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ESTADO DE MATO GROSSO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO


SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTO ARAGUAIA
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS

(CAPA)

(FORMATAÇÃO DA PÁGINA: margens superior e esquerda 3 cm, direita e


inferior 2 cm. fonte 12, times new roman ou arial, PAPEL A4, impressão
somente no anverso da folha)

Adilson Cunha de Miranda

A voz de um povo na literatura

Alto Araguaia, 2022


(FOLHA DE ROSTO)

Adilson Cunha de Miranda

A voz de um povo na literatura

Monografia de conclusão de curso


apresentada à Universidade do Estado de
Mato Grosso – UNEMAT, Campus de Alto
Araguaia – Curso de Licenciatura em
Letras, como requisito parcial para
obtenção do grau de Licenciado em
Letras.

Orientador: Dr. Prof°. Isaac Ramos

Alto Araguaia, 2023


FOLHA DE APROVAÇÃO

Adilson Cunha de Miranda

TÍTULO

Monografia de conclusão de curso


apresentada à Universidade do Estado de
Mato Grosso – UNEMAT, Campus de Alto
Araguaia – Curso de Bacharelado em
Direito, como requisito parcial para
obtenção do grau de Licenciado em
Letras.
.

Aprovada em ______ de __________ de _________.

Banca Examinadora:

Professor/a Dr./a ou Me. (Orientador/a):

(Nome) ________________________________________

Professor/a Dr./a ou Me. (Membro):

(Nome) ________________________________________

Professor/a Dr./a ou Me. (Membro):

(Nome) ________________________________________

Alto Araguaia, 2023


Dedico este trabalho a Deus; sem

ele eu não teria capacidade para

desenvolver este trabalho.

Dedico à Stefany de Carvalho,

por acreditar nessa realização e

me incentivar nos momentos

difícil, não só nos ambientes da

graduação, mas também no

cotidiano.

Dedico à Márcia Teixeira dos

Santos por ressuscitar os meus

sonhos em 2014, pois tinha

desistido dos estudos e ela foi

essencial pra essa conquista

Dedico à Tania Mara da Cunha

de Miranda por acreditar nos

meus sonhos e realizações.


AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sua bondade e me auxiliado até o presente momento em todos os

obstáculos da graduação e também na minha vida .

Aos meus pais Mário Pereira de Miranda, Maura Tavares da Cunha e aos meus

irmãos e amigos por todo o apoio para a realização desse trabalho

Aos professores, pelos ensinamentos e dedicação e também amizade, não só

durante o curso, mas também, para a vida.

Ao Dr. Prof. Isaac Ramos meu orientador de Literatura Comparada, pelo apoio e

dedicação em todo o percurso do curso.

Às pessoas cоm as quais convivi aо longo desses anos de curso, que me

incentivaram e que certamente tiveram impacto na minha formação acadêmica.

À Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), pela dedicação, recepção e

por tudo o que aprendi ao longo dos anos do curso.


“Reinventar imagens da unidade perdida,

eis o modo que a poesia do mito e do

sonho encontrou para resistir à dor das

contradições que a consciência vigilante

não pode deixar de ver. As vezes, bem

intelecto transforma em substância eterna

essa pena, como o faz o pessimismo

cósmico de Schopenhauer, mas, ainda

aqui, o filósofo soube ver na arte a pausa

bem-vinda que suspende por algum tempo

a certeza da carência e da dor..”

(BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia.

p. 155)
RESUMO

O presente trabalho tem como tema A voz de um povo na Literatura. O objetivo é


abordar a desigualdade social e as lutas pelos diretos dos cidadãos menosprezados
pelo sistema, em especial os negros e por meio do poeta Dom Pedro Casaldáliga,
além de examinar a cultura e o contexto histórico-social dos poemas: “Cemitério do
sertão”, “Confissão de latifúndio” e “Serra Lamarca”.
Os poemas abordados são do livro Versos adversos da antologia de Pedro
Casaldáliga e respaldam a voz de um povo na Literatura em forma de ladainha pela
liberdade e conquistas de terras, vidas, e respeito igualitário.
Através da comparação das obras de Casaldáliga, mostrá-lo-ei a presença de um
povo na literatura, um povo negro, um povo que luta e não têm voz. Pedro
Casaldáliga é o porta-voz essencial pelas conquistas e da liberdade do povo e
também as relações escravistas seguida da fome e também a revolução do povo e
o regime militar que oprimia a vida e a liberdade do povo.
Abordar a memória de um povo que em forma de poesias tem aclamado e com
objetivo de mostrar as divergências e semelhanças das obras, junto com a crítica
literária essencialmente importante para a análise literária.
Nesse presente trabalho apresento como referência os teóricos Antoine Compagnon
no livro O demônio da teoria; Alfredo Bosi em O ser e o tempo da poesia, obra
fundamental no nosso estudo, essencialmente os capítulos “Imagem, Discurso”, “O
som no signo” e o capítulo “Poesia Resistência”; o teórico alemão Hugo Friedrich é
importantíssimo no processo de construção de nossas análises.
A escolha deste tema surgiu da necessidade de compreender e abraçar a causa dos
desfavoráveis, que desde o século anterior até o presente momento não teve sua
situação mudada.
Abordar esse tema é de suma importância para a sociedade, tendo em vista a
memória do poeta e religioso dom Pedro Casaldáliga, que acreditava até a sua
morte em uma sociedade igualitária e direito às conquistas nessa terra para viver.
Os resultados obtidos são gratificantes, pois a Literatura Comparada leva-nos ao
passado e nos faz viver e valorizar as lutas e conquistas do nosso povo e como
trabalhar a Literatura no ensino básico para a expansão de conhecimento da
verdadeira face da realidade da literatura seja reconhecida, não só nas faculdades,
mas também, no ensino fundamental.
Assim sendo, esta monografia procurará mostrar aos leitores a importância da
literatura e dentro de um contexto histórico. Mostrar que a liberdade e a luta por
direito, custaram o sangue do negro, do índio e dos desfavorecidos e hoje o sangue
desses marginalizados clamam por justiça, que antes foram vencidos pela lei da
desigualdade e o preconceito.

Palavras-chave: Pedro Casaldáliga; voz; negros; índios; liberdade.


ABSTRACT

The present work has as its theme "A voz de um povo na literatura". Where the
objective is to approach social inequality and the struggles for the rights of citizens
despised by the system, especially blacks and Indians through the poet Dom Pedro
Casaldáliga, in addition to examining the culture and historical-social context of the
poems: Cemitério do sertão, Confissão de latifúndio and also Serra Lamarca. The
poems addressed in the book Versos adversos from the anthology by Pedro
Casaldáliga, support the voice of a people in Literature in the form of a litany for
freedom and conquests of land, lives, and egalitarian respect. Through the
comparison of Casaldáliga's works, I will show you the presence of a people in
literature, a black people, an Indian, and the slave relations followed by hunger and
also revolution focused on the voice of a people. It addresses the memory of a
people who, in the form of poetry, have acclaimed and with the aim of showing the
differences and similarities of the works, along with literary criticism. In this present
work, I present as a reference the literary critics (COMPAGNON, Antoine. O demônio
da teoria), “ O ser e a crítica " of Alfredo Bosi as a key piece, essentially the chapters
"Imagem", "Discurso" chapter 13, "O som no Signo" chapter 37 and the Poema
chapter Resistência chapter 139; the German critic Hugo Friedrich, is also very
important for this construction. The choice of this theme arose from the need to
understand and embrace the cause of the unfavorable who, from the previous
century to the present, continue to be disadvantaged. Addressing this issue is of
paramount importance to society, in view of the memory of the thinker Pedro
Casaldáliga who believed until his death in an egalitarian society and the right to
conquer this land to live. The results obtained are gratifying, because Comparative
Literature takes us to the past and makes us live and value the struggles and
achievements of our people and how to work with Literature in Education base for the
expansion of knowledge of the true face of the reality of literature to be recognized ,
not only in faculties, but also in basse teaching. Therefore, this monograph comes to
show readers the importance of literature and, in the historical context, to remember
is to live. To show that freedom and the struggle for rights cost the blood of blacks,
Indians and landowners and today the blood of these marginalized people cry out for
justice, who were previously defeated by the law of inequality and prejudice.

Key-words: voice, blacks, indians, large estates, blood and freedom


SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------P.

2- A VOZ DE UM POVO NO REGIME MILITAR------------------------------------------- P.

2.1 A VOZ DE UM POVO LATIFUNDIÁRIO ------------------------------------------------P.

3- CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------- P.

4- REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------ P.

APÊNDICE ------------------------------------------------------------------------------------------ P.
10

1 INTRODUÇÃO

Tratar da literatura no cotidiano é uma questão da liberdade de expressão,


pois é questionar a possibilidade de uma vida sábia e a possibilidade de um futuro
melhor. A voz de um povo na literatura é tema relevante, posto que pode promover a
valorização humana, a valorização do marginalizado e a lembrança da luta por
direito à liberdade.

A luta pela igualdade, terras e situações de escravidão gerou muitas mortes e


sofrimento nas décadas de 1960-1970, que acabou por repercutir não apenas na
realidade nacional assim como em obras literárias, que passaram a ter sentido a
parte da leitura e a reflexão sobre elas.

Através dos poemas “Serra Lamarca”, “Confissão de latifúndio” e “Cemitério


do sertão” de Dom Pedro Casaldáliga observamos que há a presença do povo na
literatura, sobretudo o povo negro, os índios e também as relações escravistas
seguidas da fome e da busca pela liberdade na sociedade.

Escolhemos os seguintes teóricos para tratarmos este tema: Antoine


Compagnon em partes do livro O demônio da teoria, que tivemos o primeiro contato
na disciplina Teoria Literária I, ministrada pelo professor Isaac Ramos; Alfredo Bosi
em O ser e o tempo da poesia, importante para compreendermos alguns aspectos
da lírica, nesse sentido lemos os seguintes capítulos: “Imagem, Discurso”, “O som
no signo” e o capítulo “Poesia Resistência”; por último e não menos importante,
Hugo Friedrich com o livro Estrutura da lírica moderna, para compreendermos a
evolução da lírica moderna a partir do século XIX.

Essas obras teóricas entrelaçam, em certa medida, a amplitude do objetivo


geral, que é a abordagem da presença dos marginalizados, dos negros e o papel
dos latifundiários nesse processo. No que refere à obra literária de Pedro
Casaldáliga, procuraremos abordar, nos poemas em estudo, principalmente os
aspectos estilístico e semântico. O objetivo básico e mostrar para o leitor que é
possível reviver e voltar no tempo, através dessa obra literária, e entender que a
11

memória desse povo deve ser preservada, não só nesse século 21, mas também
por todos os séculos vindouros. E sobretudo a memória literária de Casaldáliga.

No primeiro capítulo é abordado a luta de Casaldáliga e as consequências do


bispo pela sua dedicação com a liberdade do povo. No poema “Serra Lamarca”
serão abordadas as divergências que sustentam a voz de um povo na literatura. E,
na medida do possível, traremos algumas das discussões dos textos teóricos há
pouco mencionados como os de Compagnon, Bosi, Friedrich e outros textos que,
porventura, se fizerem necessários.

No segundo capítulo abordaremos as lamentações de Casaldáliga em defesa


dos desfavorecidos diante do poder repressor dos latifundiários, sendo importante o
papel futuro do movimento MST, que luta pela terra e na conquista dos direitos
elementares dos cidadãos. Será o momento em que tentaremos analisar
minimamente os poemas “Confissão de latifúndio” e “Cemitério do sertão” do poeta
em estudo.
12

2 A VOZ DE UM POVO NO REGIME MILITAR

A ditadura militar brasileira foi o regime instaurado no Brasil em 1 de abril de


1964 e que durou até 15 de março de 1985, sob comando de sucessivos governos
militares, esse regime deu voz os pobres, negros e todos os povos que tomaram as
dores do povo sofrido pelo sistema.

É uma satisfação trazer em pauta a voz do povo que lutou pela liberdade e o
seu lugar na sociedade. Hoje é reconhecido e respeitado pela literatura e a
sociedade amante da justiça, como Pedro Casaldáliga.

Falar de literatura e não reconhecer a bravura de Dom Pedro Casaldáliga é


assassinar a literatura brasileira, pois esse defensor da liberdade do povo e no
cotidiano da ditadura e se estende até os dias de hoje.

Pedro Casaldáliga natural de Balsareny, na brava região da Catalunha,


Espanha, onde nasceu em 16 de fevereiro de 1928, o padre Pedro Casaldáliga
chegou ao Brasil em janeiro de 1968, em plena ditadura civil-militar implantada em
1964 e foi consagrado bispo de São Félix do Araguaia (MT) pelo papa Paulo VI, em
1971. Pedro Casaldáliga mostrou seu compromisso com os povos menosprezados
como os indígenas, agricultores e escravizados.

Como objeto de estudo, o poema Serra Lamarca, de Pedro Casaldáliga, onde


explicita a guerrilha e bravura do guerreiro Capitão Carlos Lamarca, nascido no Rio
de janeiro, 23 de 1937 e foi morto na Bahia, Pintada no ano de 1971, foi um militar  e
guerrilheiro brasileiro, capitão e, líder da luta contra a ditadura militar, sendo capitão
do exército foi considerado pelos militares traidor da pátria e foi considerado
ameaça para o governo militar, por isso foi procurado até sua morte no regime
militar.

Nessa esteira, convém lembrar ainda, do injustiçado Zequinha Barreto foi


padre e conheceu Carlos Lamarca e andou com Lamarca na perseguição e ajudou a
levá-lo à Bahia, terra natal de Zequinha, onde ambos foram mortos juntos pelos
militares.
13

SERRA LAMARCA

A tarde arriva
O pendão do sol
Frente à Serra Pintada.
Lamarca!

E em Brotas,
(dormindo?,
Tal vez acordada),
A morte- raiz
Re-brotava.
Lamarca, Lamarca...

O sangue tingia
O céu e a memória
Na reta da estrada.
Lamarca, Lamarca, Lamarca!

Nos campos calados,


A muita pobreza
Gritava.
Lamarca!

E a Serra-Lamarca,
Proa de futuro,
A noite rasgava

O poema “Serra Lamarca” de Pedro Casaldáliga é um fato histórico e


importante na literatura e na cultura vindoura. Seu poema destaca pela transferência
e clemência por libertinagem dos sonhos de um povo como todo, com o principal
objetivo no poema conscientizar que a luta não foi em vão e custaram sangue,
torturas e as mortes dos guerrilheiros guerreiros que lutaram para conquistar a
igualdade e a independência do povo.

O poema “Serra Lamarca” de Casaldáliga trás uma memória discursiva de


angústia da ditadura. Casaldáliga nós primeiros versos do Poema descreve o
cenário da morte de Lamarca:

A tarde arriva/
O pendão do sol/
Frente à Serra Pintada./
Lamarca!
14

No primeiro verso o autor explícita o advérbio de tempo “ tarde”, período que


Lamarca foi morto A tarde arriva/o pendão do sol/ e também o local (...)frente à
Serra Pintada./ e no último verso da estrofe um grito de guerra

(....) Lamarca!

Percebe se que na segunda microestrutura do poema o poeta deixa a clareza


do estado que Lamarca foi encontrado e aborda uma pergunta no gerúndio
destacado com parêntese:

(....) E em Brotas,
(dormindo?,tal vez acordada),/

Percebemos que nos verbos “dormindo” e “acordado” temos uma figura de


linguagem Antítese que refere a batalha que seria sempre acordada no meio do
povo.

(....) a morte- raiz/


Casaldáliga relembra a morte do Senhor Jesus Cristo que morreu para a
salvação dos pecadores e aborda o prefixo “re” no verbo brotar no passado:

(....) re-brotava./

Em um contexto diferente, Casaldáliga e Lamarca lutavam pelos os mesmos


objetivos

O autor aborda a morte de Lamarca como um acontecimento que vai ficar


marcado na memória e no caminho da liberdade

(....)
O sangue tingia/
O céu e a memória/
Na reta da estrada./
Lamarca, Lamarca, Lamarca!

Com a morte de Lamarca a luta não era o fim e sim o começo para a
conquista de tudo que Lamarca acreditava e lutava na guerrilha.
15

Casaldáliga aborda a pobreza que a voz escoava o grito de liberdade e


Lamarca representa todos os manifestantes pelos ideais:

(...)Nos campos calados,/


A muita pobreza/
Gritava./
Lamarca!(....)

Esses versos o povo clamava por liberdade e o canto de liberdade descorria


no poema de Casaldáliga que reflete a pobreza e a voz da sociedade.

A região onde Lamarca morreu é um memorial da luta com sucesso e Pedro


Casaldáliga finaliza no último estrofe:

(....)
E a Serra-Lamarca,
Proa de futuro,
A noite rasgava

“Serra Lamarca” é um poema estruturado em toda a macroestrutura, sendo


verso livres e brancos, tendo as palavras chaves :Voz; serra; Lamarca; Brotas;
sangue; pobreza; memória; Pintada e futuro.

Fiquei contente por Pedro Casaldáliga citar Lamarca em seus poemas, pois
esse fato de perseguição aconteceu na minha cidade e muito dos meus conhecidos
foram torturados e uns mortos por ajudarem Lamarca e Zequinha

Esses guerrilheiros têm grande destaque no Estado da Bahia e não na


literatura como um todo e fiquei surpreso por Casaldáliga deixa registrado essa
memória em seus escritos literário.

A literatura está viva e os críticos exercem as funções de comparar obras,


assim, enriquecendo cada vez a nossa literatura no âmbito literário.

A literatura será sempre uma teoria que irá questionar o contexto histórico
problematizando, mas sempre trazendo o renovo e adaptando no contexto social e
cultural sempre cultivando a essência literária.
16

A luta do nosso povo é sobre tudo redigida pelo discurso e a imagem e na


literatura o discurso, a imagem, a fala se resume em uma só temática, a libertária, e
para Alfredo Bosi a analogia e o discurso recupera, no corpo da fala, o sabor da
imagem e ele complementa que a analogia é responsável pelo peso de matéria que
dão ao poema as metáforas e as demais figuras. P.28.

O discurso realmente recupera a imagem que dão sentido a literatura


analógica e o homem tem o poder de escolha, ou seja, o livro arbítrio que foi dado
desde a fundação do mundo, um homem racional que deu o nome todos serem:

Deus formou, pois, da terra toda sorte de


animais campestres e de aves do céu e os conduziu ao homem, para
ver como ele os chamaria, e para que tal fosse o nome de todo
animal vivo qual o homem o chamasse. E o homem deu nome a
todos os seres vivos, a todas as aves do céu, a todos os animais
campestres (Gen., 2, 19-20)” BOSI. Alfredo. O ser e o tempo P. 141.

O homem trás esse extinto de recriação e dando sentido a poesia através do


som, da imagem e complementa a literatura que cada vez é modeladora do homem
e o homem da literatura.

Victor Hugo afirma que a palavra sempre estará em alto nível, pois a palavra
originou a existência dos homens e dos seres e será a palavra de suma importância
na literatura:

a palavra é um ser vivente mais poderoso que


aquele que a usa; nascida da escuridão, cria o sentido que quer, ela
própria é o que
O pensamento, a visão, o tato eterno
esperam – e muito mais ainda, é cor, noite, alegria, sonho, amargura,
oceano, infinidade, é o logos de Deus. (A estrutura da lírica moderna)
Hugo Friederich. P. 32.

Da palavra de Deus houve tudo , a palavra é grande importância no campo


da literatura, assim como a imagem, o som e também a voz, principalmente a
literária.

No âmbito literário Compagnon divergem de Hugo Friederich e Alfredo Bosi


por definir o que é literatura e a sua teoria. Na teoria de Compagnon o sentido da
teoria literatura está na pesquisa e ressalta:
17

"No sentido de código, didática, ou melhor,


deontologia da própria pesquisa literária, a teoria da literatura pode
parecer uma disciplina nova, em todo caso ulterior ao nascimento da
pesquisa literária no século XIX, quando da reforma das
universidades européias, e posteriormente das americanas, segundo
o modelo germânico. Mas se a palavra é relativamente nova, a coisa,
em si mesma, é relativamente antiga. P.19 Compagnon

A literatura tem um papel importante que recriar a realidade através da


percepção do autor e também o leitor.

O nascimento da pesquisa literária no século XIX, período que os escritores


começaram a preocupar a enunciar a realidade social e também os conflitos, pois a
literatura romântica e seus ideais entram em declínio.

O olhar crítico de Compagnon a crítica vai muito além do que ela apresenta
na literatura, para ele a crítica aprecia, julga por percepção diferente e o leitor não
necessariamente profissional tem que entender efeito de sentido para interpretar
pela experiência da leitura:

(....)A crítica aprecia, julga; procede por


simpatia (ou antipatia), por identificação ou projeção: seu lugar ideal
é o salão, do qual a imprensa é uma metamorfose, não a
universidade; sua primeira forma é a conversação. P.21

A princípio a crítica literária entrou no cenário da imprensa tradicional e os


blogs literários. Os especialistas sem experiência encarregam de avaliar obras
literária e define seu ponto de vista literário.

A literatura Comparada e a teoria literária é literalmente movida pela crítica e


o crítico Compagnon questiona a história e a teoria no âmbito literário:

... a teoria da literatura ... seu objeto são o/os


discursos sobre a literatura, a crítica e a história literárias, que ela
questiona, problematiza e cujas práticas organiza.” (COMPAGNON,
Antoine.) Demônio da Teoria. P.19.

(....)”Assim, a teoria reage às práticas que


julga a teóricas ou anti teóricas”. COMPAGNON, Antoine.) Demônio
da Teoria. P.20
18

A teoria literatura será sempre uma sombra nos discursos literários que
compõe a crítica na história da literatura. A teoria literária questiona e julga
problematizando a teoria no sentido literário.

Os estudos literários necessitam de um estudo profundo que atribui valor e


qualidade. A literatura comparada está associada a crítica que ramifica e dar
proporção no ato do julgamento que ganha forma e justifica os meios.

Segundo Renê wellek a crise literária está associada e dividida por conflitos e
relata a verdadeira face da crítica:

Os estudos literários verdadeiros não estão


preocupados com fatos neutros, mas sim com valores e qualidades.
Esta é a razão pela qual não há distinção entre história literária e
crítica. Mesmo o mais simples dos problemas de história literária
requer um ato de julgamento. Mesmo uma afirmação como a de que
Racine influenciou Voltaire, ou de que Herder influenciou Goethe
requer, para ser significativa, um conhecimento das características
de Racine e Voltaire, Herder e Goethe e, portanto, um conhecimento
do contexto de suas tradições, uma atividade ininterrupta de pesar,
comparar, analisar e discriminar, atividade esta que é
essencialmente crítica. (WELLEK, ano?, p. 109).

Renê wellek trás em pauta o ato de julgamento dentro da literatura


comparada com afirmação com as comparações de análise e a valorização que
compõe a crítica.

2.1 A VOZ DE UM POVO LATIFUNDIÁRIO


19

Figura reproduzida do site:


https://infoenem.com.br/wp-content/
uploads/2021/04/infoenem.com.br-o-problema-dos-
latifundios-eeee.png

No Brasil existe uma grande concentração de terras improdutivas e um estudo


conduzido por Gerson Teixeira, ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma
Agrária em 2011, São Paulo – levantamento de dados do Incra mostra:

Atualmente, 130 mil proprietários de terras concentram 318 milhões


de hectares. Em 2003, eram 112 mil proprietários com 215 milhões
de hectares. Mais de 100 milhões de hectares passaram para o
controle de latifundiários.” (Redação da RBA)

Pedro Casaldáliga falava, escrevia e defendia o movimento MST, pois no


movimento de lutas por teras e direitos estão os menosprezados pela sociedade de
elite.

D. Pedro Casaldáliga faleceu em Batatais, 8 de agosto no interior de São


Paulo, aos 92 anos, por complicações respiratórias da doença de Parkinson.
Nascido em Balsareny, na província de Barcelona, na Espanha, 16 de fevereiro de
1928, Pedro Casaldáliga mudou-se para o Brasil em 1968, residindo em Mato
Grosso (MT), onde fez seus apelos e defesas pelos necessitados e ajudou na luta
pelo poder do latifúndio que favorece o negro e os índios e todas as classes pobres.
20

Em São Félix do Araguaia de 1971, Pedro Casaldáliga foi nomeado Bispo e


durante o seu bispado, ele não perdeu sua essência e por ser defensor dos mais
pobres, Negros e latifundiários, Casaldáliga foi ameaçado de morte e mesmo assim
sua crença e ações pelo povo marginalizados continuou.

Por sua luta, foi ameaçado de morte inúmeras vezes. Durante a ditadura
militar no Brasil também foi alvo de expulsão. Mas foi defendido por D. Paulo
Evaristo Arns, respeitado por sua oposição ao governo ditatorial.

Escreveu vários poemas e um deles o poema “Confissões do latifúndio”, esse


poema foi transformado em um cartaz pelo MST e transformou em memória
(CEDEM):

Confissões do latifúndio

Por onde passei, plantei a cerca farpada,


Plantei a queimada.
Por onde passei, plantei a morte matada.
Por onde passei, matei a tribo calada,
A roça suada, a terra esperada.
Por onde passei, tendo tudo em lei,
Eu plantei o nada.

Sendo crítico, Pedro Casaldáliga aborda o poema Cemitério do sertão que


contém a realidade explícita dos necessitados e aborda o porquê e para viver é
preciso Terra para viver.

CEMITÉRIO DE SERTÃO

Para descansar/

eu quero só/

esta cruz de pau/

como chuva e sol,/

estes sete palmos/

e a Ressurreição!/

Mas para viver/


21

eu já quero ter/

a parte que me cabe/

no latifúndio seu:/

que a terra não é sua,/

seu doutor Ninguém!/

A terra é de todos/

porque é de Deus!/

Para descansar...

Mas para viver,

terra eu quero ter.

Com Incra ou sem Incra,

com lei ou sem lei.

Que outra Lei mais alta

já a Terra nos deu

a todos os pobres

sem voz e sem vez;

que os filhos da gente

são gente também!


Para descansar...

Mas para viver,

terra exijo ter.

Dinheiro e arame

não nos vão deter.

Mil facões zangados

cortam pra valer.

Dois mil braços juntos


22

cercam terra e céu

Para descansar...

Mas para viver,

terra e liberdade

eu preciso ter.

E não peço esmola

nem compro o que é meu.

A Sudam e o diabo

podem se vender:

gente não se vende,

nem se compra Deus!

O POEMA CEMITÉRIO DO SERTÃO

O poema “Cemitério do sertão” trata-se de um poema em forma de ladainha,


como se fosse uma súplica que é caraterísticas das obras de Pedro Casaldáliga, os
versos são brancos e livres com partes distintas retratando a vida e a morte .
Cemitério do sertão é retratado e traços reais da vida de Pedro Casaldáliga que é a
defesa do povo através da literatura retrata que para morrer só precisa dos
componentes que acopla o funeral e pra viver quer tudo o que perto ao povo e tudo
que foi tirTIRADO. OS primeiros versos da primeira estrofe e as quatro da segunda
estrofe elucida a importância das terras e cenário diferentes:

Para descansar/

Eu quero só/

Esta cruz de pau/(.....)

(.....)
Mas para viver/

Eu já quero ter/
23

A parte que me cabe/

No latifúndio seu:/(.....)

Os vocábulos “descansar” e “morrer” demonstram a importância dos


interesses em vida sempre será a luta pelos interesses latifundiário. O autor faz que
o leitor reflita a importância da morte e e a importância de conquistar o direito das
terras com Incra ou sem Incra, com lei ou sem lei, pois a lei nem sempre favorece os
marginalizados e sim a elite.

Pedro Casaldáliga aborda “latifúndio” no poema em forma de síntese para o


movimento MST. O poema de Casaldáliga faz uso de Repetição enfatizando o
objetivo e a realização que será um descanso de missão cumprida:

(....)

Para descansar...,

(...)

Casaldáliga aborda o seu objetivo e no final das estrofes o autor respira e


aborda o bordão “Para descansar...”

O autor faz uso de Hipérbole na segunda estrofe:

(....)

Eu já quero ter/

A parte que me cabe/

No latifúndio seu:/

(....)

Casaldáliga utiliza dessas figuras de linguagens para elevar a importância e


os direitos pelo que é do povo.
24

As mudanças dos verbos “Querer”, “Exigir” e “precisar” nota-se presente no


poema

Eu quero só/

(...)

Terra exijo ter.

(....)

eu preciso ter.

Três verbos abordado por Casaldáliga resume a súplica e o verbo "precisar"


justifica e ovaciona a necessidade do povo.

Esse poema aborda conceitos que a terra não é do homem e sim de Deus e
sendo de Deus todos têm direitos a terra. A defesa da conquista de direito explícita
no poema é uma característica de Casaldáliga que é comum em suas obras.

Hugo Friederich põe a dramaticidade entre a relação com o poeta que domina
a relação entre o comportamento entre a poesia e o leitor:

“A língua poética adquire o caráter de um experimento, do qual


emergem combinações não preten- didas pelo significado, ou melhor,
so então criam o significado.” (Hugo Friederich. P. 17)

Dessa forma, o caráter da experiência cria o significado para a linguagem


poética do leitor.

Para Hugo Friederich a composição autônoma do movimento linguístico


necessita de intensidade e sequência de sonoridade com ausência de significado:

Assim, na lírica, a composição autônoma do movimento lingüístico, a


necessidade de curvas de intensidade e de seqüências sonoras
isentas de significado, têm por efeito não mais permitirem, de modo
algum, compreender poema a partir dos conteúdos de suas
afirmações. Pois o seu conteúdo verdadeiro reside na dramá- tica
das forças formais tanto exteriores como interiores. Como
semelhante poema ainda assim é linguagem, mas uma linguagem
sem um objeto comunicável, tem o efeito dissonante de atrair e, ao
mesmo tempo, perturbar quem a sente.” Hugo Friederich. P.18
25

Nesse sentido, o leitor compreende o poema com os conteúdos e afirmações


e a percepção literária do contexto cotidiano com o extinto literário.

O homem trás esse extinto de recriação e dando sentido a poesia através do


som, da imagem e complementa a literatura que cada vez é modeladora do homem
e o homem da literatura.

Victor Hugo afirma que a palavra sempre estará em alto nível e exalta:

(...) “a palavra é um ser vivente mais poderoso que aquele que a usa;
nascida da escuridão, cria o sentido que quer, ela própria é o que o
pensamento, a visão, o tato eterno esperam – e muito mais ainda, é
cor, noite, alegria, sonho, amargura, oceano, infinidade, é o logos de
Deus.” (A estrutura da lírica moderna) Hugo Friederich. P. 32.

Da palavra de Deus houve tudo, a palavra é grande importância no campo da


literatura, assim como a imagem, o som e também a voz, principalmente a literária.

Para Compagnon a extensão da literatura e a compreensão no que se refere


à realidade, a língua e o valor histórico literário:

Por história literária compreendo, em compensação, um discurso que


insiste nos fatores exteriores à experiência da leitura, por exemplo,
na concepção ou na transmissão das obras, ou em outros elementos
que em geral não interessam ao não-especialista.” Demônio da
teoria. P.19

Compagnie vê a história da literatura como um fator de experiência de leitura


nas transmissões de obras que vai além da concepção de leitura.
26

3 CONCLUSÃO
27

5. REFERÊNCIAS

Obra com um autor


CASALDÁLIGA, Pedro.Versos adversos : antologia / Pedro Casaldáliga ;
ilustrações Enio Squeff: prefácio Alfredo Bosi. – São Paulo: Editora Fundação
Perseu Abramo, 2006. 128 p.

Conteúdos virtuais
On-line: www.cedem.unesp.br(link Cedem) acesso em 09/11/2022

https://infoenem.com.br/wp-content/uploads/2021/04/infoenem.com.br-o-problema-dos-
latifundios-eeee.png acesso em 10/ 11/2022

https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/estudo-mostra-terras-mais-
concentradas-e-improdutivas-no-brasil/ acesso em 10/11/2022

Internet: www.atica.com.br – www.aticaeducacional.com.br acesso 18/11/2022

Capítulo de livro
BOSI, Alfredo, 1936- O ser e o tempo da poesia. São Paulo, Cultrix, Ed. Da
Universidade de São Paulo, 1977.

COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura comum/ Antoine


Compagnon; tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão. – Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 1999.305p. – (Humanitas) Tradução de: Le démon de la théorie:

CAMPAGNON, Antoine. O demônio da Teoria. Literatura e Senso Comum.


Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. O DEMÔNIO DA TEORIA. Literatura e
Senso Comum Antoine Campagnon INTRODUÇÃO O QUE RESTOU DE
NOSSOS AMORES?

WELLEK. René.Crise da literatura comparada cap. 108 Literatura comparada:


textos fundadores I organização de Eduardo F. Coutinho e Tania Franco
Carvalha.Rio de Janeiro – 1994

Carvalhal, Tânia Franco, 1943- Literatura comparada.4.ed.rev. e DR ampliada.


- São Paulo: Ática, 2006 ISBN 85-08-01095-8

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. BRASIL.


Acesso 23/11/2022
28

APÊNDICE

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