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FICHA INFORMATIVA 1 – Evolução da Legislação Antirracista

em Portugal e Lei em vigor

O são Políticas Antirracistas?


Designam-se como antirracistas todas as ideias, comportamentos, legislações ou
políticas que visam cessar o racismo e as suas consequências sociais.

Na sequência dos terríveis acontecimentos históricos ocorridos durante a II Guerra


Mundial, o mundo ganhou consciência generalizada, sobretudo na segunda metade do
século XX, da incompatibilidade entre o Racismo e a democracia.

De que modo evoluiu a Legislação Antirracista em Portugal?


1976 - A Constituição da República Portuguesa integra o espírito da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas em
1948, introduzindo princípios como o estabelecido no seu artigo 13.º, Princípio da
Igualdade, que impõe um tratamento igual de todos os seres humanos perante a lei e
uma proibição de discriminações infundadas.

1978 - Portugal subscreve a Declaração Universal dos Direitos Humanos, 30 anos


após a sua aprovação pela ONU, e a Convenção Europeia dos Direitos Humanos,
25 anos após a sua adoção pelo Conselho da Europa.

1995 – Código Penal, Artigo 240.º. Criminaliza a Discriminação Racial, ainda que a
redação penal estivesse mais dirigida para os atos praticados por grupos organizados.

1999 – Lei n.º 134/99 de 28 de Agosto. Proíbe as práticas discriminatórias no exercício


de direitos por motivos baseados na raça, cor, nacionalidade ou origem étnica, prevê
um regime sancionatório, passando a Discriminação Racial a ter também uma previsão
contraordenacional e cria a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial
(CICDR).

2004 – Transposição da Diretiva 2000/43/CE do Conselho da União Europeia.


Transpõe para o ordenamento jurídico interno a Diretiva que aplica o princípio da
igualdade de tratamento entre as pessoas, sem distinção de origem racial ou étnica.

2009 – Lei n.º 39/2009 - Combate à Discriminação e ao Racismo no Desporto.


Aprova o regime jurídico no combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à
intolerância nos espetáculos desportivos, de forma a possibilitar a realização dos
mesmos com segurança atendendo a que o desporto é visto como ferramenta para a
promoção da inclusão social.
2017 – Lei n.º 93/2017 - Aprova o novo regime jurídico unificador da prevenção,
proibição e combate à discriminação, em razão da origem racial e étnica, cor,
nacionalidade, ascendência e território de origem.

2019 - Lei n.º 113/2019 - Procede à alteração da Lei n.º 39/2009, de 30 de julho,
atribuindo uma maior articulação entre a Autoridade para a Prevenção e Combate
Violência no Desporto (APCVD) e Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação
Racial (CICDR) de forma a conferir maior eficácia na ação contraordenacional.

Para além da legislação geral, que normas vinculam a


prestação do serviço público?
O trabalhador em funções públicas tem que conhecer e partilhar, nas suas práticas, os
Valores do Serviço Público bem como conhecer e atuar em conformidade com os
Princípios Constitucionais, a Lei e o Direito. Deixa-se uma curta seleção de algumas
normas mais específicas a ter em conta:

Constituição da República Portuguesa:

Artigo 13.º - Princípio da igualdade - Todos os cidadãos têm a mesma dignidade


social e são iguais perante a lei.

Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou


isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de
origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica,
condição social ou orientação sexual.

Artigo 266.º - Princípios fundamentais - A Administração Pública visa a prossecução


do interesse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos.

Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem


atuar, no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa-fé.

Código do Procedimento Administrativo:

Artigo 6.º - Princípio da Igualdade - Nas suas relações com os particulares, a


Administração Pública deve reger-se pelo Princípio da Igualdade, não podendo
privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito ou isentar de qualquer dever
ninguém em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião,
convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou
orientação sexual.
Ideias-chave

• O Racismo é incompatível com a Democracia e os Direitos Humanos.


• A Constituição da República Portuguesa de 1976 já tinha imbuído em si o espírito da
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
• O trabalhador em funções públicas tem uma responsabilidade acrescida no que toca
à prevenção, proibição e combate a qualquer forma de discriminação.

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