Em 1945, a criação da UNESCO responde a uma forte convicção das
nações marcadas por dois conflitos mundiais em menos de uma geração: os acordos económicos e políticos não bastam para construir uma paz duradoura. Esta deve ser estabelecida com base na solidariedade intelectual e moral da humanidade. A UNESCO concorre para construir redes entre as nações para tornar esta solidariedade possível: Mobilizando-se para que cada criança, rapariga ou rapaz, tenha acesso a uma educação de qualidade, como direito humano fundamental e condição do desenvolvimento humano. Favorecendo o diálogo intercultural pela proteção do património e a valorização da diversidade cultural. A UNESCO inventou a noção de Património Mundial para proteger os sítios de valor universal excecional. Desenvolvendo projetos de cooperação científica – sistemas de alerta precoce aos tsunamis, gestão das águas transfronteiriças – que reforçam as ligações entre as nações e as sociedades. Velando pela proteção da liberdade de expressão, como uma condição essencial da democracia, do desenvolvimento e da dignidade humana. Atualmente, a mensagem da UNESCO reveste-se de uma importância acrescida. Juntos temos que implementar políticas mais bem integradas, capazes de abordar as dimensões sociais, ambientais e económicas do desenvolvimento sustentável. A reflexão contemporânea sobre a «sustentabilidade» do desenvolvimento reafirma os princípios fundadores da Organização e o seu papel encontra-se assim naturalmente reforçado: Num mundo globalizado, onde as sociedades se interligam e se misturam, o diálogo intercultural é uma necessidade vital, para vivermos melhor juntos na nossa diversidade. Num mundo incerto, o futuro das nações não depende apenas do seu capital económico ou dos seus recursos naturais, mas da sua capacidade coletiva para compreender e antecipar as mutações do ambiente, através da educação, da investigação científica, da partilha do conhecimento. Num mundo instável, marcado por movimentos de abertura democrática, a emergência de novas potências económicas e de sociedades fragilizadas por fatores de stress múltiplos, os tecidos educativos, científicos, culturais e o respeito pelos direitos fundamentais garantem a resiliência e a estabilidade das sociedades. Face à emergência de uma economia criativa e das sociedades do conhecimento, e o desenvolvimento da Internet, a participação ativa de cada um no novo espaço público mundial é uma condição para a paz e o desenvolvimento. A UNESCO é conhecida por ser a organização «intelectual» das Nações Unidas. No momento em que o mundo procura novos caminhos com vista a construção da paz e ao desenvolvimento sustentável, temos de contar com o poder da inteligência para a inovação, para alargar os nossos horizontes, para fazer viver a esperança num novo humanismo. A UNESCO existe para dar a esta inteligência os meios para se desenvolver, pois, é no espírito dos homens e das mulheres que devem ser erguidos os baluartes da paz, e as condições do desenvolvimento suste Critérios de Classificação. Património Mundial, o que é?
“O valor universal excepcional significa uma importância cultural e/ou
natural tão excepcional que transcende as fronteiras nacionais e reveste-se de carácter inestimável para as gerações actuais e futuras de toda a humanidade. Assim sendo, a protecção permanente deste património é da maior importância para toda a comunidade internacional”.
O Comité define os critérios para a inscrição dos bens na Lista do
Património Mundial. Estes critérios são regularmente revistos pelo Comité do Património Mundial, de forma a reflectirem a evolução do próprio conceito de Património Mundial. Assim, até ao final de 2004, os bens candidatos a Património Mundial eram seleccionados com base em seis critérios culturais e quatro critérios naturais. Actualmente, existe uma única série de dez critériosntável Concelho da Europa https://web.archive.org/web/20051228142523/http:/www.coe.int/ t/pt/com/about_coe/ Carta de Atenas (1931)
I- Doutrinas. Princípios Gerais
A Conferência ouviu a exposição dos principios gerais e doutrinas
relativas protecção de monumentos. Qualquer que seja a diversidade dos casos específicos, em que cada um possa comportar uma solução, constatou que, nos diversos Estados representados, predomina uma tendência geral para abandonar as recontituições integrais e evitar os seus riscos, pela instituição de uma manutenção regular e permanente, adequada a assegurar a conservação dos edificios. Na situação em que um restauro surja como indispensável, como consequência de degradação ou de destruição, recomenda o respeito pela obra histórica e artistica do passado sem banir o estilo de nenhuma época. A Conferência recomenda que se mantenha a ocupação dos monumentos, que se assegure a continuidade da sua vida consagrando-os contudo a utilizações que respeitem o seu carácter histórico ou artístico. II - Administração e Legislação dos Monumentos Históricos
A Conferência ouviu a exposição sobre as legislações cujo objectivo é o
de proteger os monumentos de interesse histórico, artístico ou científico pertencentes às diferentes nações. Aprovou unanimemente a tendência geral que consagra nesta matéria um certo direito da colectividade perante a propriedade privada. Constatou que as diferenças entre estas legislações provinham das dificuldades de conciliar o direito publico e o direito dos particulares. Em consequência, ao aprovar-se a tendência geral destas legislações, estima-se que elas devem ser apropriadas às circunstâncias locais e ao estado da opinião publica, de forma a encontrar o mínimo de oposição possível, tendo em conta, em relação aos proprietários, os sacrifícios que eles são chamados a assumir no interesse geral. Faz votos para que em cada Estado a autoridade pública esteja investida do poder, em caso de urgência, de tomar as medidas de conservação. Deseja vivamente que o Conselho Internacional de Museus publique uma recolha e um quadro comparativo das legislações em vigor nos diferentes Estados e a mantenha atualizada. III - A valorização dos monumentos
A Conferência recomenda o respeito, na construção dos edificios, pelo
carácter e a fisionomia das cidades, sobretudo na vizinhança de monumentos antigos cuja envolvente deve ser objecto de cuidados particulares. Também alguns conjuntos e certas perspectivas particularmente pitorescas, devem ser preservadas. Há também necessidade de estudar as plantas e ornamentações vegetais adequadas a certos monumentos ou conjuntos de monumentos para lhes conservar o seu carácter antigo. Recomenda sobretudo a supressão de toda a publicidade, de toda a presença abusiva de postes ou fios telefónicos, de toda a indústria ruidosa, incluindo as chaminés altas, na vizinhança dos monumentos artisticos ou históricos. IV - Os materiais do restauro
Os peritos ouviram diversas comunicações relativas ao emprego dos
materiais modernos para a consolidação dos edificios antigos. Aprovam o emprego sensato de todos os recursos da técnica moderna e muito especialmente do betão armado. Especificam que os elementos resistentes devem ser dissimulados, salvo impossibilidade total, a fim de não alterar o aspecto e o carácter do edificio a restaurar. Recomendam-nos, muito especialmente, nos casos onde se considere conveniente evitar os riscos de desmontagem e remontagem dos elementos a conservar. V - As degradações dos monumentos
A Conferência constata que, nas condições de vida moderna, os
monumentos do mundo inteiro se encontram cada vez mais ameaçados pelos agentes atmosférfcos. Para além das precauções habituais e das soluções felizes obtidas na conservação da estatuária monumenal pelos métodos correntes, não se saberia, tendo em consideração a complexidade dos casos e o estado actual dos conhecimentos, formular regras gerais, para lá das precauções habituais e das soluções bem sucedidas que se verificaram na estatuária monumental pelos métodos correntes. A Conferência recomenda: 1º- A colaboração, em cada país, dos conservadores de monumentos e dos arquitectos com os representantes das ciências fisicas, químicas e naturais, para conseguir alcançar métodos aplicáveis aos diferentes casos. 2º- Ao Conselho Internacional de Museus que se mantenha ao corrente dos trabalhos empreendidos em cada pais sobre estas matérias e que lhes dê lugar nas suas publicações. A Conferência, no que respeita à conservação da escultura monumental, considera que o deslocação das obras do enquadramento para o qual elas tinham sido criadas é em principio indesejável. Recomenda, a título de precaução, a preservação dos modelos originais, e, na sua falta, a execução de moldes. VI - A técnica de conservação
A Conferência constata com satisfação que os principios e as técnicas
expostas nas diversas comunicações de pormenor se inspiram numa tendência comum, a saber: Quando se trata de ruínas impõe-se uma conservação escrupulosa, recolocando no seu lugar os elementos originais encontrados (anastilose) sempre que o caso o permita; os materiais novos necessários a este efeito deverão ser sempre identificáveis. Quando a conservação de ruinas, trazidas à luz do dia no decurso de uma escavação for reconhecida como impossível, é aconselhado enterrá-las de novo, depois de, bem entendido, terem sido feitos levantamentos rigorosos. Deve dizer-se que a técnica e a conservação de uma escavação impõem a colaboração estreita do arqueólogo e do arquitecto. Ouanto aos outros monumentos, os peritos estiveram unanimamente de acordo em aconselhar, antes de qualquer consolidação ou restauro parcial, a análise escrupulosa das patologias desses monumentos. Eles reconheceram, com efeito, que cada caso constituía um caso especifico. VII - A conservação dos monumentos e a colaboração internacional
a) Cooperação técnica e moral
A Conferência, convencida de que a conservação do património artistico e arqueológico da humanidade interessa à comunidade dos Estados, guardiões da civilização; Deseja que os Estados, agindo de acordo com o espírito do Pacto da Sociedade das Nações, se prestem a uma colaboração sempre mais vasta e mais concreta, com o objectivo de favorecer a conservação dos monumentos artisticos e históricos; Estima ser altamente desejável que as instituições e agrupamentos qualificados possam, sem prejuizo do direito público internacional, manifestar o seu interesse pela salvaguarda das obras primas nas quais a civilização se exprimiu ao mais alto nivel e que pareçam ameaçadas; Faz votos para que os pedidos submetidos com este fim ao organismo da cooperação intelectual da Sociedade das Nações, possam ser confiados à benevolente atenção dos Estados. Caberia à Comissão Internacional de Cooperação Intelectual, após informação do Conselho Internacional de Museus e após ter recolhido toda a informação útil, especialmente junto da Comissão Nacional de Cooperação Intelectual interessada, pronunciar-se sobre a oportunidade das diligências a empreender e sobre o procedimento seguir em cada caso particular. Os membros da Conferência após terem visitado, no decurso dos trabalhos e do intercâmbio de estudos que fizeram nessa ocasião, diversos campos de arqueológicos e monumentos antigos da Grécia, foram unânimes em render homenagem ao Governo Grego que, durante longos anos, ao mesmo tempo que assegurava ele próprio trabalhos consideráveis, aceitou a colaboração de arqueólogos e especialistas de todos os paises. Os referidos membros viram aí um exemplo que não pode senão contribuir para a realização dos objectivos de cooperação intelectual e cuja necessidade lhes ocorreu no decurso dos trabalhos. b) O papel da educação no respeito pelos monumentos A Conferência está profundamente convicta de que a melhor garantia de conservação dos monumentos e obras artísticas vem do respeito e do empenhamento dos próprios povos e, considerando que estes sentimentos podem ser grandemente favorecidos por uma acção apropriada dos poderes publicos, faz votos para que os educadores habituem a infância e a juventude a abster-se de degradar os monumentos quaisquer que sejam, e lhes transmitam o interesse, de uma maneira geral, pela protecção dos testemunhos de todas as civilizações. c) Criar uma documentação internacional A Conferência faz votos para que: 1º- Cada Estado, ou as instituições criadas ou reconhecidas competentes para esse fim, publiquem um inventário dos monumentos históricos nacionais acompanhado de fotografias e descrições; 2º- Cada Estado constitua arquivos onde sejam reunidos todos os documentos relativos aos seus monumentos históricos; 3º - Cada Estado deposite no Conselho Internacional de Museus as suas publicações; 4º- O Conselho consagre, nas suas publicações, artigos relativos aos processos e aos métodos gerais de conservação de monumentos históricos; 5º - O Conselho estude a melhor utilização das informações assim centralizadas.
CONVENÇÃO CULTURAL EUROPEIA- 1954
Os Governos signatários da presente Convenção, membros do Conselho da Europa; Considerando que o objectivo do Conselho da Europa é realizar uma união mais estreita entre os seus membros, especialmente com o intuito de salvaguardar e promover os ideais e os princípios que constituem o seu património comum; Considerando que uma compreensão mútua mais ampla entre os povos da Europa permitiria alcançar mais rapidamente esse objectivo; Considerando que para esses fins é desejável não só a celebração de convenções culturais bilaterais entre os membros do Conselho, mas também a adopção de uma política comum visando salvaguardar e fomentar o desenvolvimento da cultura europeia; Tendo decidido celebrar uma convenção cultural europeia geral com vista a incrementar entre os nacionais de todos os membros do Conselho e dos outros Estados europeus que venham a aderir a esta Convenção o estudo das línguas, da história e da civilização das outras Partes Contratantes e, bem assim, da sua civilização comum;
DAS CIDADES HISTÓRICAS A Carta do ICOMOS sobre a salvaguarda das cidades históricas é o resultado de 12 anos de estudos desenvolvidos por especialistas internacionais. O documento foi adotado na 8ª Assembleia-Geral do COMOS, em Washington, D.C. (Estados Unidos da América), a 15 de outubro de 1987, e ficou conhecido como Carta de Washington. Os termos da Carta são propositadamente gerais; a nível internacional há muitos métodos de planeamento e proteção das cidades históricas, há muitas formas de fazer sentir o impacto do desenvolvimento urbano nos modelos das sociedades pós-industriais e esta diversidade é abordada nesta Carta. Todas as cidades do Mundo, por serem o resultado de um processo de desenvolvimento mais ou menos espontâneo ou de um projeto deliberado, são a expressão material da diversidade das sociedades ao longo da sua História. A presente Carta refere-se a conjuntos urbanos históricos, de maior ou menor dimensão, incluindo as cidades, as vilas e os centros ou bairros históricos com a sua envolvente natural ou construída pelo homem, os quais para além de constituírem documentos históricos são a expressão dos valores próprios das civilizações urbanas tradicionais. Actualmente estes conjuntos encontram-se ameaçados de degradação, de deterioração e até de destruição, devido ao impacto do urbanismo nascido da era industrial e que afecta actualmente todas as sociedades do mundo. Face a esta situação, por vezes dramática, que provoca perdas irreversíveis de carácter cultural e social, e inclusivamente económico, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), julgou necessário redigir uma Carta Internacional para a Conservação das Cidades Históricas. Complementar à Carta Internacional para a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios (Veneza, 1964), este novo texto define os princípios e os objectivos, os métodos e os instrumentos considerados apropriados para conservar a qualidade das cidades históricas e favorecer a harmonia entre a vida individual e colectiva, perpetuando o conjunto dos bens culturais, ainda que modestos, que constituem a memória da Humanidade. Tal como no texto da Recomendação da UNESCO sobre a salvaguarda dos conjuntos históricos e da sua função na vida contemporânea (Nairobi, 1976), e também noutros documentos internacionais, entende-se por salvaguarda das cidades históricas, o conjunto das medidas necessárias para a sua protecção, conservação e restauro, assim como para o seu desenvolvimento coerente e adaptação harmoniosa à vida contemporânea. file:///C:/Users/Asus%20VivoBook/Downloads/5%20-%20CARTA %20DE%20SALVAGUARDA%20SOBRE%20AS%20CIDADES%20HIST %C3%93RICAS%20%20-%20ICOMOS%20-%20WASHINGTON%20- %201987.pdf
CARTA DE FLORENÇA SOBRE A SALVAGUARDA DE
JARDINS HISTÓRICOS 1981
Reunida em Florença em 21 de maio de 1981, a Comissão
Internacional dos Jardins Históricos ICOMOS-IFLA decidiu elaborar uma Carta relativa à salvaguarda de jardins históricos, que terá o nome desta cidade. Esta Carta foi redigida pela Comissão e adotada em 15 de dezembro de 1982 pelo ICOMOS com vista a completar a Carta de Veneza neste domínio específico. file:///C:/Users/Asus%20VivoBook/Downloads/6%20-%20CARTA %20DE%20FLOREN%C3%87A%20SOBRE%20A%20SALVAGUARDA %20DOS%20JARDINS%20HIST%C3%93RICOS%20- %201981%20(1).pdf
Convenção para a Salvaguarda do Património
Arquitetónico da Europa/ Convenção de Granada 1985-1990 Os Estados membros do Conselho da Europa, signatários da presente Convenção: Considerando que o objetivo do Conselho da Europa é realizar uma união mais estreita entre os seus membros, nomeadamente a fim de salvaguardar e promover os ideais e princípios que constituem o seu património comum; Reconhecendo que o património arquitetónico constitui uma expressão insubstituível da riqueza e da diversidade do património cultural da Europa, um testemunho inestimável do nosso passado e um bem comum a todos os europeus; Tendo em conta a Convenção Cultural Europeia, assinada em Paris em 19 de dezembro de 1954, e nomeadamente o seu artigo 1.º; Tendo em conta a Carta Europeia do Património Arquitetónico, adotada pelo Comité de Ministros do Conselho da Europa em 26 de Setembro de 1975, e a Resolução (76) 28, adotada em 14 de Abril de 1976, relativa à adaptação dos sistemas legislativos e regulamentares nacionais às exigências da conservação integrada do património arquitetónico; Tendo em conta a Recomendação n.º 880 (1979) da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, relativa à conservação do património arquitetónico; Tendo em conta a Recomendação n.º R (80) 16 do Comité de Ministros aos Estados membros sobre a formação especializada de arquitectos, urbanistas, engenheiros civis e paisagistas, assim como a Recomendação n.º R (81) 13 do Comité de Ministros, adotada no dia 1 de Julho de 1981, sobre as ações a empreender em benefício de certas profissões, ameaçadas de desaparecimento, no âmbito da atividade artesanal; Recordando que é necessário transmitir um sistema de referências culturais às gerações futuras, melhorar a qualidade de vida urbana e rural e incentivar, ao mesmo tempo, o desenvolvimento económico, social e cultural dos Estados e das regiões; Afirmando que é necessário concluir acordos sobre as orientações essenciais de uma política comum, que garanta a salvaguarda e o engrandecimento do património arquitetónico; file:///C:/Users/Asus%20VivoBook/Downloads/7%20-%20CONVEN %C3%87%C3%83O%20DE%20GRANADA%20(1985%20E %201990).pdf
Convenção Europeia da Paisagem- 2000
Considerando que o objectivo do Conselho da Europa é alcançar uma maior unidade entre os seus membros a fim de salvaguardar e promover os ideais e princípios que constituem o seu património comum, e que este objectivo é prosseguido em particular através da conclusão de acordos nos domínios económico e social; Preocupados em alcançar o desenvolvimento sustentável estabelecendo uma relação equilibrada e harmoniosa entre as necessidades sociais, as actividades económicas e o ambiente; Constatando que a paisagem desempenha importantes funções de interesse público, nos campos cultural, ecológico, ambiental e social, e constitui um recurso favorável à actividade económica, cuja protecção, gestão e ordenamento adequados podem contribuir para a criação de emprego; Conscientes de que a paisagem contribui para a formação de culturas locais e representa uma componente fundamental do património cultural e natural europeu, contribuindo para o bem-estar humano e para a consolidação da identidade europeia; Reconhecendo que a paisagem é em toda a parte um elemento importante da qualidade de vida das populações: nas áreas urbanas e rurais, nas áreas degradadas bem como nas de grande qualidade, em áreas consideradas notáveis, assim como nas áreas da vida quotidiana; Constatando que as evoluções das técnicas de produção agrícola, florestal, industrial e mineira e das técnicas nos domínios do ordenamento do território, do urbanismo, dos transportes, das infra- estruturas, do turismo, do lazer e, de modo mais geral, as alterações na economia mundial estão em muitos casos a acelerar a transformação das paisagens; Desejando responder à vontade das populações de usufruir de paisagens de grande qualidade e de desempenhar uma parte activa na sua transformação; Persuadidos de que a paisagem constitui um elemento-chave do bem- estar individual e social e que a sua protecção, gestão e ordenamento implicam direitos e responsabilidades para cada cidadão;
Lei de Bases do Patrimonio Cultural- Lei n.o 107/2001
Regime jurídico de salvaguarda do património cultural
imaterial Decreto-Lei n.º 139/2009 Decreto-Lei n.º 139/2009 de 15 de Junho O presente decreto-lei estabelece o regime jurídico de salvaguarda do património cultural imaterial, em desenvolvimento do disposto na Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, que estabeleceu as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural, de harmonia com o direito internacional, nomeadamente com a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, adoptada na 32.ª Conferência Geral da UNESCO, em Paris em 17 de Outubro de 2003, aprovada pela Resolução da Assembleia da República n.º 12/2008, de 24 de Janeiro, e ratificada pelo Decreto do Presidente da República n.º 28/2008, de 26 de Março. Reconhece-se a importância do património cultural imaterial na articulação com outras políticas sectoriais, e na própria internacionalização da cultura portuguesa, e estabelece-se, de forma pioneira, um sistema de inventariação através de uma base de dados de acesso público que permite a participação das comunidades, dos grupos ou dos indivíduos na defesa e valorização do património cultural imaterial, designadamente do património que criam, mantêm e transmitem. Valoriza-se, assim, o papel que a vivência e reconhecimento do património cultural imaterial desempenha na sedimentação das identidades colectivas, a nível local e nacional, ao mesmo tempo que se propicia um espaço privilegiado de diálogo, conhecimento e compreensão mútuos entre diferentes tradições. É precisamente o reconhecimento da importância e diversidade do património cultural imaterial enquanto factor essencial para a preservação da identidade e memória colectivas das comunidades e grupos, bem como da relevância do papel desempenhado por estes nos processos de representação e transmissão do conhecimento, que norteia o regime jurídico de salvaguarda desenvolvido pelo presente decreto-lei. Em consonância com as novas competências orgânicas decorrentes do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), consagra-se a responsabilidade de coordenação das diversas iniciativas no âmbito da salvaguarda do património cultural imaterial ao Instituto dos Museus e da Conservação, I. P., de forma a articular esforços e potenciar sinergias na salvaguarda deste património. No âmbito da salvaguarda das manifestações do património cultural imaterial, sobretudo no que diz respeito ao processo de inventariação, as direcções regionais da cultura desempenham um papel determinante, enquanto administração cultural de proximidade, no apoio necessário às comunidades, grupos ou indivíduos. Num procedimento desmaterializado que se opera por plataforma informática, esta colaboração dos serviços mais próximos da população é indispensável para garantir a efectiva participação dos interessados, o que constitui o principal objectivo do sistema. O decreto-lei enquadra, ainda, a participação das autarquias locais, cujo papel reveste especial importância, na promoção e apoio para o conhecimento, defesa e valorização das manifestações do património cultural imaterial mais representativas das respectivas comunidades, incluindo as minorias étnicas que as integram. O sistema de inventariação instituído possibilita também, enquanto mecanismo de salvaguarda do património cultural imaterial, a desejável uniformização de procedimentos e o respeito pelas boas práticas em contexto de identificação, recolha, estudo e documentação das múltiplas manifestações do património cultural imaterial. Ao mesmo tempo o inventário nacional do património cultural imaterial permite corresponder a um dos requisitos fundamentais impostos pela Convenção da UNESCO de 2003 para possíveis candidaturas à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade e à Lista do Património Cultural Imaterial Que Necessita de Salvaguarda Urgente. O inventário nacional resultante da inventariação das manifestações do património cultural imaterial permite, de igual modo, esclarecer o universo e conteúdo das manifestações a serem consideradas em sede de elaboração de planos sectoriais e de propostas de classificação de património cultural móvel e imóvel associado. A inventariação de manifestações do património cultural imaterial pressupõe uma decisão valorativa para efeitos de inscrição no inventário a qual deve revestir o maior grau de objectividade e isenção. Neste sentido, a inventariação deve resultar do consenso atingido por uma comissão independente, constituída por individualidades de reconhecido mérito no estudo e salvaguarda do património cultural imaterial. Institui-se, assim, a Comissão para o Património Cultural Imaterial como órgão independente com competência exclusiva para decidir sobre a inscrição de manifestações do património cultural imaterial no inventário nacional. Para o efeito impõese a maioria qualificada para as deliberações sobre as inscrições no inventário e consagram-se os deveres e as garantias dos membros da Comissão que são nomeados trienalmente. A par das funções deliberativas, a Comissão tem competências consultivas no âmbito das componentes específicas da política do património cultural imaterial e é igualmente responsável pela actualização do inventário face ao carácter dinâmico e mutável deste tipo de património. Por último, julga-se de salientar o facto de, para efeitos de aplicação do presente decreto-lei, apenas se considerar como património cultural imaterial o património que se mostre compatível com as disposições nacionais e internacionais que vinculem o Estado Português em matéria de direitos humanos, bem como com as exigências de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos. Introdução ao Direito de Património Cultural file:///C:/Users/Asus%20VivoBook/Downloads/CAP.%20II%20- %20Jos%C3%A9%20Casalta%20NABAIS%20(2010).%20Introdu %C3%A7%C3%A3o%20ao%20direito%20do%20patrim%C3%B3nio %20cult...Cap.%20II%20,%20pp85-157.%20Uso%20acad %C3%A9mico.pdf