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Inovador. Controverso. Maléfico.

Essas são as diferentes facetas dos cigarros eletrônicos(CE), ou também


popularmente conhecidos “vaping”, que, apesar de recente desenvolvimento e comercialização, já promovem
graves impactos no controle da epidemia tabágica, e, por suposto, até um retrocesso. Nessa perspectiva, a presente
dissertação busca brevemente descrever não só o funcionamento desses “e-cigarretes”, como também perpassar
um panorama sobre os fatores da progressiva adesão do coletivo social por esses cigarros, com foco nas maneiras na
qual esse dispositivo corrobora e estimula o tabagismo, e, por fim, compreender os efeitos prejudiciais do seu uso a
saúde individual e pública.

Primeiramente, vale informar que os dispositivos eletrônicos de fumar utilizam de um sistema de aquecimento
para vaporizar um e-líquido de composição variável. Por esse produto não possuir regulamentação e controle da
produção e, ser vendido majoritariamente de modo ilegal e no espaço virtual, há várias substâncias nocivas em
diferentes concentrações, como nicotina, propilenoglicol, metais pesados e outros a depender do fabricante.
Ademais, aromatizantes e formas de objetos cotidianos são atrativos estratégicos também encontrados. Dessa
forma, essa simples descrição quando comparada com a composição já, exaustivamente, comprovada dos cigarros
convencionais, que possuem mais de 4000 substâncias tóxicas, pode indicar o benefício dos “e-cigarretes”, a menos
que isso não fosse um equívoco. E é com essa premissa dos pseudobenefícios dos cigarros eletrônicos, sejam de
aparente segurança, menor impacto ambiental, aceitação social, dentre outros, que a indústria do tabaco firmada
em escassa comprovação científica, quando não até enviesada, e num intenso propagandismo embasado nos
malefícios do cigarro convencional, vende os CEs como cigarros terapêuticos e glamurosos, uma dita “melhor
opção”.

Sob esse discurso, o público tabagista tem utilizado da substituição parcial ou total do cigarro convencional pelos
eletrônicos na tentativa de cessar o tabagismo, entretanto as poucas pesquisas sobre essa relação cessação-
dispositivo não comprovam sua eficácia nesse processo e aliás, reiteram que o hábito do fumar é perpetuado e, por
vezes, na falsa ideia de menor risco ou por uma melhor aceitação popular, em principal, pela ausência de mau odor,
o tabagista faz a substituição sem intenções de parar em sí com o vício. Por outro lado, adolescentes e jovens
adultos, mediante um ciclo da vida disposto a mais experimentações, sofrem maior influência do “marketing” dos
cigarros eletrônicos e têm se tornado um público cada vez mais usuário do “vaping”, atraídos pelo “glamuor”, pelas
formas e outros atrativos, aparência contemporânea e anuência social. Consequentemente, simular
comportamentos típicos de tabágicos no manuseio e fumo do cigarro e a crescente dependência por nicotina são
fatores que potencialmente tornam os CEs porta de entrada para a experimentação do público juvenil ao cigarro
convencional, inclusive até o uso atual do cigarro convencional.

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