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Santos de Souza Oliveira, Lavínia


As doenças negligenciadas e nós
Saúde Coletiva, Vol. 28, Núm. 6, marzo, 2009, pp. 40-41
Editorial Bolina
Brasil

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Saúde Coletiva
ISSN (Versión impresa): 1806-3365
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Editorial Bolina
Brasil

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Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto
ensaios em saúde coletiva
Oliveira LSS. As doenças negligenciadas e nós

As doenças negligenciadas e nós


Este ensaio aborda as doenças negligenciadas como importante
problema de saúde pública. Lavínia Santos de Souza Oliveira
Descritores: Doenças negligenciadas, Doenças tropicais. Políti- Enfermeira. Doutora em Saúde Pública. Coordenadora de
cas de saúde, Pesquisa em saúde. Gestão de RH do Projeto Xingu. Departamento de Medicina
Preventiva da Universidade Federal de SP - lavinia@usp.br
This assay approaches the illnesses neglected as important pro-
blem of public health.
Descriptors: Neglected illnesses, Tropical illnesses, Politics of
health, Research in health.

Este ensayo acerca a las enfermedades descuidadas como pro-


blema importante de la salud pública.
Descriptores: Enfermedades descuidadas, Enfermedades tropi-
cales, Política de la salud, Investigación en salud.

m uma época marcada pelas transformações tecnológicas


E soa estranho abordar um assunto que trata da ausência de
tecnologias, pesquisa e inovação na área da saúde. Estamos fa-
existem 19 tipos de medicamentos. Nosso país destaca-se no
panorama mundial pelo sucesso do programa que responsabi-
liza o governo pelo tratamento adequado aos pacientes infecta-
lando das doenças negligenciadas, um grupo de afecções trans- dos. Ainda assim existem esquemas de tratamento que exigem
missíveis, em sua maioria causada por protozoários e transmi- a ingestão de mais de 12 comprimidos ao dia, com diversos
tida por vetores e cujo tratamento é inexistente, precário ou foi efeitos colaterais1.
estabelecido há décadas e não se atualizou. A desconhecida doença do sono mata 500 mil pessoas por
As dimensões do problema são relevantes: tais doenças aco- ano na África. É uma população que vive em situação de misé-
metem 80% da população dos países em desenvolvimento e ria e não tem acesso nem poder de compra de medicamentos;
ocasionam 14 milhões dos óbitos por ano. O arsenal terapêuti- vive negligenciada por todas as políticas públicas.
co necessário para o enfrentamento da situação corresponde a A tuberculose, bastante conhecida no meio brasileiro, respon-
20% do mercado farmacêutico. Dos 1.300 medicamentos no- de por 2 milhões de óbitos por ano. O longo esquema terapêutico
vos lançados nos últimos 25 anos, menos de 1% foi destinado foi proposto há mais de 30 anos, com multidrogaterapia e efeitos
a estas doenças, e algumas como a hanseníase, são tão antigas colaterais expressivos, o que determina taxas elevadas de abando-
quanto à própria história da civilização1,2. no de tratamento. Costumamos culpar os pacientes por isso2.
Existem doenças bem mais recentes, como a AIDS, que No Brasil, especialmente nas áreas rurais, encontramos ain-
podem ser encaixadas neste grupo, dadas às perversidades de da a leishmaniose visceral e cutânea, tripanossomíase (Doença
acesso ao diagnóstico e terapêutica. É uma doença negligencia- de Chagas), malária e esquistossomose. Podemos citar ainda
da pelos governos dos países pobres e órgãos internacionais. O doenças isoladas e muito pouco investigadas, que acometem
Brasil possui um número relativamente baixo de pessoas infec- grupos populacionais restritos em determinados territórios; são
tadas, em torno de 0.5%, enquanto algumas regiões africanas casos como a dermatose de Jorge Lobo, uma micose profunda
esse índice chega a 7% da população. Em 20 anos de pesquisa crônica que atinge um grupo indígena do centro oeste, os kaia-

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ensaios em saúde coletiva
Oliveira LSS. As doenças negligenciadas e nós

bi e sequer possui tratamento e a oncocercose, causada por um senvolver tecnologias apropriadas e de baixo custo. Conside-
helminto (verme) e transmitida por vários tipos de insetos e de rando que os sistemas de saúde são geralmente excludentes,
grande incidência em áreas isoladas da Amazônia como as áre- realidades como essa muitas vezes passam despercebidas até
as dos índios Yanomami3. dos profissionais, inclusive os de saúde pública.
Nos meios urbanos sobressaem a hanseníase, toxoplasmose Este pequeno ensaio tem o objetivo de chamar a atenção do
e dengue, que desafiam os técnicos de saúde da família. Além leitor para conhecer e enfrentar esta problemática em suas múl-
das dificuldades de oferta e acesso aos medicamentos, o diag- tiplas vertentes: no diagnóstico precoce e preciso, na esfera da
nóstico muitas vezes não é imediato, porque tais doenças se patologia e da clínica, no controle de vetores, nas intervenções
apresentam em formas crônicas e assintomáticas. O supor- epidemiológicas e na educação e promoção da saúde.
te laboratorial é deficiente no nível da atenção básica. Não é De modo mais abrangente os governos necessitam buscar
incomum nos grandes centros o diagnóstico tardio de malária o equilíbrio entre as necessidades de oferta e acesso a medi-
complicada em pacientes de terapia intensiva que realizaram camentos e propor estratégias de controle que não atendam as
viagens às áreas endêmicas. lógicas do mercado farmacêutico.
A epidemia de dengue tem demonstrado outra dimensão do Quando compreendemos que a saúde é uma produção social,
problema, que é o controle de vetores. Sem a efetiva participa- medidas se impõem como responsabilidade dos gestores, políti-
ção da população fica impossível combater a doença. cos, comunidades e técnicos da área. Ou seja, depende de nós.
Nas doenças de transmissão direta, como a tuberculose, o
problema se avoluma principalmente nas instituições fechadas,
como prisões, e convive com a AIDS. A pesquisa de vacinas pa-
rece uma alternativa relevante, já que a cadeia de transmissão
Referências
1. ONG Médicos Sem Fronteira [Internet]. [citado em 2007 Nov 10].
e a biogenética dos agentes etiológicos é bastante conhecida. Disponível em: http://www.msf.org.br.
Falta incentivo para tal. 2. Doenças tropicais [internet]. [citado em 2007 Nov 05]. Disponível
Felizmente, o Brasil tem se colocado ao lado da África do em: http://www.Tropika.net.
Sul, Índia e China como um dos países inovadores em pesquisa 3. Linhas de pesquisa para o controle de doenças negligenciadas re-
alizado pelo Conselho Nacional de Pesquisa do Governo do Brasil
e proposição de políticas públicas de saúde e meio ambiente [Internet]. [citado em 2007 Dez 02]. Disponível em http://www.cnpq.br/
para minimizar o efeito devastador destas doenças visando de- resultados/2008/034htm.

Existem coisas que todos os


profissionais da saúde tem que ter.
As revistas técnicas da Editora Bolina, por exemplo.

NURSING __ revista técnica de enfermagem. Indexada nos Bancos de Dados nacionais LILACS
e BDENF e nos internacionais CABI, GLOBAL HEALTH e CUIDEN.
SAÚDE COLETIVA __ ampliação e divulgação de conhecimentos em Saúde Coletiva. Indexada nos
Bancos de Dados CABI, CUIDEN, GLOBAL HEALTH, CINAHL INFORMATION SYSTEM,
DETALUS (USP, Brasil), REDALYC (Caribe, Espanha, Portugal), PERIODICA (México), SUMÁRIO
DE REVISTAS BRASILEIRAS e EDUBASE.
A69

RI REVISTA INTENSIVA __ dirigida a profissionais que atuam no


atendimento em ambiente de UTI.
EMERGÊNCIA CLÍNICA __
toda a atuação da enfermagem na área
de emergência.
DENTISTRY BRASIL __
revista para acadêmicos e profissionais de
saúde bucal.

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