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CONDIÇÕES ADEQUADAS DE TRABALHO PARA O MAGISTÉRIO

Prof. Dr. Roque Lucio

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece no art. 67 as condições de valorização dos
profissionais da educação básica, nesta conformidade: os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais
da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: I -
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - progressão funcional baseada
na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação,
incluído na carga de trabalho; VI - condições adequadas de trabalho.
Neste artigo focamos a discussão no inciso VI - condições adequadas de trabalho.
Inicialmente pensamos que os termos definidores deste item de valorização do magistério são bastante genéricos.
O professor não consegue acionar o poder judiciário para alegar falta de condições adequadas de trabalho,
porque estes termos não foram regulamentados.
Mas a falta destas condições existe. A saber : a) muitas escolas agrupam duas classes sob a responsabilidade de
um professor , quando a falta de um professor de uma determinada disciplina não tem a necessária substituição; b) o
professor trabalha adoentado porque se faltar, perde ponto de progressão funcional; c) muitas vezes o professor leva
material de sua casa , porque as escolas não fornecem o necessário; d) não existem equipamentos suficientes
necessários ao trabalho pedagógico ; e) às vezes o professor tem que promover a limpeza das salas de aulas porque
faltam funcionários de apoio; f) as escolas não atendem às leis de acessibilidade, fazendo com que alunos e professores
com deficiências tenham dificuldades de acesso às diversas dependências, h) salas de aulas superlotadas, professores
com dupla ou tripla jornada; i ) assédio moral por parte dos dirigentes, h) indisciplina e desrespeito ao professor por
parte de alunos e pais , e por ai vai.
É possível dizer que, enquanto a sociedade e especificamente os órgãos representativos do magistério, incluídos
os Sindicatos, não pressionarem para que este inciso da Lei (inciso VI do Artigo 67 da LDB) seja regulamentado, não se
pode exigir do poder público as condições de trabalho idealizadas pelo Sindicato Estadual dos Professores do Ensino
Oficial do Estado de São Paulo – (APEOESP), que, em pesquisa realizada pela APEOESP e DIEESE ( Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) sobre “Perfil, Condições de trabalho e Percepção da Saúde”, em
2003, definiram como falta de condições adequadas de trabalho: a exposição a riscos físicos e químicos (vibrações,
umidade, frio, iluminação precária, poeira, ventilação insuficiente, calor, barulho); falta de condições de higiene das
escolas (refeitórios, sanitários, reservatórios ou caixas d’água, lixo, bebedouro, vestiários, esgotos, sala de aula e sala dos
professores); má estrutura física das escolas (mobiliário, paredes, instalações elétricas, instalações hidráulicas, pisos,
telhado, janelas, porta, lousas , escadas, corrimãos); causas de incômodo/sofrimento no ambiente de trabalho
(superlotação de salas de aulas, falta de material didático, dificuldades de aprendizagem dos alunos, jornada de trabalho
excessiva, violência na escola, situação social dos alunos, grade curricular, sobrecarga de atividades, falta de recurso
pedagógico, dupla jornada , pressão por resultados por parte da diretoria de ensino, rotina, excesso de responsabilidade,
acúmulos de cargos e trabalho noturno).
É preciso que Sindicatos de professores, e os professores, individualmente, pressionem deputados federais e
senadores da nossa região para que apresentem projetos de leis regulamentando as condições adequadas de trabalho,
para que o magistério tenha instrumentos de luta para consecução deste dispositivo legal.
O magistério valorizado, tendo condições adequadas de trabalho, provocará atratividade da profissão, que atrairá
bons profissionais, que melhorarão a qualidade social do ensino.
O Brasil não sairá da condição de país emergente enquanto não der a devida atenção à educação e à valorização
do magistério.

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