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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR(A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 1º

VARA CÍVIL E CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA.

DEFENSOR DATIVO
PROCESSO Nº 0800564-59.2022.8.14.0017

ROBSON BISPO FARIAS, devidamente qualificado nos autos do


processo epigrafado, por seu Defensor Dativo (ID 67967922), Dilcileno Santos
Ferreira OAB/PA nº 23.808, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência apresentar.

MEMORIAIS ESCRITOS
I – SÍNTESE PROCESSUAL

O Réu foi denunciado perante este Juízo, pela prática do crime


previsto no art. 157, §2º, incisos V e VII c/c art. 14, II, ambos do código penal.

A denúncia (ID 52661462) narra que, no dia do fato, o Réu tentar


subtrair pertences das vítimas LAYSA ARAÚJO DE SOUZA e RAILSON JOSÉ
SOUSA SANTOS, mediante emprego de violência e grave ameaça exercida com
uso de arma branca, além de restringir-lhes a liberdade e da filha destes,
AMANDA, de 04 anos de idade (id 52661462). O denunciado fora preso em
flagrante logo após a tentativa de cometimento do crime.

Tendo a denúncia recebida pelo Juízo (ID 52659270),


oportunidade que o Réu fora citado e intimado para apresentar resposta à
acusação.

Intimado, o Réu informou não ter condições de contratar


advogado, razão pela qual foi nomeado Defensor Dativo pelo Juízo (ID
67967922). A resposta à acusação foi apresentada por pelo primeiro defensor
dativo (ID 57105806).
O juízo decidiu pela manutenção do recebimento da denúncia,
designando em seguida audiência de instrução e julgamento.

Audiência realizada (ID 61740168) tendo ouvido as vítimas, as


testemunhas de acusação e interrogatório do acusado.

Não sendo apresentados os memoriais escritos pelo primeiro


defensor, o juízo nomeou-me Defensor Dativo para apresentar memoriais
escritos, requeiro desde logo que seja observada os valores da tabela de
honorários da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará.

Eis os breves relatos.

II – DO MÉRITO

II. 1 – DA MATERIALIDADE E AUTORIA DO CRIME DE TENTATIVA DE


ROUBO MAJORADO POR GRAVE AMEAÇA EXERCIDA COM USO DE ARMA
BRANCA E RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DAS VÍTIMAS.

Ao fim da instrução processual, conclui-se da colheita probatória


no ato instrutório, respeitando a legislação o acusado reconhece em parte os atos
descritos na denúncia, pois estava sob efeito de uso de entorpecentes conhecido
por “crack”. Na instrução processual, foram ouvidas as vítimas, testemunhas de
acusação, as quais entraram em contradição em relação a alguns fatos.

Nas audiências de instrução tivemos as seguintes afirmação e


declarações:

A vítima LAÍZA ARAÚJO SOUZA, ouvida perante o Juízo,

Aos questionamentos do Juíz, respondeu que: Estava em casa


com a filha, quando ouviu baterem no portão, foi abrir e o acusado
já entrou com uma faca me amarando e ameaçando matar a filha,
em seguida procurava objetos de valor. O Acusado perguntava
quem mais estava na casa, respondi ninguém, apenas meu
esposo que estava trabalhando, e pediu para eu ligar pra ele e
dizer que estava passando mal, e ele vir. Quando o esposo estava
vindo já colocou o veneno nos copos e dizendo que daria para
eles beberem. A filha ficava sentado com ela na cama. E pedia
para ele nada fazer com a criança.
Em resposta aos questionamentos do Ministério Público
respondeu que: O acusado já entrou com a faca, e ameaçou e a
amarrou, não a agrediu e nem a filha. Procurava por bens para
colocar em uma sacola, não havia dinheiro em casa e nem no
banco. Ficando mais ou menos 3 horas em poder do causado.
Também não agrediu seu esposo. O herbicida que o acusado
ameaçava dar para beber estava em casa. Percebia que o
acusado estava estranho, não sentia cheiro de bebida alcoólica.
Estava grávida de 7 meses, foi atendida pelo Samu em casa,
ficando em depressão após o ocorrido. Não acredita que o parto
tenha sido acelerado pelo acontecido. Quando o policial entrou em
casa, o acusado tentou investir contra o vizinho policial que
conseguiu imobilizar. Ainda fez ameaças, dizendo que voltariam
na casa quando saíssem.

Aos questionamentos da Defesa respondeu: O acusado estava


muito nervoso, dizendo que queria dinheiro, parecendo que estava
drogado. Não sabe afirmar quanto tempo demorou entre o período
que que o marido chegou e a entrada do policial na casa.

Oitiva da VÍTIMA, RAÍLSON JOSÉ SOUZA SANTOS,

Aos questionamentos do Juíz respondeu: Estava no serviço


trabalhando quando recebeu ligação da esposa dizendo estava
passando mal, logo foi pra casa, abriu o portão e a criança veio
chorando em sua direção e ao entrar em casa, viu o acusado com
a faca no pescoço da esposa, mandou eu me amarrar nos pés, e
depois ele amarrou minhas mãos, e disse que daria veneno pra
nós beber, foi quando a neném começou a gritar, o policial vizinho
ouviu os gritos, arrombou e entrou na casa, o acusado ainda
tentou investir contra o policial, que conseguiu imobilizar o invasor
e em seguida logo chegaram outros policiais. Não me recordo do o
tempo em que chegou em casa e o policial vizinho entrou. Quando
chegou em casa o veneno já estava no copo.

Em resposta às perguntas do Ministério Público respondeu que, a


faca e as cordas ele já trouxe de fora, e o veneno era de uso para
jogar no quintal. Percebeu que havia separado alguns itens da
casa para levar em uma bolsa. Pegando apenas o celular após
chegar em casa. Não agrediu nem eu e nem outra pessoas da
casa. Não sei indicar que horas o acusado entrou na casa. O
policial arrebentou o portão para entrar. Percebeu que ele estava
meio estranho e muito agressivo, mas não sentiu que estava
bêbado. Não conhecia o acusado.

Oitiva da testemunha de acusação JOSÉ FERNANDES CHAVES


NETO. Testemunha compromissada.

Aos questionamentos do Juíz respondeu: Efetuei a prisão do


acusado. Estava em casa quando ouviu gritos de uma criança e
em seguida gritos de uma mulher e depois gritos do Raílson, e
arrebentou o portão e entrou na casa e imobilizou o acusado e em
seguida acionou a guarnição do dia. Os venenos estavam em
copos de alumínio, e um frasco de veneno encima da pia. Não
senti nenhum cheiro de bebida alcoólica no acusado, não sabendo
dizer se estava sob efeito de drogas. Ouvi de outros colegas
policiais que o acusado já havia praticado outros crimes, porém,
não pesquisei no infoseg. Vi a vítima sendo atendida no carro do
Samu. Não percebi que teria ficado alguma lesão no acusado
devido à imobilização.

Aos questionamentos da Defesa respondeu: Não se recorda o


horário dos fatos.

Oitiva da testemunha de acusação DEJUNIOR CAVALCANTE DE LIMA.


Testemunha compromissada.

Aos questionamentos da Promotoria respondeu: Fui acionado pela


Niop, e chegando ao local o soldado Neto já havia imobilizado o
acusado. Encontrando a faca, cordas e o veneno. Que as vítimas
relataram terem sido ameaçadas de morte. Já haviam umas
bolsas com alguns objetos que seriam levados. Não conhece e
ainda não tinha visto o acusado. Não percebi cheiro de bebida
alcoólica. Estava bem alterado, talvez por uso de alguma
substância tóxica, não saber dizer qual.

Oitiva da testemunha de acusação LUCAS LIMA NUNES. Testemunha


compromissada.

Aos questionamentos da Promotoria respondeu: Fiquei sabendo


da ocorrência pelo Niop, chegando ao local, percebeu a porta
aberta, e o soldado Neto imobilizando o indivíduo.

Oitiva da testemunha TIAGO LEANDRO MORAIS DE SOUZA MARTINS.


Testemunha compromissada.
Aos questionamentos da Promotoria respondeu: A guarnição foi
acionada pelo 190, era o motorista, trancou a viatura e foi até a
residência, quando os colegas já vinham como indivíduo algemado
e levaram para o xadrex da viatura. Não me recordo de ter visto o
acusado em algum lugar.

Aos questionamentos da Defesa respondeu: Não se recordo com


exatidão o horário. Se recordando ser em torno de 9:30 da manhã.

Interrogatório do Acusado ROBSON BISPO FARIAS.

Aos questionamentos do Juíz respondeu: Foi vítima no ano de


2010 de envenenamento e ficou com sequelas. Já fez , mas não
faz uso de medicamento no momento. Foi preso em Conceição do
Araguaia, ficando detido por 15 dias. É dependente químico,
usuário de crack. Não se recorda o que de fato aconteceu. Fez
uso de drogas na noite anterior. Que entrou na casa do Raílson
que era seu amigo.

Aos questionamentos da Promotoria respondeu: Entrou na casa


das vítimas já com a faca, mas não levou cordas. O objetivo era
conseguir dinheiro para comprar drogas. Não me recordo de
veneno. Não ameacei e nem machuquei a criança, nem mexi em
aplicativos de banco no celular. Não conheço o policial vizinho que
entrou na casa. Fiz uso de “crack” na noite anterior. Não efetuei
outro roubo. Não me recordo de ter ameaçado eles de morte não.
Para entrar na casa eu bati no portão e pedi para ir ao banheiro e
ela deixou eu entrar, quando já estava dentro eu rendi ela. Moro
no mesmo setor das vítimas.

Aos questionamentos da Defesa respondeu: Faço uso de “crack” e


álcool, já fui internado para tratamento do vício. Tendo passado
por mais 4 internações para tratamento do vício da droga no
Estado do Goiás.

Estou arrependido de tudo que eu, pois estava sob efeito do uso
de drogas.

Finalizando a instrução processual, embora necessitasse de


maiores e melhores investigações, são possíveis observar que há leve
contradição entre o depoimento das vítimas e o interrogatório do acusado, ante ao
fato de haver proximidade. Bem como quanto o período que o acusado ficou na
casa.
No interrogatório do acusado, este declinou quanto não se
recordar bem dos fatos, em razão de ser usuário de entorpecentes,
principalmente fazendo uso de “crack” na noite anterior. Se recordando que
realmente adentrou na casa porque queria dinheiro para comprar mais drogas.
Não ameaçou e nem machucou a criança. Não se recordando quanto ao fato de
ter ameaçado as vítimas de envenenamento. Assumindo a autoria de parte dos
fatos narrado na denúncia.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência o afastamento da


agravante do art. 157, §2º, inciso V, pois não restou comprovada o período
suficiente para considerar que houve restrição de liberdade, mas somente período
de ocorrência dos atos praticados para as demais tipificações;

Por derradeiro. Deve-se ressaltar que o acusado é réu primário,


não tem antecedentes, merecendo receber a pena mínima legal, se houver
condenação, bem como substituir por penas alternativas e o direito de recorrer em
liberdade.

Requer ainda a condenação do Estado ao pagamento dos


honorários ao defensor dativo, conforme tabela da Ordem dos Advogados do
Brasil – Seção Pará.

Termos em que,
Pede Deferimento
Conceição do Araguaia/PA, 06 de julho de 2022.

Dilcileno Santos Ferreira


Defensor Dativo
Advogado OAB/PA 23.808

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