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Construção Geométrica

ENQ 2020 - 2
[04] [ 1,25 ]

Considere um triângulo ABC. Sejam M o ponto médio do segmento BC e Γ a circunferência tal que o segmento AB
é um diâmetro.
Prove que AB = AC se, e somente se, M pertence à circunferência Γ.

Supondo AB = AC, o triângulo BAC é isósceles de vértice A, portanto a mediana AM é também altura. Desta forma, o
triângulo AM B será retângulo, portanto estará inscrito na circunferência Γ, de diamêtro AB.

Se, por outro lado, assumimos que M ∈ Γ, então, como AB é diâmetro, AM̂ B = 90◦ . Com isso, a mediana AM do triângulo
BAC é também uma altura, provando que BAC é isósceles. Logo AB = AC.

Pauta de Correção:
• Indicar que precisa provar os dois “sentidos” da equivalência, mesmo que um deles apresente erro ou não seja feito. [0, 25]
Provar que, se AB = AC, então M ∈ Γ:
• Dizer que AM é altura do triângulo BAC e concluir que o triângulo AM B é retângulo. [0,25]
• Concluir que M ∈ Γ. [0,25]
Provar que, se M ∈ Γ, então AB = AC:
• Usar o fato de que M ∈ Γ para concluir que o triângulo AM B é retângulo, logo AM é altura do triângulo ABC. [0,25]
• Concluir que o triângulo BAC é isósceles, logo AB = AC. [0,25]

Geometria - Construção Geométrica 132


ENQ 2019 - 2
[02] QstId=1437 [ 1,25 ]

O Teorema do Ângulo Inscrito afirma que se AB e AC são cordas de um cı́rculo de centro O, então a medida do
ângulo inscrito ∠BAC é igual à metade do ângulo central ∠BOC correspondente. Prove esse teorema no caso em
que o ângulo ∠BAC contém o centro O em seu interior.
Solução

α
α β


β

Prolongando o raio AO obtemos o diâmetro AD. Os triângulos AOC e AOB são isósceles de bases AC e AB, respectivamente,
logo
OAC
b = OCA
b = α e OAB
b = OBA
b = β.

Como o centro O está no interior do ângulo B AC,


b o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC
b e B OC,
b ou seja,

B OC
b = C OD
b + B OD
b e B AC
b = B AO
b + C AO.
b

Usando o teorema do ângulo externo aplicado aos triângulos AOC e OBA obtemos C OD
b = 2α e B OD
b = 2β. Concluı́mos
que,
B OC
b = C OD
b + B OD
b = 2α + 2β = 2(α + β) = 2B AC.
b

B OC
b
Portanto, B AC
b = .
2

Pauta de Correção:

• Concluir que os triângulos AOC e AOB são isósceles. [0,25]

• Concluir que os ângulos das bases dos triângulos isósceles são congruentes. [0,25]

• Observar que o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC


b e B OC.
b [0,25]

• Aplicar o teorema do ângulo externo duas vezes. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]

Geometria - Construção Geométrica 133


ENQ 2019 - 1
Questão 04 [ 1,25 ]

Dados dois segmentos de comprimentos s e q, com s > 2q, indique a construção com régua e compasso, de segmentos
cujos comprimentos sejam iguais às raı́zes da equação do segundo grau x2 − sx + q 2 = 0.

Geometria - Construção Geométrica 134


ENQ 2016 - 1

Questão 02 [ 1,00 ]

Dados dois segmentos de medidas distintas a e b, descreva como construir, com régua e compasso, segmentos de
a+b √
medidas e ab .
2

Observação: Considere conhecida a construção de perpendiculares.

Solução
Consideramos três pontos colineares A, B e C, de maneira que B pertença ao segmento AC, AB = a e BC = b.

a+b
Construção de := raio
2

• Traçamos duas circunferências de raio a + b, uma com centro em A e outra com centro em C. Chamamos de D e E os
pontos de interseção entre elas.
• Traçamos a reta por D e E. Chamamos de M a interseção dessa reta com o segmento AC.
a+b
• O segmento AM mede , uma vez que DM é altura do triângulo equilátero ACD e portanto é mediana.
2


Construção de ab : h² = m.n (relação métrica no triângulo retângulo)

a+b
• Traçamos uma circunferência de centro no ponto médio M e raio
.
2
• Traçamos uma perpendicular a AC passando por B. Chamamos de X e Y as interseções dessa perpendicular com a
circunferência.
h² = m . n
√ 2
• O segmento BX mede ab, pois é a altura do triângulo retângulo ACX e portanto BX = AB · BC.

Pauta de Correção:

a+b
• Construir um segmento de tamanho . [0,5]
2

• Construir um segmento de tamanho ab . [0,5]

Geometria - Construção Geométrica 135


ENQ 2017 - 1 Questão 02 [ 1,25 ]
Descreva a construção, com régua e compasso, do cı́rculo tangente à reta r e contendo os pontos A e B da figura
abaixo.
Potência de pontos
2
PA · PB = PT ,

Observação: Considere conhecidas as construções, com régua e compasso, da mediatriz de um segmento, da média
geométrica de dois segmentos e da perpendicular a um segmento passando por um ponto dado. Estas construções
podem ser utilizadas sem maiores detalhamentos.
Vamos supor o problema resolvido:

s
Os três pontos formam
um triângulo qualquer,
PA · PB = PT ,
2 então bastar tirar a
mediatriz dos lados
que encontraremos o centro
da circunferência que passará
pelos 3 pontos pedidos.

r
a = /PA.PB
Para construir o cı́rculo, precisamos construir, primeiramente, seu centro C. Este centro estará na interseção da mediatriz do
segmento AB com a reta perpendicular a r e passando pelo ponto T de tangência entre r e o cı́rculo. Com isso, se soubermos
determinar o ponto T , o problema poderá ser facilmente resolvido.

Sendo P o ponto de interseção entre r e a reta que passa por A e B, sabemos que
2
PA · PB = PT ,

logo, P T é a média geométrica dos segmentos P A e P B. Com isso, podemos fazer a seguinte construção:

1. Marcamos o ponto P de interseção entre as retas da figura e construı́mos o cı́rculo de centro P e raio a, onde a é a
média geométrica dos segmentos P A e P B (esta construção pode, segundo o enunciado, ser feita sem maiores detalhes).
2. Tomamos o ponto T na interseção entre r e o cı́rculo do passo anterior, de forma que T P A seja agudo.
3. Traçamos a reta s, perpendicular a r e passando por T (segundo o enunciado, esta construção pode ser feita sem maiores
detalhes).
4. Traçamos a reta m, mediatriz de AB (esta construção pode ser feita sem maiores detalhes).
5. Marcamos o centro C do cı́rculo na interseção entre m e s.
6. Construı́mos o cı́rculo de centro C e raio CA.

Pauta de Correção:

• Indicar (mesmo que apenas em uma figura) que o centro do cı́rculo está na mediatriz de AB e na reta perpendicular a
r passando por T , ou seguir claramente uma estratégia que utiliza este fato. [0,25]
• Considerar a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,25]
• Tomar o ponto T de forma que P T seja a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,5]
• Finalizar a construção do cı́rculo, tomando o centro na mediatriz de AB e na perpendicular a r passando por T . [0,25]

Geometria - Construção Geométrica 136


Pontos Notáveis
ENQ 2017 - 1
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um tetraedro ABCD possui como base o triângulo equilátero BCD, cujos lados têm medida 1. Suas faces laterais
são tais que AB = AC = AD = `, com B ÂC = C ÂD = B ÂD = α.

(a) Expresse ` em função de α. lei dos cossenos

(b) Determine, em função de α, a medida da altura deste tetraedro traçada a partir de A.

(a) Considerando a face ABC, como ` = AB = AC e BC = 1, temos, pela Lei do Cossenos,

a² = b² + c² - 2.a.b.cos α, 12 = `2 + `2 − 2 · ` · ` · cos α,

que implica a=
2`2 (1 − cos α) = 1,
=b
logo
1
`2 = .
2(1 − cos α)
Com isso, s c=
1
`= .
2(1 − cos α)

(b) Como as faces ABC, ACD e ABD são triângulos isósceles de vértice A, as alturas relativas a A de cada uma dessas
faces têm seus pés nos pontos médios de BC, CD e BD, respectivamente. Da mesma forma, as alturas da face BCD,
que é um triângulo equilátero, têm pés nos mesmos pontos médios, como mostra a figura abaixo.

Assim, as projeções das arestas AB, AC e AD sobre a base estão sobre as alturas da base, de forma que H, pé da
altura AH do tetraedro, esteja então no incentro/ortocentro/baricentro do triângulo equilátero BCD. Como a altura

3
do triângulo BCD tem medida 2
, temos
√ √
h = l /3 2 3 3
BH = CH = DH = · = .
2 3 2 3

Assim, como AHB é retângulo em H, temos


2 2 2
AH + BH = AB ,

logo
 √ 2 s
2 3 1
AH + = `2 , da letra (a) ` = .
3 2(1 − cos α)
que nos dá
2 1 1
AH + = .
3 2(1 − cos α)
Com isso, s
1 1
AH = − ,
2(1 − cos α) 3
que é a altura pedida

Geometria - Pontos Notáveis maycosaboia@gmail.com 171


ENQ 2012 - 2
Questão 5.
Seja ABC um triângulo equilátero de lado 6 e AD um segmento perpendicular ao plano desse triângulo de
comprimento 8.
(a) Localize o ponto P do espaço que é equidistante dos quatro pontos A, B, C e D e calcule a distância comum
R = P A = P B = P C = P D.
(b) Calcule o cosseno do ângulo entre as retas reversas AC e BD.

Altura do triângulo equilátero

UMA SOLUÇÃO h = 2 /3

(a) Localize o ponto P do espaço que é equidistante dos quatro pontos A, B, C e D e calcule a distância comum
R = P A = P B = P C = P D.
(a) O ponto P deve estar no plano paralelo a ABC a 4 unidades de distância de A, pois esse é o plano dos pontos
equidistantes de A e D. Ao mesmo tempo, ele deve estar na reta perpendicular ao plano determinado por ABC que
passa pelo centro H de ABC, pois essa reta é o conjunto de pontos que equidistam de A, B e C.

A distância de H a qualquer um dos vértices do triângulo é igual a 2 3 (o que pode ser obtido de vários modos).

Como AHP é triângulo-retângulo, de catetos AH = 2 3 e HP = 4, e hipotenusa AP = R, então R2 = 12 + 16 = 28,

logo R = 2 7. R² = (3 /2)² + 4²

(b) Calcule o cosseno do ângulo entre as retas reversas AC e BD.

(b) Chame de Q o ponto do plano de ABC tal que AQBC é paralelogramo. O ângulo procurado é o ângulo
α = QBD.
b Todos os lados do triângulo QBD são conhecidos: (i) BD = 10, porque BAD é retângulo com catetos
iguais a 6 (o lado do triângulo ABC) e 8 (a altura do ponto D); (ii) BQ = AC = 6; (iii) QD = 10 (pela mesma
razão de (i)). Então, pela Lei dos Cossenos,
102 = 102 + 62 − 2 · 10 · 6 · cos α ,

de onde sai cos α = 0, 3.

10

α
AC = QB

Geometria - Pontos Notáveis maycosaboia@gmail.com 172


Posição Relativa Entre Duas Retas
ENQ 2013 - 1 Questão 1. (pontuação: 1,5)
É dado um retângulo ABCD tal que em seu interior estão duas circunferências tangentes exteriormente no ponto T ,
como mostra a figura abaixo. Uma delas é tangente aos lados AB e AD e a outra é tangente aos lados CB e CD.
a) Mostre que a soma dos raios dessas circunferências é constante D C

(só depende das medidas dos lados do retângulo). deixar tudo em função de a e b
T
a) No retângulo ABCD consideremos AB = a e BC = b b
. Sem perda de generalidade consideraremos b ≤ a e
a ≤ 2b, pois sem esta última condição as tangências indicadas não ocorreriam.
A a B
Sejam O e O0 os centros das circunferências e r e r0 os respectivos raios. Seja s = r + r0 . Como a reta que contém
os centros das circunferências passa pelo ponto de tangência então OO0 = OT + T O0 = r + r0 = s.
D C
A paralela a AB por O e a paralela a BC por O0 cortam-se em E. Temos:

i) r + OE + r0 = a, ou seja, OE = a − s , pois r + r' = s O´
s=r+r'
T
0 0 0
ii) r + EO + r = b, ou seja, EO = b − s. r E b-s b
O a-s r´
Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo OEO0 temos:
r
s = r + r' s2 = (a − s)2 + (b − s)2

Desenvolvendo e simplificando encontramos s2 − (2a + 2b)s + a2 + b2 = 0. A a B


s = r + r' ax² + bx + c = 0
Como claramente s < a + b, pois as circunferências estão no interior do retângulo,

o valor de s que procuramos é a menor raiz da equação acima. Assim,




p
2a + 2b − 4a2 + 8ab + 4b2 − 4(a2 + b2 ) 2a + 2b − 2 2ab
s= = = a + b − 2ab,
2 2
0
o que comprova que o valor de s = r + r é constante e só depende das medidas dos
lados do retângulo.

b) Mostre que o ponto T pertence à diagonal AC do retângulo.

b) As retas AO e O0 C são paralelas ou coincidentes porque fazem 45o com os lados do retângulo. Se forem
coincidentes, o resultado é óbvio. Senão traçamos os segmentos AT e T C e o segmento OO0 (que passa por T ). Os
ângulos T OA e T O0 C são congruentes porque são alternos internos nessas paralelas em relação à transversal OO0 .

Temos ainda que C


D

T O´
O

A B

OT r r 2 OA
= = √ = 0 .
O0 T r0 r0 2 OC
Como ∠T OA = ∠T O0 C e OT
O0 T = OA
O0 C então os triângulos T OA e T O0 C são semelhantes. Assim, ∠OT A = ∠O0 T C
e, portanto, os pontos A, T e C são colineares.

Geometria - Posição Relativa Entre Duas Retas 173


Potência de Ponto

ENQ 2022 - 1
Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Nos dois casos abaixo, demonstre a conhecida relação métrica P A · P B = P C · P D, também chamada de “potência
de ponto no cı́rculo”:
(a) P exterior ao cı́rculo (Figura 1).

Solução

(a) Traçando os segmentos AD e BC, conforme a figura abaixo, obtemos os triângulos AP D e CP B, os quais são semelhantes
pelo caso de semelhança AA (ângulo-ângulo), já que o ângulo de medida α é comum e os ângulos de medida β são
congruentes, já que ambos são ângulos inscritos na circunferência e subtendem o mesmo arco AC.

Relação entre os triângulos BCP e ADP


PA PD
Logo, = e assim P A · P B = P C · P D, como querı́amos demonstrar.
PC PB

(b) P interior ao cı́rculo (Figura 2).

(b) Traçando os segmentos AC e BD, conforme a figura abaixo, obtemos os triângulos AP C e DP B, os quais são semelhantes
pelo caso de semelhança AA (ângulo-ângulo), já que os ângulos de medida α são congruentes, já que são opostos pelo
vértice, e os ângulos de medida β são congruentes, já que ambos são ângulos inscritos na circunferência e subtendem o
mesmo arco BC.

PA PC
Logo, = e, portanto, P A · P B = P C · P D, como querı́amos demonstrar.
PD PB

Geometria - Potência de Ponto maycosaboia@gmail.com 174


Proporção ..
ENQ 2012 - 1
é um quadrado, é o ponto médio do lado e é o ponto médio do lado .
Os segmentos e cortam-se em .

(a) (5pts) Mostre que .


(b) (5pts) Calcule a razão .
(c) (5pts) Se calcule a área do quadrilátero .

Obs: Para mostrar os itens (b) e (c) você pode usar o resultado do item (a) mesmo que não
o tenha demonstrado.
(a) (5pts) Mostre que .
(a) Há várias maneiras de se calcular essa proporção. Vejamos duas:
Primeira: Bastará mostrar que . Como é perpendicular a , então os
triângulos e são semelhantes. Logo,
por AA.
x BC
BN
Isso implica

NC² = BC/2
Como e , todos os termos do lado direito
podem ser colocados em função de e a igualdade segue.
Segunda: De fato não é necessário usar a perpendicularidade, pois a afirmação
vale mesmo que seja um paralelogramo. Seja o ponto médio de .O
segmento corta em que é o ponto médio de . Então
e . Como os triângulos e são semelhantes, segue que
por AA

(b) (5pts) Calcule a razão .

(b) Aproveitando a construção da segunda solução de (a), a mesma semelhança de


triângulos nos dá . E, sendo , segue que ( ) .
3PM
E
2

(c) (5pts) Se calcule a área do quadrilátero .

(c) Usaremos [polígono ] para denotar a área do polígono Evidentemente


Queremos calcular . Mas por causa da
semelhança entre os triângulos e , compartilhando o ângulo oposto a
e , respectivamente,

Portanto .

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