Resumo da obra: MADEIRA, Beja, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa - Ministério da
Educação. A Geração de 70 - Uma Revolução Cultural e Literária. ed. oficinas gráficas de Minerva do Comércio, 3º ed. Lisboa,1986.
O Romantismo em Portugal foi marcado por gerações de culturas que refletiam
processos históricos distintos, sendo assim, as obras dos diversos autores românticos e ultra românticos de 1830 a 1870 são resultados de ideologias presentes numa dada época e particulares dos próprios autores. Os autores da geração de 30 tinham como principal objetivo fortalecer o nacionalismo do povo lusitano — marcados por um contexto político-social de instabilidade — através de suas obras, são eles: Almeida Garret e Alexandre Herculano. Por outro lado, surgia os considerados "ultra românticos" que, entre os anos de 1850 e 1870 (pág. 13), foram acomodados literariamente com a estabilidade do país que foi “dominado pelos vícios do parasitismo econômico da burguesia capitalista [...]” (pág.19) , sendo assim, autores como Camilo Castelo Branco e Soares Passos buscavam transcrever em suas obras padrões que se encaixavam nos gostos burgueses da época. Por fim, a geração de 70 “[...]veio arrancar dessa modorra de degenerescência romântica [...]” (pág. 13), dando origem a estéticas e culturas literárias distintas que refletiam as individualidades ideológica de seus autores, mas que ainda assim partilhavam de um objetivo em comum “[...] redescobrir Portugal no seu todo” (pág. 33), partindo da temática social. A última geração foi dividida em duas partes com os “socialistas utópicos" — Antero de Quental e Eça de Queirós — e os “partidários do republicanismo pequeno-burguês” — Teófilo Braga, Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão. Antero de Quental foi um grande inspirador da geração e 70, via a literatura como um meio de protesto, um chamamento à ação e uma arma contra a política do período. Antero sente e pensa intensamente, sua obra Odes Modernas, o romantismo portugues entra em uma fase mais filosófica, consequentemente mais racional. Racionalidade essa que chega ao extremo da loucura, culminando em seu suicídio em 1891. Oliveira Martins foi o grande historiador da geração de 70 e teve sua vida e obra muito influenciadas por Antero de Quental, que era seu amigo próximo. Martins era ferrenhamente contrário às ideias socialistas que eram bastante efervescentes na época, ele é tomado por um nacionalismo que chega ao desejo do retorno da monarquia. Eça de Queiroz, é um dos grandes nomes da literatura portuguesa e mundial, sua história de vida influencia diretamente as suas obras que são repletas de ironia. Sua trajetória começa a ganhar destaque quando ele vai estudar direito em Coimbra e se junta ao grupo intitulado Cenáculo. Eça escrevia para alguns jornais da época e trabalhava como Cônsul. Assim como outros da geração de 70 é contra o regime socialista e ao mesmo tempo do republicanismo, como fuga dessa realidade política, parte no final da sua carreira para uma literatura fantástica.