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Revista Espaço do Currículo

ISSN 1983-1579
Doi: 10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n3.52828
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DIALÓGICAS COMO POSSIBILIDADE DE CRIAÇÃO DE


CURRÍCULOS NOS COTIDIANOS ESCOLARES
DIALOGICAL PEDAGOGICAL PRACTICES AS POSSIBILITY OF CREATING CURRICULUMS IN SCHOOL
DAILY LIFE
Andreia Teixeira Ramos1
Soler Gonzalez2

Resumo: Este texto se interessa pelas práticas pedagógicas dialógicas realizadas com as turmas de graduação em
licenciatura do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. A abordagem teórico-metodológica do
artigo se aproxima do pensamento de Paulo Freire conectado com os estudos com os cotidianos de Nilda Alves e Inês
Barbosa de Oliveira. Nosso desejo é expor as práticas pedagógicas dialógicas como possibilidade de criação de currículos
nos cotidianos escolares. Na produção de dados contamos com atividade em sala de aula e em outros espaços de
convivências, aula de campo e visita pedagógica, apresentadas aqui em forma de narrativas ficcionais. Com o exercício de
situações concretas vividas pelos sujeitos históricos e pensantespraticantes que intervêm no mundo e com o mundo,
afirmamos como pesquisador e pesquisadora nosso comprometimento político com as dimensões éticas e teóricas da
educação, sendo o diálogo amoroso e a alegria, para nós, fundamentos da educação como prática de liberdade, e um
modo de resistência diante das formas de opressão e poder impostas pelo autoritarismo do regime patriarcal capitalista
de supremacia branca.
Palavras-chave: Cotidiano escolar. Currículo. Diálogo amoroso. Prática pedagógica. Resistência.
Abstract: This text is interested in the dialogical pedagogical practices carried out with undergraduate classes at the
Education Center of the Federal University of Espírito Santo. The theoretical-methodological approach of the article comes
close to the thought of Paulo Freire connected with Nilda Alves and Inês Barbosa de Oliveira studies about daily lives. Our
desire is to expose the dialogical pedagogical practices as a possibility of creating curriculums in school daily life. In the
production of data we have activities in the classroom and in other spaces for socializing, field classes and educational
visits, presented here in the form of fictional narratives. With the exercise of concrete situations experienced by historical
subjects and thinking/practitioners who intervene in the world and with the world, we affirm as a researchers our political
commitment to the ethical and theoretical dimensions of education. For us, loving dialogue and joy are foundations of
education as a practice of freedom, and a way of resisting the forms of oppression and power imposed by the
authoritarianism of the capitalist patriarchal regime in the contemporary world.
Keywords: School life. Curriculum. Loving dialogue. Pedagogical practice. Resistance.
Resumen: Este texto se interesa por las prácticas pedagógicas dialógicas realizadas con las clases de pregrado en el Centro
de Educación de la Universidad Federal de Espírito Santo. El enfoque teórico-metodológico del artículo se acerca al
pensamiento de Paulo Freire vinculado a los estudios sobre la vida cotidiana de Nilda Alves e Inês Barbosa de Oliveira.
Nuestro deseo es exponer las prácticas pedagógicas dialógicas como una posibilidad de creación curricular en la vida diaria
escolar. En la producción de datos tenemos actividad en el aula y en otros espacios de socialización, clases de campo y
visitas educativas, que aquí se presentan en forma de narrativas de ficción. Con el ejercicio de situaciones concretas vividas
por sujetos históricos y practicantes del pensamiento que intervienen en el mundo y con el mundo, afirmamos como
investigador e investigador nuestro compromiso político con las dimensiones éticas y teóricas de la educación, con diálogo
amoroso y alegría, para nosotros, fundamentos. la educación como práctica de la libertad y forma de resistencia frente a
las formas de opresión y poder impuestas por el autoritarismo del régimen capitalista patriarcal en el mundo
contemporáneo.
Palabras clave: Vida escolar. Plan de estudios. Diálogo amoroso. Práctica pedagógica. Resistencia.

1
Doutora em Educação pela Universidade de Sorocaba e professora substituta do Departamento de Teorias do
Ensino e Práticas Educacionais do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail:
andreiatramos.ea@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0278-1982.
2
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo e professor do Departamento de Educação,
Política e Sociedade do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail:
solergonzalez2011@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2572-5449.
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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DIALÓGICAS COMO POSSIBILIDADE RAMOS, A. T.

1 INTRODUÇÃO
Este texto apresenta práticas pedagógicas dialógicas realizadas com as turmas de graduação da
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em conexão com o Projeto de Ensino, Pesquisa e Extensão
Narradores da maré3, com o interesse em fortalecer e reafirmar nosso compromisso com a educação como
prática de liberdade.
Os sujeitos da história (FREIRE, 2009) e os praticantespensantes (OLIVEIRA, 2012) envolvidos na pesquisa
são estudantes das licenciaturas em Geografia e Pedagogia do Centro de Educação da Ufes. Com as práticas
pedagógicas dialógicas, desejamos criar movimentos de aprender e ensinar, proporcionando bons encontros
e processos de aprendizagem coletivos e solidários entre diferentes culturas, potencializando modos outros
de agir, intervir, de aprender e ensinar com e no mundo. Pois, como assinala Paulo Freire (2009, p. 23), “não
há docência sem discência [...]. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.
Como produção de dados, contamos com o desenvolvimento de práticas pedagógicas realizadas em
sala de aula e em outros espaços de convivência, como rodas de conversa, aulas de campo e visitas
pedagógicas, cineclube e oficinas pedagógicas de produção de imagens-narrativas. Aqui destacaremos apenas
algumas das práticas desenvolvidas com as turmas.
A base teórico-metodológica do texto seguem as pesquisas com os cotidianos escolares de Nilda Alves
(2015) e Inês Barbosa de Oliveira (2012). Sobre os estudos com os cotidianos, Nilda Alves assinala a necessidade
de nos voltarmos para eles para mergulharmos nas múltiplas realidades escutando os sons, sentindo gostos,
“[...] tocando as coisas e pessoas e [...] [se] deixando tocar por elas, cheirando os odores que a realidade
coloca a cada ponto do caminho diário (ALVES, 2015, p. 136). Assim, pesquisar os cotidianos é envolver-se e
estar imerso nas possibilidades de encontros, desencontros e reencontros inventados no caminhar cotidiano,
para inventar modos outros de conhecimento nos cotidianos escolares, diferentes daqueles impostos pela
modernidade (ALVES, 2015, p.134).
Reunimos tais autoras com o desejo de expor as práticas pedagógicas dialógicas como possibilidade de
criação de currículos e de aprenderensinar4 nos cotidianos escolares, pois entendemos, de acordo com Inês
Barbosa de Oliveira, que, com um projeto educativo emancipatório, é possível discutir e inventar outros modos
para caminhar na “luta pela educação contra a dominação social e [apontar] alguns dos aspectos possíveis da
ação pedagógica com vistas à tessitura da justiça cognitiva e à ampliação da democracia social” (OLIVEIRA,
2012, p. 41).
Nesse sentido, apostamos em práticas pedagógicas dialógicas criadas em múltiplos espaços de
convivência de modo colaborativo, negociando as tensões e conflitos que emergem nos cotidianos escolares,
afastadas da “educação bancária”5, uma vez que “só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca

3
O Projeto de Extensão Narradores da maré foi registrado em 2014 na Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da
Universidade Federal do Espírito Santo. O projeto também se desmembra em pesquisas de iniciação científica,
ensino, trabalhos de conclusão de curso e dissertações de mestrado profissional em educação. Ressaltamos que
as práticas pedagógicas aqui apresentadas são articuladas com o Grupo de Pesquisa Territórios de Aprendizagens
Autopoiéticas (CNPq). O nome do Projeto, ‘Narradores da maré’, se inspira no filme Narradores de Javé’. O filme
encontra-se disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8&t=116s>. Acesso em: 3 mai. 2019.
Mais informações sobre o projeto disponíveis em: <https://www.facebook.com/Narradores-da-Mar%C3%A9-
880737971944702/> e <http://narradoresdamare.blogspot.com/>. Acesso em: 3 mai. 2019. Destacamos também as
pesquisas realizadas pela autora e pelo autor do artigo (GONZALEZ, 2013; RAMOS, 2013, 2018 e GONZALEZ;
RAMOS, 2019).
4
“Essa forma de grafar tem sido usada para dar conta de superar as dicotomias e separações entre elementos de
expressões que nos parecem ficar melhor quando juntos e não dicotomizados. Essa herança da modernidade tem-
se mostrado como limite às pesquisas com os cotidianos que desenvolvemos” (ALVES; OLIVEIRA, 2012, p. 61).
Conforme Nilda Alves e Inês Barbosa de Oliveira (2012, p. 61-62), “O aprender aparece antes do ensinar por
convicção epistemológica de que a aprendizagem precede o ensino tanto cronológica – para ensinar é preciso ter
aprendido – quanto epistemologicamente, considerando-se nossa opção pela subversão das crenças
hegemônicas a respeito desses processos.”
5
Na educação bancária, de acordo com Paulo Freire, “Em lugar de comunicar-se, o educador faz ‘comunicados’ e
depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a
concepção ‘bancária’ da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de
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inquieta, impaciente, permanente, que [todes6] fazem no mundo, com o mundo e com os outros. Busca
esperançosa também” (FREIRE, 2014, p. 81).
O fundamento do artigo também se enreda com as ideias de Paulo Freire (2009; 2014), e escolhemos
sua noção de diálogo amoroso, pois a dialogicidade é essencial para a educação como prática da liberdade.
Freire (2014) afirma que o diálogo amoroso é o fundamento da dialogicidade e se expressa no encontro e no
compromisso com o outro, não havendo “diálogo sem que haja “um profundo amor ao mundo. [...] Sendo
fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo” (FREIRE, 2014, p. 110). Nesse cenário, a pedagogia
freireana nos convoca a exercitarmos sem medo, em tempos de autoritarismo, o diálogo amoroso corajoso e
comprometido com a causa dos oprimidos e oprimidas no seu esforço de libertação.
Alinhados com a busca esperançosa de Paulo Freire, optamos metodologicamente pela pesquisa
narrativa, em conexão com os estudos de Marcos Reigota (1999, 2016), pois apostamos na reinvenção e na
autocriação dos saberes do sujeito da história que, ao narrar, se reinventa enquanto tal na relação com o
mundo. Pois, de modo político, a função da narrativa é tornar possível que “o ‘outro’ (invisível, silenciado,
subalterno, oprimido, anônimo, diaspórico [...], possa falar de si mesmo” (REIGOTA, 2016, p. 55) e por si
mesmo.
Do ponto de vista metodológico, usaremos também as narrativas ficcionais como atitude ética e política
para a elaboração de cenários, identidades e personagens com a intenção de transpor para os espaçostempos
comuns de formação profissional a composição de “alternativas que possibilitem a concretização de um estilo
mais ecológico, pacífico, justo e prazeroso [...] de ideias, experiências e sentimentos que estão caracterizando
a época em que vivemos” (REIGOTA, 1999, p. 86).
Com o exercício de situações concretas vividas pelos sujeitos da história que intervêm no mundo,
afirmamos nosso comprometimento político com as dimensões éticas e estéticas da educação, sendo o
diálogo amoroso e a alegria, para nós, um modo de resistência diante das formas de opressão e poder
impostas pelo autoritarismo do “patriarcado capitalista de supremacia branca” (hooks, 2019a, p. 22). Dessa
perspectiva, como pontua Freire (2011, p. 73), “estudar é um dever revolucionário” e “a alegria não chega
apenas no encontro do achado mas faz parte do processo de busca. E ensinar e aprender não podem dar-se
fora da procura, fora da boniteza e da alegria” (FREIRE, 2009, p. 142).
2 CENA 1: “...são as águas de março fechando o verão...”
Programas de Ensino, ementas, bibliografias básicas e complementares, estudos, seleção e leituras de
livros e artigos, planejamentos, organização e separação de materiais de apoio. Mesmo com quase 25 anos na
docência, sempre parece que é a primeira vez. O semestre se inicia e somos invadidos por uma mistura de
emoções. Amor, alegria, ansiedade, medo, curiosidade. Tudo ao mesmo tempo agora. Uma coisa de cada vez.
Questões pairam no ar. Como serão as turmas? Onde vivem? O que fazem? O que escutam? O que comem?
Qual livro estão lendo? Qual foi o último filme que assistiram?
E assim começamos mais um semestre letivo, atravessados por muitos desafios na universidade federal,
como o corte de verba para a educação, que ocasionou a suspensão de bolsas estudantis, redução dos serviços
de limpeza em todos os campis e a interrupção do uso dos aparelhos de ar condicionado.
Nesse cenário, no primeiro dia de aula, os estudantes do curso de pedagogia chegaram assustados,
tímidos, silenciosos; alguns descontentes, outros falantes e com olhares de estranhamento. O que será que
passa pelas cabeças deles? As poesias no quadro e o colorido das toalhas de chita tentam alegrar o ambiente
e conectar o aprender e o ensinar na amorosidade embalados com a música de Milton Nascimento “Bola de
Meia Bola de Gude” e com os livros de Paulo Freire, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Sueli Carneiro,
bell hooks, Audre Lorde, Grada Kilomba, entre outros expostos na mesa central.
Em sala de aula, a arte é usada como fundamento estético pedagógico. Músicas, vídeo-clips, indicações
de filmes curtas metragens e de exposição de arte, além de contos, crônicas, narrativas, fotos e poesias,
compartilhadas com o interesse de desaprender as práticas de educação bancária. Na dinâmica de

receberem os depósitos, guarda-los e arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fichadores das coisas
que arquivam” (FREIRE, 2014, p. 80-81).
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Usaremos no corpo do texto a expressão todes que contempla todos e todas mas extrapola os limites binários de
gênero homem e mulher.
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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DIALÓGICAS COMO POSSIBILIDADE RAMOS, A. T.

apresentação, os estudantes são convidados a erguerem a voz e exporem suas preferências: músicas, livros,
lugares, comidas, filmes-séries, preenchendo a sala de aula com a roda de conversa povoada pelas relações
solidárias e dialógicas, tentando se afastar da cultura do silêncio.
Para aquecer a roda de conversa, propus que cada um da turma escolhesse e fizesse a leitura de um
fragmento do primeiro capítulo do livro “Pedagogia da Autonomia” de Paulo Freire, selecionado
antecipadamente por mim. Recomendei que essa leitura seria o disparador para iniciarmos a nossa conversa
e que não era necessário explicar o sentido do fragmento escolhido.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção” (FREIRE, 2009, p. 22).
“Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente,
mulheres e homens descobriram que era possível ensinar” (FREIRE, 2009, p. 23-24).
“O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade
crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão” (FREIRE, 2009, p. 26).
“O professor que pensa certo deixa transparecer aos educandos que uma das bonitezas de nossa
maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo,
conhecer o mundo” (FREIRE, 2009, p. 28).
“O necessário é que, subordinado, embora, à prática “bancária”, o educando mantenha vivo em si o
gosto da rebeldia que, aguçando sua curiosidade e estimulando sua capacidade de arriscar-se, de aventurar-
se, de certa forma o “imuniza” contra o poder apassivador do "bancarismo" (FREIRE, 2009, p. 25).
“Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais decidida a qualquer forma de discriminação. A
prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a substantividade do ser humano e nega
radicalmente a democracia” (FREIRE, 2009, p. 36).
Assim demos início a uma conversação alimentados pelos saberes necessários à prática docente da
pedagogia freireana:
— Difícil falar das minhas preferências. São tantas...
— Atualmente, estou sem televisão lá em casa, o aparelho ‘pifou’.
— Gosto de tudo um pouco. Escuto de sertanejo universitário a funk.
— Não assisto séries e filmes, porque não tenho internet em casa.
— Escuto atualmente Rap da periferia. Você conhece César MC, professora?
— Gosto muito de escutar músicas no celular, só que meu fone parou de funcionar.
— Assisto séries da Netflix. Quase não ouço músicas.
— Como sou bolsista do PET, passo o dia todo na Ufes, e almoço e janto no Restaurante Universitário.
— Desde que entrei na Ufes, só leio os textos das disciplinas.
— Eu não tenho computador em casa, uso o laboratório da Ufes para fazer todos os meus trabalhos e
ler os textos das disciplinas.
— Não gosto de filmes que me fazem pensar muito, prefiro ‘besteirol’.
— Professora, depois de uma plantão noturno de trabalho, nem consigo pensar em nada nesse
momento.
— Sou cinéfila, adora filmes. O último que eu assisti foi Parasita. Amei Bacurau.
— Ai professora, já te adianto que estou adorando a aula, só que provavelmente na próxima semana,
vou faltar, porque não vou ter ‘passe’ para chegar na Ufes.
— Turma, esse é o nosso primeiro encontro. A cada aula desejo potencializar esse espaço como um
lugar na dialogicidade com a intenção de exercitar uma educação como prática de liberdade se afastando da
educação bancária e criar outros currículos com diálogo amoroso.
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A pedagogia freireana dispara questionamentos, nos convidando e provocando a pensarmos em
relações cotidianas e no fazer docente tendo como fundamento a arte do diálogo, da convivência entre as
pessoas com os diferentes saberes. Com o livro Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire (2009) e com as
inspirações de Carolina Maria de Jesus (2014a, 2014b), Conceição Evaristo (2016a, 2016b, 2017a, 2017b, 2017c,
2017d), Sueli Carneiro (2018), Nilma Gomes (2003, 2010, 2011), bell hooks (2013, 2019a, 2019b, 2019c), Audre
Lorde (2019), Grada Kilomba (2019), iniciamos o exercício com Rodas de Conversa, onde todes são convidados
a narrar-se, no exercício de uma escuta sensível, em que a pedagogia do silêncio é estilhaçada. A sala de aula
passa a ser um espaço de resistência, persistência e insistência cotidiana, diante da sociedade opressora e
autoritária, onde as hostilidades reprimidas da educação bancária possam ser transformadas em diálogos
amorosos e alegrias motivadas pela educação como prática de liberdade.
Com a pedagogia freireana, é possível criar uma discussão pedagógica em que os estudantes são
encorajados a narrar-se e a escutar os outros impulsionadas pelas práticas pedagógicas dialógicas. Assim,
todes veem a possibilidade de não “estudar por estudar, de estudar descomprometidamente” (FREIRE, 2009,
p. 77), constatando que somos capazes de intervir nas realidades, sabendo que a mudança é possível.
Começamos o período acadêmico com coragem, amor e alegria, além da esperança que é “um condimento
indispensável à experiência histórica” (FREIRE, 2009, p. 72).
Nesse cenário, para a criação de currículos outros em todos os espaçostempos cotidianos das
universidade, é importante e fundamental, como destaca Inês Oliveira (2012, p. 52), a realização “de práticas
participativas e solidárias [...] na tessitura da emancipação social”. Com essa perspectiva, é preciso considerar,
nos currículos criados nos cotidianos, “sua pluralidade, heterogeneidade e impossível aprisionamento em
modelos” (OLIVEIRA, 2012, p. 52). Sendo assim, reconhecemos que as práticas pedagógicas dialógicas
inventadas pelos praticantespensantes são práticas emancipatórias também.
Esse reconhecimento e essa valorização dos múltiplos currículos
pensadospraticados, inventados pelos praticantespensantes dos cotidianos
escolares, permitem, também, afastarmo-nos da ideia moderna e individualista de
emancipação, que a percebe como uma conquista individual e definitiva, um “lugar”
a se chegar, no futuro, uma “terra prometida” à qual cada um chegará, ou não, em
função de suas próprias virtudes, aprendizagens e esforços. (OLIVEIRA, 2012, p. 52).
Reconhecemos aqui o potencial das práticas emancipatórias exercitadas na coletividade com relações
sociais igualitárias e solidárias, na negociação entre os sujeitos da história e praticantespensantes, como uma
contribuição para tornar possível a democratização da justiça social e cognitiva nos cotidianos da sociedade.
Desse modo, nosso comprometimento é exercitar em sala de aula uma pedagogia transformadora,
inquietante e amorosa, de resistência e como prática de liberdade, ou seja, uma pedagogia anticolonial e
antirracista, em favor da vida digna para todes.
3 CENA 2: aula de campo no galpão das paneleiras de goiabeiras
Saindo da sala de aula, e caminhando uns quinze minutos, chegamos ao galpão das Paneleiras de
Goiabeiras. Embora ele se encontre num local de fácil acesso e bem sinalizado, muita gente desconhece o
espaço onde são fabricadas e vendidas as panelas de barro usadas em bares e restaurantes. As panelas de
barro de Goiabeiras foram o primeiro bem cultural registrado pelo Iphan como Patrimônio Imaterial, no Livro
de Registro dos Saberes, em 20027.
A fim de possibilitar às turmas de Geografia e Pedagogia que conhecessem o local, a cartografia das
etapas da produção das panelas e dos vários utensílios fabricados e suas relações com os manguezais da Baía
de Vitória, organizamos uma visita ao galpão das Paneleiras. A ideia da visita pedagógica surgiu das rodas de
conversa após realização do Cineclube com a exibição do curta metragem de animação O dia da torta

7
“O saber envolvido na fabricação artesanal de panelas de barro foi o primeiro bem cultural registrado, pelo Iphan,
como Patrimônio Imaterial no Livro de Registro dos Saberes, em 2002. O processo de produção no bairro de
Goiabeiras Velha, em Vitória, no Espírito Santo, emprega técnicas tradicionais e matérias-primas provenientes do
meio natural. A atividade, eminentemente feminina, é tradicionalmente repassada pelas artesãs paneleiras, às
suas filhas, netas, sobrinhas e vizinhas, no convívio doméstico e comunitário” (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO - IPHAN. Portal. Ofício das Paneleiras de Goiabeiras). Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/51>. Acesso em: 9 de fevereiro de 2017.
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capixaba8 e da apresentação de outros referenciais9 que abordam os manguezais da Baía de Vitória e as


práticas cotidianas do morar, pescar, cozinhar, narrar e aprender com a própria história.
Por volta das 8 horas de uma manhã nublada, seguimos pela calçada que dá acesso à rua do Galpão,
conversando e observando o manguezal ao nosso lado, com seus cheiros e insetos. Um pouco adiante,
notamos no ar a fumaça das fogueiras usadas na queima das panelas de barro, encobrindo o “Cerimonial Lê
manguê”, que ocupa um trecho da calçada-mangue, transformando o local que antes era um ponto viciado de
despejo de lixo.
O “Lê manguê” é um espaço comunitário e de convivência, com jardins, bancos, comedouros para os
saguis e pica-paus, placas com dizeres afetuosos e convidativos para uma prosa, o fotografar e o se divertir.
Uma panela gigante (imitando a original) fica na porta do galpão atraindo turistas e fregueses. É comum
pessoas e grupos de turistas e visitantes pararem para tirar fotos com a panela gigante.
Conversamos em sala de aula sobre as comunidades que vivem e sobrevivem dos manguezais e das
comunidades que surgiram dos aterros de manguezais da Baía de Vitória, suas artesanias e as práticas do
bairro. Com o debate sobre a leitura indicada, a turma foi orientada a pensar numa possível cartografia da
panela de barro. Quais as temporalidades, territorialidades, conflitos, ecologias, devoções, ancestralidades e
as histórias de vida dos que vivem e sobrevivem em áreas de manguezais? De que modo esses saberes das
práticas do bairro contribuem com a formação docente e com a produção de outros currículos no ensino de
Geografia?
Com estas questões, percorremos o Galpão das Paneleiras e conversamos sobre a panela, o barro, o
período de secagem, a tinta de tanino que é extraída da casca do mangue-vermelho, a queima da panela, o
tirador de barro, o casqueiro. Aproveitamos para caminhar por algumas das pequenas e estreitas ruas do
bairro, a fim de conhecermos um projeto realizado pelo IPHAN, que confeccionou e instalou placas
informativas com a identificação da família e uma foto da paneleira referência da família, seguida de texto e
mapa apresentando a “geografia do quintal” das paneleiras. Retornamos para a sala de aula acompanhados
dos componentes da cartografia da panela de barro.
Voltamos para a sala de aula e iniciamos uma conversação sobre a experiência vivida, na tentativa de
“reconstrução [...] de relações entre saberes, culturas e usos do conhecimento (OLIVEIRA, 2012, p. 42). Assim,
amparados nas pesquisas com os cotidianos, afirmamos que
[...] o cotidiano como uma permanente interlocução entre diferente instâncias da
teoriapráticateoria, é uma forma de enfrentar o desafio da compreensão da
complexidade da realidade educativa, na medida em que ajuda a compreender as
intrincadas redes que constituem as relações e negociações entre crenças e desejos,
possibilidades e conhecimentos nos diferentes espaçostempos e redes educativas.
(ALVES, OLIVEIRA, 2012, p. 72).
No encontro com a complexidade dos cotidianos, começamos tecer um diálogo amoroso aguçado pela
curiosidade que nos atravessou durante a realização dessa prática pedagógica. Foi um momento em que os
pensantespraticantes tiveram a condição de se expressar de modo crítico, o que oportunizou a tessitura de
outros saberes que extrapolam os currículos formais engessados, tornando possível o currículo como criação
cotidiana e invenção de múltiplos conhecimentos.
— Professor estou no último período da graduação e somente agora conheci as paneleiras.
— Turma, apesar das paneleiras receberem diversos visitantes, tem muitas pessoas que moram aqui
perto e ainda não conhecessem o galpão.
— Professor, me lembro que caiu uma questão sobre as paneleiras de Goiabeiras no Enem, só não

8
O filme O dia da torta capixaba foi produzido por estudantes de duas escolas municipais de Ilhas da Caieiras, Vitória,
ES, em parceria com o Instituto Marlin Azul, com verba do edital da Lei Municipal de Incentivo a Cultura de Vitória
Rubem Braga. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_hztukjtc4g&t=7s >. Acesso em: 5 de junho de
2019.
9
Trata-se do texto intitulado Narradores da Maré: estudo e produção de mapas digitais com os saberes socioambientais
e geográficos de comunidades tradicionais dos catadores de caranguejos e das paneleiras do Bairro Goiabeiras Velha,
escrito por Soler Gonzalez e Pauliano Silva (2015-2016).
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lembro o ano.
— Elas fazem as panelas com a lama do mangue?
— A argila da panela de barro é retirada em outro local. No Vale do Mulembá, é outro tipo de lama e só
existe ali.
— Professor, aqui elas recebem escolas?
— Turma, várias escolas municipais e particulares realizam visitas e projetos com as paneleiras. Em
outras aulas de campo encontramos turmas de escolas dentro do galpão participando de uma oficina de
panelinhas de barro.
— Professor, percebi que também tem homens fazendo panelas no galpão.
— Turma, esses homens são chamados de artesão, pelas paneleiras.
— Professor, elas devem sentir dores, parece um trabalho puxado. Vi muitas idosas que relataram que
fazem isso desde menina.
— Gente, as etapas para fazer as panelas exigem muito esforço físico. Mês passado fui informado que
uma faculdade iniciou um projeto de extensão envolvendo os estudantes do curso de fisioterapia para
oferecer atendimento especial para as paneleiras
— Professor, elas recebem ajuda do governo, pelo fato de a panela de barro ser um patrimônio do
IPHAN?
—Turma, essa é uma grande questão, podemos pesquisar juntos sobre isso, inclusive perguntarmos
para uma delas.
Com o fazimento de uma aula de campo foi possível exercitar a criação de currículos com a arte dos usos
do diálogo amoroso e da alegria, e também da recuperação do prazer de reestabelecer a leveza na realização
de práticas pedagógicas com o esforço de tornar possível e prazeroso, os processos de aprenderensinar dos
estudantes, “em contraste com a sisudez dos conteúdos secos e sem sabor dos textos oficiais” (OLIVEIRA,
2012, p. 45), indo além dos limites enrijecidos do conhecimento formal disciplinar.
Por essa via, concordamos com Oliveira (2012), quando a autora ressalta que essas “experiências de
praticantespensantes de currículo, que não são apenas aquilo que está escrito e registrado nas propostas
curriculares, evidenciam, [...] a riqueza e a diversidade criadas por esses” (OLIVEIRA, 2012, p. 45). Assim, os
praticantespensantes – docentes e discentes – como protagonistas, são autores de outros currículos nos
cotidianos escolares.
Com a realização das atividades em sala de aula e em outros espaços de convivência, foi possível criar
conhecimentos e outros currículos tecidos nas relações cotidianas com sujeitos da história e
pensantespraticantes, fundamentais “não só para a vida cotidiana, mas para o desenvolvimento de novas
práticas sociais de conhecimento e que podem contribuir com a tessitura cotidiano da emancipação social”
(OLIVEIRA 2012, p. 53-54). Nesses movimentos criativos na relação dos sujeitos no mundo e com o mundo,
acreditamos no potencial pedagógico das práticas dialógicas, uma vez que “ninguém educa ninguém, ninguém
educa a si mesmo, [todes] se educam entre si, mediatizados pelo mundo (FREIRE, 2014, p. 95).
CONCLUSÃO
Com o exercício de apresentar em modo de narrativas ficcionais (REIGOTA, 1999) situações concretas
vividas pelos sujeitos e pensantespraticantes que intervêm no mundo e com o mundo, tentamos afirmar como
pesquisador e pesquisadora dos cotidianos nosso comprometimento político com as dimensões éticas e
teóricas da educação como prática de liberdade, sendo o diálogo amoroso e a alegria imprescindível para
nossa formação. Pois como afirmou Paulo Freire,
A atividade docente de que a discente não se separa é uma experiência alegre por
natureza. É falso também tomar como inconciliáveis seriedade docente e alegria,
como se a alegria fosse inimiga da rigorosidade. Pelo contrário, quanto mais
metodicamente rigoroso me torno na minha busca e na minha docência, tanto mais
alegre me sinto e esperançoso também. (FREIRE, 2009, p. 142).

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DIALÓGICAS COMO POSSIBILIDADE RAMOS, A. T.

Para nós, a alegria é um modo de resistência diante das formas de opressão e poder que vivemos na
atualidade. Nesse interim, em meados do mês de março de 2020, tivemos a suspensão das nossas atividades
acadêmicas presenciais com as turmas. Fomos surpreendidos com uma notícia que até então afetava somente
o outro lado mundo. Uma pandemia. E para seguir adiante, foi preciso respirar com esperança e continuar
caminhando.
É preciso lembrar que antes da Pandemia estávamos lutando contra os retrocessos e os autoritarismos
iniciados em 2016 com o “golpe”, reforçados com a eleição de 2018, alinhados aos interesses das políticas
neoliberais que ameaçam conquistas históricas da classe trabalhadora em educação e cidadãos e cidadãs em
geral, dentre elas, a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Base da Educação 9394/96 e o Plano
Nacional de Educação 2014/2024, para citar apenas algumas. Estamos há décadas resistindo e lutando em
defesa dos marcos constitucionais, visando garantir o Estado Democrático de Direito e a defesa histórica das
escolas e universidades, de seu caráter público, laico e democrático para todes (AGUIAR; DOURADO, 2019).
Em defesa de uma educação comprometida com a cidadania, com a justiça social e cognitiva, por melhores
condições de trabalho docente, salário justo, plano de carreira digno, formação, autoria e autonomia, e
liberdade para docentes e discentes.
No esperançar, em nosso inacabamento como gente, continuamos a nos mover, porque, primeiro, nos
movemos como gente (FREIRE, 2009, p. 94). E na boniteza da prática docente seguimos acreditando que
[...] o desrespeito à educação, [aos docentes e discentes] corrói ou deteriora em nós,
de um lado, a sensibilidade ou a abertura ao bem querer da própria prática educativa,
de outro, a alegria necessária ao que-fazer docente. (FREIRE, 2009, p. 142).
Nesse sentido, vamos caminhando no exercício democrático, na lida-luta cotidiana pelo direito à vida
digna, contra todos os tipos de desigualdades sociais e raciais, em favor da equidade e da liberdade de ser no
mundo e com o mundo, resistindo a todos os modos de autoritarismo do patriarcado capitalista de supremacia
branca que tentam nos impedir de sermos mais. Seguimos no esperançar, reconhecendo a necessidade do
diálogo amoroso e da alegria como fundamento da educação como prática de liberdade com o desejo de
reinventar práticas pedagógicas dialógicas como possibilidade de criação de currículos nos cotidianos
escolares.
REFERÊNCIAS
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ISSN 1983-1579
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Recebido em: 27/05/2020


Aceito em:30/09/2020
Publicado em: 09/11/2020

591 Rev. Espaço do Currículo (online), João Pessoa, v.13, n.3, p. 583-591, set/dez. 2020.

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