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JUDT, Tony. Pós-guerra: uma história da Europa após 1945. Capítulo 1.

PÁGINA CITAÇÃO
27 Na sequência da Segunda Guerra Mundial, a perspectiva da Europa era de
miséria e desolação total. Fotografias e documentários da época mostram
fluxos patéticos de civis impotentes atravessando paisagens arrasadas, com
cidades destruídas e campos áridos.
28 [...] nos países ocupados pela Alemanha nazista, da França à Ucrânia, da
Noruega à Grécia, a Segunda Guerra Mundial constituiu uma experiência
primordialmente civil. [...] a guerra foi caracterizada pela ocupação, repressão
exploração e pelo extermínio [...].
29 Foi, portanto, na Segunda Guerra Mundial que, pela primeira vez, foi
mobilizado todo o poderio do Estado europeu moderno, e com o objetivo
principal de conquista e explorar outros europeus.
29 E foi naquele último ano do conflito, durante o período relativamente breve da
campanha realizada a oeste da União Soviética, que o pior da destruição física
aconteceu.
31 [...] o maior dano material foi causado pelos bombardeios sem precedentes
realizados pelos Aliados ocidentes em 1944 e 1945 e pelo avanço implacável
do Exército Vermelho, desde Stalingrado até Praga.
31 As cidades em ruínas eram a prova mais evidente – e captada em fotografias –
da devastação, e passaram a servir de uma espécie de emblema que expressava
a tristeza da guerra.
32 No Leste Europeu, as consequências materiais da ocupação alemã, do avanço
soviético e da ação da resistência foram, portanto, de ordem bastante diversa
em relação à experiência da guerra no Ocidente.
32 As perdas materiais sofridas pelos europeus durante a guerra, por mais terrível
que tenha sido o conflito, foram insignificantes, comparadas às perdas
humanas.
33 Porém, o mais impactante é o número de mortos entre os civis não-
combatentes: ao menos 19 milhões, ou seja, mais da metade do total.
34 Diante dessas estatísticas, não será surpresa que a Europa no pós-guerra, em
particular a Europa Central e a Oriental, tenha padecido de grande escassez de
homens.
36 Durante a guerra, a Alemanha era um mundo com cidades, eletricidade,
alimentos, roupas, lojas e bens de consumo, um mundo com mulheres e
crianças razoavelmente bem alimentadas. O contraste com a pátria russa
devastada deve ter sido incomensurável para um recruta soviético.
37 Sobreviver em tempo de guerra era uma coisa, sobreviver em tempo de paz era
outra.
37 O problema decorria, em parte, da destruição de fazendas, bem como de falhas
no sistema de comunicação e, sobretudo, do número elevado de pessoas
desprotegidas e improdutivas que precisavam ser alimentadas.
38 Durante muitas semanas depois do término da guerra, no verão de 1945, foram
sérios os ricos, especialmente em Berlim, de doenças provocadas por cadáveres
em decomposição.
38 O problema de alimentar, abrigar, vestir e cuidar dos sofridos civis europeus (e
de milhões de prisioneiros de guerra das ex-potências do Eixo) foi agravado e
aumentado pela escalada sem precedentes da crise dos refugiados. Esse era um
componente inaudito na experiência europeia.
39 Somados seus esforços, Stalin e Hitler, entre 1939 e 1943, expatriaram,
deslocaram, expulsaram, deportaram e dispersaram cerca de 30 milhões de
pessoas.
42 Em outros locais, entretanto, políticas oficiais já vigoravam bem antes do fim
da guerra. Os alemães, evidentemente, deram início à prática, com a remoção e
o genocídios dos judeus e com a expulsão em massa dos poloneses e outros
povos eslavos.
45 Com algumas exceções, o resultado foi uma Europa constituída de Estados-
nações mais etnicamente homogêneos do que nunca. A União Soviética
continuou a ser um império multinacional.
58 Acima de tudo, a violência passou a fazer parte do cotidiano. A autoridade
máxima do Estado moderno reside, em última análise, no monopólio sobre a
violência e na disposição do uso da força, se necessário. Contudo, na Europa
ocupada, a autoridade era função exclusiva da força, emprega sem melindre.

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