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Covid-19 e o meio urbano

Diante de um cenário em que o termo “quarentena” está cada vez mais


inserido em nosso cotidiano, presenciamos, hoje, uma realidade nova, cheia de
imposições e regras para o convívio em espaços públicos. A Covid-19 trouxe
consigo duras alterações no modo de vida do meio urbano, evidenciando uma
série de impactos dentro do meio social. A pandemia tornou o isolamento social e
o distanciamento uma realidade dura e sombria dentro de uma sociedade em que
a maioria da população vive, trabalha e necessita da circulação nos centros
urbanos.

A medida de precaução contra a propagação da Covid-19 impôs,


abruptamente, a cultura urbana do isolamento, afetado diretamente o meio urbano
e criando uma profunda crise social e urbana. Repentinamente as cidades
tornaram-se os locais mais favoráveis à transmissão da Covid-19, despertando
preocupações por parte dos gestores públicos a fim de conter o agravamento da
pandemia. (FANI et al., 2020).

Os grandes centros urbanos se tornaram as principais vitimas fatais da


Covid-19, em decorrência do crescimento exponencial e sem planejamento das
grandes cidades, da aceleração desenfreada da globalização e do crescente
número de desmatamento, transformou os grandes centros em locais ideais para a
transmissão do vírus. Diante das altas taxas de transmissão e do agravamento do
cenário pandêmico em escala global, a crise social e urbana aprofundou-se ainda
mais, amplificando as desigualdades sociais e a evidenciando uma hierarquia
social e hierarquia espacial. (ANDRADE; FERREIRA, 2020)
A principal explicação para o crescimento rápido e fatal do SARS-Cov-2
está diretamente ligada à globalização e a mobilidade populacional, aumentando o
potencial de surtos. Cidades lotadas geralmente não têm planejamento, e o
aumento da desigualdade exacerbou a capacidade das pessoas de prevenir e
responder a surtos de doenças. A densidade de uma cidade é a principal condição
para que tenha serviços urbanos efetivos, mas muitas pessoas não tem acesso a
serviços básicos e essenciais, como saúde, habitação, água e infraestrutura,
dificultando o combate efetivo ao vírus nas cidades.

Com a desigualdade permeando os centros urbanos, evidenciando as


deficiências nas politicas publicas e nos serviços básicos, encontra-se a classe
periférica, os “sem direitos a quarentena”, onde há pessoas morando em situações
precárias, sem acesso a serviços básicos, e sem comida para sobreviver, fazendo-
se necessário a circulação nas cidades para garantir a sobrevivência, e, em
contrapartida, aumentando os níveis de transmissão da SARS-Cov-2.

Na conjuntura da sociedade contemporânea, são evidentes imbróglios


relacionados à saúde. Por diante, vejo como essencial um preparo na gestão
pública da saúde da população nessa pandemia.

A priori, seguir o que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde


(OMS), é de muita importância, ter mais qualidade de vida e uma cobertura
universal de saúde de qualidade e preparada é o básico para início. Na construção
de hospitais de campanha, reforçaria e equiparia para atender o máximo possível,
e matéria até o fim desta.

A posteriori, planejaria uma conscientização e explicação por meio de


campanhas midiáticas algumas medidas necessárias ao enfrentamento da
pandemia reforçariam com planejamento de amparo à população mais
necessitadas. E o mais importante credibilizar o máximo possível a ciência;
preparar por meio de logística vacinação em massa e o mais rápido possível. Os
desafios futuros são preparar cada vez mais o sistema de saúde para futuros
imprevistos, vacinar, conscientizar e implementar com afinco a necessidade de
uma gestão pública preparada.

Na minha região por algumas vezes se tornou o epicentro da pandemia,


causando assim até uma nova variante. As medidas tomadas ao enfrentamento à
nível nacional e estadual são horríveis, dando voz ao uso de tratamento precoce
não comprovado, descrebilizando a ciência, usando o negacionismo como arma.
Manaus infelizmente foi escolhida por seus governantes pra servir como
experimento de um efeito de rebanho, as medidas protetivas para evitar o vírus é
flexibilizada de uma péssima maneira.

A maior atrocidade que se pode ver, a falta de oxigênio, a ironia é que


Manaus está no centro de um dos pulmões do mundo, e por falta de preparo, em
suas veias não correm sangue, corre a asfixia.

Processo de fármacos

A indústria farmacêutica (IF) exerce uma grande influência no meio


econômico e social. Embora o mercado se estruture dentro de uma dinâmica
competitiva, essa indústria se mostra satisfatória a atrair atenção do governo, que
age através de políticas públicas, oferecendo acesso a medicamentos e
promovendo uma melhor qualidade de vida para a população. (CRISTINA;
CALIARI, 2016 apud PALMEIRA FILHO et al., 2012).
A ciência é a principal base da Indústria Farmacêutica, destacando-se com
um dos setores mais lucrativos e inovadores dentro do âmbito econômico. Embora
seja um setor lucrativo, o processo para elaboração de um novo medicamento é
complexo, caro e longo, podendo demorar até 12 anos para que um medicamento
chegue à comercialização, tempo necessário para comprovações de eficácia e
segurança. (MARIA; OHAYON, 2006)

Pesquisas e desenvolvimentos

Os elevados investimentos necessários para pesquisas e desenvolvimentos


(P&D) de novos medicamentos são os principais causadores de competitividade,
que ocorre pela diferenciação e inovações dos produtos. O processo de P&D de
novos fármacos abrange etapas complexas de pesquisas básicas até testes em
humanos (PIERONI; XAVIER; REIS; OSWALDO; GOMES, 2009, p.5).

Cada etapa no processo de P&D de um medicamento possui


especificidades, dinâmica própria e competências distintas. Esse processo pode
ser dividido em quatro grupos: pesquisa básica, desenvolvimento, registro e pós-
comercialização. A pesquisa básica é a etapa em que se busca detectar novos
compostos que se mostre favoráveis a terapêutica de alguma doença. (PIERONI;
XAVIER; REIS; OSWALDO; GOMES, 2009, p.5).

Os compostos que se mostram favoráveis na primeira etapa continuam a


ser examinados. O desenvolvimento do medicamento com inicio aos testes pré-
clínicos, ocorre assim que a molécula é isolada. É nessa fase em que começa a
realização de testes em laboratórios ( in vitro) e em animais (in vivo). Para a
verificação de segurança, testes de toxicidade são realizados para analisar
possíveis efeitos nocivos da droga no sistema orgânicos. É através dos testes pré-
clínicos, em animais, que mostram a margem de segurança para que então seja
possível iniciar testes em humanos, que são chamados de testes clínicos.

Os ensaios clínicos constituem-se em submeter o fármaco aprovado na


fase pré-clínica a testes com eficácia e segurança em seres humanos. Os testes
clínicos podem ser subdivididos em três etapas:

Fase I: Conhecer a tolerância e segurança da droga em um número


reduzido de voluntários.

Fase II: Avaliação da eficácia terapêutica do novo composto em voluntário


portadores da patologia.
Fase III: Ampliar os estudos terapêuticos para um maior número de
portadores de patologia, para que se analise e determine o fator de risco-beneficio
do tratamento.

Após a analise dos testes clínicos, dependendo no resultado, e possível


encaminhar o fármaco para a terceira etapa do processo: registro do novo
composto. Em seguida ao processo de registro, inicia-se a última etapa: a
farmacovigilância. (PIERONI; XAVIER; REIS; OSWALDO; GOMES, 2009, p.7).

Avaliações de Tecnologias em Saúde

A avaliação de tecnologia em saúde (ATS) foi desenvolvida principalmente


para a saúde, com a finalidade de avaliar as consequências clínicas, sociais,
econômicas e éticas de uma determinada tecnologia sobre uma população. Para a
Organização Mundial da Saúde, a tecnologia em saúde é definida como:
“aplicação de conhecimentos e habilidades organizados na forma de dispositivos,
medicamentos, vacinas, procedimentos e sistemas desenvolvidos para resolver um
problema de saúde e melhorar a qualidade de vida” (mapes)

A ATS baseia-se em três conceitos fundamentais: efetividade, segurança e


custo-efetividade de uma determinada tecnologia. A efetividade analisa a
capacidade de utilização de uma tecnologia em condições reais. A segurança tem
como objetivo estudar a probabilidade de efeitos adversos que podem aparecer no
paciente. Entretanto, o fundamento custo-benefício tem como objetivo avaliar
alternativas tecnológicas, a fim de identificar as áreas em que tem maior impacto
positivo sobre um determinado problema, analisando se os riscos e custos são os
mesmos. Assim, essas etapas representam o caminho a ser percorrido para que
haja a decisão sobre a disponibilidade ou não da tecnologia para uma sociedade.
(BARRETO, ML et al., 1998, p.7).
Bioetica no contexo pandemia

Estamos presenciando ao fim da segunda década do século XXI uma das


maiores e mais impactantes crises globais. Um vírus desconhecido amedrontou a
população de todos os continentes, mostrando que o mundo não estava preparado
para viver o colapso de uma pandemia. As concepções, organizações, sistemas e
programas de saúdes nacionais e internacionais fora duramente ameaçadas por
um vírus totalmente desconhecido. (PAIVA; DA CUNHA, 2020).

Com a COVID-19 se tornando uma grande ameaça à saúde global, atraindo


a atenção imediata de pesquisadores de vários campos, a fim de compreender e
descobrir suas características patógenas, fisiopatológicas, seus parâmetros
epidemiológicos e desfechos clínicos, para que seja possível formular politicas na
elaboração de medidas para contenção do vírus. (GUIMARÃES, 2020)

Devido à necessidade e urgência de um tratamento contra o coronavírus, o


debate relacionado à inovação e tecnologias de medicamentos utilizados para lidar
com a pandemia surgiu, refletindo diretamente nos princípios bióeticos que regem
as decisões de médicos e pesquisadores encarregados pelas pesquisas cientificas
utilizando seres humanos acometidos pelo vírus da COVID-19. (BONELLA; DE
ARAUJO; DALL’AGNOL, 2020).

Diante de uma corrida contra o tempo para desenvolver medicamentos e


vacinas que enfrentem a COVID-19, os ensaios clínicos tornaram-se os principais
meios para obtenção imediata de uma cura. Em meio a um cenário pandêmico, a
bioética se destacou em debates a respeito de ser admissível ou não pular etapas
dos processos de testagem clinica para o tratamento do vírus. Isso ocorre porque
os ensaios clínicos são arriscados e giram em torno de algumas questões éticas e
legais, desde aceitabilidade, métodos de pesquisa, disposições sobre hipóteses do
paciente e compensação por danos que podem ser sofridos pelos participantes da
pesquisa.

Os princípios da bioética são fundamentais e indispensáveis para conduzir


as pesquisas clínicas envolvendo seres humanos, são: autonomia, beneficência,
não maleficência, justiça, precaução, solidariedade e da prevalência do interesse
do paciente acima de qualquer outro interesse. Eles garantem a ética da pesquisa
científica para apoiar novos medicamentos ou usos off-label e, em última instância,
para a produção de vacinas COVID-19.

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