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No dia 20 de novembro de 2023 os alunos da disciplina de Direito da Escola Secundária

António Carvalho Figueiredo do 12º ano, dirigiram-se, em visita de estudo, ao tribunal de Loures e
assistiram a alguns casos, entre eles, violência doméstica, ameaça de morte e tráfico de droga.
O primeiro caso ouvido em tribunal, foi um de violência doméstica que terá ocorrido em
outubro de 2021 até março de 2022. O arguido era o senhor Fábio André Abreu Dias, e a ofendida a
senhora Helena Sofia Cabaço Teixeira. A primeira testemunha presente, por videoconferência, em
tribunal foi o senhor António Teixeira, pai da ofendida. A testemunha afirmou que a ofendida se viu
na necessidade de sair de Lisboa para Évora e largar o emprego para sua segurança. Quando
perguntado pela senhora doutora juíza, Patrícia Machado, de que forma a situação de violência
doméstica afetou a ofendida, este disse que afetou a sua forma de estar, gerando constantes crises
de ansiedade, e sempre a chorar, porém que hoje em dia encontra-se melhor. Já na relação de pai e
filha, a testemunha diz não haver diferença. A segunda testemunha presente, também por
videoconferência, foi a senhora Claúdia Sofia Cabaço Teixeira, irmã da ofendida. A testemunha
afirma que depois de conhecer o arguido, a ofendida começou a ficar triste e a ter ataques de pânico
aos quais a testemunha diz ter assistido a um, porém no final contraria-se dizendo que nunca
assistiu. Quando perguntada de que forma a situação de violência doméstica afetou a ofendida, a
testemunha respondeu, e abro aspas, “Afetou muito a nível psicológico. Ainda tem medo, mas está
melhor dentro dos possíveis”. A mesma constatou que não houve diferença no comportamento
entre pai e filha.
O segundo caso ouvido em tribunal, foi um de ameaça agravada, que sucedeu no dia 11 de
julho de 2020 na Freguesia de Camarates. A audiência começa por se ouvir o arguido, António Gil
Lopes Vicente, que diz não se recordar da ameaça, esta é, passo a citar, “Qualquer dia dou-te um tiro
na cabeça”. O arguido afirma que tinha boas relações com o ofendido, Emanuel, porém atualmente
estão de relações cortadas. Foi perguntado se o arguido tem a certeza de não se recordar de ter
feito a ameaça, ao que o mesmo responde, e abro aspas, “É possível que tenha dito, no calor da
discussão, mas não me lembro”. O arguido acrescenta que quando se iria deslocar ao local do
ocorrido já havia gritos, e o vizinho já se encontrava com uma faca na mão. O arguido diz que o filho,
Manuel, chegou a casa às 5 horas da manhã e por volta das 7 horas, o vizinho de cima, o ofendido
começou a fazer barulho dentro da sua residência. De seguida, foi a vez de ouvir o ofendido, ao que
confirmou conhecer o arguido pois este é vizinho dele. O arguido começa por dizer que acha que o
acontecimento ocorreu num sábado entre as 10 e as 11 horas da manhã. Conta que o filho, de 6
anos, estava no quarto a brincar e deixou cair o brinquedo no chão, e passado pouco tempo começa
a ouvir a porta a bater com força, ficou preocupado, agarrou numa faca, à qual não deu uso, abriu a
porta, e deu de caras com o filho do arguido, e que o respetivo arguido se encontrava no vão das
escadas. O ofendido perguntou o que se estava a passar ao qual o arguido se queixou do barulho e
ameaçou, acrescentando à expressão um gesto com a mão apontada à cabeça. Depois da discussão
ele simplesmente fechou a porta. Ouviu-se a primeira testemunha, Edmna, companheira do
ofendido, que relatou que o sucedido decorreu entre as 10 e as 11 horas da manhã e confirma que o
filho causou barulho deixando cair o brinquedo. Diz que ouviu um estrondo na porta, “parecia que a
porta ia arrebentar”, confirmou que o marido abriu a porta com uma faca na mão, e diz que estava
junto do marido ao pé da porta, porém diz se ter deparado com o filho do arguido, o arguido e a
mulher. A segunda testemunha ouvida, Maria Lucília Valente, mulher do arguido, relatou que tudo
ocorreu às 7 horas da manhã, que o filho subiu as escadas e ao ver o vizinho com a faca puxou o filho
para trás. Ao contrário de todos os depoimentos até este ponto, a testemunha diz que foi o ofendido
que ameaçou o marido de morte. A testemunha diz que o marido tinha acabado de ser operado ao
estomago, portanto demorou muito tempo a chegar lá acima.
O terceiro, e último, caso ouvido tribunal foi um de tráfico de droga de menor gravidade,
que sucedeu no dia 2 de junho de 2022 por volta da 1 hora da manhã, o arguido, Ícaro, foi apanhado
com 9,76 gramas de haxixe. O arguido afirmou ter o produto para consumo próprio e diz o usar por
sofrer de ansiedade desde os 8 anos de idade. Transportava o produto porque o tinha acabado de
comprar. A testemunha, Miguel Sousa Silva Sampaio, agente da PSP, afirmou estar no carro de
patrulha quando sentiu o cheiro. Não foi apreendido, mas nada e o arguido afirmou que nunca em
momento algum partilhou. Visto o caso dessa forma e de acordo com a mudança de lei feita a 8 de
setembro de 2023 que despenibilizou o consumo, o arguido em termos criminais foi absolvido.
Para concluir, gostaria de dizer que foi uma experiência bastante interessante e importante,
e tenho a certeza que despertou imenso interesse aos meus colegas de direito não só à finalidade de
alguns casos em que estivemos presentes, como na profissão em si. Gostaria de repetir se me for
possivel algum dia.

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