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Letras em dia, Português, 12 .

° ano Testes por sequência • Teste 2

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3 Explicita o valor das interrogações retóricas utilizadas na última estrofe, relacionando-as com o
sentido do último verso, enquanto conclusão do poema.

4 Completa as afirmações seguintes, selecionando a opção adequada a cada espaço.


e
Regista as letras – (a), (b) e (c) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção
selecionada em cada um dos casos.

Neste poema de Alberto Caeiro, são percetíveis várias características da escrita deste
heterónimo pessoano. De facto, o discurso poético pauta-se pelo uso de um tom (a) ,
recriando uma linguagem (b) de artifícios, que se harmoniza com a (c)
comunicativa das ideias apresentadas.

(a) (b) (c)

1. solene 1. despojada 1. complexidade


2. formal 2. repleta 2. ambiguidade
3. coloquial 3. dependente 3. simplicidade

Parte B
Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.

Levad’1, amigo, que dormides as manhanas 2 frias


tôdalas3 aves do mundo d’amor dizia[m]:
leda4 m’and’eu.
Levad’, amigo que dormide’las frias manhanas
5 tôdalas aves do mundo d’amor cantavam:
leda m’and’eu.

Tôdalas aves do mundo d’amor diziam,


do meu amor e do voss[o] em ment’haviam5:
leda m’and’eu.

10 Tôdalas aves do mundo d’amor cantavam,


do meu amor e do voss[o] i enmentavam6:
leda m’and’eu.

Do meu amor e do voss[o] em ment’haviam


vós lhi tolhestes7 os ramos em que siíam8:
15 leda m’and’eu.

Do meu amor e do voss[o] i enmentavam


vós lhi tolhestes os ramos em que pousavam:
leda m’and’eu.
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Grupo II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Lê o texto.

Quando as árvores eram rainhas

A Idade Média não é apenas a época dos cavaleiros e das damas, dos servos e dos
senhores, dos torneios e dos reis. É, acima de tudo, o tempo da floresta e das árvores. Num dos
seus primeiros livros, Guerreiros e Camponeses, o grande medievalista francês Georges Duby
escreveu: «Até ao final do século XII, a proximidade de um vasto pano de fundo florestal ressoava
5 em todos os aspetos da civilização: a sua marca tanto pode ser encontrada nos temas dos
romances corteses como nas formas inventadas pelos decoradores góticos. Para os homens da
época, a árvore é a manifestação mais óbvia da natureza vegetal.»
A floresta, as suas formas, as suas criaturas, as suas lendas, as suas clareiras, mas também
a madeira como elemento omnipresente na vida quotidiana ocupam o espaço vital e o imaginário
10 do mundo medieval. Até ao ano 1000, como estudou a medievalista Ana Rodríguez, do Conselho
Superior da Investigação Científica (CSIC), o material de construção mais comum era a madeira
e não a pedra. [...]

Inspiração à sombra

A floresta é simultaneamente o local de todos os perigos, dos animais selvagens, dos


15 ataques (de bandidos), e um espaço de vida, com água e todos os recursos da Natureza, como
a caça. Por todas estas razões, constitui o refúgio ideal para marginais, como o bando de Robin
dos Bosques, outro dos grandes mitos medievais associados à floresta e às árvores. Além dos
seus mistérios, das suas feras e das suas solidões, as florestas também acolheram o amor cortês,
por vezes em segredo. [...]
20 O homem medieval explorou excessivamente os recursos da floresta, mas nunca conseguiu
esgotá-los, como aconteceria alguns séculos mais tarde com a revolução industrial. A floresta
era infinita e a madeira ocupava o centro da vida. [...]
Tolkien recorreu ao seu profundo conhecimento do mundo medieval para recriar, em O
Senhor dos Anéis, o poder das florestas com Fangorn e os seres que as habitam, os Ents,
25 aquelas árvores vivas que podem adormecer para sempre e parar de se mover, e que estão
constantemente à procura das mulheres Ents, que parecem ter desaparecido.
De facto, após a Idade Média, a floresta será sujeita a um processo constante de destruição
e exploração que terminará no século XIX com a Idade do Carvão, e as consequências que
conhecemos. A Idade Média é talvez o último período em que as árvores dominaram o mundo.

ALTARES, Guillermo, 2020. «Quando as árvores eram rainhas».


Courrier Internacional, n.º 296, outubro de 2020 (pp. 66-67)
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1 O primeiro período do texto sugere que


(A) prevalece uma ideia estereotipada da Idade Média.
(B) a Idade Média foi um período de fortes contrastes sociais.
(C) a Idade Média se caracterizou por relações sociais desequilibradas.
(D) o texto irá abordar questões polémicas relativas à época medieval.

2 De acordo com o texto, na Idade Média, as florestas assumiam-se como


(A) espaços exclusivos do imaginário medieval.
(B) locais isentos de perigo.
(C) lugares de possibilidades múltiplas.
(D) espaços, predominantemente, arriscados.

3 A exploração das florestas na Idade Média reflete


(A) a preocupação ambiental que, desde cedo, assolou o ser humano.
(B) a indiferença humana em relação à finitude dos recursos naturais.
(C) uma utilização consciente dos recursos naturais.
(D) a preocupação em relação às gerações vindouras.

4 Ao referir a figura de Robin dos Bosques e a obra de Tolkien (O Senhor dos Anéis), o autor
(A) destaca a relevância das florestas no imaginário da Idade Média.
(B) realça a imprescindibilidade das florestas no processo de criação artística.
(C) valoriza o papel do ser humano em detrimento do papel da natureza.
(D) evidencia a influência das florestas na criação de universos míticos e ficcionais.

5 No contexto em que ocorre, o vocábulo «para» (l. 16) contribui para a coesão textual
(A) gramatical referencial.
(B) gramatical interfrásica.
(C) gramatical frásica.
(D) lexical por substituição.

6 Identifica o processo que esteve na origem da formação de cada uma das seguintes palavras:
a) «omnipresente» (l. 9);
b) «infinita» (l. 22).

7 Classifica a oração «que terminará no século XIX com a Idade do Carvão» (l. 28) e refere a função
sintática do elemento que a introduz.
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Letras em dia, Português, 12 .° ano Sugestões de resolução

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Sugestões de resolução do Teste 2 2 In Explicitação dos critérios de classificação e respetivas cotações
– Exame Final Nacional de Literatura Portuguesa – 2022, 2.ª fase.

Grupo I – Parte A
Grupo I – Parte C
1. O sujeito poético caracteriza-se como alguém que
considera o ato de não pensar como seu traço 7. Resposta pessoal. Tópicos de resposta:
constitutivo e que, por isso, se sente distanciado e se – face à consciência da efemeridade da vida e à
ri de haver «gente que pensa» (v. 4). Vive das inevitabilidade da morte, Ricardo Reis procede a uma
sensações, nega a utilidade do pensamento e defende encenação da mortalidade, defendendo que se deve
uma atitude objetivista perante a realidade (vv. 11 e 16- fruir o momento presente com tranquilidade, sem
19). anseios futuros, baseando-se na máxima epicurista
do carpe diem (exemplo textual: «Mestre, são
2. Os versos exprimem o descontentamento do «eu»
plácidas»);
consigo mesmo por se ter surpreendido a perguntar-
se «cousas», isto é, a pensar, o que significa ter-se – a vivência do presente deve pautar-se pela
traído, por momentos, a si próprio, caindo no erro que disciplina e contenção e pela aceitação do Destino
critica nos outros. Mesmo que momentânea, esta inelutável, de acordo com a perspetiva estoicista,
contradição provoca-lhe um desagrado e um uma vez que o homem não tem poder de escolha e
desconforto quase físicos (v. 9).1 que qualquer perturbação gerará apenas dor
(exemplo textual: «Vem sentar-te comigo, Lídia, à
3. As interrogações retóricas dos versos 10 e 15 beira do rio»).
salientam a indiferença do sujeito poético face ao ato
de pensar e marcam o seu afastamento relativamente
Grupo II
a essa problemática. Por seu lado, o verso final surge
formulado como a conclusão do poema e, em 1. (A).
particular, da argumentação iniciada no verso 15, 2. (C).
relativa ao que o sujeito poético perderia se
«pensasse» e ao que ganha não pensando. Assim, 3. (B).
pensar significaria deixar de ver a realidade para «ver 4. (D).
só» as construções abstratas dos «pensamentos»,
que se interporiam, como uma cortina, entre o «eu» e 5. (C).
«as árvores», «as plantas», e a «Terra», deixando-as 6. a) Composição morfológica.
«às escuras». Pelo contrário, não pensando, nada se b) Derivação por prefixação.
interpõe entre o seu olhar e a realidade das coisas do
mundo; em suma, não pensar é libertar de 7. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva;
subjetividade a visão do real, é restituir ao olhar a «que» – sujeito.
capacidade de ver o mundo na sua plenitude, é sentir-
se dono da «Terra» e do «Céu». Grupo III
1 In Explicitação dos critérios de classificação e respetivas cotações Resposta pessoal.
– Prova Escrita de Português B – 2002, 1.ª fase, 1.ª chamada.

4. a) 3; b) 1; c) 3.

Grupo I – Parte B
5. Nas duas primeiras estrofes, com o seu apelo, a
donzela expressa a vontade de acordar o «amigo». Por
outro lado, identifica o interlocutor (através da
apóstrofe), evidenciando a relação amorosa entre
ambos. Para além disso, interpela o «amigo»,
avisando-o da aproximação do dia (na tradição da
alba).2

6. Na estrutura temática do poema, podem identificar-


se duas partes distintas. Assim, nas primeiras quatro
estrofes, é sobretudo evocada a felicidade associada
ao sentimento amoroso recíproco. Já nas quatro
últimas estrofes, predomina a expressão do
sofrimento da donzela pelo fim do idílio.2

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