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Tyrus se levantou decidido a entrevistar-se com Lorde Richmond.

O conde
procurou esquivar-se, mas Tyrus insistia.
- Senhor Tyrus, eu tenho muito que fazer. Devo terminar os preparativos do enterro
de Izabella...
- É uma tarefa maçante, eu sei. Mas o senhor, sem dúvida, deseja saber quem é o
responsável pela morte dela?
- Isto também. O senhor que seja breve – Com um gesto, Richmond indicou uma
cadeira para Tyrus e inclinou-se sobre os papéis sobre a escrivaninha.
- É tudo muito simples, eu quero saber sobre o dia do senhor na véspera do crime.
Diversas pessoas me falaram que o senhor e Milady haviam tido uma conversa mais
ríspida...
- Eu acredito que isto é um assunto particular.
- Não mais. Duque Thayll acredita que outro Duque está envolvido na morte de
Izabella. Eu sei por quê.
- Outro Duque? Aqui? Sem que eu soubesse?
- Exato.
- Mas por quê?
- Um pequeno motivo. Coisa de nada. Mas quanto mais rápido eu esclarecer tudo,
mais rápido ele deixará o freehold. Não deseja isto?
- Certamente... – Richmond parou no meio da sentença, ciente de que estava falando
demais.
- Então, falando francamente, que adianta o senhor esconder isto de mim? Já
conversei com todos convidados e criados. Todos eles comentaram uma ou outra coisa, é
como funciona essas coisas.
- Coisas que eu esperava que permanecessem comigo. E com Izabella.
- Permaneceriam. Talvez assim que tudo acabar, o senhor possa conversar com eles
sobre isto. Mas agora, Lady Izabella morreu. Ontem! Então ontem é algo que não mais
pertence ao mundo privado.
- Certo. Bem, qual é a pergunta?
- O seu dia e o de Lady Izabella. Ontem.
- Ela foi ao meu quarto, aonde eu escrevia um poema. Ela conversou comigo sobre
a festa. Nada mais. À noite, fui dormir logo cedo. Nada mais.
- Nada mais. Nada aconteceu.Sem dúvida?
- Não. Foi algo rotineiro.
- Certo. Espero que o senhor não se sinta ofendido – Richmond fez um gesto de
despreocupação com os ombros – Afinal, não foi para isto, e nada mais, que o senhor me
chamou?
- Claro, que outro motivo seria?
- Nenhum. Nenhum. –Tyrus se levantou e apontou para o bloco de papel que
Richmond escrevia antes dele chegar. Folhas pequenas e lilás – O senhor está escrevendo
um poema para o enterro?
- Isto mesmo. Eu estou fazendo um último poema para Izabella. O senhor sabe que
ela gostava de se chamar de Erato ?
- Não, não sabia.
- Se o senhor quiser – Ele apontou para dois grandes livros - esses são livros sobre a
minha família e sobre a família dela. O com o símbolo de nerinas é o dela. Com o símbolo
de uma teia, minha família. – Tyrus examinou atentamente o símbolo do livro da família de
Richmond. – Parece meio “assustador”, mas minha família sempre foi de poetas. Diziam
que tecíamos os versos e assim modificávamos a realidade.
- Estranho. O senhor é um poeta, mas não vi nenhum poema do senhor ainda.
- Eu não costumo guardá-los. Mas, Izabella os guardava nos nossos livros. Eu já os
retirei. – Ele apontou para outra pilha de papéis lilás em uma mesa ao lado – Vou guardá-
los comigo. Ela tem outros guardados no quarto, assim que o senhor me permitir eu os
pegarei.
- Lilás... Eu vi muito desses blocos de papel no quarto de Lady Izabella...
- Sim. Eram os papéis personalizados dela. Mandava-os fazer todos os meses. Ela só
escrevia neles e eu só escrevia os poemas neles para ela. - Ele rasgou uma pequena tira de
um. – Veja, como se parece e tem a mesma cor e texturas das nerinas que ela tanto gostava.
- Eu entendo.
- Mais alguma coisa?
- Sim. A pequena Malice pensava que Lady Izabella estava grávida.
- O quê??
- Existe alguma razão para isto? O senhor e Izabella tinham um filho?
- Bem. Não sei de onde ela tirou esta ideia. Izabella não podia ter filhos. Ela
explicou o motivo de pensar nisso?
- Gostaria de saber...
- Certamente é o seu trabalho, não? Algo mais?
- Não, eu posso levar os livros para ler em outro lugar?
- Certamente. – Tyrus se levantou e pegou o grosso volume da família de Richmond
– E, posso perguntar: o que acontece com as folhas secas aqui?
- Creio que são queimadas. O senhor podia perguntar para Marlon? Não é algo que
eu fique vigiando. E então, peça para ele vir aqui.
- Ah, obrigado. – Tyrus fez um gesto e saiu. Do lado de fora Fleubemach ouvia tudo
com o ouvido encostado na porta.

- Sabia que você gostava de escutar por detrás de portas – Fleubemach comentou
enquanto olhava uma pétala de flor. Os dois estavam sentados diante de uma pilha de
pétalas de flor e outros lixos.
- Era um caso importante. Eu precisava saber se Richmond estava chamando quem
eu achava que ele estaria chamando – Tyrus respondeu casualmente enquanto jogava uma
pétala para o lado.
- E quem seria?
- Pequena Malice
- E por quê?
- Ora, controle-se. Ele é o patrão dela. Deve ser algo sobre a casa...
- E não sobre o assassinato.
- Não. Na verdade ele perguntava sobre a gravidez de Lady Izabella.
- Mas o senhor disse que ela estava grávida.
- Certo. Eu disse. Ela não estava. Mas ele perguntava sobre outra estória de um filho
deles.
- Que outra estória?
- Uma que Lady Saphire nos contou.
- Mas...
- Lindo não? Agora trate de colocar esse nariz de raposa seu para trabalhar
Fleubemach balançou a cabeça e examinou outra pétala de flor. Tyrus abriu o livro
que havia carregado do escritório de Richmond.

Tyrus passara a hora seguinte lendo. Depois conversava novamente com a Boggan,
arrumadeira que ele encontrara no quarto de Izabella. Agora enfiava uma pinça na
fechadura da porta de Richmond. Fleubemach vigiava.
- Demore o quanto quiser!
- Certo. – Tyrus abriu a porta, entrou, olhou para cima e saiu. – Como eu pensava.
Vamos embora.
- Ah, isso era tão mais divertido quando um duque nos ajudava...

- E agora?
- Vamos. Ali está Miss Malice. Talvez ela tenha algo importante para contar-nos.
Eles se aproximaram. A jovem estava sentada, olhando pela janela.
- Vejo que a senhorita está bem melhor hoje.
- Sim. Mas o que o senhor quer?
- Apenas perguntar-lhe sobre o assunto que Richmond queria conversar com a
senhorita.
- Ora! Eu entendo. O senhor sabia. Então foi o senhor! Deve-me esta! Ele ficou
berrando comigo por horas!
- E sobre o que era?
- Não sei se eu devo contar...
- Ora, vamos. Se me contar, eu deixo meu amigo aqui, Fleubemach com a senhorita.
- E-Eu?
- Ora – Ela sorriu – O que o senhor quer saber?
- Sobre o que?
- Ele queria saber sobre a gravidez de Lady Izabella. Como eu descobri isto. Ele
achava que eu olhava os papéis dela! Que atrevimento!!
- Não. Eu sei que não fazia isto. Calma. Diga-me? Você contou isto para qualquer
outra pessoa?
- N-Não...
- Nem, para Lady Saphire?
- Oh, sim para ela. Mas ela sabe de tudo, não? E depois ela é a única outra sidhe
aqui. Era assim mesmo antes de Lady Izabella morrer.
- Vocês conversavam muito então?
- Eu e Lady Izabella? Não...
- Lady Saphire?
- Oh, sim.
- Para ninguém mais?
- Não.
- Diga-me senhorita – o rosto de Tyrus tornou-se mais sério – Aonde eu posso
encontrar isto no quarto de Lady Izabella? – E mostrou o livro de Richmond.
- Ora...
- Por favor. Eu sou velho e cansado. Se tiver de procurar por todo lugar vou ter de
levar Fleubemach comigo.
- Ora, eu estou adorando ser uma mercadoria!
- Está no armário dela. Terceira gaveta.
- Obrigado. Agora se divirta com Fleubemach!
- Eu quero ficar – Fleubemach protestou, Mas Malice colocou a mão sobre os
ombros dele e sorrindo disse:
- Tarde demais...

Tyrus entregou o livro para Richmond e passou-lhe um anel.


- Aonde o senhor conseguiu isto?
- Estava no quarto de sua esposa. Ela havia roubado para proteger-se do senhor.
- De mim? Por quê?
- Sem Dúvida, ela não queria que o senhor descobrisse algo. Faz ideia do que pode
ser?
- Não, nenhuma.
- Milord, Alguém matou sua esposa. Eu acho que sei quem é. E a menos que o
senhor possa me responder, um inocente, já que Duque Thayll deseja achar um culpado e
eles têm suspeitos, irá pagar. Para isto eu preciso saber, sem erros, o que ela contou para o
senhor. Com quem o senhor fora dormir aquela noite. Tudo! O senhor prometeu para ela,
eu sei.
Richmond olhou para o anel e ergueu-se com raiva...

- Então você o fez contar tudo – Acentis perguntou entusiasmando


- Sim.
- Então temos uma confissão do assassinato?
- Não.
- Como assim?
- Acentis, não foi Lorde Richmond quem matou Lady Izabella.
- Não, mas?
- Mas? Vamos o senhor está confuso, mas veremos se posso ajudá-lo. O senhor quer
que Richmond seja o culpado. Certo, eu entendo. Mas tirando o fato de que ele tinha a
chave do quarto o que mais o tornava suspeito? Ele ter me chamado? Mas ele nunca me
chamou. Eu fui chamado pela casa. Lady Izabella me chamou. Ele ter uma amante? Sem
dúvida algo que não aprovo, mas se ele tinha uma amante, isso não dava razões para ele
querer matá-la e sim o contrário. Queria casar com a amante? Ele conhece Lady Saphire há
anos. Por anos eles mantêm esse caso. Por que agora? Lady Izabella ter um amante? Ela
sempre teve um amante. Agora é Fabian, mas ele é somente temporário. Não vai ser o
primeiro nem o último. E depois, vamos lá. Esse Fabian não tem o nível nem de Lady
Saphire nem de Lady Izabella. Ele seria amante de ambas? Que estória. Mas nada, além
disto. Fabian. foi a única pessoa que contou esta estória. É claro... Mas o que importa?
- Admito que ele não é um tipo notável.
- Então que motivo tinha Richmond? Nenhum. Muito pelo contrário. Ontem à noite,
os dois estavam muito bem. Não me olhem. Eram realmente os dois que estavam no coreto.
Não houve um erro da Boggan. Ah, como somos confiáveis. Lorde Richmond pode
confirmar. E eu vou acreditar, sem dúvida Assim que a manhã chegou, Richmond e Duque
Thayll saíram. Eram seis horas da manhã. Pela autópsia, Lady Izabella deveria estar viva
ainda... Não, não pode ser Richmond. Não eram essas as falhas de caráter dele.
- Então, quem seria...
- Confesso eu só pensava em uma única pessoa. A Jovem Malice.
- Como? – Desta vez foi Fleubemach quem falou.
- Mas vamos elaborar. Malice é o tipo de vítima que Fabian conseguia atingir. Fora
fisgada. Mas por que se divertir com ela e deixar de lado Izabella? Malice pode parecer
frágil e jovem, mas eu nunca me esqueci da natureza dela. Ela é uma Sidhe. E Lady
Izabella era uma rival. Ainda assim, não tenho dúvidas que um relacionamento com Malice
era entediante para Fabian. Ela era muito jovem e determinada. Certamente o charme de
Fabian não fora o suficiente para fazê-la, bem, a convidá-lo para sua cama. Mas para
Malice isto era uma derrota. Não por que ela não tinha algo, que nem deseja, mas por que
Lady Izabella tinha. Incapaz de ter a quem ela amava e na teoria sendo ela a única, a saber,
do caso de Izabella. Era hora de agir. Ontem o que ela viu? Lady Izabella estava grávida
(não estava, mas Malice não sabia disto) e para Malice, quem estava com Izabella? Fabian.
Era demais não? Ela tenta arrombar a gaveta. Não consegue. Lady Izabella só descobre o
ocorrido na manhã seguinte. Quando questiona Malice, esta perde a cabeça e ataca Izabella.
Depois de matá-la, pega a chave, abre a gaveta. Lê os papéis e os esconde. Sai do quarto e
espera.
- Pobre menina...
- Pobre? Bem, eu achei a chave no canteiro de nerinas. Sem dúvida, Lady Izabella
poderia tê-la perdido ali. Mas algo me chamou a atenção: os canteiros estavam sem flores e
folhas mortas. Haviam sido limpos naquela manhã. E a chave estava lá ainda assim. Não
fazia sentido. Então a chave só foi colocada ali após a limpeza. Durante à tarde. Por quem?
Quem eu havia achado ali, pouco antes? Malice. Tinha Malice um motivo? Sim. Quem
sabia da proteção? Malice. Quem podia ter entrado no quarto sem destrancá-lo? Malice.
Saído? Malice. Nada impedia que ela tivesse uma cópia da chave. Eu poderia dizer sem
dúvida. Foi Malice quem matou Lady Izabella...
- Mas... – Fleubemach começou...
- Não pode ser. Isto não explica tudo. Acusar a menina não explica tudo. E os
papéis? – Duque Thayll disse com calma. Ele observada Tyrus gesticulando enquanto
explicava seu raciocínio e compreendeu que não estava ouvindo o que ele realmente
pensava.
- Exato... E os papéis? Se os papéis não eram sobre a gravidez de Lady Izabella,
porque destruí-los? Por que nos papéis havia algo importante. Então devemos achá-los?
Mas aonde???? A pessoa já teria certamente sumido com eles. Não, é? Mas vocês devem
se lembrar, os papéis no quarto de Lady Izabella eram personalizados. Se alguém fosse
visto com eles, chamaria a atenção. Não existem muitas pessoas que possuem aqueles
papéis lilases. Se fossem levados para serem queimados, o responsável poderia identificá-
los. Jogado no lixo, nós acharíamos facilmente quando os procurasse. Então a pessoa tinha
de sumir com eles naquela mesma hora. A pessoa olhou pela janela e teve uma ideia. Sem
dúvida, brilhante.
- Ela chamou um pombo pare levá-los????
- Não... Se olharmos, veremos a mesma coisa e não sei se teremos a mesma ideia.
Bom, eu ao menos tive a ideia de saber onde procura-los. A pessoa viu o canteiro de
nerinas. – Diante da expressão interrogativa de todos ali, menos de Fleubemach, Tyrus tirou
uma folha de papel lilás, como a que Richmond escrevera e rasgou-a. – Como vocês podem
ver, as tiras rasgadas do papel personalizado de Lady Izabella se parecem com folhas de
nerinas. Claro, uma pessoa atenta ainda assim os reconheceria. Vocês se lembram de que
apesar do quarto não ter sido arrumado naquela manhã, os vasos na janela estavam limpos
quando deveriam estar cheios de folhas secas em volta? A pessoa pegou a as folhas secas
dos vasos no quarto de Lady Izabella, misturou com o papel que rasgara e naquela mesma
manhã, depositou-as no canteiro. Os jardineiros recolheram as folhas e as colocaram na
lixeira, prontas para serem incineradas. Só que isto ocorre somente no fim de semana, o que
equivale dizer daqui a alguns dias.
- Mas você tem certeza?
- Claro – Ele tirou algumas folhas lilás do bolso, dobradas e coladas com durex – Eu
e Fleubemach passamos um bom tempo procurando, enfiados no meio do lixo e
conseguimos recuperar boa parte delas – Ele as abriu mostrando alguns buracos.
- E o que está escrito?
- Em primeiro lugar, temos um poema de amor de Richmond. Para Lady Izabella.
Feito ontem no quarto. É a mesma tinta das canetas de lá, eu verifiquei. O que mostra, sem
dúvida, que ambos estavam juntos ontem à noite. Não brigados.
- E?
- Temos anotações de Lady Izabella. Uma delas com o meu nome e número de
telefone. Nas anotações ela tinha feito algumas linhas, creio que feitas usando soothsay, e
outros nomes e números. São endereços de várias pessoas, outros detetives, devo dizer. Eu
já conferi cada um deles. Todos me confirmaram o que haviam conversado com Lady
Izabella. Eles são kithains e ela perguntava sobre o filho dela. Ela havia tido um sonho e a
partir daí começou a investigar, com grande êxito, mas foi até onde podia. Então resolveu
chamar um especialista. Ela estava certa que havia achado o rapaz. Só faltava alguém para
buscá-lo. Eu.
- Então não queriam que ela achasse o rapaz? Ele é ligado a alguém?
- Não, creio que não. Ele mora na costa leste. Mas, além disso, temos algo aqui para
pegarmos o assassino. Nesses papéis assinados por Lorde Richmond e Lady Izabella,
escritos exatamente após o poema, aonde ele promete, um oath, a jamais trai-la novamente
se ela trouxesse o rapaz de volta e que ela faz o mesmo. E ele promete expulsar daqui de
maneira humilhante, uma pessoa, que muito aborrecera Lady Izabella. E graças a deus, os
dois nos pouparam de imaginar que é esta pessoa, deixando o nome dela bem escrito aqui:
Ele mostrou o papel para Thayll e Acentis. Bem no final estava escrito o nome de
Lady Saphire.

Acentis bebia do vinho, junto com Thayll e Richmond. Os três ainda conversavam
sobre Lady Saphire.
- No final foi uma questão de sorte, hein, Tyrus? - Acentis provocou...
- Bom, certamente foi. Qualquer um poderia procurar no lixo pelos papéis. Mas
veja, com Lady Saphire, tudo se encaixa e explica. Ela se vangloriou sobre usar o tesouro
no quarto de Richmond à vontade. Nada mais natural que ela também soubesse como entrar
no quarto à vontade. As chaves do quarto de Lady Izabella ficam lá. Ela passou a noite
sozinha, depois de ter visto os dois irem para o quarto de Izabella. Ela sabia que horas a
comitiva saia e sabia, sem dúvida, que Izabella deveria estar dormindo. Ela sabia, era a
única que poderia, sobre o filho de Richmond e Izabella. Ela que sempre fora movida por
uma rivalidade com Izabella. Ela sabia onde ambos estiveram durante a noite e ouvira
boatos o suficiente naquele dia para concluir que suspeitávamos de uma farsa de Richmond.
O senhor fala muito apaixonadamente e muito alto, Acentis. Não tenho dúvida que muitos
souberam que acreditava na culpa de Richmond...
- Eu sabia disto... –Richmond comentou casualmente enquanto escrevia em um
papel.
- E o senhor me deixou fazer este papel de tolo.
- O senhor certamente pediu por isto, insinuando que alguém me chamaria para
fazer alguma farsa. E depois, eu estava atrás da jovem Malice, que certamente ouvira tais
boatos também. Continuando, Lady Saphire ouviu sobre a gravidez de Lady Izabella e
concluiu rapidamente do que se tratava. Ela sabia que Izabella, após anos sendo reprimida e
humilhada, uma mulher acostumada a ser o centro das atenções, quando conseguisse
alguma vantagem, agiria de forma impiedosa. Ela tinha de fazer algo e descobrir o que
ocorreria com ela para que se defendesse. Foi no quarto de Izabella, pegou a chave e abriu a
gaveta enquanto Izabella dormia. Pelo tamanho da chave eu duvido que Izabella dormia
com aquilo pendurado no pescoço.
- Não, ela guardava debaixo de um dos vasos de nerinas.
- O que Lady Saphire sabia, da mesma forma que o senhor, espionando-a.
- Mas aquela noite, enquanto estive lá, ela guardou em outro lugar. Para que eu não
pegasse. Eu estava atrasado, tive de sair e ela guardou-os entre os vasos novamente falando
“O que adiantava eu saber aonde ela as havia escondido agora, se durante a noite, ela
colocara em outro lugar...”.
- Mas de manhã elas já estavam lá. Lady Saphire as achou, sem saber sobre nada
que ocorrera durante a noite. Abriu a gaveta e achou os papéis. Leu um por um. Quando viu
o poema, ficou furiosa, mas era suportável. Quando viu o oath...Viu que perdera. Ai
calmamente foi até a cama de Izabella e a matou. Rasgou os papéis e saiu do quarto. À
tarde, depois de ouvir sobre quem nós, em teoria, suspeitávamos deixou a chave no canteiro
procurando incriminar Richmond, que havia passado a noite lá. Pronto, sem os papéis
ninguém culparia Saphire, já que a rivalidade de ambas podia parecer eterna, mas não
mortal...
- Porém, tem duas coisas que não são explicadas. A proteção e a gaveta arranhada. –
Thayll saiu de seu silêncio.
- O senhor deve considerar: um homem passional não faria nada a noite inteira
sabendo que os papéis sobre o filho estavam ali tão próximos?
- Richmond tentou arrombar a gaveta... – Thayll olhou para ele e franziu o cenho.
- Sim. Eu tentei. Mas eu nunca fui bom nisto...
- E a proteção?
- O senhor se lembra da boggan reclamando de uma sujeira sobre a porta do quarto
de Lady Izabella? Sobre a porta do quarto de Richmond tem a mesma marca, um círculo
com teias dentro. O símbolo da família de Richmond. Se o senhor ler o livro sobre eles vai
encontrar a história de um selo de grande poder que aumenta o nível de proteção criada
pelos membros da família de Richmond. Em outras palavras, os sovereign são mais
potentes. Mas apenas os membros da família podem usar, Lady Izabella e Lorde Richmond
são membros da família. O senhor pode ver este mesmo selo, que Izabella usou no oath de
Richmond, sem ele saber, para deixar o Oath mais forte. O senhor pode ver que ela usou
um Geas sobre ele. Ele jamais escreveria uma única palavra na vida inteira se quebrasse o
oath. Saphire de certa forma libertou-o.
- Espero que não. Se o senhor respeitasse a sua esposa –Thayll se voltou para
Richmond – E a intimidade de ambos, para não falar no casamento, Saphire jamais poderia
se interpor entre a vida e morte de minha prima Além do mais, como, sabendo dos papéis
não nos contou?
- Eu não sabia até Tyrus me contar tudo esta tarde. Além disso, eu só sabia que os
papéis do meu filho estavam lá. Ela guardava os poemas em outro lugar, eu não havia
contado aquilo para ninguém e não sabia da estória de gravidez. Não havia porque suspeitar
de Saphire. Além disso, ouvira Fabian dizer que ela estava com ele à noite. Mas creio que
não passava de uma história.
- Exato. O idiota foi manipulado por Saphire. Egos grandes.... – Tyrus movimentou
a mão para cima, enquanto Fleubemach discretamente fazia um gesto sobre as orelhas...

Acentis apertou a mão de Tyrus e entrou no carro. Duque Thayll se aproximou.


- Assim que o senhor achar o filho de Richmond, visite-me. Quero garantir que ele
terá o apoio da família.
- Se o Duque assim deseja – Tyrus inclinou-se. – Mas me perdoe, mas estou aqui a
mando de Lady Izabella. Ela vai trazer o filho de volta. Não Richmond. – Thayll sorriu
ligeiramente
- O que faria o oath ainda válido.
- Exato. Richmond é muito irresponsável. Vamos ver se ele aprende. E depois, fazia
parte da promessa, a humilhação de Saphire. Como a justiça mortal não a alcançará...
- Somente a nossa justiça. Eu verei também que ele cumpra a promessa. Foi um
grande trabalho, Sir Tyrus – Thayll entrou no carro.
- Exato, foi, Duque – Ele inclinou-se novamente. Thayll pôs a cabeça fora da janela.
- Mais uma coisa. Eu deveria cuidar de Malice, mas não a achei.
- Muito tarde. Ela e Fleubemach foram para algum lugar, que eu não sei onde,
poderia procurar, mas não quero.
- Que seja. Ela já deve saber como cuidar do destino dela e não cometer erros como
Fabian. Mas você perdeu seu ajudante.
- Ele voltará. Ele se despediu falando “Até nunca mais”. Mas o senhor não se
preocupa com uma sidhe e um pooka...
- Eu não. Temos problemas maiores do que este e depois...
- Depois?
- O que você esperava, ela é uma Fionna... – E o duque se se encostou ao banco e
fez um sinal para Acentis ir em frente. Tyrus balançou a cabeça e se voltou.
- E o senhor continua um sidhe.

Lady Saphire saiu andando do Freehold. Estava cansada, pois não conseguia dormir
bem por meses e cada vez mais perdia os laços dela com o dreaming. Em cada freehold que
entrava ouvia uma versão de “A morte de Erato” escrita por Richmond. Com fome de
glamour e cheia de ódio ela se encolheu e continuou andando em frente.

PALAVRAS FINAIS SOBRE FANFICS – A MORTE DE ERATO, Parte 2

Alguns dias depois de escrever a primeira parte escrevi a solução para o mistério. Achei
uma porcaria. Era tudo muito óbvio e faltava a “pista” casual que ajudaria o detetive a criar
a solução final. Enquanto pensava na solução para este problema, decidi detalhar melhor as
flores que aparecem na história e então decidi usar uma solução que ao menos é tão
artificial quanto são as pistas em histórias de detetive. Refiz a primeira parte no que era
necessário e reescrevi a solução. Não me lembro da primeira versão. Não alterei o
criminoso.
A história continuou teatral demais, não consigo achar o detetive interessante, mas a
experiência valeu. Serviu para que eu não me dedicasse ao gênero, o que é relevante.
Quando adolescente, a primeira vez que tentei escrever algo foi uma história derivada da
Agatha Christie. Nunca passei dos primeiros capítulos: não possuía conhecimento do trivial
variado o suficiente para criar vários personagens e situações, ambientava a história no
estrangeiro sem conhecer o local, em um passado sem conhecer como funcionava a
investigação e creio que a motivação maior era querer ler outras histórias de detetive ao
invés de escrever uma.
Ainda gosto do gênero, ainda escrevo historias do gênero e esse fanfic serviu para
comprovar que era capaz.

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