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Tecnologia de Aplicação de

Agroquímicos no Cafeeiro
Autor: Luís César Pio
Catanduva, 9 de novembro de 2012.
Prezado colega,

Para VOCÊ, que participou do encontro de capacitação técnica


e que é integrante do PROGRAMA NUCOFFEE da Syngenta, chegou o
momento de partir para o trabalho de campo, com o objetivo de participar
da implantação de um plano de coleta de dados que serão registrados e
comparados entre as diversas regiões, estádio da cultura, épocas do ano
e outras variáveis particulares.

Para isso, você está recebendo algumas planilhas com as informações


básicas a serem anotadas e as indicações para colagem do papel sensível.

Trata-se de uma ferramenta de extrema importância para a criação


de um banco de dados, que será avaliado e analisado, servindo como
base para futuras tomadas de decisão na aplicação correta e segura dos
agroquímicos na cultura do café.

Realize o trabalho de campo conforme as indicações e envie os


dados para o e-mail: pulverizacaocafe@herbicat.com.br

Os integrantes que apresentarem o material com qualidade estarão


concorrendo ao sorteio de um brinde com acessórios técnicos para o
desempenho das funções em campo.

Não se esqueça de selecionar as melhores pontas de pulverização.


A HERBICAT disponibiliza as pontas TXA da TeeJet.

Bom trabalho!

Luís César Pio


Diretor Herbicat Ltda.

3
ÍNDICE

APRESENTAÇÃO..............................................................................................................03
INTRODUÇÃO....................................................................................................................03
FATORES QUE INTERFEREM NO SISTEMA DE APLICAÇÃO.......................................04
Cultura................................................................................................................................04
Problema Fitossanitário......................................................................................................04
Produto...............................................................................................................................04
Ambiente.............................................................................................................................05
Equipamento.......................................................................................................................09
Equipamentos de aplicação................................................................................................14
TÉCNICAS DE APLICAÇÃO..............................................................................................15
Velocidade de trabalho (V) para a fórmula padrão.............................................................16
Faixa de aplicação (E) para a fórmula padrão....................................................................16
Volume de aplicação (T) e hectare vertical para a fórumula padrão..................................16
APLICAÇÕES ESPECÍFICAS............................................................................................17
Aplicações com equipamentos costais...............................................................................17
Regulagem e calibração de equipamentos costais............................................................18
Aplicações com equipamentos turbopulverizadores...........................................................21
Regulagem e calibração de equipamentos turboulverizadores..........................................22
Seleção e cálculo da velocidade.........................................................................................22
Denição da faixa de trabalho............................................................................................23
Volume de calda.................................................................................................................23
Seleção das pontas (bicos).................................................................................................24
Aplicações com equipamentos tipo canhão.......................................................................25
AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO............................................................................................26
APRESENTAÇÃO

Essa cartilha é direcionada aos agricultores e técnicos e tem a função de alertar sobre a
importância da aplicação correta de agroquímicos, para obtenção de resultados
satisfatórios, reduzindo desperdícios e falhas na aplicação.

O objetivo é apresentar uma base de conhecimento que permita a utilização de todo o


potencial do produto químico, por meio do entendimento das diversas áreas de
conhecimento que interferem na aplicação ideal.

INTRODUÇÃO
A aplicação de agroquímicos é uma das formas de controle de doenças, pragas e plantas
daninhas, que garante maior produção e melhor qualidade dos produtos agrícolas.

O que garante resultados satisfatórios na aplicação é a denição correta do problema


tossanitário, bem como a indicação do produto correto, em doses adequadas, no
momento e na forma mais adequada para pulverizar.

Só funciona o produto que atingir o alvo certo, na quantidade e distribuição correta.

Esse é o tema principal da CARTILHA DE TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO NA CULTURA


CAFEEIRA.
FATORES QUE INTERFEREM NO SISTEMA DE APLICAÇÃO

Para a realização de uma aplicação de agroquímicos correta é importante conhecer a


interação entre as diversas áreas envolvidas na tomada de decisão, como:

CULTURA
É necessário conhecer detalhes sobre a cultura em que será realizada a aplicação: o
espaçamento de plantio, a altura da planta, o nível de enfolhamento e o estádio de
desenvolvimento da cultura (orada, chumbinho, pré-colheita, pós-colheita).
Esses detalhes serão importantes para a denição do volume de calda que será aplicado
e da melhor técnica de aplicação.
A topograa do talhão também será decisiva para a escolha adequada da forma e dos
meios de aplicação.

PROBLEMA FITOSSANITÁRIO
É importante conhecer exatamente o problema tossanitário a ser controlado, o nível de
dano que justica iniciar o controle e as características do ciclo biológico para a tomada
de decisão correta.

Exemplo:
Se o problema é o bicho mineiro, as folhas mais novas serão alvos mais importantes do
que as folhas baixeiras.
Se o problema é a doença da ferrugem do cafeeiro, as folhas baixeiras serão alvos mais
importantes do que as folhas do ponteiro.
Ou seja, de alguma forma o produto aplicado deverá chegar ao alvo correto para
apresentar resultado ecaz.

PRODUTO
O conhecimento do produto é importante para denir a dosagem a ser utilizada, dentro do
intervalo denido na bula do produto, suas características e o local adequado em que ele
deve ser aplicado. Ou seja, conhecendo o produto é possível denir o alvo químico da
aplicação.

Entre as características dos produtos é necessário conhecer:


Modo de ação
Contato
Mesostêmico ou de ação translaminar
Sistêmico e capacidade de deslocamento (apoplástico ou simplástico)
Características físico-químicas
Degradação pela luz solar
Pressão de vapor / potencial de volatilização
Comportamento em diferentes níveis de pH, mistura, entre outras
Dosagens recomendadas para cada problema tossanitário e estádio da cultura
Período de carência e de reentrada na área
Outras.
Exemplo:
No controle da ferrugem do cafeeiro:
Se for aplicado um fungicida de contato, apenas o produto que atingir
a página inferior da folha apresentará resultado ecaz (A).

Se o produto apresentar ação translaminar, mesmo que ele atinja a


página superior da folha, chegará à página inferior da folha e
apresentará resultado ecaz (B + A).

Se for um produto sistêmico de aplicação via solo, somente o produto


depositado próximo às raízes é que será absorvido e translocado para
as folhas e apresentará resultado ecaz (C).

Figura 1 – Alvo químico da aplicação - depósito do produto


Fonte: Herbicat Ltda.

Portanto, conhecer a cultura, o problema tossanitário e o produto são fundamentais para


iniciar o processo de aplicação de um agroquímico, dentro dos padrões necessários para
o alcance dos melhores resultados.

AMBIENTE
Como a maioria das aplicações de agroquímicos são realizadas por pulverização, as
gotas formadas são lançadas no ar e precisam atingir o alvo, garantindo a deposição e a
distribuição adequadas para o controle de doenças, pragas e plantas daninhas.
Parte do produto que é colocado no tanque e aplicado não atinge o alvo correto, pois ca
perdido nesse caminho.

Lembrem-se:
Só funciona o produto que atingir o alvo certo, na quantidade e distribuição correta, ou
seja, o que você gastou não garante o resultado esperado.
Portanto o ambiente é de fundamental importância, sendo necessário destacar quatro
variáveis:

Temperatura
As aplicações com gotas nas, muito nas e extremamente nas devem ser evitadas em
temperaturas mais elevadas do que 25 a 30 graus centígrados, pois as gotas evaporam
rapidamente.
A temperatura pode ser medida com termômetros simples ou termômetros digitais.

Figura 2 – Termômetro simples Figura 3 – Termo-Higrômetro digital


Fonte: Google Fonte: Herbicat Ltda.

Umidade relativa do ar
Quanto mais seco estiver o ar, mais rápido as gotas evaporam.
Um estudo técnico mostrou que as gotas nas evaporam mais rapidamente do que as
gotas grossas.
As aplicações com gotas nas, muito nas e extremamente nas devem ser evitadas com
índice de umidade relativa do ar menor que 50%, pois essas gotas evaporam
rapidamente.
Em condições mais críticas de umidade relativa do ar, com índice entre 40 e 50%, poderá
ser necessário utilizar gotas médias e maior volume de calda.
A umidade relativa do ar pode ser medida com um Termo-Higrômetro.

Figura 4 –- Termo digital Higrômetro


Fonte : Herbicat Ltda.
Vento
Após as gotas serem lançadas no ambiente, o vento exerce grande interferência na
trajetória da gota até ao alvo, podendo favorecer ou prejudicar a aplicação.

O ideal é que as aplicações sejam realizadas com a velocidade do vento entre 3,5 e 10
km/h e sempre a favor do vento, o que na prática pode ser difícil, mas é necessário evitar
as condições críticas.

Nas aplicações com equipamentos costais, estacionários, com mangueira ou lanças,


dentro da lavoura mais fechada, o vento poderá ter uma interferência menor do que em
uma lavoura mais aberta.
Quando se aplica a favor do vento ocorre maior penetração e melhor distribuição dentro
da cultura. Quando se aplica contra o vento ocorrem desvios e a aplicação atinge mais o
operador do que a planta, aumentando o risco de contaminação.

A decisão de realizar a aplicação, em relação ao vento, depende também do tipo de


equipamento a ser utilizado.
Nas aplicações com turbopulverizador, o vento de través (contrário ao uxo de ar da
turbina) prejudica a penetração do produto na copa da planta, comprometendo a
cobertura interna da aplicação.

ERRADO POSSÍVEL
Figura 5 – Aplicação com vento contrário Figura 6 – Aplicação com vento a favor
Fonte: Herbicat Ltda. Fonte: Herbicat Ltda.
Nas aplicações com canhão é obrigatório que o vento sempre esteja a favor da aplicação.
Nesse equipamento, o vento é um grande aliado e garante maiores faixas de aplicação
com melhor uniformidade.

IDEAL ERRADO
Figura 7 – Aplicação com vento a favor Figura 8 – Aplicação com vento contrário
Fonte: Herbicat Ltda. Fonte: Herbicat Ltda.

O vento pode ser medido por equipamentos simples, como o Anemômetro:

Figura 9 – Anemômetro digital


Fonte: Herbicat Ltda.
Na falta de um Anemômetro é possível identicar a velocidade do vento utilizando
a tabela a seguir:

Tabela 1 – Identicação prática da velocidade do vento para pulverização


Fonte: Adaptado de Zeneca.

O vento é um dos principais fatores que causam a deriva.


A deriva da aplicação é a parte perdida do volume de calda, representando desperdício
do produto e, consequentemente, dinheiro gasto desnecessariamente, além de ser a
maior causa de contaminação ambiental dentro do processo de aplicação.
Orvalho
Se houver muito orvalho na planta, a gota pulverizada que chega ao alvo encontra a gota
de orvalho, escorre e não ca retida na planta, portanto o produto não apresentará o
resultado ecaz.
O orvalho pode ser um aliado no caso de aplicações realizadas no nal do dia utilizando
produtos que tenham alta retenção nas folhas, pois o orvalho redistribui o produto na
superfície do alvo.

Não é possível interferir nessas variáveis, porém deve-se adequar os horários que
proporcionem o momento ideal para a aplicação:
Umidade relativa do ar acima de 50% a 55%
Temperatura inferior a 30°C
Velocidade do vento entre 3,5 e 10,0 km/h.

Se o clima é inadequado ao trabalho de aplicação, é necessário estar preparado para não


perder tempo nos momentos ideais para a pulverização, disponibilizando água de boa
qualidade próxima ao equipamento no campo, mantendo os equipamentos revisados para
evitar quebras e contando com o produto e mão de obra disponíveis para o trabalho.
EQUIPAMENTO
A maioria dos pulverizadores utilizados na agricultura brasileira são pulverizadores
hidráulicos, ou seja, que usam a pressão colocada no líquido para realizar a pulverização.
Dessa forma será apresentada uma análise dos componentes de um pulverizador,
independente de se tratar de um costal ou de um avião.

Pulverizadores e Turbopulverizadores

LEGENDA

1 - Tanque
2 - Agitador
3 - Registro
4 - Filtro
5 - Bomba
6 - Câmara de compressão
7 - Comando regulador de pressão
8 - Manômetro
Jato Lançado Jato Arrastado 9 - Válvulas de seção
10 - Tubulação de retorno
11 - Barra
12 - Bicos
11 13 - Turbina
12 13
12

Fonte: Adaptado por Herbicat Ltda.

Serão destacados a seguir apenas alguns componentes do circuito de fundamental


importância:

Agitadores
O sistema de agitação é responsável pela homogeneização da calda. Os agitadores
podem ser:
o Hélice / Mecânico - Acionado por um eixo da bomba (ou outro acionamento),
dentro do tanque, movimentando a calda.
o Hidráulico / Venturi – Acionado por parte da calda que sai da bomba. O
líquido, ao passar pelo agitador, desloca um volume de 3 a 5 vezes maior,
movimentando a calda.

É necessário ter em mente que apenas o retorno que sai do comando de pulverização
não é suciente para promover a agitação.
Figura 11 – Agitador hidráulico
Fonte: GeoLine. Figura 12 – Hélice
Fonte: Google.

Filtros
O sistema de ltragem é responsável pela prevenção do entupimento das pontas,
garantindo:
o Maior uniformidade das aplicações
o Maior capacidade operacional dos pulverizadores, diminuindo o tempo
parado
o A segurança do trabalhador, evitando a exposição à tarefa de desentupir as
pontas
o Maior durabilidade das pontas.

Os ltros mais comuns e de uso obrigatórios são:

o Peneira - Instalado na boca do tanque, evita a entrada de impurezas


grosseiras

Figura 13 – Peneira
Fonte: GeoLine.

o Filtro de Sucção da Bomba - Instalado antes da bomba, melhora o


desempenho e segurança da bomba
Figura 14 – Filtro de bomba
Fonte: GeoLine.

o Filtro de Linha - Instalado na linha de pulverização, diminui o número de


manutenção e facilita a limpeza dos ltros de bico.

Figura 15 – Filtro de linha


Fonte: TeeJet.

o Filtro de Bico – Instalado no conector do bico, evita o entupimento da ponta.

Figura 16 – Filtro de bico


Fonte: TeeJet.

A limpeza dos ltros deve ser realizada diariamente ou em qualquer momento que
apresentar características de restrição, dando preferência para as horas mais quentes do
dia, quando a pulverização não é recomendada.
Caso exista a necessidade de alta frequência de limpeza, é preciso observar a qualidade
da água e o processo de preparo da calda em uso.
Bombas
As bombas têm a função de pressionar a calda, colocando no sistema a energia que será
utilizada para realizar a pulverização (energia potencial).
Existem vários tipos de bombas, como: bombas de pistão, de diafragma, de roletes, de
engrenagem e centrífuga.
No Brasil, a grande maioria dos pulverizadores utilizam bombas de pistão embora,
atualmente, alguns pulverizadores novos utilizem bombas de diafragma.

Pontas de pulverização
As pontas ou bicos de pulverização são os componentes mais importantes de um
pulverizador.
Todo o conjunto do equipamento como a bomba, o circuito e os ltros colaboram para que
a ponta de pulverização possa cumprir a sua função corretamente.

As pontas de pulverização apresentam três funções principais:

o Vazão – A vazão de uma ponta depende de diversos fatores:


Pressão de trabalho
Para dobrar a vazão da ponta é necessário aumentar quatro
vezes a pressão
Cuidado! Observe sempre se a pressão de trabalho é adequada
para a ponta selecionada
Tamanho do orifício da ponta
Quanto maior for o orifício da ponta, maior será a vazão
alcançada
Característica do uído
Líquidos mais densos e mais viscosos exigem maior pressão
para manter a vazão da ponta.

o Distribuição – Normalmente as pontas de pulverização se dividem em


grupos:
Leque
Pontas muito utilizadas em pulverização de herbicidas em barras
e outras aplicações sem assistência de ar, geram gotas desde
extremamente nas a ultra grossas
Cone vazio
Pontas muito utilizadas em turbopulverizadores, geram gotas nas
e muito nas
Cone cheio
Pontas utilizadas em aplicações mais especícas, geram gotas
maiores e mais velozes do que o cone vazio.
o Tamanho de gota – Essa é, sem dúvida, a mais importante função da ponta
de pulverização. A partir da seleção correta do tamanho de gotas, é possível
denir:
Cobertura
Gotas menores geram melhor cobertura
Perdas
Gotas menores são mais sensíveis à evaporação e deriva
Penetração
Gotas adequadas garantem melhor penetração.

Todos os fabricantes de pontas de pulverização devem fornecer as informações do tamanho


de gotas geradas pelas pontas, de acordo com a classicação de gotas.
Veja a seguir tabelas do fabricante TeeJet:

TX/TXA - Ponta recomendada para uso em turbopulverizador.

Figura 17 – Tabela de vazão TX/TXA


Fonte: Herbicat Ltda.

XR – Ponta recomendada para aplicação de herbicida e também para algumas aplicações


foliares.

Figura 18 – Tabela de vazão XR


Fonte: Herbicat Ltda.
Equipamentos de aplicação
Os equipamentos são classicados de acordo com:
Tipo de produto que aplicam
o Polvilhadeira (aplica pó), granuladeira (aplica grânulos), pulverizador (aplica
as formulações líquidas)

Forma de acionamento
o Manuais, tratorizados montados ou de arrasto e os autopropelidos
Tipo de energia que usam para formar as gotas
o Cinética, elétrica, hidráulica, entre outras.

As características dos tipos de pulverizadores hidráulicos quanto a forma de transporte


das gotas são:

Jato lançado
Pulverizadores em que as gotas formadas saem da ponta de
pulverização e chegam até o alvo por energia própria.
São os mais encontrados no campo, como: costais manuais, elétricos,
motorizados sem ar, semiestacionários ou mangueiras.

Jato arrastado ou com assistência de ar


Pulverizadores que utilizam energia hidráulica para formar as gotas,
produzindo um jato de ar que leva as gotas até o alvo.
São conhecidos também como turbopulverizador ou pulverizador hidro-
pneumático (costais motorizados com ar e canhão de aplicação).

Alguns desses equipamentos não utilizam bico convencional, apenas


restritores de vazão, que determinam o uxo da calda. Nesse caso, as
gotas são formadas pela velocidade do ar, que passa pela saída da
turbina ou por um disco rotativo dentro da saída de ar.

TÉCNICAS DE APLICAÇÃO
A partir dos conhecimentos básicos do processo de pulverização é possível analisar os
equipamentos e, especicamente, as aplicações.
Para isso é necessário conhecer a fórmula que auxilia em todo o processo de regularem e
calibração, que será chamada de fórmula padrão do cálculo de vazão.

V (km/h) x E (m) x T (L/ha)


Q (L/min) =
600

Onde:
- Q (L/ min) = Vazão total do conjunto de aplicação em litros por minuto
- V (km/h) = Velocidade de trabalho em quilômetros por hora
- E (m) = Faixa em que será aplicado o produto em metros
- T (L/ha) = Volume de aplicação na área em litros por hectare.

Para maior facilidade de uso da fórmula serão analisadas cada uma de suas variáveis:
Velocidade de trabalho (V) para a fórmula padrão
Em todo o processo de regularem e calibração será utilizada a fórmula do cálculo da
velocidade de trabalho:

D (m) x 3,6
V (km/h) =
T (s)

Onde:
V (km/h) = Velocidade de trabalho em quilômetros por hora
d (m) = Distância onde foi medido o tempo de trabalho em metros
t (s) = Tempo gasto para percorrer a distância medida na área de trabalho em segundos.

Faixa de aplicação (E) para a fórmula padrão


É a largura da faixa a ser tratada na aplicação que, na cultura do café é determinada pela
largura da rua (espaçamento de plantio).

Se o pulverizador trata os dois lados da rua na mesma passada (bilateral), como os


turbopulverizadores, o valor da faixa de aplicação é a largura da rua.
Se o pulverizador trata apenas um lado da rua de cada vez (unilateral), como os
pulverizadores costais manuais, o valor da faixa de aplicação é o valor da metade da rua.

Volume de aplicação (T) e hectare verticalpara a fórmula padrão


O volume de calda ideal é aquele capaz de cobrir o alvo (exemplo: folhas com boa
distribuição).
Se o tamanho da planta e o nível de enfolhamento variam, o volume de aplicação também
deve variar.
Não é comum realizar um ajuste para essas condições de variação. Para isso, uma das
fórmulas mais comuns e de fácil uso é a fórmula do cálculo do hectare vertical.

O hectare vertical é um fator utilizado para ajustar o volume de aplicação de acordo com o
tamanho da planta e espaçamento da cultura.
O hectare vertical signica quantos hectares de “parede de folhas” deverão ser
pulverizados. Isso possibilita adequar a pulverização à área efetiva a ser pulverizada e
não à área física plantada.
d

2 x h (m)
F(hv) =
E (m)

Onde: h
F(hv) = Fator hectare vertical
h (m) = Altura da planta em metros
E (m) = Largura da faixa tratada em metros
E = rua

Figura 19 – Área vertical a ser aplicada (2 x h x d)


Fonte: Herbicat Ltda.

Nas pulverizações em café, o ideal é aplicar volumes de calda entre 100 a 300 L/ha (não
ultrapassando 400 L/ha).
Para denir o volume de calda a ser aplicado em uma área, deve-se multiplicar o volume
de calda desejado pelo fator do hectare vertical. Assim, a área foliar será pulverizada com
volumes proporcionais ao seu tamanho.

Exemplo:
Comparando três lavouras de café plantado, a quatro metros na entrelinha, nas alturas de
1,5 metros, 2 metros e 3 metros, mantendo um volume de calda desejado de 200 L/ha,
temos:

Na lavoura de 1,5 metros será aplicado = (2 x 1,5 x 200) / 4 = 150 L/ha plantado
Na lavoura de 2,0 metros será aplicado = (2 x 2,0 x 200) / 4 = 200 L/ha plantado
Na lavoura de 3,0 metros será aplicado = (2 x 3,0 x 200) / 4 = 300 L/ha plantado

Essa é uma conta simples e fundamental para a denição do volume de aplicação ideal
para cada lavoura.
APLICAÇÕES ESPECÍFICAS
Aplicações com equipamentos costais
Esses equipamentos podem ser de acionamento manual, com motor elétrico ou com
motor a gasolina.
Não serão abordados os costais pressurizados, compressão prévia e pressão retida.

Figura 20 – Pulverizadores costais


Fonte: Herbicat Ltda.

Todos esses equipamentos são transportados nas costas do operador, o que diculta
uma operação de campo adequada, devido à fadiga e os desníveis dos terrenos,
principalmente os mais inclinados.

À medida que os equipamentos são equipados com motores elétricos ou a gasolina, é


possível trabalhar com maiores volumes de calda, maiores pressões e mais constantes e,
até mesmo, com mais uma forma de energia que é o ar. São os pulverizadores com
assistência de ar.

Regulagem e calibração de equipamentos costais


A regulagem de um equipamento depende do ajuste das variáveis da fórmula padrão.

Primeiramente é necessário conhecer a velocidade de trabalho no campo com os


operadores que irão trabalhar na aplicação.
Para isso é medido 25 metros dentro da lavoura e, utilizando o pulverizador com meia
carga, de forma bem precisa, é realizada a aplicação na área medindo o tempo gasto
para percorrer a distância denida.
Com isso é possível calcular a velocidade de trabalho pela fórmula da velocidade.

Para determinar o volume gasto é possível trabalhar com duas opções:

Opção 1 – Realizar a aplicação com água, conhecendo a carga inicial do equipamento


(medida antes do trabalho) e completar a quantidade de água gasta, fazendo os cálculos
do consumo na área.

Opção 2 - Acionar o pulverizador parado, coletando a quantidade de água consumida no


tempo da aplicação e calcular o volume gasto.

Nas duas opções deve-se transformar a vazão da ponta em L/min. A fórmula para esse
cálculo é muito simples:
Opção 1 Opção 2

Volume gasto Volume coletado


q (L/min) = x 60 q (L/min) = x 60
T (s) T (s)

Onde: Onde:
q (L/min) = Vazão da ponta em litros q (L/min) = Vazão da ponta em litros
por minuto por minuto
Volume gasto (litros) Volume coletado (litros)
t (s) = Tempo de aplicação em t (s) = Tempo de coleta em segundos
segundos

Mediante as informações de velocidade, vazão da ponta e faixa a ser tratada, procede-se


o cálculo do volume de calda a ser aplicado na área, de acordo com a fórmula:

Q (L/min) x 600
T (L/ha) =
E (m) x V (km/h)

Onde:
T (L/ha) = Volume de calda na área em litros por hectare
Q (L/min) = Vazão total do conjunto de aplicação em litros por minuto
E (m) = Largura da faixa tratada em metros
V (km/h) = Velocidade de trabalho em quilômetros por hora.

Com essa informação, procede-se o preparo da calda para o volume gasto.

Nos pulverizadores costais manuais não existem grandes possibilidades de alterar a


aplicação devido a capacidade da bomba e de acionamento do braço do operador.
Normalmente os volumes de calda dos pulverizadores manuais são menores do que dos
pulverizadores costais motorizados, que pode ter uma bomba com capacidade de gerar
maior vazão e pressão.

Para pulverizadores costais, estacionários, semiestacionários e de mangueiras, sem


assistência de ar, são utilizadas pontas tipo leque, que geram gotas com maior velocidade
se comparadas às geradas nas pontas de cone vazio e cheio. O ideal é selecionar pontas
que produzam gotas médias ou nas.

Existe a possibilidade de fazer essa aplicação com costais motorizados com assistência
de ar. Nesse caso, a denição da vazão vai estar ligada ao restritor de vazão utilizado e à
tabela de vazão de cada fabricante.
Veja atentamente as recomendações dos fabricantes de equipamentos para essas
informações.
IMPORTANTE
Os pulverizadores costais motorizados foram desenvolvidos para operar em alta
rotação, por isso não utilize o controle de aceleração como apoio à regulagem de
pressão. Isso poderá prejudicar o motor por falta de refrigeração.

O maior cuidado nessa aplicação é o direcionamento do jato que é feito pelo


trabalhador em campo e depende de duas variáveis:
o Direcionamento do jato
O ideal é trabalhar direcionando o jato no sentido diagonal à planta, do lado oposto
da mão de trabalho.

Figura 21 – Distribuição espacial Figura 22 – Direcionamento do jato


Fonte: Herbicat Ltda. Fonte: Herbicat Ltda.

o O zig-zag do braço e a caminhada do operador provocam uma falha de


aplicação, como pode ser visto na gura a seguir.

(x) – PONTO DE FALHA (o) – PONTO DE SOBREPOSIÇÃO


Figura 23 – Zig-zag da aplicação
Fonte: Herbicat Ltda.

Por essa condição, a redução da velocidade de trabalho e o aumento dos movimentos do


braço do operador podem reduzir os pontos de falhas da aplicação.
Aplicações com eq
uipamentos turbopulverizadores
Esses equipamentos são muito utilizados na cafeicultura de maior escala, em terrenos
mais planos.
Existem diversos fabricantes com diferentes capacidades de tanque, montados no trator
ou mesmo de arrasto.

Figura 24 – Equipamentos turbopulverizadores


Fonte: Desconhecida.

Esses equipamentos sempre têm o mesmo princípio de aplicação: as gotas são formadas
nas pontas de pulverização e lançadas no meio de uma correte de ar que deve levar
essas gotas até o alvo.

Por princípio, essa aplicação se baseia na troca de ar dentro da planta. A massa de ar


gerada pelo pulverizador, carregada com as gotas, substitui o ar seco que está no interior
da copa da planta, depositando as gotas nas folhas.

Figura 25 – Troca de ar na aplicação


Fonte: Ciba Geigy
IMPORTANTE
À medida que as plantas cam maiores e os equipamentos permanecem os mesmos, é
fundamental realizar o ajuste da velocidade de trabalho, garantindo que o volume de ar
gerado atenda a necessidade do volume das plantas.
Outro ponto importante é a altura da turbina em relação à altura da planta. Turbinas muito
baixas não permitem bom tratamento de lavouras muito altas (C), deixando deciente a
cobertura dos ponteiros.

(A) (B) (C)


ADEQUADO ADEQUADO INADEQUADO

Figura 26 – Altura da turbina em relação às plantas


Fonte: Herbicat Ltda.

Regulagem e Calibração de equipamentos turbopulverizadores


Antes de iniciar a regulagem, deve-se vericar as condições do pulverizador.

Verique:
Tanque
Vazamento, limpeza, acessórios de nível, etc.
Agitação
Se o sistema for de correia, verique se existem vazamentos e se a correia
está esticada
Se o sistema for hidráulico, verique se o bico agitador está entupido
Bomba
Verique se existem vazamentos ou pulsação e faça uma revisão, se
necessário
Comando
O comando deverá estar respondendo bem à variação de pressão para
permitir o ajuste correto da pressão
Distribuição do ar
Coloque uma vareta com tas amarradas na frente da saída de ar e verique
a qualidade da distribuição do ar. A velocidade de saída do ar deve ser a
mesma em ambos os lados
Pontas de pulverização
As pontas de pulverização devem estar em boas condições, sem defeitos na
distribuição (comprovadas visualmente) e com as vazões dentro do limite
(não deve ser superior a 10% da ponta nova).
Seleção e cálculo da velocidade

Medir 50 metros dentro da área a ser pulverizada

Ajustar a rotação do trator, próxima ou igual a rotação para gerar 540 rpm da TDP
(aproximadamente)
Selecionar a marcha de trabalho para que possa trabalhar com maior velocidade
sem perder a qualidade
Medir o tempo, em segundos, para percorrer os 50 metros.

Figura 27 – Seleção da velocidade


Fonte: Herbicat Ltda.

Cálculo da velocidade: (km/h) = 180 / t (seg)

180
V (km/h) =
T (s)
Onde:
V(km/h) = Velocidade em quilômetros por hora
t (s) = Tempo em segundos

Exemplo: Se for medido o tempo de 30 segundos, nos 50 metros, temos:

180
V (km/h) = = 6 km/h
30

Denição da faixa de trabalho


O espaçamento da cultura está denido pelo tipo e forma de plantio.

Volume de calda
O volume de calda a ser utilizado é uma variável a ser testada e deve garantir a cobertura
desejada.

Vamos partir do estudo do hectare vertical, citado anteriormente.

Medir a altura das plantas, multiplicar por dois e dividir pela largura da rua de café.
Exemplo: Uma lavoura com três metros de altura plantada, a quatro metros de
espaçamento de rua temos:

3x2
F(hv) = = 1,5
4
Os volumes de calda podem variar de 100 a 400 L/ha, sendo que normalmente entre 200
e 300 L/ha é possível realizar a maioria das aplicações.

Tendo calculado o fator de hectare vertical e denido o volume de calda desejado,


obtemos o volume a ser gasto na área.

Exemplo: Se for escolhido trabalhar com 250 L/há, temos:

T = 250 x 1,5 = 375 L/ha.

Seleção das pontas (bicos)


Para denir a montagem correta das pontas no turbopulverizador é utilizada a fórmula de
regulagem. Exemplo:

6 x 4 x 375
Q (L/min) = = 15 L/min.
600

Onde Q (L/min) é a vazão total do pulverizador.

Assim, o conjunto de pontas precisa aplicar 15 L/min em todo o circuito.


Para selecionar as pontas de pulverização é necessário denir quantas pontas serão
utilizadas em cada lado do turbopulverizador.

Normalmente cada equipamento já possui um número de pontas denido em cada lado


do pulverizador (em cada ramal), mas como existe variação de altura das plantas, é
possível, dentro de certos limites, aumentar o número de pontas na parte superior da
turbina usando os duplicadores de pontas.

Figura 28 – Aplicação com duplicadores


Fonte: Herbicat Ltda.
Exemplo: Se utilizar 7 pontas de cada lado, que somam 14, temos:

q (L/min) =
15 = 1,07 L/min.
14

Onde:
q(L/min) = Vazão individual de cada ponta

Observe na tabela de vazão e tamanho de gotas a seleção da melhor ponta e pressão de


trabalho.

Figura 29 – Tabela de vazão TX/TXA


Fonte: Herbicat Ltda.

É possível selecionar duas pontas diferentes:


TXA80015 a uma pressão de um pouco mais de 10 bar.
TXA8002 a uma pressão de um pouco mais de 5 bar.

IMPORTANTE
Evite trabalhar com pressões maiores que 10 bar ou 150 psi.
Essa indicação reduz o consumo de diesel, aumenta a vida útil das pontas, da bomba e
do comando, além de reduzir vazamentos no circuito.

Aplicações com equipamentos tipo canhão


Esses equipamentos, na maioria das vezes, são equipamentos baseados na técnica de
produzir gotas a partir do uxo de ar ou de discos rotativos.

Para realizar a regulagem e calibração o pulverizador deve ir ao campo com meia carga
de água para mediação da velocidade de trabalho.

Da mesma forma deve-se ajustar a vazão pelos reguladores de uxo de cada modelo de
pulverizador. O ideal é garantir que a rotação do trator permita trabalhar com 540 rpm na
TDP. (consulte o manual do trator).
Nesse caso as faixas de aplicação são maiores e cobrem diversas linhas de plantio,
chegando a cobrir faixas de 15 a 20 metros.

IMPORTANTE
Essa técnica de aplicação foi desenvolvida para trabalhar com menores volumes de
calda, normalmente entre 100 e 200 L/ha, dependendo do equipamento.
O canhão precisa trabalhar sempre com gotas mais nas para que o ar possa levar a gota
a maiores distâncias.
SEMPRE TRABALHE COM O JATO A FAVOR DO VENTO PARA OBTER A MAIOR
FAIXA DE COBERTURA.

AVALIAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO

Em todos os casos de aplicação, utilize o papel sensível para vericar se a aplicação


atingiu o alvo desejado.
Coloque o papel sensível nos pontos mais importantes da aplicação e analise a cobertura
e distribuição obtida na regulagem.
Veja os procedimentos para o uso do papel sensível e para a montagem do programa de
avaliação de padrões e resultados nas “Instruções Avaliação de Pulverização em
Cafeeiro”.
Se atender a necessidade, você fez um bom trabalho de pulverização e terá resultado
ecaz.

LEITURA COMPLEMENTAR.
Veja o manual dos pulverizadores costais:

http://www.guaranyind.com.br/

http://www.stihlusa.com/WebContent/CMSFileLibrary/instructionmanuals/SR340_420_Ma
nual.pdf

http://www.mercadegan.com/publicaciones/MANUAL_FUMIGADORA_362D28.pdf

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