“Histórias de mulheres” de José Régio é um livro um tanto quanto peculiar dado ao facto de

dar ao leitor uma certa noção daquilo que não se é muito falado em sociedade. Todavia, não traduz
um simples levantamento frio de personagens femininas, mais propriamente 54 personagens, em
diferentes narrativas.

O livro é uma coleção de textos fictícios, em formato de conto ou novela, cujas personagens
centrais são mulheres, o que desde logo dá ao livro uma identidade original. Não deixa de ser um
livro chocante e escandalosamente parcial. Estamos constantemente a presenciar ao longo do livro
um traço de individualidade, independência e insubmissão perante uma sociedade machista
castradora. Neste livro José Régio nega a mulher com reputação de “sexo fraco” e com o estatuto
socialmente de fragilidade.

Assim, neste livro de novela e contos, confirma-se nada mais do que vários “retratos
simpáticos de raparigas”, expressando, deste modo, uma expressão de reconhecimento das
capacidades, potencial e valores da mulher, femininos e feministas, que só três décadas mais tarde
seriam verdadeiramente discutidos