Você está na página 1de 1

CIGARROS ELETRÔNICOS: PROIBIR OU REGULAMENTAR O USO ENTRE A POPULAÇÃO BRASILEIRA?

CORTINA DE FUMAÇA

Não há como duvidar de que os cigarros eletrônicos tornaram-se um problema de saúde pública em nosso
país nos dias de hoje. É evidente – ou pelo menos deveria ser – que as inúmeras substâncias químicas encontradas
nos vaporizadores são extremamente nocivas à saúde, tanto quanto o cigarro, fato constatado inúmeras vezes pelas
autoridades sanitárias. Assim, diante desse quadro epidêmico de tabagismo entre os jovens e adultos, medidas para
sua regulamentação tornam-se indispensáveis.

Ao mesmo tempo em que parte da sociedade procura cultivar hábitos saudáveis, outros – infelizmente –
procuram apenas os vícios em detrimento das virtudes, para a total infelicidade de Aristóteles. Então, se estes novos
aparelhos causam tantos riscos à saúde como o cigarro, porque o seu uso é cada vez maior? Isso é simples, chama-se
efeito de manada. Émile Durkheim – em sua teoria do fato social – já diria que o cigarro eletrônico fez-se um fato
social, sendo um objetivo de aceitação e interação social entre os jovens, tendo em vista que o cigarro convencional
adquiriu uma conotação ruim ao longo dos anos. Isso dá a entender que um traz menos riscos que outro, certo? Pois
então, os riscos dos vaporizadores são até maiores por não haver regulamentação para sua fabricação. Entretanto,
ainda insistem em afirmar mentiras e tentar normalizar o seu uso de algum modo, contrariando todas as pesquisas
científicas e colocando em dúvida se o ser humano, realmente, é um animal racional.

Ainda que esse flagelo impere em nosso país, os leitores irão concordar comigo que o melhor caminho está
longe de ser a proibição total nessa situação. Isto pode ser comprovado por meio de dados da própria Anvisa, a qual
relata que a proibição dos vaporizadores, além de não surtir efeito, abriu espaço para o comércio ilegal e sem
controle desses dispositivos – situação semelhante ocorrida no período da Lei Seca dos Estados Unidos. O fato dos
cigarros eletrônicos não serem regulamentados ocasiona um risco maior ainda aos seus consumidores finais, uma
vez que carecem de protocolos sanitários, além do próprio risco do tabagismo – mas acredito que a essa altura, eles
nem se importam mais com esse fato. Ademais, é importante destacar que regulamentar não significa liberar o seu
comércio livremente e, sim, estabelecer um padrão de qualidade evitando maiores riscos à saúde.

Retomando ao início deste texto, está claro que os cigarros eletrônicos ditam uma nova tendência – por mais
bestializadora que seja – entre as massas, sem perceber o perigo que podem causar. Dessa forma, além da
regulamentação desses vaporizadores para instituir critérios sanitários que ofereçam uma segurança para o seu
público-alvo, é indispensável a divulgação de propagandas advertindo o uso desse aparelho assim como foi e ainda é
feito com o cigarro. Portanto, como não podemos remediar o comportamento de manada do ser humano, ao menos
podemos instruir e esperar que façam o uso da racionalidade daqui em diante.

Você também pode gostar