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Universidade de Évora

Docente: Professora Doutora Mafalda Soares


Discente: Diogo Alexandre Oliveira Silva nº46407
Unidade curricular: Expansão e Dinâmicas Coloniais
Data: 26/05/2021

Comentário
- Apresentação 7 - REBELO, Luís de Sousa (2010). “Língua e Literatura no Império
Português” In Francisco Bethencourt, Diogo Ramada Curto (dir.). A Expansão
Marítima Portuguesa, 1400-1800 . Lisboa: Edições 70, 371-402.

Com base no excerto da autoria de Luís Rebelo, conseguimos observar e


questionar a importância tradicional da historiografia nas letras portuguesas. Neste caso
em específico, com enfoque nos trabalhos literários portugueses dos séculos XV a XVII,
destaca-se uma série de fatores - entre eles os impactos da expansão, as novas realidades
ultramarinas e o reforço do poder da monarquia - que é essencial para a compreensão
deste processo expansionista.

Como principal objetivo estaria a necessidade de relatar os acontecimentos e os


contactos estabelecidos com outros povos. Assim sendo, coube aos cronistas - Fernão
Lopes e Gomes Eanes de Zurara por exemplo - iniciar um levantamento historiográfico
de todos os principais acontecimentos; os quais explicariam a forma como os portugueses
observavam os outros - povos das colónias e os próprios concorrentes a nível europeu -; o
modo como retratavam as suas próprias ações; o papel dos cronistas na legitimação do rei;
e por último, a narrativa de enaltecimento da expansão ultramarina. Todas estas causas
constam-se ao longo das diversas obras escritas, seja de Zurara ou Fernão Lopes, de Sá de
Miranda ou Rui de Pina. Um exemplo apontado no texto localiza-se nos textos de Zurara,
onde está presente a forma como os portugueses viam os africanos. Inicialmente, as
reações foram muito negativas, devido à cor de pele, dado que esta os associava com o
diabo. As reações prévias apresentaram a globalidade dos africanos como mouros, o que,
pelo contrário, não se sucedeu nos textos de Zurara, nos quais demonstra diversas
gradações da religião muçulmana e atitudes muito variantes umas das outras em relação
aos cristãos. Outro exemplo encontra-se nos trabalhos de Rui de Pina - mais precisamente
no relato da chegada ao Congo -, onde ele aborda as dificuldades ultrapassadas pelos

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Diogo Silva
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portugueses em termos de comunicação com os nativos. A solução deste problema


resolveu-se no ensino do portugues a um certo numero de membros desta população na

própria metrópole, o que, ao mesmo tempo, pode ter tido algum impacto no aprendizado
português. Da mesma autoria, mas, com um âmbito distinto, Rui de Pina sobressai o
reforço do poder do monarca, ou seja, da monarquia no geral. Segundo a crónica de D.
Afonso V, o autor pretende transmitir a sua própria experiência pessoal com o monarca,
originando, talvez, um certo sentimento de aproximação do leitor com o poder em
pessoa. Este tipo de escrita permitia, como supramencionado, legitimar o poder régio,
fortalecendo-o.

Em conclusão, mesmo que Luís Rebelo não tenha finalizado as ideias levantadas,
compreende-se o importante papel da literatura portuguesa e de todos os envolvidos com
a mesma na difusão e consolidação da língua portuguesa e dos seus intervenientes.

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Diogo Silva

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