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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ - UENP

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA

MONALISA XAVIER
THAMARA GABRIELA
SUZZAN KARLA GOMES
YARA CRISTINA DA SILVA

BIOMA CAATINGA

JACAREZINHO
2023
1. INTRODUÇÃO

Biomas são grandes áreas geográficas com características homogêneas,


como clima, relevo, vegetação, solo e populações, esses fatores se relacionam e se
afetam. O Brasil tem uma grande diversidade de biomas, seis no total, sendo eles:
Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, a imagem a seguir
mostra a distribuição deles pelo território.

Fonte: IBGE

Cada um dos biomas possui suas particularidades relacionadas a clima,


disponibilidade de água e números de espécies da fauna e da flora, fazendo do
Brasil um local altamente biodiverso.
A Amazônia hoje é a maior floresta tropical do mundo ocupando 49% do
território brasileiro além de se estender para outros países da América do Sul. A
Mata Atlântica é o bioma mais rico em biodiversidade do planeta e mais ameaçado
sendo muito pouco preservado; o cerrado pode ser considerado a savana mais rica
em biodiversidade e hoje boa parte de seu território e destinada a pecuária e
agricultura; os dois menores biomas são o pampa e o pantanal, sendo o primeiro
característico de baixas temperaturas, e o segundo é a maior planície de inundação
do mundo. Por último a caatinga, sendo um bioma característico por ter longos
períodos de seca e também é o único bioma que é exclusivamente brasileiro, como
cita Barbosa, et all (2013, p. 3) “O Brasil além de deter uma alta taxa de diversidade
biológica detém o único bioma exclusivamente brasileiro”, ou seja, não há em
nenhum outro lugar do mundo.
A Caatinga é um bioma característico das regiões semiáridas do nordeste do
Brasil, segundo o IBGE a caatinga ocupa uma área de cerca de 862.818 km², o
equivalente a 10,1% do território nacional, se expandindo por todo o nordeste até o
norte de Minas Gerais.

Fonte: EMBRAPA

Caatinga significa “mata branca”, (Ka’a = mata +tinga = branca), originado do


tupi-guarani, essa denominação representa as características da vegetação desse
bioma em que as folhas caem e a paisagem fica com a aparência clara e
esbranquiçada dos troncos das árvores em períodos de seca. Decorrente de seu
clima semiárido com altas temperaturas e longos períodos de secas, as plantas
tiveram que se adaptar para aumentar a reserva e diminuir a perda de água.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o bioma da Caatinga, com
todas as suas características, sua enorme biodiversidade e demonstrar a grande
importância da preservação desse bioma, pois segundo Luz (2009, p.3) “este bioma
está entre um dos mais alterados pelas atividades humanas ao longo dos séculos”.
Para o desenvolvimento deste foram realizadas pesquisas bibliográficas e assim
foram recolhidas todas as informações necessárias, partir disso, este, será
apresentado da seguinte maneira: inicialmente será falado sobre a geografia do
bioma, em seguida serão apresentadas a fauna e a flora e para finalizar serão
apresentadas as principais atividades econômicas da região.

2. GEOGRAFIA

O bioma da Caatinga está localizado na região nordeste do Brasil, estando


presente nos estados de: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia até o extremo norte de Minas Gerais,
ocupando pouco mais de 10% do território nacional.

A geografia convencional divide o Nordeste brasileiro nas zonas


litorânea, agreste e sertão. Estas duas últimas formam,
essencialmente, a região semiárida, abrangendo 70% da área do
Nordeste e 13% do Brasil, e comportando 63% da população
nordestina e 18% da população brasileira (SILVA, et all, p. 24, 2003).

Esse bioma é caracterizado por ter um clima semiárido, que é famoso por
possuir altas temperaturas, poucas chuvas e, consequentemente, climas muito
secos, com zonas de alta pressão e poucas nuvens. Os períodos mais chuvosos
duram de três a cinco meses, entre os meses de janeiro a maio, sendo assim o
período de estiagem pode durar até nove meses. Dessa forma, a Caatinga é
considerada uma das regiões mais secas do mundo. Segundo o site Associação
Caatinga (2019), as precipitações nessas áreas podem variar de 800 a 1000
milímetros em períodos mais chuvosos ou alcançar 200 milímetros em períodos
menos chuvosos.
Devido ao clima semiárido da caatinga, a rede hidrográfica é pequena, a
maioria dos rios é intermitente, ou seja, têm curtos cursos de água que secam
durante o período de estiagem. Os rios São Francisco e o Parnaíba, são muito
importantes para a região pois possuem cursos de água permanentes ao longo de
todo o ano, mesmo em períodos de estiagem e por isso são denominados perenes.
O rio São Francisco é o principal da região, ele é muito importante não só
para o nordeste, mas para todo o país, ele é considerado um dos rios mais
importantes da América do Sul, além de ser o maior rio localizado totalmente no
Brasil. Ele é utilizado para a irrigação e geração de energia, a umidade advinda do
rio origina um microclima local ao longo do percurso e possibilita práticas agrícolas.
O rio Parnaíba é muito importante por atender a centenas de municípios inseridos
em uma bacia hidrográfica de 333 mil km2, para o consumo de água de mais de 4 mil
habitantes, em especial no norte da Caatinga.
A Caatinga é uma região onde cerca de metade do terreno é de origem
cristalina, uma rocha dura e antiga que não retém água, e a outra metade é
composta por terrenos sedimentares, que armazenam águas subterrâneas. O relevo
na Caatinga é diversificado e foi moldado ao longo de milhões de anos pelo clima da
região, incluindo temperatura, chuvas, vento e umidade, resultando em várias
formações, como serras, chapadas, planaltos e depressões sertanejas.
Os solos mais comuns da região da Caatinga são o raso e pedregoso, onde
estão presentes plantas de baixo porte (arbustos) e cactáceas. Os tipos de solos
variam de rasos a profundos, com alta a baixa fertilidade e texturas argilosas e
arenosas. É possível encontrar na Caatinga uma variedade de paisagens e
vegetação, por conta de sua diversidade de solos e relevo.
Nas depressões sertanejas que é mais plana o solo mais comum é o raso e
pedregoso, nas serras e chapadas que são compostas por porções de relevo mais
altas com clima ameno e maior umidade em virtude das chuvas, possibilitando o
desenvolvimento de matas maiores e mais fechadas. Já em certas regiões, é
possível encontrar afloramentos rochosos conhecidos como 'lajedos', que
desempenham um papel ecológico semelhante ao de desertos, abrigando o
crescimento de plantas suculentas, tais como cactos e bromélias (Associação
Caatinga).

3. FLORA

O bioma da Caatinga possui uma grande biodiversidade devido ao seu longo


processo de desenvolvimento que gerou adaptações muito específicas ao habitat
dessa região, as plantas desse bioma têm a capacidade de perder suas folhas,
principalmente nos galhos com menos água, geralmente durante a estação fria ou
seca do ano, para poderem diminuir o processo de evaporação, retendo a seiva em
seu interior por mais tempo, dando origem a famosa floresta branca, da onde vem o
nome “caatinga”, essas plantas ganham tons acinzentados, podendo algumas
chegarem próximas do branco.
A Caatinga é reconhecida como uma das Florestas Tropicais Sazonalmente
Secas (FTSS) mais ricas em biodiversidade. Durante a estação das chuvas, que por
vezes tarda em chegar, a vegetação ressurge e a paisagem se enche de verde.
Esse ecossistema demonstra uma notável capacidade de se transformar. Na
imagem ao lado estão dois registros da mesma paisagem, porém, a primeira na
estação de estiagem e outra na estação chuvosa da região do Sertão do Pajeú em
Pernambuco (Instituto Jurumi,
2022).

Fonte: Instituto Jurumi

3.1. PRINCIPAIS
VEGETAÇÕES
Segundo a Associação
Caatinga, a região abriga cerca de
5.311 espécies de plantas, das
quais pelo menos 1.547 são exclusivas (endêmicas), de acordo com dados do IBGE.
A Caatinga não apresenta homogeneidade; pelo contrário, exibe uma
diversidade de paisagens vegetativas categorizadas como diferentes fitofisionomias,
daí a denominação comum 'caatingas', no plural que descreve a diversidade de
formas, estruturas e padrões de vegetação em um ecossistema específico. Ou seja,
fito=planta e fisionomia=referente a aparência, significando, o aspecto visual da
vegetação devido às diferenças de clima.
Como dito acima, como a Caatinga não apresenta uma homogeneidade e por
ter diferentes fitofisionomias, se refere a esse bioma no plural, sendo assim, será
falado a respeito de “algumas Caatingas”:
A Caatinga arbórea é composta por árvores de porte médio a alto com
árvores que chegam a 20m de altura, que na estação chuvosa formam uma copa
contínua e uma mata sombreada em seu interior. Estas árvores estão adaptadas
para sobreviver a longos períodos de seca e, geralmente, possuem folhas pequenas
e/ou caducas, que caem durante as secas para economizar água. Durante a estação
chuvosa a Caatinga arbórea revive com o verde das folhas retornando e as plantas
florescendo. Mas durante a estação seca, as folhas podem cair e a vegetação ter um
aspecto árido, sendo a verdadeira Caatinga do tupi-guaranis.
Essa Caatinga tem um papel vital na conservação da biodiversidade e na
manutenção do equilíbrio ecológico da região, como também serve como habitat
para muitas espécies de animais, incluindo espécies endêmicas. No entanto, essa
região enfrenta desafios ambientais, como por exemplo, desmatamentos, pastoreio
excessivo e mudanças climáticas, o que pode afetar a sua capacidade de comportar
a vida selvagem e a biodiversidade desse ecossistema.
A aroeira, ou aroeira do Sertão (Myracrodruon urundeuva) é uma árvore
encontrada na Caatinga e no Cerrado, com até 20 metros de altura e longa vida.
Suas flores amareladas têm forma de estrela. O nome "aroeira" vem de "araroeira",
pois as araras frequentemente vivem nela. Seus frutos são consumidos por
periquitos e papagaios e suas sementes aladas são dispersadas pelo vento. A
madeira é extremamente resistente e é considerada a mais resistente do Brasil.
Devido à exploração excessiva, a aroeira agora está em perigo de extinção, listada
oficialmente como uma espécie ameaçada da flora brasileira.

Fonte: RuraltecTV

A carnaúba (Copernicia prunifera) é uma palmeira exclusiva da Caatinga que


mantém suas folhas verdes mesmo na estação seca. Suas folhas produzem uma
cera de alta qualidade, colhida anualmente sem prejudicar a planta, fornecendo
emprego e renda para famílias em várias partes do Ceará. A cera tem diversas
aplicações, como na fabricação de goma para chicletes, produtos cosméticos,
componentes eletrônicos (como chips e toners), cápsulas de medicamentos e
revestimento rígido para chicletes e chocolates. A carnaúba cresce lentamente,
atingindo de 15 a 20 metros de altura e tem uma longa vida, podendo viver até 200
anos. A Carnaúba é a árvore símbolo dos estados do Piauí e Ceará devido à sua
importância ambiental, econômica e cultural. Ela é representada nos brasões desses
estados e, no caso do Ceará, sua derrubada é proibida por lei devido à sua
relevância. (referencia livro)

Fonte: InfoEscola

A Caatinga arbustiva ocorre em áreas mais


baixas e planas, com árvores de menor porte de até 8m
de altura, é muito associada a cactáceas como o xique-
xique e facheiro; e bromélias como a macambira e o
croatá.
O caroá é uma bromélia endêmica da Caatinga, encontrada em todo o
semiárido do Nordeste brasileiro. Suas folhas finas o tornam discreto quando não
está em flor. Sua inflorescência é notável,
com até 60 flores delicadas, de sépalas
vermelhas e pétalas purpúreas. As folhas
fornecem fibras resistentes e duráveis que
foram economicamente importantes no
passado, usadas na indústria têxtil, mas
perderam relevância com o surgimento de
fibras sintéticas.

Fonte: Focadoemvocê

A macambira (Bromelia laciniosa) é uma bromélia endêmica da Caatinga, que


cresce exposta ao sol nos afloramentos rochosos. Na época reprodutiva, lança um
pendão de 1 metro de altura com flores amarelas muito visitadas por abelhas
nativas. Suas folhas suculentas eram utilizadas pelos sertanejos, em períodos de
estiagem severas, para produzir uma farinha de alto valor nutritivo, rica em cálcio e
proteínas, com a qual se fazia pirão, pão e que também servia como alimento para o
gado. O talo da macambira fornece uma fibra muito resistente, utilizada antigamente
para cobrir casas, conferindo ao telhado uma ótima aparência.

Fonte: Defensores do Bioma Caatinga via Facebook.

O mandacaru (Cereus jamacaru) é um cacto comum em regiões semiáridas


que armazena água, servindo como fonte de hidratação para animais durante secas.
É um símbolo icônico da Caatinga e representa a luta pela sobrevivência no sertão
brasileiro, podendo alcançar até 6 metros de altura e possuindo um formato que
lembra um candelabro. O mandacaru desempenha um papel crucial na recuperação
de solos degradados, atuando como uma cerca natural e uma fonte de alimento para
a vida selvagem.
A disseminação das sementes do mandacaru é facilitada por aves e pelo
vento, o que contribui para o seu crescimento em áreas rurais. Devido à ausência de
folhas, a planta não cria sombra, enquanto os espinhos oferecem proteção contra
animais herbívoros. Suas flores, que desabrocham à noite e murcham ao
amanhecer, são fonte de alimento para aves e abelhas. Além disso, o fruto tem uma
cor violeta intensa e uma polpa branca contendo pequenas sementes pretas que são
uma fonte de alimento para aves locais e também podem ser consumidas por seres
humanos (ISPN – Instituto Sociedade, População e Natureza).
Foto: DoDesign-s Foto: Rosa Melo

3.2. ADAPTAÇÕES DAS PLANTAS AO PERÍODO SECO


O bioma da Caatinga, devido à irregularidade do regime hídrico com chuvas
concentradas em um período do ano, desenvolveu adaptações notáveis, conhecidas
como xeromorfismo, para sobreviver. Isso inclui folhas transformadas em espinhos
em cactáceas como o mandacaru e o xique-xique, que evitam a perda excessiva de
água e servem como defesa contra herbívoros.
Algumas plantas, como a embraitanha e os
cactos, realizam fotossíntese pelo caule,
pois suas folhas se transformaram em
espinhos.
Espécies cactáceas como mandacaru,
facheiro, xique-xique, coroa-de-frade, entre
outras, apresentam folhas transformadas
em espinhos, para evitar a perda excessiva
de água através da transpiração e constituir
uma defesa contra animais que poderiam
utilizar estas plantas como alimento.
Fonte: ISPN

Plantas como a embraitanha, possuem o caule


verde, com células clorofiladas que permitem a
planta continuar realizando fotossíntese e
produzindo nutrientes mesmo depois de perder as
folhas. A mesma estratégia é utilizada pelos cactos que fazem fotossíntese pelo
caule, já que as folhas foram transformadas em espinhos.

Fonte: Pinterest

Outra forma de adaptação é as folhas serem


pequenas e cobertas por uma espécie de cera na
parte mais externa, a cutícula, formando uma
camada impermeável que dificulta ou impede a
perda de água.

Fonte: Associação Caatinga

Muitas plantas adotam a estratégia de escape ou fuga da escassez de água,


acelerando e diminuindo o seu ciclo de vida ou adiando o período de germinação
para períodos com maior umidade no solo. Germinando, florescendo e morrendo no
período chuvoso para aproveitar a água disponível no ambiente, um exemplo são as
plantas herbáceas, como o capim e plantas rasteiras.
O período de floração também é diferenciado e como as chuvas na Caatinga
não iniciam na mesma época, a floração e produção de frutos variam de local para
local e de planta para planta. As flores são geralmente pequenas e têm o período
reduzido de floração e produção de sementes, antes que o teor de umidade caia
excessivamente e lhe cause danos.
As espécies da caatinga desenvolveram um sistema complexo de raízes
formando um emaranhado tão grande ou maior que os galhos da própria copa da
planta. O desenvolvimento de raízes tuberosas, uma espécie de ‘batata’ que
armazena água e nutrientes, possibilita que a planta sobreviva ao período seco.
Algumas espécies possuem o caule suculento que também é capaz de armazenar
água e nutrientes, as raízes também são profundas, para que elas encontrem na
terra a umidade necessária para viver
Sistema radicular de um umbuzeiro de 15 anos. Fonte: Associação Caatinga
Fonte: Blog Fatos e Fotos da Caatinga

Com o armazenamento de água e nutrientes, as plantas deixam as folhas


caírem no final do período chuvoso, muitas vezes ficando totalmente desfolhadas no
período seco para evitar a perda de água para o ambiente através das folhas. E sem
as folhas verdes, têm uma redução na taxa de fotossíntese e a planta entra em
estágio de economia de energia e uso das suas reservas.
Embora pouco conhecidos, os frutos da Caatinga possuem uma abundância
de sabores e cores, e são fonte importante de nutrição. Servem de alimento tanto
para os seres humanos como para os animais, dentre eles destacam-se: umbuzeiro,
o juazeiro, o umarizeiro, a quixabeira, o mandacaru, o maracujá-da-Caatinga, o
cajueiro, o jenipapo e a palmeira licuri.

Na Caatinga os cactos têm muitos usos. A coroa de frade, por exemplo, é


usada para fins medicinais, na alimentação, como ingrediente para fazer bolos,
doces e biscoitos, e mesmo como planta decorativa, por sua beleza peculiar. Já o
mandacaru, é utilizado como nome de sítios, povoados, bairros e mesmo cidades.
Essa planta ornamental, após ser processada, é também, no período de longas
estiagens, um dos poucos recursos disponíveis que servem para a alimentação dos
animais.
Denominada como a “árvore sagrada do sertão”, o umbuzeiro é outra planta
de destaque no bioma. Ela é versátil, pois dela pode-se aproveitar os frutos, tanto in
natura quanto beneficiados (dos quais se faz suco, sorvete, geleias e doces); suas
flores são apreciadas pelas abelhas; e suas raízes acumuladoras de água são
usadas na culinária e na medicina popular. Enfim, há uma extensa lista de plantas
da Caatinga, cujas folhas, cascas, raízes, flores, frutos e sementes são utilizados no
preparo de alimentos, ração (para criação de gado, bodes, ovelhas etc.) e remédios,
como a catingueira, o jerico, o angico, a aroeira, a baraúna, a catingueira e a
imburana de cheiro. A Caatinga ainda abriga espécies raras e de grande valor como
o ipê roxo, o cumaru, a carnaúba e a aroeira.

4. Fauna

Os animais, assim como as plantas, desenvolveram adaptações para lidar


com a escassez de recursos durante a estação seca na região. Incluindo a
capacidade de se alimentar dos recursos disponíveis nesse período, fazer migrações
sazonais para áreas mais úmidas, como serras, acelerar o ciclo reprodutivo durante
as chuvas ou entrar em estado de dormência durante a seca. Essas adaptações
permitem que eles sobrevivam e prosperem em um ambiente com recursos
sazonais.
Segundo IBGE, neste bioma há registro de 107 espécies de répteis, 510
espécies de aves, 240 espécies de peixes, 49 espécies de anfíbios e 148
mamíferos. Apesar do baixo número de espécies em relação a outros biomas,
grande parte dessas espécies são endêmicas.
Pesquisas afirmam que muitas espécies estão ameaçadas de extinção devido
a perda de habitat, pesca e a caça. Na lista oficial de espécies ameaçadas de
extinção está presente Onça-parda (Puma concolor), Jaguatirica (Leopardus
pardalis), Gato-mourisco (Puma yagouaroundi), Tamanduá-mirim (Tamandua
tetradactyla), Soim (Callithrix jacchus), Raposa (Cerdocyon thous), Mocó (Kerodon
rupestris), Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), Catitu (Pecari tajacu) e Veado-
catingueiro (Mazama gouazoubira).

4.1. INVERTEBRADOS

Os invertebrados são os animais mais abundantes do planeta e estão


presentes em todos os tipos de ambientes na Caatinga. Formigas e abelhas
desempenham um papel significativo na mata devido à sua importante função
ecológica. As plantas formam a base da cadeia alimentar da floresta, as formigas e
as abelhas alimentam-se das plantas e outros animais se alimentam das formigas e
abelhas, continuando o ciclo de vida na Caatinga.
As formigas desempenham um papel crucial como agentes dispersores de
sementes na Caatinga. Isso ajuda as sementes a alcançarem áreas distantes das
plantas-mãe e, frequentemente, a escaparem do fogo. Além disso, formigas
cortadeiras, como a falsa-tocandira (Dinoponera) e a oncinha, são os principais
herbívoros dominantes e engenheiros de ecossistema como já relatado para
florestas úmidas e savanas, além de constituírem a base da cadeia alimentar dos
animais.
As abelhas desempenham um papel crucial como polinizadores de plantas,
desempenhando um papel fundamental na reprodução e na preservação da floresta.
À medida que coletam néctar nas flores, elas facilitam a transferência de pólen, um
processo essencial para a fertilização, que é necessário para a produção de
sementes e o crescimento de novas plantas.
As abelhas Jandaíra, Melipona subnitida, são uma espécie de abelhas nativas
da Caatinga, conhecidas por serem abelhas sem ferrão. Elas constroem seus ninhos
em cavidades de grandes árvores, especialmente nas imburanas-de-cheiro e
catingueiras. Infelizmente, essa espécie está enfrentando uma ameaça significativa
devido ao desmatamento e à coleta indiscriminada de mel quando os ninhos são
destruídos. O mel produzido por essas abelhas tem propriedades antibacterianas e,
historicamente, tem sido utilizado pelos habitantes da região para tratar uma
variedade de condições, incluindo problemas respiratórios, dores de ouvido,
inflamações oculares, ferimentos, picadas de cobra e como um poderoso fortificante.

Fonte: Cursos CPT Foto: Hiara Meneses

4.2. VERTEBRADOS:
Na Caatinga, encontramos um grupo surpreendente de animais, os peixes,
que incluem 386 espécies. Dentre essas espécies, aproximadamente 203 são
endêmicas, ou seja, são exclusivas da Caatinga e não são encontradas em outros
lugares, enquanto 371 são nativas da região. Notavelmente, apenas 15 espécies de
peixes foram introduzidas na Caatinga a partir de outras áreas. Esses peixes
desenvolveram adaptações para adiar a postura de ovos até a época das chuvas
devido às condições climáticas específicas da região.
A piaba, também conhecida como lambari (Astyanax bimaculatus) é um
pequeno peixe de escamas da Caatinga. Tem um corpo alongado e comprimido,
com coloração prateada e nadadeiras em tons de amarelo, vermelho e preto.
Apresenta duas manchas, uma próxima à nadadeira peitoral, oval e horizontal, e
outra em forma de clava perto da cauda. Geralmente, mede de 10 a 15 cm de
comprimento e é comum na região, sendo apenas uma das várias espécies
chamadas de piaba na Caatinga.

Fonte: Wikipédia

A traíra, Hoplias malabaricus, é um peixe comum em vários ecossistemas,


incluindo a Caatinga. Ele possui dentes afiados, uma cobertura de escamas grossas
e uma camada espessa de muco que o protege contra parasitas externos. Essa
espécie é um predador adaptado para caçar em ambientes com baixo teor de
oxigênio na água, sendo um bioindicador de ambientes inóspitos. Na Caatinga, é
amplamente consumida pelos habitantes das regiões semiáridas, pois está presente
mesmo nos estágios iniciais da estiagem, quando os rios se transformam em poças
antes de secar completamente.
Fonte: BioDiversity4All

Os ambientes aquáticos enfrentam ameaças constantes, como degradação


do habitat, eutrofização e introdução de espécies exóticas. Além disso, problemas
como o represamento de rios e a destruição das matas ciliares também afetam as
espécies. Devido a essas ameaças, aproximadamente 33 espécies na Caatinga
estão em risco (LIMA et al, 2017).
Infelizmente, os ecossistemas de água doce têm sido negligenciados ao longo
dos anos e pouco conservados, o que resulta em baixa prioridade para iniciativas de
conservação. Portanto, é crucial estabelecer esforços de conservação para
preservar as bacias hidrográficas e proteger as espécies únicas da Caatinga, que
ainda são pouco conhecidas.

4.3. ANFÍBIOS
Segundo o site Laboratório de Anfíbios e Répteis da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, na Caatinga foram encontradas 7 espécies de anfíbios da
família Bufonidae, 4 espécies da família Caeciliidae, 2 espécies da família
Ceratophryidae, 4 espécies da família Craugastoridae, 2 espécies da família
Eleutherodactylidae, 40 espécies da família Hylidae, 1 espécies da família
Hylodidae, 27 espécies da família Leptodactylidae, 4 espécies da família
Microhylidae, 7 espécies da família Odontophrynidae, 2 espécies da família Pipidae
e 1 espécie da família Ranidae.
Os anfíbios têm sido bem-sucedidos na Caatinga por esses animais
precisarem de condições úmidas para a pele e dependem da água para reprodução
e desenvolvimento. Os anfíbios da Caatinga desenvolveram algumas adaptações
devido ao ambiente como longos períodos de estivação durante a estação seca,
reprodução apenas durante o período chuvoso, proteção dos ovos e girinos em
ninhos de espuma para evitar a dessecação e uma metamorfose rápida dos girinos
para enfrentar a evaporação da água. Muitos anfíbios habitam os brejos, áreas de
maior altitude com matas úmidas cercadas pela Caatinga.
Os anfíbios são bioindicadores devido ao seu habitat aquático e terrestre. Sua
presença ou ausência pode indicar mudanças no ambiente. No entanto, eles são
altamente vulneráveis a essas mudanças e frequentemente são os primeiros a
serem afetados por fatores como poluição, agrotóxicos, desmatamento,
desertificação e aquecimento global. Essas são as principais ameaças que
enfrentam (referência livro)
Dito isso, um casal de pesquisadores do Instituto Butantan estiveram na
Caatinga do Rio Grande do Norte em 1992, e depois de uma chuva fraca
presenciaram sapos brotando do solo arenoso dando a impressão de que estavam à
procura de poças de água para se alimentar e acasalar, e diante dessa observação
começaram uma pesquisa sobre o comportamento animal no período de estivagem.
O casal Carlos Jared e Marta Maria Antoniazzi concluíram que durante a
seca, os anuros para se defender da desidratação se enterram ou buscam micro-
habitats onde encontram umidade e temperatura que os mantenham mais frios em
relação ao meio ambiente e quando esses animais percebem mudanças na umidade
do ambiente eles migram para lugares mais favoráveis (SILVEIRA, 2018).
O sapo-guardinha, Rhinella granulosa, é uma espécie encontrada em todo o
território brasileiro, sendo especialmente adaptada para a Caatinga. É notável por
sua capacidade de resistência a altas temperaturas, sendo capaz de permanecer
ativo mesmo em condições próximas ao limite extremo de suportabilidade, com
temperaturas chegando a até 40°C.

Fonte: Silveira, 2018.

O Sapo-boi, Proceratophrys cristiceps, é um diminuto sapinho, com tamanho


aproximado de metade do dedo de um homem adulto, busca abrigo no subsolo,
onde a umidade é mais elevada do que na superfície, como uma estratégia para
escapar das altas temperaturas. Ele tem a capacidade de se enterrar a
profundidades que podem chegar a até dois metros.

Fonte: Portal da Zoologia, 2018.

4.4. MAMÍFEROS

O registro de mamíferos na Caatinga é de 148 espécies registradas, é um dos


grupos de animais da Caatinga mais afetados pela caça e perda de habitat, ao
mesmo tempo que desempenham importantes funções no ecossistema.
Nesse bioma estão presentes os mamíferos: Jaguatirica (Leopardus pardalis),
Gato-Mourisco (Puma yagouaroundi), Soim (Callithrix jacchus), Raposa (Cerdocyon
thous), Mocó (Kerodon rupestris), Tatu-Bola (Tolypeutes tricintus), Catitu (Pecari
tajacu), entre outros.
O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), é
de médio porte, de hábito noturno e se alimenta
principalmente de formigas e cupins. Esse animal tem
um padrão de coloração da sua pelagem que lembra a
um “colete” negro. O restante dos seus pêlos tem uma
cor que varia do amarelo ao marrom pardo. Possuem
cauda preênsil, adaptação para melhor deslocamento
na copa das árvores.
Fonte: UFSC

O veado-Catingueiro (Mazama gouazoubira) é


uma espécie de pequeno porte, possui grandes orelhas
em proporção à cabeça, sua coloração pode variar do
marrom-acinzentada com a garganta e região ventral
esbranquiçada, as fêmeas são normalmente mais
claras e os machos sexualmente ativos possuem
chifres. É uma espécie diurna, herbívora que se
alimenta de frutos, flores, gramíneas, fungos,
leguminosas e outros tipos de arbustos ou ervas.
Fonte: EcoRegistros

A onça parda (Puma concolor) é o segundo maior


felino das américas, pode medir até 150 cm (sem a cauda)
e pesar entre 53 kg e 72 kg. Apesar de haver registros de
machos com mais de 110 kg. A espécie varia muito ao
longo de sua distribuição em peso e tamanho. Sua
coloração da pelagem varia do cinzento-claro até o
marrom-avermelhado. É um predador estritamente
carnívoro.
Fonte: Segredos do Mundo

4.5. AVES
As caatingas abrigam aproximadamente 510 espécies de aves, das quais 23
são consideradas endêmicas, especialmente nas matas secas e outras formações
decíduas, incluindo as florestas estacionais das áreas de contato. Notáveis gêneros
endêmicos incluem Cyanopsitta, Anopetia, Gyalophylax, Megaxenops e Rhopornis.
Esse grupo sofre com a captura ilegal para o comércio em feiras, mercados
ou mesmo para viver em cativeiros domésticos. Além disso, o desmatamento de
áreas florestadas também têm influenciado fortemente na avifauna da Caatinga.
Segundo o Instituto Chico Mendes, a Caatinga tem sido apontada como uma
importante área de endemismo para as aves sul-americanas, porém a distribuição, a
evolução e a ecologia da avifauna da região continuam pouco investigadas,
refletindo, consequentemente, na política e ações de conservação.
O Bico-virado-da-Caatinga
(Megaxenops parnaguae) é uma ave que
possui uma plumagem de cor ferrugem
intensa, com a ponta do bico curvada para
cima, ele habita os bosques de caatinga e
diferente de outros bico-virados, não
escala troncos ou usa sua cauda como
suporte. E ele frequentemente acompanha
bandos mistos.
Fonte: G1

A Tem-farinha-ai (Myrmorchilus
strigilatus strigilatus) mas também conhecido
como formigueiro-pintalgado, tovaca, tem-
farinha-aí, piu-piu, farinheiro e farinha-seca.
Mede entre 15 e 16 centímetros e pesa entre
23 e 26 gramas de peso. Na Caatinga,
procuram ativamente por insetos que ficam
entre a serrapilheira nas matas. É encontrado
em habitats essencialmente secos e
geralmente aos pares, raramente está
associado com bandos mistos, pulando sobre
ou perto do chão em vegetação densa. Fonte: G1

O Choca-do-nordeste (Sakesphoroides cristatus) é uma ave em que os


machos são identificados por apresentarem uma crista uma faixa estreita no peito de
coloração preto fosco. Suas penas possuem as colorações cinza, marrom, preta e
manchas brancas. Sua alimentação é baseada em invertebrados, ele pode ser
encontrado forrageando no estrato médio e no sub-bosque de florestas decíduas, e
também nas matas secas e arbustivas da caatinga.

Fonte: G1

4.6. RÉPTEIS

Os répteis são animais pecilotérmicos, o que significa que eles regulam sua
temperatura corporal usando a temperatura ambiente. Na Caatinga, é comum
encontrá-los em rochas durante o dia, expondo-se ao sol para aumentar sua
temperatura corporal. Quando está mais frio, esses animais procuram abrigo sob as
rochas ou em covas para se manterem aquecidos. Portanto, a diversidade de répteis
é maior em locais de clima quente do que em locais de clima frio, e a temperatura
extrema é um fator limitante para sua existência.
Segundo o site Laboratório de Anfíbios e Répteis da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, na Caatinga foram encontradas 81 espécies endêmicas de
lagartos, 118 espécies endêmicas de serpentes, 5 espécies endêmicas de quelônios
e 3 espécies endêmicas de crocodilianos.
Na Caatinga, há várias espécies
de lagartos, Calango-Liso,
cientificamente conhecido como
Diploglossus lessonae. Este lagarto é
reconhecido por seu corpo cilíndrico e
alongado, além de membros muito
pequenos, e é caracterizado por sua
coloração atraente, com listras brancas
e pretas. Pode alcançar cerca de 30 cm
de comprimento (NUROF-UFC, 2012).
Fonte: Herpetofauna da Caatinga.

A iguana da Caatinga é um lagarto


que possui a habilidade de adaptar a cor da
sua pele, variando entre tons de verde e
marrom, de acordo com o ambiente em que
se encontra. Alcança um comprimento de
180 cm e possui um peso de 9 kg. Enquanto
os adultos são herbívoros, os filhotes se
alimentam de invertebrados. (livro)

Fonte: Focadoemvocê
A Caninana, Spilotes pullatus, é uma
cobra de grande porte que pode chegar a
medir até 3 metros de comprimento. Ela tem
uma coloração predominantemente negra em
seu dorso, com manchas amarelas de grande
tamanho em sua parte inferior. É comum na
região Nordeste e pode ser encontrada em
diversos ambientes. Embora não seja
venenosa, pode morder, causando apenas
ferimentos. Sua dieta inclui aves, roedores e
até pequenos lagartos.
Fonte: Pinterest

O cágado-de-barbicha (Phrynops
geoffroanus) é uma espécie de
quelônio adaptável a diversos
habitats aquáticos, incluindo
grandes rios com correnteza e
canais poluídos em áreas
urbanas. As fêmeas podem
chegar a 35 cm de comprimento
de carapaça, enquanto os
machos com cerca de 22 cm. Suas características
distintivas incluem linhas escuras na cabeça e pescoço,
sendo carnívoros e se alimentando principalmente de
artrópodes, moluscos e peixes. São mais ativos durante os
meses quentes e secos (SILVEIRA, 2018).
Foto: Gabriel Horta via Flickr
O Jacaré-Coroa (Paleosuchus palpebrosus), é o menor entre os crocodilianos
medindo de 1,45 a 1,70 metros de comprimento, é conhecido por habitar rios e lagos
de águas limpas e cristalinas. Sua dieta consiste em peixes, pequenos mamíferos e
aves, e durante o dia, procura
abrigo em tocas. A fêmea põe seus
ovos em um ninho de terra, e após
três meses, os ovos eclodem.
Infelizmente, esta espécie
encontra-se ameaçada de extinção.

Foto: William W. Lamar

4.7. Espécies Endêmicas


A fauna da Caatinga é representada por grupos diversificados e ricos em
endemismos, abaixo mais alguns
exemplos de espécies endêmicas desse
bioma tão rico.
O Calango-de-cauda-verde (Ameivula venetacaudus) é encontrado apenas no Piauí,
é um réptil endêmico da Caatinga que pode medir até 12 cm de comprimento. Ele se
alimenta de pequenos animais que ficam escondidos sob folhas, como formigas,
grilos, gafanhotos e aranhas.

Fonte: Serpentes do Brasil

A Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)


é uma espécie endêmica vive no nordeste
da Bahia. Está gravemente ameaçada de
extinção devido ao tráfico de animais e à
destruição de seu habitat. A ave é muito
semelhante em tamanho e coloração à
arara-azul-pequena, mas seu dorso possui
um tom mais azulado.
Fonte: eBird
O Guigo-da-caatinga (Callicebus
barbarabrownae) está ameaçado de extinção,
a espécie pode ser encontrada nos estados
da Bahia e de Sergipe. Este macaco é
reconhecido por sua pelagem, que é mais
clara no corpo, mais escura nas orelhas e
castanho-avermelhada na cauda.

Fonte: Google imagens

O Periquito-da-Caatinga (Eupsittula cactorum)


também é chamado de periquitinho, jandaia e
gangarra, este é um pássaro de pequeno porte que
pesa aproximadamente 120 gramas. Ele vive em
bandos de seis a oito indivíduos e se alimenta de
milho e frutas. A espécie está perigosamente
ameaçada por conta do comércio ilegal.
Fonte: Portal de zoologia de pernambuco

O Cancão (Cyanocorax cyanopogon) é uma ave


que só existe na Caatinga possui coloração
deslumbrante nas cores branco e preto com
linhas azuis que se assemelham com
sobrancelha e olheira. Se alimenta de insetos,
frutos, peixes, pequenos roedores e até outras
aves menores. Na caatinga vivem
preferencialmente próximo às fontes de água,
embora habitem áreas onde não existam fontes
de água permanentes.
Fonte: Google imagens

O Mocó (Kerodon rupestris) é um roedor grande que pode atingir até 40cm de
comprimento, tem pêlos densos e macios com uma coloração que varia do amarelo-
acinzentado ao alaranjado, com a parte inferior de tonalidades brancas. Esse roedor
habita áreas onde a escassez de alimentos torna-o alvo da caça. Sua principal fonte
de alimentação é a casca de árvores
como mofumbo, faveleira e parreira
brava. Mas, quando não as encontram
busca por gramíneas.

Fonte: Zoológico virtual do Koba

O Tatu-Bola (Tolypeutes tricinctus) é o menor


tatu do Brasil e mede aproximadamente 40
centímetros de comprimento e pesa cerca de
1,8 quilos. Seu nome popular deriva do
comportamento característico de se enrolar em forma de bola quando se sente
ameaçado por predadores. São noturnos e se alimentam de cupins, pequenos

invertebrados e frutos.
Fonte: UOL

4.8. Espécies invasoras


4.9.

No mais brasileiro dos biomas as espécies invasoras competem por


espaço, nutrientes e ameaçam a sobrevivência de espécies endêmicas
com espécies nativas.
Flor boca-de-leão (C. madagascariensis)
Uma invasora que compete com as plantas nativas da Caatinga.
É uma espécie arbustiva-trepadeira nativa de Madagascar que consegue
se reproduzir rapidamente e competir por espaço, luz solar e nutrientes
com as plantas nativas da Caatinga. Dentre as espécies mais ameaçadas
por essa invasora está a Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore, a
Carnaúba, uma palmeira endêmica do nordeste brasileiro e que possui
grande relevância socioeconômica para região, devido a extração do pó
das folhas para comercialização nacional e internacional da famosa “Cera
da Carnaúba”. A boca-de-leão consegue facilmente escalar a palmeira
encobrir sua copa e causar a morte de milhares de Carnaúbas,
provocando impactos sociais e ecológicos. Abaixo exemplo da boca-de-
leão escalando e subindo as copas das Carnaúbas.
Fonte: Eco org
Caruru (Amaranthus viridis)
Ocupa sítios naturais degradados de Caatinga, pastagens, áreas agrícolas e
ambientes ruderais (margens de estradas, terrenos baldios, quintais e
jardins, aterros de resíduos da construção civil, áreas de empréstimo de
solos, taludes e bota-foras). Possui potencial alelopático, diminui
significativamente a germinação e o desenvolvimento de outras espécies.
Causando impactos como: afeta a resiliência de sítios invadidos; é tóxica
para animais (especialmente suínos); afeta arranjos produtivos (compete
com
culturas agrícolas, diminui a qualidade de pastagens e, é hospedeira de
pragas e doenças de lavouras).
Fonte: Google Imagens
Teiú (Tupinambis merianae)
Introdução voluntária de 2 casais para controle biológico de roedores em
Fernando de Noronha, na década de 1950, o teiú estabeleceu-se na ilha,
aumentando sua população e tornando-se invasor, afetando
negativamente populações de aves, se alimentando de ovos e filhotes de
aves. O Projeto Tamar registra a predação de ovos de tartarugas nas
épocas de desova. Alimenta-se de material vegetal, larvas de insetos,
roedores, grilos, gastrópodes, aves marinhas e da lagartixa-mabuia
(Mabuya maculata), endêmica de Fernando de Noronha.

Fonte: Jornal da USP


Rã Touro (Lithobates catesbeianus)
Compete com anfíbios nativos. As larvas podem ter impacto significativo
em algas bentônicas, perturbando a estrutura da comunidade aquática.
Adultos são responsáveis por níveis significativos de predação de anfíbios
nativos e de espécies de cobras e tartarugas. Transmissora de
quitridiomicose, doença provocada por um fungo também invasor que já
levou à perda de mais de 70 espécies de anfíbios na América do Sul e
América Central em situações de epidemias provocadas pelo aquecimento
global.

Fonte: UFRGS
Pardal (Passer domesticus)
Desloca espécies nativas em função de competição por recursos do
ambiente. Tem comportamento agressivo e desloca outras aves que
tentam nidificar em seu território.

Fonte: Info Escola


Formiga-cabeçuda-urbana (Pheidole megacephala)
Estabelecida em Pernambuco. É considerada uma praga doméstica,
causando danos a cabos elétricos, telefônicos e de irrigação. Desloca
invertebrados nativos da comunidade invadida por agressão direta. Em
locais onde essa formiga é abundante, ocorre a redução da população de
vertebrados. Afeta as plantas diretamente, através da coleta de semente,
ou indiretamente, criando um hábitat favorável a insetos fitófagos, que
reduzem a produtividade da planta.

Fonte: Hype Science


Rato, ratazana (Rattus norvegicus)
Transmissão de doenças a humanos e ataques a ninhos de aves. É
agressivo com outras espécies e desloca ratos nativos. Causa sérios danos
a plantações e propriedades rurais. Principal responsável pela transmissão
da leptospirose.

Fonte: Montanhas Capixabas


5. ATIVIDADES ECONÔMICAS

Como já é sabido, a região da Caatinga é caracterizada por um clima


semiárido e uma vegetação adaptada às condições de seca, como cactos e plantas
resistentes à escassez de água.
As atividades econômicas que acontecem neste local são influenciadas pelas
condições climáticas e ambientais, por ser uma área desvalorizada a forma como os
recursos dessa região são explorados na grande maioria das vezes não ocorre de
maneira sustentável, por isso as atividades econômicas que lá ocorrem estão
intimamentes ligadas aos problemas ambientais da caatinga. Segundo Maia, et al (p.
302, 2017) ”menos de 1% da Caatinga encontra-se protegida em áreas de
conservação”, deste modo o extrativismo predatório acontece de maneira
desenfreada e sem nenhuma fiscalização.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, em 2015, foi mapeada
uma área de aproximadamente 90 mil km2, o que representa 14% dos seis Estados
e 9,15% do total da Caatinga. Até aquele momento, o monitoramento revelava 40%
de Caatinga Preservada, 45% de Caatinga Degradada, 7,2% de Solo Exposto, 6,5%
de lavoura e 0,7% de corpos d’água.
A agricultura é uma das atividades muito recorrente na região e tem forte
influência econômica, ela pode ser caracterizada como agricultura de subsistência
onde a partir dela a população pode cultivar alimentos básicos para atender às suas
necessidades, ou pode estar ligada a monocultura, todavia como cita Silva, et all
(2003) As áreas cultivadas por agricultores podem ter pequenos e grandes impactos
como a substituição das espécies nativas ou a eliminação total de muitas espécies,
como é o caso da monocultura, além de afetar outros componentes como os animais
por conta da perda de recursos e a alteração dos microorganismos por conta da
aplicação de pesticidas.
A pecuária também é uma atividade característica da região da caatinga, ela
se dá pela criação de animais, como cabras, ovelhas, abelhas, aves e gado, para a
produção de carne, leite, couro, mel e ovos.
O extrativismo da madeira para produção de carvão é outra atividade, de
grande valor econômico, muito recorrente nesta região, assim afirma Costa, et all ( p.
3, 2021) O mercado de lenha no Brasil movimenta 2 bilhões de reais no Nordeste,
além de garantir 35 mil postos de trabalho, por conta do alto potencial energético
dos vegetais dessa região, boa parte deles são desmatados para produção de
carvão. Em paralelo a isso acontece a biopirataria que é a extração e a venda ilegal
de madeira e animais, essa ação movimenta um comercio que gera grandes valores
monetarios e tem grande capacidade de instiguir especies endemicas da caatinga.
Dentre as plantas de maior valor socioeconômico, as lenhosas, por
serem caducifólias no período seco, adiciona ao solo cerca de quatro
toneladas de matéria seca em folhas e galhos, contribuindo com a
reciclagem de nutrientes; participando da dieta de bovinos, caprinos e
ovinos; e respondendo por 30% do consumo energético da região
nordestina na forma de lenha ( MAIA, et al; p.298, 2017).

A agricultura inadequada e a exploração insustentável dos recursos naturais


podem resultar na perda de biodiversidade e na degradação dos ecossistemas
locais dessa forma contribuindo para o aumento na velocidade de desertificação,
processo pelo qual áreas anteriormente produtivas tornam-se desertos, por essas
regiões possuírem climas com temperaturas muito elevadas e poucas chuvas a
evaporação acontece muito rápida ocasionando desidratação dos solos o que os
leva a sempre tender a desertificação, porém com a remoção vegetal o processo se
intensifica, deixando os solos cada vez mais expostos aumentando a chance de
erosões e muitos outros problemas ambientais. Aliado ao aquecimento global essa
preocupação aumenta muito mais

A atividade humana não sustentável como a agricultura – que


converte remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto –, o
corte de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção
da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao
empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga ( MAIA, et
al; p.303, 2017).

Segundo Kill, et all (2010), “A Caatinga é um dos biomas brasileiros mais


alterados pelas atividades humanas, com mais de 45% de sua área alterada, sendo
ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o Cerrado”. A região semi árida da
Caatinga já enfrenta escassez de água, e as atividades agrícolas e de pecuária
podem agravar esse problema, sobretudo quando não são adotadas práticas
sustentáveis de gestão dos recursos hídricos
A mineração, que é a exploração mineral, como a gipsita e sal-gema, é
também uma atividade econômica significativa na região, porém esta atividade em
conjunto a agricultura intensiva podem causar a contaminação do solo e da água por
produtos químicos tóxicos, prejudicando a saúde das comunidades locais e a
biodiversidade aquática.
Segundo Maia, et al (2017) O modelo extrativista predatório na Caatinga resultou
em perdas irreversíveis de biodiversidade e degradação ambiental. Isso inclui erosão do solo,
redução da qualidade da água, assoreamento de nascentes e rios, além de diminuição da
capacidade produtiva do solo devido a queimadas frequentes. Essas perdas afetam a
diversidade microbiológica e faunística, prejudicam a teia alimentar e a polinização,
resultando em menor produtividade de frutos e biomassa vegetativa da flora.
A degradação do habitat natural da Caatinga ameaça a fauna e a flora únicas
da região, incluindo espécies endêmicas. Muitos animais e plantas da Caatinga
estão em risco de extinção devido à perda de recursos. Para mitigar esses impactos
ambientais na região da Caatinga, são necessárias práticas agrícolas e de pecuária
sustentável, o manejo adequado dos recursos hídricos e a promoção do ecoturismo
responsável. Além disso, a conscientização e o compromisso de múltiplos atores,
incluindo governos, ONGs e cidadãos, são fundamentais para preservar esse
ecossistema frágil e garantir um futuro sustentável para a Caatinga.

6. CONCLUSÃO

O presente trabalho apresentou o bioma da caatinga, e toda a biodiversidade


que nele se encontra, neste foram descritos: a geografia, destacando a área de
abrangência, o clima local, os tipos de solo e a hidrografia da região; a fauna ea flora
do da região, onde foram descritas as espécies, animais e vegetais, viventes
naquele local, suas adaptações de acordo com as condições que estão e as
espécies invasoras e as endêmicas da caatinga; as atividades econômicas que mais
acontecem na região, mostrando como elas influem na degradação do bioma.

É importante destacar que:

Além de ser apontado como um dos mais críticos em termos de


conservação da biodiversidade, este bioma também é considerado o
mais insuficientemente estudado em termos da distribuição da sua
cobertura atual, sobretudo no que se refere ao seu mapeamento
(Maia, et al; p. 302, 2017).

Por esse motivo houve uma certa dificuldade durante o desenvolvimento do


trabalho em encontrar informações, e também por conta disso, e pela sua aparência,
muitas pessoas ainda acreditam que a caatinga é um bioma pobre, apesar da
grande quantidades de recursos explorados de maneira predatória, gerando um
elevado número de desmatamento e acelerando o processo de desertificação.

Dentre os biomas brasileiros, a Caatinga é, provavelmente, o menos


conhecido pela Botânica e o mais desvalorizado, dada a reduzida
exploração sustentável dos recursos naturais e a elevada proporção
de terras desmatadas para pecuária (Maia, et al; p. 297, 2017).

Entretanto, no presente trabalho foram apresentadas várias espécies da


região da caatinga, além do grande número de espécies endêmicas da região
devido às adaptações necessárias para que elas sobrevivessem nesse ambiente,
comprovando que na verdade esse bioma tem uma enorme biodiversidade que é
única e exclusivamente brasileira e precisa ser conservada.

No entanto, a Caatinga ainda está por ser explorada em suas maiores


potencialidades, representadas pela sua extraordinária biodiversidade
vegetal e sua coleção ainda desconhecida de espécies para uso
medicinal, agentes praguicidas, provedores de genes indutores de
tolerância aos estresses hídrico e salino, resistência à acidez do solo
e a doenças, além de matérias primas para indústria química,
alimentar, cosmética e farmacêutica, incluindo plantas produtoras de
óleos essenciais (Maia, et al; p. 298, 2017).

Visto isso, fica claro uma das importâncias da conservação deste bioma, a
economia gerada por ele é muito grande, deste modo muitas famílias dependem de
seus recursos para a sobrevivência. Maia, et al (2017), cita que o além do
extrativismo, a mbém uma questão de subsistência, pois a população que reside na
região da caatinga também faz uso da biodiversidade para a obtenção de
alimentação, remédios, forragem para os mais variados tipos de rebanhos, madeira
para construções, entre outros, além disso a lenha da caatinga corresponde a pelo
menos 30% do abastecimento energético da região.

Deste modo conclui-se então que se faz necessário um olhar mais apurado,
pelos governantes, em relação a conservação do bioma caatinga, garantindo
fiscalização adequada e projetos políticos que apoiem o extrativismos sustentável, o
Embrapa (2007) sugere uma série de estratégias que podem garantir a
sobrevivência desse bioma como aumentar o número de unidades de conservação,
aumentar o número incentivos fiscais para a preservação, realização de campanhas
com o intuito de conscientização ambiental a população, com destaque nas
comunidades que estão próximas às áreas de preservação, deste modo, garantindo
uma reeducação ambiental, trazendo uma novas culturas de uso de práticas de
agricultura sustentáveis e o aumento e garantia de fiscalização.
REFERÊNCIAS

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https://agenciaeconordeste.com.br/tag/caatinga-arborea/ link da imagem


caatinga arborea
https://www.institutojurumi.org.br/2022/04/estacao-caatinga.html#

https://www.cpt.com.br/cursos-agricultura/artigos/formigas-cortadeiras-
especies-manejo-integrado-e-metodos-de-combate-a-praga
imagem formiga
https://globorural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2019/10/
conheca-abelha-responsavel-pela-polinizacao-da-caatinga-do-pantanal-
e-da-mata-atlantica.html
Imagem abelha

https://en.wikipedia.org/wiki/Astyanax_bimaculatus
imagem lambari
https://www.portal.zoo.bio.br/media246
https://focadoemvoce.com/caroa-da-caatinga/
foto caroa
https://www.cerratinga.org.br/especies/mandacaru/
foto mandacaru
https://sites.google.com/site/larufrn/home

https://blogdonurof.wordpress.com/2012/07/24/o-raro-e-pouco-
conhecido-calango-liso-da-caatinga-diploglossus-lessonae/

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