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Universidade Federal Fluminense – UFF

Campus do Gragoatá
Curso de Inverno
Disponibilidade de horários: vespertino

‘‘Quem tem medo de literatura popular?!’’: As Revistas de Emoção no Brasil do


século XX

Doutoranda: Mirian Marques

Ementa: É de amplo conhecimento que a literatura classificada como popular foi


frequentemente publicada, nos primórdios do século XIX, por meio dos chamados
folhetins, narrativa seriada de prosa de ficção e romance. Quanto ao formato, era
publicado de modo sequenciado em periódicos, jornais e revistas, na maioria das vezes,
nos rodapés. Diferentemente dos famosos folhetins de rodapé dos jornais, publicados no
século XIX e início do século XX, surgiram, na segunda década do século XX, no
Brasil, fascículos literários, publicados isoladamente pelas empresas jornalísticas. Esses
fascículos tornaram-se um verdadeiro fenômeno de venda da literatura popular.
Circularam e foram lidos por cerca de três décadas, porém, a despeito de seu sucesso
editorial e mercadológico, permanecem, em grande medida, desconhecidos. Produto
‘‘descartável, muito difundido e sem valor literário’’, o fascículo, como todas as coisas
mundanas e comuns, desapareceu com o tempo deixando poucos vestígios. Gestado em
um tempo em que estudos eram baseados em critérios estatísticos e sociológicos,
negavam a existência de bens culturais de caráter popular, as revistas de emoção foram
subestimadas como aspecto fundamental da produção literária. A elite literária
desconheceu ou ignorou essa produção popular, visto que as revistas de emoção,
ditavam e seguiam suas próprias regras, distanciando-se da ordem estética estabelecida,
ou seja, daqueles que escolhiam a atividade literária como ocupação, escritores, poetas,
romancistas e críticos. Assim, os best-sellers populares já nasciam marginalizados, em
um mundo à parte do que era considerado a ‘verdadeira literatura’. Não surpreende a
existência de relatos que claramente relegavam a literatura de best-sellers como
‘ilegítima’. Tomando como base as discussões da História dos impressos e edições, a
proposta principal desse curso é apresentar, discutir e analisar este ‘novo objeto’
histórico. Como metodologia de trabalho, haverá leituras seguidas de discussão em sala
e uma avaliação final.

Cronograma de leituras:

Aula 1 - Apresentação do curso e discussão da bibliografia e da metodologia de trabalho.

Aula 2 – Antecedentes - O folhetim


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Disponibilidade de horários: vespertino

MEYER, Marlyse. A terceira fase do romance-folhetim (1871-1914) – Os romances dos


‘‘dramas da vida’’. In:_______________. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996, p. 209-231.
MEYER, Marlyse. Turvo deleite. In:_______________. Folhetim: uma história. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996, p. 359-385.

Aula 3 - As Revistas de Emoção

CAUSO, Roberto de Sousa. Os Pulps Brasileiros e o Estatuto do Escritor de Ficção de


Gênero no Brasil. In: Alambique - Revista académica de ciencia ficción y fantasia /
Jornal acadêmico de ficção científica e fantasía, Tampa, FL, p. 1 - 33, 10 ago. 2014.
CARDOSO, Athos Eichler. As Revistas de Emoção no Brasil (1934-1949): O Último
Lance da Invasão Cultural Americana. Trabalho apresentado no NP-Produção Editorial
do IX Encontro de Núcleos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do
XXXII Congresso Brasileiro de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
Curitiba, PR – 4 a 7 de setembro de 2009. Disponível em PDF em
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-18332.pdf

Aula 4 – Como pensar as Revistas de Emoções

BOURDIEU, Pierre. O mercado dos bens simbólicos. In:_______________. As Regras


da Arte: Gênese e estrutura do campo literário. Tradução: Maria Lucia Machado. São
Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 162-202.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Mapa noturno para explorar o novo campo. In:


_____________. Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia.
Tradução: Ronald Polito & Sérgio Alcides. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997, p. 287-
307.

Aula 5 – As inerências das Revistas de Emoção e leitores/as

CHARTIER, Roger. A leitura entre a falta e o excesso. In: _____________. A aventura do


livro: do leitor ao navegador: conversações com Jean Lebrun. São Paulo: Editora UnesP, 1998,
p. 97-114.
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Disponibilidade de horários: vespertino

FOIS-BRAGA, Humberto. Trajetória histórica das coleções literárias: conceituações


para os formatos de coletâneas seriadas e temáticas. In: Revista Trama (UNIOESTE.
ONLINE), v. 12, 2016, p. 370-393. Disponível em: <
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/navegacoes/article/view/33014>.
SILVA, Rhuan Felipe Scomação da. O Pulp em solo nacional e a relação do leitor com
as revistas de emoção. In: Diálogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 05, n. 02, jul./dez.
2016, p. 284-301.
SETTON, Romain. Polémicas y textos programáticos tempranos sobre literatura
policial (1877-1942). In: SETTON, Romain; PIGNATIELLO, Gerardo (Orgs.). El
género policial en la Argentina (1870-2015): literatura, cine, television, historieta y
testimonio. Ciudad Autónoma Buenos Aires: Título, 2016, p. 57-70.

Aula 6 – As revistas populares enquanto objeto de estudo

SMITH, Erin A. How the Other Half Read: Advertising, Working-Class Readers, and
Pulp Magazines. Book History, vol. 3, 2000, pp. 204–30. JSTOR,
http://www.jstor.org/stable/30227317. Accessed 13 May 2023.

BREMER, Thomas. Las estrategias publicitarias y de venta de las novelas populares


en España. In: MUSSER, Ricarda; ALTEKRÜGER, Peter (Orgs.). Uma excursión al
colorido mundo de la novela popular española: La colección Fernando Eguidazu.
Berlim: Ibero-Amerikanisches Institut Preußischer Kulturbesitz, 2021, p. 28-34.

MUSSER, Ricarda. Horrendo, inaudito y sin precedentes: hojas sueltas sobre casos
criminales como parte del sensacionalismo periodístico. In: MUSSER, Ricarda;
ALTEKRÜGER, Peter (Orgs.). Uma excursión al colorido mundo de la novela
popular española: La colección Fernando Eguidazu. Berlim: Ibero-Amerikanisches
Institut Preußischer Kulturbesitz, 2021, p. 35-41.

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