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Relatório de Vulnerabilidade Sísmica - Signed
Relatório de Vulnerabilidade Sísmica - Signed
Março de 2022
_____________________________________________________________________________________________________
Indice
1| Introdução ..................................................................................................................................................... 1
2| Descrição do edifício existente ..................................................................................................................... 2
3| Informação para avaliação da vulnerabilidade sísmica ................................................................................ 3
3.1 Princípios gerais e regulamentação ................................................................................................. 3
3.2 Definição dos materiais .................................................................................................................... 4
3.3 Definição das ações ......................................................................................................................... 5
3.3.1 Definição das ações gravíticas ......................................................................................... 5
3.3.2 Definição da ação sísmica ................................................................................................ 5
3.3.3 Combinação de ações ...................................................................................................... 7
4| Análise da vulnerabilidade sísmica ............................................................................................................... 9
4.1 Descrição da metodologia de avaliação ........................................................................................... 9
4.2 Modelação numérica ........................................................................................................................ 9
4.3 Caraterização do comportamento dinâmico: Análise modal .......................................................... 12
4.4 Avaliação da vulnerabilidade sísmica ............................................................................................. 13
4.4.1 Curvas de capacidade .................................................................................................... 13
4.4.2 Determinação do ponto de desempenho sísmico........................................................... 13
4.4.3 Mecanismos de colapso e discussão dos resultados ..................................................... 14
5| Conclusões ................................................................................................................................................. 16
6| Referências ................................................................................................................................................. 17
Índice de figuras
Figura 2.1 – Localização do edifício e vista tridimensional (Google Maps, março 2022). ....................................... 2
Figura 3.1 Espectro de resposta elástica utilizado na avaliação da vulnerabilidade sísmica. ................................. 7
Figura 4.1 –Estratégia de modelação adotada: Método dos pórticos equivalentes [8]. ......................................... 10
Figura 4.2 – Modelo numérico tridimensional e discretização dos elementos estruturais. .................................... 12
Figura 4.3 – Resultados da análise modal: frequências e modos de vibração (plantas e alçado). ....................... 12
Figura 4.4 – Bilinearização da curva de capacidade: direção X e Y. ..................................................................... 13
Figura 4.5 – Pontos desempenho do edifício: direção X e Y. ................................................................................ 14
Figura 4.6 – Exemplo dos mecanismos de colapso observados no edifício. ......................................................... 15
Índice de tabelas
1 | Introdução
Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 95/2019 de 18 de julho [1], que estabelece o regime aplicável
à reabilitação de edifícios ou frações autónomas, passa a ser obrigatória o relatório de avaliação da
vulnerabilidade sísmica de edifícios existentes de acordo com a Portaria n.º 302/2019 de 12 de
setembro [2], sempre que se verifique uma das seguintes condições nas obras de ampliação, alteração
ou reconstrução: i) existência de sinais evidentes de degradação da estrutura do edifício; ii) procedam
ou tenham por efeito uma alteração do comportamento estrutural do edifício; iii) cuja área
intervencionada, incluindo demolições e ampliações, exceda os 25% da área bruta de construção do
edifício; e iv) cujo custo de construção exceda em pelo menos 25% o custo de construção nova de
edifício equivalente. A avaliação da vulnerabilidade sísmica de um edifício é ainda obrigatória no caso
de edifícios das classes de importância III ou IV, definidas nos termos da norma NP EN 1998-1:2010
[3] (escolas, salas de reunião, instituições culturais, hospitais, quartéis de bombeiros, centrais elétricas),
sempre que se verifique alguma das situações atrás descritas, com redução para 15% dos limites
referidos de 25%.
De acordo com a Portaria n.º 302/2019 [2], quando o relatório de avaliação da vulnerabilidade sísmica
concluir que o edifício não satisfaz as exigências de segurança relativas a 90% da ação definida na
norma NP EN 1998-3:2017 [4] é obrigatória a elaboração de projeto de reforço sísmico, ao abrigo da
mesma norma.
Assim, face às novas exigências regulamentares, o presente documento diz respeito ao relatório de
avaliação da vulnerabilidade sísmica de um edifício existente de alvenaria sito na Rua Rui Barbosa
nº40 1170-332 Lisboa, o qual será alvo de intervenções estruturais que requerem a apreciação do
desempenho sísmico do mesmo, de acordo com a nova legislação. Para o efeito, será adotado o
método de avaliação global preconizado na NP EN 1998-3:2017 [4], com recurso a modelos de
capacidade não lineares que simulam o comportamento global do edifício no plano.
O edifício existente de alvenaria em estudo localiza-se na Rua Rui Barbosa nº40 1170-332 Lisboa, e
pertence à tipologia de construção Pré-Pombalina, caraterística do período de construção anterior a
1755, ano em que ocorreu o grande terramoto de Lisboa. O edifício encontra-se disposto em banda
(ver Figura 2.1), com geometria retangular regular e área em planta de, aproximadamente, 75m2, sendo
constituído por rés-do-chão, dois pisos superiores, esteira e cobertura. A altura total do edifício é de
aproximadamente 12.4m, dispondo de pés direitos que variam entre os 3.00m e 3.80m. O acesso entre
pisos é realizado através de escada interior, localizada junto da empena do edifício.
Figura 2.1 – Localização do edifício e vista tridimensional (Google Maps, março 2022).
No que diz respeito aos elementos estruturais do edifício, as paredes exteriores de fachada principal,
tardoz e empenas, são constituídas por alvenaria de pedra irregular, com espessura que variam,
aproximadamente, entre 0.40m e 0.50m. As paredes interiores resistentes têm cerca de 0.15m de
espessura e são constituídas por alvenaria de tijolo furado com argamassa à base de cal.
Em relação aos pavimentos, são constituídos por soalho em madeira apoiado sobre vigas de madeira
maciça, afastadas entre eixos de aproximadamente 0.40m e suportadas pelas paredes exteriores de
fachada, não existindo indícios de qualquer tarugamento ao nível dos pisos. A cobertura é constituída
por estrutura em madeira, apoiada nas paredes perimetrais e interiores do edifício.
Tendo por base o projeto de arquitetura do edifício em análise, a proposta de intervenção consiste, ao
nível estrutural, na demolição da maioria das paredes interiores existentes, mantendo-se apenas as
paredes originais em alvenaria de pedra (fachadas e empenas) e paredes interiores da caixa de escala.
Ao nível da estrutura do piso, está previsto a substituição das vigas em madeira que se encontram em
avançado estado de deterioração. Pretende-se ainda aumentar a cércea do edifício de forma a
acomodar uma zona de habitação adicional.
Além desta classificação, os elementos podem ser considerados como elementos “sísmico primários”
(e.g., paredes de fachada, paredes de empena ou paredes interiores com função resistente) e
elementos “sísmicos secundários” (e.g., paredes divisórias sem função resistente). A contribuição da
rigidez dos elementos “sísmico secundários”, na direção da ação sísmica, não deverá ser superior a
15% da rigidez concedida pelos elementos “sísmico primários”.
Em relação às propriedades dos materiais consideradas na avaliação, deverão ser utilizados os valores
médios obtidos em ensaios in situ. No caso de elementos “sísmico primários", as propriedades médias
deverão ser divididas pelos respetivos coeficientes de confiança, associados ao Nível de Conhecimento
(KL). Se estes elementos forem suscetíveis a mecanismos de rotura “frágeis” deverão também ser
divididos por um coeficiente parcial de segurança (γm), de acordo com o disposto em NA. 2.2.1(7)P da
NP EN 1998-3:2017.
No caso de análises globais estáticas não lineares utilizadas no presente documento, é requerida a
curva de capacidade do edifício em termos de força basal e descolamento no topo, até ser atingido
80% da força máxima após a cedência. Os estados limites são definidos nessa curva para uma
determinada ação sísmica e comparados com as exigências regulamentares. Informações adicionais
relativamente a esta metodologia de avaliação poderá ser consultada na respetiva NP EN 1998-3:2017,
Bernardo et al.[5] e Candeias et al.[6].
sísmica, as quais deverão ser iguais ou inferiores às propriedades obtidas in situ. Estes valores foram
assumidos como sendo os valores médios das propriedades dos materiais.
σc σt σv0 E G 𝐖
Parede
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (kN/m3)
Alvenaria de pedra irregular 1.0 - 0.020 1000 300 19
Alvenaria de tijolo furado 2.4 - 0.060 1200 400 15
No que diz respeito à quantificação das ações gravíticas permanentes (G), além do peso volúmico das
paredes de alvenaria (ver Tabela 3.2), considerou-se o peso próprio do pavimento em madeira, tetos
falsos, equipamentos e divisórias, totalizando uma carga permanente de valor característico igual a
3.00 kN/m2. No que diz respeito à cobertura, considerou-se uma carga gravítica permanente de
5.00kN/m2. Em relação às ações gravíticas variáveis (Q), dado que o edifício pertence à Categoria A,
foi definida uma carga uniforme (q) para os pisos de 2.0 kN/m2 (ver Tabela 3.3).
Tabela 3.3 – Ações variáveis uniformes (q) e concentradas (Q) para edifícios.
Categoria de zonas
qk (kN/m2) Qk (kN)
carregadas
Pavimentos
Categoria A 2.0 2.0
Categoria B 3.0 4.0
Categoria C
C1 3.0 4.0
C2 4.0 4.0
C3 5.0 4.0
C4 5.0 7.0
C5 6.0 4.5
Categoria D
D1 4.0 4.0
D2 5.0 6.0
Varandas Ver a Nota 1 Ver a Nota 3
Escadas Ver a Nota 2 Ver a Nota 3
Nota 1: Deve adotar-se uma sobrecarga uniformemente distribuída idêntica à do pavimento adjacente com um mínimo de
5.0 kN/m2 numa faixa de 1 m de largura adjacente ao parapeito.
Nota 2: Deve adotar-se uma sobrecarga uniformemente distribuída idêntica à do pavimento adjacente com um mínimo de
3.0 kN/m2.
Nota 3: Deve adotar-se uma sobrecarga concentrada idêntica à do pavimento adjacente.
De acordo com a NP EN 1998-1 (2010) a ação sísmica pode ser representada através de um espectro
de resposta elástico, que reflete a perigosidade sísmica do local e o terreno de implantação do edifício,
sendo definido pelos seguintes parâmetros: Se(T) é o valor da aceleração espectral elástica, T o
período de vibração de um sistema linear com um grau de liberdade; ag valor de cálculo da aceleração
à superfície para um terreno do Tipo A (ag = 𝛾𝐼 .agR), TB, TC e TD são valores limites de período que
definem os diferentes ramos do espectro de resposta para os diferentes tipos de terreno e tipo de ação
sísmica (ver Tabela 3.4) – ação sísmica Tipo 1(sismo afastado) e ação sísmica Tipo 2 (sismo próximo);
S coeficiente de solo e 𝜂 o coeficiente de correção do amortecimento, com o valor de referência 𝜂 = 1
para 5 % de amortecimento viscoso. Na Tabela 3.4 são apresentados os valores de aceleração de
referência (agR) para um período de retorno de 475 anos e para as diferentes zonas sísmicas de
Portugal. Tendo em conta a localização do edifício em análise (Lisboa), a ação sísmica a verificar na
avaliação do edifício corresponde à zona 1.3 (Ação sísmica Tipo 1) e zona 2.3 (Ação sísmica Tipo 2).
Tabela 3.4 – Aceleração máxima de referência (agR) para as diferentes zonas sísmicas
(NP EN 1998-1; 2010).
Na Figura 3.1 apresenta-se os espectros de resposta elástica utilizado na avaliação sísmica do edifício,
considerando um tipo de terreno C, de acordo com a informação disponibilizada pelo LNEC.
De acordo com NP EN 1998-1: 3.2.4, os efeitos da inércia resultante da ação sísmica de cálculo devem
ter em conta a presença das massas associadas a todas as forças gravíticas que surgem na seguinte
combinação de ações:
∑ 𝐺𝑘,𝑗 " + "𝑃 " + "𝐴𝐸𝑑 " + " ∑ 𝜓𝐸,𝑖 𝑄𝑘,𝑖 (1)
em que 𝐺𝑘,𝑗 é o valor característico da ação permanente j, P é o valor representativo de uma ação de
pré-esforço, 𝐴𝐸𝑑 é o valor de cálculo de uma ação sísmica e 𝑄𝑘,𝑖 o valor característico de uma ação
variável acompanhante i.
Categorias D-F* e
todos 1.0
arquivos
Ação Ψ0 Ψ1 Ψ2
Sobrecarga em edifícios (ver NP EN 1991-1-1 (2009))
Categoria A: zonas de habitação 0.7 0.5 0.3
Categoria B: zonas de escritórios 0.7 0.5 0.3
Categoria C: zonas de reunião de pessoas 0.7 0.7 0.6
Categoria D: zonas comerciais 0.7 0.7 0.6
Categoria E: zonas de armazenamento 1.0 0.9 0.8
Categoria F: zonas de tráfego, peso dos veículos ≤ 30 kN 0.7 0.7 0.6
Categoria G: zonas de tráfego, 30 kN < peso dos veículos ≤ 30 kN 0.7 0.5 0.3
Categoria H: coberturas 0 0 0
Nota: Os valores de Ψ poderão ser definidos no Anexo Nacional.
Dado que o edifício em análise corresponde à Categoria A (zonas de habitação), considerou-se o valor
de Ψ2 = 0.3 para o cálculo da estimativa da massa do edifício.
Em relação aos mecanismos de rotura, são considerados os seguintes comportamentos no plano das
paredes:
• Derrubamento: o painel de alvenaria comporta-se como um corpo rígido, com rotação na base;
• Esmagamento: caracterizado pela propagação de danos na parede com fendas orientadas
segundo os cantos das paredes comprimidas;
• Corte-diagonal: desenvolvimento de fissuras no centro do painel e que se propagam em direção
aos cantos;
• Deslizamento: caracterizado pelo deslizamento da parede numa superfície horizontal bem
definida;
Tabela 4.1 resumem-se as expressões utilizados pelo programa de cálculo na determinação dos
esforços instalados nos elementos (nembos e lintéis).
Figura 4.1 –Estratégia de modelação adotada: Método dos pórticos equivalentes [8].
Tabela 4.1 – Determinação dos esforços resistentes em nembos e lintéis para diferentes
modos de rotura [8].
No que respeita a modelação dos pisos, foram utilizados elementos de membrana com comportamento
ortotrópico, definidos por quatro nós, com dois graus de liberdade cada, e caracterizado pelas
propriedades mecânicas equivalentes: espessura equivalente - teq, módulo de elasticidade do
diafragma na direção principal - E1 - e direção perpendicular - E2, módulo de distorção - G, e coeficiente
de Poisson - ʋ. No caso do edifício em análise, considerou-se o pavimento de madeira existente, com
as propriedades equivalentes apresentadas na Tabela 4.2, e assumindo uma distribuição de cargas de
acordo com a orientação principal das vigas.
teq E1 E2 G ʋ
Pavimento
[m] [GPa] [GPa] [GPa] [-]
Figura 4.3 – Resultados da análise modal: frequências e modos de vibração (plantas e alçado).
A curva de capacidade do edifício foi determinada com base em análises estáticas não lineares
(pushover), com o objetivo de simular a comportamento do edifício perante ações horizontais. Assim,
tendo em conta os pressupostos anteriores (ver secção 4.1), apresenta-se na Figura 4.4 a curva de
capacidade do edifício nas duas direções em planta – direção X (paralela às fachadas principais) e
direção Y (perpendicular às fachadas principais), considerando uma distribuição de forças horizontais
proporcionais à configuração dos modos de vibração (pushover modal). Para a determinação do ponto
desempenho da estrutura (ver secção 4.4.2), considerou-se a bilinearização das curvas de capacidade
não lineares até ao deslocamento correspondente a 80% da força máxima no ramo da curva
descendente.
O desempenho sísmico dos edifícios foi avaliado de acordo com procedimento iterativo do Método N2
[10], [11] recomendado no Anexo B do EC8-1. Em suma, o Método N2 utiliza as propriedades dinâmicas
da estrutura para converter a curva de capacidade com múltiplos graus de liberdade (MDOF) num
sistema equivalente bilinear com um único grau de liberdade (SDOF), assumindo uma relação elástico-
perfeitamente plástica de força-deslocamento, e incorporando o espectro de resposta inelástica com
base na ductilidade da estrutura. Deste modo, a resposta da estrutura é determinada no formato de
espectro de resposta de aceleração-deslocamento (ADRS), a partir da intersecção da curva de
capacidade com o espectro de resposta da ação sísmica.
Na Figura 4.5 apresenta-se o desempenho do edifício nas duas direções (direção X e Y), considerando
os espectros de resposta elástica para a ação sísmica definida na secção 3.3.2, correspondente à
verificação da segurança para o estado limite de danos severos (SD).
De acordo com os resultados obtidos na secção anterior, a estrutura apresenta uma maior capacidade
resistente na direção transversal (direção Y – perpendicular às fachadas principais), no entanto,
verifica-se uma maior ductilidade na direção longitudinal (direção X – paralelas às fachadas principais).
Estes resultados estão em conformidade com o padrão de dano observado no edifício, como
exemplificado na Figura 4.6, onde se verifica que correm principalmente mecanismos de rotura por
flexão na direção X, associados a um maior deslocamento relativo entre pisos e maior capacidade
dúctil, enquanto na direção Y, a força é mobilizada maioritariamente pelas paredes de empena,
observando-se principalmente mecanismos de rotura por corte, associado a um menor deslocamento
relativo entre pisos e consequentemente menor ductilidade. Importa referir que estes mecanismos de
rotura estão principalmente associados à geometria e esbelteza das paredes de alvenaria: paredes-
cegas são mais suscetíveis a mecanismos de corte, enquanto paredes com vãos de janelas/portas
(mais esbeltas) são normalmente condicionadas por mecanismos de flexão.
5 | Conclusões
Face às novas exigências regulamentares, nomeadamente com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º
95/2019 de 18 de julho [1], que estabelece o regime aplicável à reabilitação de edifícios ou frações
autónomas, passa a ser obrigatória a avaliação de vulnerabilidade sísmica de edifícios existentes de
acordo com a Portaria n.º 302/2019 de 12 de setembro [2]. Neste contexto, o presente Relatório de
vulnerabilidade sísmica teve como objetivo a avaliação da segurança sísmica de um edifício existente
em alvenaria, localizado Rua Rui Barbosa nº40, Lisboa, tendo como referência os procedimentos
dispostos na NP EN 1998-3:2017 (Anexo C) e o respetivo Anexo Nacional, que estabelecem os
requisitos de desempenho e os critérios de conformidade para edifícios existentes sujeitos a um
determinado nível de ação sísmica.
A análise da vulnerabilidade sísmica do edifício teve por base o método de referência preconizado na
NP EN 1998-3:2017, que permite efetuar uma avaliação global do edifício com base num modelo
estrutural não linear que simula o comportamento do edifício. O desempenho da estrutura foi
determinado para o nível da ação sísmica correspondente a um período de retorno de 308 anos, e que
diz respeito à verificação da segurança do estado limite de danos severos, exigido para edifícios
pertencentes à classe de importância II, de acordo com a regulamentação em vigor.
A avaliação sísmica foi realizada considerando propriedades mecânicas conservativas para o tipo de
alvenaria existente. Com base nos pressupostos da análise e em função dos resultados obtidos,
conclui-se que o edifício apresenta uma reposta em regime plástico para o nível de ação sísmica
considerado, não sendo verificada a segurança para a ação sísmica tipo 1, na direção paralela às
fachadas (direção X). Assim, e de acordo com a Portaria n.º 302/2019 de 12 de setembro [2], é
necessário o reforço sísmico da estrutura, o qual deverá ser contemplado no projeto de estabilidade do
edifício.
Para efeitos de reforço sísmico, e admitindo os resultados apresentados na Tabela 4.3, considera-se
que o reforço possa incidir exclusivamente sobre as paredes exteriores de fachada (principal e tardoz),
nas quais se sugere a aplicação de reboco armado pelo interior, devidamente dimensionado para a
ação sísmica regulamentar, e aplicado em toda a altura do edifício existente. Recomenda-se ainda a
execução de tirantes ao nível do pavimento, unindo a fachada principal e tardoz, bem como o
tarugamento das vigas longitudinais do piso e a rigidificação do pavimento, minimizando a existência
de mecanismos para fora do plano e aproximando o comportamento do piso ao de um diafragma rígido.
Vasco Bernardo (Engº Civil, OE nº 70297) Marco Caixa (Engº Civil Sénior, OE nº51121)
6 | Referências
[3] “NP EN 1998-1:2010 – Eurocódigo 8 – Projeto de estruturas para resistência aos sismos. Parte
1: Regras Gerais, Ações Sísmicas e Regras para Edifícios (Portuguese version of EN 1998-1).
Instituto Português da Qualidade, Portugal [in Portuguese].” Instituto Português da Qualidade,
2010, 2010.
[4] N. EN1998-3:2017, “Eurocódigo 8 – Projeto de Estruturas para Resistência aos Sismos – Parte
3: Avaliação e Reabilitação de Edifícios.” Instituto Português da Qualidade, 2017.
[5] V. Bernardo, A. Campos Costa, A. Costa, J. M. Catarino, and P. Candeias, “Rapid methods for
seismic assessment of existing masonry buildings with rigid floors.” Revista Portuguesa de
Engenharia de Estruturas. Ed. LNEC. Série III. n.o 14, 2020.
[6] P. Candeias et al., “General aspects of the application in Portugal of Eurocode 8 – Part 3 – Annex
C (Informative) – Masonry Buildings [in Portuguese],” Revista Portuguesa de Engenharia de
Estruturas. RPEE série III , no 12, Lisbon, Portugal [in Portuguese], 2020.
[7] Ministero delle Infrastrutture, “NTC 2008- norme tecniche per le costruzioni,” Decreto
Ministeriale, 2008.
[8] S. Lagomarsino, A. Penna, A. Galasco, and S. Cattari, “TREMURI program: An equivalent frame
model for the nonlinear seismic analysis of masonry buildings,” Engineering Structures, 2013.
[10] P. Fajfar and P. Gašperšič, “The N2 method for the seismic damage analysis of RC buildings,”
Earthquake Engineering and Structural Dynamics, 1996.