Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Agroquímicos no Cafeeiro
Autor: Luís César Pio
Catanduva, 9 de novembro de 2012.
Prezado colega,
Bom trabalho!
3
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO..............................................................................................................03
INTRODUÇÃO....................................................................................................................03
FATORES QUE INTERFEREM NO SISTEMA DE APLICAÇÃO.......................................04
Cultura................................................................................................................................04
Problema Fitossanitário......................................................................................................04
Produto...............................................................................................................................04
Ambiente.............................................................................................................................05
Equipamento.......................................................................................................................09
Equipamentos de aplicação................................................................................................14
TÉCNICAS DE APLICAÇÃO..............................................................................................15
Velocidade de trabalho (V) para a fórmula padrão.............................................................16
Faixa de aplicação (E) para a fórmula padrão....................................................................16
Volume de aplicação (T) e hectare vertical para a fórumula padrão..................................16
APLICAÇÕES ESPECÍFICAS............................................................................................17
Aplicações com equipamentos costais...............................................................................17
Regulagem e calibração de equipamentos costais............................................................18
Aplicações com equipamentos turbopulverizadores...........................................................21
Regulagem e calibração de equipamentos turboulverizadores..........................................22
Seleção e cálculo da velocidade.........................................................................................22
Denição da faixa de trabalho............................................................................................23
Volume de calda.................................................................................................................23
Seleção das pontas (bicos).................................................................................................24
Aplicações com equipamentos tipo canhão.......................................................................25
AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO............................................................................................26
APRESENTAÇÃO
Essa cartilha é direcionada aos agricultores e técnicos e tem a função de alertar sobre a
importância da aplicação correta de agroquímicos, para obtenção de resultados
satisfatórios, reduzindo desperdícios e falhas na aplicação.
INTRODUÇÃO
A aplicação de agroquímicos é uma das formas de controle de doenças, pragas e plantas
daninhas, que garante maior produção e melhor qualidade dos produtos agrícolas.
CULTURA
É necessário conhecer detalhes sobre a cultura em que será realizada a aplicação: o
espaçamento de plantio, a altura da planta, o nível de enfolhamento e o estádio de
desenvolvimento da cultura (orada, chumbinho, pré-colheita, pós-colheita).
Esses detalhes serão importantes para a denição do volume de calda que será aplicado
e da melhor técnica de aplicação.
A topograa do talhão também será decisiva para a escolha adequada da forma e dos
meios de aplicação.
PROBLEMA FITOSSANITÁRIO
É importante conhecer exatamente o problema tossanitário a ser controlado, o nível de
dano que justica iniciar o controle e as características do ciclo biológico para a tomada
de decisão correta.
Exemplo:
Se o problema é o bicho mineiro, as folhas mais novas serão alvos mais importantes do
que as folhas baixeiras.
Se o problema é a doença da ferrugem do cafeeiro, as folhas baixeiras serão alvos mais
importantes do que as folhas do ponteiro.
Ou seja, de alguma forma o produto aplicado deverá chegar ao alvo correto para
apresentar resultado ecaz.
PRODUTO
O conhecimento do produto é importante para denir a dosagem a ser utilizada, dentro do
intervalo denido na bula do produto, suas características e o local adequado em que ele
deve ser aplicado. Ou seja, conhecendo o produto é possível denir o alvo químico da
aplicação.
AMBIENTE
Como a maioria das aplicações de agroquímicos são realizadas por pulverização, as
gotas formadas são lançadas no ar e precisam atingir o alvo, garantindo a deposição e a
distribuição adequadas para o controle de doenças, pragas e plantas daninhas.
Parte do produto que é colocado no tanque e aplicado não atinge o alvo correto, pois ca
perdido nesse caminho.
Lembrem-se:
Só funciona o produto que atingir o alvo certo, na quantidade e distribuição correta, ou
seja, o que você gastou não garante o resultado esperado.
Portanto o ambiente é de fundamental importância, sendo necessário destacar quatro
variáveis:
Temperatura
As aplicações com gotas nas, muito nas e extremamente nas devem ser evitadas em
temperaturas mais elevadas do que 25 a 30 graus centígrados, pois as gotas evaporam
rapidamente.
A temperatura pode ser medida com termômetros simples ou termômetros digitais.
Umidade relativa do ar
Quanto mais seco estiver o ar, mais rápido as gotas evaporam.
Um estudo técnico mostrou que as gotas nas evaporam mais rapidamente do que as
gotas grossas.
As aplicações com gotas nas, muito nas e extremamente nas devem ser evitadas com
índice de umidade relativa do ar menor que 50%, pois essas gotas evaporam
rapidamente.
Em condições mais críticas de umidade relativa do ar, com índice entre 40 e 50%, poderá
ser necessário utilizar gotas médias e maior volume de calda.
A umidade relativa do ar pode ser medida com um Termo-Higrômetro.
O ideal é que as aplicações sejam realizadas com a velocidade do vento entre 3,5 e 10
km/h e sempre a favor do vento, o que na prática pode ser difícil, mas é necessário evitar
as condições críticas.
ERRADO POSSÍVEL
Figura 5 – Aplicação com vento contrário Figura 6 – Aplicação com vento a favor
Fonte: Herbicat Ltda. Fonte: Herbicat Ltda.
Nas aplicações com canhão é obrigatório que o vento sempre esteja a favor da aplicação.
Nesse equipamento, o vento é um grande aliado e garante maiores faixas de aplicação
com melhor uniformidade.
IDEAL ERRADO
Figura 7 – Aplicação com vento a favor Figura 8 – Aplicação com vento contrário
Fonte: Herbicat Ltda. Fonte: Herbicat Ltda.
Não é possível interferir nessas variáveis, porém deve-se adequar os horários que
proporcionem o momento ideal para a aplicação:
Umidade relativa do ar acima de 50% a 55%
Temperatura inferior a 30°C
Velocidade do vento entre 3,5 e 10,0 km/h.
Pulverizadores e Turbopulverizadores
LEGENDA
1 - Tanque
2 - Agitador
3 - Registro
4 - Filtro
5 - Bomba
6 - Câmara de compressão
7 - Comando regulador de pressão
8 - Manômetro
Jato Lançado Jato Arrastado 9 - Válvulas de seção
10 - Tubulação de retorno
11 - Barra
12 - Bicos
11 13 - Turbina
12 13
12
Agitadores
O sistema de agitação é responsável pela homogeneização da calda. Os agitadores
podem ser:
o Hélice / Mecânico - Acionado por um eixo da bomba (ou outro acionamento),
dentro do tanque, movimentando a calda.
o Hidráulico / Venturi – Acionado por parte da calda que sai da bomba. O
líquido, ao passar pelo agitador, desloca um volume de 3 a 5 vezes maior,
movimentando a calda.
É necessário ter em mente que apenas o retorno que sai do comando de pulverização
não é suciente para promover a agitação.
Figura 11 – Agitador hidráulico
Fonte: GeoLine. Figura 12 – Hélice
Fonte: Google.
Filtros
O sistema de ltragem é responsável pela prevenção do entupimento das pontas,
garantindo:
o Maior uniformidade das aplicações
o Maior capacidade operacional dos pulverizadores, diminuindo o tempo
parado
o A segurança do trabalhador, evitando a exposição à tarefa de desentupir as
pontas
o Maior durabilidade das pontas.
Figura 13 – Peneira
Fonte: GeoLine.
A limpeza dos ltros deve ser realizada diariamente ou em qualquer momento que
apresentar características de restrição, dando preferência para as horas mais quentes do
dia, quando a pulverização não é recomendada.
Caso exista a necessidade de alta frequência de limpeza, é preciso observar a qualidade
da água e o processo de preparo da calda em uso.
Bombas
As bombas têm a função de pressionar a calda, colocando no sistema a energia que será
utilizada para realizar a pulverização (energia potencial).
Existem vários tipos de bombas, como: bombas de pistão, de diafragma, de roletes, de
engrenagem e centrífuga.
No Brasil, a grande maioria dos pulverizadores utilizam bombas de pistão embora,
atualmente, alguns pulverizadores novos utilizem bombas de diafragma.
Pontas de pulverização
As pontas ou bicos de pulverização são os componentes mais importantes de um
pulverizador.
Todo o conjunto do equipamento como a bomba, o circuito e os ltros colaboram para que
a ponta de pulverização possa cumprir a sua função corretamente.
Forma de acionamento
o Manuais, tratorizados montados ou de arrasto e os autopropelidos
Tipo de energia que usam para formar as gotas
o Cinética, elétrica, hidráulica, entre outras.
Jato lançado
Pulverizadores em que as gotas formadas saem da ponta de
pulverização e chegam até o alvo por energia própria.
São os mais encontrados no campo, como: costais manuais, elétricos,
motorizados sem ar, semiestacionários ou mangueiras.
TÉCNICAS DE APLICAÇÃO
A partir dos conhecimentos básicos do processo de pulverização é possível analisar os
equipamentos e, especicamente, as aplicações.
Para isso é necessário conhecer a fórmula que auxilia em todo o processo de regularem e
calibração, que será chamada de fórmula padrão do cálculo de vazão.
Onde:
- Q (L/ min) = Vazão total do conjunto de aplicação em litros por minuto
- V (km/h) = Velocidade de trabalho em quilômetros por hora
- E (m) = Faixa em que será aplicado o produto em metros
- T (L/ha) = Volume de aplicação na área em litros por hectare.
Para maior facilidade de uso da fórmula serão analisadas cada uma de suas variáveis:
Velocidade de trabalho (V) para a fórmula padrão
Em todo o processo de regularem e calibração será utilizada a fórmula do cálculo da
velocidade de trabalho:
D (m) x 3,6
V (km/h) =
T (s)
Onde:
V (km/h) = Velocidade de trabalho em quilômetros por hora
d (m) = Distância onde foi medido o tempo de trabalho em metros
t (s) = Tempo gasto para percorrer a distância medida na área de trabalho em segundos.
O hectare vertical é um fator utilizado para ajustar o volume de aplicação de acordo com o
tamanho da planta e espaçamento da cultura.
O hectare vertical signica quantos hectares de “parede de folhas” deverão ser
pulverizados. Isso possibilita adequar a pulverização à área efetiva a ser pulverizada e
não à área física plantada.
d
2 x h (m)
F(hv) =
E (m)
Onde: h
F(hv) = Fator hectare vertical
h (m) = Altura da planta em metros
E (m) = Largura da faixa tratada em metros
E = rua
Nas pulverizações em café, o ideal é aplicar volumes de calda entre 100 a 300 L/ha (não
ultrapassando 400 L/ha).
Para denir o volume de calda a ser aplicado em uma área, deve-se multiplicar o volume
de calda desejado pelo fator do hectare vertical. Assim, a área foliar será pulverizada com
volumes proporcionais ao seu tamanho.
Exemplo:
Comparando três lavouras de café plantado, a quatro metros na entrelinha, nas alturas de
1,5 metros, 2 metros e 3 metros, mantendo um volume de calda desejado de 200 L/ha,
temos:
Na lavoura de 1,5 metros será aplicado = (2 x 1,5 x 200) / 4 = 150 L/ha plantado
Na lavoura de 2,0 metros será aplicado = (2 x 2,0 x 200) / 4 = 200 L/ha plantado
Na lavoura de 3,0 metros será aplicado = (2 x 3,0 x 200) / 4 = 300 L/ha plantado
Essa é uma conta simples e fundamental para a denição do volume de aplicação ideal
para cada lavoura.
APLICAÇÕES ESPECÍFICAS
Aplicações com equipamentos costais
Esses equipamentos podem ser de acionamento manual, com motor elétrico ou com
motor a gasolina.
Não serão abordados os costais pressurizados, compressão prévia e pressão retida.
Todos esses equipamentos são transportados nas costas do operador, o que diculta
uma operação de campo adequada, devido à fadiga e os desníveis dos terrenos,
principalmente os mais inclinados.
Nas duas opções deve-se transformar a vazão da ponta em L/min. A fórmula para esse
cálculo é muito simples:
Opção 1 Opção 2
Onde: Onde:
q (L/min) = Vazão da ponta em litros q (L/min) = Vazão da ponta em litros
por minuto por minuto
Volume gasto (litros) Volume coletado (litros)
t (s) = Tempo de aplicação em t (s) = Tempo de coleta em segundos
segundos
Q (L/min) x 600
T (L/ha) =
E (m) x V (km/h)
Onde:
T (L/ha) = Volume de calda na área em litros por hectare
Q (L/min) = Vazão total do conjunto de aplicação em litros por minuto
E (m) = Largura da faixa tratada em metros
V (km/h) = Velocidade de trabalho em quilômetros por hora.
Existe a possibilidade de fazer essa aplicação com costais motorizados com assistência
de ar. Nesse caso, a denição da vazão vai estar ligada ao restritor de vazão utilizado e à
tabela de vazão de cada fabricante.
Veja atentamente as recomendações dos fabricantes de equipamentos para essas
informações.
IMPORTANTE
Os pulverizadores costais motorizados foram desenvolvidos para operar em alta
rotação, por isso não utilize o controle de aceleração como apoio à regulagem de
pressão. Isso poderá prejudicar o motor por falta de refrigeração.
Esses equipamentos sempre têm o mesmo princípio de aplicação: as gotas são formadas
nas pontas de pulverização e lançadas no meio de uma correte de ar que deve levar
essas gotas até o alvo.
Verique:
Tanque
Vazamento, limpeza, acessórios de nível, etc.
Agitação
Se o sistema for de correia, verique se existem vazamentos e se a correia
está esticada
Se o sistema for hidráulico, verique se o bico agitador está entupido
Bomba
Verique se existem vazamentos ou pulsação e faça uma revisão, se
necessário
Comando
O comando deverá estar respondendo bem à variação de pressão para
permitir o ajuste correto da pressão
Distribuição do ar
Coloque uma vareta com tas amarradas na frente da saída de ar e verique
a qualidade da distribuição do ar. A velocidade de saída do ar deve ser a
mesma em ambos os lados
Pontas de pulverização
As pontas de pulverização devem estar em boas condições, sem defeitos na
distribuição (comprovadas visualmente) e com as vazões dentro do limite
(não deve ser superior a 10% da ponta nova).
Seleção e cálculo da velocidade
Ajustar a rotação do trator, próxima ou igual a rotação para gerar 540 rpm da TDP
(aproximadamente)
Selecionar a marcha de trabalho para que possa trabalhar com maior velocidade
sem perder a qualidade
Medir o tempo, em segundos, para percorrer os 50 metros.
180
V (km/h) =
T (s)
Onde:
V(km/h) = Velocidade em quilômetros por hora
t (s) = Tempo em segundos
180
V (km/h) = = 6 km/h
30
Volume de calda
O volume de calda a ser utilizado é uma variável a ser testada e deve garantir a cobertura
desejada.
Medir a altura das plantas, multiplicar por dois e dividir pela largura da rua de café.
Exemplo: Uma lavoura com três metros de altura plantada, a quatro metros de
espaçamento de rua temos:
3x2
F(hv) = = 1,5
4
Os volumes de calda podem variar de 100 a 400 L/ha, sendo que normalmente entre 200
e 300 L/ha é possível realizar a maioria das aplicações.
6 x 4 x 375
Q (L/min) = = 15 L/min.
600
q (L/min) =
15 = 1,07 L/min.
14
Onde:
q(L/min) = Vazão individual de cada ponta
IMPORTANTE
Evite trabalhar com pressões maiores que 10 bar ou 150 psi.
Essa indicação reduz o consumo de diesel, aumenta a vida útil das pontas, da bomba e
do comando, além de reduzir vazamentos no circuito.
Para realizar a regulagem e calibração o pulverizador deve ir ao campo com meia carga
de água para mediação da velocidade de trabalho.
Da mesma forma deve-se ajustar a vazão pelos reguladores de uxo de cada modelo de
pulverizador. O ideal é garantir que a rotação do trator permita trabalhar com 540 rpm na
TDP. (consulte o manual do trator).
Nesse caso as faixas de aplicação são maiores e cobrem diversas linhas de plantio,
chegando a cobrir faixas de 15 a 20 metros.
IMPORTANTE
Essa técnica de aplicação foi desenvolvida para trabalhar com menores volumes de
calda, normalmente entre 100 e 200 L/ha, dependendo do equipamento.
O canhão precisa trabalhar sempre com gotas mais nas para que o ar possa levar a gota
a maiores distâncias.
SEMPRE TRABALHE COM O JATO A FAVOR DO VENTO PARA OBTER A MAIOR
FAIXA DE COBERTURA.
AVALIAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR.
Veja o manual dos pulverizadores costais:
http://www.guaranyind.com.br/
http://www.stihlusa.com/WebContent/CMSFileLibrary/instructionmanuals/SR340_420_Ma
nual.pdf
http://www.mercadegan.com/publicaciones/MANUAL_FUMIGADORA_362D28.pdf