Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Doenças
DE EDUCAÇÃO
Emergentes
PERMANENTE (Dengue, Zika Vírus,
EM SAÚDE Chikungunya
DA FAMÍLIA e Outras)
UNIDADE
Introdução às
1
arboviroses
Aristides Vitorino de
Oliveira Neto
Antes de conhecermos os conceitos, vamos recordar a situação problema deste Módulo? Na
Unidade de Saúde Familiar (USF) Monte da Lua, os profissionais de saúde estavam com mui-
tas dúvidas sobre as arboviroses por falta de experiência. Vamos aprender junto com eles?
Com a evolução das sociedades e das tecnologias em saúde, e com a transição epidemiológica
e demográfica, era esperado que o impacto das doenças infecciosas na morbimortalidade dimi-
nuísse à medida que aumentasse a importância das doenças crônicas não transmissíveis (BOU-
LOS, 2001; BRASIL, 2006; LUNA, 2002). No entanto, tem-se observado, nos últimos anos, que os
mesmos fatores que se pensava reduzir as doenças infecciosas poderiam, ao mesmo tempo,
favorecer o surgimento e a disseminação de novas e velhas doenças infectoparasitárias, como é
o caso da dengue que ressurgiu no contexto da urbanização acelerada (LUNA, 2002).
Segundo o Centers for Disease Control (CDC), doenças emergentes são aquelas doenças
infecciosas cuja incidência aumentou nas duas últimas décadas ou tendem a aumentar no
futuro. Trata-se do surgimento ou da descoberta de um novo problema de saúde ou de um
novo agente infeccioso, como no caso do HIV e da febre hemorrágica pelo vírus Ebola (BRA-
SIL, 2006).
De acordo com Waldmann (1998) e Luna (2002), as doenças infecciosas emergentes e ree-
mergentes, de uma maneira geral, estão associadas aos fatores descritos a seguir.
A seguir, vamos nos aprofundar na explicação sobre o que são as arboviroses e as caracte-
rísticas do vetor.
Agora chegou a hora de ampliarmos nossos conhecimentos sobre o que são arboviroses.
Vamos lá?
Entre mais de 545 espécies de arbovírus conhecidos, cerca de 150 causam doenças em
humanos, despontando como grande desafio à saúde pública, devido às mudanças climá-
ticas e ambientais e aos desmatamentos que favorecem seu aumento, a transmissão viral,
além da transposição da barreira entre espécies (LOPES et al., 2014).
Os arbovírus que causam doenças em humanos e outros animais de sangue quente são mem-
bros de cinco famílias virais: Bunyaviridae, Togaviridae, Flaviviridae, Reoviridae e Rhabdoviridae
(DONALISIO; FREITAS; VON ZUBEN, 2017; LOPES et al., 2014). Os três principais arbovírus no
Brasil são o vírus dengue (DENV), o Zika vírus e o vírus chikungunya (CHIKV). Entre as famílias
dos arbovírus, destacam-se a Flaviviridae, cujo gênero Flavivirus engloba o DENV e o Zika vírus; e
a Togaviridae, cujo gênero Alphavirus engloba o CHIKV (DONALISIO; FREITAS; VON ZUBEN, 2017).
As três principais arboviroses no Brasil têm como vetor os artrópodes hematófagos Aedes
aegypti e o Aedes albopictus. Neste curso, será abordado apenas o Aedes aegypti.
Foi descrito inicialmente em 1762 e denominado Culex aegypti, isto é, “mosquito egípcio”.
No entanto, quando o gênero Aedes foi descrito em 1818, percebeu-se que a espécie Aegypti
apresentava características morfológicas e biológicas semelhantes às das espécies do gêne-
ro Aedes, e não do gênero Culex, ficando, assim, Aedes aegypti (FIOCRUZ, 2015).
O mosquito fêmea do A. aegypti infectado transmite o vírus ao sugar o sangue do ser huma-
no, que é necessário para a produção de ovos. Por isso, só a fêmea é hematófaga. Nor-
malmente, os mosquitos sugam apenas uma pessoa a cada grupo de ovos que produzem,
mas o A. aegypti podem picar mais de uma pessoa para cada grupo de ovos que produzem,
característica denominada de discordância gonotrófica (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994).
O mosquito fêmea pode se alimentar de sangue antes da cópula, mas a necessidade aumenta
após a fecundação, quando precisam ingerir sangue para o desenvolvimento completo dos ovos
e maturação dos ovários. Por volta de três dias após a ingestão de sangue, as fêmeas já estão
aptas para a postura, passando então a procurar local para desovar (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994).
Você sabia que a fêmea precisa do sangue do ser humano para a produção dos seus ovos?
Gostou de aprender um pouco sobre as arboviroses e seu mosquito vetor Aedes aegypti?
Esteja atento à próxima aula sobre dengue, chikungunya e Zika!
Vamos fazer como a equipe de saúde da USF Monte da Lua da situação problema e estudar
as principais arboviroses? Nesta aula, vamos estudar sobre a epidemiologia dos vírus da
dengue, chikungunya e Zika no Brasil e no mundo.
Dengue
O vírus da dengue, ou DENV, atingem pessoas de todas as idades, podendo causar desde a
febre da dengue até a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, formas mais
graves no espectro de manifestações clínicas (BRASIL, 2016a).
Você já ouviu falar que a pessoa que já teve dengue não vai ter a doença de novo? Será que
o vírus da dengue confere imunidade? Vamos ver!
Fique atento!
Agora, vamos ver um pouco sobre a epidemiologia do vírus da dengue no Brasil e no mundo.
No Brasil, o DENV está presente desde o século XIX, sendo a causa provável de vários surtos
de febre, mialgia e artralgia nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná, além
de estados da região Nordeste.
As primeiras evidências do DENV datam do final do século XVIII e sua expansão geográfica
associada ao aumento da incidência de epidemia de dengue estão atrelados ao crescimento
urbano e à globalização. Hoje é endêmico em mais de 110 países, resultando em cerca de 25
mil mortes anualmente. O DENV está presente, predominantemente, nas regiões tropicais
da Ásia, Oceania, Austrália, África e as Américas; sendo que as áreas subtropicais são sus-
ceptíveis a sua introdução e propagação no período do verão (LOPES et al., 2014).
Tendo em vista que a distribuição do DENV parece ser predominante em climas tropicais e
subtropicais, vamos ver numa imagem os países e as áreas de risco.
Nas próximas aulas, vamos falar sobre dengue grave e infecção em bebês que é uma pre-
ocupação da ACS Joana, do Enfermeiro Carlos e dos usuários da nossa situação problema,
podendo ser uma preocupação sua também. Certo?
O CHIKV é um alfavírus originário da África, onde circula em complexos ciclos silvestres envol-
vendo vetores do gênero Aedes e primatas não humanos. Foi isolado pela primeira vez na
Tanzânia em 1952, tendo sua primeira emergência documentada no sudeste asiático e na
Índia, e se instalando num ciclo de transmissão urbana esporádico. Tem o Aedes aegypti e
o Aedes albopictus, duas espécies invasoras e cosmopolitas, como vetores. No entanto, é o
Aedes aegypti seu principal vetor. Sua segunda emergência foi no Quênia, em 2004, quando se
disseminou pelas ilhas do oceano Índico, Índia e sudeste asiático (FIOCRUZ, 2015).
Ao contrário do DENV, o CHIKV é mais frequente em áreas de menor aglomeração humana, ali-
mentando-se e repousando, preferencialmente, peridomicílio. Chikungunya significa, no idioma
africano Makonde, “aqueles que se dobram” ou “andar encurvado”, referência à forma como
as pessoas infectadas se mostravam na primeira epidemia documentada no país, entre 1952 e
1953. Foi isolado pela primeira vez nesse país em 1952, e o primeiro caso de transmissão autóc-
tone nas Américas foi confirmado em 06 de dezembro de 2013 (HONÓRIO et al., 2015).
Entre 1951 e 2013, foram notificadas evidências sorológicas em humanos em países africanos,
asiáticos e da Oceania. Nas Américas, o vírus Zika foi identificado somente na Ilha de Páscoa
(Chile) em 2014. É considerado endêmico no leste e oeste do continente africano, e evidências
apontam que, a partir de 1966, o vírus tenha sido disseminado para a Ásia (BRASIL, 2017b).
O primeiro grande surto da doença causado pela infecção por Zika vírus foi notificado na
ilha de Yap (Estados Federados da Micronésia) em 2007. Em julho de 2015, o Brasil notificou
uma associação entre a infecção pelo vírus Zika e a síndrome de Guillain-Barré. Em outubro
de 2015, o Brasil notificou uma associação entre a infecção pelo vírus Zika e a microcefalia
(BRASIL, 2017b).
Fonte: <https://cbsnews1.cbsistatic.com/hub/i/2016/01/13/2a9c3e0d-4188-44e0-a12f-1985b1a1754e/872f71d-
03ced57442d6848b428f52939/zika-virus-map-cdc.jpg>. Acesso em: 27 mar. 2018.
Fonte: <https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/d4/2015/12/10/dengue-1449790247046_615x590.png>.
Acesso em: 27 mar. 2018.
Na próxima Unidade vamos estudar sobre o manejo clínico das arboviroses na atenção bási-
ca, esse é o principal ponto que os profissionais de saúde da situação problema deste Módu-
lo precisam resolver. Vamos ajudá-los?