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Como se fosse o retorno de uma meditação pelo despertar da morte, em um piscar de olhos o
mundo se viu enfrentando a maior pandemia dos tempos modernos, fazendo com que a
humanidade sentisse de forma clara o quão frágil é perante a grandeza da natureza.
Em questão de frações de tempo o ritmo do mundo até então tido como louco e de cabeça
para baixo se voltou ao seu inverso, para o ponto Zero da vida, o ponto da própria
sobrevivência, exalando em uma esfera global a irracionalidade do momento que estava
surgindo.
A pandemia se dissipou rapidamente pelo ar, elemento na qual é considerado o primeiro a ser
ativado na formação das dimensões, pelo Ar foi possível sentir o equilíbrio primordial do Nada
se aproximar, os noticiários se baseavam em morte, as dúvidas eram sobre a vida, a incerteza
estampada em cada indivíduo que pelo ar poderia se infectar e pela falta do mesmo ar, entrar
para as estatísticas não mais remotas de tudo que no mundo vinha a acontecer.
O objeto de reflexão ao cenário global e a prática aos seus acessos pode ser remetido ao túnel
qliphophico de Amprodias, túnel que liga as qliphophs Ghogiel e Thaumiel pelo diagrama da
Arvore da Morte.
Ghogiel [Estorvadores], a força ativa do outro lado da Sabedoria extensa, dual por sua
natureza, responsável por escancarar a sabedoria afim de destruir o mundo para recriá-lo em
uma dança cósmica que impulsiona (ou aniquila) [eis a referência a Amprodias] sentido ao
diamante negro da liberdade da via sinistra que se encontra além do tempo e repousa seu
caos em Thaumiel [Os Deuses Gemêos], proporcionando a abertura da visão, refletindo os
olhos do Dragão em seus próprios olhos
Amprodias age como uma espécie de buraco negro, impulsionando, destruindo e dando
passagem para a nova criação. É representado pela ilustração mais tradicional como um ser
com uma enorme boca, feroz, porém com corpo fino, deixando bem claro a capacidade de
devorar toda racionalidade da existência em esferas do mundo sem acumular a energia em sí e
sim transmutá-la. A boca aberta do sigilo remete também a referência ao útero, ao
nascimento da manifestação que procede apenas da não manifestação.
Na obra Cabala, Qliphoth e Magia Goetica de Thomas Karlsson , o sigilo de Amprodia bem
representa o movimento de transição entre estas forças de Ghagiel e
Thaumiel, onde uma força já formada com todos os seus estorvos e
barreiras para evolução transcende através de uma passagem que se eleva
a uma força dicotômica perfeita em sí só que é coroada como reino
máximo
Uma das características que podemos encontrar em tal diagrama na vida pratica dos últimos
tempos é que diante da brutalidade do vírus, ainda que o mundo fosse cercado de toda
sabedoria que julgava-se ter, a forma como o mundo sempre viveu encerrou seu ciclo, dando
continuidade ao fluxo e refluxo da natureza, escancarando o indivíduo ao reflexo da própria
face, sendo gêmeo de sí mesmo e tendo que conviver como a própria “força combatente” de
sí, onde o caminho dual é a propulsão a liberdade ou aniquilação perante ao mundo real da
natureza. O maior desejo é o desejo do passar do tempo, do tempo, para que se encontre a
cura, o escape, ou até mesmo o próprio tempo físico para aqueles que não suportam ou não
sabem conviver com tal irracionalidade da natureza muitas vezes refletida no passar do
próprio tempo junto a si mesmo.
A reflexão de tal tempo na ação de Amprodias pode-se dar ao fixar os olhos na ação de uma
ampulheta, pois esta age nas escalas do tempo e sua dissolução resoluta na observação da
cadeia universal onde cada grão passa por uma única passagem, Ghogiel impulsiona,
Amprodias faz a passagem e Thaumiel distribui a nova ordem dual para que o fluxo natural
permaneça equilibrado, assim acontece em esferas de objetos simples (exemplo da
ampulheta) como em eventos até então complexos como os buracos negros , pois estes só
são formados quando a pressão e gravidade são tão intensas que fazem uma estrela colapsar
em si mesma... a vida, o colapso, o tempo, o universo a singularidade a explosão e a impulsão
não racional estão presentes na ação de Amprodias assim como em tempos de pandemia.
As moscas e Seu Senhor anunciaram a mudança dos tempos com a chegada de inúmeros os
cadáveres, a terra treme e Amprodias abocanha tudo aquilo que existia para então na
transformação o Adversário aniquilar o que já não servia para que então o Senhor dos
Senhores coroe a própria liberdade de existir.
Os períodos de crise começam com um catalisador –uma faísca ou evento que ameaça o
colapso social fazendo com que o medo impulsione uma sociedade para a adaptação e
transformação. Períodos de crise dessa magnitude podem terminar em triunfo ou em tragédia.
Mas eles inevitavelmente dão origem a novas ordens. Não obstante a angústia que se avizinha,
o declínio da ordem atual também representa um novo começo, um novo trono. A evolução
pós grandes tragédias não se trata de uma escolha, ela simplesmente acontece e muitas vezes
baseada em eventos que fogem de uma ordem lógica e racional do momento, são evoluções
que uma hora ou outra chegariam, mas que foram antecipadas.
Amprodias está em seu trono durante todo o tempo no ciclo geral da vida, sua ação irracional
acompanha cada criação desde o momento da sua concepção, logo ao se conectar a tais
energias nestes períodos em que as brechas de um futuro tempo da evolução se abrem, o
indivíduo preparado toma como forças motrizes para a vida as feições de extremo horror que
são implicadas no caminho evolutivo. O espaço desocupado (ou tomado pelo medo) levam o
indivíduo para fora de sí, e em comboio junto a grande massa, porém quando este espaço é
preenchido pelo entendimento do caos propulsor, é possível se elevar junto ao bater de asas
das moscas que sobrevoam a maior forma de passagem do tempo (a morte) e junto a elas
proliferar os momentos de eternidade junto a criação naquilo que não se vê mais vida. A
grosso modo o indivíduo tem a possibilidade de se ver governando o poder da sugestão e
exercendo o controle sobre a mente, memórias, pensamentos e consciências, espiando além
da causalidade do cosmos.
A vida é a medida que se tem entre o nascimento e a morte, em tempos em que a morte passa
a ser uma medida global sem precedentes abre-se a lacuna no tempo em que é possível
acessar de forma mais ampla a grandeza de Amprodias. Não se sabe ao certo quanto tempo os
impactos que o COVID 19 ainda serão sentidos até que sejam mera lembrança ou passem
definitivamente a fazer parte da rotina da sociedade tal adaptação, deixando de ser uma fonte
de incerteza e medo, aos despertos que vibraram na magnitude de Amprodias, verão esta
passagem no tempo de outra forma, enxergando além das várias vidas ceifadas e a tudo que
findou-se, despertando o olhar cirúrgico a tudo que evoluiu e ao que deixou cada um mais
forte junto a natureza, o que fez cada um se sentir parte da essência da natureza , da
obscuridade muitas vezes renegada do instinto natural que repousa a matriz evolutiva, todo o
momento se torna espelho ao indivíduo... o Micro se conecta com o Macro em esferas até
então inimagináveis para que o verdadeiro Diamante Negro possa ser visualizado... e a
manifestação seja entoada para o despertar
A manifestação das forças de Amprodias começa como um sussurro, um leve sopro que é
sentido no que parece distante, o sussurro se torna um grito que reverbera no lado de dentro
em meio a vários gritos que vibram junto ao lado de fora, os gritos ensurdecem, envolvem,
impactam, transformam, levam à beira da loucura, e aos que não enlouquecem dão a
oportunidade de respirar o ar da verdadeira libertação
Irracional, transformador e sem um final definido, Amprodias sempre estará lá, sempre estará
aqui, perpetuando no além de quando o tempo de todos os tempos passar.
Ho Drakon Ho Megas
Bruno Lang é Hipnólogo Clínico (formado pela Sociedade Inter Americana de Hipnose),
programador neuro linguístico (formado pela The International Society of NLP) , dirigente em
projetos LHP que envolvem xamanismo e religiões de afro descendência e membro da Dragon
Rouge.