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PRATICADA

Novembro ’97
João Malheiro
Índice

APRESENTAÇÃO

L. AULA: INTRODUÇÃO AO CURSO

POR QUE NÃO NOS ATRAI A RELIGIÃO ?


IMPORTÂNCIA DE ASSUMIR UMA POSTURA PRÓPRIA E LIVRE
SENTIMENTO E RAZÃO
DIFICULDADES PARA ESTUDAR RELIGIÃO

2. AULA: QUEM É DEUS - QUEM É O HOMEM

QUEM É DEUS ?
QUEM É O HOMEM ?
A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
A QUEDA DO HOMEM: CONSEQÜÊNCIAS
OS MEIOS PARA VENCER

3. AULA: OS SACRAMENTOS - A CONFISSÃO

O QUE SÃO, QUAIS SÃO E PARA QUE SERVEM OS SACRAMENTOS


A CONFISSÃO: DEFINIÇÃO
CONCEITO E TIPOS DE PECADO
AS CINCO FASES DE UMA BOA CONFISSÃO

AULA 4: A SANTA MISSA E A COMUNHÃO

ERROS ATUAIS SOBRE O QUE É A MISSA


O QUE É A SANTA MISSA?
PARTES DA MISSA E A CONSAGRAÇÃO
CONDIÇÕES E PREOCUPAÇÕES PARA COMUNGAR

AULA 5: A ORAÇÃO

POR QUE REZAR?


DEFINIÇÃO E FORMAS DE ORAÇÃO
DIFICULDADES E COMO VENCÊ-LAS

AULA 6: A LUTA INTERIOR

O ESFORÇO PESSOAL: A IMPORTÂNCIA DAS VIRTUDES HUMANAS


DETECTAR OS TRÊS DEFEITOS DOMINANTES: COMO LUTAR NA PRÁTICA
ANIMALIZAÇÃO X HUMANIZAÇÃO X SANTIFICAÇÃO

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Apresentação

Cada vez mais se encontram hoje pessoas completamente "paralisadas" na religião. Pessoas que,
talvez, no passado, já tenham aprendido o catecismo, tenham feito a primeira comunhão e, durante algum
tempo, até tenham praticado com assiduidade a sua fé, mas, devido à força de um ambiente paganizado e
de um indiferentismo religioso, foram parando até chegar a uma autêntica paralisia da inteligência e da
vontade para temas de religião.
Depois de um certo tempo, talvez empurrados por um amigo, por um parente, por um filme, por
uma palestra de formação, por uma tragédia, por um certo "toque" misterioso de Deus, por um certo
sentimento de vazio existencial, essas pessoas sentem vontade de '"voltar a andar", mas não sabem por
onde começar ou não conseguem... Se olham para um livro antigo da prateleira, muitas vezes, ficam
desanimados pelo número de páginas... Se pensam voltar a freqüentar a Igreja ou algum outro local de
formação que iam antigamente, às vezes, nasce um sentimento de vergonha, outras, falta de confiança...
Se tentam rezar, parece que não conseguem se concentrar por mais de três minutos... Ficam aguardando
uma oportunidade que acaba nunca aparecendo.
Este livro, tem a finalidade, justamente, de ajudar a este tipo de pessoas! Foi escrito baseado em
inúmeras conversas, debates e aulas sobre temas relacionados à fé católica e à educação humana, com
estudantes do colegial e da universidade, dos últimos 20 anos (1977-1997).
Podemos afirmar, com toda a convicção, e cheios de agradecimento a Deus, que depois deste
"mini-curso" de 6 aulas - foram espremidas forçadamente em 6 aulas, para animar os assistentes - , muitas
pessoas voltaram a andar e a pular de alegria! Voltaram a descobrir um dos valores mais importantes de
suas vidas que é a consciência de serem filhos de Deus.
Desejo a todos os que lerem este livro ou assistirem a um Curso apoiado nestas aulas, que
procurem, desde o primeiro momento, fazer pequenos propósitos práticos e se esforcem por vivê-los de
verdade, entendendo a fundo porque estão vivendo tais aspetos. Somente uma liberdade bem determinada
e convicta é capaz de superar a "barreira da dor e da sensibilidade", e descobrir outros valores muito
mais "saborosos" e prazerosos como é a amizade, a liberdade, o amor, a conquista de um ideal, o domínio
de si e o carinho de um Deus infinitamente amoroso.

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Depois que você começou ou recomeçou a "andar" espiritualmente, procure manter-se sempre
em forma, lendo com constância livros um pouquinho mais substanciosos e buscando a direção de um
bom diretor espiritual.

l. AULA: Introdução ao Curso

Por que não nos atrai a religião ?

Conta-se nos dedos o número de jovens que na juventude têm um interesse próprio pela religião.
A grande maioria deles, mesmo aqueles que vivem numa família religiosa ou estudam num colégio que
ensina religião, não sentem nenhuma motivação para estudá-la e muito menos para praticá-la. Arriscaria a
dizer que todos têm a sua inquietação, chegam a questioná-la alguma vez, talvez depois de uma aula
polêmica no colégio ou de um filme de valores humano-religiosos, mas tendem a adiar uma postura mais
decidida e comprometida. Vivem-na do seu modo - rezando ao acordar ou à noite; antes de uma prova ou
de uma competição esportiva; ou quando morre um amigo ou um ídolo musical ou esportivo - mas sem
muito "fanatismo". Têm um certo "instinto religioso" . Porém, querer aprofundar um pouco mais sobre
quem é Deus, quem somos nós, por que existimos, etc., é algo que tendem a achar que não necessitam,
pelo menos, por enquanto... "O importante agora é estudar para vencer na vida; divertir-se o máximo que
se possa nas horas vagas, e aproveitar a juventude enquanto dá, pois sei que depois a “coisa” complica,
pensam a maioria dos jovens.
Se pensam assim, poderíamos nos perguntar: por que este fenômeno, tão crescente, nos últimos
anos? Penso que podemos deduzir um pouco... Pelas "leis da probabilidade", é muito difícil que todo o
mundo pense igual quando se ensina uma teoria ou tese opinável. É normal que uns sejam a favor, outros
contra, outros indiferentes, mas se todo o mundo juvenil tem uma atitude de "distância" com relação à
religião somente podemos concluir que só pode ser por uma profunda ignorância... Porque lhes falta
uma verdadeira e profunda formação. Será isto por acaso? Será que é fruto do destino? Tenho a plena
convicção que não! Os responsáveis por cuidar da formação da juventude não estão muito interessados
em ensinar-lhes os princípios e conceitos religiosos. Por que será que tiraram do ensino obrigatório as
aulas de religião, na maioria dos colégios ? E por que será que têm esta atitude?
Quem teve a sorte de nascer numa família com fé ou de ter estudado num colégio preocupado
pela formação religiosa de seus alunos, pelo menos, quando chegou na idade que é estabelecida pela
Igreja, deverá ter feito a 1ª comunhão. Deverá ter recebido uma formação elementar para estar preparado
para receber o sacramento; deverá ter aprendido algumas orações básicas (Pai-Nosso, Ave-Maria, Anjo da
guarda, etc.); e deverá ter praticado até uma idade que dependia da "programação" dos pais. Confesso

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que, quem chegou até aqui, hoje em dia, pode-se considerar um autêntico sortudo, pois muitos nem isto
recebem! Entretanto, o tempo vai passando, os anos escolares vão-se sucedendo, a inteligência vai
aumentando e desenvolvendo-se e os conhecimentos religiosos, neste período, normalmente não
acompanham o mesmo ritmo do conhecimento escolar. Normalmente, ficam parados, e, cada vez mais,
são vistos numa distância longínqua. Sabe o que acontece, se é o seu caso? Você olha para a religião do
mesmo jeito que você olha hoje para um "joguinho de sala" da época que você fez a 1ª comunhão: com
desinteresse ! Você já teve esta experiência? Tenho a certeza que sim. Talvez um irmão mais novo, ou um
sobrinho, lhe tenha convidado para jogar o "loto" ou a "corrida maluca" e você não demonstrou o menor
interesse. Algo semelhante acontece com você com relação à religião... Você a olha com a cabeça de
"adulto", mas com os conhecimentos de criança !
Portanto, respondendo à pergunta deste capítulo, penso que a primeira resposta é muito simples:
porque não nos ensinaram com a cabeça atual a aprofundar neste tema tão essencial da nossa existência.
Porque olhamos para a religião com uns conhecimentos de "girino" e, obviamente, assim é compreensível
que não nos atraia. Como já diz um antigo princípio filosófico: "Ninguém ama, quer, deseja o que não
conhece". Mas não é só este o único motivo. Existem alguns outros que nos distanciam da religião.
Quando não temos a suficiente formação, facilmente adquirimos preconceitos contra ela. Basta
um professor de história falar com desprezo da Igreja, na Idade média; um programa de televisão flagrar
uma cena "erótica" de um sacerdote ou freira; ou ainda assistirmos a alguma homilia na Missa de
domingo que fale mais de política do que de religião para facilmente adquirirmos uns "conceitos errados"
ou uns "pré - conceitos" sobre os dogmas, os mandamentos, os católicos em geral ou ainda sobre a moral
cristã. Quando não se tem uma formação profunda fica-se sem um "filtro moral" para peneirar o que está
certo, o que está errado e o que é duvidoso. Engole-se tudo com facilidade e nos faltam argumentos para
rebatê-los. Depois, tirar esses "absurdos" mais tarde, que ficam "envenenando-nos" dentro de nós, é uma
tarefa, às vezes, dificílima...
Outro motivo pelo qual não nos motiva muito a interessar-nos pelo estudo da nossa alma e da
nossa existência é o ambiente desfavorável. Simplesmente, não está na "moda"! Não "pega" bem! Se você
faz uma pesquisa hoje em sala de aula você notará que os que praticam a religião a sério serão, mais ou
menos, uns 10 %. Os pais destes, na grande maioria, também não vai na Igreja. O que motiva hoje é
divertir-se, é descansar, é viajar, é não ter muito horário para nada, e, como é lógico, "muito dinheiro no
bolso, saúde para dar e vender". Diante destes contrastes, é natural que seja necessário hoje ter uma forte
personalidade para viver a sério a religião. Que é preciso ter umas fortes convicções pessoais para não se
deixar vencer pelo ambiente contrário, e "nadar contra a corrente", como aos salmões. Que é preciso
vencer a vergonha e o "respeito humano" do que dirão, do que pensarão e estar por cima dos "mexericos".
Você concorda comigo que quando não se enxerga muita coisa na religião fica difícil conseguir este
"complexo de superioridade"?
Um último motivo e talvez o mais sério e profundo que nos leve a não nos atrair tanto pela
religião é que ela, de fato, compromete. Viver a religião exige uma coerência, um compromisso, uma
entrega e muitos, hoje em dia, nem sabem o que quer dizer -na prática- estes conceitos... Acham que
viver sem regras, sem barreiras, sem compromissos os tornará mais livres, mais felizes e depois na prática
comprovam que não é bem assim..., pois acabam se escravizando a si mesmos, aos instintos mais baixos
ou até a alguma pessoa maldosa. Efetivamente, ser católico exige dedicar uns tempos diários e semanais
para Deus. Sacrificar os seus comodismos, seus egoísmos, seus prazeres ilícitos, etc, por Amor a Deus e
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aos outros. Que não dá para ter três namoradas ao mesmo tempo, que não dá para ficar dormindo à tarde
ou até ao meio-dia nos fins de semana, ou ainda fazer a sua "roubadinha" de vez em quando, no trabalho,
na família, etc. Podemos concluir, portanto, que muitos hoje preferem não ser católicos porque
"complica" um pouco ! Pensam que é melhor não pensar muito sobre o assunto e ir "empurrando com a
barriga" este tema para um futuro incerto... para quando precisarem. Uma atitude assim não parece muito
racional, pois ninguém, com um mínimo de inteligência, deixa de consultar um médico quando aparecem
umas dores diferentes nas costas ou viaja por um deserto, sem estrada, sem placas e sem referências ...
Como você pode ver, são vários motivos que nos levam a não nos atrair para a religião: uma
imaturidade na formação religiosa, uns fortes preconceitos que se vão adquirindo com o tempo, um
ambiente adverso na sociedade em geral e um medo de complicar a vida. Diante de todos estes fatores,
somente uma decisão muito pessoal, uma atitude de maturidade humana e espiritual para se formar e uma
grande graça de Deus, poderão "virar o jogo" da sua fé e da sua vivência religiosa.

Importância de assumir uma postura própria e livre

A finalidade deste curso é justamente esta: ajudar você a mudar! Ajudá-lo a "acordar" para um
mundo novo que é maravilhoso e satisfaz por completo as ânsias de felicidade, de alegria, de eternidade
que todo o homem sente...
Faz uns anos, ficou muito na moda entre os adolescentes uma brincadeira que se chamava de
"olho mágico". Basicamente, consistia em aproximar devagarzinho até uns cinco cm dos olhos uma figura
que a "olho nu" não tinha muito sentido e não dizia nada. De repente, quando você menos esperava,
fixando com persistência os olhos na figura sem piscá-los, você enxergava uma figura, um objeto, uma
pessoa...
O mesmo temos que fazer nós, muitas vezes, para entrar neste mundo. Não basta ficar ouvindo,
talvez de forma passiva, uma série de palestras ou aulas de religião para mudar, para enxergar coisas
novas, para "acordar"... É preciso querer ver, exercitar a inteligência e a vontade, colocar todo o esforço
que você for capaz e pedir ajuda a Deus, pois a luz da fé não depende do nosso esforço pessoal.
Você precisa entrar neste jogo do "olho mágico da alma" que é um exercício de meditação,
reflexão, aconselhamento, leituras extras, etc, e, com a graça de Deus, transformar o que talvez seja hoje
um "porco espinho" - a religião -, que repugna, que não atrai, que repulsa, para uma "banana split"! O
melhor exercício da liberdade é este: querer algo que eu mesmo, juntamente com a luz da fé, vi que é o
melhor para mim, porque me realiza mais e me torna realmente mais feliz.

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Sentimento e razão

Mas antes de você começar a saborear a "banana split", gostaria de chamar-lhe a atenção para
um aspeto que penso ser fundamental para você estar em condições de "enxergar coisas novas": que
a religião não está para satisfazer ao homem - o que seria justamente o contrário do fim da religião - mas
para satisfazer a Deus. O objeto principal da religião é e será sempre Deus. Religião vem de "re-ligare"
que quer dizer ligar o homem com Deus. Quando o homem aprende a se ligar livremente com Ele, é então
que começa a sentir a alegria de experimentar o "sabor do amor de Deus". Portanto, buscar diretamente a
alegria da religião não deve ser o "motor" que nos move. O "motor" deve ser sempre o desejo de amar e
honrar a Deus, nosso Criador e nosso Pai. Quando agimos com esta retidão de coração, então
normalmente Deus nos dá a alegria, que nada mais é que um reflexo, um sintoma que estamos indo certo
pelo caminho da vida.
Tem pessoas que dizem: "Mudei de religião porque antes não estava me sentindo bem". "Estou
indo agora neste templo e sinto uma paz e um relaxamento como nunca senti...". Frases como estas todos
nós já ouvimos várias vezes na televisão ou as lemos nos jornais. Mas perguntemo-nos: essas pessoas
estão indo à religião para quê? Penso que você mesmo pode dar a resposta. Mas não as julge mal! A
sociedade em que vivemos hoje quer nos "reeducar" a buscar a felicidade não no amor mas nos
sentimentos, em se sentir bem... E por isso é que ninguém a está encontrando... Essas pessoas que acima
nos referimos depois de um tempo logo vão à procura de uma outra forma de se sentir bem, pois aquelas
já não lhes satisfarão mais. E de ânsia em ânsia vão se afastando cada vez mais da verdadeira fonte de
felicidade que é Deus.
Mas, como dizíamos, para unirmo-nos com Deus precisamos conhecê-Lo primeiro através da
nossa razão, da nossa inteligência. "Ninguém ama aquilo que não conhece", diz um princípio filosófico.
Precisamos investir "pesado" na doutrina, nas leituras, na meditação pessoal, etc., e quando começarmos a
"vislumbrar" Àquele que nos ama muitíssimo, a nossa vontade começará a mudar e a lutar e a superar
muitas vezes os próprios sentimentos - que serão contrários - para fazermos no início coisas que não
gostamos, que não temos muita vontade, mas que depois vamos ganhando gosto e desejos positivos. Agir
desta forma é exatamente o que quer dizer viver de amor e é o que mais enche o coração humano de
felicidade. Você já aprendeu a tocar algum instrumento musical? Verdade que é mais ou menos o que
acontece com a nossa vontade? No início é chato, é difícil, exige bastante constância, mas depois, como
fruto de termos na cabeça uma meta a alcançar - tocar numa banda ou de nos apresentarmos num festival
-, ficamos felicíssimos e com um sentimento - agora bom! - de vitória.
Ânimo, portanto, no início do jogo do "olho mágico" e não se importe que você não sinta nada
ou até que sinta uma certa aversão. Faz parte do início do jogo. Depois, as coisas vão mudar.

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Dificuldades para estudar religião

Para não tornar esta primeira aula muita extensa, vou simplesmente destacar as duas e principais
dificuldades que o jovem costuma apresentar quando começa a colocar a cabeça para funcionar nestas
matérias.
A primeira é disparadamente a preguiça mental.
É já bastante sabido pelos especialistas da educação que o excesso de televisão, vídeo,
computador, música, esportes, etc., com que o jovem é "drogado" hoje pelos pais e pela sociedade de
consumo, é o principal alimentador da preguiça mental dos jovens. Se colocarmos ainda uma pitadinha
de erotismo misturada com outra de sentimentalismo, então a "porção mágica" fica perfeita! Como custa
aos jovens hoje pensar! Como preferem atuar com os sentimentos - que é como agem os animais - ao
invés do que com a cabeça! É uma pena, porque cada vez mais vão ficando mais parecidos aos animais.
Depois as pessoas se estranham que haja violência nas ruas, que haja adolescentes pondo fogo em
"índios", que haja uma crescente onda de indisciplina e de desrespeito dos jovens diante dos pais e dos
professores, etc. Simplesmente, vão se tornando uns animais ferozes com inteligência para o mal...
Outro alimentador da preguiça mental é o chamado ativismo. É estar sempre correndo "para
cima e para baixo" com os diversos cursos, hobbies, esportes, etc., que os pais lhes "programam" de modo
que não tenham tempo nem para pensar!
O que fazer para combater a preguiça mental? Em primeiro lugar, acostumar-se se contrariar
todos os dias um pouquinho - que nem os atletas que querem manter a forma - nas coisas que gosta mais e
motivar-se a enfrentar tarefas ou atitudes que naturalmente você não faria. Levantar da cama logo que
toca o despertador, tomar um banho frio, comer algo que não costuma comer, fazer a cama pela manhã,
ler a primeira página do jornal todos os dias, não deitar vendo televisão, colocar limite de tempo no
computador ou TV, ler 10 minutos por dia de um livro mais substancioso, escrever algo uma vez por
semana que não seja para o colégio - uma carta para um amigo que está vivendo em outra cidade ou país;
uma outra para a sessão de "cartas ao jornal" reclamando de algo que achou injusto -, etc. Como vê
opções não faltam. Escolha apenas 3, 4 por "temporadas" e depois vá variando para outras. O importante
é que haja uma "contabilidade diária" que você examine antes de dormir. Talvez esteja se questionando:
"mas o que tem haver não dormir depois do almoço com a preguiça mental?" E a resposta é muito
simples: inteligência e vontade são as duas potências do homem que têm que trabalhar juntas sempre, se
não uma estraga a outra ou a paralisa.
Outro aspecto para lutar contra a preguiça mental, depois de disciplinar muito bem a inteligência
e vontade, é acostumar-se a "cultivar" a inteligência, como talvez você esteja acostumado a "cultivar" os
músculos numa academia. Trata-se de dedicar uns minutos diários, talvez depois do jantar, a refletir sobre
as coisas. Refletir sobre determinada notícia do jornal, sobre tal acontecimento que o irritou na escola,

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sobre algum assunto familiar que está acontecendo, ou até sobre temas mais complexos: o que é a
liberdade, o que é a alma, o que é ser amigos dos outros... Você já percebeu que estamos na era da
informação? Recebemos por dia doses cavalares de informação mas, infelizmente, poucas são digeridas
pelo "organismo", por que simplesmente "não há tempo"! Deste jeito o homem vai ficando cada vez mais
rápido, mas cada vez mais burro e animalizado...
A segunda dificuldade para aprender religião é o medo que me façam a cabeça!
Penso que este medo é bastante compreensível, pois quase todos os dias nos jornais aparece o
nascimento de alguma seita nova, ou problemas envolvendo uma outra. Portanto, acho que é até bom
sentir medo, pois assim somos obrigados a vencê-lo começando a pensar sobre a validade deste curso ...
Agora, repare numa coisa: somente dá para fazer a cabeça a dois tipos de pessoas: os que não
têm cabeça - os ignorantes, os meio "burrões" - ou os que não têm formação. Os primeiros, você entende
fácil, já que é uma realidade visível nas classes mais pobres, o processo de massificação. Você não está
nesses! Com relação aos segundos, você corre o risco de entrar nessa lista caso você não adquira
rapidamente uma boa formação. Porém, essa é a finalidade do curso: que você acorde para a vida e faça a
sua própria cabeça, através das próximas aulas. Tenho a certeza, que você, por estar já um pouco
amadurecido, já está em condições de dizer "isto está certo", "isto está errado", "isto tenho dúvidas", etc.
De qualquer forma, para fazer a própria cabeça precisamos de duas virtudes fundamentais e, com
isto, terminamos a nossa primeira aula.
A primeira é a fé.
Sem entrar em grandes profundidades, a fé é a virtude que nos leva a confiar nos que nos
ensinam e o que ensinam. Confiamos nos pais, nos professores, num amigo, etc. Raramente, vamos
checar aulas recebidas, ou conselhos dos pais. No ensino da religião esta virtude é fundamental, e por isso
você só deve receber aulas de pessoas que você confia ou que seus pais confiam. Caso contrário, se você
tem que assistir algo do gênero em locais obrigatórios (colégios com ensino religioso duvidoso,
faculdades, etc) fique mais atento. Mas além desta fé que poderíamos chamar de humana, precisamos
também da fé sobrenatural. É confiar em Deus que "não pode enganar-se e nem enganar-nos". Existem
coisas na religião que a nossa razão não tem condições de captar com toda a sua totalidade ou
profundidade. Se conseguíssemos entender tudo, ou Deus seria muito pequenininho ou então seríamos o
próprio Deus... Precisamos, portanto, pedir a Deus que nos envie a luz da fé sobrenatural que nos faz
"enxergar" ou acreditar em coisas que naturalmente nos é impossível: o mistério da Santíssima Trindade,
o mistério da eucaristia (Jesus presente na hóstia consagrada), da necessidade da redenção de Cristo, etc.
A outra virtude é a humildade.
Todos nós nascemos com uma forte tendência para a autossuficiência. Achamos que sozinhos
podemos conseguir tudo o que queremos, principalmente agora com "internet"... Isto, muitas vezes,
nos leva a ficar surdos e a não ouvir o que nos querem falar, talvez com medo de ter que mudar.
Outra tendência natural é custar-nos retificar, quando estamos errados. Você lembrará das
discussões "homéricas" com o seu pai quando vinha dar-lhe uma bronca justa e você não queria abrir
mão...
Diante destas dificuldades, temos que pedir a Deus também um pouquinho de ajuda para ser
humildes e abrir-se para a verdade, que sempre nos fará muito bem, apesar de que nos custe muitas vezes
aceitá-la.

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2. AULA: QUEM É DEUS - QUEM É O HOMEM

Quem é Deus ?

Para começar esta segunda aula, penso que temos que começar lembrando "quem é Deus". Deus,
poderíamos dizer, sem grandes complicações, e segundo Ele mesmo o disse na Bíblia - conforme. Êx. 3,
14 -, quando se revelou a Moisés, é "Aquele que É". Sempre existiu e sempre existirá.
Segundo Leo Trese: "Expressamos o conceito de Deus, como a origem de todo o ser, acima e
mais além de tudo o que existe, dizendo que Ele é o Ser Supremo. Daí resulta que não pode haver senão
um Deus. Falar de dois (ou mais) seres supremos seria uma contradição. A própria palavra "supremo"
significa "acima dos demais". Se houvesse dois deuses igualmente poderosos, um ao lado do outro,
nenhum deles seria supremo. Nenhum teria o infinito poder que Deus deve ter por natureza. O "infinito"
poder de um anularia o "infinito “poder do outro. Cada um seria limitado pelo outro. Como diz Santo
Atanásio: "Falar de vários deuses igualmente onipotentes é como falar de vários deuses igualmente
impotentes" " (Fé Explicada, pg. 23, Quadrante).
"Mas o que havia antes de Deus?" perguntam a maioria das pessoas. A resposta é que sempre
existiu Deus. Obviamente, para a nossa cabeça humana, que está acostumada a ver em tudo um princípio,
mesmo que seja há milhões de anos atrás, fica difícil entender. Porém, se conseguíssemos entender tudo,
penso que seríamos Deus... O que fica fácil a nossa razão aceitar é que não pode ter tido um período da
História onde não houvesse nada e , de repente, Deus aparecesse do "nada".
"E como eu sei que Deus é uma pessoa, e não apenas uma força criadora, infinita e onipotente?",
perguntam também muitos. A resposta vem exatamente da citação que nos referimos anteriormente: "Eu
Sou aquele que Sou". Acredito que você não acreditará em forças sem identidades que falem... Depois da
vinda de Cristo à Terra, este conhecimento de Deus ficou mais preciso ainda, com a revelação da
existência de 3 pessoas divinas, em um só Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Este mistério da fé -
aquilo que não conseguimos captar com a nossa inteligência - chama-se o Mistério da Santíssima
Trindade. Se você ler os quatro primeiros livros do novo testamento, que se chamam de Evangelhos -
especialmente o quarto, de S. João - notará como aos poucos vão "descortinando" essa Vida de um Pai
que ama a Seu Filho, através do Espírito Santo, e de um Filho que ama a Seu Pai. De um Filho que quer
se tornar amigo, irmão de todos os homens e revelar-lhes o Seu Pai.
"Mas por que Deus quis nos trazer à existência?", costuma ser a última pergunta mais tradicional
nesta aula.
Deus, dentro de sua eterna existência, vivia eternamente feliz, não precisando nada mais que
conhecer-se e amar-se mutuamente, sempre num grande grau de infinitude. Porém, um belo dia quis
extravasar, dividir, compartilhar um pouco desta felicidade com outros seres espirituais. Assim como nós,
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quando temos uma grande alegria - uma boa nota numa prova, um concurso que tiramos o primeiro lugar,
uma viagem inesquecível, etc. - somos mais felizes quando a dividimos com os seres queridos, assim
Deus quis fazer com os homens. Pensou em cada um dos homens que existiriam até ao fim dos tempos,
mesmo antes da criação do mundo e das outras criaturas, e os amou chamando-os à existência num
determinado período da História.
Deste pensamento, podemos tirar 3 conclusões muito interessantes. Em primeiro lugar, que
Deus não "precisava" do homem para servi-lo, para ser feliz, já que era infinitamente feliz na sua vida
íntima. Simplesmente, nos criou por puro amor. Em segundo lugar, quando nos criou, o objetivo era nos
tornar filhos, amigos, que quisessem gozar de sua companhia o dia inteiro, participando do seu
conhecimento e do seu amor. Não nos criou para que o homem fizesse a sua vida, independente dos
planos de Deus. Por isso, criou o homem livre - se não fosse livre, então não seria filho, mas escravo,
robótico, puramente animal - assumindo este risco com todas as suas conseqüências; e criou o mundo
material para que o homem contemplando a beleza, a sabedoria, a onipotência e a bondade dos seres
criados fosse aos poucos conhecendo e amando mais ao Criador, fonte dessa beleza, sabedoria,
onipotência e bondade. Por fim, podemos concluir também, que Deus nos amou mesmo antes da criação
do mundo. Pensou em nós pessoalmente! Nós não somos um número, uma coisa, um a mais, um animal,
mas somos um ser que Deus nos ama como um verdadeiro Pai e Criador, que é.
Se quis que livremente chegássemos a Ele, através das coisas criadas e participando da criação
do mundo - que é o desenvolvimento da vida humana em todos os seus aspetos científicos, culturais,
econômicos, sociais, etc. - não nos jogou nele como quem jogo um "andróide" num deserto, ou numa
floresta fechada e nos disse: "agora, vire-se!". Dentro de sua infinita sabedoria, imprimiu no nosso
coração uma lei - chamada lei natural - que nos diz de forma resumida "faz o bem e evita o mal". Todos
nós lembramos quando erramos pequenos - 7,8 anos de idade - a força desta lei quando roubamos pela
primeira vez algo do nosso irmão ou dos pais. Essa força é a consciência, que nada mais é que a voz de
Deus que nos avisa, como um autêntico sensor, que agindo dessa forma estamos saindo do caminho que
nos leva diretamente a Deus. Depois, para facilitar ainda mais o cumprimento dessa lei, nos deu os 10
mandamentos, que é um "esclarecimento" dessa lei natural. Portanto, acho que fica fácil enxergar que os
10 mandamentos não são um monte de proibições que Deus "impôs" ao homem para submetê-lo ! São
simplesmente dicas carinhosas para que o homem funcione bem - que nem um manual de um
eletrodoméstico - nesta vida terrena e depois chegue no final da vida a Ele, que é a razão de seu existir.
Fica fácil de ver também que todas as leis humanas têm que estar conformes esta lei inicial, que é e deve
ser a base de toda a lei humana.
Mas Deus não nos deixou somente o que poderíamos chamar de um aspeto interno, como é a
consciência, a lei natural, os 10 mandamentos, o sensor luminoso - tipo pista de aeroporto à noite - para
caminhar com segurança pela vida. Quis também nos deixar um aspeto externo, que é o que se costuma
chamar de vocação. Deus ao nos dar os 10 mandamentos nos dá uma "auto-estrada" perfeita, segura, sem
buracos, mas dentro dela coloca várias faixas. Infinitas faixas. Cada homem tem a sua. Cabe a cada
homem descobrir qual é a sua. Qual é a sua missão nesta vida. Onde irá participar mais de perto com
Deus da criação do mundo. Quando o homem descobre a sua vocação na vida - ser médico, formar uma
família, e descobrir a vacina contra a Aids; ser pesquisador de plantas medicinais e dedicar-se a ajudar
uma tribo num país africano; ser arquiteto, casado, com uma família numerosa, e ser um exemplo de um
bom pai de família; ser sacerdote e dedicar-se ao ensino de casais, etc. -, a sua vida ganha um colorido
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diferente. Sendo fiel à sua "faixa" e andando na "auto-estrada", dificilmente Deus não consegue chegar ao
seu objetivo ...

Quem é o homem ?

Depois de termos pensado um pouco "quem é Deus" e já termos vislumbrado um pouco "quem é
o homem", penso que já podemos também defini-lo, pois as definições sempre nos ajudam a "cair na
realidade".
A definição que gostaria de me apoiar, diante de tudo o que já foi descrito anteriormente é que o
homem é uma criatura de Deus, livre, a caminho da sua Pátria definitiva que é a visão e companhia de
Deus.
É interessante pensar sobre esta primeira parte da definição: "é uma criatura de Deus". Somos
criaturas e portanto não somos criadores de nada! Somos seres dependentes, por mais que achemos que
somos independentes e possamos ser auto-suficientes. Não fizemos nada para nascer, não escolhemos
onde e com quem iríamos nascer. Tudo o que temos e somos não tivemos nenhuma influência, pelo
menos até uma certa idade. Penso que nos levará horas meditar sobre esta realidade e ao invés de
descobrir o por quê - coisa que será impossível, pois cada vida é um autêntico mistério - nos levará
simplesmente a agradecer tudo: a vida, os pais, as condições (favoráveis ou não tanto), os dons, talentos,
etc. e ver que tudo tem um sentido dentro da bendita providência de Deus, por mais que agora não
consigamos enxergar.
Depois, somos seres livres, isto é, com capacidade para escolher os meios mais adequados para
realizar-me como homem e filho de Deus e com capacidade para querê-los e amá-los. Portanto, sou um
ser criado à imagem e semelhança de Deus, com capacidade de conhecer - ser inteligente - e com
capacidade de querer - ser com vontade -. Você já se deu conta que somos os únicos seres da face da
Terra com estas capacidades? Que são estas capacidades que nos distinguem dos outros animais? Nós
somos os únicos seres criados que Deus criou por nós mesmos. Todos os outros só têm sentido enquanto
estão ao serviço do homem. Muito cuidado, portanto, quando querem que nós nos igualemos aos animais
ou quando os animais se igualem aos homens. Estão querendo tirar-nos a imensa dignidade, que Deus nos
quis outorgar!
Por fim, lembre-se que estamos nesta vida em estado "viator" - de viagem - a caminho de nossa
Pátria definitiva que é a visão e companhia de Deus; simplesmente, vamos entrar para sempre na vida
íntima de Deus, que é a plenitude da felicidade. Portanto, quando você sentir a tentação de transformar
esta vida num paraíso terrestre, não se deixe enganar, porque você não foi projetado para viver neste
mundo mas no de lá em cima. Verdade ou não é que quando você está experimentando uma grande
alegria, como é a realização de uma viagem, o gozo da companhia de um ser querido, ou a descoberta de
algo importante para a ciência ou para a humanidade você sente um desejo de "eternizar" esses
sentimentos, que não acabem, mas logo você percebe que não é possível... É um sintoma claríssimo que o
nosso coração anseia por chegar a esta felicidade para sempre, para sempre, para sempre ...
Procure, portanto, manter sempre muito vivo este "norte", este "porto" a chegar, porque quando
estamos com ele no horizonte fica mais fácil lutar todos os dias e vencer as batalhas da vida, por Amor a
Deus. Fica mais fácil detestar o "inferno", que existe, apesar de que muitos hoje digam o contrário - veja
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quantas vezes Jesus Cristo cita diretamente ou indiretamente este lugar -. E, por fim, fica mais
empolgante tentar "pular" o purgatório, que é um lugar para onde vão todas as pessoas que morrem em
estado de graça, mas não estão ainda devidamente preparadas para se enfrentar com Deus, pelos seus
pecados na alma e precisam passar um tempo se purificando nesse lugar.

A formação da consciência

Além de não perder este "norte" é importante também não perder o caminho. Amyr Clink, no seu
livro "100 dias entre o céu e o mar", diz que a grande sua preocupação durante a viagem que fez de barco
a remos, da África ao Brasil, era verificar, com bastante freqüência, com o sextante, se não estava se
desviando da rota. Dizia que bastava um descuido para se distanciar quilômetros.
O mesmo acontece no nosso caminho da vida. É preciso, com bastante freqüência, ir verificando
através da nossa consciência - que é o alto falante da lei natural e da voz de Deus - se estamos indo no
caminho certo. Mas para que essa verificação seja segura, é preciso ir fazendo certa manutenção no nosso
"sextante", isto é, é necessário ir, habitualmente, formando melhor a nossa consciência. Ir aprendendo e
reaprendendo, cada vez com maior precisão, a aplicar a lei natural nas diversas circunstâncias da nossa
vida. Quando vamos crescendo muitas vezes vamos ficando na dúvida se podemos ou não fazer tais
coisas. O nosso "sextante" nos avisa que algo deve ou pode estar errado. O mais certo e inteligente é tirar
a dúvida com algum especialista: um bom sacerdote, um amigo confiável, um bom livro, uma palestra
com alguém que transmita sinceridade, etc. Agora, se você vai passando por cima destes avisos da sua
consciência é natural que mais cedo ou mais tarde você adquirira uma consciência laxa - a voz ficará
bem baixinha - e lá na frente - rezo a Deus que nunca chegue nestes níveis - uma consciência errônea,
que acha que matar um indefeso não tem problema (aborto), que roubar um pouquinho para ajudar a
família em alguns casos pode ...
Justamente porque hoje em dia as pessoas não querem formar bem a sua consciência ou porque
não querem mudar de comportamento é que apareceu no "mercado" o chamado "subjetivismo
positivista", que nada mais é que querer mudar a lei natural, que é de Deus, pela lei da "natureza
humana", que é o caos! João Paulo II, atento a esta realidade, escreveu uma encíclica (Veritatis Splendor)
alertando a todos os cristãos para o perigo deste subjetivismo que prega o seguinte critério: "Porque EU
QUERO, é um bem", ao invés do que ensina a Igreja que prega uma ÚNICA verdade, que diz: "Eu quero,
porque É um Bem".

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A queda do homem: conseqüências

Tenho a certeza que você já se terá perguntado alguma vez: por que existe no mundo tanta
maldade, tanto egoísmo, tanta desordem, tanta desigualdade? Por que nos custa estudar, ajudar a mãe a
colocar a mesa, emprestar a bicicleta novinha, etc.? Por que nos custa pensar e querer as coisas que não
gostamos?
Penso que enquanto o homem não se conhecer e se compreender perfeitamente nunca será feliz...
Respondendo às perguntas anteriores, a resposta é muito simples: porque nascemos "meio
estragados"! Nascemos já meio desordenados. Nascemos com as conseqüências do pecado original.
Com certeza, você já terá ouvido falar dos nossos primeiros pais - Adão e Eva - e como, depois
de terem desobedecido a Deus cometendo o primeiro pecado chamado de pecado original, se
desordenaram por dentro. As suas inteligências, vontades, afetos, desejos, apetites, etc. sofreram um
autêntico terremoto, bagunçando a imensa harmonia interior que havia. Você relendo o primeiro livro do
Gênesis perceberá que depois que pecaram começaram a sentir vergonha da sua nudez e tiveram que se
cobrir - sinal externo desta desordem no homem -. Tudo isto foi transmitido depois a todos os seus filhos,
inclusive você e eu. Por isso, ninguém pode se estranhar que lhe custe conhecer e viver a lei natural em
todas as suas aplicações, pois nascemos com uma "aversão" a Deus e uma "conversão" às criaturas: ao
prazer, ao gostoso, ao que não custe, etc.
Sabendo disto, o homem tem que fazer duas coisas: primeiro lutar, se esforçar e isto nem sempre
é fácil ou muitas vezes ninguém nos ensina. Penso que a grande e primeira formação na juventude é
justamente mostrar a necessidade de lutar para educar a inteligência, a vontade, os sentimentos para poder
descobrir as verdadeiras alegrias do homem. E, depois, em segundo lugar, o homem precisa recorrer a
ajuda sobrenatural que Deus criou, depois do pecado original, chamada graça de Deus, que nos vem pelos
sacramentos, pela oração e pela prática das boas obras.

Os meios para vencer

Tenho a certeza que muitas pessoas boas e honestas, que queriam ser exemplares, talvez porque
nunca lhes ensinaram os meios para vencer na luta espiritual, desistiram no meio do caminho. O motivo é
muito simples: queriam vencer sozinhas, e desta forma a resposta é quase impossível, para não dizer
impossível! Sem a ajuda de Deus, por mais disciplinado, voluntarista, sincero e determinado que o
homem seja, dificilmente consegue perseverar no caminho do bem. Precisa recorrer "às fontes da graça"

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se quer vencer. Como hoje em dia poucas pessoas rezam, vão à Missa, se confessam, etc., cada vez mais
se vêem pessoas parando no seu caminho... Acho que não é porque as circunstâncias são diferentes das
do passado, mas simplesmente porque o homem começou a esperar muito de si mesmo e pouco de Deus.
A esperança do cristão é esperar Deus (o Bem), de Deus (sacramentos), com Deus (oração), se
esforçando por lutar naquilo que está ao seu alcance. Santo Agostinho já dizia: "Reza como tudo
dependesse de Deus, e luta como tudo dependesse de ti". Portanto, penso que interessa aprender muito
bem a usar destes recursos sobrenaturais que Deus nos deixou e este será o objeto de estudo das nossas
próximas duas aulas.

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3. AULA: Os sacramentos - A confissão

O que são, quais são e para que servem os sacramentos

Conforme vimos na aula anterior, a nossa natureza humana já nasce estragada pelo pecado
original. Tendemos facilmente para o que é desordenado: a preguiça, o egoísmo, a sensualidade, as
invejas, o orgulho...
Por outro lado, a meta que Deus nos colocou é bastante alta: vencer estas tendências
desordenadas que sentimos todos os dias e chegar no céu, através de um caminho de santificação, de um
caminho de imitação de Cristo até chegar a identificar-se com Ele. Através de vivermos com fidelidade os
mandamentos de Deus.
Vendo-nos tão fracos e, por outro lado, uma meta tão alta, confesso que facilmente poderíamos
desanimar se contássemos apenas com as forças humanas. Talvez até já tentamos ser bons na infância e
nos primeiros anos da juventude, pela formação recebida na família ou na escola, e percebemos que
sozinhos não conseguimos...
Sabendo disto, Jesus Cristo quando veio à terra nos quis dar uma "mão" para caminharmos com
mais facilidade com Ele. Nos deu, instituiu os sacramentos. O que são os sacramentos?
Os sacramentos, como está definido no catecismo da Igreja católica, são "um sinal sensível e
eficaz da graça que Jesus Cristo instituiu para nos santificar". Para entender a importância desta definição,
sem dúvida, é preciso relembrar o que é a graça.
A graça poderíamos dizer que é uma ajuda sobrenatural de Deus. Uma ajuda, um dom que não
pertence à nossa natureza. É como se Deus nos levasse para o céu e lá participássemos um pouco da sua
vida íntima e depois voltássemos à Terra mais sábios, fortes, mais enamorados...
Como não vemos com os nossos olhos visíveis a atuação da graça, Jesus Cristo quis nos facilitar
esta fé associando a todos esses sacramentos uns sinais sensíveis, que a nossa pele, o nosso paladar, os
nossos ouvidos experimentassem algo e assim tivéssemos a certeza que a graça estaria atuando e não
tivéssemos dúvidas. No Batismo, por exemplo, além da água sobre a pessoa - nos bebês é tão sensível que
não existe um que não chore - existem umas palavras, com uma fórmula obrigatória, que diz: "Fulano, eu
te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém". Na comunhão, temos a hóstia
consagrada. Na confissão, além do gesto do sacerdote de impor as mãos sobre o penitente, existe a
fórmula da absolvição que diz: "Eu te absolvo de teus pecados, em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Amém ".
Além desta certeza moral que recebemos a graça, normalmente gostamos também de ter a
certeza da sua eficácia. Será que são tão eficazes, importantes e úteis? Do mesmo jeito que, às vezes,

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quando temos que tomar um remédio e não estamos vendo muito a sua eficácia, nos enche de confiança
quando lemos a bula ou ouvimos a opinião de uma pessoa que já o tomou que nos diz que com o tempo
os efeitos são garantidos, do mesmo jeito ocorre com os sacramentos. Que alegria e que paz saber que os
seus efeitos são garantidos, se são recebidos com as devidas disposições. Jesus Cristo, através de sua
Igreja, nos garante isto! Penso que a certeza de seus efeitos são fundamentais para se ter fé nos
sacramentos.
E quantos são os sacramentos? A resposta é que são sete. Poderíamos dizer que Cristo quis
distribuir durante o percurso do nosso caminhar para Deus, como um bom administrador de sua graça,
sete tipos diferentes de "postos de gasolina" de graça de Deus, colocados estrategicamente de acordo com
as nossas necessidades da vida. Cada um nos dá um tipo de "gasolina" bem específico. Podemos fazer um
paralelismo da vida da alma com a vida do corpo.
Assim como na vida humana nós nascemos, assim também nascemos para a vida da alma,
através do batismo. Este sacramento, nos dá uma "gasolina" que nos permite começar, como a força de
combustão de um foguete, a andar para Deus com um impulso fortíssimo. Assim como nos foguetes, nos
primeiros anos somos teleguiados pela graça e depois, através do exercício da liberdade, vamos
assumindo o comando da aeronave. Depois, precisamos alimentar-nos para crescer, assim também na
vida da alma. Para isto está a eucaristia ou comunhão. Você já se deu conta o que é comungar ao próprio
"autor" da graça? É o combustível que mais força nos dá e que podemos recebê-lo com bastante
freqüência. Depois na vida humana, com alguma freqüência pegamos doenças. Assim também na vida
espiritual. Para isto está a confissão. A capacidade recuperadora deste tipo de graça é tão incrível que
podemos comparar a uma cidade grande sendo acesa depois de ter ficado completamente às escuras
depois de um blecaute. Em seguida, chega à idade adulta, onde temos que começar a assumir mais as
nossas decisões e a enfrentar as dificuldades da vida. Assim também na vida da alma: para isto está o
sacramento do Crisma. Ele nos dá como que um combustível especial que nos ajudam quando as subidas
da vida se tornam muito acentuadas e ameaçam afundar-nos nos "buracos negros". Depois, na vida
humana, temos que escolher um caminho, uma "faixa", conforme explicamos anteriormente. Em alguns,
Deus quis nos dar também uma graça para superar as dificuldades específicas desses caminhos. Para os
que escolherem o casamento, porque vêem nesse caminho a sua vocação, existe o sacramento do
matrimônio. Para os que seguem o caminho do sacerdócio Deus instituiu o sacramento da ordem. Por fim,
quando o homem já está preste para dar o salto definitivo desta vida para a Outra, quando tem que ser
"relançado" no fim de sua vida para o encontro definitivo com o seu Criador, então existe o sacramento
da unção dos enfermos, que nos ajudará nos últimos momentos a vencer os últimos ataques de nossos
inimigos da nossa santificação.
Como podemos observar, todos têm uma função específica e todos são para ser usados nos
momentos certos. Uns se recebem somente uma vez na vida: batismo, crisma e ordem. Outros em raros
momentos: matrimônio e unção dos enfermos. E outros com bastante freqüência: a confissão e a
comunhão.
Como este curso que fazemos tem o objetivo de ajudá-lo a viver na prática a fé católica, vamos
nos centrar mais nestes dois últimos, já que são os que usamos mais.

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A confissão: definição

Usando dos conhecimentos relembrados anteriormente, a confissão podemos defini-la como o


sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do batismo.
Quem ainda não foi batizado, não pode receber a graça de Deus, pois ainda permanece a infinita
distância entre Deus e o Homem, causada pelo pecado original. O tampão de combustível ainda está
lacrado. Ainda não é filho de Deus e portanto todas as suas ações são isentas de qualquer mérito
sobrenatural.
Depois que a pessoa é batizada, toda a sua culpa e toda a sua pena temporal é "zerada" e
somente nesse momento pode receber a graça do perdão e da força de Deus, caso já tenha chegado ao uso
da razão (7 anos).
Agora, para entender com profundidade a necessidade de se confessar e de pedir a Deus perdão
pelas suas faltas, é preciso entender o que é o pecado.

Conceito e tipos de pecado

O pecado é toda a desobediência voluntária à lei de Deus. É ir contra os mandamentos do nosso


Criador. É sair do caminho que nos levará a Ele. É fugir do verdadeiro Amor para trocá-lo por egoísmo.
Sendo Deus infinitamente feliz, entender o pecado é sempre um grande mistério. Como será
possível conciliar a infinita felicidade de Deus com a tristeza da ofensa? Somente na outra vida
poderemos entender com todo o seu realismo. De qualquer forma, podemos tentar vislumbrar um pouco
este mistério...
Penso que o primeiro motivo, será porque justamente nos vê sair do caminho que nos levará a
Ele. Tudo o que fez, tudo o que planejou, por puro Amor, é desperdiçado. Depois se "entristecerá" porque
não gozaremos de tanta felicidade que tinha nos reservado. É como aquela sensação de organizar uma
super festa, com todos os requintes que se pode imaginar - banda, som, decoração, buffet, etc. - e
ninguém aparecer. E, por fim, todo o pecado é voltar a chicotear, cuspir, pregar, gozar, esbofetear e
humilhar a Jesus Cristo, nosso redentor. Quando Cristo sofreu a sua paixão e morte na cruz por todos os
homens que existiram e existiriam na face da terra, obviamente sofreu e morreu pelos nossos pecados

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pessoais. Já naqueles 2000 anos atrás, uma vitória na nossa luta aliviava os seus sofrimentos. E uma
negação, aumentava-os. Portanto, quando você cometer um pecado lembre-se que é uma ação de enorme
transcendência...
Penso que o maior inimigo de Deus, hoje, é a perda da sensibilidade do pecado...
Será que agora dá para entender o por quê temos que pedir perdão a Deus, nosso Criador e nosso
irmão?
Mas nem todos os pecados são iguais. Nem todos têm a mesma gravidade, o mesmo peso.
Existem os pecados mortais e os pecados veniais. O que determina "quem é quem" são três condições,
que é muito importante você conhecê-las, pois são elas que nos tirarão, no futuro, de muitas possíveis
dúvidas.
Para que um pecado seja mortal, portanto, que nos mate a alma, que provoque em nós um
blecaute total, uma "disparada" de Deus da nossa alma, um terremoto espiritual é preciso que ocorra, em
primeiro lugar, que a matéria do pecado seja grave, isto é, que o conteúdo do pecado seja de peso. Por
exemplo, é bem diferente dizer uma mentirinha para um amigo na escola do que ocultar algo importante
na confissão. É diferente dar uma dormidinha no horário de estudo do que ficar uma semana inteira
faltando nas aulas, para ir vagabundear no shopping. Nas matérias de sexo, a matéria sempre é grave.
Além desta condição, existe uma outra que é o pleno conhecimento do pecado. Se não se sabe se
é pecado, obviamente não existe pecado mortal. Se não sei que é pecado mortal ir participar do culto
protestante, não faria nada errado se acompanho um amigo protestante à sua capela. Se esqueci que hoje é
dia de abstinência e como carne, para mim não haverá pecado. Isto pressupõe, é claro, que esta ignorância
não seja por minha culpa. Se não quero informar-me de certa coisa com medo de que atrapalhe meus
planos, sou culpado desse pecado. Por isso, quando dizemos que não temos culpa porque não sabíamos,
temos que averiguar sempre se essa ignorância era vencível ou invencível, isto é, se poderíamos ter
perguntado a alguém ou não.
E por fim, a terceira condição que é o pleno consentimento da vontade. Não posso cometer
pecado mortal se não resolvo livremente praticar determinada ação (ou omissão) que é contra a Vontade
de Deus. Não peco, por exemplo, se me obrigam a quebrar uma vidraça de uma loja para roubá-la ou se
durante o sono tenho sonhos maldosos.
Quando algumas destas condições faltam, então o pecado se torna venial, o que não quer dizer
que tudo bem! Uma boa comparação que ouvi um vez e que penso que nos pode ajudar a entender muito
bem a gravidade do pecado venial é que cada vez que o cometemos, seja por pensamentos, palavras, atos
ou omissões, estamos fazendo um furo na lateral de um copo cheio de licor. Não fica sem licor, mas
começa vazando. Assim acontece com a alma. Um pecado venial é sempre uma diminuição no nosso
nível de graça de Deus, de amor, de fortaleza... E, por isso, normalmente, uma pessoa que habitualmente
vive nas fronteiras do pecado mortal, cometendo muitos pecados veniais, um dia comete um pecado
mortal, que é a caída do fundo do copo de licor.
Saibamos, portanto, reagir sempre diante dos pecados veniais, deliberados ou semi-deliberados,
com um ato de contrição, pois sempre é uma forma de vedar esses furos e, se podemos, melhor ainda é
confessá-los, para vedá-los com maiores garantias de não voltarmos a cometê-los.
Sempre ouvi dizer que a confissão deve ser remédio e vitamina. Remédio, para nos curar das
nossas doenças (pecados) - mortais e/ou veniais - e vitamina para nos fortalecer na luta espiritual. Por
isso, sempre é bom recorrermos com freqüência a este sacramento, mesmo que não tenhamos pecados
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mortais, pois sempre teremos mais graça de Deus para vencer nas tentações e para subir a encosta em
direção a Deus com mais vigor e otimismo.

As cinco fases de uma boa confissão

Para fazer uma boa confissão é necessário passar por cinco fases, por cinco momentos, todos
eles importantes e necessários para que seja válida.
A primeira fase é o exame de consciência.
Confesso que esta é uma das tarefas mais difíceis da confissão. Para uns, porque já faz muito
tempo que não se confessam e não sabem nem por onde começar. Para outros, porque acham que vai ser
duro vencer a vergonha de se confessar. Para outros ainda, porque não vêem nada de importante... Em
todos os casos, penso que, em primeiro lugar, deve-se pedir ajuda a Deus, pedindo-lhe luz e forças para
saber superar essas dificuldades. Depois, é bom recorrer a um roteiro - tipo check-up de avião - para ir
percorrendo os pontos principais. Depois de um exame calmo e sereno, talvez diante de um crucifixo ou
dentro de uma Igreja, sem se preocupar em anotá-los, mas apenas em memorizá-los, temos que passar
para o segundo momento: a contrição.
A contrição não pertence necessariamente ao mundo dos sentimentos, mas principalmente ao
mundo da vontade. É, segundo o concílio de Trento, "um pesar de coração e detestação de pecado
cometido, com o propósito de nunca mais cometê-lo". Tem pessoas que choram, que ficam deprimidas,
etc.. Nem sempre isto é necessário para provar uma boa contrição. Penso que está muito mais na intenção
do coração de não mais voltar a cometê-lo.
Contam de um fulano que na hora da confissão disse para o Padre: "Padre, matei 3 pessoas, mas
acrescente já 4 porque esta tarde vou matar mais um!". Obviamente, fica claro que uma confissão destas é
inválida e ridícula, porque está faltando um dos seus aspectos mais essenciais que é a contrição.
Uma terceira fase, intrinsecamente unida à anterior é o propósito. O padre, quando está ouvindo
a nossa confissão, sabemos que ele além de ser médico, é juiz e por isso tem o dever de testar se a nossa
contrição é verdadeira, determinando-nos com freqüência uma série de propósitos e verificar se nós
estamos dispostos a cumpri-los: devolver o dinheiro ao nosso irmão ou ao supermercado; retratar-se
publicamente ou em privado quando difamamos a alguém, ou evitar tais companhias. Quando ele não nos
fala nada explicitamente, nós, interiormente, devemos fomentar com a máxima sinceridade que
consigamos evitar na prática todas as situações que nos levaram a pecar.
A quarta fase é a confissão propriamente dita. Mons. Escrivá, fundador do Opus Dei, dizia que a
confissão tinha que ser concreta, clara, concisa e completa (4 “c”). Tem que ser concreta, isto é, que tem
que se entender o fato em si e não basta ficar com generalidades: “fui orgulhoso, fui preguiçoso”, mas sim
“achei-me melhor que os outros na entrega das provas” ou “deixei de estudar no horário previsto, por
preguiça, e fiquei vendo televisão”. Depois. tem que ser clara, isto é, o sacerdote tem que entender a
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realidade do fato e não pode ficar confusa, dúbia, estranha. Por exemplo, não basta dizer que senti algo
estranho com relação a fulano ou a fulana, mas que senti inveja, sensualidade, etc. Trata-se, portanto, de
“dar nomes aos bois”. Depois tem que ser concisa, isto é, tem que ser rápida, poucas palavras, as
suficientes. Quando uma pessoa começa a contar muitas histórias, normalmente, é sintoma que está
querendo “dourar a pílula”, está querendo ficar bem diante do confessor e isto não é bom. Sempre ouvi
falar que a nossa sinceridade tem que ser “selvagem”. Você já viu um índio pedir um pão ao vizinho?
“Índio quer pão”!. Três palavras! Uma pessoa que quer ficar bem, acho que deve gastar umas 40 palavras:
“Bom dia, tudo bem? Calor hoje, não ? A propósito, me atrasei hoje e não consegui comprar pão hoje.
Será que seria muito incômodo me emprestar um pão que amanhã lhe devolverei?" Portanto, seja sempre
muito conciso, que normalmente é sintoma de sinceridade. Por fim, deve ser completa. Não pode faltar
nenhum pecado, se não a confissão é inválida, caso seja um pecado mortal. Uma pessoa que oculta
conscientemente um pecado mortal na confissão comete um duplo pecado que se chama sacrilégio. Quem
por esquecimento não fala um ou mais pecados mortais, não deve se intranqüilizar mas deve confessá-los
depois na primeira confissão que fizer.
Por fim, depois de ter passado todas estas fases, a última costuma ser a mais fácil e até a que
temos mais vontade, que é cumprir a penitência. Normalmente, o bom padre não exige muito de seus
penitentes, se não, corre o risco de não mais os ter de volta. Geralmente, o próprio padre completa nas
suas orações e sacrifícios a penitência que lhes faltaria. Por isso, devemos ser sempre muito diligentes em
cumprir aquilo que nos diga nos finais dos seus conselhos, após a confissão. Poderíamos dizer que essa
penitência (rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, etc.) é o mínimo que temos que fazer para conseguir
obter a graça do perdão e do sacramento. Agora, se queremos ser pessoas que querem crescer em vida
interior - vida de união com Deus, dentro do coração - então depois podemos fazer mais alguma
penitência, seja rezando um pouco mais alguma oração ou até fazendo algum pequeno sacrifício.
Pergunte, um dia, para um bom diretor espiritual.
Na próxima aula iremos ver de uma outra fonte de graça que é a comunhão, a eucaristia. Mas,
como não podemos falar deste augusto sacramento sem falar da Santa Missa, iremos, também dar uma
boa explicação deste momento da semana que é decisivo e que, infelizmente, pouquíssimas pessoas
sabem disto.

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Aula 4: A Santa Missa e a Comunhão

Erros atuais sobre o que é a Missa

Se fizermos uma pesquisa entre as pessoas que freqüentam a Missa habitualmente aos domingos
e perguntarmo-lhes o que é a Missa , ficaremos impressionados com as respostas. Uns dirão que "é um
encontro com Deus, para rezar e agradecer a semana" ; outros que "é uma repetição da última ceia";
outros ainda que "é um encontro social dos católicos, para se sentirem em família"; e, por fim, uns, um
pouco mais tíbios, afirmarão que "é uma obrigação um pouco chata que tem que ser ir...".
Em todas estas "definições" do que é a Missa percebemos claramente que todas elas - talvez a
última não tanto - tem uma partezinha da verdade. Todas elas pelo menos têm um sentimento religioso,
mas estão muito longe da verdadeira definição e , principalmente, do modo de participar ativamente dela.
Uma vez um amigo me convidou para assistir em sua casa, uma ópera em alemão em
videocassete. Não sei se porque era a primeira vez ou porque não havia nada para acompanha-la - um
livreto, um tradutor, legendas -, o fato é que foi um grande martírio aquelas "inesquecíveis" 3 horas de
ópera... Decepcionadíssimo o meu amigo com a minha total falta de vibração e sonolência, resolveu, uma
outra ocasião, tentar se redimir convidando-me a assistir a uma outra ópera - desta vez em italiano - e com
legenda, guia explicando a história, etc. . Resultado: grande vibração! Entusiasmo absoluto! Meu amigo
nem acreditou na mudança repentina.
Penso que para a grande maioria das pessoas que não vai à Missa e mesmo para aquelas que vão
sem muito entusiasmo o motivo está aqui: é uma autêntica "ópera em alemão, sem legenda"! Não
entendem absolutamente nada do que está ocorrendo lá na frente e por quê têm que uma hora sentar, outra
levantar, outra ajoelhar, etc.
O objetivo desta aula é fazer o que fez o meu amigo comigo: tentar mostrar-lhe, através de uma
rápida explicação, como pode acompanhar melhor a Missa, qual o sentido de cada parte, o que é que está
acontecendo lá na frente, etc. Porém, esta explicação terá uma diferença essencial: na "ópera" da Missa
você poderá entrar nela e participar ativamente. Você faz parte da história. Você também é um
personagem, um protagonista e não mero figurante.
Tenho a certeza de que quando você descobrir esta realidade através do "olho mágico" da fé
você vai pensar duas vezes antes de faltar à Missa aos domingos.

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O que é a Santa Missa?

Antes de definir a Santa Missa gostaria de lhe contar uma história.


Era uma vez dois amigos - se quiser, pense você com o seu melhor amigo - que estavam andando
tranqüilamente pela rua, conversando sobre banalidades enquanto voltavam do colégio. De repente, um
assaltante equipado de uma faca enfrenta um deles que portava um belíssimo relógio e pede-lhe que o
entregue (pense, por exemplo, que fosse você naquele dia que estava estreando aquele super relógio
trazido dos EUA). O outro, com aquele instinto próprio de uma amizade profunda e verdadeira, reagiu
imediatamente e partiu para cima do assaltante. Nesse momento, o assaltante sem menor piedade -
deveria estar drogado - perfura com a faca ao que reagiu e o mata (pense no seu amigo morto aos seus
pés)! (desculpe estas cenas de violência, mas são importantes para entender a Santa Missa). O portador do
relógio, obviamente fica desolado, arrasado e com sentimento de desagravar a morte do amigo. Por
coincidência, um terceiro amigo - poderia ser eu! - estava passando do outro lado da rua e filmou toda a
cena, em vídeo cassete: antes do assalto, durante, a reação, o lance cruel. Imediatamente, esse amigo lhe
consolou, chamou a polícia, e entregou-lhe a fita de vídeo, que além de lhe ajudar depois a descobrir o
assaltante lhe serviria para recordar ao amigo que tinha dado a vida por ele.
A Missa é mais ou menos esta história! Digo mais ou menos porque não é uma recordação, uma
representação, como é uma fita de vídeo. A Missa é reviver, é voltar para o passado e assistir à paixão,
morte e ressurreição de Jesus Cristo, que aconteceu há 2000 mil anos atrás, por todos os homens, e
portanto por cada homem, por você e por mim. A Missa é uma autêntica "máquina do tempo" como
aquele famoso filme de Spielberg, "De volta para o futuro", que permite ir e voltar para o passado e para
o presente.
Quando Adão e Eva cometeram o pecado original - a primeira desobediência a Deus e raiz de
todos os pecados dos homens - Deus ficou infinitamente ofendido. Simplesmente, foi como se acontece
um autêntico "blecaute" numa grande cidade, onde Deus desligou a chave geral. Foi como se Deus
tivesse construído um "muro de aço", de um material inquebrantável, deixando ao homem incapaz de
chegar a Deus. Se todos os homens da face da Terra, de todos os tempos, juntos fizessem penitência e
pedissem perdão a Deus, a somatória desses pedidos finitos jamais conseguiriam desagravar a um Deus
Infinito. Somente um ser infinito e homem ao mesmo tempo poderia desagrava-lo com justiça. Este foi um
dos motivos principais pelos quais Jesus Cristo veio à Terra. Para que dando a vida pelos homens, por
puro amor aos homens, conseguisse não só quebrar aquele "muro maldito" mas também conseguisse ligar
novamente a "chave geral", desagravando a Seu Pai Deus. Este mistério é o que se costuma chamar o
"mistério da Redenção". Agora, você consegue imaginar a ansiedade de tantas e tantas pessoas santas e
justas que viveram antes da vinda de Cristo e que aguardavam, num lugar onde só viam a Deus
indiretamente - chama-se limbo - o momento de se abrirem as portas do Céu?. Imagino que seja pior que
esperar abrirem-se as portas do estádio de futebol para assistir a final da Copa do mundo de futebol, onde
o seu país é um dos finalistas. Jesus Cristo morrendo na Cruz por nós, redimindo-nos, alcançou-nos a
graça de ser novamente filhos de Deus e de caminhar mais facilmente para Ele com a sua ajuda, que nos
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chega, conforme já vimos, pela graça de Deus, que vem através dos sacramentos, da oração e da prática
das boas obras.
Mas você deve estar pensando: mas eu não vejo nada disso que você está dizendo - Cristo
sofrendo e morrendo por nós, ressuscitando, etc. - e parece tudo tão confuso...
Olhe: você verá que não é nada confuso e que você está vendo muito mais do que imagina. Qual
é para você a parte mais importante da Missa? Normalmente, as pessoas costumam escolher duas: a
homilia - onde o Padre dá o sermão - ou o Pai-Nosso - onde todos dão as mãos ou as levantam para os
céus -, mas pode ter a certeza que não é nenhuma destas duas. A parte mais importante da Missa é a
chamada Consagração - parte onde todos se ajoelham e o sacerdote levanta a hóstia e depois o cálice,
normalmente acompanhado de uns toques de sino - . Nesta parte, o sacerdote coloca em suas mãos uma
hóstia grande e repete as mesmas palavras que Cristo usou na última ceia: "Tomai e comei, isto é o Meu
Corpo, que será entregue por vós". Neste exato momento, acontece o que se chama na teologia do milagre
da "Transubstanciação": a substância de pão, de hóstia se transforma na substância do corpo de Cristo,
mantendo as aparências - cor, cheiro, sabor, tamanho - de pão. Repare que o sacerdote não fala: "isto é o
corpo de Cristo, que será entregue por vós", mas sim "isto é o Meu Corpo", onde podemos concluir que
nessa hora o sacerdote está sendo apenas um instrumento de Cristo, que empresta a sua voz, o seu corpo
para que Ele volte a repetir as mesmas palavras da última ceia. Depois da consagração do pão, o sacerdote
consagra o vinho, usando também as mesmas palavras que Cristo usou na última ceia - confira nos
evangelhos estas palavras - transubstanciando a substância do vinho na substância do sangue de Jesus
Cristo, mantendo também as aparências ou como se costuma usar mais precisamente, mantendo os
"acidentes". Se você reparar bem, depois deste momento, quando o sacerdote fala: "Eis o mistério da fé",
nesse momento está em cima do altar o corpo e o sangue de Cristo, de forma separada, exatamente como
ocorreu faz 2000 anos atrás, quando Cristo ficou pendurado na cruz. Conta São João no seu evangelho
(conforme. Jo. 19, 34) que quando foram despregar Cristo da cruz, um dos soldados romanos para se
certificar que Cristo estava efetivamente morto, lhe espetou com uma lança um dos lados do peito -
possivelmente buscando o coração - e saiu sangue e depois água. Este fenômeno, segundo os entendidos,
quer significar que todo o sangue de Cristo se separou do seu corpo. Não é exatamente isto que acontece
na Santa Missa? Quando o sacerdote repete as palavras da consagração está como que novamente
"espetando a lança" no lado de Cristo, separando o corpo do sangue, porém de forma diferente, de forma
incruenta, isto é, sem derramamento de sangue, e de forma instantânea.
Agora, você deve estar pensando: "se Cristo ficou separado no altar, na hora da comunhão, eu
só comungo o Seu corpo e não o seu sangue!". A resposta é não! Você tem que lembrar que Cristo depois
de três dias de sua morte, ressuscitou com um corpo glorioso, voltando a estar com o seu corpo, sangue,
alma e divindade juntas para nunca mais se separarem, como acontecerá com todos os homens, no dia da
ressurreição de todos os homens, onde os corpos de todas as pessoas que existiram na História da
humanidade se juntarão às suas almas. Na Missa, podemos dizer, portanto, que a Sua presença na hóstia é
uma presença com o seu corpo glorioso, assim como a Sua presença no sangue é também com o seu
corpo glorioso. Logo, quando vamos comungar basta apenas comungar com o corpo ou com o sangue e
não necessita juntar os dois.
Diante de tudo o que foi dito até agora, tenho a certeza que fica bem mais fácil entender a
definição que você aprendeu faz muitos anos atrás no catecismo, sobre o que é a Missa: "A Missa é o

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sacrifício incruento do corpo e do sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das
aparências de pão e de vinho, em memória do sacrifício da cruz".

Partes da Missa e a Consagração

Se você entendeu bem tudo o que foi dito sobre a Consagração, com certeza, já terá deduzido
que a essência da Missa é esse momento. Não precisaria mais nada e nem mais nenhuma parte para dizer
que assistiu à Missa. Então, para quê existe tanta "complicação", tanto "senta, levanta", tantas leituras e
sermões? Simplesmente, para que você se prepare devidamente para esse momento, que na realidade
demora mais ou menos 2 minutos... Você já viu como se prepara um atleta de salto em altura para estar
concentrado no momento crucial? É , mais ou menos, a mesma coisa! Ao longo da História da Igreja, foi
se aumentando partes, ritos, cântico, leituras, tudo com o intuito de ajudar o cristão a se "esquentar" para
o momento da Consagração. Cada parte da Missa tem uma finalidade bem específica. É como que, cada
parte, fosse um exercício de “alongamento” muscular da alma. Naturalmente, quando não se sabe
“exercitar” nessas partes, além de ficar “pesada” a assistência à Missa, na hora H você está
completamente distante e passivo. Portanto, vamos ver juntos como participar, como ser protagonista,
como entrar no “palco” da Missa desde o seu começo até ao final, vendo somente as suas partes mais
essenciais.
Depois da benção inicial, o sacerdote dá início ao que se chama parte penitencial ou do
“confíteor”. Para quê serve esta parte? Simplesmente, para lembrar ao que assiste que um dos fins da
Missa, uma das finalidades da morte de Cristo, um dos motivos da Consagração é reparar não só o
pecado original mas todos os pecados dos homens e todos os nossos pecados , principalmente aqueles que
cometemos depois da última Missa. Naturalmente, às vezes não é fácil lembrá-los todos naqueles
milésimos de segundo, mas pelos menos basta ter, nesses momentos, um sentimento - uma aversão da
vontade e não necessariamente de modo sensível - de aversão a eles e um sentimento de petição de perdão
a Deus.
Depois, vem a oração “Glória a Deus nas alturas” que tem a finalidade de nos lembrar o
segundo fim da Missa que é dar glória a Deus, roubada faz muitos anos atrás pelo pecado original e
depois, muitíssimas vezes, roubada novamente pelos pecados dos homens. Se você reparar bem, se não
nos esforçamos continuamente por retificar as nossas intenções, mesmo fazendo as coisas mais santas,
estamos procurando a nossa glória - vã glória -, trabalhando, ajudando, estudando, “vivendo” para
alimentar o nosso orgulho, a nossa realização, a nossa satisfação pessoal quando na verdade o que
deveríamos era estar procurando satisfazendo a Deus, alegrando-o, fazendo a sua vontade e, por Ele, a
todos os homens. Por isso, a Missa e uma ótima oportunidade para retificar todas as nossas ações e
intenções que não tenham sido muito retas.
Depois vêm as leituras, que poderíamos dividi-las em três. A primeira, sempre é uma leitura da
primeira parte da Bíblia que se chama Antigo Testamento (todos os livros antes da vinda de Cristo à
Terra). Como você já terá concluído, esta leitura serve para relembrar como os povos antigos e os profetas

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esperavam com ansiedade a vinda do Messias e a redenção da Humanidade, fato este que irá acontecer na
Consagração. Depois vem a segunda leitura, que sempre é uma leitura de algum livro do Novo
Testamento (todos os livros depois que Cristo veio à Terra). Esta serve para ver como a Igreja e a
Humanidade se comportaram após a morte de Cristo, com a nova condição de filhos de Deus, que Cristo
nos conseguiu. Por fim, vem a terceira leitura que é chamado de “evangelho”. Nesta, se escuta a própria
vida, palavras, sentimentos do próprio Cristo, redentor do homem. Normalmente, o sacerdote depois nos
dá a chamada homilia, que é ajudar aos assistentes a entenderem a Sagrada Escritura - tarefa nada fácil - e
a levarem à prática os seus ensinamentos. Se você ficar atento, você notará que é difícil Deus não nos
enviar um pequeno “recadinho” nesta parte da Missa, seja através de alguma das leituras ou através da
homilia.
Depois vem o Credo, que nada mais é que um momento que procuramos exercitar a nossa fé e
“esquentá-la” tipo “flexão de braço” pois vamos precisar muito dela daqui a pouco no momento da
Consagração.
Em seguida, vem o ofertório que talvez seja a parte onde você costume estar mais distraído -
músicas, levantar para dar a esmola, dar uma sentada mais acomodada, etc. - e é talvez a parte,
obviamente não contando a Consagração, que você tem que estar mais atento e esforçado. Neste
momento, o sacerdote prepara - vamos dizer assim - a matéria prima da consagração. Oferece a Deus o
pão (hóstia) e o vinho para serem depois transubstanciados. Neste momento, você também deve entrar na
cena, oferecendo o “seu pão”: seus estudos da semana, seus trabalhos, suas alegrias, suas realizações... ; e
oferecendo o “seu vinho”: sacrifícios da semana, dores de cabeça, fracassos, humilhações, tristezas... .
Quando Cristo chegar ao altar e oferecer-se novamente a Deus Pai, como fez há 2000 anos atrás e voltará
a fazê-lo como único e mesmo sacrifício em cada Missa que se celebre, achará a sua “contribuição” que a
somando ao Seu sacrifício, que tem valor infinito, tornará a sua “contribuição” infinita, agradando a Deus.
Cristo, quando nos convida a unir-nos ao Seu sacrifício, está dando-nos a chance de adorar, reparar,
agradecer e pedir junto dele, com Ele, a Deus Pai, conseguindo com isso a participação no seu Amor a
Deus Pai e a todos os homens. Quando se entende com profundidade este autêntico segredo da Santa
Missa toda a nossa vida ganha uma terceira dimensão, mais transcendente, pois todos os nossos estudos,
trabalhos, deveres em geral são vistos com outros olhos... E todos os nossos sacrifícios, dores, privações
ganham um sentido que talvez antes não tivéssemos e é este sentido que faz que seja possível estar
sempre alegre, mesmo quando as coisas não nos correm bem ou como gostaríamos.
Antes ainda do ofertório, existe o que se chama de prefácio, que é um dos momentos onde
“esquentamos os músculos” das ações de graças - terceiro fim da Missa -, agradecendo a Deus todos os
benefícios recebidos não só na vida mas também durante aquela semana.
Finalmente, depois de já estarmos bem quentes para a Consagração, entramos na oração
eucarística, que é a música da consagração. São uma série de orações de petição - quarto e último fim da
Missa - onde pedimos a Deus que esse sacrifício, que está preste a ser realizado, seja em benefício de toda
a Igreja, do Papa, dos Bispos, de todos os cristãos e não cristãos, de todos os presentes na Igreja, de nós
mesmos, e de todas as outras intenções que queiramos colocar nesses momentos.
Como vemos, a Missa é algo muito sério. Exige um esforço humano e sobrenatural (pedir a
ajuda de Deus) para vivê-la com intensidade e amor. Mas, na medida em que conseguimos entrar
ativamente nas cenas da “ópera”, dependendo do grau de união com Cristo na cruz e na consagração,
nessa mesma medida e grau obteremos os frutos da Missa, que são mais graças de Deus para nós e para
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as nossas petições (você entendeu agora por quê é importante assistir a uma Missa do Papa?); mais
reparação dos nossos pecados e das almas do purgatório; mais conversões; mais paz social; etc.. E um dos
grandes frutos da Missa é uma grande união com Cristo, na comunhão. Poderíamos dizer que a comunhão
é como uma forma de “pagamento à vista” de Deus Pai pelos nossos desejos de união com Cristo.
Por isso, depois do fim da oração eucarística, vem o Rito da comunhão, que nada mais é que um
pequeno ritual dentro da Missa que nos ajuda para este momento grandioso que é a união física,
espiritual, psicológica, total com Jesus Cristo.

Condições e preocupações para comungar

Para não nos estendermos muito nesta aula, podemos dizer rapidamente que existem três
condições para poder comungar devidamente.
A primeira é estar em estado de graça, isto é, estar com a graça santificante (por isso, estar
batizado). Caso tenhamos perdido este estado de união com Deus, através do pecado mortal, é preciso
recuperá-lo com uma boa confissão. Portanto, note algo importante: que não precisa confessar sempre -
como condição obrigatória - para comungar, mas somente quando você tem algum pecado grave na sua
consciência. Se tiver apenas pecados veniais na alma, então o “confíteor” da Missa é suficiente para
preparar sua alma para receber a Deus na sua alma.
A segunda condição é saber o que se vai receber, isto é, ter consciência da presença real de
Jesus Cristo na eucaristia. É ter fé que a hóstia consagrada não é mais hóstia, mas o corpo e o sangue de
Cristo.
A terceira condição é o jejum eucarístico, isto é, não comer ou beber nada uma hora antes da
comunhão (não da Missa), a não ser água e remédios.
Mas não basta cumprir este mínimo. É preciso que tenhamos uma boa preparação, se queremos
ter uma amizade profunda com Deus. Para isto é importante você ter também um mínimo de vida
eucarística: durante a semana, fazer algumas visitas a uma Igreja, “assaltando” o sacrário e fazendo
companhia a Jesus; dedicar-Lhe uns minutos do seu tempo para fazer um tempo de leitura meditada ou de
oração , tema da nossa próxima aula .

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AULA 5: A Oração

Por que rezar?

Penso que antes de começar a falar do que é a oração, quais são os seus tipos e para que serve, é
preciso, em primeiro lugar, entender por que rezar. Pode parecer meio inútil meditar sobre isto, mas a
verdade é que muita gente, hoje em dia, por se achar meio auto-suficiente para tudo - seja pelo fascínio da
ciência e da técnica, seja pelo poder do dinheiro ou ainda por um sentimento de orgulho pessoal -
despreza a oração. Quando as coisas começam a apertar - falta de dinheiro, saúde, tempo, segurança,
amor, etc. - tende logo a ter um sentimento voluntarista de fazer mais esforço, de trabalhar mais, de
garantir-se mais, com seguros diversos, etc., como se tudo isso fosse o mais importante e bastasse. E,
quando depois de colocar estes meios, nota que não é capaz, que lhe escapa o chão... então, se tem fé, é
que começa a pensar em rezar! Se fizermos um teste com as pessoas que convivem habitualmente
conosco verificaremos que, ao longo do dia e das semanas, rezam muito pouco. Podem trabalhar muito,
correr muito, mexer-se muito, mas se apóiam pouquíssimo em Deus. Podemos concluir, portanto, que o
homem de hoje, por estar muito convencido de suas próprias forças, reza muito pouco.
Porém, se lembrarmos da nossa definição sobre "quem é o homem", da segunda aula deste curso,
verificaremos que o homem é uma pobre criatura de Deus, sujeita às suas mais baixas tendências do
pecado original, que a torna infinitamente impotente. Quem tem um pouquinho de experiência da vida,
onde já passou por tantas situações e crises - principalmente a crise dos próprios limites, diante de uma
doença própria ou alheia, de uma busca esgotante de um novo emprego, etc, - assina em baixo sobre o
que estamos falando. O homem em si é fraco e insuficiente. Precisa da ajuda de Deus, que nos vem, como
já vimos, através da graça que é distribuída pelos sacramentos, pela oração e pela prática das boas obras.
Por que rezar, então? Porque necessitamos. Está certo que Deus quer que o homem se esforce por colocar
a sua parte, mas quer também que recorra a Ele na oração. Santo Agostinho dizia em um de seus
pensamentos: " Luta como tudo dependesse de ti. Reza como tudo dependesse de Deus". Penso que
através desta fórmula, de alguém que a teve de experimentar muitíssimo para poder mudar de vida, depois
de tantos anos "paralisado" na fé, pode nos ajudar a achar o equilíbrio perfeito.
Mas voltemos a nos perguntar: mas, por que rezar? Se Deus, que é infinitamente sábio, bondoso
e poderoso, não poderia ir nos dando as coisas naturalmente, como faz um bom pai aqui na terra, com os

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seus filhos mais necessitados? Claro que sim! Entretanto, se não o faz, com certeza, como também fazem
os bons pais, é que nos está querendo ensinar, formar e dar algo maior.
Santo Tomás dizia que os homens devem rezar por necessidade de meio e de fim. Repare:
quando nos sentimos fracos, impotentes, necessitados, nós, instintivamente, buscamos a Deus; sentimos
mais profundamente a nossa condição de filhos de Deus; reconhecemos as nossas limitações e nos
tornamos mais humildes; nos unimos mais aos outros homens, rezando juntos e rezando pelos outros
aumentamos o carinho humano e o amor sobrenatural. Ganhamos ou não tantas coisas boas? Depois, o
fato de termos que rezar para conseguir as coisas - necessidade de fim - nos levará a crescer em
perseverança, em confiança em Deus, em pedir para outras pessoas rezar e termos sempre motivos para
amar...
Portanto, motivos por que rezar não faltam. Diria: sobram... Daí a necessidade de aprender a
fazer muito bem a oração, que veremos em seguida.

Definição e formas de oração

O que é fazer oração? Monsenhor Escrivá, no seu livro Caminho, diz-nos no ponto 90: "Não
sabes orar? - Põe-te na presença de Deus, e logo que começares a dizer: “Senhor, não sei fazer oração!”,
podes ter a certeza de que começaste a fazê-la.”
Oração é, portanto, falar com Deus! Tudo o que seja levantar a nossa mente, o nosso coração, as
nossas palavras, o nosso olhar, o nosso choro, o nosso sorriso... a Deus é oração, é falar com Deus.
Às vezes, tendemos a achar que para fazer oração, precisamos falar cheios de formalidades ou de
estar com atitudes solenes, como quem fala com uma pessoa importante ou distante, ou ainda ter que
dirigir-nos a uma Igreja. Tudo isto é errado! O próprio Jesus Cristo quando nos ensinou a rezar, depois de
ter sido perguntado pelos seus discípulos, disse-nos: "Quando rezares, dizei: Pai- Nosso, que estáis nos
céus...". Como vemos, o próprio Jesus Cristo quer que rezemos, que falemos com Deus como estamos
acostumados a falar com o nosso pai, com o nosso irmão, com a nossa mãe, etc.
No catecismo aparece uma definição que resume bem todas estas idéias: “É a elevação da alma a
Deus, para adorá-lo, agradecer-lhe e pedir-lhe as graças de que necessitamos”.
No catecismo nos ensina também a fomentar 4 atitudes na oração: respeito, humildade,
confiança e perseverança.
Respeito, para que tenhamos sempre consciência de "quem é o que pede" e "a quem estamos
pedindo".
Humildade, para que saibamos sempre aceitar a vontade de Deus, caso não sejamos atendidos
nos nossos pedidos ou a nossa vontade seja outra, na certeza de que Deus sabe muito mais do que nós e
nos dá ou pede somente aquelas coisas que são para o nosso bem. Humildade, também, no sentido de
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colocarmos sempre junto com a nossa oração o nosso esforço, pois seríamos uns orgulhosos se
fizéssemos de Deus um servo que nos atendesse e nos salvasse dos nossos comodismos.
Confiança, para que tenhamos sempre a certeza que nos escuta, e nos ama muitíssimo, mesmo
quando nos envia uma desgraça, uma contrariedade, uma doença ou parece que não nos escuta.
Perseverança, para que não deixemos de insistir até que consigamos as coisas.
Agora, temos que saber que existem 3 formas de oração principais.
A primeira é a chamada oração vocal. É a que se faz com aquelas orações já prontas: Pai-Nosso,
Ave Maria, Glória, Salve-Rainha, jaculatórias, etc. Estas orações têm muito valor porque foram ensinadas
e sugeridas por pessoas que transmitem toda a nossa confiança: Jesus Cristo, os Anjos, os Santos, a
Igreja, o Papa, etc. A maioria das pessoas deve começar a rezar por aqui. Deve ganhar hábitos concretos
de oração. Quando acorda e quando deita; quando passa diante de uma Igreja ou quando entra nela;
quando está com alguma dificuldade; quando começa a trabalhar, etc. Quantas mães conseguem salvar os
seus filhos na adolescência porque lhes ensinaram a rezar na infância...
Depois existe a oração mental que é a que se costuma fazer dentro do nosso interior e sem ruído
de palavras (apesar de que alguma vez até possamos fazê-la em voz alta). Normalmente, porque a oração
mental acontece no nosso interior pode acontecer que vire, ao invés de um diálogo, um monólogo, isto é,
que falemos conosco mesmo ao invés de com Deus. Por isso, é importante que desde o começo façamos
alguma oração que nos ajude a “entrar” na presença de Deus. Depois, com o assalto das distrações e com
o próprio cansaço o renovemos com freqüência. A melhor maneira de rezar deste modo é se apoiar em um
livro. Um livro de pensamentos - Caminho, Sulco, Forja, Imitação de Cristo - ou de conteúdo espiritual -
Novo Testamento, Falar com Deus, etc. - ajuda-nos a ver o que é que Deus nos quer dizer naquele dia, ou
então nos auxilia a fazer um exame mais profundo sobre alguns estados de ânimo, repetições constantes
nas mesmas falhas, ou novos modos de lutar. Portanto, antes de começar a fazer oração não esqueça de
dar aquela “paradinha à Pelé”, isto é, pensar qual será o livro e o tema mais convenientes que me
satisfarão nas minhas necessidades espirituais. Depois, é importante escolher também um bom local, que
me ajude a recolher-me das minhas preocupações habituais e a me meter em Deus. Obviamente, uma
Igreja, um oratório, se é possível, é o melhor local. Por fim, a última preocupação deste tipo de oração, é
ter um horário fixo e ser-lhe fiel cada dia. Qual é o grande motivo de a maioria das pessoas que querem
fazer oração não a fazem? Porque não se comprometem com Deus, em um horário reservado. Deixam
para quando dá e a experiência demonstra que, na prática, nunca acaba dando. Acostume-se, ao planejar
suas atividades, pensar nesta “entrevista” com Deus, e, se possível, deixe-lhe para o melhor horário, para
o horário nobre, que no caso da oração não é o mesmo da televisão - à noite - mas quando a sua cabeça e
o seu corpo estão mais dispostos. Se se vai para a oração para descansar a cabeça e o corpo, mais que
oração o que se faz é “Yoga”!
Por fim, existe o que se chama de meditação. Trata-se de meditar nos mistérios da fé. Como
ajuda a nossa piedade, o nosso modo de tratar a Deus, a Virgem Maria, os santos, os anjos da guarda, etc.,
se “investimos pesado” em aprofundar no mistério da Santíssima Trindade ou na sua Onipotência,
Sabedoria, etc.; na presença de Jesus Cristo na eucaristia; na Sua Encarnação; na Sua Paixão dolorosa; na
poderosa intercessão de Nossa Senhora e na sua carinhosa proteção; na comunhão dos Santos; no
“mistério” da Santa Missa, etc.
Muitas vezes, nos falta doutrina para exercitar este tipo de oração, mas por isso mesmo é que
precisamos “investir” também, com freqüência, na leitura de algum livro espiritual. Acostumar-se a ler
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uns 10 minutos por dia, de um livro substancioso é mais que suficiente para ter “matéria prima” para este
tipo de oração. Este tipo de leitura tem feito muitos santos!

Dificuldades e como vencê-las

Quem já experimentou fazer alguma vez oração, seja ela vocal, mental ou meditação, concordará
que não é uma tarefa fácil. Uma mistura de distrações, cansaços mentais e físicos, divagações,
sonolências, sensação de inutilidade, falta de fé, etc., - poderíamos chamar dificuldades internas -, com
falta de tempo, lembrar de fazê-la, ter livros à mão, ou locais apropriados - dificuldades externas - são os
motivos pelos quais nos levam muitas vezes a desanimar-nos em persistir. Pensemos em como podemos
driblá-las.
Penso que a primeira dificuldade principal é a falta de fé, ou uma fé fraca. Como os nossos
olhos não vêem nada, os nossos ouvidos não escutam nada, no início pode parecer meio inútil. Pode
parecer meio impossível manter um diálogo com Deus. Entretanto, o importante é lembrar que a oração
não é uma tarefa física, mas sim espiritual! É a elevação da alma a Deus, e por isso o importante é “olhar”
com os olhos da alma e “escutar” com os seus ouvidos. É preciso exercitar a fé, procurando ver a Cristo
na eucaristia ou em um crucifixo. Procurar “imaginar” a Virgem junto de seu Filho no Céu, louvando a
Deus-Pai. Ou ainda, fomentar a presença da Santíssima Trindade no Centro da nossa alma, nos
conduzindo pelo bom caminho. Depois precisamos exercitar também a “audição” ouvindo-O na nossa
consciência, ou através de uma frase que nos “queimou” ou “pegou fundo” de um bom livro espiritual, ou
ainda meditando, com sinceridade, nas anotações de alguma meditação pregada ou palestra de formação..
Outra dificuldade é a própria moleza, a preguiça. Conforme já dizíamos, a oração é a elevação
da alma a Deus, é a elevação da inteligência e da vontade, e isto não é tarefa fácil. Custa e, às vezes, custa
muito. De maneira que se queremos elevar-nos para Deus precisamos intensificar a mortificação durante
o dia, para que tenhamos “as rédeas” da nossa cabeça e do nosso coração. É conveniente que saibamos
colocar-nos com rijeza na hora de fazer oração é não vaiamos para descansar. E, por fim, saibamos
mortificar com prontidão a memória, a imaginação, a curiosidade, não só durante o dia mas também na
própria oração. Concluir, portanto, que fazer oração é trabalho, exige esforço, precisa-se remar contra a
corrente da nossa apatia, moleza, cansaço, etc., mas é um esforço que sempre chega a um “porto” cheio
de tesouros...
Outra dificuldade para fazermos bem a oração é a falta de sinceridade. É um medo de nos
enfrentarmos, de conhecermo-nos como somos, de sabermos quais são as causas das nossas tristezas, das
nossas faltas, de nossas omissões. É uma mistura de egoísmo com falta de confiança em Deus. É a
sensação de não consultarmos o nosso pai se podemos ir a um show de rock, com medo de que não nos
permita. É ir adiando a consulta a um médico sobre uma dor nova que apareceu na perna, com medo que
nos proíba de jogar futebol ou ainda a descoberta de alguma doença mais grave. Evita-se assim certos

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temas, certos livros, certos fatos concretos... É preciso pedir ajuda a Deus para conseguir coragem de nos
enfrentar. Deus só nos fala quando agimos com retidão, com o olhar límpido, com humildade. Tem um
cena no evangelho que nos demonstra bem isto. Uns fariseus vão perguntar a Cristo quem lhe deu
autoridade para atuar como Ele atuava e Cristo - dando uma de “mineiro” - responde com uma pergunta:
“O batismo de João era de Deus ou dos homens?” Os fariseus então começaram a falar entre eles: “Se
dizermos que é dos homens, a multidão pode-se revoltar contra nós, já que o tem como um dos profetas.
Se dissermos que é do Céu então nos poderá dizer porque não acrediteis nele”. Então responderam: “Não
sabemos”. Então Cristo respondeu também: “Então também não digo com que poder faço tais coisas”.
Quando não somos sinceros, Deus fica mudo e não temos luz para ver as coisas de Deus.
Uma última dificuldade, muito comum, são as distrações. Quantas vezes, apesar de estarmos
fomentando a fé, colocando-nos com rijeza - fazendo a oração andando, por exemplo - e sendo bem
sinceros - escolhendo bem o tema e nos enfrentando com Deus - as distrações nos “estragam” a nossa
oração. Quantas vezes, rezando o terço ou assistindo à Missa estamos mais de “corpo presente” que
rezando efetivamente. Como resolver, então, esta dificuldade?
Em primeiro lugar, pensando que nem todas as distrações são iguais e são causadas pelas
mesmas “forças”.
Existem as chamadas distrações involuntárias. São aquelas que normalmente são provocadas
por associações de idéias, cansaços mentais, preocupações imediatas. A solução para estas distrações é
encomendá-las na própria oração, tornando-as matéria da nossa oração ou então anotá-las, numa agenda
por exemplo, para que sejam resolvidas na ocasião mais oportuna. Alguém já dizia que muitas vezes
temos que ter uma postura de “guarda de trânsito” na oração: estas distrações as permito entrar na minha
conversa com o Senhor, estas as desvio para agenda, estas outras as paro, porque são bobagens, etc.
Existem depois as chamadas distrações semi-voluntárias. São causadas, principalmente, pelas
nossas desordens, faltas de pontualidade, molezas semi-consentidas, dispersões na rua, ativismos
desenfreados no trabalho ou no estudo, descontroles da curiosidade ou da imaginação, etc. Poderíamos
dizer que estas distrações na oração são fruto de uma desordem anterior. É como estar durante o dia
patinando a 1000/h no gelo e de repente querer-se parar! Simplesmente, é impossível e, se se consegue,
consegue-se somente depois de um bom tempo. Para eliminar este tipo de distrações é preciso se ir
esforçando, ao longo do dia e no meio do trabalho, por ir mantendo uma atitude de recolhimento
interior, de mortificação dos sentidos externos e internos, e um pequenos esforço por ir “exercitando-se”
na presença de Deus, através de jaculatórias, atos de amor a Deus, à Virgem Imaculada, indústrias
humanas, etc
Por fim, existem as chamadas as distrações voluntárias. São aquelas que normalmente vêm das
anteriores, mas a nossa vontade por egoísmo ou por fraqueza não quer adiá-las. Estas são mais graves e é
preciso lutar contra elas de forma mais enérgica.
Portanto, quando nos assaltarem as distrações na nossa oração saiba com sabedoria classificá-las
de forma correta, pois lhe ajudará a usar a arma mais eficaz para combatê-las
Diante de todas estas dificuldades, mesmo já sabendo como “administrá-las”, temos que ter
presente que sempre nos custará - principalmente nos inícios, nos primeiros passos - fazer oração, mas
quando fomentamos na nossa cabeça e no nosso coração as infinitas vantagens que conseguimos ao fazê-
la, nossa alma se estimula a perseverar. Santa Teresa de Ávila, conhecida como a santa da oração, fazia
uma comparação que nos pode ajudar a superar os possíveis desânimos iniciais. Dizia que o esforço dos
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começos é igual a alguém que, por motivos de estiagem, tem que levar água a um poço de irrigação, para
que a água -que não tem força para jorrar sozinha - jorre para fora. Depois que se enche o poço, com o
esforço de muitos baldes, então a fonte jorra sozinha, irrigando as plantações e produzindo muitos frutos.
Se nós, no início, fazemos esse esforço de ir levando baldes de concentração, de petição de fé, de
pontualidade, de rijeza, etc., mais para frente, a oração se torna para nós bem mais prazerosa e fácil,
apesar de que também algumas vezes apareçam novos períodos de estiagem.
A mesma Teresa de Ávila dizia com muitíssima freqüência que um dos maiores objetivos do
demônio é fazer com que deixemos a oração, porque sem ela nos tornamos impotentes. Nos tornamos
presa fácil e com o tempo desanimamos na luta. Monsenhor Escrivá, no seu livro Sulco, dizia que quem a
abandona no começo vive-se de reservas espirituais e depois de trapaça. E dizia também, no seu livro
Caminho, que quem a faz se torna Onipotente, pois nos “endeusamos” quando rezamos unidos a Cristo.
Depois de termos falado nas nossas aulas anteriores, da importância da graça e dos seus canais
principais - os sacramentos e a oração - para conseguir andar e perseverar neste caminho que nos leva ao
céu, resta-nos agora meditar com mais profundidade onde entra a parte do homem, qual é a importância
da sua luta pessoal, qual é a estratégia e a tática para vencer os diversos inimigos que nos “assaltam”
neste caminhar. Tudo isto e muito mais veremos na nossa próxima e última aula deste curso.

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AULA 6: A Luta interior

O Esforço pessoal: a importância das virtudes humanas

Quando se vai construir um edifício, uma casa, uma ponte as primeiras e principais
preocupações do engenheiro responsável são ver quais são as condições do terreno, quais vão ser os
materiais utilizados e quanto será preciso perfurar para agüentar o peso da construção. Na vida espiritual,
quando estamos nos seus começos, a grande preocupação tem que ser também fundamentar muito bem o
edifício espiritual que estamos querendo levantar. Querer adquirir uma base sólida capaz de agüentar
tempestades, ventanias e terremotos. Esse fundamento são as virtudes humanas.
O que são as virtudes humanas? São hábitos bons que nos levam a praticar com facilidade o
bem, nos tornando de verdade Homens. E o que são hábitos? São a repetição de atos. Quando repetimos o
ato de estudar todos os dias, logo depois do devido descanso que deve haver após o almoço, adquirimos o
hábito da estudiosidade e como é um bem se chama de virtude. Se dormíssemos todos os dias depois do
almoço, esse ato por ser ruim - os médicos aconselham a dormir somente de noite as horas necessárias -
se tornaria um vício.
Existem virtudes que o homem nasce com elas. São as chamadas virtudes inatas. Tem gente que
tem uma enorme facilidade para ser sempre pontual; sempre ordenada; sempre generosa; sempre
otimista... Porém, a grande maioria das nossas virtudes têm que se adquiridas com esforço, com luta, com
a repetição de atos.
Pensemos, por exemplo, na virtude da rijeza que é a que nos ajuda a dominar a preguiça. Se
queremos adquirir esta virtude temos que, todos os dias, lutar em uma série de pontos concretos que vão
construindo a virtude: não deitar fora de hora; não deitar no sofá para ver televisão ou estudar; viver com
fidelidade um horário de estudo e estudar com intensidade; tomar banho frio; não arrastar os pés quando
se anda e andar rápido; etc. Este é o segredo para ir adquirindo as virtudes humanas. No começo, por
estarmos bastante enferrujados, pode ser um pouco difícil, porém, quando a “locomotiva” começa a pegar
velocidade - o homem começa a adquirir as virtudes - depois vemos que valeu a pena aquele pequeno
esforço inicial.
Mas, voltemos mais uma vez para a pergunta: por que o homem tem que adquirir virtudes
humanas? São elas que nos tornam realmente “homens”. Quando nascemos, devido ao pecado original,
que vimos na nossa segunda aula, o homem nasce mais animal do que homem: só quer o prazer, só quer
fazer o que gosta, só quer ficar no seu “mundinho”, e tem uma grande dificuldade em pensar, em querer

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coisas importantes e tende a decidir suas escolhas mais pelos sentimentos e pela “lei do gosto” do que
pelo que deve fazer ou - também chamada - “lei do amor”. O que devem fazer os pais, os colégios e todos
os responsáveis pela educação da juventude é incentivar justamente este exercício da inteligência e da
vontade para que estes sejam realmente os “comandantes” das nossas escolhas e, quando necessárias,
passem por cima dos nossos gostos a fim de conseguir a verdadeira felicidade. O homem só será feliz
quando efetivamente se for tornando cada vez mais homem, mais livre dos sentimentos e gostos - apesar
de que estes quando bem direcionados são de grande auxílio para o homem - e também mais santo...
O que é um santo? É um homem que vai adquirindo virtudes humanas que, com a graça de Deus,
ele vai se “endeusando”, vai se tornando semelhante a Deus, até ser igual a Jesus Cristo, nosso modelo.
Podemos dizer, portanto, que o ideal dos ideais de todos os homens é chegar a ser santo, mas para isto é
preciso que o material, que o “depósito” onde Deus coloca a “gasolina” da graça de Deus tenha que ser de
material bastante resistente. Se o depósito da nossa alma é de papelão a graça de Deus se desfaz. Se é de
aço duro e inoxidável então nos tornamos “onipotentes”. Deus não faz - pode fazer se quiser, pois é
Onipotente, mas não costuma fazer - uma pessoa mole, com a graça de Deus, uma pessoa rija. Faz de um
rijo, uma pessoa forte. Deus não faz de um egoísta uma pessoa alegre, mas de uma pessoa alegre uma
pessoa cheia de paz e de bom humor.
Este é um dos motivos pelo qual muitas pessoas hoje se entusiasmam com a religião, mas
depois, quando chega o momento - que sempre chega - de carregar um pouco mais a cruz de Cristo, isto é,
quando chega o momento de fazer alguma coisa que não se gosta ou não se tem vontade; quando chega o
momento de se sofrer alguma doença, humilhação de alguém não cristão, ou experimentar a pobreza,
então essas pessoas desanimam, porque lhes falta uma estrutura humana para aceitar a Vontade amorosa
de Deus. Muitas pessoas têm uma “armação” exterior de fé, vão à Missa aos Domingos, cantam no coral
da Igreja, se sensibilizam com os grupos jovens das Igrejas, mas muitas vezes tudo isso é uma religião
mais apoiada nos sentimentos, em se sentir bem, do que no verdadeiro amor a Cristo, que reside numa
inteligência e vontade bem educadas para o amor. Portanto, se queremos perseverar na nossa vocação de
cristãos coerentes; se queremos ser pessoas fortes, que resistem ao ambiente paganizado e materialista
que nos rodeia; se queremos experimentar a verdadeira alegria da conquista de um ideal, de uma amizade,
da formação de uma família numerosa, etc. temos que exercitar-nos com constância nas principais
virtudes humanas.

Detectar os três defeitos dominantes: como lutar na prática

Se nós fizéssemos o que se costuma chamar na linguagem policial de “retrato falado” da nossa
alma, tenho a certeza que não teríamos dificuldade em definir quais são as nossas principais virtudes e
quais são os nossos principais defeitos. Alegre, otimista, ordenado, audaz, ou então observador, calmo,

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profundo, paciente; com relação aos defeitos vaidoso, preguiçoso, egoísta, desordenado ou então
estourado, impulsivo, ambicioso, impuro...
Penso que não seja difícil detectar, mais ou menos, quais são os nossos defeitos dominantes. O
mais difícil é saber como lutar contra eles. Como adquirir as virtudes que combatam esses defeitos. Para
isto, é importante conhecer o conceito de exame particular da luta interior.
Exame particular é a escolha de apenas um dos nossos defeitos dominantes, talvez aquele que
estejamos mais necessitados de combatê-lo, por nos estar atrapalhando mais no nosso dia a dia, e
montarmos uma estratégia de ataque somente em cima dele. Os demais defeitos que tenhamos ficarão
somente num plano de manutenção, de defesa, de exame geral enquanto que o do exame particular ficará
numa posição de ataque, de vigilância constante, de luta ativa. Poderíamos dizer que a luta contra o nosso
exame particular se torna o nosso “carro chefe” da luta.
Para que essa luta seja eficaz ela precisa ser concreta, viva e vibrante.
Em primeiro lugar, concreta, isto é, temos que definir os momentos e os modos de lutar, por
exemplo: esforçar-me mais na rijeza, vivendo o minuto heróico logo que acorde (pular da cama no
primeiro toque do despertador), viver com pontualidade um horário de estudo, não deitar fora de hora,
não ver televisão esparramado pelo chão (momentos) e sendo rápido ao me arrumar, sendo intenso e
ordenado no estudo, estar bem sentado na poltrona (modos).
Depois tem que ser viva, isto é, que me lembre de examinar várias vezes por dia e não fiquem
simplesmente anotados os pontos em uma agenda.
Por fim, que seja vibrante, isto é, que seja uma luta esportiva, otimista, com metas e prazos
como faz um atleta.
Depois que passe esses prazos e já exista um avanço razoável na conquista dessa virtude que
faltava ou no enfraquecimento desse defeito que precisávamos arrancar, é importante saber definirmos
rapidamente um novo exame particular e assim até ao último dia da nossa vida. Tenho a certeza que quem
não se cansar de fazer isto, chegará à santidade.

Animalização X Humanização X Santificação

Depois de termos visto, ao longo deste curso, as principais idéias da doutrina católica sobre a
nossa fé e sobre a nossa existência e condição humanas, gostaria de terminar com um esquema que nos
ajudará a fixar os principais conceitos explicados ao longo destas 6 aulas. Antes de preenchê-lo com os
nomes corretos, preferi, primeiramente, colocar-lhe letras com explicações , para que você possa
acompanhar melhor a sua explicação. No final, apresentarei o esquema totalmente preenchido, que
poderíamos chamá-lo de "DIPLOMA DE CONCLUSÃO DO CURSO" ou também "EDUCANDO

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PARA O VERDADEIRO AMOR. Se você conseguir memorizá-lo e se esforçar por vivê-lo, garanto-lhe
muita felicidade, muito amor de Deus e a Deus e muita luz e amor para ajudar os outros.

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ESQUEMA GERAL DO CURSO “A FÉ PRATICADA”

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NOTAS

A - todo o homem quando nasce, poderíamos dizer, é um animal ainda pouquíssimo racional, composto
de alma e corpo. Além do mais, devido ao pecado original, nasce completamente desordenado: seus
níveis de amor próprio e de egoísmo são muito elevados; suas paixões e sentidos não estão submetidos à
inteligência e a vontade.

B - só lhe interessa alegrias materiais (sorvete, televisão, computador, dormir, viajar, esportes, etc.) - B1
-; fazer o que gosta e o que lhe faz sentir-se bem (sentimentalismo) - B2 - (uma conseqüência desta
desordem é uma grande preguiça dirigida: só se anima a fazer esforço quando satisfaz o seu amor
próprio; caso contrário, sente uma forte apatia para o que custa ou por tudo aquilo que lhe vai tirar do seu
comodismo); tende a pensar somente em si e a satisfazer os seus gostos, isolando-se um pouco
(“bolhismo”) - B3 -; e a procurar o prazer pelo prazer, simplesmente porque gosta - B4 -.

C - o que os educadores têm que fazer - pais, em grandíssima dose; colégio onde estuda; padrinhos,
orientadores, sacerdotes, etc. - é procurar formar muito bem a inteligência - C1 - e disciplinar a vontade -
C2 - das pessoas, de modo que direcionem, moderem e controlem os seus sentimentos, gostos e
prazeres - C3 -, de modo que não se escravizem nas alegrias materiais, nos sentimentos, no bolhismo e no
prazer - o que os deixa tremendamente infelizes, frustrados e com sensação de que foram enganados -
mas vejam nessas boas e santas alegrias apenas um meio para chegarem em outras alegrias mais
profundas e duradouras. Darem-lhes, portanto, uma boa e sólida formação humana e cultural - C4 -.

D - quem recebe esta formação de forma constante e progressiva, quando chegar na idade da adolescência
- idade de começar a exercitar a liberdade e a de assumir as suas decisões com responsabilidade - estará
preparado para enfrentar e “passar” pelo que se costuma chamar a “barreira” da dor e do sofrimento.
Estará preparada para agüentar as contrariedades da vida, como são as doenças, as dores, os fracassos, as
humilhações, a pobreza, a morte de seres queridos, etc.; e estará preparada para que possa descobrir e/ou
desejar outros valores, muito mais valiosos, como são os valores humanos.

E - descobrirá, depois que vencer a barreira da dor, as alegrias espirituais - E1 - como é, por exemplo, a
alegria de fazer companhia a um amigo no hospital, a noite toda; de ajudar a mãe a pôr a mesa em um dia
atarefado; em ir na Igreja sem a menor vontade, mas por amor a Deus; descobrirá também as alegrias
intelectuais - E2 -, como é realizar um trabalho bem feito, até ao fim e ter e cumprir um ideal - ;
descobrirá ainda as alegrias da verdadeira amizade, como é poder ter muitos amigos de verdade ou de ter
um amor puro e limpo com uma namorada - E3 -; e, por fim, descobrirá a alegria da temperança ou
também do domínio de si, de poder controlar-se, de poder realizar os projetos propostos e de possuir uma
liberdade interior.

F - perceberá que o que vale a pena - mesmo! - nesta vida, é adquirir virtudes humanas (vide pg. 33).

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G - e que verdadeira liberdade é a capacidade de escolher e de querer os meios mais adequados que me
ajudem a realizar-me como Homem, e não como um pobre animal (volte para A).

H - quem não se preocupa em dar uma formação humana e cultural sérias para os seus filhos na infância
e na adolescência; quem na adolescência não se preocupa em se formar com seriedade e acha que o que
importa é fazer o que se gosta, sem limites e regras, “curtindo a vida adoidado”, desembocará, mais cedo
ou mais tarde, em várias doenças humanas: sentirá a escravidão do materialismo - como também do seu
“primo” consumismo e a dependência doentia de ganhar dinheiro acima de qualquer custo - H1 -; sofrerá
muitíssimo com a depressão, que é uma tristeza de fundo pela própria incompreensão da dor e do
sofrimento e uma certa rebeldia do amor próprio por ter que sofrer, gerando compensações físicas e
psíquicas - a maioria das vezes - nocivas para o ser humano - H2 -; experimentará também a pontada da
solidão, sentindo pouco amor das pessoas e um pouco esquecido -H3 -; e, por fim, ficará dependente -
viciado - do prazer em geral (comida, bebida, sexo, dormir, etc.), tendo necessidade de procurar - cada
vez mais! - sensações mais fortes e, como é lógico, chegará a aberrações incompreensíveis para uma
mente normal.

I - mas o Homem não foi feito para ser somente homem: nascer, viver e morrer. O homem tem uma
vocação de eternidade e o seu destino é o Céu, a visão e gozo da companhia de Deus. Mas, devido ao
pecado original, tem dificuldade para “enxergar” esse destino eterno e descobrir por si só quem é esse
Deus, quem é o homem, o que faz ele aqui nesta vida (cfr. Aula 2). Para isso, é importante que, desde
cedo, comece tendo uma formação doutrinal séria, aprendendo - de acordo com a idade - quais são as
principais verdades reveladas por Deus e quais são as fontes da sua fé; e receba também uma forte
formação espiritual, que lhe ajude não só a tratar a Deus como um Pai, como um amigo, mas também
que aprenda qual é a moral católica - o que deve fazer de bem e o que deve evitar - e se esforce por
cumpri-la. Quem receber esta formação doutrinal-espiritual, juntamente com a formação humana-cultural,
estará preparado para quebrar a outra barreira que o homem tem que quebrar para chegar no seu destino: a
“barreira” do transcendental (cfr. J).

J - “barreira” do transcendental: muitas pessoas, por não receberem a formação doutrinal ou,
simplesmente, porque colocaram essa formação recebida num “freezer”, pelos motivos que forem, não
conseguem se desprender desta vida e “passar” a barreira do transcendente. Como ficam incapazes de
elevar os olhos para o Céu, pretendem transformar a vida neste mundo em um “paraíso” terreno. Por
outro lado, quem consegue ver mais longe, percebe que o homem está destinado a um ideal muito alto,
altíssimo que é a união, por toda a eternidade, com o próprio Deus, no Céu. E esta união, começa já nesta
vida, através da nossa transformação em Cristo, até chegar a se identificar com Ele. Para isto, é preciso
colocar os meios ( cfr. K,L, M, N,O, P) que levem a essa transformação.

K - os primeiros meios são viver os mandamentos - a "auto-estrada" que nos leva com segurança ao Céu
- (cfr. Aula 2).

L - depois, precisa viver daquele "combustível" sobrenatural que nos vem pelos sacramentos e normas
de piedade - (cfr. Aulas 3, 4 e 5).

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M - precisa, como é lógico, viver com amor o espírito de mortificação e penitência, levando a Cruz de
cada dia, em união com a Paixão de Cristo (cfr. Aula 4) para oferecê-la depois na Santa Missa.

N - a principal matéria de santificação e de união com Cristo é realizar com perfeição e com retidão de
intenção o trabalho de cada dia (estudo, trabalhos do lar, trabalho profissional, etc.).

O - nada mais necessário para caminhar em união com Cristo do que buscar, acolher, ser coerente e
perseverar na vocação, na missão, e nos planos de Deus para si.

P - e, por fim, ir realizando dia-a-dia, no local onde se encontra, na família, na escola, no trabalho, com
os que convivem mais perto, um trabalho de apostolado, que nada mais é que oferecer-se para ser
instrumento de Cristo, para comunicar aos homens a Verdade do Cristianismo, através de um exemplo
sério e coerente e de uma palavra amiga e convicta.

Q - quem viver, com esforço e fidelidade, estes meios, mais cedo ou mais tarde, perceberá de uma forma
muito "viva" a presença de Cristo na sua alma e uma união cada vez mais crescente em seu coração,
sentindo-se de verdade filho de Deus.

R - como Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida..., por Ele, com Ele e n'Ele teremos a suficiente
motivação e força para chegar com segurança à nossa Pátria definitiva: o CÉU !

observação: na página seguinte, conforme já tinha dito, colocarei o esquema do curso preenchido
com os itens principais para tornar mais fácil sua memorização. Na outra e última página, colocarei esse
mesmo esquema - desta vez em branco - para que, quem quiser, possa tirar uma ou mais cópias e assim
explicar para o(s) seu(s) ouvinte(s).

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RESUMO COMPLETO DO CURSO “A FÉ PRATICADA”

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ANEXO 1

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