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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES
UNIDADE ACADÊMICA DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: ESTUDOS DE HISTÓRIA E CULTURAS INDÍGENAS
PROFESSORA: JUCIENE RICARTE
ALUNO: ADRIAN MARCELO PEREIRA DA SILVA

POVOS INDÍGENAS E UNIVERSIDADE: DESAFIOS PARA UMA FORMAÇÃO


INTERCULTURAL (14/10/2021)

A conferência que teve como comunicador o professor Edson Kayapó se


debruçou sobre a temática da inserção dos povos indígenas no ambienta da
universidade, chamando atenção para um duplo processo de exclusão que se
complementam: o primeiro é a própria dificuldade de serem aceitos em universidades,
sendo esta justificada por aspectos políticos e sociais da própria sociedade brasileira; a
segunda é que a academia é em si um local estranho à estas pessoas, sustentada por um
conhecimento utilitarista e insuficiente para atender as demandas do próprio mundo.

O projeto de exclusão desenhado pelo professor se encontra fora da academia e


que a ela foi chegada através da ideia de um ensino universal, centrado na busca por
uma utilidade voltada aos desejos do mercado, suprimindo as subjetividades e vivências
e, se tratando das etnias indígenas, atuando como mais um obstáculo à sua inserção
neste ambiente. É também um atestado da destituição da humanidade dessas pessoas,
vistas como estranhas ao ideal de “civilidade”, movimento que se estende também para
a visão limitada, padronizada e mítica da cultura destes povos.

Uma das propostas apresentadas pelo autor é a de desindienizar a academia e


conhecimento que nela é produzido. Essa perspectiva busca fragmentar uma unidade
exclusiva, que privilegia saberes e culturas que não atendem a demandas sócio-políticas
das etnias indígenas. Os indígenas, não índios, devem ocupar esses lugares de forma
igualitária, tendo suas próprias necessidades e saberes respeitados.

Foi assim que delineou um breve percurso histórico da trajetória indígena no


território que se costumou chamar de Brasil. De seres oriundos do “demônio” à objetos
inanimados sem identidade, os indígenas passaram por um processo de apagamento de
sua própria identidade e cultura, mas, como ressaltado pelo professor, resistiu – e ainda
resiste – de forma contundente e conseguiu se impor através dos séculos.

Os indígenas são decoloniais por natureza e excelência. Se tornaram, talvez, os


primeiros a combaterem diretamente o avanço das forças capitalistas ainda no século
XVI, período conhecido como o do mercantilismo, da acumulação primitiva de capital.
A resistência e a força é característica imperativa dos povos indígenas.

Em contraposição ao que chama de ensino cartesiano propõe o firmamento de


um compromisso: o de revisar conhecimentos históricos, políticas públicas, a
mentalidade. Dessa forma será possível enxergar os sujeitos e as histórias indígenas
como dignos de respeito, sendo este negado pela própria história que buscou negar-lhes
o direito de sobrevivência – física e simbólica.

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