Você está na página 1de 6

EXERCÍCIOS DE DICÇÃO / PROJEÇÃO/ IMPOSTAÇÃO DE VOZ

PROFESSOR: TOM

1 – Exercício: (Falar prolongamento de cada vogal, como um canto


gregoriano)
BOIAM LEVES DESATENTOS
MEUS PENSAMENTOS DE MAGOA
COMO NO SONO DOS VENTOS
DAS ALGAS CABELOS LENTOS
DO CORPO MORTO DAS ÁGUAS

Trava Língua.
R.:
As rosas de Israel são rubras
O rato roeu as ricas rendas da rainha Dona Urraca de Bombarral
Comprei uma arara rara em Araraquara
S.:
O sábio centenário assistiu à sessão solene sem se cansar
O sapo subiu as cinco salas do palácio-real
A seleção sabia satisfazer as sete torcidas do estádio
T. :
Titia pôs o distintivo no vestidinho da Cidinha
Tadeu tinha todos os tipos de testemunhas talentosas
L. :
General do Bananal
Salto alto
Planalto central
Azul do pantanal

As bruzundangas do bricabraque do Brandão abrangem broquéis, brocados


bruxuleantes, abraxás e abrazuras.

Sacha saiu na chuva sem saber que Natacha saiu sem seu xale chinês.
Exercício de agilidade. (Falar com rapidez de locutor de futebol.)

“Acaba de chegar um dos esculcas, que andam disfarçados em besteiros da beetria de


Gotingem no arraial do Infante – disse o cavaleiro -: dá rebate de que a hoste rebelde caminha
para estes sítios. O velho Egas Moniz de Riba de Douro veio a ela com cem lanças. São já
perto de mil homens d’armas os que D. Afonso capitaneia. Segundo se diz, ele pretende dar-
vos batalha, e conta com alguns dos senhores da corte que espera tomem sua voz: o mui
Reverendo Martins Eicha, a quem incumbistes juntamente comigo de introduzir
aforradamente o mensageiro ao postigo de ábrego, foi dar conta destas novas à mui excelente
Rainha, enquanto eu vos buscava.”

Articulação. (Falar mastigando a voz e buscando projeção)

Baladas de uma outra terra. - Fernando Pessoa


Baladas de uma outra terra, aliadas
Às saudades das fadas, amadas por gnomos idos,
Retinem lívidas ainda aos ouvidos
Dos luares das altas noites aladas...
Pelos canais barcas erradas
Segredam-se rumos descridos...

E tresloucadas ou casadas com o som das baladas,


As fadas são belas e as estrelas
São delas... Ei-las alheadas...

E sao fumos os rumos das barcas sonhadas,


Nos canais fatais iguais de erradas,
As barcas parcas das fadas,
Das fadas aladas e hiemais
E caladas... Toadas afastadas, irreais, de baladas... Ais...

2
V - Respiração

Exercício de dicção

Romanos concidadãos e amigos \/ ouvi a exposição da minha causa


e fazei silêncio para que possais ouvis \/ credes em minha honra e
respeitai minha honra para que possais acreditar nela \/ julgai-me
segundo vossa sabedoria/ e ficai com os sentidos despertos para que
possais julgar melhor \/ se houver alguém nesta reunião/ algum
amigo afetuoso de Cesar \/ dir-lhe-ei que o amor que Brutus
dedicava a Cesar não era menor do que o dele \/ e se esse amigo
então perguntar por que motivo Brutus se levantou contra Cesar \/
eis minha resposta \/ não foi por amar menos a Cesar \/ mas por
amar mais a Roma \/ que teríeis preferido \/ que Cesar continuasse
com vida e vos todos morrêsseis como escravos \/ou que ele
morresse para que todos vivêsseis como homens livres \/ por Cesar
haver me amado prantei-o \/ por ter sido feliz alegro-me \/ por ter
sido valente honro-o \/ mas por ter sido ambicioso matei-o \/ logo /
lágrimas para sua amizade \/ alegria para sua fortuna \/ honra para o
seu valor \/ e morte para sua ambição

Júlio Cesar – w. Shakespeare

O BOBO - ALEXANDRE HERCULANO

3
1 - EXERCICIO DE DICÇÃO E SUSTENTAÇÃO DE AR
DIAFRAGMAL.

\/ - respiração
/ - pausa

A morte de Afonso VI rei de Leão e Castela / quase no fim da primeira


década do século XII \/ deu origem a acontecimentos ainda mais graves do
que os por ele previstos \/ no momento em que ia trocar o brial de cavaleiro e
o cetro de rei \/ pela mortalha com que o desceram ao sepulcro no mosteiro de
Saagum. \/ A índole inquieta dos barões leoneses, galegos e castelhanos \/
facilmente achou pretextos para dar largas às suas ambições de mútuas
malquerenças na violenta situação política em que o falecido rei deixara o
país. \/ Costumado a considerar a audácia, o valor militar e a paixão da guerra
como o principal dote de um príncipe \/ e privado do único filho varão que
tivera, o infante D. Sancho, morto em tenros anos na Batalha de Ucles, \/
Afonso VI alongara os olhos pelas províncias do império \/ buscando um
homem temido nos combates e assaz enérgico para que a fronte lhe não
vergasse sob o peso da férrea coroa da Espanha Cristã. \/ Era mister escolher
marido para D. Urraca, sua filha mais velha, viúva de Raimundo, conde de
Galiza: \/ porque a ela pertencia o trono por um costume gradualmente
introduzido, a despeito das leis góticas, que atribuíam aos grandes e até certo
ponto ao alto clero a eleição dos reis. \/ Entre os ricos-homens mais ilustres
dos seus vastos estados, nenhum o velho rei achou digno de tão elevado
consórcio. Afonso I de Aragão tinha, porém, todos os predicados que o altivo
monarca reputava necessários no que devia ser o principal defensor da Cruz.
Por isso, sentindo avizinhar-se a morte, ordenou que D. Urraca apenas
herdasse a coroa desse a este a mão de esposa. Esperava por um lado que a
energia e severidade do novo príncipe contivessem as perturbações intestinas,
\/ e por outro lado que, ilustre já nas armas, não deixaria folgar os ismaelitas
com a notícias da morte daquele que por tantos lhes fora flagelo e destruição.

Exercícios de pronuncia, ritmo, tonicidade, Plasticidade e agilidade.

4
“Zé Grande passa a boiada com berrante a tiracolo, e continua calado,
observando. Para sabença do gado, ele é o melhor vaqueiro da Tampa, homem
ledor de todos os sestros e nequícias do bicho boi. Só pelo assim do marruaz
bulir ou estacionar, mede ele o seu grau de má fúria, calcula a potência de
arremesso e adivinha para que lado será o mais dos ataques, e qual a pata de
apoio, o giro de grampos, e o tempo de volta para segunda ofensiva.
Apura o passo por entre as campinas ricas, onde pastam ou ruminam
outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não esmorecem nos eias e cantigas,
porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: Alarga-se e comprime-se,
sem motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros estranhos, que
não o deslocamento normal do gado em marcha – sempre alguns disputam a
colocação de vanguarda, outros procuram o centro e muitos se deixam levar,
empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e
os mais pesados tardando para trás, no coice da procissão.
Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos, cubetos, lobunos,
lombardos, caldeiros, cambraias, chamurros, chirriados, corombos, cornetos,
bolcalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silveiros...”

“O burrinho Pedrês” Guimarães Rosa.

5
Antes do Caos, da Terra, do Tártaro e de Eros, antes das potestades
que pulsam nas Origens, tenebrosas potências do abismo primordial, antes
que as dez mil válvulas abertas de Gaia parissem Gigantes, Titãs e
Ciclopes, antes da guerra entre os monstros da noite e a lúcida força do
dia, antes de tudo, filho de um rio e de uma ninfa da água, Narciso, o filho
da Náiade, deitava de bruços e se olhava no trêmulo espelho da fonte,
Narciso de olho em Narciso, beleza de olho em si mesma, cego, surdo e
mudo aos apelos de Eco, a ninfa apaixonada, chamando Narciso, Narciso,
a água da fonte repete o rosto de Narciso, reflexos de Narciso nos ecos da
ninfa, água na água, como a luz na luz, luz dentro da água. Esta lenda é a
pedra de Sísifo, a pedra que Sísifo rola até o alto da montanha, e a pedra
volta, sempre volta, penas de Hércules, trabalhos de Dédalo, labirintos,
lembra que és pedra, Sísifo, e toda pedra em pó vai se transformar, e sobre
esse pó, muitas lendas se edificarão.
O olhar de Narciso cai na água como ícaro das alturas, e ícaro cai na
água, um ruído de púrpura que se rasga, Poseidon!, e afunda num coral
de sereias.0 olhar de Narciso volta, tonto de tanta beleza, pedra de Sísifo,
queda de ícaro, e torna a cair na água, rodas gerando rodas.
Na água, agora sangue, bóiam o pênis e os testículos de Urano,
cortados pela foice que Titéia, a Terra, deu ao filho Cronos para mutilar o
pai.Destes testículos cortados, ela nasceu, Afrodite, saída das espumas do
mar, a beleza, o gozo, a paixão, a delícia, que livrou os homens de final
patético.

“Metaformoses” de Paulo Leminski.

Você também pode gostar