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FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS

IPEMIG – INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS – MG

Estágio Supervisionado Obrigatório

Aluna: Roberta Giroti de Souza

Dois Córregos – São Paulo

Junho 2022
RESUMO

O Seguinte Trabalho consiste na apresentação do relatório de Estágio


Supervisionado, apresentado como componente curricular do Curso de Licenciatura
Plena em História da Faculdade Batista de Minas Gerais. O plano de estágio foi
dividido em três fases. A primeira fase foi a observação da instituição aonde se
deram as atividades, uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio,
localizada na cidade de Dois Córregos no Estado de São Paulo, posteriormente
foram discorridas as percepções que foram obtidas durante as atividades práticas
em campo, e por fim foi feita uma breve reflexão acerca da indisciplina do alunado e
do planejamento didático, por parte da gestão e do corpo discente.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado; Indisciplina Escolar; Planejamento


didático.
INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo relatar o processo de estágio


supervisionado realizado no curso de Licenciatura Plena em História, na disciplina
de Estágio Supervisionado Obrigatório. O Estágio escolar é uma exigência da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9394/96). Dando assim a
oportunidade ao profissional em formação associar teoria à prática docente.
A metodologia utilizada foi, primeiro, a observação da instituição escolhida para
a realização das atividades propostas pelo projeto do estágio, o que propiciou uma
aproximação com a realidade escolar. Assim, foi possível observar a comunidade
estudantil e a instituição escolar, para em seguida com o conhecimento básico da
estrutura física da instituição e do alunado, iniciar as observações das atividades
em sala de aula. Posteriormente, foram ministradas aulas numa turma do 8º
Ensino Fundamental. Dessa forma, o objetivo desse ensaio é relatar a trajetória do
estágio desde a observação até a ministração das aulas.

A estrutura do relatório foi dividida em três tópicos fundamentais; as


discussões sobre as percepções dos fenômenos observados durante as atividades
realizadas em sala de aula, tendo como plano de fundo o referencial teórico
utilizado para a construção este ensaio posteriormente é discorrido o relato da
observação da estrutura física da escola escola e do cotidiano escolar, bem como
a relação entre professores e alunos. Por fim consta o relato da Ministração do
plano de aula desenvolvido pelo estagiário em Licenciatura em História.
O estágio supervisionado é um momento ímpar no processo de formação de
docentes, constituindo-se em um treinamento que possibilita ao estudante de
licenciatura vivenciar na prática o que foi estudado na Universidade teoricamente,
e, possivelmente aplicar este conhecimento em sala de aula, aproximando-o da
instituição e da comunidade escolar. É fato que os conhecimentos adquiridos na
Universidade são de suma importância, no entanto, apenas o saber teórico não é
suficiente para que o estudante possa compreender a complexidade do processo
Ensino-Aprendizagem. Faz-se, então, necessário a inserção do aluno na realidade
do cotidiano escolar para aprender com a prática dos profissionais da docência
(PIMENTA, 1995).
Para Almeida (1995) os estágios curriculares devem ser desenvolvidos em três
etapas: a primeira sendo a observação do cotidiano escolar, em que estudante de
licenciaturas é colocado em contato direto com o corpo discente da Escola sendo
incumbido de observar a aula do professor em sua respectiva área do
conhecimento registrando suas percepções acerca do que foi observado da prática
em sala de aula; a segunda é a participação do aluno-estagiário no processo
ensino-aprendizagem, nessa etapa das atividades práticas, estagiário e Professor-
Orientador podem desenvolver práticas conjuntas, o que enriquece ainda mais a
experiência do estagiário. A derradeira é a Ministração das Aulas, através da
aplicação de um plano de aula pré-construído, tendo como tema um assunto
relevante ao currículo dos alunos, dessa forma o estudante de licenciaturas pode
vivenciar a plena experiência de lecionar. Cabe ao professor-orientador assistir a
aula aplicada pelo estagiário, apontando os erros e acertos, os pontos que devem
ser melhorados, seja na didática ou na pedagogia empregada pelo estudante em
sua aula experimental.

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ESTÁGIO

Observação Da estrutura Física e Material da Unidade Escolar

Inicialmente, foram coletadas informações sobre a estrutura física e material da


escola através da observação do prédio e estruturas anexas ao prédio escolar. Os
dados foram coletados em março de 2022.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio E.E. Bendito dos Santos
Guerreiro reconhecida pelo CEE (Conselho Estadual de Educação) pelo Decreto
4.587/84 está localizada na Rua São Carlos, nº 127-267, Jd. Paulista, na cidade
Dois Córregos – São Paulo.
A escola oferece dois níveis de ensino, o Fundamental I (do 6º ao 9º ano do
Ensino Fundamental) e o Ensino Médio (1ª, 2ª e 3ª série do Ensino Médio). A
escola ainda conta com a apresentação da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
que é uma modalidade de ensino destinada a educandos jovens e adultos que não
puderam concluir seus estudos na idade adequada. O curso é ofertado em três
etapas, sendo: Fase I - Corresponde do 1º ao 5º ano do Ensino Regular (séries
iniciais do Ensino Fundamental). A escola conta com um total de 75 professores,
todos com formação superior em suas respectivas áreas do Ensino, 14 destes, são
especialistas, não havendo nem mestres nem doutores no momento em que foram
coletadas as informações.
O prédio da escola possui 09 salas de aula com 6 metros de largura por 8
metros de comprimento. Cada sala de aula conta com um quadro branco onde o
professor pode apresentar conteúdo escrito, exercícios, exemplos e resoluções de
problemas. Todas as salas da unidade possuem cesto de lixo, ventiladores em
bom estado de funcionamento, TV de 40 polegadas, estante de livros didáticos,
roteador wi-fi, câmera e projetor.
A unidade também possui um Laboratório de Informática com 15 computadores
de mesa, uma televisão tipo "smart TV" de 40 polegadas, e um projetor. Todos
esses recursos estão à disposição dos professores e alunos, para sua utilização
quando necessário. As aulas práticas de Educação Física são realizadas no
Ginásio da escola, que possui uma quadra de 25 metros de comprimento por 16
metros de largura. O ginásio é usado semanalmente, de acordo com o calendário
estipulado pelo plano pedagógico da escola e é usado para a prática de esportes
como futebol, vôlei, handebol e demais atividades que envolvam movimento físico.
A escola conta com banheiros separados por gêneros, masculino e feminino
em local acessível a todos os alunos. No que se refere a limpeza, esta é feita com
frequência diária pelos auxiliares de serviços gerais da escola.
A biblioteca da escola possui espaço físico de aproximadamente 4 metros de
largura por 5 de comprimento e conta com um acervo de aproximadamente 04 mil
livros, informação esta dada pela responsável deste setor. Além dos livros a
biblioteca possui revistas, jornais e jogos pedagógicos que são utilizados como
apoio às atividades dos alunos.
A merenda é acondicionada na cozinha, onde é preparada. As merendeiras
dispõem de um cardápio variado para a semana, cardápio este que é montado
pelas nutricionistas da Merenda Escolar da cidade de Dois Córregos, orgão
mantido com verbas Municipais da Prefeitura da cidade. Há um refeitório na escola
com aproximadamente 10 metros de comprimento por 06 metros de largura,
também existem mesas destinadas ao consumo de alimentos no pátio externo da
escola, onde os alunos também podem realizar suas refeições. A unidade conta
com um corpo de 10 funcionários, sendo 04 os que compõem a Secretaria da
escola e 06, os que auxiliam no pátio (inspetores de alunos). A secretaria da
Escola possui aproximadamente 04 metros de largura por 5 metros de
comprimento, possui 04 computadores de mesa com suas respectivas
escrivaninhas, impressoras e arquivos para armazenar dos documentos dos
alunos e professores da unidade. A sala do diretor possui aproximadamente 3
metros de largura por 02 metros de comprimento e conta com uma escrivaninha
do diretor e a do vice-diretor e seus respectivos computadores, uma mesa para
reuniões e 02 armários de metal. A sala dos professores possui aproximadamente
06 metros de largura por 08 metros de comprimento, possui uma mesa de
aproximadamente 1,80 metros no centro da sala aproximadamente 10 cadeiras
dispostas em 2 fileiras opostas, a sala conta com uma geladeira, forno micro-
ondas e 02 sofás, a sala é usada como lugar de descanso entre aulas e local para
consumo das refeições por parte dos professores da unidade.
A escola conta com diretor, dois vice-diretores, dois coordenadores
pedagógicos e um supervisor escolar. Todos os funcionários que compõem o
quadro gestor possuem curso superior em Pedagogia e Licenciaturas.

Foi observado, no que diz respeito à conservação do prédio, sinais de


depredação e vandalismo no patrimônio escolar, como janelas, vitrôs, portas e
móveis escolares.

OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE EM SALA DE AULA

O Objetivo, nessa etapa do Estágio Supervisionado foi de observar a prática


pedagógica adotada pelo professor e observar o cotidiano da sala de aula,
atentando para várias questões como: identificar as estratégias de ensino
utilizadas pelo professor, os recursos utilizados por ele, como ele utiliza o livro
didático, os tipos de avaliações aplicadas por ele, a receptividade dos alunos com
relação à aula desenvolvida pelo professor, a forma de disciplina em sala de aula,
a participação dos alunos na aula de História e a relação aluno-professor. As
observações se deram no período de 02/09/2022 a 16/09/2022, perfazendo um
total de seis aulas, sendo duas por dia.
A turma onde se deu a observação foi uma da 1ª série do Ensino Médio no
turno da manhã, ministrada por uma professora de geografia que estava
substituindo o professor titular que se encontrava afastado por problemas de
saúde. A turma observada possuía 38 alunos, numa faixa etária entre 16 e 18
anos aproximadamente, de ambos os sexos.
A primeira aula observada iniciou-se com a chamada. Logo após, a
professora utilizou trinta minutos da aula para que os alunos terminassem uma
atividade de outra disciplina e para organização da sala, isto é, arrumação das
cadeiras e disposição dos alunos em seus lugares. Apesar de ter um bom
relacionamento com a turma, teve dificuldades no que diz respeito a obter a
atenção da turma para o tema proposto, ficando a cargo de alguns alunos impor a
“ordem” na sala de aula. Na observação da segunda aula foi explanado o conteúdo
pela professora que tratava do “Segundo Reinado”, fora realizado inicialmente com
uma leitura rápida do livro didático História hoje (CARDOSO, 2006) que durou
aproximadamente dez minutos para posteriormente a professora comentar o
assunto.
Foi observado, por parte da professora professora certa dificuldade em
ministrar a aula, pois houve divergência com os alunos em relação ao tema que
deveria ser abordado naquele momento. A professora optou por utilizar somente o
livro didático, pedindo aos alunos que lessem o conteúdo, depois respondessem os
exercícios propostos no mesmo. Os alunos limitavam-se a copiar trechos do
conteúdo como resposta para o exercício. Outro recurso utilizado foi o quadro
branco. Ao fim da aula, a professora relatou sobre o rendimento nas avaliações dos
alunos, limitando-se apenas a comentar sobre aqueles que estavam na média e
eram a maioria na sala.

A QUESTÃO DA INDISCIPLINA ESCOLAR

Através das observações, foi levantada uma problemática que é


recorrente nas salas de aula do Estado de São Paulo e no restante do território
nacional, principalmente nas fases Ensino Fundamental II e Ensino Médio: a
indisciplina do alunado. Os docentes relatam sobre a indiferença e
desengajamento dos alunos, e os alunos relatam certa inflexibilidade e falta de
didática por parte dos professores bem como a monotonia em sala de aula. Diante
dessas visões ambíguas de um mesmo fenômeno uma pergunta vem à baila, qual
é a raiz da indisciplina escolar e o desinteresse dos alunos em relação ao
conteúdo ministrado em aula? O que gera esse desinteresse? Falta de
capacitação docente? Falta de aptidão do alunado? Ausência do poder público?.
Essas são questões que surgem ao refletirmos sobre essa temática tão visitada
dentro dos estudos de Ensino-Aprendizagem.
O avanço cultural e científico da sociedade nas últimas décadas no final do
século XX e início do do século XXI impactou profundamente a dinâmica das
relações sociais contemporâneas. Algumas instituições sofreram uma profunda
alteração em sua identidade, a Escola, dentro deste contexto foi uma dessas
instituições. No exemplo das Instituições Escolares, percebe-se uma ruptura entre
os métodos tradicionais, marcados pelo autoritarismo e a centralização na figura
do professor com formas mais flexíveis e inovadoras das práticas de ensino. Esta
ruptura trouxe um conflito entre educadores que ainda tem uma visão
tradicionalista do ensino e suas práticas, e as necessidades contemporâneas do
educando, que hoje possui um perfil imediatista e dinâmico. Ferreira, Santos e
Rosso (2016).
Tal problemática foi amplamente observada durante as observações em
campo. O professor ainda procura ministrar suas aulas de forma tradicional, onde
o mesmo se prostra diante da sala munido de seu livro didático, escreve alguns
dizeres no quadro, e após isso, espera-se silêncio por parte dos alunos para a
explicação do conteúdo. De acordo com os discentes, muitas vezes lhes parece
que o que é ensinado na escola nunca vai ser usado em situações reais, fazendo
assim, aquele conhecimento se tornar pouco interessante, e consequentemente o
foco do aluno é desviado para coisas que ele considera mais atrativas, como,
conversar com os colegas ou usar seu telefone celular.
Ainda para Ferreira, Santos e Rosso (2016) é possível pensar a raiz da
indisciplina atrelada a dois fatores principais: uma estrutura macro onde temos
família e o espaço social onde o aluno está inserido e uma estrutura micro, onde se
encontra o ambiente escolar. Múltiplas variáveis advindas dessas esferas bem
como fatores culturais contribuem para a indisciplina escolar e o desinteresse
crônico em atividades acadêmicas.
Para Leal (2005) “o planejamento é um processo que exige organização,
sistematização, previsão, decisão dentre outros aspectos envolvidos na pretensão
de garantir a eficiência e eficácia de uma ação, quer seja em um nível micro, quer
seja no nível macro”.
A relação existente entre a indisciplina e a prática pedagógica dentro do
espaço escolar é um tema muito relevante dentro da prática de ensino, pois influi
diretamente na qualidade do ensino e da aprendizagem, e tem um forte impacto nos
índices que servem de parâmetro para se avaliar o Ensino nos Estados do Brasil. Os
docentes se queixam da indisciplina dos alunos, da falta de respaldo do estado ao
se “desacreditar a figura do professor” destituindo-lhe uma outrora possuída
autoridade, da desatenção e do desinteresse que acabam por criar os chamados
“alunos-problema”. Sobre isso Julio Groppa escreveu:

A justificativa do “aluno-problema” é uma espécie máxima muito recorrente


no meio pedagógico, que se traduziria num enunciado mais ou menos
parecido com este: se o aluno aprende/obedece, é porque o professor
ensina/manda; se ele não aprende/obedece, é porque não quer ou porque
apresenta algum tipo de distúrbio, carência ou falta de pré-requisito
(GROPPA, 2003).

Dessa forma, o aluno que se adequa às expectativas do professor é tido


como aluno modelo e quando o aluno não atinge o esperado pelo professor, ele é
colocado na posição “aluno problemático” Nessa visão, a raiz de todo problema no
aprendizado e na indisciplina é centralizado na pessoa do aluno.

Se atentarmos ao aspecto macro que envolve a esfera educacional, podemos


perceber como instituições como a família bem como o ambiente onde este aluno
está inserido, influenciam na relação deste aluno com a esfera acadêmica de sua
vida, na sua relação com a escola, o conhecimento e o professor. Em
contrapartida, analisando o aspecto micro,o ambiente escolar, podemos nos
deparar com fatores que a despeito do contexto onde está inserido o aluno
prejudicam o Ensino-Aprendizado como más políticas públicas, pobreza na
formação dos professores, má gestão dos recursos direcionados ao
desenvolvimento da educação, salários defasados dos profissionais da educação
e falta de formação contínua durante o quefazer da docência. Leite, Fonseca e
Brito (2019).

No que concerne ao campo de estágio aqui observado foi possível perceber


que o problema da indisciplina dos alunos ocorre em parte pela falta de um
planejamento de aula sólido e com objetivos pontuais, levantados através da
própria vivência do professor com a sua turma e visando sanar os déficits
observados no cotidiano da turma. Nesse sentido, é possível concluir o estágio
quão importante é para o professor o ato de planejar a aula, como forma de
envolver mais o aluno nas atividades, para assim, chamar-lhe mais a atenção
para a aula, discorrendo-a de maneira prazerosa e interessante para os jovens
discentes, e não pela força do poder autoritário na sala de aula. Isto nos leva a
questão suscitada por Foucault em que:

A disciplina não pode se identificar com uma instituição nem com um


aparelho; ela é um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que
comporta todo um conjunto de instrumentos, de técnicas, de
procedimentos, de níveis de aplicação, de alvos (FOUCAULT, 1975).

Dentre os métodos para a formação desta disciplina temos como referência o


planejamento didático. Sua finalidade, se pensada de maneira a abarcar todo o
processo Ensino-Aprendizagem, pode ajudar no rompimento com o método
tradicional, disciplinarizado e subordinado da prática pedagógica. A ação
pedagógica envolve diversos sujeitos que vivenciam diferentes situações. Levando
em consideração a importância de se planejar as atividade propostas em sala pelo
professor, Corazza diz:

Então como ir para escola (significada como um território de luta por


sentidos e identidades) e exercer uma pedagogia (entendida como uma
forma de política cultural), sem planejar nossas ações? Ora, agir assim
demonstraria que, no mínimo, não levamos muito a sério as
responsabilidades pedagógicas e políticas do nosso trabalho! (CORAZZA,
1997).
Quando traçamos objetivos sólidos a serem realizados em sala de aula,
podemos melhorar significativamente o processo de aprendizagem dos alunos, ja
que tais objetivos são construídos através da vivência do professor com sua turma,
visando suas peculiaridades. Assim o professor deixa de ser mero interceptor entre
conteúdo do livro didático e o aluno. Tal pressuposto nos leva a concluir que o
planejamento didático é uma ferramenta essencial para um desenvolvimento
pedagógico satisfatório. A partir das demandas levantadas pelos alunos, se pode
repensar as práticas de ensino. Podemos concluir, a partir de Corazza que
devemos:

Planejar sim, mas colocar nossos planos sob suspeição. Sabendo que, ao
realizá-los, estamos sempre comprometidos como poder-saber integrante
da ação de planejar, correndo o risco de enunciar uma dada ontologia
moral e identitária dos alunos. Tendo presente que, ao planejar e ensinar,
estamos implicados por determinados interesses, privilégios, sentidos e
que somos fabricadores ativos de culturas, subjetividades, identidades e
significações (CORAZZA, 1997).

O planejamento e o domínio do conteúdo são ferramentas essenciais não só


para o estabelecimento de uma relação de poder entre professor e aluno, mas
também na construção da troca de conhecimento, onde o professor ocupa uma
posição privilegiada, na medida em que por ser possuidor de habilidades e
conhecimentos desconhecidos pelos alunos, este serve como mediador entre
aquilo que se sabe e aquilo o que não se sabe, nessa visão o professor atua como
um facilitador na aquisição de novos conhecimentos. O uso do poder por parte do
professor deve ser direcionado de maneira a atender as necessidades dos alunos.
Essa relação de poder é construída através do fascínio e respeito alcançados
através de planejamento de uma aula interativa e instigante para o aluno, em que
este sinta sua importância como parte integrante para a formação daquele espaço
escolar, visando a formação cidadã do alunado e sua inserção no mercado de
trabalho. É de suma importância mostrar para o aluno que a escola reproduz, em
uma escala menor, as normas e hierarquias existentes na sociedade.

PROJETO DE AULA

Para França (2006) :

O Estágio é o momento de exteriorização da aprendizagem, constituído


em uma atividade que se efetiva mediante a inserção no espaço
educacional e no contato com os professores que se dispõem a receber,
acompanhar e orientar os futuros professores no processo de
aprendizagem da docência (FRANÇA, 2006).

A ministração do projeto de aula por parte do estagiário foi feita numa classe
de 8º ano do Ensino Fundamental no turno da tarde, sendo acompanhada uma
professora da escola.

A turma do Ensino Fundamental, em que foi ministrada a aula de História, era


composta por 35 alunos, que tinham entre 11 e 14 anos aproximadamente, de
ambos os sexos.

Com base nas observações registradas a priori, buscou-se construir


planejamentos do conteúdo a ser abordado em aula, elaborando um plano de aula
com base na realidade dos alunos, de forma que eles possam perceber a
relevância do que é apresentado. O planejamento das aulas contribui para a
realização de aulas mais satisfatórias onde os estudantes possam se sentir
estimulados, tornando assim, o conteúdo mais agradável e de mais fácil
compreensão.

PLANEJAMENTO DIDÁTICO

“O planejamento faz parte de um processo constante através do qual


a preparação, a realização e o acompanhamento estão intimamente ligados”
(KLOSOUSKI & REALI, 2008). A partir do que foi observado em campo foram
definidas diretrizes do que seria um planejamento didático-pedagógico que visse a
construção coletiva do conhecimento. Neste plano foram explanadas as etapas de
um planejamento, que visa atender as especificidades dos alunos. A partir do que
foi observado em campo, pode-se observar o quanto a postura, o domínio e a
organização do conteúdo por parte do professor influencia a postura dos alunos na
sala de aula. Foi constatado que quando se é elaborado e, sobretudo, executado o
planejamento, os alunos respondiam de forma mais positiva ao que era proposto
em aula; eles participavam das discussões e se engajaram mais nas atividades.
É necessário refletir continuamente sobre o que se está planejando e quais
vão ser os focos de cada ação empregada. Para nos auxiliar na construção de um
planejamento se faz necessária algumas indagações como: O que se pretende
fazer, por que e para quem? Quais os objetivos? Que meios e estratégias poderão
ser utilizados para alcançar tais objetivos? Como avaliar se os resultados estão
sendo alcançados?
De acordo com Klosouski & Reali (2008) existem diretrizes a serem
seguidas quando na construção de um planejamento didático, tais diretrizes são:

Diagnóstico da realidade – Etapa onde o professor deve fazer uma


pesquisa sobre a realidade que se encontram os seus alunos, qual é o nível
de aprendizagem em que estão e quais as dificuldades existentes. A partir
daí o professor elabora seu plano de ensino.

Definição do tema e Fase de preparação – Nesta fase é feita a escolha do


tema e são previstos todos os passos que farão parte da execução do
trabalho. Nela são definidos os

objetivos gerais e específicos, e são selecionados e organizados os


conteúdos, os procedimentos de ensino, as estratégias a serem utilizadas,
bem como os recursos metodológicos.

Avaliação – Nesta etapa devem ser elaborados instrumentos e estratégias


apropriadas para a verificação dos resultados. Contudo, não podemos
considerar a avaliação simplesmente como um resultado final, pois ela deve
ser analisada durante todo processo de ensino-aprendizagem.

Apesar do planejamento didático educativo ser de suma importância, existem


professores que são negligentes na sua prática, improvisando suas atividades, em
consequência disso, ficam inseguros e não conseguem alcançar os objetivos
quanto à formação do cidadão crítico.
Embora haja o contraste entre teoria e prática, devemos ter consciência que
mudar a forma de ensinar é possível, mas a mudança deve começar aos poucos
para que os alunos possam se acostumar e se sentirem atraídos por esse ensino
mais dinâmico. É necessário trazer os alunos para as discussões e pouco a pouco
ir introduzindo na sala de aula novos recursos e materiais didáticos. O aluno
precisa construir seus próprios conhecimentos, só assim é possível formar um
cidadão consciente dos seus direitos e deveres perante a sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da experiência no campo de estágio, foi possível perceber o abismo


entre a teoria e a prática, pois nem sempre os conteúdos estudados podem
abarcar todas as variáveis. Portanto, a prática do estágio em campo visa promover
o melhor entrosamento tanto do estudante em formação acadêmica quanto em
sua futura profissão de professor atuante em sala de aula, onde irá atuar numa
realidade totalmente diferente. A realidade observada durante o período do estágio
é de uma educação tradicional, em que o professor utiliza como instrumento
metodológico indispensável o livro didático e automaticamente acionam uma
metodologia que reprime e limita a fala do aluno e sua capacidade interpretativa.
Isso se reflete diretamente na aprendizagem dos alunos, pois estes

se acostumam somente a copiar livros e a receber conteúdos prontos e, quando


são instigados a escrever e a dizer o que pensam de um assunto, apresentam
muitas dificuldades. O professor precisa trabalhar novas metodologias de
ensino e renovar suas práticas, deixando de trabalhar somente com o livro didático
e com assuntos que não tem ligação com a realidade dos alunos. Isso acaba por
gerar desinteresse nas aulas, em que muitos alunos estudam apenas “para passar
de ano” sendo necessário apenas memorizar e transcrever o texto para a prova. A
partir do entrelaçamento dos saberes, a aprendizagem em todos os sentidos se
torna mais prática e de grande importância funcional durante o processo ensino-
aprendizagem.

Seria, portanto, conveniente adotar uma prática de ensino que tivesse mais
relação com a realidade e o cotidiano do alunado. As experiências dos alunos
devem ser aproveitadas e problematizadas em sala de aula, pois a escola tem um
forte papel social para a formação do ser humano e de sua cidadania. Todavia,
trabalhar este saber cotidiano é um desafio para todos nós. Deste modo, cabe a
nós futuros professores vencer e superar a prática de uma História como disciplina
estática que foi e continua sendo trabalhada nas escolas. Para romper com tal
modelo, é preciso estimular a curiosidade e a criatividade do aluno para que ele
possa se sentir envolvido o suficiente para trazer suas contribuições para a sala de
aula, suscitando um espaço onde exista trocas de conhecimento, diálogo e relação
com realidades diferentes. Essas possibilidades não podem ser dissipadas, pois a
escola deve permitir situações para que o aluno desenvolva-se de forma mais
autônoma, adquirindo criticidade para se posicionar na sociedade da qual faz
parte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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