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Saúde
O Brasil mostra grandes contrastes nesta área; enquanto há em algumas cidades sofisticados
complexos hospitalares, em outras não há sequer um médico residente; algumas regiões possuem
centros hospitalares equipados para executar qualquer intervenção cirúrgica, enquanto em outras há
hospitais sem recursos para atendimento de primeiros socorros, ou que são verdadeiros focos de
infecções hospitalares.
A solução para muitos problemas de saúde está diretamente associada à oferta de melhor
qualidade de vida a todos, pois a comercialização de produtos e tratamentos médicos se mostram
apenas como paliativos dessa questão. Disponibilizar novas marcas e serviços sem resolver as
questões estruturais apenas adiam e contornam o problema.
Outro problema também pode ser encontrado na relativa falta de fiscalização de
fornecedores de medicamentos e serviços de saúde, como ilustram os casos de soros contaminados,
mortes de recém-nascidos por infecção hospitalar e falsificação de remédios.
Em que medida é plausível persuadir pessoas a adotarem produtos farmacêuticos, quando a
adoção deveria partir de necessidades específicas de tratamento? Mas há os que defendem a
propaganda de medicamento ético direta ao consumidor, alegando que os doentes crônicos possuem
informação necessária para optar pela marca que mais lhes convier. Mas será que a pertinência de
atingir uma minoria justifica permitir a comunicação massiva de medicamentos? O número de
propagandistas no Brasil em 1999 foi avaliado em 14.600 (Grupemef/2000) e, segundo a revista
ABRAS (junho/99), 40% dos produtos OTC (venda livre) eram comprados por impulso.
Tal como em muitos países, o Brasil investe bastante em ações de marketing e propaganda
de medicamentos (em alguns casos até cerca de 50% do preço final do produto), algo que aliado à
venda indiscriminada de muitos produtos farmacêuticos, inclusive em bares e mercados, incentiva a
automedicação e o agravamento de doenças.
Como as doenças se “sofisticam”, o mercado farmacêutico lida constantemente com
oportunidades para disponibilizar novas marcas. Problemas como obesidade, depressão, anorexia,
ansiedade, obsessão, tabagismo exemplificam como as questões ligadas à saúde são complexas e
dinâmicas, demandando dos pacientes, profissionais de saúde, governo e laboratórios constante
interação e trocas de informação baseadas na responsabilidade social.
Avalia-se a existência de cerca de cinquenta doenças relacionadas ao tabagismo, dentre elas
o enfarte, angina, câncer e doenças respiratórias crônicas, como enfisema e bronquite.
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O tabaco é um produto defeituoso. Mata metade dos seus consumidores [...] Ele mata
5,4 milhões de pessoas por ano, e metade dessas mortes acontece em países em
desenvolvimento. É como um (avião) Jumbo caindo a cada hora.1
Educação
Tal como na área da saúde, o Brasil mostra desigualdades na educação, pois ao tempo que
possui escolas e universidades caracterizadas pela alta qualidade de ensino e pesquisa, também
revela unidades de ensino que nem sequer possuem energia elétrica ou mobiliário básico.
1
Declaração de Douglas Bettcher, diretor da Iniciativa Sem Tabaco, da OMS. CROPLEY, Ed. Fumo pode matar 1
bilhão neste século, alerta a OMS. Agência Estado, Ciência e Meio Ambiente, São Paulo, 2 jul. 2007. Disponível em
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/jul/02/162.htm. Acesso em 2 jul. 2007.
2
SARA, Duarte. Guerra à fast-food. Época, São Paulo, Ed. Globo, nº 326, 16 ago 2004.
3
Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Brasil. Ministério da Saúde, 2014. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf.
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A qualidade de vida está diretamente relacionada à forma como as pessoas interagem com
seus espaços, tanto na ocupação, usufruto e transporte, algo que reflete também nas relações de
consumo.
O Brasil tem registrado ocupação crescente do espaço urbano, porém mais em função de
desordenadas migrações internas do que por expansão planejada; ou seja, em vez da urbanização
representar uma concentração de recursos, verifica-se um estado de desequilíbrio social,
marginalização da população das periferias e precariedade de alguns serviços públicos.
Decorrente da expansão desmesurada das cidades, a precariedade na construção, sinalização
e manutenção de vias públicas tem vitimado milhares de pessoas anualmente, embora o próprio
motorista e pedestre brasileiro não colaborem muito para sua própria segurança. Essa questão
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também permeia o fator educacional, pois sucessivas campanhas têm sido realizadas (como uso de
cinto de segurança e limite máximo de velocidade) sem resultados duradouros.
Quanto ao estado das vias públicas, é imprescindível a realização de estudos para apurar
responsabilidades das autoridades públicas: por que não processar e punir governantes que sabem
da necessidade de duplicação de estradas onde se registram muitos acidentes? Por que não condenar
o mais alto governante por não priorizar a administração de uma via pública em que tem ocorrido
acidentes? Na atual configuração administrativa governamental, parte da arrecadação de impostos
tem sido utilizada para pagamento de assessores e contratações polêmicas, enquanto milhares
morrem em vias públicas que esperam melhorias há anos.
Nas cidades o cidadão perde espaços para os automóveis, o que o leva, por vezes, a transitar
por calçadas mal planejadas e irregulares potencializando inúmeros acidentes, mas que são
atribuídos à fatalidade ou descuido pessoal.
O deslocamento também é outro dilema nos grandes centros urbanos. Os taxistas, por vezes,
fazem trajetos mais extensos para cobrar mais caro a corrida. Motoristas de ônibus nem esperam o
passageiro sentar-se e já aceleram o veículo. A insegurança proporcionada pelas motos tem sido
preocupante, como mostram várias estatísticas sobre atendimento de motociclistas nos hospitais
brasileiros. Segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a proporção, em 1999,
era de uma morte para cada 50 acidentes com moto, enquanto para automóveis essa proporção era
de um para 450. Além do motociclista, os chamados “motoboys”, que utilizam as motos para
prestação de serviços, têm sido as grandes vítimas de um meio de transporte que requer muita
habilidade, muita educação de trânsito e que não tem sua dinâmica devidamente equacionada no
planejamento urbano. Dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2003
apontavam para uma proporção de 71 vítimas para cada 100 acidentes de moto, contra 7 para 100
em automóveis.
A moradia é outro ingrediente espacial que repercute na qualidade de vida. O grande déficit
de residências no País gera grande tensão social, embora o acesso à moradia acarrete problemas
consumeristas também para a classe média, caso de condomínios construídos em locais
contaminados por lixo tóxico e imóveis condenados em função da má qualidade da construção.
Meio ambiente
Bibliografia
GIACOMINI FILHO, Gino. Consumidor versus Propaganda. São Paulo: Summus, ed.1991;
ed.2008. [1991: 41-45; 2008: 56-70]
4
POLUIÇÃO: as crianças são as maiores vítimas. Carta Capital, São Paulo, 3 nov. 2004, p. 44.
5
BAURU tem 26 contaminados por chumbo. Jornal Diário, Marília-SP, CMN, 13 abr. 2002, p. 4-A.