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REVISÃO DE VÉSPERA

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL


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REVISÃO DE VÉSPERA

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

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Sumário

Z
SI
DIREITO CIVIL ...................................................................................................................................................................... 6

AS
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 6

DE
2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO........................................................................................... 6

RO
2.1 Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis .............................................................. 6

EI
2.2 Antinomias ............................................................................................................................................................... 7

NH
2.3 Aplicação temporal das normas ............................................................................................................................... 8

PI
2.4 Aplicação espacial das normas (artigos 7 ao 19 - LINDB) ......................................................................................... 8

UE
2.5 Revogação das leis.................................................................................................................................................... 8

Q
2.6 Aplicação do direito público ..................................................................................................................................... 9

RI
EN
3. PESSOAS NATURAIS ...................................................................................................................................................... 10

9H
3.2 Nascituro ................................................................................................................................................................ 11

83
3.3 Emancipação .......................................................................................................................................................... 11

91
3.4 Morte Presumida e Ausência ................................................................................................................................. 12
58
3.5 Domicílio................................................................................................................................................................. 12
38

4. PESSOAS JURÍDICAS ...................................................................................................................................................... 13


39

5. FATOS JURÍDICOS .......................................................................................................................................................... 13


Z
SI

5.1 Fato Jurídico Lato Sensu ......................................................................................................................................... 13


AS

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5.2 Ato Lícito Ou Ato Jurídico Lato Sensu:.................................................................................................................... 14
DE

5.3 Ato Ilícito ......................................................................................................................................................... 14


RO

6. NEGÓCIO JURÍDICO ....................................................................................................................................................... 14


EI

6.1 Estrutura dos negócios jurídicos (escada Ponteana) .............................................................................................. 14


NH

6.2 Representação ........................................................................................................................................................ 16


PI

6.3 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO .......................................................................................................................... 16


UE

6.4 INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO...................................................................................................................... 18


R IQ

6.4.1 Efeitos da anulação: ............................................................................................................................................ 19


EN

7. PRESCRIÇÃO .................................................................................................................................................................. 19
H

7.1 Fatos preclusivos da prescrição: causas de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição ................... 19
8 39

8. DECADÊNCIA ................................................................................................................................................................. 20
91

9. DIREITO CIVIL: DOS BENS .............................................................................................................................................. 20


58
38

9.1 CLASSIFICAÇÃO ....................................................................................................................................................... 20


39

9.1.1. Bens públicos – art. 98 a 103, CC *ATENÇÃO especial ao art. 99, CC................................................................. 21
Z

10. DIREITO CIVIL: RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................................................... 21


SI
AS

10.1 EXCLUDENTES DE ILICITUDE ................................................................................................................................. 21


DE

10.2 ESPÉCIES DE ATOS ILÍCITOS ..................................................................................................................................


9881 22
11. RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................................................................................................................... 22
R O

11.1 Responsabilidade Civil Contratual X Extracontratual ........................................................................................... 22


EI
NH

11.2 Elementos da Responsabilidade Civil (ou pressupostos do dever de indenizar) ............................................ 22


PI

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REVISÃO DE VÉSPERA

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

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11.3 Notas sobre algumas espécies de Responsabilidade Civil previstas no CC/02 ............................................... 24

Z
SI
11.3.1. Responsabilidade Civil do Incapaz (art. 928, CC): Para que os pais respondam objetivamente, é preciso

AS
comprovar a culpa dos filhos. A responsabilidade do civilmente incapaz é subsidiária (art. 928, caput) e

DE
condicionada (928, § único). .................................................................................................................................... 24
11.3.2 Responsabilidade Civil por Atos de Outrem (arts. 931 e 932) ...................................................................... 25

RO
11.3.3 Responsabilidade Pelo Fato do Animal (art. 936): O CC adotou a Teoria da Guarda, segundo a qual a

EI
responsabilidade não recai necessariamente sobre o dono. Ou seja, apesar de o art. 936 referir-se apenas ao dono,

NH
é possível haver responsabilidade civil das pessoas que estão promovendo a guarda do animal. ......................... 25

PI
11.3.4 Responsabilidade por ruína de edifício e queda de partes não integrantes (art. 937 e 938). ...................... 25

UE
LEIS PENAIS ESPECIAIS ...................................................................................................................................................... 26

Q
RI
1. LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ....................................................................................................................... 26

EN
1.2 COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS DE QUALQUER NATUREZA ................................................................................... 26

9H
1.3 QUEBRA DO SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS ........................................................................................................ 27

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1.4 QUEBRA DE ERB...................................................................................................................................................... 27

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1.5 MOMENTO DE DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ........................................................................... 27
58
1.6 REQUISITOS PARA A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA:.............................................................................................. 27
38
39

1.7 SIGILO PROFISSIONAL DO ADVOGADO .................................................................................................................. 28


Z

1.8 ENCONTRO FORTUITO DE ELEMENTO PROBATÓRIO EM RELAÇÃO A OUTROS FATOS DELITUOSOS


SI

(SERENDIPIDADE): ........................................................................................................................................................ 28
AS

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1.9 PROCEDIMENTO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ............................................................................................... 28
DE

1.10 EXECUÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA – art. 6º ........................................................................................ 29


RO

1.11 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E AUTORIDADES COM FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ......................... 29
EI

1.12 INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES AMBIENTAIS .......................................................................................... 30


NH

1.13 Captação Ambiental Clandestina e Figura Criminosa Respectiva ........................................................................ 30


PI

2. LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ............................................................................................................................... 31


UE

2.1 DOS DELITOS DA LEI 12.850/13 .............................................................................................................................. 31


IQ

2.1.2 Art. 2º, caput: Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
R
EN

organização criminosa ............................................................................................................................................. 31


H

2.1.3 Art. 2º, §1º (figura equiparada): Obstrução ou embaraço de investigação penal referente à organização
39

criminosa.................................................................................................................................................................. 31
8

2.2 Causas de Aumento de Pena e circunstância agravante ........................................................................................ 32


91
58

2.3 Participação do Funcionário Público na OCRIM ..................................................................................................... 32


38

2.4 ASPECTOS PROCESSUAIS DA LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA........................................................................... 32


39

2.4.1 Colaboração Premiada .................................................................................................................................... 33


Z
SI

2.4.2 Ação Controlada (também conhecida como flagrante postergado)............................................................... 35


AS

2.4.3 Infiltração De Agentes ..................................................................................................................................... 35


DE

2.4.4 Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações ......................................................... 36


O

2.5 DOS CRIMES OCORRIDOS NA INVESTIGAÇÃO E NA OBTENÇÃO DA PROVA ............................................................... 36


R
EI

3. LEI DE DROGAS ............................................................................................................................................................. 37


NH

3.1 Porte de Drogas para Uso Pessoal (art. 28) ............................................................................................................ 37


PI

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

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3.2 Tráfico de Drogas (Art. 33, Caput) .......................................................................................................................... 37

Z
SI
3.3 Figuras Equiparadas ao Tráfico (Art. 33, §1°) ......................................................................................................... 38

AS
3.4 Tráfico Privilegiado (Art. 33, §4º) – NÃO é crime equiparado a hediondo. .................................................... 38

DE
3.5 Tráfico de Maquinário (Art. 34) ............................................................................................................................. 38

RO
3.6 Associação Para o Tráfico ....................................................................................................................................... 39

EI
3.7 Prescrever ou Ministrar Drogas Culposamente ..................................................................................................... 39

NH
3.8 Causas de Aumento da Pena .................................................................................................................................. 39

PI
3.9 DA INVESTIGAÇÃO ............................................................................................................................................... 40

UE
LEI MARIA DA PENHA........................................................................................................................................................ 41

Q
RI
1. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER ........................................................................................... 41

EN
2. SUJEITOS DO DELITO ..................................................................................................................................................... 41

9H
3. ELEMENTO SUBJETIVO .................................................................................................................................................. 42

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4. HIPÓTESES DE CONFIGURAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA........................................................................................ 42

91
5. FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER................................................................................................................ 42
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38
6. FORMAS DE PREVENÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA ..................................................................................................... 43
39

7. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA FAMILIAR .......................................................................... 43


Z

8. DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL ......................................................................................................... 44


SI
AS

9. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA........................................................................................................................... 44


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DE

10. PRISÃO PREVENTIVA ................................................................................................................................................... 46


11. RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO NOS CRIMES PRATICADOS NO CONTEXTO DA LEI 11.340/06 ............................ 46
RO

12. VEDAÇÕES PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA ....................................................................................................... 47


EI
NH

13. AÇÃO PENAL NOS CRIMES DA LEI MARIA DA PENHA ................................................................................................. 47


PI

Lei Maria da Penha x Lei Henry Borel ............................................................................................................................... 48


UE

LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ........................................................................................................................................ 49


IQ

1. BEM JURÍDICO TUTELADO ............................................................................................................................................ 49


R

2. CONCEITO ..................................................................................................................................................................... 49
EN

3. SUJEITO ATIVO DO DELITO ........................................................................................................................................... 49


H
39

4. ELEMENTO SUBJETIVO ..................................................................................................................................................


9881 50
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6. DA AÇÃO PENAL ............................................................................................................................................................ 50


58

7. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE ................................................ 51


38

8. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO ................................................................................................................................... 51


39

9. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ................................................................................................................................. 51


Z
SI

10. DAS SANÇÕES CÍVEIS E ADMINISTRATIVAS................................................................................................................. 52


AS

11. EFEITOS CIVIS DA ABSOLVIÇÃO PENAL ....................................................................................................................... 52


DE

12. DOS CRIMES EM ESPÉCIE NA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ................................................................................... 52


O

12.1 Decretar Medida de Privação de Liberdade em Desconformidade com a Lei – Art. 9, Caput ............................. 52
R
EI

12.2 Decretação de Condução Coercitiva Manifestamente Descabida ou sem Prévia Intimação de Comparecimento
NH

ao Juízo – Art. 10. ......................................................................................................................................................... 53


PI

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

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12.3 Deixar Injustificadamente de Comunicar Prisão em Flagrante à Autoridade Judiciária no Prazo Legal .............. 53

Z
SI
12.4 Constrangimento de Preso ou Detento – Art. 13. ................................................................................................ 54

AS
12.5 Constrangimento a depor de pessoa que deva guardar segredo ou resguardar sigilo em razão de função,

DE
ministério ou profissão, e figuras equiparadas – Art. 15 ............................................................................................. 55

RO
12.6 Violência Institucional – Art. 15-A ........................................................................................................................ 56

EI
12.8 Submissão de Preso a Interrogatório Policial Durante o Período de Repouso Noturno – Art. 18 ....................... 56

NH
12.10 Restrição, sem justa causa, da entrevista pessoal ou reservada com seu advogado ........................................ 57

PI
12.12 Violação de Domicílio em um contexto de abuso de autoridade – Art. 22 ........................................................ 57

UE
12.14 Constrangimento de funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para

Q
tratamento pessoa morta – Art. 24.............................................................................................................................. 58

RI
12.16 Requisição ou Instauração de Procedimento Investigatório sem quaisquer indícios – Art. 27 ......................... 58

EN
12.17 Divulgação de Gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida

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privada do investigado ou acusado .............................................................................................................................. 58

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13. LEI DE RACISMO .......................................................................................................................................................... 59

91
13.1 RACISMO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................................................................ 59
58
38
13.2 O BEM JURÍDICO TUTELADO PELA LEI Nº 7.716/89 ............................................................................................. 59
39

13.3 CONCEITOS E ALCANCE DA LEI Nº 7.716/89 ........................................................................................................ 59


Z

13.4 CONSIDERAÇÕES INICIAIS GERAIS SOBRE OS CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 7.716/89 ....................................... 59
SI
AS

13.5 CRIMES EM ESPÉCIE .............................................................................................................................................


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DE

13.5.1 Novo tipo penal Injúria Racial (deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal).................... 60
13.5.2 Art. 3º - Impedir ou obstar o acesso a cargo público .................................................................................... 61
RO

13.5.3 Art. 4º - Negar ou Obstar Emprego em empresa privada ............................................................................. 61


EI
NH

13.5.4 Art. 7º - Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotéis e similares ................................................... 62


PI

13.5.5 Art. 8º - Impedir o acesso a restaurantes e similares ou recusar atendimento............................................ 62


UE

13.5.6 Art. 9º - Impedir o acesso a locais de diversão ou clubes sociais ou recusar atendimento .......................... 62
IQ

13.5.7 Art. 11 – Acesso a entrada ou elevador social .............................................................................................. 62


R

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EN

13.5.8 Art. 12 – Impedir o acesso ou uso de transportes públicos .......................................................................... 62


H

13.5.9 - Art. 20. ........................................................................................................................................................ 63


39

13.5.10 - Art. 20- A e Art.20-B: Novas de causas de aumento em contexto ou com intuito de descontração, diversão
8

ou recreação ou praticados por funcionário público ............................................................................................... 64


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13.6 CRIMES DE PRECONCEITO X TORTURA (PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE) ............................................................. 64


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DIREITO CIVIL

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SI
AS
1. INTRODUÇÃO

DE
RO
1. Conceito: O Direito Civil pode ser conceituado como o complexo de normas, princípios e regras que
disciplinam as relações privadas desde antes do nascimento até depois da morte do ser humano.

EI
NH
2. Princípios Norteadores Do Novo Código: Eticidade, Sociabilidade E Operabilidade: O novo código passa
a adotar o modelo de cláusulas gerais (abertas), abandonando a concepção positivista pretérita, que

PI
UE
defendia a possibilidade da normatização prever todos os problemas concretos.
• Eticidade: Manifesta-se pela boa-fé objetiva, nas relações patrimoniais e pela socio afetividade, nas

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RI
relações existenciais.

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Boa-fé SUBJETIVA Boa-fé OBJETIVA
Não é um princípio, mas sim um estado psicológico (um É uma regra de conduta.

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fato). Significa manter uma conduta de acordo com padrões sociais

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Muito utilizada no Direito Real (exs.: posse, usucapião, de lisura, honestidade e correção.
benfeitorias, etc.).
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Tem como objetivo não frustrar a legítima confiança da outra
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parte.
39

Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se analisar se a Para examinar a boa-fé objetiva, deve-se analisar se a pessoa
Z

pessoa pensava, sinceramente, que agia ou não de acordo agiu de acordo com os padrões de comportamento(standards)
SI

com o direito (é examinado se a pessoa tinha boas ou más impostos pelo direito em determinada localidade e em
AS

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intenções). determinada situação.
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DE

Deve ser examinada internamente, ou seja, de acordo com Deve ser examinada externamente, ou seja, não importa qual
o sentimento da pessoa. era o sentimento da pessoa, mas sim a sua conduta.
RO
EI

• A boa-fé objetiva possui 03 (três) funções: função interpretativa, integrativa e restritiva ou limitadora.
NH
PI

2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO


UE
IQ

2.1 Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis


R
EN

1. Integração: De acordo com o art. 4º da LINDB, são formas de integração da lei:


H

● Analogia;
39

● Costumes;
8
91

● Princípios gerais do direito.


58
38

➢ Obs.1: Importante ressaltar que a EQUIDADE não consta do rol do art. 4º da LINDB, mas alguns
39

doutrinadores, como Maria Helena Diniz, a incluem dentre as formas de integração da lei. No Direito
Z
SI

Tributário, a equidade é expressamente prevista como forma de integração da lei (art. 108, inciso
AS

IV, do CTN).
➢ Obs.2: A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara. Em contrapartida, a
DE

integração depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser:
O


R

Autênticas (próprias) – ocorrem quando o legislador não identificou uma hipótese.


EI

• Não-autênticas (impróprias) – o legislador previu, mas preferiu não tratar sobre o assunto.
NH
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I. Analogia: É a utilização de uma norma próxima ou semelhante para regular uma situação que não foi

Z
SI
regulamentada pelo direito. Pode ser dividida em:

AS
● Analogia legal – a relação da semelhança toma por base outra lei;

DE
● Analogia iuris – a relação de semelhança é estabelecida com base em outro caso concreto.

RO
ATENÇÃO: ANALOGIA X INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA - Na analogia rompe-se com os limites do que está previsto na

EI
norma, havendo integração da norma jurídica. Na interpretação extensiva apenas amplia-se o seu sentido.

NH
PI
II. Costumes: São as práticas e usos reiterados, de conteúdo lícito e com relevância jurídica. Podem ser:

UE
● Costume segundo a lei (secundum legem): Incide quando há referência expressa ao costume no texto legal.

Q
RI
● Costume na falta da lei (praeter legem): É aplicado quando a lei for omissa, sendo denominado de costume

EN
integrativo.
● Costume contra a lei (contra legem): É a aplicação do costume contrária a lei. Nesse caso, há abuso de direito.

9H
III. Princípios gerais do Direito: São as ideias centrais do sistema, estabelecendo suas diretrizes e dando um

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conteúdo harmonioso, lógico e racional.

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58
2.2 Antinomias
38
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39

1. Conceito: São o choque de duas normas jurídicas emanadas de autoridade competente.


Z
SI

2. Critérios para a solução desses conflitos:


AS

● Cronológico: norma posterior prevalece sobre norma


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anterior;
DE

● Especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral;


● Hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior.
RO
EI

3. Quanto aos critérios de colisão, as antinomias podem ser classificas em:


NH

● De primeiro grau: o choque envolve apenas um dos critérios de solução de conflito;


PI

● De segundo grau: o choque envolve dois critérios de solução de conflito.


UE
IQ

4. Já quanto à possibilidade ou não de solução do conflito, classificam-se em:


R
EN

● Aparente: quando, de acordo com os três critérios de solução, há possibilidade de resolução do conflito;
● Real: não se consegue resolver o conflito.
H
39
8

5. Considerações importantes:
91

● Se houver conflitos de segundo grau, envolvendo os critérios cronológico e da especialidade:


58

prevalecerá o da especialidade – Conflito aparente;


38
39

● Se houver conflitos entre os critérios cronológico e hierárquico: prevalecerá o hierárquico – Conflito


aparente;
Z
SI

● Se houver conflito de segundo grau, envolvendo os critérios da especialidade e hierárquico: haverá


AS

conflito real, pois, a doutrina aponta o critério hierárquico como mais forte e, ao seu turno, o critério
DE

da especialidade está na CF/88 (princípio da isonomia). Para os casos de conflito real Maria Helena
O

aponta duas soluções:


R

✓ Legislativa: A edição de uma terceira norma para estabelecer qual prevalecerá;


EI


NH

Judicial: O aplicador do direito escolherá uma das duas normas, tendo como base os arts. 4º e 5º da
LINDB – analogia, princípios gerais do direito e função social da norma.
PI

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EN
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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

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Z
SI
2.3 Aplicação temporal das normas

AS
DE
1. A irretroatividade é a regra prevista na LINDB.

RO
2. Adota-se a ideia do tempus regit actum, ou seja, a lei nova não atinge os fatos anteriores ao início de
sua vigência. A lei nova não poderá prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Em

EI
NH
consequência, os fatos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo
em que foram praticados.

PI
UE
3. Porém, podem existir hipóteses que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei nova, para
alcançar fatos pretéritos ou os seus efeitos. Assim, a doutrina faz uma distinção entre retroatividade

Q
RI
máxima, média e mínima:

EN
● Retroatividade máxima ou restitutória: a lei alcança a coisa julgada (sentença irrecorrível) ou os fatos jurídicos

9H
consumados;
● Retroatividade média: a lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela. A lei nova

83
atinge os direitos exigíveis, mas não realizados antes de sua vigência

91
● 58
Retroatividade mínima, temperada ou mitigada: a lei nova atinge apenas os efeitos dos fatos anteriores
38
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verificados após a data em que ela entra em vigor. Logo, alcança apenas as prestações futuras de negócios
39

firmados antes do advento de nova lei.


Z
SI

2.4 Aplicação espacial das normas (artigos 7 ao 19 - LINDB)


AS

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DE

1. Começo e fim da personalidade – aplicam-se as normas do país em que for domiciliada a pessoa,
RO

inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos direitos de família.


2. Casamento:
EI


NH

Se realizado no Brasil o casamento, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às
formalidades da celebração.
PI

• Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro
UE

domicílio conjugal.
IQ

• O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e,
R
EN

se este for diverso, o do primeiro domicílio conjugal.


• O divórcio realizado no estrangeiro em que um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, haverá
H
39

reconhecimento no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de
8

separação judicial por igual prazo, caso em que produzirá efeito imediato.
91
58

3. Obrigações: a LINDB consagra a regra de aplicação das leis do local em que foram constituídas.
38

4. Sucessão por morte ou por ausência: obedece às normas do país do último domicílio do de cujus.
39

5. Vocação hereditária: serão aplicadas as regras nacionais no caso de vocação hereditária para suceder
Z
SI

bens de estrangeiro situados no Brasil, salvo se mais favoráveis ao cônjuge e aos filhos as normas do
AS

último domicílio.
DE

6. Sociedades e fundações: deve ser aplicada a norma do local de sua constituição.


R O

2.5 Revogação das leis


EI
NH

1. A revogação pode ser:


PI

8
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Total (ab-rogação);

Z
SI
● Parcial (derrogação);

AS
● Expressa: Expressamente exclui lei anterior do ordenamento jurídico;

DE
● Tácita: A nova lei é absolutamente incompatível com a anterior;
● Global: A nova lei disciplina totalmente a matéria disciplinada pela lei anterior;

RO
2. Repristinação: é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em virtude da revogação

EI
da lei revogadora. Segundo o art. 2º, §3º, da LINDB, salvo disposição em contrário, a lei revogada NÃO

NH
9881

se restaura por ter a lei revogadora perdido sua vigência.

PI
UE
2.6 Aplicação do direito público

Q
RI
EN
1. A Lei nº 13.655/2018 incluiu diversos artigos na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro que
cuidam de regras sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. São

9H
normas aplicadas nas esferas:

83
• Administrativa - como nos processos administrativos

91
• Controladora - como o Tribunal de Contas 58
• Judicial - como nos processos que tramitam perante o Poder Judiciário
38

2. Nesses âmbitos, o art. 20 da LINDB prevê que não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos
39

sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão, sendo que a motivação
Z
SI

demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação do ato, contrato, ajuste,


AS

processo ou norma administrativa, inclusive em face


9881 das possíveis alternativas.
DE

3. O art. 21 busca uma reflexão aprofundada do julgador sobre as consequências jurídicas e


RO

administrativas de sua decisão, que - ao invalidar ato, contratos, ajuste, processo ou norma
administrativa – atingirá, direta ou indiretamente, a coletividade.
EI
NH

Nesse sentido, sendo possível a regularização, a decisão deverá indicar os meios para tanto, de modo
proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais.
PI

4. No tocante à interpretação das normas sobre gestão pública, o art. 22 estabelece que serão
UE

considerados os:
IQ


R

obstáculos e as dificuldades reais do gestor


EN

• exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos administrados.
H

5. Além disso, os parágrafos do art. 22 dispõem que, em decisão sobre regularidade de conduta ou
39

validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as


8
91

circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente.


58

6. Na aplicação de sanções, serão consideradas:


38

• a natureza da infração
39

• gravidade da infração cometida


Z

• os danos que dela provierem para a administração pública


SI

• as circunstâncias agravantes ou atenuantes


AS

• os antecedentes do agente
DE

7. O art. 23 prevê uma espécie de modulação de efeitos ao prescrever que a decisão que estabelecer
O

interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou
R
EI

novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição.


NH
PI

9
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
8. O art. 24 busca garantir a segurança jurídica às situações constituídas à luz de um entendimento geral

Z
SI
válido.

AS
9. O art. 26 estabelece que a autoridade administrativa poderá, em determinados casos, celebrar

DE
compromisso com os interessados, com vistas a eliminar:

RO
irregularidade
• incerteza jurídica

EI

NH
situação contenciosa na aplicação do direito público
9881

10. Responsabilidade civil do agente público (art. 28): O agente responderá pessoalmente por suas

PI
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.

UE
11. O art. 29 estabelece que em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade

Q
RI
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para

EN
manifestação de interessados.

9H
• Essa consulta deve ser preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
• A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública.

83
Por fim, o art. 30 dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica

91
58
na aplicação das normas, inclusive por meio de instrumentos que terão caráter vinculante em relação
38
ao órgão ou entidade a que se destinam, tais como:
39

• regulamentos
Z

• súmulas administrativas
SI

• respostas a consultas
AS

9881
DE

3. PESSOAS NATURAIS
RO


EI

Os atos praticados pelos absolutamente incapazes são NULOS (art. 166, I, do CC), não podendo ser
NH

ratificados, pois tal vício não convalesce (art. 169), podendo o juiz assim declará-los de ofício.
PI

Protege-se, entretanto, a boa-fé de terceiros. Os atos civis de seu interesse deverão ser exercidos
UE

por seus representantes – pais, tutores ou curadores.



IQ

A vontade dos relativamente capazes tem relevância jurídica, o que possibilita sua atuação direta
R

nos atos civis, desde que acompanhados de ASSISTENTE, com algumas exceções (ser mandatário,
EN

testemunha). É causa de anulabilidade dos atos jurídicos (art. 171, I, do CC).


H
39

1.1 Personalidade:
8
91
58

● Aquisição de personalidade, nos termos do art. 2º do CC, ocorre com o nascimento com vida,
38

quando há a separação do ventre materno e o ar entra nos pulmões.


39

● Extinção da personalidade ocorre com a morte, conforme art. 6º do CC.


Z
SI
AS

1. Pessoa Jurídica: tem direitos da personalidade por equiparação, conforme prevê o art. 52 do CC. Os danos
DE

morais são lesões a direitos da personalidade (danos imateriais). – S. 227, STJ


Obs.: STJ - Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à
R O

violação da honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano
EI

reflexo sobre os demais jurisdicionados em geral for evidente. (Info 684).


NH
PI

10
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
NÃO CONFUNDA: DIREITOS DA PERSONALIDADE SÃO, SIMULTANEAMENTE, ABSOLUTOS (oponíveis erga

Z
SI
omnes) e RELATIVOS (ponderados em caso de conflito).

AS
• STF passou a entender pela sua incompatibilidade com a Constituição Federal: É incompatível com a

DE
Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em

RO
razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. (Info 1005, STF)

EI
NH
a) Direito à imagem e Danos morais

PI
● Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos
de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.

UE
● Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular,

Q
RI
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.

EN
● Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.

9H
b) Direito ao nome: Art. 16 a 19, CC: É o direito à individualização da pessoa.

83
● A existência de um homônimo que responde a processo criminal, ainda que em outro estado da federação,

91
pode ensejar um constrangimento capaz de configurar o justo motivo para fundamentar a inclusão de
58
patronímico. (Info 748).
38

● É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai informou, perante o cartório de
39

registro civil, nome diferente daquele que havia sido consensualmente escolhido pelos genitores (Info 695).
Z
SI

● É admissível o restabelecimento do nome de solteiro na hipótese de dissolução do vínculo conjugal pelo


AS

falecimento do cônjuge. (Info 627).


9881
c) Transexuais
DE

9881

● Transexuais e direito à mudança do prenome e do gênero no registro civil: Atualmente, para os Tribunais
RO

Superiores, o transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem fazer cirurgia de
EI

transgenitalização e mesmo sem autorização judicial. (Info 911 e 892, STF)


NH

● Transexuais e cumprimento de pena: Além disso, em atendimento aos princípios constitucionais do direito à
PI

dignidade humana, à autonomia, à liberdade, à igualdade, à saúde, e da vedação à tortura e ao tratamento


degradante e desumano, os transexuais e travestis com identificação com o gênero feminino poderão optar
UE

por cumprir pena em presídio feminino ou masculino.


R IQ
EN

3.2 Nascituro
H
39

É o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. Algumas teorias tentam explicar
8
91

a proteção jurídica do nascituro: natalista, personalidade condicional e concepcionista.


58

* Qual teoria prevalece? R.: O CC/02 não deixou claro a teoria adotada, pois o art. 2º menciona tanto
38

o termo “nascimento”, quanto “concepção”. Todavia, é a teoria concepcionista que guarda maior
39

compatibilidade, a partir de uma interpretação sistemática do ordenamento e que vem sendo


Z

adotada pela jurisprudência, a exemplo da lei de alimentos gravídicos e de decisões do STJ que
SI
AS

admitiram o dano moral ao nascituro e até mesmo pagamento de DPVAT pela morte de nascituro
(STJ, Info 547).
DE
O

3.3 Emancipação
R
EI
NH
PI

11
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
a) Voluntária: Decorre de ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, sendo irrevogável.

Z
SI
Nessa hipótese, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos.

AS
b) Judicial: Concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos

DE
c) Legal: Decorre de previsão legal:

RO
● Casamento (Obs.: Divórcio, morte do cônjuge ou anulação do casamento para o cônjuge de boa-fé
não fazem retornar à incapacidade)

EI
NH
● Exercício de cargo ou emprego público efetivo; Cuidado! Não é nomeação e nem posse e sim
exercício

PI
UE
● Colação de grau em curso de ensino superior;
● Estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego do maior de 16 anos que

Q
RI
gerem economia própria.

EN
Obs.: Emancipação voluntária: NÃO afasta a responsabilidade civil dos pais; Emancipação legal: AFASTA a responsabilidade civil dos

9H
pais

83
91
3.4 Morte Presumida e Ausência
58
38
1. A morte presumida pode ser com ou sem declaração de ausência.
39

a) Com declaração de ausência: nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (art. 6º);
Z

b) Sem declaração de ausência: (art. 7º)


SI
AS

● se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;


9881
● se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
DE

da guerra.
RO

ATENÇÃO! COMORIÊNCIA. Quando não for possível precisar a ordem cronológica das mortes de pessoas que morreram na mesma
ocasião, chamadas comorientes, a lei prevê a presunção de haverem falecido no mesmo instante. Se forem parentes, a consequência
EI

é que tais pessoas NÃO sucederão reciprocamente, abrindo-se cadeias sucessórias distintas (art. 8º, CC).
NH
PI

1. Ausência: é o desaparecimento de uma pessoa de seu domicílio, sem dar notícias de onde se encontra,
UE

sem deixar procurador para administrar seus bens. Necessita de declaração judicial. Quanto à tutela dos
IQ

bens, possui três fases:


R

9881
EN

a) 1ª FASE - CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE: arts. 22 a 25, CC, recomenda-se a leitura dos
H

dispositivos.
39

b) 2ª FASE - SUCESSÃO PROVISÓRIA: Ocorre após decorrido 1 ano da arrecadação ou, caso o ausente tenha
8
91

deixado procurador, passados 3 anos. Consiste em uma administração para preservar os bens do
58

ausente. Recomenda-se a leitura dos arts. 26 a 36, CC.


38

c) 3ª FASE - SUCESSÃO DEFINITIVA: Ocorre após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu
39

a abertura da sucessão provisória. Na mesma oportunidade, levantam-se as garantias prestadas.


Z

Recomenda-se a leitura dos arts. 37 a 39, CC.


SI
AS

3.5 Domicílio
DE
O

1. Espécies de domicílio:
R
EI

a) Convencional: é aquele que se fixa por ato de vontade própria, ou seja, a pessoa fixa por ato de
NH

vontade, ao se mudar.
PI

12
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
b) Legal ou necessário: é aquele determinado por lei e previsto no art. 76:

Z
SI
● Incapaz: domicílio de seu representante ou assistente;

AS
● Preso: onde cumpre pena;

DE
● Servidor público: onde exerce permanentemente as suas funções;

RO
● Militar: onde está servindo
● Marítimo: local da matrícula do navio.

EI
NH
● DE ELEIÇÃO OU ESPECIAL (art. 78 do CC): é o domicílio previsto em um contrato.

PI
UE
4. PESSOAS JURÍDICAS

Q
RI
1. Requisitos para constituição (art. 45, CC)

EN
● Vontade das partes em criar entidade distinta dos seus membros, materializada no ato de

9H
constituição, que será:

83
⋅ Estatuto: Se associações;

91
⋅ Contrato Social: Se sociedades simples ou empresárias;
● Observância das condições legais; 58
38
● Objetivos lícitos.
39

Obs.: Prazo decadencial de 3 anos para anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
Z

contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.9881


SI
AS

9881
2. Classificação quanto à função
DE

a) Pessoas jurídicas de Direito Público:


RO

● Direito público externo: Estados estrangeiros, inclusive a Santa Sé, bem como todas as pessoas que
EI

forem regidas pelo direito internacional público, inclusive organismos internacionais;


NH

● Direito público interno:


PI

⋅ Administração direta: União, Estados, Distrito Federal, Municípios;


UE

⋅ Administração indireta: autarquias, fundações públicas e demais entidades de caráter público criadas
por lei.
R IQ
EN

● Pessoas jurídicas de Direito Privado:


H

⋅ Corporações:
39

⋅ Associações;
8
91

⋅ Sociedades simples e empresárias;


58

⋅ Partidos políticos;
38

⋅ Organizações religiosas;
39

⋅ Sindicatos;
⋅ Fundações particulares.
Z
SI
AS

5. FATOS JURÍDICOS
DE

5.1 Fato Jurídico Lato Sensu


O
R
EI
NH
PI

13
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
1. Fato jurídico lato sensu é o fato humano ou da natureza que tem o condão de criar, modificar ou

Z
SI
extinguir direitos. Os fatos jurídicos lato sensu são divididos em:

AS
a) Fato natural ou fato jurídico stricto sensu: é todo acontecimento natural que produz efeitos na órbita

DE
do direito podendo ser:

RO
● Ordinário. Ex.: Prescrição, nascimento com vida, usucapião, etc.

EI
● Extraordinário (imprevisível). Ex.: Catástrofe inesperada.

NH
PI
b) Fato humano ou fato jurídico: é o fato que ocorre em decorrência da vontade humana.

UE
Q
5.2 Ato Lícito Ou Ato Jurídico Lato Sensu:

RI
EN
1. Atos lícitos (ato jurídico lato sensu): fatos humanos que estão em harmonia com o ordenamento jurídico.

9H
Podem ser:

83
a) Ato jurídico (stricto sensu): vontade humana na realização do ato + efeitos predeterminados pela lei.

91
Ex.: fixação de domicílio voluntário 58
38
b) Negócio jurídico: vontade humana + composição de interesses. - Os efeitos do negócio jurídico
39

resultam da vontade humana. Ex.: contratos, testamento


Z

c) Ato-fato jurídico: Trata-se de um fato humano a que a lei atribui efeito jurídico, independentemente
SI

de ter existido vontade humana em praticá-lo. Diferencia-se do ato jurídico stricto sensu, pois neste,
AS

9881
apesar dos efeitos também já virem predeterminados, há VONTADE do praticante em obter tais
DE

efeitos, ao contrário do ato-fato jurídico, em que não se procurou a implementação de tais efeitos.
RO
EI

5.3 Ato Ilícito


NH

a) Atos ilícitos stricto sensu: No ato ilícito stricto sensu ocorre a violação dos limites formais impostos pelo
PI

legislador. Ou seja: ocorre uma violação frontal ao direito positivo (esse é o ato ilícito do art. 186, CC).
UE

b) Atos antijurídicos: No ato antijurídico ocorre a violação dos limites axiológico-normativos impostos pelo
IQ

ordenamento jurídico (esse é o abuso de direito do art. 187, CC).


R
EN

9881
H

6. NEGÓCIO JURÍDICO
39
8
91

É toda emissão de vontade em harmonia com o ordenamento jurídico, com o objetivo de criar,
58

modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas. Em resumo, é VONTADE + CONTEÚDO LÍCITO +


38

COMPOSIÇÃO DE INTERESSES.
39
Z
SI

6.1 Estrutura dos negócios jurídicos (escada Ponteana)


AS
DE

1. Elementos essenciais de existência do negócio jurídico: não havendo algum desses elementos, o
negócio jurídico é inexistente.
O
R

● Partes – Para o NJ existir, deve haver um sujeito. Ex.: Se houver uma conta corrente fantasma em
EI

favor de alguém já falecido, como não há sujeito, o negócio será considerado inexistente.
NH

● Manifestação da vontade - A manifestação de vontade pode ser expressa ou tácita (≠ presumida).


PI

14
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Objeto - Se não há objeto materialmente existente, inexiste negócio jurídico.

Z
SI
● Forma - é o modo de exteriorização da vontade.

AS
DE
2. Elementos essenciais de validade do negócio jurídico: requisitos em conformidade com a ordem

RO
jurídica (art. 104 a 111, CC e art. 166, CC). Assim, o negócio jurídico que não se enquadrar nesses
elementos de validade será, por regra, nulo de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta ou

EI
NH
relativa.
● Manifestação da vontade exteriorizada conscientemente, de forma livre e desembaraçada

PI
● Agente capaz

UE
● Objeto lícito, possível, determinado ou determinável

Q
RI
● Forma prescrita ou não defesa em lei

EN
9H
Obs.: Art.110 - RESERVA MENTAL: É uma proposital divergência entre a vontade interna e a vontade
declarada, assim, o indivíduo reserva mentalmente o que quer; a manifestação da vontade não coincide com

83
a real vontade do sujeito. Poder ser:

91
9881
● 58
Conhecida: O outro contratante sabe da reserva mental e adere a ela. Esse ato é equiparado à simulação.
38
● Desconhecida: O outro contratante desconhece a reserva mental. O ato é existente e subsiste, ou seja, não é
39

capaz de anular o negócio jurídico.


Z
SI

3. Elementos naturais e acidentais do negócio jurídico: No plano da eficácia estão os elementos


AS

relacionados com a suspensão e resolução de direitos


9881 e deveres das partes envolvidas, motivo pelo qual
DE

abrange os elementos acidentais dos negócios jurídicos, quais sejam:


RO

a) CONDIÇÃO: voluntariedade + evento futuro e incerto (art. 121, CC). As condições podem ser:
EI

● Condições próprias – resulta da convenção entre as partes;


NH

● Condições impróprias – resulta da lei/natureza do negócio jurídico;


PI

● Condições invalidantes: contaminam o negócio jurídico. (art. 123, CC);


UE

● Condições inexistentes: cai a condição (se desconstitui) e o NJ permanece válido e eficaz como se a condição
IQ

jamais tivesse sido pactuada. (art. 124, CC);


R

● Condições Suspensivas: O evento futuro e incerto subordina o início da eficácia do negócio jurídico, ou seja,
EN

somente começa a ter eficácia quando ocorrer a condição. (art. 125, CC);
H

● Condições Resolutivas: O evento futuro e incerto condiciona a persistência ou a permanência da eficácia do


39

negócio jurídico, ou seja, o negócio jurídico já produz efeitos quando é celebrado com condição resolutiva,
8
91

mas será resolvido caso ocorra a condição. Assim, quando acontece a condição, o negócio jurídico cessa,
58

resolve-se. (Art. 127, CC)


38
39

Cuidado! Pegadinha típica de prova objetiva!


Z

As condições física ou juridicamente impossíveis suspensivas - são invalidantes (art. 123, CC)
SI

As condições física ou juridicamente impossíveis resolutivas - são inexistentes (art. 124, CC)
AS

b) TERMO – O termo é o elemento acidental do negócio jurídico que faz com que a eficácia desse
DE

negócio fique subordinada à ocorrência de evento futuro e certo. Pode ser:


O

● Legal - Estabelecido em lei.


R
EI

● Convencional - Estabelecido pelas partes.


NH

● De graça - É o termo judicial, ocorre usualmente nos acordos formalizados judicialmente, quando o
PI

15
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
magistrado estabelece o prazo para pagamento.

Z
SI
● Inicial - corresponde ao início da vigência do NJ - (corresponde à lógica da condição suspensiva).

AS
● Final - corresponde ao término da vigência do NJ - (corresponde à lógica da condição resolutiva).

DE
● Certo - datas pré-pactuadas. Sabe-se que irá ocorrer e quando irá ocorrer.
● Incerto- essa classificação do termo certo ou incerto não se refere à questão se irá ou não ocorrer (pois é da

RO
essência do termo que se saiba que ele efetivamente irá ocorrer). Refere-se ao quando, ao momento em que

EI
o termo irá se concretizar.

NH
● Essencial - é aquele cuja inobservância afasta a utilidade da prestação para o credor, de modo que a obrigação

PI
tem que ser cumprida naquela data.

UE
● Não essencial - o seu descumprimento não elide, não afasta a utilidade da prestação para o credor, de modo
que a obrigação pode ser cumprida posteriormente.

Q
RI
EN
c) ENCARGO - O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio jurídico que traz um ônus

9H
relacionado com uma liberalidade (art. 136, CC). O encargo só acontece nos negócios jurídicos

83
gratuitos. Geralmente, tem-se o encargo na doação, testamento e legado.

91
● Regra - o encargo ilícito ou impossível é inexistente, não interferindo na eficácia do NJ, salvo se a ilicitude for
58
motivo determinante da liberalidade (caso em que se invalida o NJ).
38
● Exceção - se a ilicitude for motivo determinante da liberalidade, o encargo será inválido (e não inexistente). Ou
39

seja, tanto o encargo como o NJ serão desconstituídos.


Z
SI

6.2 Representação
AS

9881
DE

1. O negócio jurídico será anulável em duas hipóteses:


● NJ que o representante celebrar consigo mesmo (art. 117, CC);
RO

● NJ que haja conflito de interesses e terceiro tinha conhecimento de tal circunstância. – prazo decadencial de
EI

180 dias contados da conclusão do NJ ou cessação da incapacidade. (art. 119, CC)


NH

9881
PI

6.3 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


UE
IQ

1. Vícios de consentimento - tem como característica básica a divergência entre a vontade declarada e a
R
EN

vontade interna. Todos os vícios de consentimento/vontade geram a ANULABILIDADE do negócio


jurídico. Não geram a nulidade!!! Se subdivide em 5 espécies:
H
39

1.1. Erro
8

1.2. Dolo
91

1.3. Coação
58

1.4. Estado de perigo


38

1.5. Lesão
39
Z
SI

2. Vício social - há divergência entre a vontade declarada e o ordenamento jurídico.


AS
DE

Obs.1: Falso motivo (art. 140, CC): Em regra, o motivo não tem relevância jurídica, por se tratar de elemento
subjetivo, elemento psíquico. Exceção: O art. 140 prevê a anulação do negócio jurídico quando o falso motivo
R O

for a razão determinante de forma expressa, a ponto de viciar a manifestação de vontade.


EI

Obs.2: NÃO viciará o negócio jurídico (art. 142 a 144, CC):


NH

● Quando, havendo erro na indicação da pessoa, puder identificar a coisa ou pessoa cogitada pelo contexto.
PI

16
UE
IQ
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EN
9H
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83
91
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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Quando a pessoa a quem se dirigir a manifestação de vontade se oferecer para executar o NJ de acordo com a

Z
SI
vontade real do manifestante.

AS
● Quando houver erro de cálculo – autoriza apenas a retificação, mas não a anulação.

DE
1.1. DOLO:

RO
● Dolo principal - é causa de anulabilidade (art. 145, CC).

EI
● Dolo acidental – Não acarreta a anulação do NJ, mas somente obriga a perdas e danos (art. 146,

NH
CC);

PI
● Dolo negativo ou omissão dolosa: Pode gerar ou dolo principal ou acidental, estando relacionado à

UE
boa-fé objetiva e dever de informação. Só anula o negócio jurídico se influenciar de modo relevante

Q
RI
sobre o mesmo. Assim, o silêncio intencional da outra parte pode acarretar
9881 a anulação do NJ. (art.

EN
147, CC);

9H
● Dolo de terceiro: É necessário diferenciar: (art. 148, CC)
⋅ Se a pessoa que se aproveitou tinha conhecimento (houve conluio) – NJ pode ser anulado (o CC não previu

83
expressamente a responsabilidade solidária nesse caso).

91
⋅ 58
Se a pessoa que se aproveitou não tinha conhecimento – NJ deve subsistir, devendo o terceiro responder
38
por perdas e danos da parte enganada.
39

● Dolo do representante (art. 149, CC)


⋅ Se for representante legal – o representado só responde na medida do proveito que teve (em homenagem à
Z
SI

vedação ao enriquecimento sem causa)


AS

⋅ Se for representante convencional – há responsabilidade


9881 solidária entre representante e representado, pois
DE

agiu com culpa in eligendo.


● Dolo bilateral ou dolo recíproco: É o dolo de ambas as partes. Ninguém pode alegá-lo, nos termos
RO

do art. 150; (também denominado de ENANTIOMÓRFICO): art. 150, CC


EI
NH

1.2. COAÇÃO: É a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que lhe é
PI

prejudicial. Ressalta-se que a coação deve ser suficiente para acarretar FUNDADO TEMOR DE DANO à
UE

sua pessoa, família ou bens. (art. 151 a 153, CC)


R IQ
EN

a) Coação física x moral:


H

● Coação Física (vis absoluta) - não há manifestação de vontade. Consequentemente, o negócio jurídico é
39

inexistente.
8

● Coação Moral (vis compulsiva): há manifestação de vontade, mas viciada. A consequência é a anulabilidade
91

do negócio jurídico.
58

b) Coação determinada por terceiro: (art. 154 a 155, CC)


38

● Se o beneficiário sabia ou devesse saber - O negócio será anulado e o beneficiário, em tal caso, responderá
39

solidariamente com o terceiro pelas perdas e danos.


Z
SI

● Se o beneficiário não sabia ou não tinha como saber - o negócio é mantido e o terceiro responde sozinho
AS

perante o prejudicado.
DE

PEGADINHA DE PROVA!
O

Dolo de terceiro - a lei não prevê solidariedade passiva entre o terceiro que agiu com dolo e a parte contrária que sabia do erro (art.
R
EI

148).
NH

Coação de terceiro - a lei prevê solidariedade passiva entre terceiro que coagiu e a parte contrária que sabia da coação (art. 154).
PI

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38
39
Z
SI
1.3. ESTADO DE PERIGO (art. 156, CC): No estado de perigo, alguém assume uma obrigação excessivamente

AS
onerosa diante da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela

DE
outra parte. Ex.: promessas exorbitantes de recompensa. A pessoa tem um filho num incêndio e oferece

RO
2 milhões de recompensa para quem salvar o filho. O terceiro realiza o salvamento e exige os 2 milhões.
Nesse caso, pode ser alegado estado de perigo.

EI
NH
1.4. LESÃO: É o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações do negócio jurídico, em
face do abuso, da necessidade econômica ou inexperiência de um dos contratantes.

PI
UE
1.5. FRAUDE CONTRA CREDORES (art. 158 a 165, CC): É vício social e consiste na prática de um ato de
disposição patrimonial pelo devedor, com o propósito de prejudicar os credores, em razão da diminuição

Q
RI
ou esvaziamento do patrimônio daquele. Segundo o STJ, a ocorrência de fraude contra credores exige:

EN
● a anterioridade do crédito;

9H
● a comprovação de prejuízo ao credor (eventus damni) - Só há prejuízo aos credores se o ato de disposição
patrimonial gerar insolvência ou agravar eventual insolvência pré-existente;

83
● o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia fraudis ou

91
consilium fraudis).9881 58
38
1.6. SIMULAÇÃO (art. 167, CC): Na simulação, há uma situação de mera aparência negocial criada
39

intencionalmente pelas partes em conluio. Há divergência intencional entre a vontade e a celebração.


Z

ATENÇÃO: O negócio jurídico simulado é nulo, mas o negócio jurídico dissimulado pode ser válido, desde que preenchidos os
SI

requisitos substanciais e formais de validade deste.


AS

9881
DE

6.4 INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO


RO

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA OU ANULABILIDADE


EI
NH

1. Viola interesse público 1. Viola interesse particular


PI

2. Pode ser suscitada por qualquer interessado, pelo MP e 2. Art. 133: só pode ser suscitada pelo interessado.
UE

deve ser reconhecida de ofício pelo juiz (Não pode o MP e não pode o juiz de ofício)
IQ

3. É irratificável (art. 169, 1ª parte). Ou seja, não é passível 3. É ratificável (art. 172), ou seja, ela é passível de confirmação. A
R

de confirmação ratificação convalida um negócio jurídico anulável


EN

4. Efeitos ex tunc. A sentença que reconhece a nulidade 4. Quanto aos efeitos, temos controvérsia:
H

absoluta produz efeitos ex tunc. 1° - continua defendendo a produção de efeitos ex nunc (art. 177, 1ª
39

parte).
8
91

2° - o reconhecimento da anulabilidade também produz efeitos ex tunc.


58

Defende que a produção de efeitos ex nunc é insuficiente para a


38

proteção da livre manifestação de vontade (art. 182, CC).


39

CAUSAS GERAIS DE ANULABILIDADE CAUSAS ESPECÍFICAS DE ANULABILIDADE


Z
SI

Art. 178, CC/02 - Prazo decadencial de 4 anos. Regra – prazo especial estabelecido na lei
AS

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; Silêncio legal – prazo de 2 anos, art. 179, CC/02
DE

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo


O

ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável,
R

III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de
EI

incapacidade. dois anos, a contar da data da conclusão do ato.


NH
PI

18
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38
39
Z
SI
6.4.1 Efeitos da anulação:

AS
DE
1. Anulado o NJ (nulidade ou anulabilidade), temos retorno ao status quo ante, salvo se houver

RO
impossibilidade de o fazer (caso em que as partes9881serão indenizadas - art. 182, CC)

EI
● Invalidade do instrumento: A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se

NH
por outro meio. (art. 183)

PI
● Redução do negócio jurídico: Na redução do NJ, não há mudança na qualificação jurídica, e sim mera limitação
interpretativa. (art. 184, CC)

Q UE
RI
7. PRESCRIÇÃO

EN
9H
a) Renúncia da prescrição (art. 191, CC)
● A renúncia da prescrição não pode prejudicar terceiro

83
● Titulares de direitos indisponíveis não podem renunciar a prescrição que se opera a seu favor

91
● A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita 58
● É vedada a renúncia antecipada da prescrição - Ou seja, só admite a renúncia da prescrição depois de
38

consumado o prazo prescricional.


39
Z
SI

b) Prazo e Legitimidade (art. 192 e 193, CC): Os prazos prescricionais estão estabelecidos no art. 205, art.
AS

206 e em leis extravagantes e, em regra, começa a9881fluir quando se consuma a lesão ao direito subjetivo.
DE

● Os prazos prescricionais são prazos legais, ou seja, estão sempre previstos em lei, de modo que eles
NÃO PODEM ser alterados pela vontade das partes.
RO

● A prescrição pode ser alegada e reconhecida:


EI

⋅ A qualquer tempo
NH

⋅ Em qualquer grau de jurisdição (pela parte a quem aproveita)


PI

⋅ De ofício - mesmo quando não alegada pela parte (matéria de ordem pública)
UE
IQ

OBS.: Prazo prescricional e direitos da personalidade: Os direitos da personalidade são imprescritíveis, ou seja, podem ser exercidos
R

a qualquer tempo. No entanto, eventuais reflexos patrimoniais decorrentes dos direitos da personalidade, prescrevem. (Sum 149,
EN

STF)
H
39

7.1 Fatos preclusivos da prescrição: causas de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição


8
91
58

CAUSAS IMPEDITIVAS CAUSAS SUSPENSIVAS CAUSAS INTERRUPTIVAS


38
39

São as mesmas, apenas se diferenciam quanto ao momento da 1) Relacionadas a aspectos objetivos.


ocorrência. 2) Interrompem o prazo e fazem recomeçar desde o
Z
SI

Obsta o início do prazo (nem começa Incide com o prazo prescricional início.
AS

a fluir) já em curso 3) Somente 1 vez.


4) Extensão aos demais devedores/credores:
DE

1) Estão relacionadas a aspectos subjetivos entre as partes


2) Suspende o prazo e volta a fluir da onde parou, levando em conta ● Regra – não se estende aos demais
O

o período anterior. devedores/credores.


R

● Exceção – se entende aos demais credores e


EI

3) Sem limites de vezes


devedores se for obrigação solidária (seja divisível
NH

4) Extensão aos demais credores e devedores: ou indivisível – art. 204, CC/02).


PI

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38
39
● Regra – Não se estendem aos demais credores ou devedores, ● Exceção – se for causa interruptiva contra herdeiro

Z
SI
mesmo no caso de obrigação solidária. de devedor, para que a interrupção se estenda aos

AS
● Exceção – se estendem aos demais credores ou devedores se demais devedores, a obrigação tem que ser
for obrigação solidária indivisível – art. 201, CC/02. solidária e indivisível.

DE
RO
5) Termo inicial:
● Data do ato que interrompeu

EI
● Data do último ato do processo que a interrompeu.

NH
PI
8. DECADÊNCIA

Q UE
a) Inaplicabilidade das normas relativas à prescrição: Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam,

RI
EN
à decadência, as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). No
9881

9H
entanto, o próprio dispositivo prevê exceções:

83
● O art. 198, I prevê que não corre prazo de prescrição contra absolutamente incapaz. Então, também não corre

91
prazo decadencial contra absolutamente incapaz.
● 58
O art. 195, do CC prevê a possibilidade de ajuizar ação ressarcitória em face do assistente, em caso de darem
38
causa à prescrição. A mesma regra se aplica à decadência!
39
Z

b) Espécies de decadência:
SI

● Decadência legal – decorre da lei (não pode ser renunciada e deve ser reconhecida de ofício pelo juiz) – at. 209
AS

e 210, CC. 9881


DE

● Decadência convencional – acordada entre as partes (art. 211, CC).


RO

9. DIREITO CIVIL: DOS BENS


EI
NH

9.1 CLASSIFICAÇÃO
PI
UE

1. Bens corpóreos e incorpóreos: Os primeiros têm existência física, concreta. Os últimos não são
IQ

percebidos pelos sentidos.


R
EN

2. Bens móveis e imóveis (arts. 79 a 84).


H
39

3. Bens principais e acessórios (bens reciprocamente considerados): O art. 92 diferencia os bens principais
8

e acessórios.
91

a) Principais – são aqueles que existem sobre si e não dependem de nenhum outro. Ex.: imóvel.
58

b) Acessórios – é o bem cuja existência pressupõe a existência de um bem principal. Ou seja: o bem
38
39

acessório existe em função do principal. Os bens acessórios podem ser classificados em:
● Produtos
Z
SI

● Pertenças
AS

● Partes integrantes
DE

● Benfeitorias:
O

⋅ Necessárias: Objetivam conservar o bem ou evitar que se deteriore;


R

⋅ Úteis: Facilitam o uso do bem;


EI
NH

⋅ Voluptuárias: Destinam-se ao embelezamento, deleite.


PI

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38
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Z
SI
POSSUIDOR DE BOA-FÉ POSSUIDOR DE MÁ-FÉ

AS
Desconhece o vício que paira sobre a coisa Conhecedor do vício que paira sobre a coisa.

DE
Frutos Frutos

RO
✔ Tem direito aos frutos percebidos enquanto durar a boa-fé ✔ Responde pelos frutos colhidos e percebidos.

EI
Restituição dos frutos pendentes ao tempo em que cessou

NH
a boa-fé, deduzidos os custos. ✔ Responde pelos frutos que deixou de perceber por sua
✔ Restituição dos frutos colhidos por antecipação ao tempo culpa.

PI
que cessou a boa-fé. ✔ Tem direito às despesas de produção e custeio.

Q UE
Indenização de benfeitorias Indenização de benfeitorias

RI
✔ Necessárias – direito à indenização e direito de retenção. ✔ Necessárias – direito à indenização e sem direito à

EN
✔ Úteis - direito à indenização e direito de retenção. retenção.

9H
✔ Voluptuárias – direito à indenização e direito de levantá- ✔ Úteis – sem direito à indenização

83
las, quando puder fazê-lo sem detrimento da coisa. Voluptuárias – sem direito à indenização e sem direito à

91
levantamento.
58
38
9.1.1. Bens públicos – art. 98 a 103, CC *ATENÇÃO especial ao art. 99, CC. 9881
39

1. Classificação: (art. 99, CC):


Z
SI

a) Bens comuns: de uso comum do povo. Ex.: rios, mares, estradas, ruas e praças.
AS

Obs.: O art. 103 prevê que o uso comum de bens públicos


9881 pode ser comum ou oneroso, a depender de previsão
DE

normativa. Dessa forma, em tese, admite-se a remuneração por uso de bem público.
RO

b) Especiais: Ex.: edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,


EI

estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias.


NH

c) Dominicais: são os bens desafetados. Por não estarem afetados, os bens dominicais são alienáveis,
PI

obedecidas as formalidades legais (arts. 100 e 101, CC). Ou seja: a desafetação justifica a
UE

alienabilidade.
R IQ
EN

Obs.: O art. 99, parágrafo único, CC, fez uma confusão: trouxe uma nova modalidade de bens dominicais. Ou seja, além dos
desafetados, passamos também a ter também outros bens dominicais. Trata-se de dispositivo muito criticado por alguns
H

administrativistas, pois a definição dada por esse artigo não está associada à desafetação (em nenhum momento o artigo fala em
39

desafetação). Ou seja, poderíamos ter bens de conselhos profissionais e fundações públicas afetados, classificados como dominicais
8
91

e consequentemente alienáveis. Ou seja, seria possível a alienação de bens afetados, o que vai contra a tradição secular do direito
58

administrativo.
38
39

10. DIREITO CIVIL: RESPONSABILIDADE CIVIL


Z
SI

10.1 EXCLUDENTES DE ILICITUDE


AS
DE

1. As excludentes de ilicitude estão previstas no art. 188, CC/02:


O

a) Atos praticados em legítima defesa;


R

b) Atos praticados em exercício regular de um direito;


EI
NH

c) Atos praticados em estado de necessidade.


OBS.1: O estado de necessidade exclui a ilicitude, mas não necessariamente afastará a responsabilidade civil.
PI

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38
39
OBS.2: segundo a doutrina majoritária, o estrito cumprimento do dever legal também exclui a ilicitude do ato, apesar de não

Z
SI
expresso, estando inserido no contexto do exercício regular do direito.

AS
10.2 ESPÉCIES DE ATOS ILÍCITOS

DE
RO
CONCEITO CLÁSSICO DE ATO ILÍCITO CONCEITO AMPLIADO DE ATO ILÍCITO
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,

EI
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo

NH
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons

PI
costumes.

UE
Ato ilícito SUBJETIVO Ato ilícito OBJETIVO (ou ABUSO DE DIREITO)
Está pautado na culpa lato sensu. É um conceito culposo. Referência não está pautada na culpa e sim, na violação da

Q
RI
confiança. Também é chamado de abuso de direito.

EN
1. Abuso de direito: é ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito sem a devida

9H
regularidade, acarreta resultado ilícito.

83
2. Elementos do abuso do direito:

91
● Exercício de um direito pelo seu titular;
● Excesso no exercício
9881 58
violando a boa-fé, bons costumes e a função social e econômica.
38
3. Exemplos: propaganda abusiva; greve abusiva; abuso no processo; abuso do direito de propriedade.
39

4. A responsabilidade civil oriunda do Abuso de Direito é uma RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA


Z
SI
AS

11. RESPONSABILIDADE CIVIL 9881


DE

11.1 Responsabilidade Civil Contratual X Extracontratual


RO
EI

TIPOS DE RESPONSABILIDADE
NH

CONTRATUAL EXTRACONTRATUAL (AQUILIANA)


PI

- Tem origem na INEXECUÇÃO CONTRATUAL, decorre da - Decorre da violação de um dever geral de abstenção.
UE

relação contratual existente. - Ônus da prova: deve-se demonstrar DANO + CONDUTA


- Ônus da prova: basta comprovar o INADIMPLEMENTO. CULPOSA + NEXO DE CAUSALIDADE.
IQ

- Mora: automática. - Mora: não é automática.


R
EN

11.2 Elementos da Responsabilidade Civil (ou pressupostos do dever de indenizar)


H
39

1) Conduta humana;
8
91

2) Culpa genérica ou latu sensu (Na responsabilidade subjetiva): dolo e culpa strictu sensu;
58
38

3) Nexo de causalidade;
39

4) Dano ou prejuízo.
Z
SI
AS

Culpa genérica: Culpa é o elemento anímico da responsabilidade civil. Só se analisa na responsabilidade civil
SUBJETIVA.
DE
O

1. A indenização – o quantum debeatur – é fixada com base na extensão do dano (art. 944, CC/02). A culpa
R

não influencia no quantum debeatur.


EI
NH
PI

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38
39
● O juiz pode reduzir equitativamente a indenização quando a culpa for leve ou levíssima, malgrado o dano seja

Z
SI
extenso em razão da excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e do dano (art. 944, §ú, CC/02).

AS
● O juiz não pode ampliar a indenização se o dano foi pequeno embora a culpa tenha sido grave sob pena de

DE
enriquecimento ilícito (C. Chaves).
● A redução equitativa da indenização com base na desproporção entre grau de culpa e proporção do dano pode

RO
ser realizada “ex officio” pelo juiz.

EI
NH
Nexo de causalidade: Elemento imaterial ou virtual da responsabilidade civil, sendo relação de causa e efeito

PI
entre a conduta culposa ou o risco criado e o dano suportado por alguém. Em outras palavras: para haver a

UE
responsabilidade civil, é necessário que o dano decorra da conduta do agente.

Q
RI
EN
Teoria da causalidade necessária/teoria dos danos diretos e imediatos – STJ/STF: Pela teoria da

9H
causalidade necessária/ teoria dos danos diretos e imediatos, entra no nexo causal apenas as causas
necessárias de acordo com a análise do caso concreto. Em outras palavras: a apuração da causa

83
determinante deve ser feita no caso concreto. Nessa verificação, é possível constatar o desdobramento

91
ou rompimento do nexo de causalidade. 58
38
✔ A doutrina majoritária entende que o art. 403 adota a Teoria da Causalidade direta e imediata: (i) O dano deve
39

decorrer direta e imediatamente da conduta antecedente, (ii) O dano deve estar unido etiologicamente à
Z

conduta do agente.
SI
AS

9881
Excludentes do nexo de causalidade
DE

● Culpa exclusiva da vítima;


RO

● Culpa ou fato exclusivo de terceiro;


● Caso fortuito ou força maior.
EI
NH

Obs.1: Exclui o nexo de causalidade desde que não seja uma das hipóteses de responsabilidade civil por fato
PI

de 3º previstas no art. 932, CC/02.


UE

Obs.2: Existem 2 hipóteses em que o fato exclusivo de terceiro não irá excluir o nexo causal:
IQ

(1) Responsabilidade contratual do transportador por acidente com passageiro (art. 735, CC);
R
EN

(2) Responsabilidade das instituições financeiras perante seus clientes em fraudes praticadas por terceiro.
H
39

ATENÇÃO! Não se pode responsabilizar instituição financeira em caso de transações realizadas mediante a apresentação de cartão
8

físico com chip e a senha pessoal do correntista, sem indícios de fraude. (Info 784, STJ)
91
58

Obs.3: Caso fortuito e força maior - O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como
38
39

excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade
desenvolvida. (Enunciado 443, JDC). Ou seja, apenas o caso fortuito externo afasta o dever de indenizar.
Z
SI
AS

9881
Dano ou prejuízo: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato
DE

(Súmula 37, STJ).


O

1. Danos patrimoniais ou materiais: São prejuízos ou perdas que atingem o patrimônio corpóreo de
R

alguém:
EI
NH

● Danos emergentes ou danos positivos: o que efetivamente se perdeu;


PI

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38
39
● Lucros cessantes ou danos negativos: o que razoavelmente se deixou de lucrar.

Z
SI
2. Danos morais: É lesão ao direito de personalidade. Prevalece que possui caráter principal reparatório

AS
e caráter pedagógico acessório.

DE
RO
DANO EM RICOCHETE E PREJUIZO DE AFEIÇÃO
. Prejuízo de afeição: É o dano extrapatrimonial sofrido pelos familiares da pessoa morta.

EI
. Dano em ricochete: É o dano moral que atinge as vítimas por ricochete, considerando que a vítima é o falecido e seus familiares são

NH
afetados reflexamente pelo evento.

PI
a) Considerações importantes sobre dano moral:

UE
● O mero descumprimento contratual NÃO enseja danos morais, SALVO se envolver valores fundamentais. Ex.:

Q
Plano de saúde.

RI
EN
● A pessoa jurídica pode sofrer dano moral (honra objetiva): Súmula 227, STJ.
● A gravidade do dano deve ser medida por padrão objetivo e em função da tutela do direito.

9H
● STJ: O espólio NÃO tem legitimidade para postular indenização pelos danos materiais e morais supostamente

83
experimentados pelos herdeiros, ainda que aleguem que os referidos danos teriam decorrido de erro médico de

91
que fora vítima o falecido.
b) Súmulas e jurisprudência pertinentes:
58
38

● Súmula 402, STJ - O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa
39

de exclusão.
Z

● Súmula 403, STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de
SI
AS

pessoa com fins econômicos ou comerciais - A Súmula 403 do STJ é inaplicável às hipóteses de divulgação de
9881
imagem vinculada à fato histórico de repercussão social (Info 614, STJ).
DE
RO

11.3 Notas sobre algumas espécies de Responsabilidade Civil previstas no CC/02


EI
NH

11.3.1. Responsabilidade Civil do Incapaz (art. 928, CC): Para que os pais respondam objetivamente, é
PI

preciso comprovar a culpa dos filhos. A responsabilidade do civilmente incapaz é subsidiária (art. 928, caput)
UE

e condicionada (928, § único).


IQ

Obs.1: O art. 928, §único traz uma exceção/mitigação a essa regra geral da reparação integral, justificável
R

por uma tutela diferenciada do incapaz. Nesse caso, o juiz prevê a possibilidade de redução ou exclusão da
EN

reparação se ela privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.


H

Obs.2: Os incapazes (ex.: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão
39

responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa. Já a responsabilidade dos pais dos filhos
8
91

menores será substitutiva, exclusiva e não solidária. (Info 599, STJ).


58
38

Obs.3: Em ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não há litisconsórcio necessário entre o genitor
39

responsável pela reparação (art. 932, I, do CC) e o menor causador do dano. É possível, no entanto, que o
Z
SI

autor, por sua opção e liberalidade, tendo em conta que os direitos ou obrigações derivem do mesmo
AS

fundamento de fato ou de direito, intente ação contra ambos – pai e filho –, formando-se um litisconsórcio
9881
DE

facultativo e simples.
Obs.4: Exceção à sistemática da responsabilidade civil indireta
RO

● Regra geral: art. 934 prevê o direito de regresso. Ou seja, o responsável indireto que indeniza a vítima em razão de
EI

dano causado pelo responsável direto, tem o direito de regresso contra este.
NH
PI

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EN
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REVISÃO DE VÉSPERA

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Exceção: Não há direito de regresso em relação a pais e filhos. Ou seja, o pai/mãe que repara um dano causado

Z
SI
pelo filho menor não tem direito de regresso contra este, tendo em vista a exceção do art. 934, parte final.

AS
DE
11.3.2 Responsabilidade Civil por Atos de Outrem (arts. 931 e 932)
● Do tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

RO
● Súmula 341, STF: É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto;

EI
● Dos donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de

NH
educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

PI
● Dos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. - Respondem

UE
independentemente de culpa pelos atos de terceiros (art. 933);

Q
Obs.: Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador

RI
do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. (art. 934)

EN
9H
11.3.3 Responsabilidade Pelo Fato do Animal (art. 936): O CC adotou a Teoria da Guarda, segundo a qual a

83
responsabilidade não recai necessariamente sobre o dono. Ou seja, apesar de o art. 936 referir-se apenas ao

91
dono, é possível haver responsabilidade civil das pessoas que estão promovendo a guarda do animal.
58
38

11.3.4 Responsabilidade por ruína de edifício e queda de partes não integrantes (art. 937 e 938).
39

● O art. 937 é aplicado no caso de ruína do prédio, podendo ser total ou parcial. No caso de ruína total
Z
SI

ou parcial, a responsabilidade civil recai sobre o dono - mesmo em caso de locação ou comodato.
AS

● O art. 938 prevê a responsabilidade por queda9881 de partes não integrantes, ou seja, por coisas não
DE

pertencentes ao prédio. Nesse caso, a responsabilidade civil não se concentra no dono, mas naquele
que o habita, podendo recair sobre locatário ou usufrutuário. A responsabilidade é objetiva.
RO
EI
NH
PI
UE
R IQ
H EN
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58
38

9881
39
Z
SI
AS
DE
OR
EI
NH
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REVISÃO DE VÉSPERA

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
LEIS PENAIS ESPECIAIS

Z
SI
9881

AS
1. LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

DE
RO
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ESCUTA TELEFÔNICA GRAVAÇÃO TELEFÔNICA

EI
Ocorre quando um terceiro capta o Ocorre quando um terceiro capta o Ocorre quando o diálogo telefônico travado entre

NH
diálogo telefônico travado entre duas diálogo telefônico travado entre duas pessoas é gravado por um dos próprios
pessoas, sem que nenhum dos duas pessoas, sendo que um dos interlocutores, sem o consentimento ou a ciência do

PI
interlocutores saibam. interlocutores sabe que está sendo outro.

UE
realizada a escuta. Também é chamada de GRAVAÇÃO CLANDESTINA

Q
Há o consentimento deste (obs.: a palavra “clandestina” está empregada no

RI
interlocutor sentido de “feito às ocultas”, não na acepção de

EN
“ilícito”, mas sim).

9H
Ex: polícia, com autorização judicial, Ex: polícia grava a conversa Ex.: mulher grava a conversa telefônica no qual o ex-
grampeia os telefones dos membros telefônica que o pai mantém com o marido ameaça matá-la.

83
de uma quadrilha e grava os diálogos sequestrador de seu filho.

91
mantidos entre eles.
Para que a interceptação seja válida Para que seja realizada é 58 A gravação telefônica é válida mesmo que tenha sido
38
é indispensável a autorização judicial indispensável a autorização judicial realizada SEM autorização judicial.
39

(entendimento pacífico). (posição majoritária). A única exceção em que haveria ilicitude se dá no


caso em que a conversa era amparada por sigilo (ex:
Z
SI

advogados e clientes, padres e fiéis).


AS

9881
DE

1. Em relação à ESCUTA TELEFÔNICA, é importante notar que o consentimento dado por um dos
interlocutores não pode estar viciado. Em se tratando de consentimento viciado, envolvendo suposto
RO

consentimento de um suspeito e gravação de conversas telefônicas por viva-voz, o STJ entendeu que
EI

o consentimento não foi válido e declarou a ilicitude da prova.


NH

2. À luz do entendimento do STJ, no Info 543, quando um dos interlocutores é incapaz, o consentimento
PI

para a interceptação (escuta) será dado por seu representante.


UE
IQ

1.2 COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS DE QUALQUER NATUREZA


R
H EN

● STJ – Conversas realizadas em salas de bate-papo da Internet não estão amparadas pelo sigilo das
39

comunicações, tendo em vista que o ambiente virtual é de acesso irrestrito e destinado a conversas
8

informais. (RHC 18116)


91
58

● STJ - As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não
38

configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da
39

Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições


Z

normativas acerca do seu uso. (RMS 48.665-SP)


SI

● STJ – É ilícita a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas diretamente pela
AS

polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. (RHC 51531)
DE

● O acesso ao chip telefônico descartado pelo acusado em via pública não se qualifica como quebra
O

de sigilo telefônico. STJ, 5ª Turma, HC 720.605, julgado em 09.08.2022.


R
EI
NH
PI

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REVISÃO DE VÉSPERA

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38
39
1.3 QUEBRA DO SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS

Z
SI
AS
1. Como já se manifestou a jurisprudência, a Lei n° 9.296/96 é aplicável apenas às interceptações
telefônicas (atuais, presentes), não alcançando os registros telefônicos relacionados às

DE
comunicações passadas.

RO
2. Cuidado para não confundir o registro de ligações armazenados pelas empresas de telefonia, cujo

EI
acesso depende da autorização judicial, com o registro de ligações.

NH
PI
1.4 QUEBRA DE ERB

UE
9881

Q
1. Não permite acesso ao conteúdo da comunicação, mas somente o local aproximado onde se encontra

RI
EN
determinado aparelho.

9H
1.5 MOMENTO DE DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

83
91
1. A interceptação telefônica para fins de investigação criminal pode ser efetivada independentemente
58
da prévia instauração de inquérito policial e pode ser decretada durante o curso da instrução
38

processual penal.
39
Z
SI

1.6 REQUISITOS PARA A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA:


AS

9881
DE

A) INDÍCIOS RAZOÁVEIS DE AUTORIA E PARTICIPAÇÃO: art. 2º, I


RO

1. O procedimento de interceptação telefônica possui natureza cautelar, razão pela qual devem estar
presentes o “fumus comissi delicti” e o “periculum in mora/libertatis”.
EI
NH

2. Não é possível interceptação telefônica para verificar se uma determinada pessoa, contra a qual
PI

inexiste qualquer indício, está ou não cometendo algum crime. É absolutamente proibida a chamada
UE

INTERCEPTAÇÃO DE PROSPECÇÃO, desconectada da realização de um fato delituoso, sobre o qual


ainda não se conta com indícios suficientes.
RIQ
EN

B) QUANDO A PROVA NÃO PUDER SER FEITA POR OUTROS MEIOS DISPONÍVEIS: Art. 2º, II
H
39

C) CRIME PUNIDO COM RECLUSÃO: Art. 2º, III


8
91
58

1. Não é possível a decretação de interceptação telefônica para investigar crimes de responsabilidade


38

em sentido estrito (Lei n° 1.079/50 e Decreto-Lei n° 201/67). Afinal, tais crimes não têm natureza
39

jurídica de infração penal, mas sim de infração político-administrativa, passível de sanções político-
Z

administrativas, aplicadas por órgãos jurisdicionais políticos.


SI
AS

OBS.1: DELIMITAÇÃO DO OBJETO DA INVESTIGAÇÃO: será sempre obrigatória a descrição com clareza da
DE

situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo
O

impossibilidade manifesta, devidamente justificada.


R
EI

OBS.2: ORDEM JUDICIAL DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA: O deferimento da interceptação é matéria afeta


NH

à reserva de jurisdição, conforme se depreende do artigo 5°XII, CF/88. Ademais, o entendimento do STJ é no
PI

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DELEGADO SÃO PAULO

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REVISÃO DE VÉSPERA

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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
sentido de que eventual consentimento posterior de um dos interlocutores não supre a falta de

Z
SI
autorização judicial prévia.

AS
1.7 SIGILO PROFISSIONAL DO ADVOGADO

DE
RO
1. A anulação do processo e da condenação imposta ao réu só ocorrerá se for indevida e violar as
prerrogativas da defesa, podendo gerar consequências processuais distintas:

EI
NH
Cassação ou invalidação do ato judicial que determinou a interceptação;
Invalidação dos atos processuais subsequentes ao ato atentatório com ele relacionado;

PI
Afastamento do magistrado caso de demonstre que, ao agir assim, atuava de forma parcial.

UE
2. As conversas entre investigado e seu advogado, obtidas mediante interceptação telefônica

Q
RI
judicialmente autorizada, seria válida ou a prova deverá ser considerada ilícita?

EN
● Conversas entre investigado e seu advogado sobre estratégias de defensa: A conversa estará acobertada

9H
pelo sigilo profissional do advogado (desdobramento lógico do devido processo legal).
● Advogado como autor, coautor ou partícipe de crime: O sigilo profissional do advogado não poderá ser

83
invocado como uma espécie de blindagem indiscriminada capaz de imunizá-lo da prática de crimes. Dessa

91
forma, se o advogado estiver envolvido na prática de crimes autorizadores da medida excepcional da
58
interceptação telefônica, eventuais conversas gravadas nesse contexto poderão ser utilizadas como prova
38

de crime.
39

3. Obs.: o STJ já decidiu que o simples fato de o advogado do investigado ter sido interceptado não é
Z
SI

causa, por si só, para gerar a anulação do processo.


AS

9881
DE

1.8 ENCONTRO FORTUITO DE ELEMENTO PROBATÓRIO EM RELAÇÃO A OUTROS FATOS DELITUOSOS


(SERENDIPIDADE):
RO
EI

1. Fala-se em encontro fortuito de provas, “crime achado” ou Serendipidade quando a prova de


NH

9881
determinada infração penal é obtida a partir de diligência regularmente autorizada para a
PI

investigação de outro crime.


UE

2. STJ - Descobertos novos crimes durante a interceptação, a autoridade deve apurá-los, ainda que
IQ

sejam punidos com detenção.


R
EN

1.9 PROCEDIMENTO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA


H
39

1. Pedido oral: Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde
8
91

que:
58

● Estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação;


38

● Seja reduzida a termo.


39

2. Prazo para o juiz decidir: máximo de 24 horas. Esse prazo possui natureza imprópria, não gerando
Z

qualquer nulidade para a prova.


SI
AS

3. Duração da interceptação
● Em regra, execução da diligência não pode ultrapassar o limite de 15 dias, a partir do dia em que a
DE

medida é efetivada.
O

● O prazo de 15 dias pode ser renovado indefinidamente, desde que comprovada a indispensabilidade
R
EI

do meio de prova.
NH

● São lícitas as sucessivas renovações de interceptações telefônicas desde que:


PI

28
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EN
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83
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REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
(1) verificados os requisitos do art.2 da Lei 9296/96;

Z
SI
(2) demonstrada a necessidade da medida diante de elementos concretos e a complexidade da

AS
investigação, a decisão judicial inicial e as prorrogações sejam devidamente motivadas, com justificativa

DE
9881
legítima, ainda que sucinta, a embasar a continuidade das investigações.

RO
● Havendo necessidade de renovação do prazo da interceptação:

EI
→ O pedido deve ocorrer antes do decurso do prazo fixado na decisão originária.

NH
→ Mediante decisão judicial motivada, evitando-se uma solução de continuidade na captação das
comunicações telefônicas.

PI
→ Em regra, admite-se a motivação per relationem. No entanto, é necessário que se traga novos fundamentos.

Q UE
OBS.1: Em 15.09.2020, o STJ, no bojo do AgRg no AREsp 1.861.383, entendeu que a captação de áudio em

RI
interceptação telefônica fora do período autorizado resulta na nulidade apenas da gravação realizada no dia

EN
excedente, e não na nulidade de toda a gravação!

9H
OBS.2: A limitação temporal somente é necessária para o fluxo das comunicações, não sendo requisito

83
indispensável quando se tratar de quebra de sigilo que envolva dados estáticos/já armazenados.

91
58
1.10 EXECUÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA – art. 6º
38
39

1. No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua


Z
SI

transcrição. No entanto, a jurisprudência é clara no sentido de que não há necessidade de degravação


AS

integral das conversas efetuadas, desde que assegurado


9881 às partes o acesso à integralidade dos
DE

registros.
RO

2. A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados,


apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das
EI
NH

diligências, gravações e transcrições respectivas. A ausência de autos apartados configura mera


irregularidade, sem o condão de macular a prova, uma vez que, dessa ausência, não se pode auferir
PI

prejuízo em concreto à nenhuma das partes.


UE

3. A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a
R IQ

instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte


EN

interessada.
H
39

1.11 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E AUTORIDADES COM FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO


8
91
58

1. O entendimento do STJ é pacífico no sentido de que, na hipótese de o interceptado manter contato


38

telefônico com autoridade detentora de foro por prerrogativa de função, sendo a interceptação deferida
39

por juízo de 1ª instância, a gravação dessas conversas NÃO é nula por violação ao foro por prerrogativa
Z

de função, considerando que não era a autoridade quem estava sendo interceptada.
SI
AS

2. No entanto, é importante ressaltar que a gravação não será nula se a presença da autoridade detentora
de foro for descoberta fortuitamente, hipótese em que a autoridade judicial não deve demorar a
DE

declinar a competência.
O

3. Assim, a partir do momento em que surgem indícios de participação de detentor de prerrogativa de


R
EI

foro nos fatos apurados, cumpre à autoridade judicial declinar da competência, e não persistir na prática
NH

de atos objetivando aprofundar a investigação.


PI

29
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9H
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REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
Z
SI
1.12 INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES AMBIENTAIS

AS
DE
1. Com a inserção do art. 8º-A, a captação ambiental tornou-se um meio de obtenção de prova nominado e

RO
típico.

EI
2. Em relação à GRAVAÇÃO AMBIENTAL, o STJ possui entendimento no sentido de que, se consistir em

NH
gravação clandestina de conversa com investigados, sem prévia advertência quanto ao direito ao silêncio,

PI
tal prova não será válida – o caso discutia o direito constitucional
9881 de o acusado permanecer calado, não

UE
se autoincriminar ou não produzir prova contra si mesmo (STJ. HC 244977-SC).

Q
3. Cláusula de Reserva de Jurisdição: Trata-se de hipótese sujeita à cláusula de reserva de jurisdição, de

RI
modo que não poderá ser decretada de ofício, nem mesmo na fase processual.

EN
4. Qual é o prazo em que ocorrerá a captação ambiental? R.: autorizada inicialmente pelo prazo de até 15

9H
dias, sem prejuízo de sucessivas prorrogações por meio de decisão judicial nos casos de:

83
● Indispensabilidade dos meios de prova.

91
● Atividade criminal permanente, habitual ou continuada. 58
38
39

1.13 Captação Ambiental Clandestina e Figura Criminosa Respectiva


Z
SI

1. São três os comportamentos punidos pelo caput do art. 10 em dois contextos:


AS

9881
DE

(1) Realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática-, popularmente chamado de


"grampo", ocorre quando terceira pessoa intercepta as comunicações de terceiros sem a ciência e autorização dos
RO

interlocutores;
EI

(2) Promover escuta ambiental: essa modalidade, em grande parte, foi tacitamente revogada pelo novo crime previsto
NH

no art. 10-A da Lei n° 9.296/96, tema que estudaremos no tópico seguinte. Funcionará apenas subsidiariamente
PI

quando a escuta ambiental foi realizada sem prévia autorização judicial;


UE

(3) Quebrar segredo de justiça: sabendo que as informações captadas a partir de interceptações de comunicações
telefônicas são sigilosas, pratica o crime o agente que fornece a terceiro estranho à persecução penal as
IQ

informações até então protegidas pelo segredo de justiça.


R
H EN

2. Os comportamentos acima podem ser praticados nos seguintes contextos:


39

a) Sem autorização judicial


8

b) Com objetivos não autorizados em lei


91
58

A captação promovida por um dos interlocutores, mesmo sem o conhecimento dos demais, não depende de autorização judicial,
38

sendo, portanto, fato atípico (conclusão reforçada pelo §i» do art. 10-A da Lei n° 9.296/96). A captação promovida em lugares
públicos também independe de autorização judicial. Sendo assim, se colocada em prática não haverá crime e a prova obtida será
39

considerada lícita.
Z
SI
AS

3. Considerações importantes:
DE

● Condutas punidas apenas à título de dolo;


● Crime de ação penal pública incondicionada em razão do silêncio legal;
O
R

● Em regra, competência da Justiça Comum Estadual. Pode ser competência da Justiça Federal caso se
EI

enquadre no rol do art. 109, CF (Ex.: crime perpetrado por funcionário público federal no exercício
NH

da função).
PI

30
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58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
Z
SI
2. LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

AS
DE
Obs.: Os institutos previstos na Lei 12.850/2013 podem ser aplicados em outras infrações penais, desde que

RO
envolvam:
1) Infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o

EI
NH
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
2) Organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo

PI
legalmente definidos.

Q UE
RI
A Lei nº 13.964/19 trouxe a inclusão do artigo 1-A na Lei nº 12.694/12, que prevê um estímulo aos Tribunais para criação de Varas

EN
Criminais Colegiadas para julgamento de crimes que envolverem Organizações Criminosas.

9H
2.1 DOS DELITOS DA LEI 12.850/13

83
91
2.1.2 Art. 2º, caput: Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
58
organização criminosa
38
39

1. Cuida-se de tipo misto alternativo


● Exceção: Se o indivíduo praticar tais condutas em mais de uma organização criminosa, teremos
Z
SI

concurso de crimes ou crime continuado, a depender do caso concreto.


AS

2. Requisitos para o reconhecimento da organização 9881


criminosa:
DE

a) Associação de 04 ou mais pessoas (crime plurissubjetivo ou de concurso necessário)


RO

● Computa-se: inimputáveis, integrantes eventualmente não identificados.


EI

● Não computa: agente infiltrado.


NH

● Pouco importa que os componentes da organização criminosa não se conheçam reciprocamente, que haja um
PI

chefe ou líder, que todos participem de cada ação delituosa ou que cada um desempenhe uma tarefa
UE

específica. 9881
IQ

b) Estrutura ordenada que caracteriza a divisão de tarefas, ainda que informalmente;


R

● Exige PERMANÊNCIA E ESTABILIDADE, sob pena de caracterizar pelo concurso eventual de pessoas
EN

c) Finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais


H

cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou de caráter transnacional;


39
8
91

2.1.3 Art. 2º, §1º (figura equiparada): Obstrução ou embaraço de investigação penal referente à
58

organização criminosa
38

1. Considerações gerais:
39

● O bem jurídico tutelado é a administração da Justiça.


Z

● Diferente do crime de organização criminosa, pode ser praticado por uma única pessoa (crime
SI
AS

monossubjetivo), desde que não participe da organização criminosa, hipótese em que responderá pelo crime
do art. 2º, caput.
DE

● Trata-se de um delito especial em relação ao crime de coação no curso do processo (art. 344, CP). O crime do
O

CP exige a violência ou grave ameaça como elementares do tipo.


R
EI
NH
PI

31
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EN
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REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
2. É possível abranger a obstrução no curso do processo? R.: Sim. Quando o legislador fala em

Z
SI
persecução, a intenção é abranger a persecução penal nas duas etapas. Essa é, inclusive, a posição a

AS
5ª Turma do STJ

DE
RO
2.2 Causas de Aumento de Pena e circunstância agravante
1. Cuidado para não confundir:

EI
NH
● §2° - Causa específica de aumento de pena – a pena pode ser aumentada ATÉ ½ se a organização
criminosa utilizar ARMA DE FOGO.

PI
UE
● §3º - Aumenta-se a pena de 1/6 a 2/3 se:
✔ Há participação de criança ou adolescente;

Q
RI
✔ Se há presença do funcionário público, valendo-se desta condição para a prática de crimes

EN
✔ Se o produto ou proveito destinar-se ao exterior

9H
✔ Se a organização criminosa mantém relação com outras organizações criminosas independentes
✔ Se as circunstâncias evidenciarem o caráter transnacional na organização criminosa.

83
91
58
2. Circunstância Agravante: A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da
38
organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
39
Z
SI

DICA: Ao falar em Organizações Criminosas Armadas, lembre-se:


AS

● Há aumento da pena em até ½ para organização


9881que utiliza arma de fogo – art. 2º, §2º, Lei 12.850/13;
DE

● Líderes iniciam o cumprimento de pena em estabelecimentos de segurança máxima – art. 2º, §8º,
Lei 12.850/13;
RO

● São julgados pelas Varas Colegiadas (caso sejam criadas mediante resolução) – art. 1º-A, Lei
EI

12.694/12.
NH
PI

2.3 Participação do Funcionário Público na OCRIM


UE

● Medida Cautelar de Afastamento: o afastamento cautelar será sem prejuízo de sua remuneração e
IQ

pode ser decretada em qualquer fase da persecução penal.


R
EN

Perda do Cargo e Interdição Para Exercer Cargo ou Função Pública


H

● Trata-se de um efeito extrapenal e automático da sentença condenatória definitiva. Logo, dispensa


39

fundamentação do magistrado na sentença e independe do quantum de pena aplicado.


8
91

● Pode-se aplicar a cassação de aposentadoria, em vez da perda do cargo, se ao tempo da condenação


58

o funcionário público já estiver aposentado? R.: Segundo o STJ, NÃO. Essa pena de cassação
9881 de
38

aposentadoria não tem previsão legal na Lei 12.850/13 para fins penais. No entanto, pode haver a
39

cassação de aposentadoria na via administrativa, em procedimento próprio, se assim estiver previsto


Z

na lei.
SI
AS

Cuidado! O art. 2º, §5º prevê a medida cautelar de afastamento do cargo, emprego ou função. Não menciona mandato eletivo. Já o
DE

art. 2º, § 6º prevê a perda do cargo, emprego ou função pública e a perda de mandato eletivo em decorrência de condenação
definitiva.
R O
EI

2.4 ASPECTOS PROCESSUAIS DA LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


NH
PI

32
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
2.4.1 Colaboração Premiada

Z
SI
AS
1. Natureza jurídica: Trata-se de meio de obtenção de prova e negócio jurídico processual

DE
personalíssimo. No entanto, segundo Renato Brasileiro, devemos diferenciar colaboração premiada,

RO
enquanto meio de obtenção de prova (Cuidado! Não é meio de prova!) do acordo de colaboração
premiada, que consiste em um negócio jurídico processual.

EI
NH
2. O STF decidiu que o delatado pode ter acesso às declarações prestadas, desde que cumpridos dois
requisitos:

PI
UE
● Requisito positivo: o acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é de fato mencionado
como tendo praticado crime (o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade criminal do requerente);

Q
RI
● Requisito negativo: o ato de colaboração não se deve referir a diligência em andamento.

EN
3. Novidades trazidas pelo Pacote Anticrime: 9881

9H
a) Conforme preconiza o art. 3º-C, a proposta de colaboração deverá ser instruída com procuração com
poderes específicos, ou ser firmada pessoalmente pelo proponente. Ressalta-se que a presença do

83
defensor é IMPRESCINDÍVEL durante toda a etapa do acordo de colaboração premiada.

91
58
b) As negociações são formalmente iniciadas com o recebimento da proposta para formalizar o acordo
38
de colaboração premiada. O recebimento da proposta configura o marco legal de confidencialidade.
39

c) O recebimento da proposta e a subscrição do Termo de Confidencialidade para prosseguimento das


Z

tratativas não implicam, por si só, a suspensão da investigação.


SI

d) A proposta de colaboração poderá ser sumariamente indeferida, mediante justificativa e


AS

9881
cientificação do interessado.
DE

4. Benefícios a serem concedidos (prêmios legais):


RO

● Conceder perdão judicial, que funcionará como causa extintiva da punibilidade;


EI

● Diminuição da pena em até 2/3 (colaboração antes da sentença);


NH

● Diminuição da pena em até ½ (colaboração após a sentença);


PI

● Substituição da PPL por PRD (não precisa preencher os requisitos do art. 44, CP);
● Progressão de regime independentemente da observância dos requisitos objetivos;
UE

● Deixar de oferecer a denúncia em determinadas hipóteses;


IQ

● Suspender o prazo de oferecimento da denúncia por até 6 meses, prorrogável por igual período (suspende
R
EN

também o prazo prescricional).


5. Perdão judicial: Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer
H
39

tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério
8

Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador,
91

ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o CPP.
58
38

6. Não oferecimento da denúncia desde que:


39

● O colaborador não seja o líder da organização criminosa;


● O colaborador seja o primeiro a prestar efetiva colaboração;
Z
SI

● A colaboração seja sobre fatos dos quais o Ministério Público não tem conhecimento (quando não houver
AS

inquérito policial ou procedimento investigatório instaurado para apuração dos fatos).


DE

7. Os benefícios estão condicionados à implementação de alguns resultados:


● Identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles
R O

praticadas;
EI

● Revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;


NH

● Prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;


PI

33
UE
IQ
NR
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EN
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58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas;

Z
SI
● Localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

AS
8. Legitimidade para firmar acordo de colaboração premiada:

DE
● Delegado de polícia no curso da investigação;

RO
● Ministério Público em qualquer fase da persecução penal;

EI
9. Papel do Juiz do acordo de colaboração premiada

NH
● O juiz não deve participar e nem presenciar das tratativas, sob pena de violação ao sistema acusatório. O

PI
Poder Judiciário não pode obrigar o Ministério Público a celebrar o acordo de colaboração premiada.

UE
● O juiz é responsável pela homologação do acordo, devendo analisar, no prazo de 48h, a regularidade e
legalidade, bem como a adequação dos benefícios pactuados.

Q
RI
● O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e das

EN
primeiras etapas de aplicação da pena, antes de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o acordo

9H
prever o não oferecimento da denúncia ou já tiver proferido sentença.
10. São consideradas nulas: as cláusulas que violem a definição de regime de cumprimento de pena ou

83
relacionadas aos requisitos de progressão não abrangidos pelo § 5º do art. 4º; as cláusulas de renúncia

91
ao direito de impugnar a decisão homologatória. 58
38
11. Competência para homologação: juiz das garantias, quando realizada durante a investigação.
39

⮚ Obs.1: Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento pelo órgão recursal, a
Z

homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão. (Info 1004, STF).
SI

⮚ Obs.2: No caso de colaborador com foro por prerrogativa de função ou de delatado com foro por prerrogativa
AS

9881
de função, a competência para homologar o acordo de colaboração premiada será do respectivo Tribunal.
DE

12. Caso o juiz recuse a homologação do acordo, remeterá novamente às partes para as adequações
RO

necessárias.
13. Demais considerações acerca da colaboração premiada:
EI
NH

● Retratação do acordo: Tanto o MP quanto o acusado podem se arrepender da proposta formulada.


PI

No entanto, ainda que haja retratação do acordo, as provas que já foram apresentadas pelo
UE

colaborador não podem ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor, mas podem alcançar
IQ

terceiras pessoas.
R

9881
● O réu delatado sempre deverá se manifestar nos autos por último (Info 949, STF).
EN

● Na colaboração premiada há uma opção voluntária e assistida pelo não exercício do direito ao
H

silêncio (o direito constitucional ao silêncio é irrenunciável).


39

● Valor probatório relativo da colaboração premiada: A colaboração premiada tem valor probatório
8
91

relativo, de modo que não pode ser utilizada unicamente para decretar medidas cautelares pessoais
58

ou reais; receber a denúncia ou queixa; proferir sentença condenatória.


38

● Rescisão do acordo de colaboração premiada:


39

1) No caso de omissão dolosa sobre os fatos objetos da colaboração;


Z
SI

2) No caso de o colaborador permanecer envolvido em práticas criminosas relacionadas ao


AS

objeto da colaboração.
DE

Obs.: Segundo o STF, o descumprimento de colaboração premiada não justifica, por si só, prisão
O

preventiva.
R
EI
NH
PI

34
UE
IQ
NR
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EN
9H
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83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
14. Sigilo da colaboração premiada: O acordo de colaboração e seus documentos ficarão em sigilo até o

Z
SI
recebimento da denúncia. Caso o juiz descumpra o sigilo, responderá pelo crime de violação de sigilo

AS
funcional, previsto no art. 325 do Código Penal.

DE
RO
2.4.2 Ação Controlada (também conhecida como flagrante postergado)

EI
1. A ação controlada na Lei de ORCRIM NÃO depende de autorização judicial, bastando mera comunicação

NH
ao juiz competente.

PI
● O juiz pode estabelecer um prazo máximo de duração da ação controlada, findo o qual a autoridade policial é

UE
obrigada a representar pela prorrogação da medida.

Q
● Até o encerramento das diligências, o acesso aos autos é restrito ao juiz, MP e Delegado de Polícia.

RI
EN
2.4.3 Infiltração De Agentes

9H
83
1. Demanda autorização judicial, mediante requerimento do MP ou representação do delegado de polícia,

91
sob pena de não serem lícitas as provas colhidas durante a empreitada.
58
38
● Requerimento do MP - exige a manifestação técnica do delegado, quando feita em sede de IP.
39

● Representação do Delegado - antes de decidir, o juiz deve ouvir o MP.


Z

2. Prazo para o juiz decidir: O Juiz decidirá o pedido no prazo de 24 horas, após manifestação do MP, na
SI

hipótese de representação do delegado de polícia.


AS

9881
DE

⮚ Obs.: São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados nas ruas como agente
RO

de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como agente infiltrado em grupo criminoso. (Info 932,
STF).
EI
NH

⮚ Obs.2: Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade falsa, apenas
representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se infiltrar na organização criminosa
PI

com o propósito de identificar e angariar a confiança de seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o
UE

funcionamento do bando. (Info 677, STJ).


IQ

⮚ Obs.3: É possível a utilização, no ordenamento jurídico pátrio, de ações encobertas, controladas virtuais ou de
R
EN

agentes infiltrados no plano cibernético, inclusive via espelhamento do Whatsapp Web, desde que o uso da ação
H

controlada na investigação criminal esteja amparada por autorização judicial (Info 792, STJ).
39
8

3. Duração: 06 meses, prorrogáveis indefinidamente (a prorrogação não é automática).


91

4. Responsabilidade penal do agente infiltrado: Os crimes praticados pelo agente infiltrado estarão
58
38

acobertados por uma causa de exclusão da culpabilidade, em razão da inexigibilidade de conduta


39

diversa.
Z
SI

5. Infiltração de agentes virtual: Passa a ser admitida a infiltração virtual de agentes policiais para a
AS

investigação do crime de organização criminosa e conexos quando houver indícios da infração penal de
que trata o art. 1º da Lei, e a prova não puder ser produzida por outros meios.
DE

9881

a) Características importantes:
R O

● Possui prazo máximo de até 6 meses, renováveis, não podendo ultrapassar a duração total de 720 dias,
EI

sempre comprovada a necessidade, sendo nula a prova que não observar o procedimento legalmente
NH

previsto.
PI

35
UE
IQ
NR
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58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● É obrigatória a oitiva do Ministério Público antes do deferimento da medida, em caso de representação pelo

Z
SI
Delegado de Polícia.

AS
● Todos os atos praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados e armazenados, e serem

DE
apresentados ao juiz ao final da medida.
● Por se tratar de medida de obtenção de prova irrepetível, neste caso, os autos deverão de apensados aos

RO
principais quando da remessa ao juiz da instrução e julgamento (art. 3º-C, §3°, CPP).

EI
NH
2.4.4 Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações

PI
1. A lei prevê a possibilidade de, sem autorização judicial prévia, o MP e o delegado a terem acesso a dados

UE
cadastrais de pessoas investigadas.

Q
2. Restringe-se o acesso exclusivo à qualificação pessoal, filiação e endereço. Não é possível utilizar esse

RI
dispositivo para ter acesso a informações sobre informações bancárias, telefônicas, etc. Nesse caso, haveria

EN
9881
proteção constitucional da intimidade e privacidade.

9H
83
Observações importantes:

91
● Esse dispositivo pode ser invocado para a apuração de qualquer delito. O legislador não teve a intenção de limitar
58
seu escopo à lavagem ou às infrações penais praticadas por organização criminosa.
38
● Crime do art. 21 da Lei 12.850/13 em caso de recusa ou omissão de dados cadastrais requisitados.
39
Z

2.5 DOS CRIMES OCORRIDOS NA INVESTIGAÇÃO E NA OBTENÇÃO DA PROVA


SI
AS

9881
1. Características comuns aos crimes:
DE

● O bem jurídico tutelado aqui é a administração da justiça e não a paz pública.


RO

● Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada.


EI

● O prazo para encerramento da instrução, estando o investigado preso ou não, não poderá exceder
NH

120 dias, prorrogáveis por igual período.


PI

2. Não confunda os delitos de colaboração caluniosa com denunciação caluniosa:


UE
IQ

COLABORAÇÃO CALUNIOSA – ART. 19, OCRIM DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – ART. 339, CP


R

Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de
EN

com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de
H

sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de
39

de organização criminosa que sabe inverídicas: ação de improbidade administrativa contra alguém,
8

imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo


91

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. de que o sabe inocente:


58

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.


38

É crime formal – se aperfeiçoa independente de qualquer É crime material – se aperfeiçoa com a efetiva instauração do
39

providência oficial do estado contra alguém processo em face de alguém


Z
SI

3. O crime de violação de sigilo das investigações do art. 20, Lei 12.850/13 é especial em relação ao
AS

crime de violação de sigilo funcional previsto no art. 325, CP.


DE

Obs.: Esse crime refere-se apenas ao descumprimento do sigilo atinente à infiltração policial e à ação
O

controlada, não englobando o sigilo da colaboração premiada, sob pena de configurar “analogia in
R

malan partem”. Nesta hipótese, restará configurado o crime de violação de sigilo profissional, previsto
EI
NH

no art. 325 do Código Penal.


PI

36
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
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83
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58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
Z
SI
3. LEI DE DROGAS

AS
DE
3.1 Porte de Drogas para Uso Pessoal (art. 28)

RO
⮚ Obs.: À luz do art. 28, §2º, para o juiz determinar se a quantidade de droga é para consumo pessoal,

EI
NH
deverá atentar-se para:

PI
● Natureza e à quantidade da substância apreendida

UE
● Ao local e às condições em que se desenvolveu a ação

Q
● Às circunstâncias sociais e pessoais do agente

RI
● Conduta e aos antecedentes do agente.

EN
9H
⮚ Obs.: A quantidade de drogas, por si só, não é fator determinante para concluir se era para

83
consumo pessoal. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1740201/AM, julgado em 17/11/2020.

91
a) Natureza Jurídica do art. 28
58
38

● STF e doutrina majoritária: Houve uma DESPENALIZAÇÃO do art. 28 – Houve a retirada das penas,
39

mas continua sendo crime.


Z
SI

b) Flagrante delito:
AS

1. Não será imposta ao acusado prisão em flagrante.9881 Isso significa apenas que não poderá ser lavrado
DE

auto de prisão em flagrante, o qual funciona como um título prisional. No entanto, é possível que o
indivíduo seja capturado e conduzido à delegacia para que seja feito um registro de ocorrência.
RO

2. O flagrante de porte de drogas para uso será lavrado pela autoridade policial somente na ausência
EI

de juiz. Nesse sentido, o Plenário do STF decidiu que “a autoridade policial pode lavrar termo
NH

circunstanciado de ocorrência e requisitar exames e perícias em caso de flagrante de uso ou posse


PI

de entorpecentes para consumo próprio, desde que ausente a autoridade judicial.”.


UE

c) Rito processual: O art. 28 da Lei de Drogas é infração de menor potencial ofensivo. Seu processo e
IQ

julgamento seguem o rito sumaríssimo (arts. 60 e seguintes da Lei 9.099/95).


R
H EN

IMPORTANTE! Em 2018 houve uma mudança jurisprudencial no sentido de entender que a condenação do agente
39

por crime do artigo 28 NÃO É APTA A GERAR REINCIDÊNCIA.


8
91
58

3.2 Tráfico de Drogas (Art. 33, Caput)


38
39

a) Considerações Iniciais:
Z

● Elemento normativo - O tráfico só restará configurado se a conduta for praticada sem autorização
SI
AS

legal.
● Norma penal em branco heterogênea, tendo como complemento a portaria 344/1998 da ANVISA.
DE

● Competência: Em regra, o crime é da justiça estadual. Somente atrairá a competência da justiça


O

federal quando restar demonstrada a internacionalidade do delito.


R
EI

⮚ Obs.: Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a
9881
NH

permitir o cultivo e o porte de maconha para fins medicinais (Info 673, STJ)
PI

37
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
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REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
b) A mera solicitação do preso, sem a efetiva entrega do entorpecente ao destinatário no

Z
SI
estabelecimento prisional, configura ato preparatório, o que impede a sua condenação por tráfico

AS
de drogas. STJ. AgRg no REsp 1.999.604-MG, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, julgado em 20/3/2023,

DE
DJe 24/3/2023.
✔ Em algumas condutas, estaremos diante de um crime permanente: guardar, transportar, ter em

RO
depósito, trazer consigo, expor à venda.

EI
NH
PI
3.3 Figuras Equiparadas ao Tráfico (Art. 33, §1°)

QUE
1. TRÁFICO DE MATÉRIA PRIMA

RI
● Necessidade de exame pericial: A doutrina majoritária entende ser imprescindível a realização de exame

EN
pericial para atestar que o produto é capaz de produzir a droga.

9H
● Princípio da Consunção: O tráfico de matéria prima pode ser absorvido pelo tráfico de drogas se: (1) forem
praticados no mesmo contexto fático, (2) se o tráfico de matéria prima for um meio necessário para o crime

83
9881
de tráfico de drogas.

91
● 58
A apreensão de pequenas quantidades de droga junto com o ácido bórico não implica, necessariamente, a
38
conduta tipificada no art. 33 da Lei n. 11.343/2006. (STJ, Ed. Extra n. 13).
39

● A conduta de transportar folhas de coca melhor se amolda, em tese e para a definição de competência, ao
tipo descrito no § 1º, I, do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que criminaliza o transporte de matéria-prima
Z
SI

destinada à preparação de drogas. (Info 673, STJ).


AS

2. CULTIVO DE PLANTAS PARA TRÁFICO 9881


DE

3. UTILIZAÇÃO DE LOCAL OU BEM PARA TRÁFICO DE DROGAS


● Crime próprio – só quem tem a posse/propriedade/guarda pode praticar o crime
RO

4. TRÁFICO DE DROGAS e AGENTE POLICIAL DISFARÇADO: Foi incluído o dispositivo previsto no inciso
EI

IV, §1º do Artigo 33, Lei 11.343/06. Trata-se de regulamentação das hipóteses que poderiam ser
NH

tratadas como crime impossível por se configurarem como flagrante provocado. Ocorre que o próprio
PI

legislador nos diz que, nessas hipóteses, seria possível a prática da infração penal quando houver
UE

elementos razoáveis de infração penal preexistente. Ex.: Policial disfarçado aborda potencial
IQ

traficante de drogas e tenta adquirir determinada quantidade de droga. O vendedor entrega as drogas
R
EN

ao policial, momento que lhe é dado voz de prisão.


H
39

3.4 Tráfico Privilegiado (Art. 33, §4º) – NÃO é crime equiparado a hediondo.
8
91
58

1. Requisitos do parágrafo 4º: São requisitos CUMULATIVOS!


38

● Agente primário;
39

● De bons antecedentes;
Z

● Não se dedique a atividades criminosas;


SI

● Não integra organizações criminosas.


AS
DE

3.5 Tráfico de Maquinário (Art. 34)


O
R

1. A doutrina entende que há necessidade de exame pericial para atestar que o aparelho é apto/capaz
EI
NH

de produzir a droga.
PI

38
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
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83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
2. Não é possível que o agente responda pela prática do crime do art. 34 da Lei 11.343/2006 quando a

Z
SI
posse dos instrumentos configura ato preparatório destinado ao consumo pessoal de entorpecente.

AS
(Info 709, STJ)

DE
RO
3.6 Associação Para o Tráfico

EI
NH
Cuidado para não confundir!

PI
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO

UE
(ART. 288, CP) (ART. 35, CAPUT DA LD)

Q
QUANTIDADE DE Pelo menos 3 pessoas Pelo menos 2 pessoas

RI
INTEGRANTES

EN
FINALIDADE Série indeterminada de crimes Apenas 33, caput, §1º e art. 34.

9H
doloso

83
QUANTIDADE DE Associação para série Associação para a pratica de um único crime
CRIMES A SEREM indeterminada de crimes. ou crimes reiterados

91
PRATICADOS
58
38

3.7 Prescrever ou Ministrar Drogas Culposamente


39
Z

1. Crime culposo: esse é o único crime culposo na lei de drogas.


SI

9881
AS

● A prescrição ou ministrar com dolo é conduta que se enquadra no art. 33, caput da LD.
9881
● Por ser um crime culposo, é inadmissível a tentativa.
DE
RO

3.8 Causas de Aumento da Pena


EI
NH

1. TRANSNACIONALIDADE DO DELITO
PI

● Não é necessária a efetiva transposição da fronteira nacional. Basta o intuito de transferir a droga
UE

para outro país com a concretização de todos os atos executórios necessários para tanto (Súmula
IQ

607/STJ)
R

● Dupla imputação: para ser tráfico internacional, a droga apreendida tem que ser ilícita nos 2 países
EN

envolvido.
H

● Competência tráfico internacional de drogas: Na hipótese de importação da droga via correio


8 39

cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do endereço aposto na correspondência,


91

deve-se fixar a competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase
58

investigativa, da busca da verdade e da duração razoável do processo. (Info 698, STJ)


38
39

2. O AGENTE PRATICAR O CRIME PREVALECENDO-SE DE


Z
SI

● Função pública
AS

● No desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;


DE

1. A INFRAÇÃO TIVER SIDO COMETIDA NAS DEPENDÊNCIAS OU IMEDIAÇÕES DE


R O

● Estabelecimentos prisionais
EI

● Estabelecimentos de ensino
NH

● Estabelecimentos hospitalares
PI

39
UE
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NR
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EN
9H
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REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Estabelecimentos de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes

Z
SI
● De locais de trabalho coletivo

AS
● De recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza

DE
● De serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social
● De unidades militares ou policiais

RO
9881
● Em transportes públicos;

EI
NH
2. O CRIME TIVER SIDO PRATICADO COM

PI
● Violência ou grave ameaça

UE
● Emprego de arma de fogo

Q
● Qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva.

RI
EN
3. CARACTERIZADO O TRÁFICO ENTRE ESTADOS DA FEDERAÇÃO OU ENTRE ESTES E O DISTRITO FEDERAL;

9H
83
● Tráfico nacional - INTERESTADUAL: Doméstico, interno - porém, interestadual. É exercido entre

91
Estados da federação ou entre estes e o DF.
● Competência 58
38
▪ Para julgamento - Justiça Estadual
39

▪ Para investigação - atribuição da Polícia Federal;


Z

● STJ - É cabível a aplicação cumulativa das causas de aumento relativas à transnacionalidade e à


SI

interestadualidade do delito, previstas nos incisos I e V da Lei de Drogas, quando evidenciado que a
AS

9881
droga proveniente do exterior se destina a mais de um estado da federação, sendo o intuito dos
DE

agentes distribuir o entorpecente estrangeiro por mais de uma localidade do país.


RO
EI

4. SUA PRÁTICA ENVOLVER OU VISAR A ATINGIR CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU A QUEM TENHA, POR
NH

QUALQUER MOTIVO, DIMINUÍDA OU SUPRIMIDA A CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO E


PI

DETERMINAÇÃO
UE
IQ

5. O AGENTE FINANCIAR OU CUSTEAR A PRÁTICA DO CRIME: A jurisprudência tem aplicado o inciso VII
R

nos casos de autofinanciamento para o tráfico: art. 33, caput c/c art. 40, VII.
H EN

3.9 DA INVESTIGAÇÃO
39
8
91

1. A condenação por tráfico pode ocorrer mesmo que não tenha havido a apreensão da droga
58

2. Laudo provisório de constatação da droga:


38

● É suficiente para lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito.


39

● Em se tratando de laudo provisório, excepciona-se a regra do Código de Processo Penal e, na falta de perito
Z

oficial, será possível a realização do laudo POR 1 PESSOA IDÔNEA.


SI

3. Destruição das drogas


AS

a) Em caso de prisão em flagrante:


DE

● Exige autorização judicial


O

● Prazo de 15 dias contados da decisão judicial


R

● Presença do Ministério público e da autoridade sanitária.


EI
NH

b) SEM prisão em flagrante:


PI

40
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Não exige autorização judicial

Z
SI
● Prazo de 30 dias contados da apreensão da droga

AS
● Realizada mediante incineração

DE
4. Prazo do IP na Lei de Drogas
● Prazo inquérito se o indiciado preso – 30 dias.

RO
● Prazo inquérito se o indiciado solto – 90 dias.

EI
5. Infiltração de agentes.

NH
● É a autoridade policial quem deve requerer a infiltração

PI
● Somente o agente de polícia judiciária pode ser infiltrado

UE
6. Admite-se a ação controlada (Flagrante Postergado).
9881

Q
7. Colaboração premiada. Consiste em uma causa especial de diminuição de pena para o agente que

RI
colaborar voluntariamente com a persecução penal.

EN
● Diminuição de 1/3 a 2/3 da pena

9H
● Depende da ocorrência de um dos seguintes resultados:

83
✔ Identificação dos demais coautores e participes

91
✔ Recuperação total ou parcial do produto do crime

58
De acordo com o STJ, os requisitos legais previstos no art. 41 da Lei n. 11.343/2006, que trata da causa de
38
diminuição da pena por colaboração premiada, são alternativos e não cumulativos (Info 789).
39
Z
SI

LEI MARIA DA PENHA


AS

9881

1. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER


DE
RO

Considerações importantes:
EI

● Não há necessidade de habitualidade. O art. 5º, caput refere-se apenas à ação ou omissão.
NH

● É indispensável que ocorra uma violência de gênero, tal qual expresso no caput do art. 5º. Ausente esta
PI

violência de gênero, não se aplica a Lei Maria da Penha.


UE

● Para o STJ há presunção legal da hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica: não depende da
IQ

demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou financeira.


R

● O art. 1.584, § 2º, CC, prevê que quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho,
EN

encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada,
H

salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda da criança ou do adolescente ou
39

quando houver elementos que evidenciem a probabilidade de risco de violência doméstica ou familiar.
8
91
58

2. SUJEITOS DO DELITO
38
39

1. SUJEITO PASSIVO: A Lei Maria da Penha aplica-se exclusivamente à mulher (violência de gênero),
Z

independentemente da orientação sexual.


SI
AS

● Atenção: O homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar, porém sem a possibilidade de
DE

aplicação da Lei Maria da Penha. Isso porque a Lei Maria da Penha exige uma qualidade especial, qual seja,
ser mulher. Assim, se a violência doméstica sofrida pelo sujeito do sexo masculino qualificar o crime de lesão
R O

corporal, aplica-se art.129, §9º, do CP.


EI
NH
PI

41
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Para a doutrina majoritária e os Tribunais Superiores, é possível que os transgêneros e transexuais sejam

Z
SI
vítimas no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher.

AS
DE
2. SUJEITO ATIVO: Pode ser tanto o homem quanto a mulher. Assim, é possível aplicar a Lei a relações
homoafetivas, bem como a conflitos que envolvem mãe e filha, irmãs, ou mesmo sogra e nora.

RO
EI
3. ELEMENTO SUBJETIVO

NH
PI
1. Doutrina majoritária: apenas crimes dolosos podem atrair a aplicação da Lei Maria da Penha.

UE
2. O Plenário do STF concluiu que o crime de lesão corporal praticada contra a mulher em âmbito

Q
RI
doméstico será de ação penal pública incondicionada, mesmo que de natureza leve ou culposa. Logo,

EN
por via oblíqua as infrações penais culposas também se sujeitam à incidência da Lei Maria da Penha. O

9H
mesmo se aplica no caso da contravenção penal de vias de fato (STJ, AgRg no HC 713415).

83
91
4. HIPÓTESES DE CONFIGURAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
58
38
1. A ação ou omissão da qual resulta a violência doméstica não precisa ser necessariamente uma infração
39

penal, ações que não são típicas, ou são praticadas no bojo de alguma excludente de ilicitude ou
Z

culpabilidade, podem ser consideradas violência doméstica, mesmo não sendo punidas criminalmente.
SI
AS

DICA DD: foi editada a Lei 14.550/2023 que altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 e garante que a Lei Maria da Penha seja
9881
aplicada em todos os casos de violência doméstica e familiar “independentemente da causa ou da motivação” e da condição do
DE

agressor ou da vítima.
RO

Note que o art. 40-A determina que a Lei será aplicada a todas as situações previstas no seu art. 5º. (Para os efeitos desta Lei,
configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
EI

sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial).


NH

Conclui-se, portanto, que a lei continuou, acertadamente, delimitando a aplicação nas hipóteses de violência de gênero definidas
PI

pelo art. 5°.


UE
IQ

5. FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


R
EN

Note que o art. 7° faz uso da expressão "entre outras", portanto não se trata de um rol taxativo, mas
H

sim exemplificativo.
39

1. VIOLÊNCIA FÍSICA– Entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal
8
91

2. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA – entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
58

diminuição da autoestima, lhe prejudique o pleno desenvolvimento, ou que vise degradar ou controlar
38

suas ações de maneira geral


39

Lei 13.772/2018: acrescenta um novo crime ao Código Penal - Crime de registro não autorizado da intimidade sexual (art. 216-B).
Z
SI

Promoveu ainda uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) para deixar expresso que a violação da
AS

intimidade da mulher é uma forma de violência doméstica, classificada como violência psicológica.
3. VIOLÊNCIA SEXUAL- entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
DE

participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
O

9881
a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto
R
EI

ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o


NH

exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;


PI

42
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
Z
4. VIOLÊNCIA PATRIMONIAL - entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,

SI
AS
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades

DE
5. VIOLÊNCIA MORAL - entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

RO
EI
6. FORMAS DE PREVENÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA

NH
PI
DICA DD: foi editada a Lei nº 14.541/2023, dispondo sobre a criação e funcionamento ininterrupto de Delegacias Especializadas de

UE
Atendimento à Mulher (Deam). Destaca-se que: O Poder Público deverá prestar a assistência psicológica e jurídica à mulher vítima

Q
de violência; a finalidade da Deam é atender todas as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, crimes contra a dignidade

RI
sexual e feminicídios; atendimento em sala reservada e, preferencialmente, por policiais do sexo feminino; nos municípios onde

EN
não houver Deam, deve priorizar o atendimento da mulher vítima de violência por agente feminina especializada; por fim, a Deam

9H
deverá disponibilizar número de telefone ou outro mensageiro eletrônico destinado ao acionamento imediato da polícia em casos
de violência contra a mulher.

83
91
7. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA FAMILIAR 38
58
1. Ao tratar sobre a assistência à mulher em condição de violência doméstica (art. 9º), o legislador
39

possibilitou a decretação judicial de diversas ações e programas de auxílio por prazo determinado para
Z
SI

a vítima, dentre as quais:


AS

● Possibilidade de remoção prioritária da servidora


9881
pública, integrante da administração direta e
DE

indireta. 9881


RO

Encaminhamento à assistência judiciária, inclusive para ajuizamento da ação de separação judicial,


EI

de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável.


NH

● Manutenção do vínculo trabalhista pelo prazo de até seis meses quando necessário o afastamento
PI

da vítima de seu local de trabalho.


UE

⮚ Obs.: Segundo o STJ, o INSS deverá arcar com a subsistência das mulheres que precisaram se afastar
IQ

do trabalho para se proteger de violência doméstica. Tais situações ofendem a integridade física ou
R

psicológica da vítima, o que justifica o direito ao “auxílio-doença.


EN

● Prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de
H

seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos
39

comprobatórios do registro da ocorrência policial. (independentemente de vaga, cf. art. 23, V)


8
91

● Concessão de auxílio-aluguel, com valor fixado em função de sua situação de vulnerabilidade social
58

e econômica, por período não superior a 6 (seis) meses (art. 23, VI, LMP, incluído pela Lei nº 14.674,
38

de 2023).
39

2. Considerações importantes:
Z
SI

● Se a vítima e o agressor forem casados ou viverem em união estável, a mulher deverá ser
AS

encaminhada à assistência judiciária para que possa ter a oportunidade de, assim desejando,
DE

desvincular-se formalmente do marido/companheiro agressor por meio da ação judicial própria


O

● O autor de violência doméstica praticada contra mulher terá que ressarcir os custos relacionados
R

com os serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às vítimas de violência
EI
NH
PI

43
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
doméstica e familiar e com os dispositivos de segurança utilizados pelas vítimas para evitar nova

Z
SI
violência.

AS
⋅ O ressarcimento não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus

DE
dependentes;
⋅ O fato de o agressor ter feito o ressarcimento não configura atenuante (art. 65, III, b, CP);

RO
⋅ O ressarcimento não enseja possibilidade de substituição da pena aplicada (SUM 588 STJ).

EI
NH
8. DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

PI
UE
1. Trata-se de tema rotineiramente abordado em prova de carreiras policiais, uma vez que é direito da

Q
mulher ser atendida de forma especializada, ininterrupta e preferencialmente, por servidoras do sexo

RI
feminino. Como se depreende do texto legal, não há uma necessidade absoluta de que o atendimento

EN
seja realizado por Mulher.

9H
2. Os arts. 11 e 12 da Lei Maria da Penha tratam das providências que devem ser tomadas pela autoridade

83
policial quando houver crime praticado no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher.

91
Pode-se destacar: 58
• Remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a
38
39

concessão de medidas protetivas de urgência;


⮚ Obs.: Note que a autoridade policial não tem legitimidade para aplicar diretamente a medida protetiva
Z
SI

ou representar por ela. O delegado apenas encaminha ao juiz, em 48 horas, quando há pedido da
AS

ofendida! 9881
DE

● Determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários.
RO

9881

⮚ Obs.: Há uma mitigação da obrigatoriedade do exame de corpo de delito, pois o art. 12, §3º prevê
EI

que serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais
NH

e postos de saúde.
PI

● Verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de


UE

existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição
IQ

responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos do Estatuto do


R
EN

Desarmamento.
● Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
H
39

indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
8

⮚ Obs.: Nessa toada, é igualmente importante que o delegado verifique se há, no banco de dados criado
91

pela Lei n. 13.829/19 (que inseriu o art. 38-A na Lei), eventual registro de medida protetiva de
58

urgência anteriormente determinada em detrimento do agressor.


38
39
Z

9. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA


SI
AS

1. Natureza Jurídica: Prevalecia, na doutrina e jurisprudência, que as medidas protetivas de urgência


DE

previstas na Lei Maria da Penha detinham natureza jurídica de MEDIDA CAUTELAR. No entanto, O
ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DA SEXTA TURMA DO STJ passou a afirmar que a natureza jurídica das
R O

medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha é de tutela inibitória e não cautelar,
EI

inexistindo prazo geral para que ocorra a reavaliação de tais medidas, sendo necessário que, para sua
NH

eventual revogação ou modificação, o Juízo se certifique, mediante contraditório, de que houve


PI

44
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
alteração do contexto fático e jurídico (STJ. REsp 2.036.072-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma,

Z
SI
julgado em 22/8/2023, DJe 30/8/2023, Info 789).

AS
2. Autonomia das medidas protetivas: A partir da lei 14.550/2023, que alterou a lei Maria da Penha, as

DE
medidas protetivas de urgência serão concedidas independentemente da tipificação penal da

RO
violência, do ajuizamento de ação penal ou cível, da existência de inquérito policial ou do registro de
boletim de ocorrência. Isso significa que, visando uma maior proteção à vítima, ou seja, desvinculando

EI
NH
a aplicação das medidas protetivas de qualquer procedimento ou ação penal, a legislação define a
natureza autônoma das medidas protetivas.

PI
UE
3. As medidas protetivas de urgência poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente (tanto com
outras medidas protetivas como com outras medidas cautelares do art. 319, CPP).

Q
RI
4. Legitimidade para conceder as medidas protetivas de urgência: As medidas protetivas de urgência, em

EN
regra, são concedidas pela autoridade judicial, após requerimento do Ministério Público ou da ofendida

9H
– cujo pedido é formulado perante a autoridade policial.

83
⮚ EXCEÇÃO: A medida protetiva de AFASTAMENTO DO LAR pode, excepcionalmente, ser concedida

91
pelo Delegado de polícia, ou até mesmo pelo policial, nos seguintes casos:
58
38
● Pelo Delegado de Polícia – quando o Município não for sede de comarca (art. 12-C, II)
39

● Pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível
Z

no momento da denúncia (art. 12-C, III)


SI
AS

⮚ Nas hipóteses em que o afastamento do lar9881


for determinado pelo Delegado ou Policial, o juiz será
DE

comunicado no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a


revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
RO

PEGADINHA DE PROVA:
EI

* REGRA: O delegado tem 48 horas para enviar a representação da vítima ao juiz (art. 12, III), e o juiz também possui 48 horas para
NH

9881
tomar as devidas providências (art. 18, caput)
PI

* EXCEÇÃO: Em caso de medida protetiva de afastamento do lar concedida pelo Delegado de Polícia ou pelo Policial, nas hipóteses
UE

previstas em lei, a comunicação ao juiz deve ser feita em 24 horas, tendo este o mesmo prazo de 24 horas para decidir sobre ela.
(Art. 12-C, §1º).
RIQ
EN

● Descumprimento das medidas protetivas de urgência:


H

 É possível a execução da multa imposta;


39

 É possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP) – caso presentes também os indícios do
8

art. 312, CPP;


91


58

O agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei nº 11.340/2006, o que não exclui a aplicação de outras
38

sanções cabíveis.
39
Z

5. Considerações sobre o crime de descumprimento de medida protetiva de urgência (art. 24-A):


SI
AS

⋅ Desobediência: O art. 24-A é um tipo especial de desobediência (art. 330 do CP).


DE

⋅ Não se exige violência ou grave ameaça: Se houver violência ou grave ameaça, o agente poderá responder
pelo delito do art. 24-A em concurso com outros delitos.
O

⋅ Muita ATENÇÃO! De acordo com o STJ (Info 785), a aproximação do réu com o consentimento da vítima
R
EI

torna atípica a conduta de descumprir medida protetiva de urgência.


NH
PI

45
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
⋅ De acordo com o STJ (Jurisprudência em teses, ed. 41) não é cabível a substituição da pena privativa de

Z
SI
liberdade por restritiva de direitos no crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência, haja

AS
vista que um dos bens jurídicos tutelados é a integridade física e psíquica da mulher em favor de quem se

DE
fixaram tais medidas.
⋅ Fiança: Na hipótese de prisão em flagrante pelo crime do art. 24-A, apenas a autoridade judicial poderá

RO
conceder fiança. Trata-se de exceção à regra do art. 322 do CPP. Cuidado!!!

EI
NH
CUIDADO! Veda-se a concessão de fiança pela autoridade policial somente no delito do art. 24-A! Caso seja praticado outro delito,
com pena máxima de 4 anos, ainda que no âmbito da Lei Maria da Penha, será possível a concessão da fiança, nos moldes do art.

PI
322 do CPP!

Q UE
Obs.: Apesar de parte da doutrina entender que se trata de infração de menor potencial ofensivo (PPL não

RI
ultrapassa 2 anos), a jurisprudência é extremamente refratária à aplicação de qualquer medida

EN
despenalizadora em se tratando de delitos que envolvam violência doméstica. (SUM 536, STJ)

9H
83
NÃO CONFUNDA: Em se tratando de crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher NÃO SE APLICA A

91
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO, ENTRETANTO É POSSÍVEL A CONCESSÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (Código
Penal). 58
38
39

10. PRISÃO PREVENTIVA


Z
SI

1. O STJ decidiu que NÃO cabe decretação de prisão de ofício nem no rito da Lei Maria da Penha (2022)
AS

2. Após o advento do Pacote Anticrime, como proceder? 9881



DE

Prova objetiva – Verificar se a assertiva contempla a letra da lei ou a posição da doutrina e da


jurisprudência do STJ. Pois na lei admite a possibilidade de o juiz decretar a prisão preventiva de
RO

9881
ofício, seja em fase de inquérito policial ou instrução penal. Já em decisão do STJ, não cabe preventiva
EI

de ofício.
NH

⦁ Prova discursiva – é imprescindível trazer os dois posicionamentos sobre o tema, no sentido de que,
PI

para uma primeira corrente, é possível a decretação de ofício pelo juiz, em razão do princípio da
UE

especialidade, enquanto para uma segunda corrente, é inviável tal decretação, sob pena de violar o
IQ

Sistema Acusatório.
R
EN

3. Prisão preventiva em razão do descumprimento das medidas protetivas de urgência (art. 313, III, CPP):
Não basta o mero descumprimento das medidas protetivas de urgência, sendo imprescindível, ainda,
H
39

preencher os requisitos previstos no art. 312, CPP.


8

4. Segundo a jurisprudência do STJ, NÃO É POSSÍVEL a decretação de prisão preventiva do autor de


91

contravenção penal, mesmo que tenha praticado o fato no âmbito de violência doméstica, e que ele
58
38

tenha descumprido medida protetiva imposta (STJ. 6º turma. HC437.535).


39
Z

11. RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO NOS CRIMES PRATICADOS NO CONTEXTO DA LEI 11.340/06


SI
AS

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL LEI 11.340/06


DE

A retratação poderá ocorrer até o oferecimento da A retratação poderá ocorrer antes do recebimento da denúncia
O

denúncia (art. 25) (art. 16)


R
EI
NH
PI

46
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
1. Essa retratação deve ser feita perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade.

Z
SI
Portanto, se a mulher, vítima de crime de ação pública condicionada, comparecer ao cartório da vara e

AS
manifestar interesse em se retratar da representação, ainda assim o juiz deverá designar audiência para

DE
que ela confirme essa intenção e seja ouvido o MP.

RO
2. De acordo com o STJ, a audiência prevista no artigo 16 da Lei 11.340/2006 tem por objetivo confirmar a
retratação, não a representação, e não pode ser designada de ofício pelo juiz. Sua realização somente é

EI
NH
necessária caso haja manifestação do desejo da vítima de se retratar, trazida aos autos antes do
recebimento da denúncia".

PI
UE
3. ATENÇÃO! A interpretação no sentido da obrigatoriedade da audiência prevista no artigo 16 da Lei Maria
da Penha (Lei 11.340/2006), sem que haja pedido de sua realização pela ofendida, viola o texto

Q
RI
constitucional e as disposições internacionais que o Brasil se obrigou a cumprir, na medida em que

EN
discrimina injustamente a própria vítima de violência. (Info 1104, STF)

9H
4. A realização da audiência prevista no art. 16 da Lei somente se faz necessária se a vítima houver

83
manifestado, de alguma forma, em momento anterior ao recebimento da denúncia, ânimo de desistir da

91
representação. STJ. 5ª Turma (Info 743/STJ, 2022).
58
38
12. VEDAÇÕES PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA
39
Z
SI

Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, NÃO se admite:


AS

● Aplicação da pena de "cesta básica" (art. 17); 9881


DE

Quaisquer espécies
9881de prestação pecuniária (art. 17 da Lei c/c art. 45, §§ 1º e 2º, CP);

● Pagamento isolado de multa (art. 44, § 2º do CP);


RO

● Substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos (SUM 588, STJ);
EI

● Aplicação do princípio da insignificância (SUM 589, STJ);


NH

● Aplicação dos institutos despenalizadores da Lei nº 9.099/95 (suspensão condicional do processo e transação
PI

penal).
UE
IQ

13. AÇÃO PENAL NOS CRIMES DA LEI MARIA DA PENHA


R
EN

1. Inicialmente, cumpre salientar que não são todos os crimes praticados no contexto de violência
H

doméstica e familiar contra a mulher que são de ação penal pública incondicionada.
839
91

● Se o crime praticado no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher estiver previsto no CÓDIGO
58

PENAL como um crime condicionado à representação (ex.: ameaça), assim será. As ameaças no contexto de
38

violência doméstica precisarão de representação da ofendida pois esta é a regra geral do Código Penal - e a Lei
39

Maria da Penha não afasta a incidência do Código Penal.


Z
SI

● Por outro lado, se o crime praticado no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher estiver
AS

previsto NA LEI DE JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS como um crime condicionado à representação, como é o
DE

caso da lesão corporal leve e culposa, essa regra não será aplicada aos crimes praticados no contexto de
violência doméstica pois a própria Lei Maria da Penha afasta a incidência da Lei 9.099/95.
R O
EI

Súmula 542 - STJ: a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
NH

doméstica contra a mulher é pública incondicionada.


PI

47
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
Lei Maria da Penha x Lei Henry Borel

Z
SI
AS
No ano de 2022 foi editada a Lei Henry Borel – Lei nº 14.344/2022 – que tem como principal

DE
finalidade a criação de medidas de assistência e proteção para crianças e adolescentes. Assim, dadas as

RO
semelhanças de alguns dispositivos entre a LMP e a Lei Henry Borel, destaca-se o seguinte:

EI
NH
Lei Maria da Penha Lei Henry Borel

PI
Legitimados a requerer Art. 19. As medidas protetivas de urgência Art. 16. As medidas protetivas de urgência poderão

UE
medida protetitva de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a ser concedidas pelo juiz, a requerimento do

Q
requerimento do Ministério Público ou a Ministério Público, da autoridade policial, do

RI
pedido da ofendida. Conselho Tutelar ou a pedido da pessoa que atue

EN
em favor da criança e do adolescente.

9H
18. Recebido o expediente com o pedido Art. 15. Recebido o expediente com o pedido em
Prazo da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 favor de criança e de adolescente em situação de

83
(quarenta e oito) horas: violência doméstica e familiar, caberá ao juiz, no

91
I - conhecer do expediente e do pedido e prazo de 24 (vinte e quatro) horas:
58
decidir sobre as medidas protetivas de I - conhecer do expediente e do pedido e decidir
38
urgência; sobre as medidas protetivas de urgência;
39

9881
Afastamento do lar Art. 12-C. Verificada a existência de risco Art. 14. Verificada a ocorrência de ação ou omissão
atual ou iminente à vida ou à integridade que implique a ameaça ou a prática de violência
Z
SI

física ou psicológica da mulher em doméstica e familiar, com a existência de risco atual


AS

situação de violência doméstica9881


e familiar, ou iminente à vida ou à integridade física da criança
ou de seus dependentes, o agressor será e do adolescente, ou de seus familiares, o agressor
DE

imediatamente afastado do lar, domicílio será imediatamente afastado do lar, do domicílio ou


RO

ou local de convivência com a ofendida: do local de convivência com a vítima:


I - pela autoridade judicial; I - pela autoridade judicial;
EI

II - pelo delegado de polícia, quando o II - pelo delegado de polícia, quando o Município não
NH

Município não for sede de comarca; ou for sede de comarca;


PI

III - pelo policial, quando o Município não III - pelo policial, quando o Município não for sede de
UE

for sede de comarca e não houver comarca e não houver delegado disponível no
delegado disponível no momento da momento da denúncia.
IQ

denúncia.
R
EN

Atendimento da vítima Art. 10-A. É direito da mulher em situação Art. 12. O depoimento da criança e do adolescente
de violência doméstica e familiar o vítima ou testemunha de violência doméstica e
H

atendimento policial e pericial familiar será colhido nos termos da Lei nº 13.431, de
39

especializado, ininterrupto e prestado por 4 de abril de 2017, observadas as disposições da Lei


8
91

servidores - preferencialmente do sexo nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança


58

feminino - previamente capacitados. e do Adolescente).


38

Art. 11. No atendimento à mulher em


39

situação de violência doméstica e familiar, Art. 13. No atendimento à criança e ao adolescente


a autoridade policial deverá, entre outras em situação de violência doméstica e familiar, a
Z
SI

providências: autoridade policial deverá, entre outras


AS

(...) providências:
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou I - encaminhar a vítima ao Sistema Único de Saúde e
DE

posto de saúde e ao Instituto Médico ao Instituto Médico-Legal imediatamente;


Legal; II - encaminhar a vítima, os familiares e as
R O

testemunhas, caso sejam crianças ou adolescentes,


EI

ao Conselho Tutelar para os encaminhamentos


NH
PI

48
UE
IQ
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EN
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REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
necessários, inclusive para a adoção das medidas

Z
SI
protetivas adequadas;

AS
DE
RO
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere
Crimes tipificados defere medidas protetivas de urgência medida protetiva de urgência prevista nesta Lei:

EI
previstas nesta Lei: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

NH
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2

PI
(dois) anos. Art. 26. Deixar de comunicar à autoridade
9881
pública a

UE
prática de violência, de tratamento cruel ou
degradante ou de formas violentas de educação,

Q
correção ou disciplina contra criança ou

RI
adolescente ou o abandono de incapaz:

EN
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.

9H
83
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

91
1. BEM JURÍDICO TUTELADO
58
38
39

1. A Lei nº. 13.869/19 pretende, na realidade, tutelar dois bens jurídicos distintos (crime pluriofensivo):
Z
SI

● Direitos fundamentais do cidadão e, a depender do delito em questão, visa proteger, diretamente:


AS

⋅ Liberdade de locomoção (art. 9º, 10, 12, etc.),


9881

⋅ Liberdade individual (art. 13, 15, 18, etc.),


DE

⋅ Direito à assistência de advogado (art. 20, 32, etc.),


RO

⋅ Intimidade ou a vida privada (art. 22, 28, 38);


EI

● Protege, ainda, indiretamente, o bom funcionamento do Estado, bem como o dever do funcionário
NH

público de conduzir-se com lealdade e probidade, preservando-se, assim, princípios básicos da


PI

Administração Pública.
UE

2. Por sua vez, o objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta, ou seja, a
IQ

pessoa lesada pelo abuso, conforme os ensinamentos de Nucci (diferentemente, portanto, do objeto
R

jurídico, que é o bem protegido pelo Direito Penal, conforme visto).


H EN

2. CONCEITO
839
91

O conceito de abuso de poder é um gênero de ato ilícito cometido pela autoridade, podendo ser dividido em
58

duas espécies:
38

⦁ Excesso de poder: o agente público atua sem competência


39

⦁ Desvio de poder: o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto
Z
SI
AS

3. SUJEITO ATIVO DO DELITO


DE

1. Quem pode praticar o crime de abuso de autoridade? R.: O artigo 2º traz um rol exemplificativo de
R O

sujeitos ativos para o crime de abuso de autoridade, que tem por característica ser um crime próprio,
EI

tendo em vista que se exige uma característica específica para que o agente incorra no tipo penal, qual
NH

seja, ser agente público, independentemente de ser servidor ou não.


PI

49
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EN
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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
Z
SI
2. Ressalta-se que NÃO são considerados agentes públicos aqueles que exercem apenas um múnus

AS
9881
público (função privada com interesse público), como, por exemplo:

DE
⋅ Curadores e tutores dativos;
⋅ Inventariantes judiciais;

RO
⋅ Administradores judiciais;

EI
⋅ Depositários judiciários;

NH
⋅ Leiloeiros dativos.

PI
UE
3. Lembrando que, para o STF, os advogados dativos, ou seja, aqueles nomeados pelo Juízo para prestar

Q
assistência jurídica aos hipossuficientes no local onde não há Defensoria Pública devidamente

RI
instalada, podem ser considerados funcionários públicos para fins penais, motivo pelo qual podem

EN
praticar o crime de abuso de autoridade.

9H
4. O crime de abuso de autoridade admite concurso de pessoas com particulares eventualmente

83
envolvidos, desde que saibam da condição de agente público, por ser uma elementar do tipo, nos

91
termos do art. 30 do Código Penal.
58
5. Por outro lado, caso o particular desconheça a condição de agente público, estará incurso em erro de
38

tipo, que afasta a tipicidade do crime de abuso de autoridade, podendo responder, contudo, por outro
39

crime em razão da cooperação dolosamente distinta prevista no art. 29, §2º do CP.
Z
SI
AS

4. ELEMENTO SUBJETIVO 9881


DE

1. Exige dolo (direto ou eventual) e, ainda, um dolo específico, de modo que o agente só terá sua conduta
RO

considerada típica quando além, do dolo genérico, tiver o dolo de produzir um resultado específico.
EI

Trata-se, portanto, de delitos de intenção (de tendência interna transcendente), visto que o agente
NH

busca um resultado que não precisa ser alcançado para a consumação, mas que constitui elementar do
PI

tipo. Ou seja: a conduta do agente deve ser voltada, necessariamente, a uma das seguintes finalidades:
UE

⋅ Prejudicar outrem;
IQ

⋅ Beneficiar a si mesmo ou a terceiro;


R
EN

⋅ Por mero capricho ou satisfação pessoal.


H
39

6. DA AÇÃO PENAL
8
91

1. Os delitos da lei de abuso de autoridade, assim como na legislação anterior, são todos de ação penal
58
38

pública incondicionada.
39

2. Há ainda possibilidade de oferecimento de ação penal privada subsidiária da pública, na hipótese de


Z

inércia do Ministério público em oferecer a denúncia, cabendo ao Parquet, na forma do art. 29 do


SI

Código de Processo Penal:


AS

⦁ Aditar a queixa (chamada de queixa substitutiva), repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva;


DE

⦁ Intervir em todos os termos do processo;



O

Fornecer elementos de prova;


R

⦁ Interpor recurso;
EI

⦁ A todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
NH
PI

50
UE
IQ
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58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
7. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

Z
SI
AS
1. Regra: Justiça Comum Estadual.

DE
2. Exceções:

RO
● JUSTIÇA FEDERAL - presente uma das hipóteses constantes do art. 109 da Constituição Federal, a
competência para o processo e julgamento dos crimes de abuso de autoridade será da Justiça Federal.

EI
NH
● JUSTIÇA MILITAR - com a Lei n. 13.491/17, pode-se dizer que a Justiça Militar da União ou dos Estados
passou a ter competência para o processo e julgamento dos crimes de abuso de autoridade.

PI
UE
● FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO - se a autoridade que praticou o delito no exercício das suas
funções goza de foro por prerrogativa de função, deverá ser julgada pelo respectivo Tribunal. Ex.: Juiz

Q
RI
Federal que pratica abuso de autoridade será julgado pelo Tribunal Regional Federal, nos termos do

EN
art. 108, I, a, da CF/88.

9H
83
8. DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO

91
TORNAR CERTA A OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO ● 58
Efeito genérico (1ª parte)
38
● Efeito específico (2ª parte)
39

● Não precisa de fundamentação na sentença


Z
SI

INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO


AS

● Efeito específico
9881
● Depende de fundamentação expressa na sentença condenatória
DE

● Condicionada à reincidência específica em crimes da Lei de


PERDA DO CARGO, DO MANDATO OU DA FUNÇÃO
RO

Abuso de Autoridade.
PÚBLICA
EI
NH

9881
PI

9. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS


UE

1. A Lei 13.689/2019 elenca apenas 2 penas restritivas de direito: prestação de serviços à comunidade
R IQ

e a suspensão do exercício do cargo, função ou mandato pelo prazo de 1 a 6 meses, não podendo
EN

aplicar nenhuma outra pena restritiva de direitos, ainda que prevista no Código Penal.
H

2. A suspensão do exercício de cargo, mandato ou função, prevista no art. 5°, inciso II, da Lei n. 13.869/19
39

NÃO SE CONFUNDE com a medida cautelar diversa da prisão de suspensão do exercício de função
8
91

pública prevista no art. 319, inciso VI, do CPP.


58
38

Suspensão do exercício de cargo, mandato ou função (como Suspensão do exercício de função pública (como medida
39

PRD) cautelar)
Z

É espécie de pena restritiva de direito, aplicável, portanto, ao É espécie de medida cautelar, passível de decretação durante a
SI

final do processo em substituição à pena privativa de liberdade. investigação preliminar ou no curso do processo, desde que
AS

presentes o fumus comissi delicti e o periculum libertatis


DE

(necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou


a instrução criminal ou para evitar a prática de infrações
O

penais).
R
EI
NH
PI

51
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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
10. DAS SANÇÕES CÍVEIS E ADMINISTRATIVAS

Z
SI
AS
1. Em regra, os crimes cometidos com abuso de autoridade não afetam somente o sujeito passivo do

DE
delito, mas afetam também a administração pública em suas várias facetas, agredindo vários princípios

RO
constitucionais implícitos e explícitos.
2. Nesse sentido, a doutrina define que o sujeito passivo dos crimes de abuso de autoridade, ao menos

EI
NH
mediatamente, é também a própria administração pública, de modo que a conduta faz ensejar
também responsabilidade civil e administrativa, sem que isso configure bis in idem.

PI
UE
3. Assim, considerando o princípio da independência das instâncias, o agente pode receber três espécies
de sanção: administrativa, cível e penal, sem que isso configure bis in idem. Tais sanções são

Q
RI
autônomas e podem ser aplicadas cumulativamente.

EN
4. Além disso, conforme preconiza o parágrafo único do art. 6º, há o dever de comunicação de faltas

9H
funcionais à autoridade competente, com vistas a instauração do respectivo processo administrativo

83
disciplinar.

91
11. EFEITOS CIVIS DA ABSOLVIÇÃO PENAL 58
38
39

● De acordo com o art. 8º da Lei de Abuso de Autoridade, faz coisa julgada em âmbito cível, assim
Z
SI

como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
AS

estado de necessidade, em legítima defesa, em


9881
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
DE
RO

12. DOS CRIMES EM ESPÉCIE NA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE


EI
NH

12.1 Decretar Medida de Privação de Liberdade em Desconformidade com a Lei – Art. 9, Caput
PI
UE

Obs.1: é indispensável que a medida decretada seja teratológica, ou seja, que se trate de uma ilegalidade
IQ

chapada, manifesta, flagrante, justamente para não cair na hipótese de ser um crime de hermenêutica,
R

como visto anteriormente.


EN

Obs.2: Não se trata de infração de menor potencial ofensivo. Contudo, como o crime é praticado sem
H

violência ou grave ameaça, e a pena cominada é de até 4 anos, é possível que seja oferecido o acordo de não
839

persecução penal (art. 28-A, CPP). Não sendo cabível o acordo de não persecução penal, poderá haver
91

suspensão condicional do processo, já que requisito básico é a pena mínima de 1 ano.


58
38

ANÁLISE DO §ÚNICO (CONDUTAS EQUIPARADAS):


39

9881
Z
SI

a) Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio. Apenas o juiz poderá ser sujeito ativo, podendo ser o juiz das
AS

garantias (decisão proferida na fase investigatória) ou o juiz da instrução e do julgamento, assim como
DE

desembargadores e Ministros.
b) Consumação: O delito estará consumado quando a autoridade judiciária:
R O

1) Deixar de relaxar a prisão manifestamente ilegal dentro de prazo razoável (Inc. I);
EI

2) Deixar de substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa da prisão ou de conceder
NH

liberdade provisória, quando manifestamente cabível, dentro de prazo razoável (inc. II);
PI

52
UE
IQ
NR
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EN
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83
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58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
3) Deixar de deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível, dentro de

Z
SI
prazo razoável (inc. III).

AS
Por se tratar de crime omissivo próprio, a tentativa é INADMISSÍVEL.

DE
RO
OBS.: Não realização de audiência de custódia. Pergunta-se: A não realização de audiência de custódia
configura crime de abuso de autoridade?

EI
NH
⋅ 1ªC: o parágrafo único do art. 9º da Lei 13.869/2019 não previu a não realização de custódia como crime de
abuso de autoridade, por isso não poderá ser tipificado. Além disso, é possível conceder liberdade provisória,

PI
o que não causará prejuízo à pessoa presa.

UE
⋅ 2ªC: de fato a Lei de Abuso de Autoridade não previu a não realização de audiência de custódia. Contudo, o

Q
§4º do art. 310 prevê que, transcorrido o prazo de 24h após o decurso do prazo em que deveria ter sido

RI
EN
realizada a audiência de custódia (24h da prisão), a prisão passa a ser ilegal, devendo ser relaxada. Perceba,
portanto, que estaremos diante da hipótese prevista no inciso I, do parágrafo único, do art. 9º da Lei

9H
13.869/2019.

83
91
12.2 Decretação de Condução Coercitiva Manifestamente Descabida ou sem Prévia Intimação de
58
Comparecimento ao Juízo – Art. 10.
38
39

a) Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio. Há divergência na doutrina acerca de quem poderia decretar a
Z
SI

condução coercitiva. Para uma corrente somente a autoridade judiciária pode decretar a condução
AS

coercitiva, haja vista se tratar de evidente espécie de supressão


9881 absoluta, ainda que temporária, da liberdade
DE

de locomoção, sujeita, portanto, à cláusula de reserva de jurisdição, nos termos do art. 5°, inciso LXI. Lado
outro, há quem defenda a possibilidade por membro do Ministério Público, delegado de polícia e
RO

parlamentar em CPI, conforme permissivos legais.


EI

Obs.: a segunda hipótese do crime “sem prévia intimação para comparecimento em juízo” só pode ser
NH

cometida pelo juiz, visto que apenas o magistrado pode determinar o comparecimento em juízo.
PI

b) Sujeito passivo: Só podem ser sujeitos passivos do crime em questão as TESTEMUNHAS (mesmo que o
UE

STF não tenha inviabilizado a condução coercitiva das testemunhas) e o INVESTIGADO.


R IQ
EN

12.3 Deixar Injustificadamente de Comunicar Prisão em Flagrante à Autoridade Judiciária no Prazo Legal
H
39

a) Dever de comunicação: A própria CF/88 prevê, no art. 5º, LXII, como uma garantia processual
8
91

constitucional, a comunicação da prisão ao juiz (das garantias), à família ou a pessoa por ele indicada.
58

⦁ Tribunais Superiores: Há julgados antigos do STF e STJ, apontando que a ausência de comunicação
38

da prisão à autoridade judiciária não teria o condão de excluir a legalidade da prisão, gerando tão
39

somente responsabilidade funcional e criminal por parte da autoridade que presidiu o auto de prisão
Z

em flagrante.
SI
AS

⦁ Doutrina amplamente majoritária: a ausência de comunicação do flagrante à autoridade judiciária


configura grave violação a preceito constitucional (CF, art. 5°, LXII), gerando a perda da força
DE

coercitiva do auto de prisão, e o consequente relaxamento 9881 da prisão.


R O
EI

Considerações importantes:
NH
PI

53
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EN
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38
39
(1) Para restar configurado o crime, não basta que o agente público deixe de comunicar a prisão em flagrante

Z
SI
ao juiz das garantias no prazo legal. É preciso que o faça injustificadamente, ou seja, sem haver alguma

AS
justificativa razoável para deixar de fazê-lo;

DE
(2) Em homenagem ao princípio da legalidade e taxatividade, NÃO haverá crime de abuso de autoridade se

RO
a autoridade policial não comunicar a prisão em flagrante ao Ministério Público e à Defensoria Pública,
quando o flagranteado não indicar o nome de seu advogado, conforme art. 306, caput e §1º, do CPP.

EI
NH
(3) Em relação ao prazo legal do dever de comunicação, é necessário tecer duas observações:
● O caput do art. 12 da Lei 13.869/2019 é uma norma penal em branco homogênea heterovitelina,

PI
UE
tendo em vista que a expressão “prazo legal” é complementada pelo art. 306, §1º do CPP, de modo
que, de acordo com a doutrina, o prazo legal a que se refere o art. 12 da Lei 13.869/2019 será de 24

Q
RI
horas.

EN
● Em relação a expressão “imediatamente”, contida nos incisos I e II, do art. 12 da Lei 13.869/2019, há

9H
na doutrina quem sustente que seriam 24h (mesmo período do caput). De acordo com Renato

83
Brasileiro, não é a melhor interpretação, devendo ser feita sem interrupção, uma vez que o legislador

91
9881
utilizou termo diverso do previsto no caput.
58
Pergunta-se: O Delegado de Polícia que não comunica a apreensão de uma criança ou adolescente à
38

autoridade judiciária pratica crime de abuso de autoridade? R.: NÃO! Se autoridade policial deixar
39

injustificadamente de comunicar ao juiz competente a apreensão de criança ou adolescente, deverá


Z
SI

responder pelo crime do art. 231 ECA, em razão do princípio da especialidade.


AS

9881
DE

b) Sujeito ativo: Conduta do caput e inc. III: O sujeito ativo será o Delegado de Polícia que possui a obrigação
de comunicar as prisões à autoridade judiciária, bem como entregar a nota de culpa ao preso.
RO

● Conduta do inc. I: Apesar de parte da doutrina se limitar ao Delegado de Polícia, Renato Brasileiro afirma que:
EI

“não se pode perder de vista que o §3° do art. 289-A do CPP também impõe ao juiz do local do cumprimento da
NH

medida, tão logo comunicado acerca da execução da prisão, o dever de informar ao juízo que a decretou. Logo, é
PI

perfeitamente possível que o magistrado também figure como sujeito ativo do presente crime de abuso de
UE

autoridade.”
IQ

● Conduta do inc. II: O sujeito ativo deve ser o agente público, nos termos do art. 2° da Lei n. 13.869/19. Cuida-se,
R

pois, de crime próprio, porquanto se exige uma qualidade especial do agente.


EN

● Conduta do inc. IV: Em tese, o prolongamento da medida privativa de liberdade pode ser determinado não apenas
H

por uma autoridade policial, mas também por diretores de estabelecimentos prisionais, de manicômios
39

judiciários, de casas de internação de adolescentes infratores (art. 121/123, ECA), etc.


8
91
58

c) Consumação: Como estamos diante de crime omissivo próprio, o delito se consuma no exato momento
38

em que o agente deixa de fazer aquilo que a norma lhe impõe como dever legal. Não admite tentativa.
39
Z

12.4 Constrangimento de Preso ou Detento – Art. 13.


SI
AS

Obs.: Em razão do princípio da legalidade estrita, se o constrangimento se der em face de uma pessoa que
DE

está respondendo a um processo em liberdade, NÃO há crime.


OR
EI
NH
PI

54
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EN
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38
39
c) Conduta: Para fins de tipificação do crime do art. 13, o agente público deve ter constrangido o preso ou

Z
SI
detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a praticar

AS
alternativamente uma das seguintes condutas:

DE
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à autoridade pública

RO
⦁ Ao contrário do inciso II, o inciso I NÃO demanda a exibição do preso em situação vexatória, ou seja,
basta que ele seja exibido à curiosidade pública, mediante violência, grave ameaça ou redução da

EI
NH
capacidade de sua resistência, desde que presente o dolo específico comum a todos os crimes de
abuso de autoridade.

PI
UE
II - Submeter-se à situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei
⦁ Situação vexatória (ex.: constranger, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade

Q
RI
de resistência, a vestir uma roupa vexatória, a ficar nu, a ser objeto de uma 'cusparada')

EN
⦁ Constrangimento não autorizado em lei (ex.: o Diretor do presídio deliberar por submeter um preso

9H
ao RDD sem que haja ordem judicial nesse sentido, poderá responder pelo crime de abuso de

83
autoridade).

91
58
Em relação à conduta delituosa do art. 13, inciso II (submissão à situação vexatória ou constrangimento não
38
autorizado em lei), se a vítima for criança ou adolescente, aplica-se o art. 232 do ECA: ("Art. 232. Submeter
39

criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento"), haja vista
Z

o princípio da especialidade.
SI
AS

9881
III - Produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro
DE
RO

ABUSO DE AUTORIDADE TORTURA -CONFISSÃO


(art. 13, III) (art. 1º, I, a, Lei de Tortura)
EI
NH

Crime próprio, nos termos do art. 2º, ou seja, praticado por agente Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa).
9881
público.
PI

Praticado com violência, grave ameaça ou violência imprópria Praticado com violência ou grave ameaça.
UE

(retira a capacidade de resistência da vítima).


IQ

Não há necessidade de produzir sofrimento físico ou mental. Necessário que o resultado cause sofrimento físico ou mental.
R

Deve estar presente o especial fim de agir de prejudicar outrem Deve estar presente o especial fim de obter informação,
EN

ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.
H

capricho ou satisfação pessoal.


839

12.5 Constrangimento a depor de pessoa que deva guardar segredo ou resguardar sigilo em razão de
91

função, ministério ou profissão, e figuras equiparadas – Art. 15


58
38
39

a) Conduta: Constranger a prestar depoimento. Aqui, o constrangimento é realizado sob AMEAÇA DE


Z

PRISÃO.
SI
AS

O art. 15 NÃO engloba Senadores e Deputados, porque estes não possuem o dever de guardar o sigilo e não são obrigados a depor.
DE

Portanto, eventual constrangimento sofrido por eles não se amolda ao descrito neste artigo.
RO

b) Consumação: Trata-se de crime material. A mera ameaça de prisão, sem que a vítima adote o
EI

comportamento desejado, configura tentativa.


NH
PI

55
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IQ
NR
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EN
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DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
ANÁLISE DAS FIGURAS EQUIPARADAS:

Z
SI
AS
I- A pessoa decidiu exercer o9881seu direito ao silêncio, mas o interrogatório prossegue;

DE
OBS.1: O direito ao silêncio NÃO contempla a identificação e a qualificação.
OBS.2: A vedação à não autoincriminação NÃO admite a prática de um novo crime.

RO
EI
II- A pessoa optou por ser assistida por advogado ou defensor público, mas o interrogatório prossegue sem

NH
a presença do patrono.

PI
OBS.: O Estatuto da OAB, em seu art. 7º, XXI, prevê que o advogado possui o direito de assistir os

UE
seus clientes no interrogatório. No entanto, esse direito não torna a presença do advogado obrigatória,

Q
RI
somente estabelece a impossibilidade de negar a presença do advogado quando solicitado pelo investigado.

EN
Logo, temos:

9H
⦁ Interrogatório judicial: presença obrigatória do advogado;
⦁ Interrogatório policial ou ministerial: presença facultativa do advogado, pois, para parte da doutrina, o

83
interrogatório poderia continuar mesmo que o investigado estivesse sozinho.

91
Com o advento da Lei de Abuso de Autoridade, se a pessoa optar pela assistência do advogado o
58
38
interrogatório não pode ser feito com o interrogado desacompanhado, sob pena de incorrer em crime de
39

abuso de autoridade.
Z
SI

12.6 Violência Institucional – Art. 15-A


AS

9881
DE

Trata-se do CRIME inserido pela Lei nº 14.321/2022, publicada em 01/04/2022, sob o nomem iuris de
RO

Violência Institucional.
EI

O tipo penal pune quem submete a vítima ou a testemunha de crimes violentos a procedimentos
NH

desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade, a situação de violência
PI

ou outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização.


UE
IQ

a) Bem jurídico: A incolumidade psíquica e o respeito à intimidade/vida privada de vítimas e testemunhas.


R

b) Sujeito ativo: Qualquer autoridade pública que atue em procedimentos administrativos ou judiciais em
EN

que haja atendimento a vítimas de infrações penais ou oitivas de testemunhas de crimes violentos, tais como
H

policiais civis e militares, juízes de direito, promotores de justiça, defensores públicos e dativos, peritos,
39

conselheiros tutelares, assistentes sociais, dentre outros.


8
91

c) Sujeito passivo: A vítima de infração penal (abrange crime e contravenções penais) e a testemunha de
58

crimes violentos que são revitimizadas (vitimização secundária).


38

d) Conduta: O crime de violência institucional somente é punido a título de dolo, inexistindo figura culposa.
39

d) Majorante: A pena será aumentada de 2/3 se o agente público, a quem compete obstar o ato, permitir
Z
SI

que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização.


AS

e) Qualificadora: A pena é aplicada em dobro ao agente público que intimidar a vítima de crimes violentos,
DE

gerando indevida revitimização.


R O

12.8 Submissão de Preso a Interrogatório Policial Durante o Período de Repouso Noturno – Art. 18
EI
NH
PI

56
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
EXCEÇÃO: NÃO se aplica a proibição de interrogatório em período noturno para os casos de flagrante delito

Z
SI
ou nos casos em que o preso, assistido por profissional, concordar. Trata-se de causas de exclusão da

AS
tipicidade.

DE
(1) Se capturado em flagrante delito: Em se tratando de prisão em flagrante, o interrogatório pode ser realizado a
qualquer momento.

RO
(2) Se o preso, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: Se um indivíduo preso (ex.: preventiva ou

EI
temporariamente), devidamente assistido por um profissional da advocacia, consentir voluntariamente em prestar

NH
declarações, mesmo sendo o horário considerado como de repouso noturno, não há falar no crime do art. 18.

PI
UE
12.10 Restrição, sem justa causa, da entrevista pessoal ou reservada com seu advogado

Q
RI
EN
Obs.1: § único: só pode ser praticado pelo magistrado.
Obs.2: em relação ao caput, NÃO abrange, em hipótese alguma, aquele que esteja solto, por configurar

9H
analogia in malam partem.

83
Obs.3: Figura equiparada (§único): Impedir o preso, réu solto e investigado. Ao contrário do caput, a figura

91
equiparada não se limita ao preso. 58
38
39

ATENÇÃO: NÃO haverá crime em 2 hipóteses:


Z

1) No curso de interrogatório: a despeito de se tratar de um ato assistido tecnicamente e protegido pelo


SI

direito ao silêncio, o interrogatório é um ato pessoal, ou seja, deve ser exercido pessoalmente pelo
AS

9881
9881
acusado, sem a possibilidade de o acusado se consultar com seu defensor durante a sua realização. Daí o
DE

porquê da ressalva constante do tipo penal, no sentido de que não haverá crime se ao acusado, por
RO

exemplo, for negada a possibilidade de conversar com seu defensor exclusivamente durante o
EI

interrogatório;
NH

2) No caso de audiência realizada por videoconferência: nem sempre o defensor constituído pelo acusado
PI

estará fisicamente ao seu lado, porquanto há um impedimento de natureza física.


UE
IQ

12.12 Violação de Domicílio em um contexto de abuso de autoridade – Art. 22


R
EN

É o sujeito ativo que diferencia o delito em questão do crime comum de violação de domicílio previsto no art. 150, caput, do Código
H

Penal. Portanto, se o agente público ingressar em imóvel alheio, porém tal conduta não guardar nenhuma relação com as funções
39

por ele exercidas, o crime será o de violação de domicílio previsto no art. 150 do Código Penal.
8
91
58

Obs.: O legislador trouxe o conceito de noite (período entre às 21h até às 5h). Pergunta-se: Qual é o período,
38

a partir de agora, considerado como dia? R.: Temos três correntes:


39

⦁ 1ª C – O legislador incorreu em uma inconstitucionalidade, tendo em vista que não se pode ampliar o conceito
Z

de dia, já que às 20:59 não mais há luminosidade solar.


SI

⦁ 2ª C – O inciso III é válido, mas desde que submetido a uma interpretação conforme a Constituição. Assim,
AS

havendo luminosidade solar é possível o cumprimento do mandado.


DE

⦁ 3ª C (Renato Brasileiro) - É o período compreendido entre 5h às 21h, sem necessidade de luminosidade solar,
o inciso III é constitucional. A ideia não está relacionada à luminosidade solar, mas sim ao repouso noturno.
R O
EI

Consumação:
NH

Caput: crime de mera conduta ou de simples atividade


PI

57
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
§ 1º inc. I: Há divergência doutrinária:

Z
SI
⦁ 1ª C (Sanches e Greco) – Trata-se de crime formal

AS
⦁ 2ª C (Renato Brasileiro) - Trata-se de crime material

DE
§1º inc. III: O crime se consumará quando o agente público ingressar no imóvel, alvo da busca
domiciliar, no período compreendido entre 21h (vinte e uma horas) e 5h (cinco horas).

RO
EI
12.14 Constrangimento de funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir

NH
para tratamento pessoa morta – Art. 24

PI
UE
Obs.1: Em virtude da tipicidade e legalidade estrita, NÃO se pode admitir o crime se o constrangimento é

Q
RI
exercido sobre o dono ou sócio do hospital particular ou público.

EN
Conduta: O crime deve ser praticado por meio de constrangimento, sob violência ou grave ameaça à pessoa,

9H
jamais à coisa. (Cuidado para não confundir, pois aqui, ao contrário do art. 13, não se admite o

83
constrangimento mediante redução de capacidade da vítima).

91
58
12.16 Requisição ou Instauração de Procedimento Investigatório sem quaisquer indícios – Art. 27
38
39

a) Objeto material: Procedimento investigatório (não se refere apenas ao inquérito policial).


Z
SI

OBS.1: As VPI (verificação de procedência de informações), que antecedem a instauração do inquérito policial,
9881
AS

NÃO tipificam o crime do art. 27. 9881


OBS.2: As sindicâncias (âmbito administrativo) também NÃO tipificam o crime em comento.
DE

O tipo penal em questão não se confunde com o crime de denunciação caluniosa (art. 339 do Código
RO

Penal):
EI
NH

ABUSO DE AUTORIDADE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA


PI

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de
UE

investigatório de infração penal ou administrativa, em procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de


desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de
IQ

crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa: ação de improbidade administrativa contra alguém,
R
EN

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato
ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei
H

Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de nº 14.110, de 2020)


39

sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
8
91

justificada § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve


58

de anonimato ou de nome suposto.


38

§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de


prática de contravenção.
39

Só praticado por agente público, que não sabe da inocência, Pode ser praticado por qualquer pessoa, e o sujeito ativo
Z
SI

mas sabe da ausência de indícios. sabe da inocência.


AS
DE

12.17 Divulgação de Gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade
O
R

ou a vida privada do investigado ou acusado


EI
NH
PI

58
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
O objeto material é a gravação ou trecho de gravação (pode ser resultado de uma interceptação

Z
SI
telefônica ou ambiental), sem relação com a prova que se pretenda produzir. Se houver relação com a

AS
prova, estará caracterizado o crime do art. 10 ou 10-A, §2º da Lei de Interceptação Telefônica.

DE
RO
13. LEI DE RACISMO

EI
NH
9881
13.1 RACISMO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

PI
UE
● O racismo deve ser criminalizado (mandado constitucional de criminalização), não podendo ser
tratado como mera contravenção penal;

Q
RI
● O crime de racismo deve ser punido com pena de reclusão.

EN
● O crime de racismo deve ser imprescritível.

9H
● O crime de racismo deve ser insuscetível de liberdade provisória com fiança.

83
91
13.2 O BEM JURÍDICO TUTELADO PELA LEI Nº 7.716/89 58
38

1. Temos 2 bens jurídicos tutelados:


39

● Dignidade da pessoa humana


Z
SI

● Direito à igualdade – como corolário da dignidade da pessoa humana


AS

9881
DE

13.3 CONCEITOS E ALCANCE DA LEI Nº 7.716/89


RO

Obs.1: No HC 82.424 do STF, julgado histórico que trata da publicação de livros antissemitas, o STF
EI

adotou uma definição jurídica ampliativa do conceito de raça:


NH
PI

“Abrangência do conceito de racismo. Compatibilização dos conceitos etimológicos, etnológicos,


UE

sociológicos, antropológicos ou biológicos, de modo a construir a definição jurídico-constitucional do


termo. Interpretação teleológica e sistêmica da Constituição Federal, conjugando fatores e
IQ

circunstâncias históricas, políticas e sociais que regeram sua formação e aplicação, a fim de obter-se
R
EN

o real sentido e alcance da norma. Dimensão sociocultural da ideia de raça.” STF, HC 82.424-2/RS.
H

Obs.2: O entendimento majoritário na doutrina é que “ateísmo” não é religião, com isso, essa
39
8

discriminação fundada na religião não está correta. Ou seja, o ateu pode ser sujeito ativo da discriminação
91

fundada na religião, mas não pode ser vítima dela. Entretanto, depois do posicionamento ampliativo do
58

conceito de “racismo”, numa visão sociocultural, adotada pelo STF, é certo que o ateu está protegido pela
38
39

Lei nº 7.716/89.
Obs.3: O STF estendeu a aplicação da Lei nº 7.716 às condutas homofóbicas e transfóbicas. Assim,
Z
SI

estendeu-se o conceito de raça para realizar a tutela de condutas perpetradas de forma preconceituosa
AS

contra homossexuais e transexuais.


DE
O

13.4 CONSIDERAÇÕES INICIAIS GERAIS SOBRE OS CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 7.716/89


R
EI
NH

1. Elemento subjetivo:
PI

59
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Todos os tipos penais da lei são dolosos.

Z
SI
● Ademais, todos os tipos penais possuem um especial fim de agir, consistente na discriminação de alguém em

AS
razão de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, além de orientação sexual e identidade de gênero, por

DE
força de orientação jurisprudencial.

RO
2. Consumação: Os delitos descritos nos arts. 3º a 14 são formais, ou seja, dispensam a ocorrência do

EI
resultado naturalístico para fins de consumação. Em outras palavras: mesmo que a vítima não se sinta

NH
ofendida o crime estará consumado.

PI
3. Ação penal: Todos os crimes da lei são de ação penal pública incondicionada.

UE
4. Competência: Estadual ou federal, a depender do caso concreto.

Q
RI
● Será da Justiça Estadual nos casos dos delitos dos arts. 4º, 5º, 7º a 12 e 14, que se dão,

EN
necessariamente, no âmbito de relações privadas.

9H
● Por outro lado, a competência será da Justiça Federal, por exemplo, nos casos adiante mencionados:

83
▪ No caso do art. 3º (acesso a cargo público), quando o delito ocorrer em órgão federal da administração

91
direta, bem como em autarquia ou empresa pública federal;
▪ 58
No caso do art. 6º (acesso a estabelecimento de ensino), se a instituição de ensino for federal;
38
▪ Nos casos do art. 13, que envolve as Forças Armadas;
39

▪ No caso de internacionalidade do delito (CF, art. 109, V), uma vez que se trata de crime que o Brasil se
Z

obrigou a reprimir, nos termos do art. IV, “a”, da Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as
SI

Formas de Discriminação Racial (Decreto n. 65.810/69).


AS

9881
DE

5. Efeitos da condenação: Constituem efeitos NÃO AUTOMÁTICOS:


RO

● Perda do cargo ou função pública, para o servidor público.


● A suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
EI
NH

● Os efeitos da Lei nº 7.716/89 não excluem a aplicação dos efeitos previstos no Código Penal, desde
PI

que compatíveis.
UE

OBS.1: Todos os crimes (art. 5º, 8º, 9º, 10, 11 e 12) têm penas de 1 a 3 anos, exceto os crimes dos arts. 6° e
R IQ

7º que possuem pena maior (3 a 5 anos). 9881


EN

OBS.2: Todos os crimes têm pena de reclusão até mesmo por mandamento constitucional (art. 5°, XLII - a
H

prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
39

lei), com a seguinte exceção: “Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade,
8
91

incluindo atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de
58

recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas
38

atividades não justifiquem essas exigências.”


39
Z
SI

13.5 CRIMES EM ESPÉCIE


AS
DE

13.5.1 Novo tipo penal Injúria Racial (deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal)
Foi alterado o antigo parágrafo 3° pela Lei n. 14.532/2023 que retira a injúria consistente na utilização de
R O

elementos referente a raça, cor, etnia. Houve aplicação do princípio da continuidade normativo-típica que
EI

significa a manutenção do caráter proibido da conduta, porém com o deslocamento do conteúdo criminoso
NH

para outro tipo penal, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário. A intenção é
PI

60
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
que a conduta permaneça criminosa. Logo, agora é tipificado como racismo a injúria racial, estando prevista

Z
SI
na Lei n. 7.716/89

AS
DE
ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI N. 14.532/2023 (criação Art. 2°-A na Lei n.
7.716/89)

RO
Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o

EI
decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência

NH
nacional. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)

PI
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)

UE
A injúria racial era prevista no Código Penal, art. 140, §3° Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for

Q
cometido mediante concurso de 2 (duas) ou mais

RI
pessoas. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)

EN
9H
83
91
Considerações: 58
● Alteração no quantum da pena: antes era 1 a 3 anos 9881 previsto no Código Penal, agora a pena é de
38
39

reclusão 2 a 5 anos.
● Trata-se de uma novatio legis in pejus. A Lei 14.532/23 é irretroativa, não alcançando fatos pretéritos,
Z
SI

em estrita obediência ao art. 1º do CP.


AS

● Não há mais dúvida, portanto, de que essa forma 9881


de injúria deve sofrer as mesmas consequências
DE

do crime de racismo: imprescritibilidade, inafiançabilidade e incondicionalidade da ação penal


RO

pública!!!
● Atente-se que a pena é AUMENTADA de METADE se o crime for cometido mediante concurso de 2
EI
NH

(duas) ou mais pessoas!


PI

E a injúria praticada por homotransfobia? Onde se situa nesse contexto? De acordo com autores e delegados Bruno Gilaberte e
Francisco Sanini, apesar da ausência de previsão expressa, cuida-se de situação atinente ao art. 2º-A, da Lei 7.716, conclusão é
UE

inexorável, face ao decidido pelo STF na ADO 26 e no MI 4.733.


R IQ
EN

13.5.2 Art. 3º - Impedir ou obstar o acesso a cargo público


H
39

● A lei menciona apenas em cargo, não mencionando emprego ou função pública. Nesse caso temos
8

divergência possibilitando dois entendimentos.


91


58

1ª corrente: (Victor Eduardo Rios Gonçalves + José Paulo Baltazar Jr. e Gabriel Habib): Essa corrente entende
38

que emprego público não está abrangido pelo art. 3º, pois seria uma analogia in malam partem. Assim,
39

permaneceria um crime subsidiário - art. 20, na modalidade praticar;


⋅ 2ª corrente: (Nucci): Essa segunda posição defende que o dispositivo abrange o emprego público, far-se-á uma
Z
SI

interpretação extensiva, porque o espírito da lei é o mesmo.


AS
DE

13.5.3 Art. 4º - Negar ou Obstar Emprego em empresa privada


R O

a) Art. 4º, caput - Emprego em empresa privada:


EI

● obstar ou negar emprego, não abrangendo uma prestação de serviço eventual, empreitada etc., pois
NH

exige a relação de emprego.


PI

61
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IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
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REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Por “empresa privada” entende-se sociedade ou individual, comercial ou civil, ainda que irregular ou

Z
SI
de fato. Inclui profissionais liberais. Não inclui: sindicatos, cooperativas, fundações, condomínios e

AS
serviços domésticos.

DE
RO
13.5.4 Art. 7º - Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotéis e similares

EI
• Se aplica a residências alugadas para temporada, por exemplo, por meio do Booking ou Airbnb? NÃO,

NH
porque NÃO têm as mesmas características, mas pode se enquadrar no dispositivo subsidiário (art.

PI
20).

UE
Q
13.5.5 Art. 8º - Impedir o acesso a restaurantes e similares ou recusar atendimento

RI
EN
1. Interpretação analógica [ex.: cafeteria, sorveteria]. Aplicável para serviços de “delivery”, “takeaway” e

9H
“drive thru”, pois a expressão “atendimento” tem acepção mais ampla.

83
91
13.5.6 Art. 9º - Impedir o acesso a locais de diversão ou clubes sociais ou recusar atendimento
58
38

1. Clubes sociais abertos ao público são os de livre acesso de qualquer pessoa, mediante pagamento de
39

ingresso. (Não abrange clubes mantidos por associações ou clubes sociais privados)
Z
SI
AS

OBS.1: “Face control” e “dress code”: A princípio não


9881é crime, salvo se esse controle estiver vinculado a
DE

algum elemento racial.


RO

13.5.7 Art. 11 – Acesso a entrada ou elevador social


EI

1. O art. 11 não é aplicado ao fato de uma placa ser colocada no elevador social com os dizeres:
NH

“empregadas domésticas, apenas no elevador de serviço”, pois não há ofensa à raça, cor, etnia,
PI

religião, procedência nacional. Isso ocorre porque a lei não criminaliza o preconceito de classe social
UE

ou preconceito
9881
profissional.
IQ

2. Placa dizendo: “negros, apenas no elevador de serviço”. Nesse caso temos uma segregação coletiva,
R
EN

de modo que se aplica o art. 11 da Lei.


H

3. Não há crime:
39

● Restrição de acesso às entradas sociais ou uso do elevador social, com base em outros critérios
8

[mudanças; carrinhos de compras; animais; trajes de banho];


91
58

● Em relação a edifícios comerciais, aplica-se o art. 20.


38
39

13.5.8 Art. 12 – Impedir o acesso ou uso de transportes públicos


Z

1. No caso de Táxi? Haverá o crime? Sim, pois dada a autorização do poder público: “qualquer outro
SI

meio de transporte concedido”.


AS

2. Não incide esse crime quanto ao transporte privado, por exemplo Uber (nesse caso, aplica-se o art.
DE

20). Também não incide esse dispositivo quanto ao impedimento de acesso ao meio de transporte
O

público em razão de lotação ou de ausência de dinheiro para pagar a passagem.


R
EI
NH
PI

62
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
13.5.9 - Art. 20.

Z
SI
Atenção! Alteração no art. 20 da Lei com acréscimo da qualificadora para crimes cometidos por intermédio de publicação em redes

AS
sociais e da rede mundial de computadores e, ainda, no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais

DE
destinadas ao público.

RO
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou

EI
procedência nacional.

NH
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

PI
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou

UE
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.

Q
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

RI
EN
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos9881
no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação

9H
social ou publicação de qualquer natureza:
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido por intermédio dos meios de

83
comunicação social, de publicação em redes sociais, da rede mundial de computadores ou de

91
publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
58
38
39

§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incorre nas mesmas penas previstas no caput
Z

deste artigo quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou
SI

práticas religiosas. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)


AS

9881
DE

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459,
RO

de 15/05/97)
EI

§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
NH

deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº
14.532, de 2023)
PI

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;


UE

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por


IQ

qualquer meio;
R

III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de


EN

computadores.
H

§ 4º Na hipótese do §2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a


39

destruição do material apreendido.


8

1. O § 2º do art. 20 já existia antes mesmo da Lei 14.532/2023. A partir da novidade trazida pela Lei
91

14.532/2023 o que houve foi um acréscimo de elementos na qualificadora (especificamente): “de


58
38

publicação em redes sociais, da rede mundial de computadores”.


39

2. Note que os verbos “induzir” e “incitar (instigar)” são crimes autônomos. Assim, se A induz B a impedir
Z

o acesso de alguém a ônibus público, em virtude da cor de sua pele (art. 12), A será autor do delito do
SI

art. 20, em vez de partícipe no crime de B.


AS

3. Cuidado com o animus narrandi: decisão do TRF4 - opinião contida nos limites da liberdade de
DE

manifestação de expressão, como no caso da criação de caricatura por chargista a fim de exteriorizar o
O

conflito social entre agricultores e integrantes de comunidade indígena em torno de demarcação de


R
EI

terras (sem cunho discriminatório).


NH

4. Por outro lado, já se entendeu configurado o crime:


PI

63
UE
IQ
NR
HE
EN
9H
DELEGADO SÃO PAULO

83
91
REVISÃO DE VÉSPERA

58
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

38
39
● Em manifestação, “em programa de televisão”, de “ideias preconceituosas e discriminatórias em relação à raça

Z
SI
indígena”.

AS
● Na conduta de “escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazendo apologia de ideias preconceituosas e

DE
discriminatórias’ contra a comunidade judaica”.
● Na conduta do “agente que externa pensamentos pessoais desairosos e notoriamente etnocêntricos, imbuídos

RO
de aversão e menosprezo indistinto a determinado grupo social que apresenta homogeneidade cultural e

EI
linguística (comunidade indígena)”.

NH
● Veiculação de preconceito contra negros, nordestinos e judeus, além da defesa do nazismo, em página na

PI
internet.

UE
● Criação de uma comunidade racista no Orkut.

Q
RI
13.5.10 - Art. 20- A e Art.20-B: Novas de causas de aumento em contexto ou com intuito de descontração,

EN
diversão ou recreação ou praticados por funcionário público

9H
Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade,

83
quando ocorrerem em contexto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação. (Incluído
pela Lei nº 14.532, de 2023)

91
Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um
58
terço) até a metade, quando praticados por funcionário público, conforme definição prevista
38

no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), no exercício de suas funções ou a


39

pretexto
9881
de exercê-las. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Z

Considerações:
SI
AS

1. Não se trata de causa de aumento específica do art. 20, mas sim de toda Lei do Crime Racial (Lei
9881
7.716/1989).
DE

2. Os crimes previstos nos arts. 2º-A (injúria racial) e 20 (racismo – tipo genérico) desta Lei terão as penas
RO

aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade (1/2), quando praticados por funcionário público,
EI

conforme definição prevista no Código Penal (ou seja, conforme o art. 327 do CP), no exercício de suas
NH

funções ou a pretexto de exercê-las.


PI

3. Atenção! Contexto ou intuito de brincadeira: Animus Jocandi está tipificado na Lei do Crime Racial (Lei
UE

7.716/1989)? SIM, inclusive com causa de aumento! Antes existia uma divergência.
R IQ

Art. 20-C e art. 20- D: Interpretação da lei e obrigatoriedade de advogado ou defensor público nos atos
EN

processuais cíveis e criminais para as vítimas de crimes de racismo


H

Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar como discriminatória qualquer atitude ou
39

tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação,


8
91

vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se dispensaria a outros grupos em
58

razão da cor, etnia, religião ou procedência. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
38

Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a vítima dos crimes de racismo deverá estar
39

acompanhada de advogado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)


Z
SI

13.6 CRIMES DE PRECONCEITO X TORTURA (PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE)


AS
DE

1. A Lei 9.455/97, que traz os delitos de tortura, no art. 1º, 1, alínea c, dispõe sobre a denominada tortura
discriminatória, tortura preconceituosa ou tortura racismo.
R O

2. Dessa forma, se o dolo do agente for causar sofrimento físico ou mental na vítima, por meio de
EI
NH

violência ou grave ameaça, movido por motivo de discriminação racial ou religiosa, a sua conduta
estará tipificada na LEI DE TORTURA, e não na lei ora comentada, haja vista o princípio da
PI

64
UE
IQ
NR
HE
HE
NR
IQ
UE
PI
NH
EI
RO
DE
AS
SI
Z
especialidade.
39
REVISÃO DE VÉSPERA

38
DELEGADO SÃO PAULO

58
91
839
H EN
R IQ
UE
PI
DIREITO CIVIL E LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

NH
EI
RO
DE

65
9881
AS
9881

SI
Z
39
38
58
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83
9H
EN
RI
Q UE
PI
NH
EI
RO
DE
AS
SI
Z
39
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58
91
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9H
EN

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