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Livreiros Lisboetas durante o Estado Novo

O Caso Específico do livreiro Sá da Costa

Culturas Urbanas e Populares


Mestrado em História Moderna e Contemporânea
Professora Doutora Maria Luísa Brandão Tiago de Oliveira

Teresa Osório
Nº 75965

Janeiro, 2016
INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como principal objectivo analisar o percurso dos livreiros lisboetas
durante o Estado Novo e aprofundar o caso específico da livraria Sá da Costa fundada
em 1913, pelos irmãos Augusto e José Augusto Sá da Costa.
Para satisfazer os dois objectivos supra procurou-se responder às seguintes questões:
Num período como o do início da terceira década do século XX, em que o número de
analfabetos em Portugal era bastante elevado, revelou-se de extrema pertinência saber
qual seria o papel desempenhado pelos livreiros no universo sociocultural lisboeta.
De seguida, importou também perceber quais as estratégias utilizadas pelos livreiros
no que concerne à ação comercial, num tempo em que existia a censura e em que
todas as empresas e indústrias eram controladas por instituições ligadas ao Estado.
Foi igualmente de especial relevância indagar como se processava o funcionamento
interno do Grémio Nacional dos Editores e Livreiros e de que modo é que este
influenciava o comércio do livro.
Por último, a abordagem ao caso específico da livraria Sá da Costa serve o propósito
de se elencar a atividade de uma das livrarias lisboetas agremiadas, tentando
desvendar a sua história e captar os procedimentos utilizados por esta para responder
satisfatoriamente às exigências comerciais, culturais e estatais da época.

Para a escrita do presente ensaio procurei referências bibliográficas na área da


História do livro como o artigo Editores e Estado Novo: O Lugar do Grémio Nacional
dos Editores e Livreiros, de Nuno Medeiros, sociólogo doutorado em Sociologia
Histórica da Cultura e algumas páginas do livro do professor doutor Diogo Ramada
Curto com o título Estudos de Sociologia da leitura em Portugal no Século XX.
O Dossiê os Livreiros e o Seu Património, da autoria de Daniel Melo, Nuno
Medeiros, Fátima Ribeiro de Medeiros e Livreiros da Sá da Costa alertou para a
relevância dos livreiros no panorama cultural português do passado, presente e do
futuro.
Ainda uma chamada de atenção para o primeiro volume de O Inquérito ao Livro em
Portugal, escrito por Irene Lisboa e publicado em 1944 na revista Seara Nova. A
análise deste inquérito permitiu a comparação de opiniões de uma multiplicidade de
livreiros lisboetas que servem, assim, de primeiros traços para o desenho de um mapa
das convergências e divergências entre colegas de profissão.
Outros trabalhos como o de Marta Susana Matos Oliveira, autora da tese de mestrado
Livraria Sá da Costa – Uma Livraria e Editora através da História (1913-2011) e o
do editor Fernando Guedes com a sua obra Os Livreiros em Portugal e as suas
Associações desde o Século XV até aos Nossos Dias, revelaram-se essenciais para
melhor compreender a classe sobre a qual me debrucei. De referir ainda o discurso
proferido por Augusto Sá da Costa aquando da inauguração da sede da livraria Sá da
Costa na rua Garrett números cem e cento e dois no dia 10 de junho de 1943.

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