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19ª edição
Pamela Facco
Poesia com elos
A vida é movimento,
não deixe água parada
“
“
às vezes se manter
distante de uma
construção tóxica
seja o seu modo de se
opor a ela
“
Tem coisas que nos marcarão para sempre e faz parte
deixar arder, chorar um pouco e compreender que
simplesmente não temos controle de todos os pedaços
da nossa vida em cem por cento do tempo, porque somos
também o coletivo e para além de nós tudo é incerto.
As vezes é sim, tudo questão do outro, culpa do outro
e bagagem do outro.
Tome um ar.
Observe a situação de fora, tente não se emocionar
com o desenrolar do drama e tire suas conclusões em
terceira pessoa.
A emoção treme o peito e as lágrimas embaçam a visão.
Movimente-se em prol da dissolução do nó se achar
necessário, mas também se anistie quando perceber já
ter feito de um tudo para remendar a situação e ainda
assim perceber que ela não se sustentou e rompeu.
Há rompimentos em todas as relações e nem tudo é
permanente.
Nem todas as relações e nem todas rupturas.
Não se afobe, não se atropele e nem puxe toda respon-
sabilidade para si.
Entenda que o outro tem angústias, aflições, traumas e
diferente de você, talvez nunca tenha feito análise,
nunca tenha olhado para si com franqueza e nunca tenha
desatado os nós antigos afim de conseguir viver de
maneira coerente, equilibrada e sem ferir os outros.
Não é certo você se culpar, não é certo você tentar
resolver pelos dois e também não é certo você sofrer
por um longo período por algo que não está sob seu
controle.
Deixe seu afeto se afastar se ele não estiver corres-
pondendo as suas investidas de maneira equilibrada,
se refaça sozinho e realoque aquela relação num novo
espaço.
Um espaço que não te machuque.
A vida é movimento, não deixe água parada.
Seja amável com todos, entregue o seu melhor sempre,
mas não se minimize nem se sujeite a estar presente
em um espaço que não te recebe com alegria.
Você é feixe de luz, você é único, você é raro, você
é alegria e amor.
Acima de tudo você é gigante, reclame pelo seu espaço,
ocupe todas as quinas.
Não se encolha para caber num cômodo entre portas
fechadas que te exige calada, opaca e séria.
Você não precisa estar junto sempre para provar que
ama profundamente, às vezes se manter distante de uma
construção tóxica seja o seu modo de se opor a ela.
Às vezes não é possível dizer tudo, às vezes o outro
não está pronto para ouvir tudo.
Nesses casos, não se gaste, não se desgaste.
Tome um ar e volte depois.
Essa revista contará com dois ensaios, o primeiro
apresentado será o último ensaio coletivo feito esse
ano. Foi um ensaio divertidíssimo onde os partici-
pantes entregaram muito às composições desde a sua
elaboração. Agradeço um monte a cada um desses peda-
cinhos desse nosso quebra-cabeças.
Fizemos duas releituras de obras famosas, em uma
delas recriamos a pintura “O Dilúvio”, foi feita
em 1592 pelo pintor Holandês Cornelis Corneliszoon
van Haarlem e a outra foi a obra Les Demoiselles
d’Avignon, de 1907 de Pablo Picasso.
Espero que apreciem nossas construções tanto quanto
nós.
O segundo ensaio que trarei na composição dessa
revista será uma brincadeira de autorretrato que
fiz com uma grande amiga. Infinitamente prazeiroso
também.
Dezembro de 2021