na qualidade do ar destes decisivamente a elaboração de uma lei


ambientes, bem como da saúde dos federal sobre o assunto.7
trabalhadores e da população já pode ser
sentido nestes 10 anos. Estudos revelaram a Associada a outras medidas de controle
melhora da qualidade do ar nos ambientes do tabaco, vemos decrescer o número
onde anteriormente o fumo era permitido, de fumantes em São Paulo e no Brasil.8
por meio da avaliação de concentração de Contribuíram para isto as iniciativas de
monóxido de carbono (CO) nesses locais4 e apoio e articulação por parte da sociedade
medição da nicotina no ar, antes e depois civil, academia e governo, com objetivos
da lei.5 claros em relação às políticas públicas a
serem adotadas, conforme recomendado
Argumentos alarmistas de que a proibição em tratado internacional ratificado pelo
traria perdas econômicas significativas para Brasil, a Convenção Quadro para o Controle
o setor de hospitalidade não se revelaram do Tabaco.9
verdadeiros, e os proprietários dos
estabelecimentos tem revelado uma adesão A ACT Promoção de Saúde, organização
maciça à medida.6 Poucas vezes vimos uma não governamental que trabalha por
lei ser tão bem aceita pela população e com políticas públicas de prevenção e
resultados tão favoráveis à saúde pública. promoção da saúde10, se orgulha de fazer
parte desta história, desde a concepção
Vimos acontecer uma mudança de da lei de ambientes livres do tabaco, até
comportamento onde prevaleceu a proteção sua implementação e monitoramento.
diante da exposição ao fumo passivo e Juntamente com representantes de
suas graves consequências, ao invés da sociedades médicas, de universidades e do
proteção aos interesses econômicos do governo, a ACT foi membro do CEPALT,
setor fumageiro. comitê criado em 2007 em prol da adoção
de ambientes fechados livres do fumo.
A experiência do Estado de São Paulo
motivou outros Estados e Municípios a
adotar leis semelhantes, e influenciou

65
10 anos da Lei Antifumo

Imagem 3: Selo de ambiente Imagem 4: Participação em sessão de votação Imagem 5: Assinatura da lei antifumo de SP, em
livre do tabaco, iniciativa do da lei antifumo na ALESP, em 2009 2009
CEPALT, em 2007

Imagem 6: Manifestação em favor da aprovação da lei antifumo, em 2008

A existência deste comitê foi muito controle do tabagismo levaram-nos a


importante no processo de aprovação reverter a imagem do que parecia impossível
da lei antifumo estadual de São Paulo. mudar. Tornou-se inevitável mudar.
Como fruto de esforços conjuntos de seus
membros, assim como de vontade política E junto com toda a população do Estado
por parte do governo do estado (liderado de SP, hoje celebramos esta significativa
pelo então governador José Serra), com conquista da saúde pública, que protege as
a participação efetiva e coordenada da pessoas da exposição à fumaça tóxica de
Secretaria de Justiça (por meio de órgão de produtos de tabaco em locais fechados.
defesa do consumidor – PROCON) e da
Secretaria da Saúde (por meio do Sistema Promover ambientes saudáveis,
Estadual de Vigilância Sanitária), a lei que disseminar informação e exigir políticas
proíbe o fumo em locais fechados vem publicas eficazes são elementos
sendo aplicada com sucesso e amplo apoio fundamentais no enfrentamento do grave
popular desde 2009.11 problema representado pelo tabagismo,
e servem como referência para outras
O trabalho em rede e a efetiva cooperação áreas como uso abusivo de álcool e má
intersetorial em defesa da prevenção e alimentação. É necessário prosseguir no

66
10 anos da Lei Antifumo

caminho da prevenção e promoção da saúde Law in Indoor Places, Revista Brasileira de


visando garantir este direito fundamental Cancerologia 2011; 57(3): 315-320
de toda a população brasileira.
7. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/
noticia/2019/05/28/lei-antifumo-completa-
dez-anos-e-reduz-numero-de-fumantes-em-
REFERÊNCIAS sp.ghtml

1. The Health Consequences of 8. Andreis, M, Johns, P.,Como tornamos


Smoking—50 Years of Progress: A Report o Brasil livre de fumo, in: Álcool, Tabaco e
of the Surgeon General. Atlanta, GA: U.S. Maconha - Drogas Pediátricas, de Lotufo JP,
Department of Health and Human Services, S.Paulo, 2016.
Centers for Disease Control and Prevention,
National Center for Chronic Disease 9. http://www.brasil.gov.br/noticias/
Prevention and Health Promotion, Office on saude/2019/05/brasil-reduz-habito-de-fumar-
Smoking and Health, 2014. em-40-e-mantem-tendencia-de-queda

2. How Tobacco Smoke Causes 10. Convenção-Quadro para o Controle


Disease: The Biology and Behavioral Basis do Tabaco, Organização Mundial da Saúde,
for Smoking-Attributable Disease: A Report 2005: http://actbr.org.br/cqct
of the Surgeon General. Centers for Disease
Control and Prevention (US); National Center 11. http://www.actbr.org.br/
for Chronic Disease Prevention and Health
Promotion (US); Office on Smoking and 12. Lei nº 13.541, de 07 de maio de
Health (US). Atlanta (GA): Centers for Disease 2009, disponível em: http://www.al.sp.gov.
Control and Prevention (US); 2010. br/repositorio/legislacao/lei/2009/lei-13541-
07.05.2009.html
3. American Society of Heating,
Refrigerating and Air-Conditioning Engineers,
Inc. (www.ashrae.org) 2005 Controlling
Tobacco Smoke Pollution. Disponível em:
http://www.repace.com/pdf/iaqashrae.pdf

4. Acesso em 16/12/2015.

5. Issa, J, et al, The effect of São Paulo’s


smoke-free legislation on carbon monoxide
concentration in hospitality venues and their
workers, Tobacco Control 2011;20:156e162.
doi:10.1136/tc.2010.037614

6. Andreis M, Elf J, Johns P, Carvalho A,


Jie Y, Apelberg B, Air Quality in Bars of São
Paulo/Brazil before and after the Smoke-Free

67
10 anos da Lei Antifumo

Jaqueline Scholz
Programa de Tratamento do Tabagismo do INCOR (Hospital das Clínicas da USP)
O Projeto de Lei
O Governador do Estado de São Paulo enviou a Assembleia Legislativa em agosto
de 2008 o Projeto de Lei 577/2008 proibindo uso de produtos fumígenos em locais
fechados de uso coletivo.
Ai já começou uma grande movimentação a favor e contra.
A audiência pública do dia 31/03/2009 foi bem quente....
Do Projeto 577/2008 a Lei 13.541

Nesta terça-feira, 31/3, a Assembleia Legislativa


realizou audiência pública para debater o PL 577 /2008,
de autoria do govemador, que proíbe o consumo de
quaisquer produtos fumígenos em recintos de uso
coletivo. Além dos deputados, representantes de diversas
entidades representativas de setores da sodedade civíI
discutiram o projeto, contando com a participação de
especialistas, como advogados e médicos, entre eles
o oncologista Drauzio Varellla. Também estiveram
presentes representantes de sindicatos patronais e de
empregados do setor de bares, hotéis e restaurantes, que
argumentaram sobre o impacto econômioo que o projeto
pode causar no faturamento das empresas, e o desemprego
que isso pode provocar.

68
10 anos da Lei Antifumo

Defensores da Lei Antifumo na Assembléia Legislativa São Paulo em 30/03/2009

Drauzio Varella Nise Yamaguchi Jaqueline Scholz

Clarissa Homsi Paula Johns Erik Momo

Fumantes passivos
O médico cancerologista Drauzio Varella externou sua preocupação com a situação do fumante passivo
que, segundo reconhecidos estudos científicos, é também vítima dos males causados peto tabaco. “Não
se pode empestear o ar de todos em nome da liberdade individual”, disse. Ele contou que a proibição do
fumo em lugares fechados em Glasgow, Escócia, levou à queda no atendimento por doenças relacionadas
ao tabaco em 30% nos fumantes e 19% nos não fumantes. Ele falou também sobre a saúde também dos
trabalhadores, sugerindo que lutem por adicionais de insalubridade e por planos de saúde melhores. Ainda
segundo Varella, o uso do tabaco é potencializado pelo do álcool, já que essa substância ajuda a limpar os
receptores de nicotina.
Representante da Aliança de Controle do Tabagismo (ACTI, a advogada Clarissa Homsi Menezes disse
que, como a nicotina é um produto de grande poder viciante, não há, na verdade, liberdade de fumar.
Apesar de a ACT ser a favor da aprovação do projeto, há a preocupação de que emendas apresentadas,
se aprovadas, possam descaracterizá-lo e estabeleçam a criação de “fumódromos” que, além serem “uma
estratégia defasada”, permitem a exposição de trabalhadores à fumaça do tabaco. Essa lei amplia o direito do
cidadão à saúde, disse, e fez comparação entre a proibição do tabaco e a do amianto, ambos sabidamente
cancerígenos.

Trabalhadores não serão prejudicados


A representante do Comitê Estadual para Promoção de Ambientes Livres do Tabaco, Paula Johns, insiste
no fato de que os trabalhadores não serão prejudicados com o projeto. “Vocês podem ficar tranquilos que
não é a proibição do fumo em ambientes fechados que vai tirar o emprego de vocês”, disse. Paira ela, é
fundamental deixar para os filhos ambientes saudáveis que não vendam um produto que vicia e mata. Em
relação ao sistema de ventilação, Paula acredita que pode sim reduzir a fumaça, mas não é a solução. “Caso
fosse aprovado um sistema rnoderno de ventilação, seria injusto com os proprietários. Só aqueles com alto
poder aquisitivo poderiam instalar’’, completou.

Fumante passivo
Jaqueline lssa, médica do lncor, ressaltou a questão do fumante passivo. Segundo ela, somente depois de
24 horas a corrente sanguínea dessas pessoas volta ao normal. Além os fumantes passivos podem sofrer morte
súbita e acidente vascular cerebral. “Essa lei é um estímulo para a cessação do tabagismo. Só assim o fumante
vai perceber que não tem domínio e controLe”, afirmou. Para lssa, a lei também vai prevenir o tabagismo
entre os jovens, já que, segundo ela, o ambiente social tem interferência direta na iniciação ao vício. “Quem
começa a fumar na adolescência pode ter doenças psiquiátricas, como a depressão”, disse. Ela acredita que a
Lei vai ajudar as pessoas a terem mais saúde mental e física.

69
10 anos da Lei Antifumo

70
10 anos da Lei Antifumo

Governador José Serra assinando a


Lei Antifumo evento no ICESP dia
07/05/2009

O PROJETO VIROU LEI


E parceria INCOR VISA surgiu
como uma oportunidade de facilitar
a implementação da Lei, tendo a
população como principal aliada,
entendo a necessidade e importância
positiva da Lei.

Para isto fizemos um projeto


piloto para então conceber o projeto
de pesquisa.

Projeto Piloto - Avaliar o monóxido de carbono nos ambientes da hospitalidade e nos


trabalhadores, antes e após aplicação da lei antifumo Estado de São Paulo

Dra Maria Cristina Megid – Diretora


de Vigilância Sanitária do Estado de
São Paulo que apoiou a execução da
Equipe INCOR, Procon e VISA realizando projeto piloto pesquisa como instrumento de melhoria
nas casas noturnas e bares da cidade de São Paulo. da compreensão da lei pela população.
Dia 16 maio de 2009

71
10 anos da Lei Antifumo

Após realizar projeto piloto em 16/05/20009,


com agentes da VISA e Procon, percebemos que
iria ser possível comprovar a contaminação dos
ambientes pela fumaça do cigarro e apresentamos
ao Secretário da Saúde do Estado de São Paulo,
Luiz Roberto Barradas. O projeto de pesquisa
visava avaliar a concentração de monóxido de
carbono dos estabelecimentos e seus funcionários Sr Reinaldo Noburo Sato
antes e após a implementação da lei. da Secretaria do Estado
da Saúde foi um grande
O secretário ofereceu apoio incondicional colaborador nesta etapa.
para realização da Pesquisa , e desta forma nasceu
a parceira InCor e Vigilância Sanitária para
sustentação e apoio a lei antifumo .

Começava a Corrida Contra o Tempo


I. Para aprovação da Pesquisa pelo Comite de Ética do Hospital das Clinicas da Fmusp
II. Diponibilização de Equipamentos para medir Monoxido Ambiente e Pessoas
III. Treinamento das Equipes
IV. Realização da Coleta de Dados antes da Implantação da Lei em 06 de Agosto de
2009.

PROJETO DE PESQUISA APROVADO COMITÊ DE ÉTICA


DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS (CAPPesq)
Monoximetria ambiental e nos trabalhadores de Bares,
restaurantes de afins antes e após implantação da lei 13.541.
Correlação com morbi/mortalidade por DCV na cidade de São
Paulo.
FUNDAMENTO – redução de 10 a 30% de morbi/mortalidade
periodo de 3 a 6 meses após implantação da lei (Itália, Irlanda ,
Nova York, Pueblo City)
Correlação com marcador biológico – Monóxido de carbono
Pesquisa INCOR - LEI ANTIFUMO

Cerca de 100 agentes da vigilância


Sanitária foram treinados para realização
da coleta de dados da Pesquisa , inclusive
com aplicação do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido nos participantes da
Pesquisa.

72
10 anos da Lei Antifumo

A pesquisa foi realizada em dois momento – 2a quinzena de


julho de 2009 e na 2a quinzena de outubro de 2009, nos mesmos
locais e com mesmas pessoas. Os dados da CETESB, relativos as
estações que registram poluentes da cidade de São Paulo também
foram monitorados durante a pesquisa.
O monóxido de carbono dos ambientes era medido com este
equipamento. Na aréa aberta, semi-aberta e fechada.

Os dados da Cetesb foram monitorados


no dia das coletas de dados da pesquisa e
em vários pontos da cidade.

O monóxido de carbono do ar expirado dos funcionários fumantes e não


fumantes foi medido com este equipamento.

Os técnicos da VISA faziam a pesquisa nos funcionários que concordavam


com a aplicação do termo de Consentimento Livre e Esclarecido

73
10 anos da Lei Antifumo

O resultado da pesquisa após 3 meses da implantação da lei mostrou redução da


concentração de Monóxido de carbono nos Trabalhadores Fumantes e Não Fumantes

Nos trabalhadores fumantes e


não fumantes houve redução
da concentração de monóxido
de carbono pulmonar após
aplicação da lei

Redução da Concentração de Monóxido de Carbono


em Todos os Estabelecimentos e Áreas

Cidade de São Paulo

74
10 anos da Lei Antifumo

A divulgação dos resultados da pesquisa em Dezembro de 2009 teve grande impacto na mídia

Jornal da Tarde 10/12/2009 Folha de São Paulo

Estado de São Paulo -10/12/2009

Agora São Paulo 10/12/2009

75
10 anos da Lei Antifumo

Folha de São Paulo 10/12/2009

76
10 anos da Lei Antifumo

O desafio da próxima etapa também era


grande. Queríamos avaliar o impacto da Lei
na redução de mortes por AVC e INFARTO

Então, nada melhor que uma tese de doutorado.


Desafio aceito pela Dra Tania Marie Ogawa
Abe.

Nesta etapa também encontramos importantes


parceiros

Sr. José Dinio Vaz Mendes, Sra. Vera Lucia


Rodrigues Lopes Osiano, Sra. Mônica Aparecida
Marcondes Cecilio. Assistentes técnicos da
Coordenadoria de Planejamento de Saúde da
Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo
Nos ajudaram na aquisição de dados de
morbimortalidade da cidade de São Paulo

Agradecimento especial a
Sra. Maria Helena R. B. Dias,
química, gerente da Divisão
de Tecnologia de Avaliação da
Qualidade do Ar da CETESB,
pelo fornecimento dos dados
de poluentes, temperatura e
umidade do ar.

Um grande diferencial que


qualificou os achados da tese.

77
10 anos da Lei Antifumo

INTERNAÇÃO E MORTALIDADE POR DOENÇA


CARDIOVASCULAR E CEREBROVASCULAR NO
PERÍODO ANTERIOR E POSTERIOR À LEI
ANTITABACO NA CIDADE DE SÃO PAULO
Tania Marie Ogawa Abe
Orientadora: Jaqueline Ribeiro Scholz

MATERIAIS E MÉTODOS
I. Estudo Ecológico de séries temporais
II. 2005 a 2010
III. Coleta de dados:
ƒ SIM – Pro-AIM
ƒ SIH – DATASUS
IV. Avaliação ambiental – CETESB:
ƒ CO, NO2, SO2, MP10, O3
ƒ Temperatura, umidade relativa do ar
ƒ Estações fixas do município de São Paulo
RESULTADOS – Infarto mortalidade
V. Modelo de mortalidade por “infarto”: número de leitos, Tmin, CO

571 mortes por infarto

Decrease in mortality rate and hospital


admissions for acute myocardial infarction
after the enactment of the smoking ban
law in São Paulo city, Brazil. Abe TMO,
et al. Tob Control 2017;26:656–662.
doi:10.1136/tobaccocontrol-2016-053261

78
10 anos da Lei Antifumo

248 mortes por AVC

Tese publicada na mesma revista do estudo com monóxido,


mostrando importância e qualidade da pesquisa.

A repercussão na Mídia
foi marcante fazendo as
pessoas entenderem de
forma simples o impacto
positivo da Lei.

Dra. Jaqueline Scholz. Diretora


do Programa de Tratamento do
Tabagismo do INCOR (Hospital
das Clínicas da USP), criadora
do Programa de Assistência ao
Fumante PAF, autora de livros e
artigos sobre tabagismo.

79
10 anos da Lei Antifumo

O GAPS nos 10 anos de Programa


Ambiente Livre de Tabaco
Adilson Soares
Grupo de Apoio as Políticas de Prevenção e Proteção à Saúde - GAPS/CCD/SES-SP

A proteção da vida e de riscos à saúde da educação


das pessoas é uma das funções precípuas em saúde,
do Estado. Algumas situações que se imunização
apresentam no campo da saúde pública e agravos
demandam intervenções imediatas e não inusitados à
podem esperar a tramitação normal e saúde;
burocrática de um processo técnico e/ou
administrativo. Desta forma o marco legal II. Colaborar no desenvolvimento
e regulatório das finanças publicas no e execução de programas de
Brasil instituiu a possibilidade de criação imunização em massa contra
de fundos públicos para atuar em situações doenças transmissíveis, promovendo
desta natureza, os chamados fundos campanhas com essa finalidade;
especiais de despesa.
III. Apoiar as ações de treinamento e o
No âmbito do Estado de São Paulo um aperfeiçoamento do pessoal técnico
importante fundo especial foi criado com e divulgar conhecimentos científicos
a competência e atribuição de apoiar de interesse para educação sanitária e
ações de prevenção, promoção e proteção imunização em massa contra doenças
à saúde da população paulista. Criado transmissíveis e para as demais ações
pela Lei 10.108 de 08 de maio de 1968 prioritárias da Secretaria da Saúde
inicialmente com o nome de Fundo de que decorrerem de agravos inusitados
Educação Sanitária e Imunização em Massa à saúde;
contra Doenças Transmissíveis - FESIMA,
o fundo apoiou inúmeros projetos até ter a IV. Desempenhar outras atribuições
sua denominação alterada pela Lei 13.867 ligadas ao controle de doenças e
de 9 de dezembro de 2009 para Fundo agravos inusitados à saúde, sobretudo
Especial de Saúde para Imunização em no campo da prevenção.
Massa e Controle de Doenças - FESIMA,
com a finalidade de: A execução das ações, recursos
financeiros, planejamento, avaliação e
I. Apoiar a Secretaria da Saúde na promo- monitoramento dos projetos do FESIMA
ção de estudos e pesquisas no campo está a cargo do Grupo de Apoio às Políticas

80
10 anos da Lei Antifumo

de Prevenção e Proteção à Saúde – GAPS, Os profissionais que atuam no programa


departamento criado pelo Decreto 55.923, passaram a receber uma bonificação/
de 17 de junho de 2010, vinculado à ajuda de custo, chamada “Etapa”, para
Coordenadoria de Controle de Doenças – trabalharem fora do seu expediente normal
CCD da Secretaria de Estado da Saúde de de trabalho, durante a semana e aos finais
São Paulo – SES-SP. de semana, em atividades de inspeções
sanitárias em bares restaurantes, clubes e
No período mais recente, a partir de afins. Foram investidos pagamento de 285
2011 com a organização do GAPS, o mil etapas, média de 36 mil ao ano, para
Fundo Especial de Saúde para Imunização profissionais que atuaram nos programas
em Massa e Controle de Doenças financiou “Ambientes Livres de Tabaco” e Álcool
167 projetos nas áreas de: para Menores é Proibido”.
1. Inspeção Sanitária para Controle de
O FESIMA completou recentemente
Riscos à Saúde;
(2018) 50 anos de trabalhos na prevenção
2. Imunização em Massa; e proteção da saúde dos paulistas, e
continuará a fazê-lo nos anos vindouros
3. Ações Programáticas em Vigilância porque esta é uma política bem sucedida
em Saúde; no Estado de São Paulo.
4. Controle de Arboviroses prioritárias;
5. Controle de Zoonoses;
Dr. Adilson Soares, diretor do Grupo de Apoio as
6. Diagnóstico precoce de Pessoas Políticas de Prevenção e Proteção à Saúde - GAPS
Vivendo com HIV/AIDS, Sífilis e Hepatites;
7. Emergência Sanitária – Exames
Laboratoriais de Saúde Pública;
8. Gestão em Vigilância em Saúde.

Os investimentos do FESIMA no período


de 2011 a 2018 somaram R$ 60 milhões com
destaque para os investimentos realizados
nos projetos “Ambientes Livres de Tabaco”.
Criado em 7 de maio de 2009 pela Lei
13.541 e regulamentado no mesmo dia
pelo Decreto 54.311, o governo do Estado
de São Paulo já demonstrava a prioridade
que daria ao Programa “Ambientes Livres
de Tabaco”. Deste modo o aporte de
recursos para implementação desta politica
publica foi uma consequência.

81
10 anos da Lei Antifumo

A Convenção-Quadro da OMS
para o Controle do Tabaco
Vera Luiza da Costa e Silva
Secretariado da Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco

O uso de produtos derivados do tabaco do Desenvolvimento Sustentável (ODSs)


é uma das principais causas de mortes clama pelo fortalecimento da
evitáveis no mundo. A cada ano, esses implementação da Convenção-Quadro
produtos matam mais de 8 milhões de da OMS para o Controle do Tabaco - o
pessoas, um número que aumentará sem primeiro e único tratado global de saúde
ação intensificada. Esse dado de maneira pública que conta hoje com 181 Partes,
isolada já posicionaria o tabagismo como sendo 180 países mais a União Europeia, e
um dos principais problemas de saúde cobre mais de 90% da população mundial
pública. Mas as consequências sociais,
ambientais e econômicas do consumo de A Convenção tem como objetivo
tabaco realmente tornam o seu controle proteger as gerações presentes e futuras
uma prioridade para o desenvolvimento das devastadoras consequências sanitárias,
sustentável. sociais, ambientais e econômicas geradas
pelo consumo e pela exposição à fumaça
A economia global perde 1,4 trilhões do tabaco. Uma análise realizada pelo
de dólares americanos a cada ano devido Programa das Nações Unidas para o
ao uso do tabaco. Os danos ao meio Desenvolvimento (PNUD) identificou que
ambiente ocorrem durante todo o ciclo a implementação das medidas contidas
de vida dos produtos do tabaco devido nesta Convenção traz benefícios muito
ao desmatamento, poluição da água pelo além de meramente relacionados à saúde
uso de pesticidas e lixo relacionado com e, por isso, pode impactar positivamente no
as guimbas de cigarro. Mortes prematuras alcance de praticamente todos os ODSs.
e incapacidades causadas pelo uso do
tabaco têm um enorme impacto social - Este tratado representa um instrumento
particularmente entre as populações mais legal e um compromisso político de todos
vulneráveis que têm maior probabilidade estes países com a adoção de uma série
de fumar. de medidas baseadas em evidências para
enfrentar a epidemia do tabagismo. Impele
A inclusão de uma meta específica também as Nações Unidas a apoiar os
sobre o tabagismo na Agenda 2030 países a implementarem tais medidas.
para o Desenvolvimento Sustentável Os compromissos contidos neste tratado
destaca as contribuições que o controle internacional requerem ação de diversos
do tabaco pode trazer para o avanço do setores de governo, já que se referem a
desenvolvimento em níveis nacional, políticas públicas que estão muito além do
regional e global. A Meta 3.A dos Objetivo alcance do setor saúde.

82
10 anos da Lei Antifumo

Essas medidas incluem obrigações gerais Unidas. Sediado na Organização Mundial


relacionadas com o desenvolvimento de da Saúde (OMS), o Secretariado atua para
planos estratégicos, estabelecimento de traduzir em programas e ações as decisões
mecanismos de coordenação multissetorial, da Conferência das Partes, o órgão de
implementação de medidas legislativas governança da Convenção. Conforme
e proteção das políticas públicas contra a mandato recebido pela Conferência das
interferência das indústrias do tabaco, esta Partes, o Secretariado oferece apoio técnico
última o principal desafio para avanço de para que os países possam avançar com a
políticas de controle do tabaco. implementação da Convenção.

Estão incluídas também medidas de Um estudo de impacto encomendado


redução da demanda como políticas de pela Conferência das Partes apontou uma
preços e impostos, inclusão de imagens de contribuição muito positiva da Convenção
advertência nas embalagens de produtos de no desenvolvimento de políticas
tabaco e proibição de fumar em ambientes nacionais para o controle do tabagismo
públicos e de trabalhos fechados. Há e consequentemente para a redução da
também medidas de redução da oferta como prevalência de tabagismo no mundo. Uma
por exemplo a eliminação do comércio análise com base em estimativas na OMS
ilícito de produtos de tabaco, a proibição publicada na última edição do Relatório
da venda por e para menores, e a oferta de Global de Progresso na Implementação da
alternativas de cultivo para fumicultores. A Convenção-Quadro aponta que a maior
Convenção também estabelece importantes proporção de Partes do tratado em todos
compromissos relacionados com a os níveis de renda apresenta redução na
cooperação internacional para o controle prevalência de tabagismo. Entretanto, o
do tabaco. progresso ainda é mais lento que seria
necessário e poucas Partes da Convenção
Do artigo 15 desta Convenção também devem atingir a meta de redução relativa
deriva um novo tratado internacional por de 30% da prevalência de tabagismo entre
si mesmo, o Protocolo para Eliminação 2010 e 2025.
do Comércio Ilícito de Produtos de
Tabaco. Este Protocolo entrou em vigor O compromisso com o alcance desta
no dia 25 de setembro de 2018 e já conta meta foi reafirmado no ano passado
com 55 Partes, incluindo o Brasil. Este quando a Conferência das Partes adotou a
tratado traz novos mecanismos legais que Estratégia Global para Acelerar o Controle
facilitarão a cooperação entre os países do Tabaco com o objetivo de apoiar o
para o enfrentamento do comércio ilícito alcance dos Objetivos de Desenvolvimento
que enfraquece as políticas de controle Sustentável. Os países concordaram em
do tabagismo já que torna os produtos de tomar medidas coordenadas, buscar
tabaco mais acessíveis. coerência política e remover barreiras que
estão impedindo a implementação plena
A Convenção também estabeleceu e efetiva dos compromissos incluídos na
uma nova entidade, o Secretariado da Convenção-Quadro.
Convenção-Quadro para o Controle do
Tabaco que funciona como a voz do A história do controle do tabagismo no
controle do tabaco dentro das Nações Brasil serve de bom exemplo do trabalho

83
10 anos da Lei Antifumo

realizado a nível global. Trata-se de um preços e impostos, a medida mais custo-


trabalho que se iniciou dentro do setor efetiva para o controle do tabaco. Também
saúde, mas que evolui a ponto de se tornar se estruturou dentro do Sistema Único
uma questão de Estado que traz diferentes de Saúde o Programa para Tratamento
setores do governo para oferecer uma de Fumantes que oferece gratuitamente
resposta coordenada ao problema. O país tratamentos para cessação tabágica, e
parte da constituição pela sociedade civil estruturas para monitoramento da epidemia
de um Programa Nacional Contra o Fumo do tabagismo que nos permitem verificar
em 1979, passa pela consolidação de a significativa redução de 34,8% a 14,7%
uma rede de organizações e indivíduos na prevalência de tabagismo na população
dedicados a este tema, até a conformação acima de 18 anos no Brasil.
de uma Comissão Nacional para coordenar
a negociação em 1999 e a implementação Mais recentemente o país ainda tomou
da Convenção em 2005. um outro importante passo, alinhado com o
Artigo 19 da Convenção-Quadro, quando a
Esse trabalho permitiu ao Brasil alcançar Advocacia Geral da União protocolou uma
avanços muito importantes como em relação ação civil pública que cobra o ressarcimento
às políticas de ambientes livres de fumo, dos gastos da União com o tratamento de
com papel central e pioneiro do estado pacientes com doenças cujo nexo causal
de São Paulo. A Lei Antifumo sancionada com o consumo ou exposição à fumaça dos
em maio de 2009 e implementada em cigarros está cientificamente comprovado.
agosto daquele ano proibiu o consumo de
Muito ainda pode ser alcançado no
cigarros em áreas públicas parcialmente
Brasil e no mundo para o fortalecimento
ou completamente fechadas no estado.
da implementação da Convenção-Quadro
Segundo dados do Ministério da Saúde,
da OMS para o Controle do Tabaco.
somente na capital paulista o número de
O alinhamento das agendas de todas
fumantes diminuiu em cerca de 300 mil
as organizações que contribuem para
pessoas após a implementação da lei.
enfrentar este problema aos objetivos da
A lei nacional regulamentada em 2014
Estratégia Global adotada pelos 181 países
expandiu a proteção a toda população
que são Partes da Convenção certamente
brasileira e reduziu em 5,2% a mortalidade
intensificará a resposta à epidemia de
infantil e em 3,4% a neonatal no país.
tabagismo. A experiência de enfrentamento
Uma demonstração clara da importância
de um grave problema de saúde pública
da Convenção-Quadro para o Controle do
por meio da implementação de um tratado
Tabaco para proteger a saúde de crianças e
global pode ainda servir como modelo para
adolescentes.
responder a uma série de outras questões
e para a promoção da saúde por meio do
Outro importante avanço está
desenvolvimento de políticas públicas
relacionado às imagens de advertência
saudáveis.
nas embalagens de produtos de tabaco,
aqui com o marco regulatório constituído Dra. Vera Luiza da Costa e Silva
Chefe do Secretariado da Convenção-Quadro da
na Agência Nacional de Vigilância
OMS para o Controle do Tabaco.
Sanitária (ANVISA). O país ainda avançou World Health Organization (WHO)
de maneira significante no aumento dos Avenue Appia 20, 1211 Genève, Suíça

84
10 anos da Lei Antifumo

A Lei Antifumo de São Paulo e suas


contribuições para o aperfeiçoamento
da política nacional de controle do
tabaco
Tânia Maria Cavalcante
Secretaria Executiva da CONICQ/ Instituto Nacional de Câncer/Ministério da Saúde.

Introdução – Em seus dez anos de e que nenhum sistema


implementação a lei antifumo de São Paulo de ventilação em
oferece uma grande oportunidade para ambientes internos
reflexões sobre sua contribuição para a teria capacidade de
Política Nacional de Controle do Tabaco reduzi-la a níveis
(PNCT). aceitáveis.3,4

A PNCT está vinculada à implementação Desde 1996 a lei federal 9294 proibia
da Convenção Quadro da OMS para fumar em ambientes públicos fechados,
Controle do Tabaco, tratado internacional porém permitia espaços reservados
de saúde ratificado pelo Congresso para fumar. Em 2007, a CONICQ com
Nacional em 2005 e promulgado pela apoio do então Ministro da Saúde José
Presidência da República em 2006.1 Para Gomes Temporão e da sociedade civil
a sua governança foi criada em 2003 e coordenações estaduais de controle
por decreto a Comissão Nacional para do tabagismo, iniciou articulações no
Implementação da Convenção Quadro Congresso Nacional que levaram o então
para Controle do Tabaco (CONICQ) que Senador Tião Viana a apresentar o Projeto
congrega 18 setores do governo federal, de Lei 315/2008 (PL 315/2008) propondo
é presidida pelo Ministro da Saúde e tem ajustes na Lei 9294/96 para uma total
o Instituto Nacional de Câncer como sua proibição de fumar em recintos coletivos.5
Secretaria Executiva.2
Porém fabricantes de cigarros iniciaram
A Politica Nacional de Controle do forte oposição por meio de organizações
Tabaco e a lei federal antifumo e parlamentares aliados.6 Uma das
O artigo 8º da CQCT estabelece a total manobras veio na forma de um outro PL
proibição do ato de fumar em recintos concorrente (PL316/2008) que mantinha os
coletivos como única forma de proteger fumódromos.7,8 Um ano depois graças ao
todos dos graves riscos da exposição à empenho da Senadora Marina Silva relatora
fumaça ambiental de tabaco. Suas diretrizes, da matéria na Comissão de Constituição
baseadas em evidências, mostram que não e Justiça do Senado, o PL 315/2008 foi
existem níveis seguros para essa exposição aprovado e o PL 316/2008 rejeitado.9,10,11

85
10 anos da Lei Antifumo

Porém ficou emperrado em outras de uma fiscalização exemplar coordenada


Comissões, o que não foi surpresa. As pela rede de Vigilância Sanitária estadual.24
empresas de cigarros sempre souberam que
a proibição de fumar em recintos coletivos Os resultados mostraram grande adesão
reduz a aceitação social do comportamento ao cumprimento da lei26,27 e significativos
de fumar e reduz a prevalência de fumantes benefícios para a saúde da população.
por isso o forte lobby contra.12,13 Estudos Segundo o INCor após os 3 primeiros meses
revelam como em 1996 fabricantes de de implementação da lei observou-se uma
cigarros obstruíram os primeiros esforços redução de 5,4% na ocorrência de infartos,
no Congresso Nacional para aprovar um e após os primeiros 17 meses uma redução
PL proibindo fumar em recintos coletivos, de 11,9% na mortalidade por doenças
resultando na aprovação da lei 9294/96 cardiovasculares.28,29 Já a prevalência de
permitindo fumódromos.14 fumantes acima de 18 anos em São Paulo
capital caiu de 18,8% em 2009 para 14,2%
A Lei antifumo de São Paulo e sua em 2017.30,31
influência sobre a lei antifumo federal
Enquanto o Ministério da Saúde se O exemplo de São Paulo gerou um
esforçava para vencer as pressões contrárias efeito dominó, se propagando para outros
aos ajustes na lei federal, o estado de São estados32,33 e ajudou a vencer as resistências
Paulo se antecipou e publicou sua Lei no Congresso Nacional.
estadual 13.541 em 2009.15 Sob gestão
do então governador José Serra, e como Em nível federal, apesar do PL antifumo
o apoio de organizações como a Aliança do senador Tião Vianna ter sucumbido às
de Controle do Tabagismo e a Associação estratégias obstrucionistas no Senado, em
Médica Brasileira, entre outras não menos dezembro em 2011 finalmente a lei 9294/06
importante, São Paulo enfrentou de forma foi ajustada para uma total proibição do ato
exemplar a forte oposição vocalizada por de fumar por meio do artigo 49 da Lei 12546
associações de bares, restaurantes e de aprovada e posteriormente regulamentada
hotelaria sob o patrocínio de fabricantes de pelo Decreto 8.262 (31 de maio de 2014) e
cigarros.16,17,18 As argumentações incluíam pela Portaria Interministerial n.º 2.647 (04
previsões alarmistas como a retração das de dezembro de 2014).34
vendas e perda de empregos19, e fortes
críticas à medida que classificavam como No entanto é preciso registrar que o
autoritária e cerceamento de liberdades.20 artigo 49 da Lei 12.546 se originou a partir
Com a concretização da lei estadual, de uma emenda feita pela indústria do
passaram à segunda onda de ataques por tabaco à Medida Provisória 540 (MP540)
meio da judicialização.21,22 Uma ação proposta pelo governo federal em 2011.
de inconstitucionalidade movida pela O objetivo da MP era desonerar alguns
Confederação Nacional do Turismo alegava setores econômicos com a redução do
que somente a União teria competência Imposto sobre Produtos Industrializados
para legislar sobre o assunto, e colocava em (IPI) e aumentar o IPI sobre cigarros. Porém
risco a medida.23 Porém o governo paulista o texto inicial da emenda da indústria do
investiu na defesa da legitimidade da tabaco, que viria a se tornar o artigo 49 da Lei
medida e na sua implementação por meio 12.546, era uma espécie de compensação

86
10 anos da Lei Antifumo

ao aumento do IPI sobre cigarros e INCA sobre o impacto da lei antifumo na


trazia uma série de retrocessos para as mortalidade infantil. O estudo mostrou que
regulamentações vigentes sobre produtos se por um lado leis que proibiram fumar em
de tabaco, tais como a permissão de fumar recintos coletivos no Brasil evitaram a morte
em bares e restaurantes e a supressão do de 15.068 crianças com idade inferior a
poder da ANVISA de regular produtos de 1 ano entre 2000 e 2016, por outro mais
tabaco.35,36,37 Uma grande reação articulada 10.091 mortes de crianças nessa faixa
pela CONICQ, entidades governamentais poderiam ter sido evitadas se restrições
e não governamentais de saúde pública e mais fortes, como as iniciadas pelo estado
alguns parlamentares aliados transformou de São Paulo em 2009, tivessem sido
essa emenda em grandes conquista para a implementadas com maior antecedência
PNCT com destaque para a total proibição de em todo território nacional.43
fumar em recintos coletivos. E o exemplo de
São Paulo foi uma das argumentações mais Além do custo anual de 57 bilhões de reais
fortes para desconstruir a emenda. Por outro com o tratamento e perda de produtividade
lado, a implementação dessa medida só por doenças tabaco relacionadas, o INCA
veio acontecer 3 anos depois da aprovação estimou o custo de doações da indústria do
da lei pois dependia da publicação de um tabaco para formar alianças para obstruir
decreto presidencial regulamentando as medidas para reduzir o tabagismo: “cada
regras para sua implementação.38,39,40,41 200 mil dólares recebidos de doação oriunda
do lucro auferido pelas empresas de tabaco
Considerações finais é equivalente à morte de 14 pessoas”. Esse
Esses fatos ilustram a PNCT como uma é o preço que se paga em vida humanas
política de enfrentamentos das estratégias cada vez que uma organização ou um
da indústria do tabaco. Não à toa que no legislador ou oficial de governo coloca seu
preâmbulo da CQCT seus Estados Partes prestígio ou sua função pública à serviço de
reconhecem “a necessidade de manter fabricantes de cigarros.44
a vigilância ante qualquer tentativa da
indústria do tabaco de minar ou desvirtuar A lei antifumo de São Paulo demonstra
as atividades de controle do tabaco ...” que o principal remédio para o tabagismo
não é vacina, nem antibióticos e sim vontade
E por meio do artigo 5.3 da CQCT, política e determinação no enfrentamento
seus Estados Partes assumem a obrigação do lobby obstrucionista da indústria do
de proteger suas políticas de controle do tabaco.
tabaco da interferência da indústria do
REFERÊNCIAS
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Observatório da Política Nacional de Controle do
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87
10 anos da Lei Antifumo

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10 anos da Lei Antifumo

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saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/na-imprensa/ públicas de controle do tabagismo – Rio de Janeiro:
programa-antifumo-sera-ampliado/amp/ INCA, 2017.http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/
32. Responsabilidade Social.15/01/2013. Entrevista livro-conicq-artigo5.3.pdf
com Mônica Andreis diretora da Aliança de Controle Tânia Maria Cavalcante, MD, MSc, PhD
do Tabagismo. http://www.responsabilidadesocial.
com/entrevista/monica-andreis/ Secretaria Executiva da CONICQ/ Instituto
Nacional de Câncer/Ministério da Saúde.
33. Cavalcante TM, Pinho MCM, Perez CA et al
Brazil: balance of the National Tobacco Control
Rua do Resende 128, Rio de Janeiro, RJ 20231-
Policy in the last decade and dilemas. Cad. Saúde 092, Brasil. conicq@inca.gov.br
Pública 33 (Suppl 3) 21 Sept 2017 https://scielosp.
org/article/csp/2017.v33suppl3/e00138315/en/
34. Folha Vitória 23/9/2011 Medida provisória
pode derrubar lei que proíbe fumo em locais
fechados. http://www.folhavitoria.com.br/politica/

89
10 anos da Lei Antifumo

Resultados dos 10 anos de


fiscalização da Lei Antifumo
N° Total de Inspeções do Tabaco por GVS (7/5/2009 a 30/5/2019)
01 - CAPITAL 278.345
07 - SANTO ANDRÉ 215.978
17 - CAMPINAS 138.762
24 - RIBEIRÃO PRETO 119.540
29 - SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 108.907
25 - SANTOS 100.076
31 - SOROCABA 79.608
18 - FRANCA 79.469
10 - OSASCO 74.714
33 - TAUBATÉ 66.945
21 - PRESIDENTE PRUDENTE 58.794
15 - BAURU 57.714
11 - ARAÇATUBA 57.077
27 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 56.510
19 - MARÍLIA 53.161
08 - MOJI DAS CRUZES 52.990
16 - BOTUCATU 50.853
14 - BARRETOS 48.390
12 - ARARAQUARA 45.636
26 - SÃO JOÃO DA BOA VISTA 45.280
13 - ASSIS 41.956
30 - JALES 39.344
28 - CARAGUATATUBA 36.290
23 - REGISTRO 33.910
20 - PIRACICABA 32.670
32 - ITAPEVA 32.571
22 - PRESIDENTE VENCESLAU 32.050
09 - FRANCO DA ROCHA 13.320
0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000

Fonte: SITE CVS - Sistema da Campanha Ambientes Saudáveis e Livres do Tabaco e da Política Estadual de Restrição ao Consumo de
Bebidas Alcoólicas por Menores de 18 anos de idade

90
10 anos da Lei Antifumo

N° Total de Autuações do Tabaco por GVS (7/5/2009 a 30/5/2019)


01 - CAPITAL 1.314
07 - SANTO ANDRÉ 427
25 - SANTOS 383
17 - CAMPINAS 324
29 - SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 218
12 - ARARAQUARA 189
24 - RIBEIRÃO PRETO 184
33 - TAUBATÉ 177
16 - BOTUCATU 170
08 - MOJI DAS CRUZES 153
27 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 139
26 - SÃO JOÃO DA BOA VISTA 135
31 - SOROCABA 126
19 - MARÍLIA 94
18 - FRANCA 93
30 - JALES 69
15 - BAURU 54
14 - BARRETOS 52
11 - ARAÇATUBA 48
32 - ITAPEVA 47
28 - CARAGUATATUBA 43
21 - PRESIDENTE PRUDENTE 36
22 - PRESIDENTE VENCESLAU 35
13 - ASSIS 31
23 - REGISTRO 27
09 - FRANCO DA ROCHA 24
20 - PIRACICABA 18
10 - OSASCO 16
0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Fonte: SITE CVS - Sistema da Campanha Ambientes Saudáveis e Livres do Tabaco e da Política Estadual de Restrição ao Consumo de
Bebidas Alcoólicas por Menores de 18 anos de idade

N° total de denúncias recebidas pelo 0800 no


período de maio de 2009 a maio de 2019
9.000 8.543
8.000
7.100
7.000
6.000
N° de Denúncias

5.000
4.040
4.000
2.976
3.000
2.095
2.000 1.432
1.054 1.052
1.000 733 622
275
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Ano
Fonte: Disque Denúncia 0800-771-3541

91
10 anos da Lei Antifumo

N° E % DE INSPEÇÕES POR REGIÕES NO MUNICÍPIO


DE SÃO PAULO
(7/5/2009 A 31/5/2019)

Zona Norte
Centro 38.900
63.852 14%
23%

Zona Oeste
Zona Sul
31.328
90.244
11%
33%
Zona Leste
51.150
19%

Fonte: SITE CVS - Sistema da Campanha Ambientes Saudáveis e Livres do Tabaco e da Política
Estadual de Restrição ao Consumo de Bebidas Alcoólicas por Menores de 18 anos de idade

N° E % DE ESTABELECIMENTOS AUTUADOS (TABACO)


POR REGIÕES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
(7/5/2009 A 31/5/2019)

Zona Norte
Centro 231
321 18%
24%

Zona Sul
Zona Oeste 295
180 23%
14%
Zona Leste
276
21%

Fonte: SITE CVS - Sistema da Campanha Ambientes Saudáveis e Livres do Tabaco e da Política
Estadual de Restrição ao Consumo de Bebidas Alcoólicas por Menores de 18 anos de idade

92
10 anos da Lei Antifumo

N° E % DE ESTABELECIMENTOS AUTUADOS POR TABACO SEGUNDO TIPO


DE ESTABELECIMENTO (CNAE*)
(7/5/2009 A 31/5/2019

Bares e outros
estabelecimentos
especializados em servir
Outros bebidas
1.590 1.568
34% 34%

Tabacaria
128
3%

Com. varejista de
mercadorias em geral,
com predominância de
Lanchonete, casas de chá,
produtos alimentícios -
de sucos e similares
minimercados, Restaurantes e similares 756
mercearias e armazéns 442 16%
144 10%
3%

(*) CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas


Fonte: SITE CVS - Sistema da Campanha Ambientes Saudáveis e Livres do Tabaco e da Política Estadual de Restrição ao Consumo de
Bebidas Alcoólicas por Menores de 18 anos de idade

93
A Lei Antifumo é uma conquista da saúde pública paulista da qual participaram muitos
colaboradores. O Centro de Vigilância Sanitária dedica esse espaço para um sincero
agradecimento a todos que trabalharam incansavelmente para que o estado de São Paulo
alcançasse seu objetivo, ou seja fosse pioneiro na adoção e fiscalização efetiva de uma
legislação que impacta positivamente na saúde da população.
Nosso muito obrigado!
Abimael Teodósio da Silva Ana Lúcia Spagnol Bose Audir Antonio Cominetti Claricio Ramos de Oliveira
Abner Henrique Souza Alves Ana Luiza Chieffi Augusto Américo de Araújo Clarinda Okamoto
Acácio Xavier Coutinho Ana Maria Cavioli Avelino Bento Carvalho Claudete Alves de Lima
Adalvima Lopes Torres Ana Maria Frontino Soares Bárbara Regina Mendes Claudete Regina S. Bandeira
Adamilton Souza de Oliveira Ana Maria Gomes de Miranda Beatris Prandi Cláudia Cardoso Aurichio
Adão Berto da Silva Ana Maria Pongeluppe Santos Beatriz Ap. da Silva Cláudia de Azevedo Sodré
Adeir B. Santos Ana Paula Atayde Setti Beatriz Ferreira Sá Molinari Claudia Leal de Roberto
Adélia Ap. de L. Multini Ana Paula Cuccio Bebiana Dias Guimarães Claudia Maria R. do Amaral
Adelino Domingues Ana Paula Mazucco Prina Benedito Pedro da Silva Filho Cláudia Maria V. da Glória
Ademir da Silva Bueno Ana Paula Nardo Silva Benedito Roberto A. dos Santos Claudia Regina C. Hazoff
Adevaldo Bispo Varjão Ana Paula Polveiro da Silva Bianca Tomé Monteiro Claudia Regina Polidoro
Adilson Rodrigues A. de Souza Ana Paula Soares da Silva Bianca Vilas Boas F. Raposo Claudinei Luiz dos Santos
Adolfo dos Santos Ana Roberta Pires Nalesso Breno José da Silva Claudinei Moura Nehme
Adriana Carla S. Nogueira Ana Rute Caldeira Camila de Carvalho Brito Cláudio Cesar Vechi
Adriana Cristina de Carvalho Ana Teresa da S. M. Andreeta Camila Dias Nakazaki Claudio Ferreira
Adriana Cristina Secafim Anderson de Souza Landim Camila Fernandes Miguel Claudio Isamu Ichinose
Adriana Dijan Queiroga Anderson Pimenta Duarte Camila Matos Muniz Cláudio José A. de Lima
Adriana dos Santos Carneiro André Duzi Camila Ribeiro Saturno Cláudio Larocca
Adriana Evangelista Diaz André Emilio Camila Silva Tavares Claudio Luis Arena
Adriana Fátima Biscegli André Ferauche Carina Aparecida L. Couto Cláudio Martins de Araujo
Adriana Kazumi Iwaki Uyeda André Fernandes Silva Carina Roberta Minc Claudir Alves da Silva
Adriana Maria T. Fonseca André Luiz de Souza Carla Das Virgens Caiado Clayton Marcelo C. de Castro
Adriana Silva Monção Barros André Luiz Ferraz Flor Carla Dias A. do Prado Clayton Martins Gonçalves
Adriana T. M. Argondizio Andrea Barbosa Boanova Carla Pascoal Carranca Cleber Rogério R. Domingues
Adriano Appolinario Gonçalves Andréa Cristina G. de Matos Carla Regina de M. Pompeo Clélia Ap. Masson Scatena
Adriano Cesar Martins Andrea da S. Souza Sanchez Carlos Alberto de Lima Izidoro Cleni Dombroski Leal
Adriano Edson Lourenço Andrea de Veras Carlos Alberto G. Ribeiro Clênio dos Santos Silva
Agenor Garcia Andréa Isabel da S. Thome Carlos Alberto Nahas Clóvis Claudino
Agnaldo Rubens de Souza Andréa Márcia S. Palhares Carlos Augusto M. Coscarelli Clovis Rasteli Junior
Ailton Catreus de Freitas Andrea Maria G. V. Consolino Carlos Brum Conceição Ap. M. Bottiglieri
Airton dos Santos Freitas Andréia Cristiane C. Alves Carlos Cesar Siqueira Conceição Aparecida Kelm
Airton Raimundo dos Santos Angela Aboud Silva Alves Carlos Eduardo F. de Moraes Cristiana Aparecida Azzolini
Alahyr Ferreira da Cruz Junior Angela Madalena M. Gogliano Carlos Everardo Alves Filho Cristiane Carlin Passos
Alba Ferreira da Silva Furtado Angela Maria Roque Palma Carlos Fernando V. Alves Cristiane de Oliveira
Alcides Sampaio Junior Angela Regina O. Serrano Carlos Leda de Araújo Cristiane Maria T. Rezende
Alda Maria Pequeno Costa Angela Silvia Appendino Carlos Magno Silva Junior Cristiane Moura Veríssimo
Aldrey Cintia Sgorlon Lacerda Angelita Vale O. Igomes Carlos Moure de Held Cristina da Silva Marins
Alessandra de Oliveira Marinho Aníbal Macario Novaies Carlos Roberto A. da Silva Cristina E. M. Shimabukuro
Alessandra Guerra Sampaio Anna Claudia F. Del Nero Carlos Roberto M. Sanches Cristina Maria de A. R. F. Pinto
Alessandro Trucolo Voinichs Anselmo de Souza Sabino Carlos Roberto Pereira Cristine Pereira P. Silva
Alexandra Akemi Duarte Aiasi Antenor Ricardo Benetti Carlos Roberto R. de Oliveira Dagmar de Mello
Alexandra Damaso Fachini Antonia da Luz Oliveira Carlos Yurio Shiota Dalila Maschio de Andrade
Alexandre A. H. A. Cavalheiro Antonio Alonso Carmem Maria Abude Dalmir Forni
Alexandre Gomes Lopes Antônio Carlos Afonso Ruas Carmen Fernanda R. Sozim Daniel Bandeira Ribeiro
Alexandre Minhoto Antonio Carlos de C. Costa Carolina Campos Coppieters Daniel Mendes Marcelino
Alexandre Polli Beltrami Antonio Carlos de Matos Carolina Maria Lopes Daniel Pedro da Silva
Alexandre Rodrigues Vianna Antonio Carlos dos Santos Carolina Ozawa Daniel Watanabe Rodrigues
Alexandre Tomaz Antonio Carlos Salamanca Carolina Ribeiro D. Lisboa Daniela Arnaiz Beluda
Alexandre Zangrossi de Paula Antônio Feliciano Caroline Bruhn Daniela Ferreira Dias Batista
Alfredo Assunção Antonio Fernando Loli Caroline Wolter Daniele Ares Cavalcante
Aline Bentivoglio N. Simionato Antonio Jose Beordo Cássia Regina F. Gouvêa Daniele Cristine Assi
Aline de Souza Bezerra Antonio Mauro C. Rodrigues Cecília de Assis M. dos Reis Danielle Dantas Marques
Aline Machado Cespedes Antonio Ramos Lombardi Celeste Aparecida da Silva Danilo Venceslau Ferrari
Aline Shimamoto Antonio Vicente da Purificação Célia Maria Regis Constantino Darcy de Paula F. da Silva
Aline Thimotio Aparecida Alves Marton Célia Maria Vallada Darly Ponciano Lemes
Almir Jonas Aparecida Creusa Machado Celina Ayako Kawakami David Andrade Macedo
Almir Tadeu Francisco Aparecida Lourdes Z. Almeida Celma de Fatima dos Santos David Oliveira dos Santos
Altino Lutti de Brito Aparecida Regina Jacob Celso Alves da Silva Débora Arruda de A. Ribeiro
Amalia Cristina Wilde Aparicio Cesar Gerotto Christiane Meirelles da Silva Debora Canton Tavares
Ana Claudia Brentzel Silva Arlete Rachid Reino Christina Aparecida Furlan Debora Cristina Bussoni
Ana Cleide R. U. Ribeiro Arlete Rodrigues de Barros Cibele Baccili R. Liggieri Debora Iolanda C. dos Santos
Ana Lúcia Corrêa G. Bin Armando Eurico Stocco Cintia Cardoso Melani Debora Lucia Maschio
Ana Lucia Kenickel Vasconcelos Arnaldo Porto Cíntia Cristina S. Macarenco Décio Bernardo
Ana Lúcia Lemos de R. Osinski Arthur Oswaldo Franson Filho Ciro Alexandre G. S. de Souza Delaías Santos Raimundo
Ana Lúcia Soares Meneses Artur Katushi Oride Clarice Velloso Barbos Denise dos Santos Passarelli
Denise Mair de M. E. Souza Elisabeth dos Santos Parise Francisco Galvão da Silva Ivan Rafael Andolfi Rolim
Denise Mendes Ribeiro Elisabeth Maria D. da S. Jalbut Francisco Gil Mortol Filho Ivanilda Mendes
Denise P. da F. Piccinini Eliza Keiko Oda Moroi Francisco H. S. Nascimento Ivonilda Alves Galdino
Dianna Isaura Antonioli Eliza Yoshie Higashi Francisco José Alves Izalco N. P. dos Santos
Dilce de Morais Elizabeth Aoyama Francisco José Monteiro Filho Jacileni Tiziani
Dinis Nunes da Silva Elizabeth Ferreira Rocha Gabriel Goto Escudero Jaime Torrecelha
Diógenes Donizete Silva Elizabeth Malavasi Gabriela Drem Picolo Jair Jose da S. Junior
Dione Ivo Brito Elizabeth Maria Pucciarelli Gabriela Valenciano James Gonçalves Belchor
Dionisio José de Lira Elizabeth Nascimento Clemente George Hamilton Canuto Janaina Jorge de Carvalho
Dirce Toshie Katayama Elizabeth Rodrigues R. Fontão Georgia Michelucci Janderson Gonçalves
Dirceu Aparecido Altiere Elizangela Guarda da Silveira Geralda Luciene Costa da Silva Janete do P. A. Navarro
Djalmir Gonçalves dos Reis Elizeu Diniz Gerson Augusto Benites Enciso Jenifer Nicoletti
Domingos Daniel Galdino Ellen Cristina C. Grangeiro Gerson Serafin Jeronimo T. de S. Neto
Domingos G. Azevedo Oliveira Eloina da Silva Gilberto Alves Chagas Joana Soleide Dias
Domingos Savio de Castro Elvis A. P. Correia Gilberto Aparecido de Paula João Aparecido R. Lemes
Donilson Francisco Rosa Elza Rossetti Mendonça Gilberto Araújo João Batista Martins Tonon
Donizete de Souza Emiliano Martinez Ande Gilberto Domingos Simões João Borges
Doreli Soares T. dos S. Almeida Emma Valéria Marchiori Gilberto Pinto de Faria João Bosco C. Marques
Doroti Gomes Cavalini Enio Santos Silva Gilberto Ribeiro Pereira João Carlos Sanches Morassi
Dulcinea G. M. M. C. Malthez Erica Andrea Piatto Gilberto Teixeira Barbosa João de Oliveira Lemos
Durval de Castro M. Filho Erica Barbosa Lorenz Gilmar Aparecido de Almeida João Francisco de Franco
Edilene Ap. Conde de Oliveira Erica Guludjian Gilmar Sanches João Francisco M. Bertogna
Edilson César Dias Érica Regina Scagnolato Gilson da Silva João Gilberto P. Pereira
Edilson de Melo Ericson Accacio de Oliveira Gisele de França Oliveira João Lucas Érnica
Edimilson Rosa de Lima Erika Andressa do Nascimento Gisele Lauer Murta João Luiz de Andrade
Edineia M. Carvalho Silveira Érika Shinohara Gisele Toledo Orlandelli João Mazzini
Edisson Massaride Kohatsu Esmeraldo Ramos Giselle Bertagna Rezende João Nascimento de Jesus
Edivaldo da Costa Lima Estefeson Augusto Braga Gois Giselle de B. N. Abi Karam João Paulo Prada Nascimento
Edna Aparecida Pastorelli Estela de Oliveira Baltieri Gislene M. de O. Tammerik João Tadeu Amorim
Edna Correa Clares Esther de Andrade Condé Silva Gislene Maria Oliveira Luz Joaquim Soares Ribeiro Neto
Edna Maria Baccaro Domingos Euclides Paulo de O. Santos Giulliano Augusto D. Oliveira Jobson Pereira de Souza
Edna Shizue Majima Eunice Mistilides Silva Givanildo Ferreira Tavares Joel Arantes de Souza
Edson Aparecido dos Reis Evandro Oyama de Oliveira Glauber Alvarenga Ribeiro Jonas Pereira Ribeiro
Edson Benedito Piveta Fabiana Rossi Valia Gláucia Cristina R. Umezu Jorge Burger Neto
Edson Celestino Fabiana Viturino Re. Silva Graziela Gon da Silva Jorge Hidalgo
Edson Gonçaves Morais Fabiano de Oliveira Lemos Guilherme Faccione Gomes Jorge Jesus da Silva
Edson Luiz Boni Fabio Adati Hatano Guilherme José Garrido Jorge Tomogi Miyazato
Edson Paz da Silva Fábio Eduardo Oliveira de Cavarlho Günter Michael Grimm Jorge Vernik
Eduardo A. de Gouveia Junior Fábio Izolino M. de Andrade Gustavo Santos Mello José Alecssandre de Queiroz
Eduardo Alves Fabio Leopoldino dos Santos Hamilton Jose Ferreira José Antonio R. Guimarães
Eduardo Antonio Duarte Fábio Pelúcio Camara Hamilton Reis José Antônio Rodrigues Porto
Eduardo Cury Fábio Reis Harley de Oliveira Moraes José Aparecido Crespolini
Eduardo da Costa Ramos Fabiola Lourenço Otero Haula M. A. Chaaban José Aristeu Ferreira
Eduardo Dulcidio Marinho Fabricio Zerves Hedianni Faioli Rogério Jose Carlos Campos Guerra
Eduardo Ferreira Ribeiro Fatima Aparecida Diz Helena Brazão Gerencer José Edson Scotton
Eduardo Francisco Pinto Fátima Cristina Arap Garciov Helena Hayakawa Chawat José Fernando B. Marcondes
Eduardo José da Cunha Filho Fátima de Paula Toni Helena Márcia B. Nascimento José Francisco S. T. Decarlis
Eduardo José M. Mescolotti Fátima Ferreira dos Santos Hélida Lyliane Vaz Siqueira José Geraldo da Mota
Eduardo Moraes de Oliveira Fátima Kazuko Sakuma Hélio Aparecido Daniel José Geraldo da Silva
Eduardo Nicola Fátima Maria R. Torres Heloisa M. de P. L. Zanotta José Geraldo Lupato Conrado
Eduardo Rodrigues de Oliveira Fátima Portella R. Martins Henrique Lunetta Junior José Guilherme F. Gouvea
Egmar Francisco Gonçalves Fatima Regina R. Soato Hércules Ferreira da Fonseca José Jorge Santana Filho
Elaine Aparecida A. Claro Felicio Olivalde de Carvalho Hermano Silva Albuquerque José Leonel Dias
Elaine Atanes de Jesus Felipe Fernades Marins Hilda Dolores Guerra Diniz José Luis Bastos de Almeida
Elaine Cristine D´Amico Felipe Lino de Oliveira Hilma Araújo dos Santos José Luiz de Oliveira
Elaine Sá de Andrade Targa Fernanda de Assis Martins Humberto Celso de Oliveira Jose Luiz Lançoni
Élcio dos Santos Ramos Fernanda Garcia Humberto M. Silva Reis José Marcos Amaro
Elena Vigliar Fernanda Medeiros Ida Rosangela P. Fernandes José Marcos Capellasso
Eliana da Silva Pinto Fernando Aurélio Hoff Idevan Ferraz da Fonseca José Marcos de C. Esteves Filho
Eliana de Andrade Camargo Fernando Gonçalves Cervantes Idinei Luiz Prado Junior José Maria Barros Vieira
Eliana Leonardi Martins Fernando Jimenez Júnior Igor Apanavicius José Mário Monteiro Braga
Eliana Miuki Takemoto Fernando José Aguas Igor Nunes de Oliveira José Nunes dos Santos
Eliana Sales das Dores Fernando Pimentel Ilda Marcia Buratti José Ricardo Bastos
Eliane Heleno de Oliveira Fernando Ramos de Queiroz Inajá Mendes Bica Coutinho José Ricardo Santos
Eliane Klienchen de Maria Fernando Roberto C. Procópio Inês de Fátima André Abílio José Roberto da Silva
Eliane Maria M. Mancilha Fernando Signorelli Inês Ferraz Pena José Roberto dos Santos
Eliane Sá de Andrade Targa Fernando Silva Iraty Nunes Lima José Silvio Martins
Eliane Salvadego Anichiárico Flávia Alvarez F. Caramelo Irene Maria T. Campos José Tavares de Oliveira Junior
Eliane Sati Nishimura Flávia Biet Irineu Carlos V. das Chagas José Ventura da Silva
Eliane Suzeli Lobo Devides Flávia Lins N. de Jesus Irineu Thomaz Jose Wilson Cussolim
Elias Carlos Daccache Flávia Madureira Malta Iris Silvério da Silva Juliana Cabral F. de Oliveira
Elias Cecílio Neto Flávio Bracale Brandespim Isabel Cristina T. Silva Juliana Galvão Pinho
Eliberto Delgado Flávio César Barbosa de Souza Isabela Alvarenga Lopes Juliana Mendes Rocha
Elieber de Oliveira Flavio Luiz Damas Silva Isabela Ortega Juliana Nogueira Schiavon
Eliete Alves de Lima Castro Flávio Pereira Itamar Martinez Juliana Oliveira Antunes
Elio Cardoso Florize Malvezzi Ivan de Oliveira Verri Juliane Bento M. de Lima
Elisabeth Cardoso Queiroz Francisco Felipe Rodrigues Junior Ivan Pereira Machado Jussara Guarize
Kariman de Souza Brandão Luiz Carlos da Silva Maria A. C. G. M. Regatieri Mario Okada
Karina Elias de Souza Costa Luiz Carlos Franco da Silva Maria A. M. G. de Oliveira Mario Ramos de Paula e Silva
Karina Nakasone Luiz Carlos Marono Maria Angela K. de S. G. Tenis Marisa Aparecida C. Lima
Karoline Oliveira de S. Araújo Luiz Claúdio da Silva Maria Angélica Ide Marisa Correa e Silva
Kátia Regina de Souza Luiz Corazza Maria Aparecida B. de Oliveira Maristela Ferreira de S. Moreira
Kátia Regina Soares dos Santos Luiz Eurípedes de Carvalho Maria Aparecida da Silva Marizete Medeiros da C.Ferreira
Kazue Ap. Y. Hanashiro Luiz Francisco P. de Moraes Maria Aparecida de O. D’onofrio Marla C. Morais Barbosa
Kelly de Lira Capatto Luiz Gustavo Campos Barbosa Maria Aparecida de O. Luiz Marli Yukie Arioshi Sanches
Kelly Gomes de A. V. Privitera Luiz Gustavo Vieira Martins Maria Aparecida N. Pereira Marluce Barbosa Alves
Kerry Haroldo de Oliveira Luiz Izidoro Messiais Junior Maria Aparecida Reis Barbosa Marluce Dantas
Kildare Wagner Sabbadin Luiz Marcelo Prestes Maria Aparecida Rigolin Bruzon Marly Ines dos Reis M. Garcia
Kiyoto Izumida Luiz Nery Neto Maria Aparecida V. P. Almeida Marly Lopes
Kleber Pereira dos Anjos Luiz Sérgio Valentim Maria Augusta Pontes Cardoso Marta Cassis Aur
Laercio Godinho Teixeira Luiz Ubirajara O. de Barros Maria Cândida Pires Schimidt Marta Cristina F. da S. Camillo
Laerte Aparecido Berto Lutero Bitar Vasconcellos Maria Carolina Formazari Golla Marta Schiavone C. de Andrade
Laerte Baldissera Luzia Maria Belo Maria Claudia A. C. S. Gara Marta Virgínia L. Sanseverino
Lana Cristina S. Daibs Luzia Raimunda de O. M. de Sá Maria Cristina Megid Martha Virgínia G. Machado
Laura Gouvea M. de Ornellas Madalena Aparecida Gama Maria Cristina Nogueira Nakano Mary Camargo Monteiro
Leandro de O. Nascimento Magali Pigari Prata Maria Cristina Rubini Teixeira Mary Estela R. Rister
Leandro Rodrigues G. Pires Magda de Souza Costa Maria Cristina V. Carloni Mary Onishi
Leila Clara B. Rudnytskyj Majorie Cristina C. da Costa Maria D. Cavalcante Luciano Mary Rose L. Moreira
Leila Regina Ladeira Cordeiro Manaceis Lima de Souza Maria da C. S. F. Durante Maura Pellegrini Grama
Leila Viviane de Andrade Manoel B. de Lara Junior Maria das Graças David Raiz Mauricio A. de Assumpção
Leonardo dos Santos Almeida Manoel Ibeapino de Oliveira Maria das Graças R. B. M. Vieira Maurício Ferraz M. de Souza
Leonardo José dos Santos Manuel Afonso Pereira Maria das Graças S. dos Santos Maurílio Messias De Araújo
Leonardo Mauricio Favero Mara Cristina Marangoni Maria de Fátima D. de Almeida Mauro Guilherme N. de Freitas
Leonardo Peres C. de Andrade Mara Lúcia Pelinsoni Soler Maria de Fátima F. Teixeira Max Hyppolito Barnabe
Leonardo Peterson Borges Mara Rubia Pereira Maria de Fátima Jollo Maximiano Jorge Cavalheiro
Leôncio Ap. de A. Rodrigues Marcela Wagnwe Rodrigues Maria de Fátima S. Caetano Mayara Oliveira Gomes
Leonor Simão Lisboa Marcello de Souza Magnani Maria de Fátima Timóteo Mécia Cristina R. Batata Lopes
Leopoldo Fernandes da Rocha Marcello Villaneuva Maria de L. G. de O. C. Rosas Melchisedc de Salem Felix
Lia Corbe Arruda Marcelo de Oliveira Maria de Lourdes L. F. de Mello Mércia Lopes
Lia Prado Cabrini Marcelo Ferreira Chagas Maria do Carmo B. Gonçalves Michel Aprigio Pregun
Lia Sakiko Nakaie Marcelo Franco F. Mathias Maria do Carmo K. Hornell Michel Reche Bevaldo
Licas Hernandes Corrêa Marcelo Gonçalves Pellegatti Maria do Carmo Toledo Michelle Drobnicki
Licia Mara Catapreta Bulk Marcelo Guelbali Lopes Maria do Socorro de Oliveira Michelle Maria Rodrigues
Ligiane Serrano Yoshitomi Marcelo Libanore Caldeira Maria Edith de Castro Michie Omomo Barão
Lilian Campreguer Bastos Marcelo Ricardo Figueira Maria Elizania R. da Silva Miguel C. Morilhas Filho
Lilian Rose Moschella Santos Marcelo Ricardo Figueiredo Maria Estela Vaz Milene Fernanda S. Moraes
Liliana Renata Torres Cardoso Marcelo Rosa Gonçalves Maria Eugênia Torres Dias Milton Lourenção
Liliane Maria da Silva Marcia Aparecida R. Antonio Maria Fatima G. de O. Brunetti Mirella Nacagami Kanashiro
Lilyan Cristina R. Michaloski Márcia Aparecida Thomaz Maria Feitosa Lacerda Mirene Prieto Afonso
Lourdes Brasilina Inglez Marcia Cristina A. S. Zerbinatti Maria Fernanda Calixto Gomes Miriam Aparecida dos Santos
Lourinaldo Cordeiro Alves Márcia Cristina Cury Bassoto Maria Fernanda Ielo Biondi Mirian Lippolis
Lourivando Rodrigues Cordeiro Marcia de Oliveira Maria Helena Castro R. Passos Moacir Melani
Loyde Rodrigues L. Machado Marcia de Oliveira Roza Maria José Faria Fernandes Moíses Mendes
Luana Gimenez Lopes Marcia de Paula C. Ignacio Maria José Hernandes Castro Monica Aparecida F. Grau
Luana Teixeira Neves Marcia Elena Simal Fante Maria Letícia B. da Silva Mônica D. Moreira
Lucas Garcia F. de Souza Marcia Fortini de Almeida Maria Lúcia Brinholi Peigo Mônica Dolaval Leotta
Lucas Rocha Araujo Marcia Maria da Silva Maria Lúcia Carinzio Mônica G. M. S. Narbutis
Luci Viegas de Carvalho Márcia Micuci Beltramelli Maria Lúcia L. de M. Hossri Mônica Godinho Ribas
Lúcia Helena H. de Carvalho Márcia Peçanha Gonçalves Maria Lúcia Portes Mônica Maria de B. C. Liguori
Lúcia Miyako Miura Anzai Marcia Ramos da Silva Maria Olimpia Franco Monica Nicolas B. Guimarães
Lúcia Peres Guimarães Márcia Sayuri H. Hosaka Maria Ondina V. Marques Mônica Perin Diez
Luciana Anicezio Marcia Vital de Carvalho Maria Paula Rinaldi Mônica Regina Venancio Brito
Luciana Aparecida Dantas Márcio Cesar Areias Bravo Maria Rodrigues Bento Nádia Maria M. Meireles
Luciana Bulgaro de Carvalho Marcio Kuroiwa Maria Teresa Meireles Leite Nadine Louzada Ferreira Khan
Luciana Cristina de Morais Márcio Marcucci Maria Terezinha Carbello Nadir Rosa dos Santos Campos
Luciana Ferreira Fontes Marcio Reis Salles Maria Virgínia J. Morelli Nadja Maria Alves
Luciana Haber Crespin Marco Antonio Antunes Maria Viviane Ficher Naldo José Alves Filho
Luciana Ludmila N. de Freitas Marco Antonio C. Santos Maria Zilda Carlos Nanci Aparecida Fornazaro
Luciana Raguzza Marco Aurélio C. Fazan Mariana Dias Nancy Marçal Bastos de Souza
Luciano Augusto Marco Aurélio F. da Silva Mariângela Guanaes B. da Cruz Natália Aparecida de Oliveira
Lucieni Cristina T.Moreti Marco Polo Baptista Mariangela Mucarsel Linhares Natalia Hallam N. de Paula
Lucila Angela S. B. de Faria Marco Roberto Sandoval Marilda Dias da Silva Neide S Takahashi
Luis Antonio Murani Pereira Marcos Adriano de C. Marcello Mariluci de Paula Orlando Nelson Pinto da Silva
Luis Antonio Zanuto Marcos Alberto Bergamasco Marilyn Bueno de Camargo Neusa Ap. da Cunha Moura
Luis Carlos Aleixo Marcos Fernandes Marilza de Fátima L. da Silva Neusa Haruko Tosawa
Luis Carlos de Moraes Marcos Henrique de Jesus Marilza Mariotti Neusa Maria da Silva
Luís Eduardo de Paula Pinto Marcos Mendes da Silva Marina G. da M. Rodrigues Neusi de Oliveira Rolim
Luis Fernando A de Oliveira Marcos Paulo Tebaldi Marina Peres S. Lacerda Newton Naoyoshi Miyasaki
Luís Sérgio Parada Sobrinho Marcos Silveira de Abreu Marina Rebolho Nicácio Silva Florêncio
Luisa Aparecida S. A. Ragio Marcus Aurélio R. Ronzani Marina Resende Diniz C. Poço Nicolas Aguiar Gonçalves
Luiz Alberto B. Carneiro Margarete Beloni Marina Ribeiro da Silva Nilce Angela Coraça
Luiz Antonio da Silva Margarete S. de O. Marques Mário César L. do Nascimento Nilda Xavier de B. e Silva
Luiz Antonio Lopes Margareth Cristina Borghi Mário dos Santos Nilson Alves de Oliveira
Luiz Antônio Valente Margareth José Dias Mário F. de O. Colnago Nilson Betarelli
Nilson Marcelino Costa Renato Augusto de Oliveira Sandra Maria E. M. Vergili Thais Greger Tavares
Nilza Ferreira das Neves Renato Barbosa Maurer Sandra Pavelqueires Thais Helena Takahashi Iodes
Nilza Gimenez Pivetta Renato Eduardo de O. Rot Sandra Puzzuoli Thatiana de Barros Stellato
Nivaldo Nicolli Renato Losada Martins Sandra Regina Alves Ramos Thelma Regina Paschoal
Odymara Elaine N. Faya Renato Ruy M. de Araújo Sandra Regina Damas Silva Thiago Augusto do Nascimento
Oliviane Ap. A. Parizoto Renato Torres Ferreira Sandra Regina Morandim Thiago dos Santos de Souza
Ondina Terezinha D. Galerane Renato Valcazara Sandro Lima Coelho Umberto Ghilarducci Neto
Oriana Ribeiro Baião Ricardo Dias Erguelles Sandro Rogério A. Oliveira Vagner Luis Sedenho
Oriedson de Freitas Oliveira Ricardo Francisco de Paula Saulo do Carmo Alves Valdeci Bernades
Orineu Tridapari Ricardo Gomes Lasquevite Sebastião Claudino S. Ribeiro Valdeci José dos Santos
Osmar Antunes Junior Ricardo Gomes Lopes Sebastião Rodrigues Duran Valdelice Santos Oliveira
Osvaldo E. Aquilar Júnior Ricardo Luiz Lorenzi Sérgio A. Werneck de Almeida Valdemar Alves dos Reis Junior
Osvaldo Rorato Ricardo Monteiro Ribas Sérgio Antonio Santos Neves Valdemir Almeida Santos
Oswaldo Antonio Ricardo Nunes Garcia Sergio José dos Reis Valdenio Gomes Acioli
Oswaldo Batista Leal Ricardo Soares Shirlei Lukachak Valdete Ap. de Souza Silva
Patricia Ap. de Oliveira Ricardo Vieira da Silva Shirley Coffacci Valdir Alves
Patricia Campacci Silva Rita Angélica F.Ribeiro Sidnei Luciano Z.Ferreira Valdir Boffi
Patricia Maria Bucheroni Rita de Cássia da S. Barbosa Sidney Pascui Valdir Campori
Patricia Teixeira de Lima Rita de Cassia de Souza Sidney Silva Santana Valdir Dias de Carvalho
Patrícia Vera Petrilli Rita de Cássia Dias C. Bacoccini Sidney Tadeu C. Lima Manoel Valdir Tadeu Nonato Tonholi
Patrícia Xavier de A. Nehme Rita de Cássia F. dos Santos Silas Paulo Tavares Valdirene Cardoso C. Vidal
Paula Ramos Esmanhoto Rita de Cássia M. de Oliveira Silmara Amaral Neves Grassi Valéria Cunha
Paula Tavares Vigilato Rita de Kássia B. de Jesus Silmara de Fátima Buzo Valério Aparecido Benze
Paulo Aquira Ueda Roberta Lopes Junqueira Silmara de Fátima M. Scavassin Valério Mauricio Pinto
Paulo Cesar D. da Costa Roberta Mora D. de Aguiar Silmara Marques Duran Valeska Albin Zanetti
Paulo Cesar Durante Roberto Andre G. de Góes Silvana Aparecida Parra Belmiro Valmir Ferreira dos Reis
Paulo César Puglisi Roberto Cuchera Silvana da Matta Valter Curimbaba
Paulo César R. Pereira Roberto Gonzalez Alvarez Silvana Marta P. M. Ferreira Valter Luis Golo
Paulo Eduardo C. S. Campos Roberto Grossmann Silvana Moreira de Oliveira Valter Martins
Paulo Eduardo da Silva Roberto Sylvio Gramani Junior Silvana Tognini Vanderlei Carneiro da Silva
Paulo Inacio da Silva Roberto Yokomizo Silvane Valguga Brod Vanduir Alves dos Santos
Paulo Mattioli Junior Rodney Zagato Silvia Aparecida S. Adalberto Vanéia Morato do Amaral
Paulo Moacyr F. dos Santos Rodrigo Antônio N. dos Santos Silvia Aparecida Zucca Vanessa Palota Silva
Paulo Nery Figueiroa Rodrigo Moreira de Sa Silvia de Fátima Souto R. Pereira Vera Lucia Avanso Franzo
Paulo Roberto A. Gonçalves Rodrigo Sebilhano Perenette Silvia de Oliveira Vera Lúcia Charelli
Paulo Roberto Primo Rogerio Dal Col Silvia Moura Frata Vera Lucia R. de Souza
Paulo Roberto Sabino Silva Rogério Jander da Silva Silvia Salla Vera Lucia S. Vitória Sales
Paulo Rogério da Silva Rogério Romeo Nogueira Neto Silvia Valéria Piccoli Victor George P. de Carvalho
Paulo Sérgio da Silva Rogério Yajima Silvia Yuka Iwazawa Vilma Lucia de O. Warner
Paulo Sérgio V. da S. Ferreira Romeu de Paula Simone Alves dos Santos Vilma Paz de Almeida
Paulo Shiguero Takahashi Rosa Maria Cagnone Simone de Cássia Zanutto Virginia Regina de Oliveira
Pedro Carmo de Souza Rosa Maria Rocha Pereira Neves Simone Oliveira da Silva Virla Atallah
Pedro do Carmo Souza Rosa Virgínia Saito Di Tullio Sirley Lopes Vivian Ferrari L. Scaranello
Pedro Luis Neves Rosana Alves Rodrigues Jurado Solange Aparecida Martins Viviane Carvalho
Pedro Luiz Christe Roschel Rosana Aparecida G. Ambrozio Solange Campos Pereira Vladimir Madeira da Silva
Pedro Luiz Villas Boas Rosana C. de L. M. Minharro Solange de Fátima Dellasta Wagner Jose Zanetta
Pedro Paulo Dias Rosana Camillo Solange Garbarz Wagner Zorek
Per Gustav Hornell Rosana de Fátima Lopes Malicia Sônia Benvindo de Medeiros Waldemar Mesquita Neto
Perola Padovani Rosana Donizete P. de Oliveira Sonia Maria de A. Siqueira Wallace Germano Perroni
Peter Gades Rosana Elisa Macedo Ungefehr Sonia Maria de Souza Walquiria Pereira Feliciano
Priscila P. de O. Nichioka Rosana Elisa Sperandio Nazato Sonia Maria Levy Alvarez Walter Moya Rodrigues
Radomir Tomitch Rosana Ferronato Sonia Oliveira Barbosa Wanda Dias Lima Lui
Rafael Adão Buozo Rosana Rogério A. Oliveira Sonia Pagan Souza Cardoso Wander Zauhy Filho
Rafael Adelmo Perdiza Rosana Tabata Suehiro Stefany Mancini Wanete Correia Abrão
Rafael Gonçalves Reinoso Rosane Fátima S. F. Lourenço Stella Maria de Paula Werner Ferraz P. Meyer Junior
Rafaela Sabino da Silva Rosângela Leite Filippo Sudilene Mailho Wesley de Mendonça Rodrigues
Raimundo de Oliveira Roseane Ap. M. Pereira Suelane da Silva Fontes Wilson Aparecido dos Santos
Raíssa Nassif Pereira Roseane Fernandes Improta Sueli Campos Marques Wilson Cesar Dionísio
Raquel Lopes de Oliveira Rosemary Ap. Ferreira Sueli da Silva Wilson Gonçalves da Silva
Raquel P. Caldeira Beraldo Rosemary Aparecida T. Galina Sueli Regina Heitzmann Wilson José do N. Sampaio
Raul Pereira de Araújo Rosemeire Sena Lopes Suely Seiko K. Takaoka Wilson Roberto Faim
Regiane da Costa Campos Rosiléia Santana Suely Vieira Martins Wilson Soares Pinto Ferreira
Regina Célia da M. Conceição Rosimar Minghim Planas Sumiê Nakata J. de Faria Wlamir E. Garcia
Regina Celia dos S. Bernardelli Rosimeire Santiago Susana Marques de Freitas Xavier Amador Neto
Regina Lucia Cardoso Botega Rosinês Maradei Suzy Elaine Nobre de Freitas Yara Lúcia Castro Rousseng
Reginaldo Sprangoski Rosinês Martini Tabajara Benedito S. C. Resende Yara Maria Rosa Goulart
Reinaldo da Silva Rozeli Donda da Silva Taíz Aparecida Martins Bento Zeneide da Silva
Reinaldo de Souza Santos Rubens de Paula Talita Naomi de Oliveira Takaki Zuleida Monteiro da Silva
Reinaldo Nicolli Rute Leme C. C. Pereira Talita Silva Queiroz Zuleika N. M. Grilo Maciel
Renan Bueno Ferraciolli Ruth Maria G. Colletes Faria Tatiana Almeida Mennucci
Renan Milaré Olivio Salvador Gasparino da Silva Tatiana Almeida Valvassoura
Renata de França Lima Samantha Pavão M. Fernandes Tatiana da Costa
Renata de O. Campos dos Reis Sandra Aparecida Castro Telma Cristina Souza Silva
Renata Margutti M. Folkas Sandra Aparecida G. da Silva Teresinha Ap. de Melo Oliveira
Renata Maria de P. F. I. Abdalah Sandra Aparecida Perdoná Tereza C. Avancini de Almeida
Renata Molina Sandra Aparecida Sabbagh Terezinha A. de Souza Dias
Renata Trentim Stevanato Sandra Cristina Balduino Thaís Eleonora Madeira Buti
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Créditos fotos:
Banco de Imagem (p.24,25,46,47,52A,62A,62B)
Maria Rita Negrão de Oliveira - CVS/CCD/SES-SP (p.7,96,97,106,107)
Paulo Cesar Alexandrowitsch - SES-SP (p.31,32,52B,53,99,100,101,102,103,104,105)
SES-SP Divulgação (p.34,38)
Fotos fornecidas pelo autor da matéria (p.55,59,63,64,66,67,68,69,70,71,73,74,75,76,77,78,79,85)

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Secretaria da Saúde

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