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LEI ORGÂNICA MUNICIPAL

NOVA FRIBURGO
FICHA TÉCNICA
Cólegio e Curso CPM

Presidente: Anselmo Alves


Diagramação e Projeto Gráfico: Leandra Alves Gomes
Capa: Leandra Alves Gomes

2 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


LEI ORGÂNICA DO promoverá os valores que fundamentam a existência
e a organização do Estado brasileiro, resguardando a
MUNICÍPIO DE soberania nacional e de seu povo, visando à edificação
de uma sociedade livre, justa e fraterna, isenta do ar-
NOVA FRIBURGO bítrio e de preconceitos de qualquer espécie e assen-
tada no regime democrático, a fim de assegurar:

LEI MUNICIPAL Nº 4.637/18 - I - a autonomia;


LIVRO I DOS PRINCÍPIOS, DIREITOS E
DEVERES FUNDAMENTAIS II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;


TÍTULO I Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º. O Município de Nova Friburgo é a expres- IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia-
são e o instrumento da soberania do povo friburguen- tiva;
se e de sua forma de manifestação individual, por meio V - o pluralismo político.
do processo democrático e do exercício da cidadania.
Art. 3º. São objetivos fundamentais dos cidadãos
§ 1º O povo é o sujeito da vida política e da história deste Município e de seus representantes, observado
do Município de Nova Friburgo. o § 3° do art. 1°:
§ 2º Todo o poder emana do povo, que o exerce I - assegurar a construção de uma sociedade livre,
por meio de representantes eleitos ou diretamente, justa, solidária e participativa;
nos termos da Constituição da República, da Consti-
tuição do Estado do Rio de Janeiro e desta Lei Orgâ- II - garantir o desenvolvimento local;
nica.
III - contribuir para o desenvolvimento regional, es-
§ 3º A soberania popular se manifesta quando a to- tadual e nacional;
dos são asseguradas condições dignas de existência, e
será exercida: IV - erradicar a pobreza, a marginalização e as di-
versas formas de analfabetismo e reduzir as desigual-
I - pelo sufrágio universal e pelo voto direto e se- dades sociais e econômicas nas áreas urbanas e rurais;
creto com valor igual para todos;
V - promover o bem de todos, sem preconceitos
II - pelo plebiscito; de origens, raça, sexo, orientação sexual, cor, idade,
religião, convicções políticas ou filosóficas e quaisquer
III - pelo referendo; outras formas de discriminação;
IV - pela iniciativa popular no processo legislativo; VI - assegurar a moralidade, a transparência, a pu-
V - pela participação nas decisões do Município; blicidade, a impessoalidade, a eficiência e o controle
popular nas ações de governo;
VI - pela ação fiscalizadora sobre a administração
pública. VII - garantir a universalização dos serviços públi-
cos e a materialização dos direitos fundamentais, em
§ 4º A participação da coletividade na formulação especial o acesso dos seus habitantes aos bens, servi-
e execução das políticas públicas em seu território, ços e condições de vida indispensáveis a uma existên-
como também no permanente controle popular da cia humana com dignidade;
legislação e da moralidade dos atos da administração
municipal deverá ser assegurada pelo Poder Público. VIII - defender, preservar e conservar o território,
o meio ambiente, os valores históricos e culturais mu-
Art. 2º O Município de Nova Friburgo, parte in- nicipais, objetivando a construção de uma cidade eco-
tegrante do Estado do Rio de Janeiro, e formando a nômica, social e ambientalmente sustentável.
União indissolúvel da República Federativa do Brasil,

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TÍTULO II o acesso à cultura, ao esporte, ao lazer e o ambiente
sustentável consubstanciam necessidades básicas para
Dos Direitos e Deveres o pleno exercício do direito e da existência digna.
Fundamentais
§ 2º O Município buscará assegurar à criança, ao
adolescente e ao idoso, bem como às pessoas com
Art. 4º. Os direitos e deveres individuais e coleti- deficiência e aos doentes crônicos e com patologias
vos, na forma prevista na Constituição da República e graves, com absoluta prioridade, incluindo em maté-
na Constituição do Estado, bem como de quaisquer rias orçamentárias e financeiras, os direitos constantes
outros decorrentes do regime e dos princípios que deste artigo, bem como a primazia no recebimento
elas adotam e daqueles constantes dos atos interna- de proteção e socorro, além de colocá-los a salvo de
cionais firmados pelo Brasil, integram esta Lei Orgâni- toda forma de negligência, discriminação, exploração,
ca, constituindo obrigação do Município e de todos os violência, crueldade e opressão.
seus cidadãos darem plena efetividade aos referidos.
§ 3º É dever primeiro do Município, nos limites da
Parágrafo único. Em relação aos direitos e deveres lei, com a colaboração do Estado e da União, a garan-
referenciados nas previsões mencionadas no caput, tia dos meios necessários para oportunizar e efetivar
será ainda observado que: o que é previsto nos §§ 1º e 2º, através do:

I - ninguém será discriminado, prejudicado ou pri- I - provimento de dotação orçamentária, da formu-


vilegiado em razão de nascimento, idade, etnia, cor, lação e da aplicação de leis, inclusive de planos muni-
religião, estado civil, sexo, orientação sexual, atividade cipais;
física, mental ou sensorial, ou qualquer particularida-
II - estabelecimento de políticas e de infraestrutu-
de, condição social ou, ainda, por ter cumprido pena
ras públicas específicas e concorrentes, inclusive em
ou pelo fato de haver litigado ou estar litigando com
consonância com planos e programas federais e es-
órgãos municipais na esfera administrativa ou judicial;
taduais;
II - as liberdades de consciência e de crença são
III - aprovisionamento de processos de fiscalização
invioláveis, sendo assegurado o livre exercício de culto
e de aplicação de sanções nas situações em que se
e sua liturgia, na forma da legislação;
exigir.
III - sanções de natureza administrativa aplicáveis
Art. 6º. O Município assegurará, nos limites de sua
a quem pregar a intolerância religiosa ou incorrer em
competência:
qualquer tipo de discriminação, independentemente
das sanções criminais, deverão ser estabelecidas pelo I - a liberdade de associação profissional ou sindical;
Município; Grifo: geralmente multa
II - o direito de greve, competindo aos trabalha-
IV - a diferença salarial para trabalho igual é veda- dores decidirem sobre a oportunidade de exercê-lo
da, assim como a aplicação de critérios de admissão e e sobre os interesses que devam defender por meio
estabilidade profissional discriminatórios por qualquer dele, observada a legislação federal que dispõe sobre
dos motivos mencionados no inciso I, respeitada a o exercício do direito de greve, define as atividades
legislação federal. essenciais e regula o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
V - todo cidadão tem assegurado o direito à pres-
tação de concurso público, nos termos da lei. Art. 7º. As ações e omissões do Poder Público que
tornem inviável o exercício dos direitos constitucio-
Art. 5º. Todos têm direito à vida, à liberdade, ao
nais serão sanadas, na esfera administrativa, no pra-
respeito, à proteção e ao reconhecimento da dignida-
zo de 30 (trinta) dias corridos, após requerimento do
de humana.
interessado, sob pena de responsabilidade da autori-
§ 1º A alimentação, a moradia, a saúde, a educa- dade competente, sem prejuízo das demais medidas
ção, a convivência familiar e comunitária, o trabalho judiciais cabíveis, ressalvadas, desde que não atentem
e a renda, o saneamento básico, a mobilidade e aces- contra o direito à vida, as situações em que houver
sibilidade urbana, o transporte coletivo, a segurança, embasada e plausível justificativa, dentre as quais as

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de caráter normativo programático ou dependentes gânica.
de devida previsão orçamentária.
Art. 12. É garantido ao cidadão o exercício de
Parágrafo único. Fica assegurado ao Poder Público reunião e demais liberdades constitucionais, inclusive
o direito de prorrogação do prazo assinalado no caput para a defesa do patrimônio público e privado, caben-
deste artigo, mediante manifestação tempestiva e jus- do sua responsabilização pelos excessos que cometer,
tificada. nos termos da lei.

Art. 8º. São gratuitos todos os procedimentos ad- Art. 13. O Município, pessoa jurídica de direito
ministrativos necessários ao exercício da cidadania, público interno, constituído pelos Poderes Legislativo
nos limites da legislação específica. e Executivo, independentes e harmônicos entre si, é
unidade territorial que integra a organização político-
Parágrafo único. É vedada a existência de garantia -administrativa da República Federativa do Brasil e do
de instância ou de pagamento de taxas e emolumentos Estado do Rio de Janeiro, dotada, nos termos assegu-
que não previstos em legislação específica, observado rados pela Constituição da República, pela Constitui-
o art. 63, § 4°, para os procedimentos referidos neste ção do Estado e por esta Lei Orgânica, de autonomia:
artigo, sendo assegurados, ainda, na mesma forma, os
seguintes direitos: I - política, pela eleição direta do Prefeito, do Vice-
-Prefeito e dos Vereadores;
I - petição e representação aos Poderes Públicos
em defesa de direitos ou para coibir ilegalidades e II - financeira, pela instituição e arrecadação de tri-
abusos do poder; butos de sua competência e aplicação de suas rendas;

II - obtenção de certidões em repartições públicas III - administrativa, pela organização dos serviços
para a defesa de direitos e esclarecimentos de situa- públicos locais e administração própria dos assuntos
ções de interesse pessoal ou coletivo. de interesse local;

Art. 9º. Todos têm direito de tomar conhecimento, IV - legislativa, através do exercício pleno pelo Po-
gratuitamente, do que constar a seu respeito nos re- der Legislativo Municipal das competências e prerro-
gistros ou bancos de dados públicos municipais, bem gativas que lhe são conferidas pela Constituição da
como do fim a que se destinam essas informações, República, pela Constituição do Estado, por esta Lei
podendo exigir, a qualquer tempo, a retificação e atu- Orgânica e pelo Regimento Interno que a regula.
alização das mesmas, desde que solicitado por escrito.
§ 1º O Município rege-se por esta Lei Orgânica
Parágrafo único. Não poderão ser objeto de regis- e pela legislação que adotar, observados os princí-
tro os dados referentes a convicções filosóficas, polí- pios estabelecidos na Constituição da República e na
ticas e religiosas, a filiações partidárias e sindicais, nem Constituição do Estado.
os que digam respeito à vida privada e à intimidade
pessoal, salvo quando se tratar de processamento es- § 2º No exercício de sua autonomia, o Município
tatístico não individualizado. editará leis, expedirá decretos, praticará atos e adota-
rá medidas pertinentes aos seus interesses, às neces-
Art. 10. Os procedimentos administrativos respei- sidades da administração e ao bem-estar do seu povo.
tarão a igualdade entre os administrados e o devido
processo legal, especialmente quanto à exigência da § 3º O Município poderá celebrar convênios ou
publicidade, do contraditório, da ampla defesa, da consórcios com a União, Estados e Municípios ou
moralidade e da motivação. respectivos entes da administração indireta, inclusive
visando à contratação de empréstimos e financiamen-
Art. 11. Todos têm direito de ter acesso e de re- tos junto a organismos e entidades nacionais e inter-
ceber informações objetivas, de interesse particular, nacionais, para execução de suas leis, atendimento de
coletivo ou geral, acerca dos atos e projetos do Mu- problemas comuns, serviços ou decisões administra-
nicípio, bem como dos respectivos órgãos da admi- tivas por servidores federais, estaduais ou municipais.
nistração pública direta ou indireta, nos termos esta-
belecidos pela legislação federal que trata de acesso à § 4º São vedadas ao Município a formação de con-
informação, observadas as disposições desta Lei Or- sórcios e a contratação de empréstimos e financia-

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mentos sem prévia autorização legislativa.

§ 5º Da celebração de consórcio e de seu inteiro


teor, será dada prévia ciência ao Poder Legislativo
Municipal e à Procuradoria-Geral do Município, que
manterão registros especializados e formais desses
instrumentos jurídicos, como também ao Tribunal de
Contas do Estado.

Art. 14. Restrições impostas pela legislação muni-


cipal em matéria de interesse local prevalecem sobre
disposições de qualquer ente federativo, quando an-
teriores a estas e desde que não revogadas expressa-
mente.

TÍTULO II
Dos Limites e da Divisão Admi-
nistrativa

CAPÍTULO IDA DIMENSÃO, LO-


CALIZAÇÃO, HIDROGRAFIA E
Art. 17. O Município confronta-se, ao Norte, com os
LINHAS DIVISÓRIAS Municípios de Bom Jardim (1), Duas Barras (2) e Tra-
Art. 15. O território do Município, centro geodé- jano de Moraes(3); ao Sul, com os Municípios de Silva
sico do Estado do Rio Janeiro, possui 933,414 Km2 Jardim (4) e Cachoeiras de Macacu(5); ao Leste, com
(novecentos e trinta e três vírgula quatrocentos e qua- os Municípios de Macaé (6) e Casimiro de Abreu (7);
torze quilômetros quadrados) e está referencialmente ao Oeste, com os Municípios de Sumidouro (8) e Te-
situado a 22°16’53” S (vinte e dois graus, dezesseis resópolis (9).
minutos e cinquenta e três segundos) de latitude Sul
e 42°31’54” O (quarenta e dois graus, trinta e um mi- Art. 18. Os limites do Município são os seguintes, nos
nutos e cinquenta e quatro segundos) de longitude termos do art. 17, observada a legislação estadual:
Oeste.
I - Bom Jardim: começa na pedreira do alto dos Mi-
Art. 16. Constituem-se mananciais que formam chéis e segue em reta até atingir a confluência do Rio
duas bacias hidrográficas do Município: Bengalas no Rio Grande; sobe o Rio Bengalas até a
confluência do Córrego das Flores, sobe este último
I - Bacia do Rio Grande, subdividida em: até a sua nascente principal, vai daí ao alto do Catete,
segue em reta, até a nascente principal do Córrego
a) Bacia do Rio Grande: Rio Grande e Ribeirões do da Tapera, na Serra de Macaé; e continua pelo divisor
Capitão, São José e de São Domingos; desta serra até o ponto em que encontra o divisor de
águas dos Ribeirões Santo Antônio e São Lourenço;
b) Bacia do Rio Bengalas: Córrego Dantas, Rio Cône-
go, Rio Bengalas e Rio Santo Antônio; II - Duas Barras: começa no ponto de encontro do
divisor de águas dos Rios Grande, Paquequer com o
II - Bacia do Rio Macaé: Rio Bonito e Rio Macaé.
Rio Grande e Córrego das Três Barras e segue por
este último divisor até a pedreira do alto dos Michéis;

III - Trajano de Moraes: começa na Serra de Macaé, no


ponto de encontro do divisor de águas dos Ribeirões
Santo Antônio e São Lourenço e segue pelo divisor
de águas dos Rios Macaé e Macabu até encontrar o

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divisor de águas da Serra de Crubixais;

IV - Silva Jardim: começa em um ponto fronteiro da nascente principal do Córrego Novo Destino, no divisor
do Rio Bonito e Córrego Aldeia Velha; segue pelo mesmo divisor e continua pela Serra da Boa Vista até o
ponto em que encontra a linha de cumiada da Serra de Sant’Ana, divisor de águas dos Rios Macacu, São João
e Ribeirão Santo Antônio;

V - Cachoeiras de Macacu: começa no ponto acima indicado na Serra da Boa Vista, acompanha o divisor da
Serra dos Órgãos, também conhecida pelos nomes de Serra da Boa Vista e Serra do Morro Queimado, até o
alto daquela serra no ponto de encontro com a do Paquequer;

VI - Macaé: começa no ponto em que o divisor de águas dos Rios Macaé e Macabu encontra o divisor de águas
da Serra de Crubixais; daí desce pelo divisor de águas na vertente dos Rios Macaé e Boa Esperança com a ver-
tente do Rio Sana até a confluência deste no Rio Macaé;

VII - Casimiro de Abreu: começa na confluência do Rio Sana no Rio Macaé, sobe por este até a sua confluência
no Córrego Novo Destino e por este até a sua nascente principal; daí vai alcançar um ponto fronteiro e mais
próximo do divisor de águas do Rio Bonito e Córrego da Aldeia

Velha;

VIII - Sumidouro: começa no alto da Serra do Paquequer, que dá para as três vertentes dos Rios Preto, Pa-
quequer e Grande, e segue pela linha de cumiada da Serra do Paquequer, divisor de águas dos Rios Grande e
Paquequer, até alcançar o divisor de águas do Rio Grande e do Córrego das Três Barras;

IX - Teresópolis: começa no ponto onde se encontram as Serras dos Órgãos e do Paquequer e segue pela linha
de cumiada desta última até o alto que dá para as três vertentes dos Rios Grande, Preto e Paquequer.

Parágrafo único. Os limites precisos do Município constam de coordenadas geográficas e só poderão ser al-
terados mediante aprovação prévia do Poder Legislativo Municipal e de sua população, esta manifestada em
plebiscito, e nos termos de lei complementar estadual específica.

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Art. 19. O território do Município poderá ser dividido, I - urbanos: constituídos de bairros;
para fins exclusivamente administrativos, em distritos,
bairros, vilas e localidades. II - predominantemente rurais: constituídos de locali-
dades e de vila, a qual se configura como sede urbana
§ 1º É facultada a descentralização administrativa com dos respectivos distritos.
a criação de subsedes da Prefeitura, na forma de lei de
iniciativa do Poder Executivo.

§ 2º Distritos, bairros, vilas e localidades são criados,


organizados e suprimidos por lei municipal, observa-
dos a legislação estadual, a consulta plebiscitária e o
disposto nesta Lei Orgânica.

§ 3º A lei estabelecerá:

I - delimitação dos distritos, bairros, vilas e localidades,


a qual poderá ser feita em cooperação com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou com
órgão que venha a substituí-lo em suas competências, § 3º Os perímetros urbanos dos distritos deverão ser
para ajustar os limites a serem fixados ao ordenamen- definidos a partir do zoneamento do plano diretor do
to e planejamento geográfico-cartográfico e às ativi- Município.
dades censitárias da União.
§ 4º Nos termos da Constituição do Estado, os distri-
II - sinalização das áreas limítrofes distritais, de bairros, tos gozam:
vilas e localidades que estiverem devidamente georre-
ferenciadas. I - do estímulo à instalação de bibliotecas, assim como
atenção especial à aquisição de bibliotecas, obras de
Art. 20. Constitui distrito a parte do território do arte e outros bens particulares de valor cultural;
Município com extensão relativamente representativa
e com condições específicas, dividida para fins admi- II - do direito à instalação de subdelegacias da Polícia
nistrativos de circunscrição territorial e de jurisdição Civil, desde que contenham mais de 1000 (mil) habi-
municipal, geograficamente delimitada e com denomi- tantes.
nação específica.
Art. 21. A criação, organização, supressão ou fusão
§ 1º São distritos do Município: de distritos depende de lei, após consulta plebiscitária
às populações diretamente interessadas, observada a
I - Nova Friburgo (1º distrito - sede); legislação estadual específica e o atendimento aos re-
quisitos estabelecidos no art. 22 desta Lei Orgânica.
II - Riograndina (2º distrito);
Parágrafo único. O distrito pode ser criado mediante
III - Campo do Coelho (3º distrito);
fusão de dois ou mais distritos, ou desmembramento
IV - Amparo (4º distrito); de um, aplicando-se, neste caso, as normas estaduais
e municipais cabíveis relativas à criação e à supressão.
V - Lumiar (5º distrito);
Art. 22. São requisitos para a criação de distritos:
VI - Conselheiro Paulino (6º distrito);
I - população, eleitorado e arrecadação não inferiores
VII - São Pedro da Serra (7º distrito); a sexta parte exigida para a criação do Município;

VIII - Mury (8º distrito). II - existência, na povoação-sede, de pelo menos 6.500


(seis mil e quinhentas) moradias, escola pública, posto
de saúde e posto policial;

§ 2º Os distritos podem ser: Parágrafo único. Comprova-se o atendimento às exi-


gências enumeradas neste artigo mediante:

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I - declaração de estimativa da população, emitida pelo Art. 25. Constituem vilas as sedes urbanas com por-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou ções contínuas e contíguas do território de distrito
órgão que venha a substituí-lo em suas competências; predominantemente rural, geograficamente delimita-
das até o limite de sua urbanidade, dotadas de relativa
II - certidão comprovando o número de eleitores, autonomia funcional, porém integrantes da totalidade
emitida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE); do Município.
III - certidão comprovando o número de moradias, Parágrafo único. As áreas rurais dos distritos denomi-
emitida pelo agente municipal de estatística ou pela nam-se como localidades.
repartição competente do Município;

IV - certidão comprovando a arrecadação na respecti-


va área territorial, emitida pelo órgão fazendário esta- Dos Limites e da Divisão
dual e/ou municipal; Administrativa
V - certidão comprovando a existência de escola
pública municipal e/ou estadual, postos de saúde e Art. 26. O Município não será objeto de desmem-
de posto policial na área concernente, emitida pelo bramento de seu território, não se incorporará nem
Poder Executivo, por meio dos órgãos municipais de se fundirá com outro Município, dada a existência de
Educação e de Saúde, bem como pelo governo do Es- continuidade e de unidade histórico-cultural em seu
tado, através dos respectivos órgãos de Educação, de ambiente urbano, conforme o disposto na Constitui-
Segurança Pública e, conforme o caso, de Saúde. ção do Estado.
Art. 23. Na fixação dos limites distritais, devem ser Art. 27. Estão sujeitos à legislação do Município,
observadas as seguintes normas: nas competências específicas que lhe cabem e, em
especial, nas pertinentes ao uso e ocupação do solo,
I - sempre que possível, serão evitadas formas assimé-
preservação e proteção do patrimônio urbanístico, ar-
tricas, estrangulamentos e alongamentos exagerados;
quitetônico, paisagístico e ambiental, os bens imóveis
II - preferência, para a delimitação, às linhas naturais, situados no território municipal, inclusive aqueles per-
facilmente identificáveis; tencentes a outros entes federativos.

III - na inexistência de linhas naturais, utilização de li- Art. 28. É de competência do Município a adminis-
nha reta, cujos extremos, pontos naturais ou não, se- tração das vias urbanas, pontes, túneis e viadutos situ-
jam facilmente identificáveis; ados em seu território, ainda quando integrem plano
rodoviário federal ou estadual.
IV - vedação da interrupção da continuidade territorial
do Município ou do distrito de origem. § 1º O Município tem direito aos recursos destina-
dos pela União e pelo Estado à conservação, manu-
Parágrafo único. Os limites distritais devem ser des- tenção e restauração das vias e demais equipamentos
critos em memorial, trecho a trecho, salvo para evitar urbanos referidos neste artigo, quando integrarem
duplicidade, nos trechos que coincidirem com os limi- plano rodoviário federal ou estadual.
tes do Município.
§ 2º O Município poderá deferir a administração
Art. 24. Constituem bairros as porções contínuas e desses bens à União e ao Estado, mediante convênio
contíguas do território municipal, geograficamente ou outro ajuste permitido por lei que fixará a natureza
delimitados, com denominação própria, dotados de e os limites das ações desses entes federativos.
relativa autonomia funcional, porém integrantes da
totalidade do Município. Art. 29. A cidade de Nova Friburgo, na circunscri-
ção do 1º distrito, é a sede do Município.
Parágrafo único. Os bairros podem ser integrados por
loteamentos, os quais deverão receber denominação Art. 30. O aniversário do Município é celebrado
própria a título restrito de localização e para identifi- todos os anos em 16 de maio, dia de sua fundação
car e destacar eventual perfil socioeconômico e cultu- através do Decreto Real de Dom João VI, publicado
ral específico. em 1818.

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Art. 31. São símbolos do Município o brasão, a II - empresa pública: a entidade dotada de perso-
bandeira e o hino atualmente adotados, cabendo à lei nalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
instituí-los e regulamentar seus usos. e capital exclusivo do Município, criada por lei, para
exploração de atividades econômicas que o governo
Parágrafo único. A lei poderá estabelecer outros municipal seja levado a exercer, por força de contin-
símbolos, dispondo sobre o seu uso no território do gência ou conveniência administrativa, podendo re-
Município, desde que havida prévia consulta popular. vestir-se de qualquer das formas admitidas em direito;

Art. 32. As designações do Município, do Poder III - sociedade de economia mista: a entidade do-
Executivo e do Poder Legislativo serão, respectiva- tada de personalidade jurídica de direito privado, cria-
mente, Município de Nova Friburgo ou Poder Executi- da por lei, para exploração de atividades econômicas,
vo de Nova Friburgo, com sede na Prefeitura de Nova sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
Friburgo, e Poder Legislativo de Nova Friburgo, com direito a voto pertençam, em sua maioria, ao Municí-
sede na Câmara Municipal de Nova Friburgo. pio ou a entidade da administração indireta.
Parágrafo único. Na promoção da cidade, o Muni- IV - fundação pública: a entidade dotada de perso-
cípio poderá utilizar também estas denominações: nalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrati-
vos, criada em virtude de autorização legislativa, para
I - Nova Friburgo;
o desenvolvimento de atividades que não exijam exe-
II - aquelas conferidas em legislação estadual e fe- cução por órgão ou entidade de direito público, com
deral. autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
pelos respectivos órgãos de direção e funcionamento
Art. 54. A administração municipal é constituída custeado por recursos do Município e de outras fon-
dos órgãos integrados na estrutura administrativa do tes.
Poder Executivo e de entidades dotadas de personali-
dade jurídica própria. § 3º A entidade de que trata o inciso IV do § 2º
deste artigo adquire personalidade jurídica com a ins-
§ 1º Os órgãos da administração direta que com- crição da escritura pública de sua constituição no Re-
põem a estrutura administrativa do Poder Executivo gistro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhe aplicando
se organizam e se coordenam, atendendo a princípios as demais disposições do Código Civil concernentes
técnicos recomendáveis ao bom desempenho de suas às fundações.
atribuições.
§ 4º As empresas públicas municipais ou socieda-
Grifo: Prefeito e secretarias des de economia mista em que o Município detenha
ou venha a deter direta ou indiretamente a maioria do
§ 2º As entidades dotadas de personalidade jurídi- capital com direito a voto, só poderão ser extintas,
ca própria que compõem a administração indireta do fundidas ou ter alienado o controle societário median-
Poder Executivo se classificam em: te lei.

I - autarquia: o serviço autônomo, criado por lei,


com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da admi-
nistração pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira des-
centralizadas;

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Art. 55. Compete ao Município: ros, vilas e localidades;

I - legislar sobre assuntos de interesse local; e) organização do quadro de seus servidores, institui-
ções de plano de cargos, carreiras e salários e regime
II - suplementar a legislação federal e estadual, no único dos servidores;
que couber e naquilo que disser respeito ao seu pe-
culiar interesse, visando a adaptá-la à realidade e às f ) criação, transformação e extinção de cargos, em-
necessidades locais; pregos e funções públicas;

III - instituir e arrecadar os tributos de sua compe- g) criação, extinção e definição de estrutura e atribui-
tência, bem como aplicar as suas rendas, sem prejuízo ções das Secretarias e órgãos da administração direta
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balan- e indireta;
cetes nos prazos fixados nesta Lei Orgânica;
h) seguridade social de seus servidores;
IV - dispor sobre, entre outros:
i) aquisição, administração, utilização e alienação de
a) plano diretor e planos locais e setoriais de regula- bens móveis, imóveis e semoventes;
ção e desenvolvimento municipal;
j) transferência das sedes da Prefeitura e da Câmara
b) plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias, or- Municipal;
çamento anual, operações de crédito e dívida pública
municipal; k) irmanação com cidades do Brasil e de outros paí-
ses, a destes últimos com a audiência prévia dos ór-
c) concessão de isenções e anistias fiscais e remissão gãos competentes da União;
de dívidas e créditos tributários;
l) concessão de incentivos às atividades industriais,
d) criação, organização e supressão de distritos, bair- comerciais, agrossilvipastoris, piscícolas, aquícolas e

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afins, esportivas e culturais, entre outras previstas nes- para, entre outros:
ta Lei Orgânica e na legislação específica;
a) proteger seus bens, serviços e instalações;
m) criação de distritos industriais e polos de desen-
volvimento; b) integrar a organização, direção e fiscalização do trá-
fego de veículos em seu território;
n) depósito e venda de animais apresados e mercado-
rias apreendidas em decorrência de transgressão da c) assegurar o direito da comunidade de desfrutar ou
legislação municipal; utilizar os bens públicos, obedecidas as prescrições le-
gais;
o) registro, guarda, castração, vacinação e captura de
animais, com a finalidade precípua de controlar e er- d) proteger o meio ambiente e o patrimônio histórico,
radicar moléstias de que possam ser portadores ou cultural e ecológico do Município;
transmissores;
e) oferecer apoio ao turista nacional e estrangeiro;
p) comercialização, industrialização, armazenamento
VIII - instituir servidões administrativas necessárias à
e uso de produtos nocivos à saúde;
realização de seus serviços e dos seus concessioná-
q) denominação de próprios, vias e logradouros pú- rios;
blicos;
IX - proceder a desapropriações;
V - planejar, regulamentar, conceder licenças, fixar, fis-
X - organizar e manter os serviços de fiscalização ne-
calizar e cobrar preços ou tarifas pela prestação de
cessários ao exercício do seu poder de polícia admi-
serviços públicos;
nistrativa;
VI - regular, autorizar, licenciar e fiscalizar ou organizar
XI - fiscalizar, nos locais de venda, peso, medidas e
e prestar, diretamente ou sob regime de licitação, per-
condições sanitárias dos gêneros alimentícios, obser-
missão ou concessão, estes com prévia autorização le-
vada a legislação federal pertinente;
gislativa, os seguintes serviços públicos, entre outros:
XII - legislar sobre sistema de transporte urbano, de-
a) abastecimento de água e esgotamento sanitário;
terminar itinerários e os pontos de parada obriga-
b) transporte coletivo de caráter essencial; tória de veículos de transporte coletivo e os pontos
de estacionamento de táxis e demais veículos, bem
c) iluminação pública; como de drones de passageiros e de entregas, e fixar
planilhas de custos de operação, horários e itinerários
d) limpeza pública, coleta domiciliar, remoção de re- nos pontos terminais de linhas de ônibus ou de aero-
síduos sólidos, combate a vetores, inclusive em áreas pontos;
de ocupação irregular e encostas de morros, e desti-
nação final do lixo; XIII - organizar, dirigir e fiscalizar o tráfego de veículos
e de drones de passageiros, entregas e/ou lazer, em
e) cemitérios, fornos crematórios e serviços funerá- seu território e exercer o respectivo poder de polícia,
rios; diretamente ou em convênio com o Estado e a União,
podendo com esse fim:
f ) serviços de construção e conservação de estradas,
ruas, vias ou caminhos municipais; a) regular, licenciar, conceder, permitir ou autorizar e
fiscalizar os serviços de transporte, incluindo:
g) mercados, feiras e matadouros locais;
1. veículos de aluguel, de uso de taxímetro, de uso
h) afixação de cartazes, anúncios e painéis eletrônicos,
de aplicativo ou plataforma de comunicação e rede,
bem como utilização de quaisquer outros meios de
contemplados os veículos elétricos e autônomos, ob-
publicidade e propaganda, nos locais sujeitos ao poder
servada a legislação específica;
de polícia municipal;
2. drones de passageiros, entregas e/ou lazer, se den-
VII - instituir em lei, nos termos da legislação fede-
tro de competências municipais;
ral específica, especialidades da guarda civil municipal

12 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


b) fixar os locais de estacionamento público de táxis e lecimentos e às atividades industriais, comerciais e de
demais veículos, bem como de aeropontos, devendo prestação de serviços:
estabelecer normas e critérios que permitam a parti-
cipação dos interessados em igualdade de condições; a) conceder ou renovar a autorização ou a licença,
conforme o caso, para a sua construção ou funciona-
c) prestar os serviços de estacionamento rotativo nas mento;
vias públicas do município, diretamente ou através de
pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos, assegurado b) conceder a licença de ocupação ou “habite-se”,
o montante da destinação da respectiva receita pri- após a vistoria de conclusão de obras, que ateste as
mária bruta diretamente aos cofres públicos, inclusive condições de habitabilidade e a sua conformidade com
mediante a criação de fundo municipal específico, cujo o projeto e o cumprimento das condições especifica-
percentual a ser definido deverá estar exclusivamente das em lei, dentre as quais estarem obrigatoriamente
vinculado, integral ou parcialmente, a quaisquer das embolsadas e pintadas em sua área externa;
seguintes políticas públicas:
c) revogar ou cassar a autorização ou a licença, con-
1. mobilidade, considerada a perspectiva da cidade forme o caso, daquele cujas atividades se tornarem
para as pessoas; prejudiciais à saúde, à higiene, ao bem-estar, à recrea-
ção, ao sossego ou aos bons costumes, ou se mostra-
2. compensação tarifária dos serviços coletivos de rem danosas ao meio ambiente;
transporte público;
d) promover o fechamento daqueles que estejam fun-
3. saúde, quanto à manutenção e ampliação da emer- cionando sem autorização ou licença, ou depois de
gência das unidades hospitalares; sua revogação, anulação ou cassação, podendo inter-
ditar atividades, determinar ou proceder a demolição
4. habitação de interesse social; de construção ou edificação, nos casos e de acordo
com a lei;
5. infraestrutura urbana em áreas socioeconomica-
mente vulneráveis, contemplado o que dispõe o art. XVII - instituir normas de zoneamento, edificação,
661, especialmente o § 1º, I a V; loteamento e arruamento, observadas as diretrizes da
legislação federal e garantida a reserva de áreas des-
d) disciplinar os serviços de carga e descarga, bem
tinadas a:
como fixar a tonelagem máxima permitida e o horário
de circulação de veículos por vias urbanas cuja conser- a) zonas verdes, geoparques e logradouros públicos;
vação seja da competência do Município;
b) vias de tráfego e de passagem de canalizações pú-
e) organizar e sinalizar as vias públicas, regulamentar e blicas de gás, esgotos e de águas pluviais;
fiscalizar a sua utilização e definir as zonas de silêncio
e de tráfego em condições especiais, notadamente em c) passagem de canalizações públicas de gás, esgotos
relação ao transporte de cargas tóxicas e de materiais e de águas pluviais nos fundos dos lotes, obedecidas
que ofereçam risco às pessoas e ao meio ambiente; as dimensões e demais condições estabelecidas na le-
gislação;
f ) regulamentar a utilização dos logradouros públicos;
XVIII - manter a ordem pública e exercer seu po-
XIV - regulamentar e fiscalizar o transporte de ex- der de polícia urbanística especialmente quanto a:
cursionistas no âmbito de seu território;
a) controle dos loteamentos;
XV - estabelecer e implantar, diretamente ou em
cooperação com a União e o Estado, política de edu- b) licenciamento e fiscalização de obras em geral, in-
cação para segurança do trânsito; cluídas as obras públicas e as obras de bens imóveis e
as instalações de outros entes federativos e de seus
XVI - promover o adequado ordenamento territo- órgãos civis e militares;
rial, mediante o controle do uso e ocupação do solo
e o respeito às exigências ambientais, dispondo sobre c) utilização dos bens públicos de uso comum para a
parcelamento, zoneamento e edificações, fixando as realização de obras de qualquer natureza;
limitações urbanísticas, podendo, quanto aos estabe-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 13


d) utilização de bens imóveis de uso comum do povo; c) programa de transporte e de alimentação aos edu-
candos;
XIX - executar diretamente com recursos próprios
ou mediante concessão, observado o processo licita- d) programa de saúde nas escolas;
tório, ou ainda em cooperação com o Estado ou a
União, obras de: XXIII - proporcionar à população meios de acesso
à cultura, à educação, à pesquisa, à ciência, à tecnolo-
a) abertura, pavimentação e conservação de vias; gia e à inovação para a paz e os progressos sociais e
econômicos;
b) drenagem pluvial;
XXIV - promover a cultura, o esporte, o lazer e a
c) saneamento básico; recreação;
d) microdrenagem, mesodrenagem, regularização e XXV - promover a pesquisa, o desenvolvimento
canalização de rios, valas e valões no interior do Mu- científico, a tecnologia e a inovação;
nicípio;
XXVI - prestar, inclusive com cooperação técnica
e) reflorestamento; e financeira da União e do Estado, serviços de atendi-
mento à saúde da população e de proteção e garantia
f ) contenção de encostas;
das pessoas com deficiência;
g) construção e conservação de estradas, parques, jar-
XXVII - realizar serviços de assistência social, dire-
dins e hortos florestais;
tamente ou por meio de instituições privadas, confor-
h) construção, reforma, ampliação e conservação de me critérios em condições fixados em lei;
prédios públicos municipais;
XXVIII - instituir, inclusive com cooperação técnica
XXI - conceder e cancelar licença para: e financeira da União e do Estado, programas de am-
paro ao idoso, a famílias carentes, a crianças e adoles-
a) localização, instalação e funcionamento de esta- centes abandonados, a população em situação de rua,
belecimentos industriais, comerciais e de serviços e a dependentes de drogas e alcoólatras;
outros onde exerçam atividades econômicas, de fins
lucrativos ou não, e determinar, no exercício do seu XXIX - promover, com recursos próprios ou com
poder de polícia, a execução de multas, o fechamento cooperação da União e do Estado, programas de
temporário ou definitivo de estabelecimentos, com a construção de moradias, de melhoramento das condi-
consequente suspensão da licença quando estiverem ções habitacionais e de saneamento básico;
descumprindo a legislação vigente e prejudicando a
XXX - proteger os documentos, as obras e outros
saúde, a higiene, a segurança, o sossego e os bons
bens de valor histórico, artístico, cultural, turístico e
costumes ou praticando, de forma reiterada, abusos
paisagístico, as paisagens e os monumentos naturais
contra os direitos do consumidor ou usuário;
notáveis e os sítios arqueológicos, observadas a legis-
b) exercício de comércio eventual ou ambulante; lação e a ação fiscalizadora federal e estadual;

c) realização de jogos, espetáculos e divertimentos XXXI - impedir a evasão, a destruição e a desca-


públicos, observadas as prescrições legais; racterização de obras de arte e de outros bens de va-
lor histórico, artístico, cultural, turístico e paisagístico;
XXII - manter, com a cooperação técnica e finan-
ceira da União e do Estado: XXXII - proceder ao tombamento de bens móveis
e imóveis, para os fins definidos nos incisos XXX e
a) programas de educação pré-escolar e ensino fun- XXXI deste artigo;
damental;
XXXIII - realizar atividades que insiram e desen-
b) programas de alfabetização e de atendimento es- volvam a política nacional de proteção e defesa civil,
pecial aos que não frequentaram a escola na idade incluídas as de combate e prevenção a incêndios e
própria; prevenção de acidentes, naturais ou não, em coorde-
nação com a União e o Estado;

14 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


XXXIV - manter, com caráter educativo e cultural, I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subven-
serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens cioná-los ou manter com eles ou seus representan-
que venham a ser concedidos aos Poderes Municipais tes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
pela União; forma da lei, a colaboração de interesse público ou
mediante autorização legislativa;
XXXV - organizar e manter, inclusive com coope-
ração técnica e financeira da União e do Estado, ser- II - recusar fé aos documentos públicos;
viços municipais de estatística, geografia, geologia e
cartografia; III - criar distinções ou preferências entre brasilei-
ros; Grifo: Princípio da isonomia
XXXVI - organizar e manter sistema de empregos,
podendo contar com cooperação técnica e financeira IV - favorecer, através de quaisquer recursos ou
da União e do Estado; meios, propaganda político-partidária ou estranha à
lei e ao interesse público geral, inclusive que promova,
XXXVII - assegurar a expedição de certidões pelas explícita ou implicitamente, personalidade política ou
repartições municipais, para defesa de direitos e escla- partido; Grifo: desvio de competência e favorecimen-
recimentos de situações de interesse pessoal, coletivo to alheio a função pública
ou geral;
V - pagar mais de um provento de aposentadoria
XXXVIII - autorizar, registrar, acompanhar e fiscali- ou outro encargo previdenciário a ocupante de fun-
zar as concessões de direitos e as licenças para pesqui- ção ou cargo público, inclusive eletivo, salvo os casos
sa, lavra e exploração de recursos hídricos e minerais de acumulação permitida por lei;
no território municipal;
VI - criar ou manter, com recursos públicos, cartei-
XXXIX - fomentar a produção agrícola, pecuária e ras especiais de previdência social para ocupantes de
aquícola e as demais atividades econômicas, incluída a cargo eletivo;
artesanal, e definir a política de abastecimento alimen-
tar, em cooperação com a União e o Estado; VII - nomear para cargo público ou contratar para
emprego, na administração pública, sem prévio con-
XL - preservar e conservar o meio ambiente e o curso público de provas ou de provas e títulos, ressal-
controle da poluição ambiental, as florestas, a fauna, a vadas as previsões constitucionais;
flora e os cursos d’água do Município;
VIII - alienar áreas e bens imóveis, salvo com apro-
XLI - instituir programas de incentivo a projetos de vação da maioria absoluta dos membros do Poder Le-
organização comunitária nos campos social, urbanís- gislativo;
tico e econômico, cooperativas de produção e muti-
rões; IX - firmar quaisquer contratos de gestão entre o
Poder Executivo Municipal e as pessoas jurídicas de di-
XLII - proporcionar instrumentos à defesa do con- reito privado qualificadas como Organizações Sociais
tribuinte, do cidadão, da pessoa, do consumidor e do (OS´s) ou Organizações da Sociedade Civil de Inte-
usuário de serviços públicos; resse Público (OSCIP), ressalvadas, na área de saúde,
as Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
§ 1º O Município não poderá dar nome de pessoas
vivas a bens e serviços públicos de qualquer natureza. Parágrafo único. A vedação prevista no inciso IX
não exclui a possibilidade de terceirização quanto
§ 2º As competências previstas neste artigo, inclu- à atividade meio, observados os seus requisitos, a
sive daquelas previstas na Constituição da República, contratação temporária, na forma do art. 37, IX, da
em comum com a União e o Estado, não esgotam o Constituição da República, bem como, quanto à saú-
exercício privativo de outras, na forma da lei, desde de, a participação no Sistema Único de Saúde (SUS),
que atendam ao peculiar interesse do Município e ao de forma complementar, nos termos do art. 199, § 1º,
bem-estar de sua população e não conflitem com a da Lei Maior
competência federal e estadual.
Art. 57. A administração pública direta e indireta
Art. 56. É vedado ao Município, além de outros ca- dos Poderes do Município obedecerá aos princípios
sos previstos nesta Lei Orgânica:

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 15


da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- direta e indireta, dos membros de qualquer dos Pode-
de e eficiência, e também ao seguinte: (Grifo: LIMPE) res do Município, dosdetentores de mandato eletivo e
dos demais agentes políticos e os proventos, pensões
I - os cargos, empregos e funções públicas são ou outraespécie remuneratória, percebidos cumulati-
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos vamente ou não, incluídas as vantagens pessoais oude
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na qualquer outra natureza, não poderão exceder o sub-
forma da lei; sídio mensal, em espécie, dos Ministros doSupremo
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, no Municí-
II - a investidura em cargo ou emprego público
pio, o subsídio do Prefeito; Grifo: o maior salário só
depende de aprovação prévia em concurso público
pode ser o do prefeito
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legisla-
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para tivo não poderão ser superiores aospagos pelo Poder
cargo em comissão declarado em lei de livre nomea- Executivo;
ção e exoneração;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
III - o prazo de validade de concurso público é de quaisquer espécies remuneratórias parao efeito de
até 2 (dois) anos, prorrogável uma vez,por igual perí- remuneração de pessoal do serviço público municipal;
odo; (Grifo: art. 37, XIII da Constituição da República. Vin-
culação entre carreiras)
IV - durante o prazo improrrogável previsto no
edital de convocação, aquele aprovado em concur- XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
so público de provas ou de provas e títulos deve ser servidor público não serão computadosnem acumu-
convocado com prioridade sobre novos concursados lados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
para assumir cargo ou emprego, na carreira, através (Grifo: para que não haja desequilíbrio entre salários)
de publicação no órgão oficial, em sítio eletrônico ofi-
cial e por correspondência através de aviso de recebi- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
mento (AR) ou outro meio regulado em lei ou edital; cargos e empregos públicos sãoirredutíveis, ressalva-
do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos
V - as funções de confiança, exercidas exclusiva- arts. 39, § 4º, 150, II,153, III, e 153, § 2º, I da Consti-
mente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e tuição da República;
os cargos em comissão, a serem preenchidos por ser-
vidores de carreira nos casos, condições e percentuais VIII - a lei reservará percentual dos cargos e em-
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- pregos públicos para as pessoas com deficiência e de-
buições de direção, chefia e assessoramento; finirá os critérios de sua admissão;IX - a lei estabele-
cerá os casos de contratação por tempo determinado
(grifo: o cargo em comissão ocupa um espaço na para atender a necessidade temporária de excepcional
sua estrutura, uma vez que se nomeia uma pessoa interesse público;X - a remuneração dos servidores
qualquer para exercê-lo (nomeação baseada na con- públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39
fiança da autoridade nomeante para com o nomeado) da Constituição da República somente poderão ser
reservado o limite mínimo exigido por lei, atribuin- fixados ou alterados por lei específica, observada a
do-lhe um conjunto de responsabilidades; a função iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
de confiança é atribuída a um servidor efetivo, que já geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
pertence aos quadros da Administração, não modifi- de índices;
cando, então, a estrutura organizacional da Adminis-
tração Pública. XVI - é vedada a acumulação remunerada de car-
gos públicos, exceto quando houver compatibilidade
VI - é garantido ao servidor público o direito à livre de horários, observado em qualquer caso o disposto
associação sindical;VII - o direito de greve dos servi- no inciso XI:a) a de dois cargos de professor;b) a de
dores públicos será exercido conforme disposição do um cargo de professor com outro técnico ou científi-
art. 6°, II; (Grifo: observar as atividades essenciais) co;c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro-
fissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicosda administração XVII - a proibição de acumular estende-se a em-

16 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


pregos e funções e abrange autarquias, fundações, tração pública direta e indireta do Município, compre-
empresas públicas, sociedades de economia mista, endido o ajuste mediante designações recíprocas.
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo Poder Público; § 1º A publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
XVIII - o número de servidores do Município res- caráter educativo, informativo ou de orientação so-
peitará os limites de gastos com pessoal estipulados cial, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
pela legislação federal que estabelece normas de fi- imagens que caracterizem promoção pessoal de auto-
nanças públicas voltadas para a responsabilidade na ridades ou de servidores públicos.
gestão fiscal;
§ 2º A não-observância do disposto nos incisos II e
XIX - a administração fazendária e seus servidores III deste artigo implicará a nulidade doato e a punição
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e da autoridade responsável, nos termos da lei.
jurisdição, precedência sobre os demais setores ad-
ministrativos, na forma da lei; (grifo: atividade funda- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
mental para o funcionamento do Poder Público, prin- usuário na administração públicadireta e indireta, re-
cipalmente a arrecadação) gulando especialmente:

XX - somente por lei específica poderá ser criada I - as reclamações relativas à prestação dos servi-
autarquia e autorizada a instituição de empresa públi- ços públicos em geral, asseguradas amanutenção de
ca, de sociedade de economia mista e de fundação, serviços de atendimento ao usuário e a avaliação pe-
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir riódica, externa e interna, daqualidade dos serviços;
as áreas de sua atuação;
II - o acesso dos usuários a registros administrati-
XXI - depende de autorização legislativa, em cada vos e a informações sobre atos degoverno, observan-
caso a criação de subsidiárias das entidades menciona- do-se o seguinte:
das no inciso anterior, assim como a participação de
a) todos têm direito a receber dos órgãos públicos
qualquer delas em empresa privada;
informações de seu interesseparticular, ou de interes-
XXII - ressalvados os casos especificados na le- se coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
gislação, as obras, os serviços, compras e alienações lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
serão contratados mediante processo de licitação pú- cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda-
blica que assegure igualdade de condições a todos os de edo Estado;
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga-
b) são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da
honra e a imagem das pessoas,assegurado o direito a
proposta, nos termos da lei, exigindo-se a qualificação
indenização pelo dano material ou moral decorrente
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cum-
de sua violação;
primento das obrigações;
III - a disciplina da representação contra o exercício
XXIII - a administração tributária do Município, ati-
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
vidade essencial ao funcionamento do Estado, exer-
administração pública.
cida por servidores de carreiras específicas, terão re-
cursos prioritários para a realização de suas atividades § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
e atuarão de forma integrada, inclusive com o com- tarão a suspensão dos direitos políticos,a perda da
partilhamento de cadastros e de informações fiscais, função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
na forma da lei ou convênio; sarcimento ao erário, na forma egradação previstas
em lei, sem prejuízo de ação penal cabível, conforme
XXIV - é vedada a nomeação de cônjuge, compa-
disposto na Constituiçãoda República.
nheiro ou parente em linha reta,colateral ou por afi-
nidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade § 5º Os prazos de prescrição para ilícitos pratica-
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica dos por qualquer agente, servidor ounão, que causem
investido em cargo de direção, chefia ou assessora- prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações
mento, para o exercício de cargo em comissão ou de de ressarcimento, são osestabelecidos em lei federal.
confiança ou, ainda, de função gratificada na adminis-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 17


§ 6º Em relação ao inciso V do caput, a lei estabe- do autorizada em lei;
lecerá que os cargos em comissão doPoder Executivo
deverão ser preenchidos, no mínimo, por 50% (cin- c) instituição, modificação e extinção de atribui-
quenta por cento) de servidoresde carreira. ções, quando autorizada em lei;

§ 7º Fica preferencialmente o mês de fevereiro d) criação, alteração ou extinção de setores de


ou março definido como data-base paraaplicação da órgãos da administração municipal, inclusive fixando
norma da Constituição da República relativa à revisão suas competências e atribuições;
geral anual, conforme constado inciso X deste artigo,
e) abertura de créditos especiais e suplementares,
a qual deverá estar devidamente prevista nas leis or-
até o limite autorizado por lei, assim como de créditos
çamentárias.
extraordinários;
§ 8º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
Grifo: O crédito suplementar, como o próprio
públicas e às sociedades de economia mista, e suas
nome já diz, suplementa ou reforça uma dotação or-
subsidiárias, que receberem recursos do Município
çamentária já existente na LOA. É exceção ao princí-
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio
pio da exclusividade. Já o crédito especial é destinado
em geral.
a despesa para a qual não haja dotação orçamentária
§ 9º As pessoas jurídicas de direito público e as de específica na LOA.
direito privado prestadoras deserviços públicos res-
f ) declaração de utilidade ou necessidade pública,
ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qua-
ou de interesse social, para efeito de desapropriação
lidade, causarem aterceiros, assegurado o direito de
ou de servidão administrativa;
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa. g) aprovação de regulamentos, de regimentos dos
órgãos que compõem a administração municipal, bem
§ 10. Poderá ser assegurada às entidades profissio-
como, dos estatutos de empresas públicas e funda-
nais participação na organização enas bancas exami-
ções instituídas pelo Município;
nadoras dos concursos públicos, quando nele se exigir
conhecimentos técnicos profissionais. h) permissão e autorização de uso de bens e servi-
ços públicos municipais;
§ 11. É assegurada a participação de servidores nos
colegiados dos órgãos públicosmunicipais, da adminis- i) normas de efeitos externos, não privativos de lei;
tração direta e indireta, onde seus interesses profis-
sionais ouprevidenciários sejam objetos de discussão j) estabelecimento de preços de serviços públicos
e deliberação. na forma da lei;
§ 12. Aplica-se a vedação constante do inciso XXIV k) fixação e alteração de tarifas de serviços públi-
também quando existiremcircunstâncias caracteri- cos nas formas estabelecidas em lei ou em contrato;
zadoras de ajuste para burlar a respectiva restrição,
inclusive mediante nomeações ou designações recí- II - Portaria, nos seguintes casos:
procas, ou que caracterize práticas de favorecimento
político cruzado entre os Poderes Públicos Municipais. a) provimento e vacância dos cargos públicos e de-
mais atos de efeitos individuais;
Art. 58. Os atos administrativos de competência
do Prefeito, extensivos àqueles aplicáveis do Presiden- b) lotação e relotação nos quadros de pessoal;
te do Poder Legislativo, devem ser expedidos com a
c) abertura de sindicâncias e processos administra-
observância das seguintes normas:
tivos, aplicação de penalidade e demais atos individu-
I - Decreto, numerado em ordem cronológica, nos ais de efeitos internos;
seguintes casos:
d) criação de comissões e designação de seus
a) regulamentação de lei; membros, ou de grupos de trabalho;

b) criação ou extinção de função gratificada, quan- e) outros atos que, por sua natureza e finalidade,
não sejam objeto de lei ou decreto;

18 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


III - Contrato, nos seguintes casos: Presidente do Poder Legislativo, conforme o caso, ou
por funcionário designado para tal fim.
a) admissão de servidores para serviços de caráter
temporário, nos termos do art. 57, IX desta Lei Or- Art. 63. Os agentes públicos, na esfera de suas res-
gânica; pectivas atribuições, prestarão informações e forne-
cerão certidões a quem as requerer, desde que no seu
b) execução de obras e serviços municipais, nos interesse particular ou no interesse coletivo ou geral,
termos da lei; na forma da Constituição da República.
c) demais previstos em lei. § 1º As informações em forma de certidão serão
prestadas por escrito e firmadas pelo agente público
IV - Demais atos oficiais exigidos e regulados em
que as prestou.
legislação, dentre os quais:
§ 2º Os processos administrativos, incluídos os de
a) balanços e relatórios resumidos e de gestão;
inquérito ou sindicância, somente poderão ser retira-
b) extratos de instrumento contratual; dos da repartição nos casos previstos em lei, e por
prazo não superior a 20 (vinte) dias corridos, sendo
c) avisos; permitida, todavia, vista imediata ao requerente ou
seu procurador devidamente habilitado, nos horários
d) resultados de julgamento; destinados ao atendimento público, observada a dis-
ponibilidade dos mesmos.
e) homologações;
§ 3º As informações serão prestadas dentro do
f ) editais; prazo de 48 (quarenta e oito) horas, quando não pu-
derem ser imediatamente, e as certidões serão expe-
g) ordens de serviço;
didas no prazo máximo de 20 (vinte) dias corridos.
h) laudas
§ 4º As certidões poderão ser expedidas sob a for-
§ 1º Os reajustes de tarifas deverão ser explícita e ma de fotocópia do processo ou de documentos que
antecipadamente divulgados pelos diversos meios dis- o compõem, conferidas conforme o original e autenti-
poníveis ao Poder Executivo. Grifo: publicidade cadas pelo agente que as fornecer, ficando ressalvado
o direito do Poder Público exigir os emolumentos nos
§ 2º Atos constantes dos incisos II e IV, estes nos casos previstos em legislação específica.
casos aplicáveis, poderão ser delegados.
§ 5º Será promovida a responsabilidade administra-
§ 3º O decreto que vise à revogação de outro de- tiva, civil e penal cabível nos casos de inobservância
creto ou que altere qualquer de seus dispositivos ex- do disposto neste artigo.
plicitará em sua ementa, além da numeração, também
o texto integral da ementa do decreto que estiver Art. 64. A lei estabelecerá adoção, normatização e
revogando ou alterando, e o que mais for necessário aplicação de meio eletrônico na tramitação de proces-
para tornar clara a sua finalidade. Grifo: alteração es- sos administrativos, transmissão de peças processuais
trita (para não haver confusão sobre termos de um e comunicação de atos dos Poderes Municipais, ob-
decreto por outro, o revogado e o atualizado) servado o disposto no art. 60.

§ 4º Os casos não previstos neste artigo obedece- Parágrafo único. O processo administrativo eletrô-
rão a forma de atos, instruções ou avisos da autorida- nico (PAe) deverá assegurar e ampliar:
de responsável.
I - a eficiência do serviço público;
Art. 59. Os Poderes Municipais poderão manter os
II - a legitimidade das peças processuais;
livros que forem necessários ao registro de suas ativi-
dades e de seus serviços. III - a agilidade na tramitação;
Parágrafo único. Os livros adotados serão aber- IV - o acesso à informação e a transparência;
tos, rubricados e encerrados pelo Prefeito ou pelo

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 19


V - a economicidade. informação a todo o interessado e devem ser execu-
tados em conformidade com os princípios básicos da
Art. 65. A lei deverá estipular prazos limites para administração pública e com as seguintes diretrizes:
tramitação de processos físicos e eletrônicos, de ori-
gem interna e externa, nos respectivos setores da ad- I - observância da publicidade como preceito geral
ministração pública direta e indireta, observados suas e do sigilo como exceção;
especificidades e, quando aplicável, os prazos estabe-
lecidos por esta Lei Orgânica e pela legislação federal II - divulgação de informações de interesse público,
que trata de acesso à informação. independentemente de solicitações;

§ 1º O protocolo de processos que envolvam re- III - utilização de meios de comunicação viabiliza-
cursos de gasto continuado de pessoal deverá obser- dos pela tecnologia da informação;
var os prazos da legislação orçamentária para que haja
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
previsão no exercício seguinte, respeitados os limites
transparência na administração pública municipal;
estipulados pela legislação federal que estabelece nor-
mas de finanças públicas voltadas para a responsabili- V - desenvolvimento do controle social da adminis-
dade na gestão fiscal. tração pública municipal.
§ 2º No caso dos processos relativos a pessoas ju- Art. 69. Cabe aos Poderes Públicos do Município,
rídicas, o Município deverá utilizar a ferramenta inte- observadas as normas e procedimentos específicos
gradora estadual ou equivalente. aplicáveis, assegurar a:
§ 3º Na tramitação dos processos relativos à con- I - gestão transparente da informação, propiciando
cessão de alvará, observar-se á o amplo acesso a ela e sua divulgação;
I independência do respectivo instrumento, nos ca- II - proteção da informação, garantindo-se sua dis-
sos previstos em lei; ponibilidade, autenticidade e integridade;
II - os instrumentos autorizativos dos demais ór- III - proteção da informação sigilosa e da informa-
gãos nas diversas esferas de Poder, observados os ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autenti-
casos legais, não poderão redundar em exigência e cidade, integridade e eventual restrição de acesso.
impedimento para concessão do alvará. Grifo: para
evitar choque de competências. Art. 70. O acesso a informações públicas será asse-
gurado pelos Poderes Municipais mediante:
Art. 66. Os Poderes do Município deverão assegu-
rar o acesso a informações previsto no inciso XXXIII I - criação de serviço de informações ao cidadão,
do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do nos órgãos e entidades do Poder Público, em local
art. 216 da Constituição da República, nos termos da com condições apropriadas para:
legislação federal complementar e ordinária atinente.
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
Parágrafo único. A legislação federal que trata de informações;
transparência e de acesso à informação, nos casos que
estritamente contemplam a União, será aplicada por b) informar sobre a tramitação de documentos nas
simetria no Município naquilo que couber. suas respectivas unidades;

Art. 67. É dever dos Poderes do Município, por c) protocolizar documentos e requerimentos de
meio da transparência pública, a garantia do direito de acesso a informações.
acesso à informação, que será franqueada, mediante
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transpa- II - realização de audiências ou consultas públicas,
rente, clara e em linguagem de fácil compreensão. incentivo à participação popular ou a outras formas
de divulgação.
Art. 68. Os procedimentos de transparência públi-
ca previstos na legislação federal específica destinam- Art. 71. Todo cidadão têm direito a receber infor-
-se a assegurar o direito fundamental de obtenção de mações objetivas, de interesse particular, na forma dos
arts. 8º e 63, coletivo ou geral acerca de processos ad-

20 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


ministrativos do Município, e dos respectivos órgãos IV - informações concernentes a procedimentos li-
da administração pública direta e indireta, conforme citatórios, inclusive os respectivos editais e resultados,
disposto nesta Lei Orgânica. Grifo: Transparência Ati- bem como a todos os contratos celebrados;
va e Transparência Passiva
V - dados gerais para o acompanhamento de pro-
Art. 72. O órgão ou entidade pública municipal gramas, ações, projetos e obras de órgãos e entida-
deverá autorizar ou conceder o acesso à informação des;
disponível, nos termos e prazos da legislação federal
concernente, aplicáveis as sanções nela previstas. VI - relação histórica e atualizada de todos os de-
cretos municipais com seus respectivos conteúdos;
§ 1º Tendo havido devida comunicação ao órgão
ou a setor envolvido, é assegurado acesso imediato VII - dados de pessoal quanto à folha de pagamento
a qualquer informação, se em acompanhamento dos dos servidores públicos, devendo ser discriminados e
órgãos de fiscalização e controle dos Poderes, quando obrigatoriamente publicizados:
o objeto referir-se a pedidos de vista de documentos
a) nome completo;
constantes de arquivo corrente ou, se em disponibili-
dade, de processos públicos em tramitação, permiti- b) cargo;
da a captação de imagens desses através de recursos
tecnológicos. c) lotação;
§ 2º Quando se tratar de acompanhamento dos d) número da matrícula;
órgãos de fiscalização e controle dos Poderes, na hi-
pótese de indisponibilidade para acesso imediato a e) vínculo empregatício com o Poder Público;
processos públicos em tramitação ou a documentos
de arquivo intermediário, o órgão ou entidade pública f ) vencimento-base;
municipal deverá prover acesso em até 96 (noventa e
g) contribuições compulsórias e deduções de Im-
seis) horas e, nos casos de arquivo permanente, em
posto de Renda, se existentes;
até 10 (dez) dias corridos.
h) quaisquer vantagens e benefícios aditivados ao
§ 3º Os pedidos de vista, considerando a natureza
vencimento-base, devidamente especificados, incluin-
pública do objeto, deverão ser assegurados por res-
do por tempo de serviço, transporte, alimentação,
ponsável do setor independentemente de prévia au-
gratificações de natureza diversa e outros
torização de autoridade hierarquicamente superior.
VII - dados de pessoal quanto à folha de pagamento
Art. 73. Os Poderes do Município disponibilizarão,
dos servidores públicos, devendo ser discriminados e
por meio do estabelecimento na internet de Portal da
obrigatoriamente publicizados:
Transparência, o qual deverá promover a liberação ao
pleno conhecimento e acompanhamento da socieda- a) nome completo;
de de informações pormenorizadas da gestão pública.
b) cargo;
§ 1º Deverão ser divulgadas as seguintes informa-
ções, sem prejuízo de outras: c) lotação;

I - registro das competências e estrutura organiza- d) número da matrícula;


cional, endereços e telefones das respectivas unidades
ou setores e horários de atendimento ao público; e) vínculo empregatício com o Poder Público;

II - registros de quaisquer repasses ou transferên- f ) vencimento-base;


cias de recursos financeiros;
g) contribuições compulsórias e deduções de Im-
III - registros das despesas, incluindo a ordem cro- posto de Renda, se existentes;
nológica de pagamentos efetuados de acordo com a
exigibilidade de cada crédito; h) quaisquer vantagens e benefícios aditivados ao
vencimento-base, devidamente especificados, incluin-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 21


do por tempo de serviço, transporte, alimentação, VI - indicar local e instruções que permitam ao inte-
gratificações de natureza diversa e outros ressado comunicar-se, por via eletrônica ou telefôni-
ca, com o órgão ou entidade detentora do sítio;
VIII - informações das empresas de locação de mão
de obra terceirizadas pelo Município, com dados indi- VII - adotar as medidas necessárias para garantir a
vidualizados dos funcionários, devendo ser discrimina- acessibilidade de conteúdo para pessoas com defici-
dos e obrigatoriamente publicizados: ência.

a) nome completo; § 5º Nos termos da legislação federal complemen-


tar, no que tange a informações detalhadas sobre a
b) cargo; execução orçamentária e financeira, deverá ainda ser
disponibilizado o seguinte:
c) vencimento-base;
I - quanto à receita, devem-se publicar os valores
d) quaisquer vantagens e benefícios aditivados ao
de todas as receitas da unidade gestora, compreen-
vencimento-base, devidamente especificados, incluin-
dendo no mínimo sua natureza, relativas a:
do por tempo de serviço, transporte, alimentação,
gratificações de natureza diversa e outros a) previsão;
IX - respostas a perguntas mais frequentes da so- b) lançamento, quando for o caso;
ciedade.
c) arrecadação, inclusive referente a recursos ex-
§ 2º A publicização do nome completo, concer- traordinários;
nente às alíneas a dos incisos VII e VIII, será fornecida
apenas mediante chave de acesso com devida iden- II - quanto às despesas, deve-se publicizar especi-
tificação do requerente, seja cidadão, seja órgão de ficamente:
fiscalização e controle.
a) o valor do empenho, liquidação, pagamento e a
§ 3º É vedada a publicização de eventuais descon- ordem cronológica da exigibilidade de cada crédito;
tos em folha de natureza variada e de caráter pessoal
no que tange ao inciso VII do § 1º, exceto daqueles b) o número do correspondente processo da exe-
constantes da alínea h. cução, quando for o caso;

§ 4º Para a divulgação dessas informações, o sis- c) a classificação orçamentária, especificando a


tema utilizado pelo Município deverá atender aos se- unidade orçamentária, função, subfunção, natureza
guintes requisitos: da despesa e a fonte dos recursos que financiaram o
gasto;
I - possibilitar a gravação de relatórios em diversos
formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprie- d) a pessoa física ou jurídica beneficiária do paga-
tários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar mento, inclusive nos desembolsos de operações inde-
a análise das informações; pendentes da execução orçamentária, exceto no caso
de folha de pagamento de pessoal e de benefícios pre-
II - possibilitar o acesso automatizado por sistemas videnciários;
externos em formatos abertos, estruturados e legíveis
por máquina; e) o procedimento licitatório realizado, bem como
a sua dispensa ou inexigibilidade, quando for o caso,
III - divulgar em detalhes os formatos utilizados com o número do correspondente processo;
para estruturação da informação;
f ) o bem fornecido ou serviço prestado, quando
IV - garantir a autenticidade e a integridade das in- for o caso.
formações disponíveis para acesso;
Grifo: dispensa de licitação: em situações de emer-
V - manter atualizadas as informações disponíveis gência, exemplos de Casos de guerra; grave perturba-
para acesso; ção da ordem; calamidade pública, obras para evitar
desabamentos, quebras de barreiras, fornecimento de

22 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


energia. a contratação de obras ou serviços ou aquisição de
bens;
§ 6º A prestação de contas de entidades que rece-
bem recursos provenientes de auxílios e subvenções,
inclusive em editais e de outras deduções devidamen-
te reguladas em lei, também deverão estar disponibili- III - a manutenção de registro cadastral de licitan-
zadas, nos termos do art. 187, § 2º. tes, atualizado anualmente e incluídos dados sobre o
desempenho na execução de contratos anteriores;
§ 7º As emendas parlamentares de natureza esta-
dual e/ou federal deverão ter pelo menos as seguin-
tes informações básicas disponibilizadas no Portal da
IV - a manutenção de sistema de registro de pre-
Transparência pelo período da sua execução até o seu
ços, atualizado trimestralmente e publicado no Diário
cumprimento ou caducidade desde a sua comunicação
Oficial dos Poderes Municipais e/ou por meio da in-
ao Município para o acompanhamento da sociedade:
ternet no respectivo Portal da Transparência. Grifo:
I - valor da emenda; Manutenção de valores em caso de prestação recor-
rente de serviços licitados.
II - órgão ou setor público a ser contemplado;
§ 1º Não obstante o período disposto no inciso IV,
III - finalidade da emenda; é obrigatório, quando da pretensão de aquisição de
itens, haver atualização do registro de preços.
IV - prazo;
§ 2º Do registro de preços a que se refere o inciso
V - dados periodicamente atualizados do andamen- IV constarão, para cada item, o valor em moeda cor-
to; rente e o valor correspondente em unidade de valor
fiscal adotada pelo Município.
VI - resultado da emenda, se liberada ou não para
o Município, neste último caso com a exposição de Grifo: Unidade Fiscal de Referência (UFIR)
motivo da negação;
Art. 75. Na aquisição de bens e serviços por ór-
VII - origem parlamentar da emenda. gãos da administração direta e indireta, será dado tra-
tamento diferenciado e favorecido às microempresas,
§ 8º As informações constantes dos §§ 5º e 6º de-
empresas de pequeno porte e microempreendedores
verão estar disponíveis até o primeiro dia útil subse-
individuais, conforme disposto nos arts. 416 e 417.
quente à data do registro contábil no sistema adotado
pelos Poderes do Município, sem prejuízo do desem- Art. 76. Nas obras e serviços de reformas, amplia-
penho e da preservação das rotinas de segurança ope- ção, manutenção ou conservação de unidades da rede
racional necessários ao seu pleno funcionamento municipal de ensino público e da rede municipal de
saúde, a comissão provisória de acompanhamento e
Art. 74. Os Poderes Municipais observarão as nor-
fiscalização ou correlata estabelecida para esses fins
mas gerais referentes à licitação e aos contratos admi-
poderá ser integrada pelo diretor da unidade onde
nistrativos fixadas na legislação federal e as especiais
se realiza a obra ou serviço, cabendo-lhe o manifesto
fixadas na legislação municipal, asseguradas:
pela composição.
I - a prevalência de princípios e regras de direito pú-
Art. 77. Ressalvados os casos especificados na le-
blico, inclusive quanto aos contratos celebrados pelas
gislação, as obras, os serviços, as compras e as aliena-
empresas públicas e sociedades de economia mista;
ções serão contratados mediante processo de licita-
Grifo: O Direito Público atende, de maneira imediata
ção pública que assegure igualdade de condições e de
e prevalecente, a um interesse de caráter geral. Existe
pagamento a todos os concorrentes, com previsão de
uma relação vertical entre o Estado e o indivíduo, ou
atualização monetária para os pagamentos em atra-
seja, há uma hierarquia na qual o Estado é superior ao
so, penalidades para os descumprimentos contratuais,
indivíduo porque representa os interesses da coletivi-
permitindo-se no ato convocatório somente as exi-
dade contra interesses individuais.
gências de qualificação técnica, jurídica e econômico-
II - a preexistência de recursos orçamentários para -financeira indispensáveis à garantia do cumprimento

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 23


das obrigações. cedimento de avaliação periódica de desempenho, na
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
Parágrafo único. Em caso de empate entre duas
ou mais propostas, será observado o disposto na le- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
gislação federal que institui normas para licitações e servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
contratos da Administração Pública. Grifo: Em igual- ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
dade de condições, como critério de desempate, será de origem, sem direito a indenização, aproveitado em
assegurada preferência sucessivamente, aos bens e outro cargo ou posto em disponibilidade com remu-
serviços: produzidos ou prestados por empresas bra- neração proporcional ao tempo de serviço.
sileiras de capital nacional; produzidos no País; produ-
zidos ou prestados por empresas brasileiras. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desneces-
sidade, o servidor estável ficará em disponibilidade,
Art. 78. Os órgãos dos Poderes Municipais enca- com remuneração proporcional ao tempo de serviço,
minharão por meio de sistema informatizado, em seus até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
prazos específicos, os documentos exigidos pelo Tri-
bunal de Contas do Estado. § 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
de, é obrigatória a avaliação especial de desempenho
Art. 102. Obedecido o disposto no art. 57, I a IV, a por comissão instituída para essa finalidade.
homologação do concurso público deverá ocorrer no
prazo máximo de 90 (noventa) dias corridos a contar Art. 104. Nas entidades da administração direta e
da data de sua realização, ressalvadas as impugnações indireta, a nomeação para cargos em comissão, ressal-
legais. vada, quando não possível, a de Secretário Municipal
ou de função correlata na administração indireta, ob-
§ 1º Em havendo concursado apto para preencher servará o seguinte:
vaga prevista em concurso público, veda-se expres-
samente a ocupação da respectiva vaga mediante I - formação, quando as atribuições a serem exer-
contrato temporário ou por servidor que perceba cidas pressuponham conhecimento específico que a
gratificação por lotação prioritária ou qualquer outra lei exija, privativamente, de determinada categoria
concessão correlata. profissional;II - comprovação do registro no Conselho
Regional e demais órgãos de fiscalização profissional
§ 2º Em ato de escolha, é assegurado ao concursa- correspondente à respectiva qualificação.
do:I - apresentação de todas as vagas não preenchi-
das por servidor efetivo;II - direito de ocupação sobre Art. 105. A lei reservará percentual dos cargos e
qualquer vaga eventualmente preenchida em situação empregos públicos para as pessoas com deficiência e
que gere gratificação por lotação prioritária ou qual- definirá os critérios de sua admissão.Parágrafo único.
quer outra concessão correlata. O Município assegurará a livre inscrição de pessoa
com deficiência em concurso público mediante:I - a
§ 3º A identificação de descumprimento ao que adaptação de provas;II - a comprovação, por parte do
dispõe o § 2º imputará nulidade do respectivo ato e candidato, de compatibilidade da deficiência com o
daqueles subsequentes, exigindo-se novo processo exercício do cargo, emprego ou função.
de escolha, além de aplicação de penalidades admi-
nistrativas previstas em lei a quem concorrer para a Art. 106. Os servidores públicos, observado o art.
irregularidade. 80, na forma como dispuser a lei, farão declaração de
bens antes da investidura e no ato da exoneração.
Art. 103. São estáveis, após 3 (três) anos de efeti-
vo exercício, os servidores públicos da administração Parágrafo único. O descumprimento do dispos-
direta e indireta, admitidos em virtude de concurso to neste artigo sujeitará à suspensão do pagamento da
público. remuneração.

§ 1º O servidor público estável só perderá o car- Art. 107. A lei disporá sobre as hipóteses de afas-
go:I - em virtude de sentença judicial transitada em tamento dos funcionários e dos empregados públicos.
julgado;II - mediante processo administrativo em que Grifo: Lei Complementar
lhe seja assegurada ampla defesa, cujas regras serão
Art. 108. Os servidores públicos não poderão ser
regulamentadas por lei específica;III - mediante pro-

24 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


colocados à disposição de outros setores da adminis- ressalvado o exercício de cargo em comissão.
tração pública da União, dos Estados e dos Municípios
antes de completarem 3 (três) anos de efetivo exercí- § 1º A cessão de servidores da administração mu-
cio funcional, no órgão de origem. Grifo: Estágio Pro- nicipal somente se dará com ônus para a cessionária.
batório. Cessão x Requisição (grifo: cedente: direto.

Cessão: ato autorizativo pelo qual o agente pú- Cessionário: terceiro (fundação, autarquia, etc)
blico, sem suspensão ou interrupção do vínculo fun-
§ 2º A Mesa Diretora do Poder Legislativo ou o
cional com a origem, passa a ter exercício em outro
Prefeito, em caráter excepcional, para o exercício de
órgão ou entidade;
atividades temporárias, mediante solicitação funda-
Requisição: ato irrecusável em que o agente pú- mentada dos órgãos e entidades interessadas, pode-
blico requisitado passa a ter exercício no órgão ou na rão autorizar, por prazo determinado, a cessão com
entidade requisitante, sem alteração da lotação no ór- ônus para o cessionário.
gão ou na entidade de origem
Art. 112. As importâncias relativas a quaisquer van-
Art. 109. Nos processos de permuta devidamente tagens e/ou progressões, (grifo: vencimentos e paga-
justificada entre servidores de mesma função nas uni- mentos por trabalho excedente) aquelas derivadas de
dades municipais, havendo atendimento ao interesse folha suplementar, eventualmente não recebidas pelos
público, deverá ser-lhes automaticamente assegurado servidores, deverão ser pagas dentro dos valores vi-
o respectivo direito. gentes no prazo máximo de até 45 (quarenta e cinco)
dias corridos do fato ou ato que lhes deu causa, inci-
Art. 110. Ao funcionário ou empregado público dindo sobre estes os encargos sociais corresponden-
em exercício de mandato eletivo aplica-se o seguinte: tes.

I - investido de mandato eletivo federal ou estadu- Parágrafo único. Os ressarcimentos de qualquer


al, ficará afastado do cargo ou do emprego;II - inves- outra natureza devidos a servidores serão pagos com
tido de mandato de Prefeito, será afastado do cargo correção de acordo com índice legal instituído pelo
ou emprego, sendo-lhe facultado optar pela remune- Poder Público para o período correspondente ao dé-
ração que lhe convier, caso o mandato seja relativo ao bito.
Município de Nova Friburgo;III - investido no mandato
de vereador, havendo compatibilidade de horários, Art. 113. Na composição da jornada de trabalho
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou fun- dos servidores do magistério, observar-se-á a carga
ção, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, horária para o desempenho das atividades de intera-
não havendo compatibilidade, será aplicada a norma ção com os educandos e para exclusivo planejamento
do inciso anterior; (grifo: deverá escolher a remune- de aulas nos termos exigidos pela legislação federal
ração) específica. (grifo: carga horária diferenciada por mo-
tivo especial, tempo de sala de aula, planejamentos e
§ 1º Em qualquer caso que exija o afastamento para reuniões)
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
será contado para todos os efeitos legais, exceto para Art. 114. Os servidores do apoio à educação goza-
promoção por merecimento; (grifo: sem trabalho efe- rão de férias integrais em janeiro e de recesso de 15
tivo, sem promoção relativa) (quinze) dias corridos em julho, observado o disposto
no art. 475, § 3º, garantido o terço constitucional em
§ 2º Para efeito de benefício previdenciário, no caso relação, apenas, aos 30 (trinta) dias corridos a título
de afastamento, os valores serão determinados como de férias.
se no exercício estivesse. (grifo: efeito beneficiário =
aposentadoria) Art. 115. O servidor público, observados os casos
aplicáveis a estatutários e a celetistas, será aposenta-
Art. 111. A cessão de funcionários e empregados do:
públicos entre órgãos e entidades da administração
direta e indireta, respeitado o disposto no artigo ante- I - por invalidez permanente, com os proventos in-
rior, somente se dará se o servidor tiver completado tegrais, decorrente de acidente em serviço, moléstia
3 (três) anos de efetivo exercício no órgão de origem, profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 25


especificadas em lei, e proporcionais ao tempo de na mesma proporção e na mesma data, sempre que
contribuição nos demais casos; (grifo: significa, por- se modificar a remuneração dos servidores em ativi-
tanto, que os proventos corresponderão à totalidade dade, sendo também estendidos aos aposentados e
da remuneração do servidor no cargo efetivo em que pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens conce-
se der a aposentadoria) didos aos servidores públicos em atividade, inclusive
quando decorrentes:
II - compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco)
anos de idade, com proventos proporcionais ao tem- I - de transformação ou reclassificação do cargo em
po de contribuição; que se deu a aposentadoria;

III - voluntariamente: II - de atribuição de acréscimo, a qualquer título,


inclusive representação e encargos especiais, a servi-
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se dor em atividade no mesmo cargo ou função. (grifo:
homem, e aos 30 (trinta), se mulher, com proventos direito adquirido)
integrais;
§ 5º É vedada a adoção de requisitos e critérios
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício na fun- diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
ção de magistério e de tempo de contribuição, se pro- abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res-
fessor, e aos 25 (vinte e cinco) anos, se professora, salvados, nos termos definidos em leis complementa-
com proventos integrais; res, os casos de servidores:
c) aos 30 (trinta) anos de contribuição, se homem, I - portadores de deficiência;
e aos 25 (vinte e cinco), se mulher, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição; II - que exerçam atividades de risco;

d) aos 65 (sessenta e cinco) anos, se homem, e aos III - cujas atividades sejam exercidas sob condições
60 (sessenta), se mulher, com proventos proporcio- especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
nais ao tempo de contribuição; física. (grifo: a ressalva se trata de aposentadoria es-
pecial, levando-se em conta o grau de deficiência, ex-
e) aos 60 (sessenta) anos de idade e 35 (trinta e posição e insalubridade. Observação de leis comple-
cinco) de contribuição, se homem, e aos 55 (cinquen- mentares)
ta e cinco) anos de idade e 30 (trinta) de contribuição,
se mulher, com proventos integrais Art. 116. Ao servidor ocupante, exclusivamen-
te, de cargo em comissão declarado em lei de livre
§ 1º A lei poderá estabelecer exceções ao disposto nomeação e exoneração, bem como de outro cargo
no inciso III, alíneas a e c, no caso de exercício de ativi- temporário ou de emprego público, aplica-se o regime
dades consideradas insalubres, penosas ou perigosas. geral de previdência social. (grifo: RGPS)

§ 2º Nos casos especificados nas alíneas d e e, a Art. 117. O tempo de contribuição federal, esta-
concessão de aposentadoria fica condicionada ao pre- dual ou municipal, na administração direta e indireta,
enchimento cumulativo dos seguintes requisitos: será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
de serviço correspondente para efeito de disponibili-
I - Tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exer-
dade, assegurado o respeito à progressão por tempo
cício no serviço público;
de serviço.
II - Tempo mínimo de 5 (cinco) anos de efetivo
Art. 118. É assegurada, para efeito de aposenta-
exercício no cargo em que se dará a aposentadoria.
doria, a contagem recíproca do tempo de serviço em
§ 3º Além do disposto neste artigo, o regime de atividades públicas e privadas, rural e urbana, inclusive
previdência dos servidores públicos titulares de car- do tempo de trabalho comprovadamente exercido na
go efetivo observará, no que couber, os requisitos e qualidade de autônomo, fazendo-se a compensação
critérios fixados para o regime geral de previdência financeira nos termos que a lei fixar. (grifo: o cálculo
social. levará em conta todo recolhimento diverso, ou seja,
por outras fonte)
§ 4º Os proventos de aposentadoria serão revistos,

26 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


§ 1º Os benefícios de paridade na aposentadoria servidores municipais será prestada, em suas diferen-
serão pagos com base na documentação funcional do tes modalidades e nos termos da lei, mediante contri-
servidor inativo, responsabilizando-se o órgão que buição compulsória, sob uma das seguintes formas:I
der causa a atraso ou retardamento superior a 90 (no- - Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do
venta) dias corridos. (grifo: os proventos de inativos Município de Nova Friburgo, se servidores públicos
e pensionistas serão reajustados toda vez que houver estatutários;II - Regime Geral de Previdência – INSS,
reajuste para os servidores ativos. Este é um direito se servidores públicos regidos pela Consolidação das
dos servidores públicos que, na prática, recebem os Leis do Trabalho (CLT), além daqueles em cargos em
mesmos reajustes que os servidores da ativa tem. Isto comissão e contratados temporariamente;
é, eles recebem as mesmas atualizações salariais.
Parágrafo único. Os recursos provenientes dos
§ 2º Ao servidor reabilitado, é assegurada a irredu- descontos compulsórios dos servidores públicos esta-
tibilidade de seus proventos ainda que, na nova função tutários, bem como a contrapartida do Município de-
em que venha a ser aproveitado, a remuneração seja verão ser creditados, mensalmente, na data de paga-
inferior à percebida a título de seguro-reabilitação. mento do pessoal, no Fundo de Previdência Social do
(grifo: o servidor readaptado é aquele que teve uma Município, responsável pelo pagamento do benefício.
redução da sua capacidade laboral por algum proble-
ma de saúde e precisou ser realocado para um novo Art. 122. É expressamente vedado que valores cre-
cargo que estivesse de acordo com as suas limitações. ditados no Fundo de Previdência Social do Município
sejam utilizados para outro fim de custeio que não o
§ 3º Ao servidor aposentado por invalidez que de- pagamento dos benefícios de aposentadoria, pensão,
corra de acidente em serviço, moléstia profissional ou auxílio doença, salário maternidade e demais proven-
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da tos previdenciários.
lei, é garantida a irredutibilidade de seus proventos.
Art. 123. Será garantida pensão por morte de ser-
Art. 119. Os processos de aposentadoria dos ser- vidor, homem ou mulher, ao cônjuge, companheiro ou
vidores estatutários serão decididos, definitivamente, companheira ou dependentes, observado cada caso
na área de seus respectivos Poderes, dentro de 90 e o que dispõe a legislação, até o limite estabelecido
(noventa) dias corridos, contados da data da apresen- em lei.
tação do respectivo requerimento, devidamente pre-
enchidos os requisitos exigidos no ato da entrega, e Art. 124. A pensão mínima a ser paga pelo Regi-
enviados imediatamente ao Tribunal de Contas para me de Previdência do Município aos pensionistas não
cumprimento do disposto no art. 71, III, da Constitui- poderá ser de valor inferior ao de um salário mínimo
ção da República. nacionalmente fixado.Parágrafo único. Nos casos de
rateio, o valor da pensão poderá ser inferior a um sa-
Art. 120. Os servidores estranhos ao quadro do lário mínimo para os dependentes, desde que o côm-
Município que exerçam cargo ou emprego temporá- puto total dos valores dos beneficiários não seja infe-
rio e que sejam contribuintes das instituições munici- rior ao salário mínimo nacional.
pais de previdência serão aposentados, na forma do
art. 115, com proventos proporcionais ao tempo de Art. 125. Será assegurada aos pensionistas a manu-
serviço. (grifo: servidor estranho = comissionado)§ 1º tenção de seus benefícios em valores reais equivalen-
Os dependentes dos servidores referidos neste artigo tes aos da época da concessão, desde que observado
farão jus à pensão e outros benefícios assegurados na e justificado o devido equilíbrio atuarial.
legislação previdenciária do Município, calculando-se
Art. 126. É assegurada, na forma e nos prazos da
o valor da pensão sobre os proventos proporcionais
lei, a participação dos representantes do funcionalis-
percebidos pelo servidor na data de seu falecimento.§
mo público municipal e dos aposentados na gestão
2º Os proventos e pensões previstos neste artigo te-
administrativa do sistema previdenciário municipal.
rão, no mesmo índice e a partir da mesma data, au-
mentos ou reajustes atribuídos aos demais segurados Art. 127. O orçamento municipal destinará dota-
e pensionistas das instituições municipais de previdên- ções à seguridade social.
cia.
Art. 128. A Procuradoria-Geral do Município pro-
Art. 121. A assistência previdenciária e social aos porá a competente ação regressiva em face do servi-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 27


dor público, de qualquer categoria, declarado culpado forma da legislação federal vigente. Grifo: quociente
por haver causado a terceiro lesão de direito que a eleitoral
Fazenda Municipal seja obrigada judicialmente a repa-
rar, observadas as hipóteses de ressarcimentos admi- Art. 136. O Poder Legislativo é composta por 21
nistrativos, assegurada a ampla defesa e o direito ao (vinte e um) Vereadores, conforme estabelecido pelo
contraditório. art. 29, inciso IV, alínea g, da Constituição da Repúbli-
ca. Grifo: 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios
Art. 129. O prazo para ajuizamento de ação re- de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes
gressiva será o constante da lei, devendo ser respeita- e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes;
da e observada a prescrição e decadência, ocasião em
que o Procurador-Geral do Município for cientificado Art. 137. O Poder Legislativo reunir-se-á, anual e
de que a Fazenda Municipal efetuou o pagamento do ordinariamente, na sede do Município, de 02 de feve-
valor resultante da decisão judicial ou acordo adminis- reiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 15 de dezem-
trativo bro.

Art. 132. A cessação, por qualquer forma, do exer- § 1º As sessões ordinárias inaugurais de cada sessão
cício da função pública não exclui o servidor da res- legislativa, marcadas para as datas que lhes correspon-
ponsabilidade perante a Fazenda Municipal. dem, nos termos do caput, serão transferidas para a
primeira terça ou quinta-feira subsequente, quando
Art. 133. A Fazenda Municipal, na liquidação do recair em feriado ou outro impedimento.
que for devido pelo funcionário público ou emprega-
do público, poderá optar pelo desconto em folha de § 2º A convocação dos membros do Poder Legisla-
pagamento, o qual não excederá de uma quinta parte tivo é feita no período e nos termos estabelecidos no
do valor da remuneração do servidor. caput, correspondendo à sessão legislativa ordinária.

Parágrafo único. O agente público fazendário § 3º A sessão extraordinária será convocada pelo
que autorizar o pagamento da indenização dará ciên- Presidente do Poder Legislativo, de ofício, mediante
cia do ato, em 10 (dez) dias corridos, ao Procurador- solicitação do Prefeito, pelo Colégio de Líderes ou
-Geral do Município, sob pena deresponsabilidade. por deliberação do Plenário, a requerimento de pelo
menos 1/3 (um terço) dos Vereadores, exclusivamen-
Art. 130. O descumprimento, por ação ou omis- te destinada à discussão e votação das matérias cons-
são, do disposto nos artigos anteriores desta Seção, tantes do ato de convocação, atendendo, em especial,
apurado em processo regular, acarretará a responsa- casos de urgência ou de interesse público relevante.
bilização civil pelas perdas e danos que daí resultarem.
Art. 138. O Poder Legislativo não poderá encerrar:
Art. 131. Respondem por perdas e danos os ser-
vidores públicos da administração pública direta e in- I - o primeiro semestre do ano parlamentar sem
direta, quando no exercício de suas funções agirem deliberar acerca do projeto de lei de diretrizes orça-
com culpa ou dolo, ao recusar, omitir ou retardar, sem mentárias;
justo motivo, providências que deveriam ter cumpri-
II - o ano parlamentar, sem deliberar sobre a lei
do, em prazo razoável, causando prejuízos a outrem.
orçamentária anual e, na primeira sessão legislativa de
Art. 134. O Poder Público Municipal é constituído cada legislatura, sem votar o projeto concernente ao
pelos Poderes Legislativo e Executivo, independentes plano plurianual. Grifo: PPA. Deve ser feito de quatro
e harmônicos entre si. Grifo: preceito constitucional. em quatro ano por todos os entes federativos.

Art. 135. O Poder Legislativo Municipal é exercido Art. 139. As sessões do Poder Legislativo realizar-
pela Câmara Municipal, órgão legislativo composto -se-ão em recinto destinado ao seu funcionamento.
por Vereadores eleitos, para cada legislatura, por meio
§ 1º O horário das sessões ordinárias e o proces-
do voto direto, secreto e de igual valor para todos.
so para convocação das sessões extraordinárias do
§ 1º Cada legislatura terá duração de 4 (quatro) Poder Legislativo deverão ser estabelecidos em Regi-
anos, correspondendo cada ano a 1 (uma) sessão le- mento Interno.
gislativa.§ 2º A contabilização dos votos dar-se-á na
§ 2º Poderão ser realizadas fora do recinto da Câ-

28 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


mara sessões ordinárias, nos termos do Programa ministrativas e distritos no Município;
Câmara itinerante, conforme resolução específica, so-
lenes ou quando situação excepcional, concretamente XI - alienação de bens imóveis;
demonstrada, exigir.
XII - concessão administrativa de uso dos bens mu-
Art. 140. As sessões serão públicas, mas excepcio- nicipais;
nalmente poderão ser secretas, por deliberação to-
XIII - tombamento de bens móveis ou imóveis e
mada por 2/3 (dois terços) dos Vereadores quando
criação de áreas de especial interesse;
seja o sigilo imprescindível, adotadas as cautelas ne-
cessárias para a implementação do sigilo em toda sua XIV - autorização de consórcios com outros Mu-
extensão e concretude. nicípios;
Art. 141. As sessões terão início com a presença XV - concessão e permissão dos serviços públicos;
de, no mínimo, 1/3 (um terço) dos Vereadores.
XVI - autorização para proceder à encampação, re-
Art. 142. O Poder Legislativo realizará, semanal- versão ou expropriação dos bens de concessionárias
mente, duas sessões ordinárias, correspondentes aos ou permissionárias e autorizar cada um dos atos de
períodos definidos no art. 137, desta Lei Orgânica. retomada ou intervenção;
Art. 143. Cabe ao Poder Legislativo, com sanção XVII - normas urbanísticas, particularmente as rela-
do Prefeito, dispor sobre todas as matérias de compe- tivas a zoneamento e loteamento;
tência do Município, especialmente sobre:
XVIII - autorização para mudança de denominação
Grifo: dispor sobre é participar da elaboração de próprios, vias e logradouros públicos;
I - sistema tributário, arrecadação e aplicação de XIX - delimitação do perímetro urbano;
rendas;
XX - transferência temporária da sede do governo
II - plano plurianual, legislação orçamentária anual e municipal.
autorização para abertura de créditos suplementares
e especiais; Art. 144. É de competência exclusiva do Poder Le-
gislativo:
III - matérias orçamentárias e financeiras;
Grifo: competência é prerrogativa jurídica, não
IV - operações de crédito e dívida pública; transferível e passível de punição em caso de não ob-
servância.
V - concessão de isenções e anistias fiscais e remis-
são de dívidas e de créditos tributários; I - dar posse ao Prefeito e Vice-Prefeito, conhecer
de sua renúncia e determinar o afastamento nos casos
VI - concessão de auxílios e subvenções;
previstos em lei;
VII - aprovação do plano diretor e demais políticas,
II - eleger os membros da Mesa Diretora;
planos e programas municipais, locais e setoriais de
desenvolvimento; III - elaborar o Regimento Interno;
VIII - criação, supressão e estruturação de Secre- IV - organizar os serviços administrativos internos
tarias Municipais e demais órgãos da administração e prover os cargos respectivos;
pública, bem assim a definição das respectivas atribui-
ções; V - propor a criação ou a extinção dos cargos dos
serviços administrativos internos e a fixação dos res-
IX - criação, transformação e extinção de cargos, pectivos vencimentos;
empregos e funções públicas, bem como a fixação dos
respectivos vencimentos; VI - estabelecer, estruturar e manter controle in-
terno no âmbito de sua administração, nos termos da
X - criação, organização e supressão de regiões ad- Constituição da República e das normativas e orienta-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 29


ções específicas, observado, quando aplicável, o dis- de suas reuniões;
posto nos arts. 211 a 214;
XIX - propor criação de comissão parlamentar de
VII - conceder licença ao Prefeito, ao Vice-Prefeito inquérito, nos termos desta Lei Orgânica, do Regi-
e aos Vereadores; mento Interno e de resolução específica;

VIII - autorizar o Prefeito a ausentar-se do Muni- XX - conceder as Comendas Barão de Nova Fri-
cípio, quando a ausência exceder a 15 (quinze) dias burgo e Títulos de Cidadania Friburguense mediante
consecutivos ou para se ausentar do país em qualquer os critérios estabelecidos no Regimento Interno da
lapso temporal; Câmara ou por resolução especifica;

IX - exercer a fiscalização contábil, financeira e or- XXI - solicitar a intervenção do Estado no Municí-
çamentária do Município, mediante controle externo, pio, nos termos da lei;
e pelos sistemas de controle interno do Poder Execu-
tivo; XXII - julgar o Prefeito e o Vice-Prefeito, nos casos
previstos na legislação federal e nesta Lei Orgânica;
X - tomar e julgar as contas do Prefeito, deliberan-
do sobre o parecer do Tribunal de Contas do Estado XXIII - julgar os Vereadores nos casos previstos na
no prazo máximo de 60 (sessenta) dias corridos de legislação federal, no Regimento Interno e no Código
seu recebimento, nos termos do art. 149, § 1º, II; de Ética e Decoro Parlamentar;

XI - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executi- XXIV - decretar a perda do mandato do Prefeito e
vo, incluídos os da administração indireta; Vice-Prefeito, nos casos indicados na Constituição da
República, na legislação federal e nesta Lei Orgânica;
XII - autorizar a realização de empréstimos ou de
crédito interno ou externo de qualquer natureza, de XXV - decretar a perda do mandato de Vereado-
interesse do Município; res, nos casos indicados na Constituição da República,
na legislação federal, nesta Lei Orgânica, no Regimen-
XIII - proceder à tomada de contas do Prefeito, to Interno e no Código de Ética e Decoro Parlamen-
através de comissão especial, quando não apresenta- tar;
das ao Poder Legislativo, dentro de 60 (sessenta) dias
corridos após a abertura da sessão legislativa; XXVI - propor, através de iniciativa da Mesa Dire-
tora, o projeto de lei que fixa os subsídios dos Verea-
XIV - estabelecer e mudar temporariamente o lo- dores, do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos gestores de
cal de suas reuniões, nos termos desta Lei Orgânica; órgãos municipais, observado o que dispõe o art. 57,
XI e XV;
XV - convidar o Prefeito e o Vice-Prefeito e con-
vidar ou convocar Secretário do Município ou autori- XXVII - emendar esta Lei Orgânica, promulgar leis
dade equivalente para prestar esclarecimento sobre no caso de silêncio do Prefeito e expedir decretos le-
matéria constante de projeto de lei em tramitação gislativos e resoluções;
ou sobre assunto relativo às suas atribuições e Pasta,
aprazando dia e hora para o comparecimento; XXVIII - sustar os atos normativos do Poder Exe-
cutivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
XVI - encaminhar requerimentos escritos de infor- limites de delegação legislativa;
mação ao Prefeito, Secretário do Município ou autori-
dades equivalentes; XXIX - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVII - ouvir Secretários do Município ou autorida- XXX - apreciar vetos;


des equivalentes, quando, por sua iniciativa e mediante
XXXI - zelar pela preservação de sua competência
entendimentos prévios com a Mesa Diretora, compa-
legislativa em face da atribuição normativa do Prefei-
recerem à Câmara Municipal para expor assuntos de
to;
relevância da Secretaria ou do órgão da administração
de que forem titulares; XXXII - dar publicidade dos seus atos na forma
exigida em lei, bem como dos resultados aferidos pe-
XVIII - deliberar sobre o adiamento e a suspensão

30 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


las comissões processantes, de inquérito e especial. que lhes confiaram ou deles receberam informações.

§ 1º O prazo para cumprimento no disposto dos Art. 151. O Vereador presente à sessão ordinária,
incisos XV e XVI, respectivamente é: extraordinária ou à reunião de comissão não pode-
rá votar se houver impedimento decorrente de ma-
I - 10 (dez) dias corridos, prorrogável por igual pe- téria de seu interesse particular ou do seu cônjuge,
ríodo, desde que por solicitação justificada; ou de parente consanguíneo ou afim até o terceiro
grau. Grifo: Parentes exclusivamente do cônjuge ou
II - 30 (trinta) dias corridos, prorrogável por até o
companheiro(a) em linha reta: Ascendente: 1º grau:
dobro de tempo, desde que solicitado e fundamenta-
pai e mãe 2º grau: avô e avó 3º grau: bisavô e bisavó
do;
Descendente: 1º grau: filho e filha 2º grau: neto e neta
§ 2º Adotado, nos termos do art. 64, o processo 3º grau: bisneto e bisneta.
administrativo eletrônico (PAe) pelo Poder Executivo,
Parágrafo único. Será nula a votação em que
os dados constantes do requerimento legislativo de-
haja votado Vereador impedido nos termos do caput.
verão adaptar-se, nos casos específicos, para obten-
ção dos meios de acesso às respectivas informações. Art. 152. O Vereador que se ausentar na hora da
votação, sem que seja impedido, poderá ser conside-
§ 3º Em face de complexidade de matéria que re-
rado como não tendo comparecido à sessão ou reu-
dunde em dificuldade de obtenção da completude das
nião, no caso de comissão, nos termos do Regimento
informações requeridas no prazo de 30 (trinta) dias
Interno da Casa
corridos para resposta, poderá, apenas se solicitada
dentro do referido prazo, ser concedida dilação até Art. 153. É vedado ao Vereador:
limite previsto no § 1º, II, pelo colegiado legislativo,
desde que também haja: I - desde a expedição do diploma:

I - sugestão de prazo determinado a ser acolhido a) firmar ou manter contrato com a administração
ou alterado pelo colegiado legislativo; direta do Município, com suas autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista,
II - resposta parcial ao requerimento. agências reguladoras ou com empresas concessioná-
rias e permissionárias de serviço público, salvo quando
§ 4º A ausência ou insuficiência de resposta a re-
o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
querimento de informação até o prazo limite estipu-
lado pelo § 1º, II faculta, conforme disposto nesta Lei b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego re-
Orgânica, convite ou convocação do agente público munerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad
diretamente envolvido para, em até 10 (dez) dias cor- nutum, nas entidades constantes da alínea anterior,
ridos, prorrogável por igual período, se devidamente resguardado o ingresso mediante aprovação em con-
justificado, prestar os esclarecimentos estritamente curso público.
atinentes ao pedido de informação no plenário da Câ-
mara Municipal, submetendo-se, no caso de convoca- II - desde a posse:
ção, à aprovação do colegiado legislativo.
a) ocupar cargo, função ou emprego de que sejam
Art. 150. Os Vereadores são invioláveis, no exercí- demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inci-
cio do mandato e na circunscrição do Município, por so I, alínea a, resguardados os casos passíveis de licen-
suas opiniões, palavras e votos, observadas as disposi- ça nos termos do inciso V do art. 155;
ções específicas da Constituição do Estado.
b) exercer outro cargo eletivo federal, estadual ou
§ 1° Nos limites da circunscrição do Município e municipal;
havendo pertinência com o exercício do mandato, os
vereadores são imunes judicialmente por suas pala- c) ser proprietário, controlador ou diretor de em-
vras, opiniões e votos. presa que goze de favor decorrente de contrato de
pessoa jurídica de direito público do Município, ou
§ 2º Os Vereadores não serão obrigados a teste- nela exercer função remunerada;
munhar sobre informações recebidas ou prestadas em
razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas d) patrocinar causa junto ao Município em que seja

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 31


interessada qualquer das entidades a que se refere a Art. 163. Dentre outras atribuições, compete ao
alínea a do inciso I. Presidente do Poder Legislativo:

Art. 154. Perderá o mandato o Vereador: I - representar o Poder Legislativo em juízo e fora
dele;
I - que infringir qualquer das proibições estabeleci-
das no artigo anterior; II - dirigir, executar e disciplinar os trabalhos legisla-
tivos e administrativos da Câmara;
II - cujo procedimento for declarado incompatível
com o decoro parlamentar ou atentatório às institui- III - interpretar e fazer cumprir o Regimento Inter-
ções vigentes; no;

III - que se utilizar do mandato para prática de atos IV - promulgar as resoluções e decretos legislativos;
de corrupção ou de improbidade administrativa;
V - promulgar as leis com sanção tácita ou cujo
IV - que deixar de comparecer, em cada sessão le- veto tenha sido rejeitado pelo Plenário, desde que não
gislativa anual, à terça parte das reuniões ordinárias do aceita esta decisão, em tempo hábil, pelo Prefeito;
Poder Legislativo, salvo doença comprovada, licença
ou missão autorizada pela edilidade; VI - fazer publicar os atos da Mesa Diretora, as
resoluções, decretos legislativos e as leis que vier a
V - que fixar residência fora do Município; promulgar;

VI - que perder ou tiver suspensos os direitos po- VII - autorizar as despesas da Câmara
líticos;
VIII - representar, por decisão do Poder Legislativo,
VII - que se enquadrar em infração aplicável, cons- sobre a inconstitucionalidade de lei ou ato municipal;
tante dos parágrafos do art. 189 ou em dispositivos
nele mencionados; IX - solicitar, por decisão da maioria absoluta do
Poder Legislativo, a intervenção no Município nos ca-
VIII - quando decretar a Justiça Eleitoral; sos admitidos pela Constituição da República e pela
Constituição do Estado;
IX - que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado, tratando-se de crime doloso. X - encaminhar, para parecer prévio, a prestação
de contas do Município ao Tribunal de Contas do Es-
§ 1º Além de outros casos definidos no Código de tado ou órgão a que for atribuída tal competência;
Ética e Decoro Parlamentar, no
XI - declarar extinto o mandato do Prefeito, do Vi-
Regimento Interno da Câmara Municipal, conside- ce-Prefeito e dos Vereadores nos casos previstos em
rar-se-á incompatível com o decoro parlamentar o lei;
abuso das prerrogativas asseguradas ao Vereador ou
à percepção de vantagem indevida. XII - manter a ordem no recinto da Câmara Muni-
cipal, podendo solicitar força policial necessária para
§ 2º Nos casos previstos nos incisos I, II, III e IX, esse fim;
a perda do mandato será declarada pelo Poder Le-
gislativo mediante provocação da Mesa Diretora, de XIII - requisitar o numerário destinado às despesas
Partido Político com representação na Câmara Muni- da Câmara Municipal, apresentar ao Plenário, até 10
cipal ou do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, (dez) dias corridos antes do término de cada período
assegurada ampla defesa. de sessões, o balancete relativo aos recursos recebi-
dos e as despesas realizadas;
§ 3º Nos casos previstos nos incisos IV a VIII, a
perda será declarada pela Mesa Diretora, de ofício ou XIV - manter a Escola do Legislativo, nos termos de
mediante provocação de qualquer dos Vereadores, de resolução específica. Parágrafo único. O Presidente,
Partido Político representado na Câmara Municipal ou ou seu substituto quando em exercício, terá faculda-
pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. de de discutir e votar projetos, emendas, indicações e
requerimentos de qualquer espécie quando forem de

32 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


sua autoria ou de qualquer outro proponente, deven- nicipais ou à sociedade, antes da deliberação das res-
do votar ainda nos seguintes casos: pectivas matérias.

I - nas eleições da Mesa Diretora; § 3º As proposições encaminhadas pelo Poder Exe-


cutivo para apreciação do Poder Legislativo deverão,
II - quando a matéria exigir, para sua aprovação, obrigatoriamente, ser acompanhadas de cópias digita-
maioria absoluta ou quórum de 2/3 (dois terços); lizadas armazenadas em mídia removível ou por meio
virtual, para sua regular tramitação.
III - quando houver empate em qualquer votação
no Plenário. § 4º Quando se tratar de veto, o não cumprimento
do que dispõe o § 3º importará em devolução ao Po-
Art. 166. O processo legislativo municipal compre-
der Executivo e não haverá contagem de prazo para
ende a elaboração, a tramitação, a apreciação e a vo-
efeito de trancamento de pauta.
tação, nos termos desta Lei Orgânica e do Regimento
Interno da Câmara Municipal, de: § 5º Todas as proposições que revoguem dispo-
sições anteriores podem indicar, expressamente e
I - emendas à Lei Orgânica Municipal;
quando possível, o dispositivo objeto de remissão, em
II - leis complementares; Grifo: A lei complementar vez de usar as expressões “anterior”, “seguinte” ou
irá regulamentar as matérias já reservadas a ela pela equivalentes, conforme determina a legislação federal
Constituição Federal, ou seja, que já são pré-deter- específica.
minadas.
§ 6º Lei Complementar disporá sobre a elaboração,
redação, alteração e consolidação das leis municipais
III - leis ordinárias; Grifo: a lei ordinária irá abordar
quaisquer outras matérias que não sejam regulamen-
Art. 167. A Lei Orgânica Municipal poderá ser
tadas por lei complementar, por decreto legislativo ou
emendada mediante proposta:
por resoluções.
I - de 1/3 (um terço), no mínimo, dos Vereadores;
IV - resoluções; Grifo: resolução são destinados a
regular as matérias da competência privativa da Câ- II - do Prefeito Municipal.
mara e as de caráter político, processual, legislativo ou
administrativo. A resolução aprovada e promulgada § 1º A proposta será votada em 2 (dois) turnos
tem eficácia de lei ordinária. com interstício mínimo de 10 (dez) dias corridos, e
aprovada por 2/3 (dois terços) dos Vereadores.
V - decretos-legislativos; Grifo: O Projeto de De-
creto Legislativo – PDL – é uma proposta elaborada § 2º A emenda à Lei Orgânica Municipal será pro-
por um vereador que se refere exclusivamente ao Po- mulgada pelo Poder Legislativo com o respectivo nú-
der Legislativo. Diferentemente dos Projetos de Lei, mero de ordem.
que passam por duas discussões e duas votações em
plenário, os PDLs enfrentam discussão e votação úni- § 3º A Lei Orgânica não poderá ser emendada na
cas. vigência de estado de sítio ou de intervenção no Mu-
nicípio.
VI - indicações legislativas.
§ 4º À matéria constante de proposta de emenda
§ 1º As deliberações do Poder Legislativo serão to- rejeitada ou havida por prejudicada, aplica-se o dis-
madas em 2 (dois) turnos de discussão e votação ou posto no art. 176.
em turno único, nos termos do Regimento Interno,
observado o disposto no § 2º deste artigo. Art. 168. A iniciativa das leis complementares e or-
dinárias cabe a qualquer Vereador, à Mesa Diretora
§ 2º O Presidente do Poder Legislativo poderá, de ou a qualquer Comissão Permanente ou Temporária
oficio, ou se requerido pela maioria dos Vereadores, Especial do Poder Legislativo, ao Prefeito e aos cida-
não designar Ordem do Dia, por número limitado de dãos, que a exercerão sob a forma de moção articula-
4 (quatro) sessões sequenciais ou intercaladas, para da, subscrita, no mínimo, por 5% (cinco por cento) do
prover discussões de matérias de alta complexidade eleitorado municipal.
e/ou de grande impacto aos servidores públicos mu-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 33


§ 1º As Comissões Permanentes e as Comissões II - disponham sobre:
Temporárias Especiais somente terão a iniciativa de
projetos de lei em matéria de sua especialidade. a) criação de cargos, funções ou empregos públi-
cos na administração direta e indireta ou aumento ou
§ 2º Os projetos de lei de iniciativa popular serão reajuste de sua remuneração;
apresentados à Câmara Municipal, firmados pelos in-
teressados, com a identificação de seu nome por ex- b) criação, extinção e definição de estrutura e atri-
tenso, números do título de eleitor e da zona eleitoral buições das Secretarias e órgãos de administração di-
de cada um, observadas as regulações constantes do reta e indireta;
Regimento Interno.
c) matéria orçamentária e financeira e a que au-
§ 3º O Presidente do Poder Legislativo, verifica- torize a abertura de créditos ou conceda auxílios e
das as condições de admissibilidade dos projetos de subvenções;
iniciativa popular, não poderá negar seu seguimento,
d) concessão de anistias fiscais e remissão de dívi-
devendo encaminhá-los às comissões competentes,
das e de créditos tributários;
adotado o procedimento legislativo regulado por esta
Lei Orgânica e pelo Regimento Interno. e) concessão de subvenção ou auxílio, ou que, de
qualquer modo, aumentem a despesa pública;
§ 4º À iniciativa popular, é permitida a requisição
de urgência para tramitação de proposição na Câmara f ) regime jurídico dos servidores municipais;
Municipal, nos respectivos termos regimentais e nas
condições e prazos estabelecidos por esta Lei Orgâ- g) instituição de planos e programas municipais, lo-
nica cais e setoriais de desenvolvimento.
Art. 169. As leis complementares somente serão § 1º A iniciativa privativa do Prefeito na proposição
aprovadas se obtiverem maioria absoluta dos votos de leis não elide o poder de emenda dos Vereadores.
dos Vereadores, observados os demais termos de vo-
tação das leis ordinárias. § 2º Não será admitido aumento da despesa pre-
vista nos projetos de iniciativa exclusiva do Prefeito,
Parágrafo único. São leis complementares muni- ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º, da Cons-
cipais, dentre outras previstas na legislação: tituição da República
I - Código Tributário; Grifo: contas públicas Art. 171. É da competência exclusiva da Mesa Dire-
tora a iniciativa das leis que:
II - Código de Obras; Grifo: intervenção em apare-
lhos públicos I - autorizem abertura de créditos suplementares
ou especiais, através do aproveitamento total ou par-
III - Código de Posturas; Grifo: ocupação do espa- cial das consignações orçamentárias da Câmara;
ço público
II - organizem os serviços administrativos da Câma-
IV - Lei que instituir: ra, criem, transformem ou extingam seus cargos, em-
pregos, funções e fixação da respectiva remuneração.
a) o plano diretor participativo;
Parágrafo único. Nos projetos de competência ex-
b) o regime jurídico dos servidores municipais;
clusiva da Mesa Diretora, não serão admitidas emen-
c) a criação de cargos, funções ou empregos pú- das que aumentem a despesa prevista, ressalvado o
blicos. disposto na parte final do inciso II deste artigo, se as-
sinada por 2/3 (dois terços), no mínimo, dos Verea-
Art. 170. São de iniciativa exclusiva do Prefeito as dores.
leis que:

I - fixem ou modifiquem os quantitativos de cargos,


empregos e funções públicas na administração munici- Art. 172. O Prefeito poderá solicitar urgência para
pal, ressalvado o disposto no art. 162, III; apreciação de projetos de sua iniciativa.

34 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


§ 1º Solicitada a urgência à Câmara, deverá se mani- projetos de resolução são destinados a regular as ma-
festar em até 30 (trinta) dias corridos sobre a propo- térias da competência privativa da Câmara e as de ca-
sição, contados da data em que for feita a solicitação. ráter político, processual, legislativo ou administrativo.
A resolução aprovada e promulgada tem eficácia de
§ 2º Esgotado o prazo previsto no § 1º sem deli- lei ordinária.
beração pelo Poder Legislativo, será a proposição in-
cluída na Ordem do Dia, sobrestando-se as demais § 1º Dividem-se as resoluções do Poder Legislativo
proposições, para que se ultime a votação. em:

§ 3º O prazo do § 1º não corre no período de re- I - resoluções da Mesa Diretora, dispondo sobre
cesso do Poder Legislativo nem se aplica aos projetos matéria de sua competência;
de lei complementar.
II - resoluções do Plenário.
Art. 173. Aprovado o projeto de lei, será este en-
viado ao Prefeito que, aquiescendo, o sancionará. § 2º As resoluções do Plenário podem ser propos-
tas por qualquer Vereador ou Comissão.
§ 1º O Prefeito, considerando o projeto, no todo
ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interes- § 3º Os decretos-legislativos tratam, entre outros
se público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo temas de efeito externo:
de 15 (quinze) dias úteis, contados da data do recebi-
I - concessão de licença ao Prefeito e ao Vice-Pre-
mento, e comunicará, dentro de 48 (quarenta e oito)
feito, nos termos do art. 184, § 1º;
horas, ao Presidente do Poder Legislativo os motivos
do veto. II - sustação dos atos normativos do Poder Exe-
cutivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
§ 2º Decorrido o prazo do parágrafo anterior, o
limites de delegações legislativas;
silêncio do Prefeito importará sanção.
III - aprovação ou rejeição das contas do Município;
§ 3º O veto parcial somente abrangerá texto inte-
gral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. IV - formalização de resultado de plebiscito, nos
termos desta Lei Orgânica.
§ 4º A apreciação do veto, pelo Poder Legislativo,
será feita dentro de 30 (trinta) dias corridos a contar § 4º Nos casos de projeto de resolução e de proje-
do seu recebimento, em uma só discussão e votação, to de decreto-legislativo, considerar-se-á concluída a
com parecer ou sem ele, só podendo ser rejeitado deliberação com a votação final a elaboração da nor-
pelo voto da maioria absoluta dos Vereadores, em ma jurídica, que será promulgada pelo Presidente do
voto nominal. Poder Legislativo.
§ 5º Findo sem deliberação o prazo estabelecido Art. 175. As deliberações do Poder Legislativo
no § 4º, o veto será colocado na Ordem do Dia da serão tomadas sempre por voto aberto, por maio-
sessão imediata, prevalecendo-se sobre as demais ria simples nas oportunidades em que não se exija a
proposições, até a sua votação final. maioria absoluta ou a maioria de 2/3 (dois terços),
conforme as determinações constitucionais, legais ou
§ 6º Rejeitado o veto, será o projeto enviado ao
regimentais aplicáveis em cada caso, respeitado o de-
Prefeito para que este o promulgue no prazo de 2
vido quórum qualificado de presença dos Vereadores
(dois) dias úteis.
no Plenário quando a matéria assim exigir para a sua
§ 7º A não promulgação da lei no prazo de até 15 votação.
(quinze) dias úteis pelo Prefeito, no caso do § 2º, e de
Art. 176. A matéria constante de projeto de lei
2 (dois) dias úteis, no caso do § 6º, autoriza o Presi-
rejeitado somente poderá constituir objeto de novo
dente do Poder Legislativo a fazê-lo em igual prazo.
projeto, na mesma sessão legislativa, mediante pro-
Art. 174. Os projetos de resolução disporão sobre posta da maioria absoluta dos Vereadores, ou, nos
matérias de interesse interno da Câmara e os projetos casos previstos no Regimento Interno, por iniciativa
de decreto legislativo, em sua competência privativa, da Comissão de Legislação Participativa, Revisão da
sobre os demais casos de efeito externo. Grifo: Os Lei Orgânica e do Regimento Interno, aprovada pela

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 35


maioria absoluta dos membros do Poder Legislativo. peciais.

Art. 177. O Poder Executivo Municipal é exercido Art. 182. Em caso de impedimento do Prefeito e
pelo Prefeito, auxiliado pelos Secretários Municipais e do Vice-Prefeito, ou vacância do cargo, assumirá a ad-
Diretores com atribuições equivalentes ou assemelha- ministração municipal o Presidente do Poder Legisla-
das. tivo.

Parágrafo único. Aplicam-se à elegibilidade para § 1º A recusa do Presidente do Poder Legislativo,


Prefeito e Vice-Prefeito as condições estabelecidas por qualquer motivo, a assumir o cargo de Prefeito,
nas disposições específicas constantes da Constituição importará em automática renúncia à sua função de
da República e da legislação eleitoral. dirigente do Poder Legislativo, ensejando o preenchi-
mento do cargo pelo membro da Mesa Diretora ocu-
Art. 178. O mandato do Prefeito é de 4 (quatro) pante de função imediatamente consecutiva.
anos e terá início em 1º de janeiro do ano seguinte ao
da sua eleição. § 2º Na hipótese de impedimento momentâneo do
Presidente do Poder Legislativo, por motivo de saúde
Art. 179. A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito ou de força maior devidamente justificado, não lhe re-
realizar-se-á simultaneamente com a de Vereadores, cairá renúncia automática até o prazo de afastamento
nos termos estabelecidos no art. 29, incisos de I e II demandado, e será chamado, para exercício interino
da Constituição da República. do Poder Executivo, o Vereador ocupante de cargo
sucessório, conforme disposto no § 1º.
Parágrafo único. A eleição do Prefeito importará a
do Vice-Prefeito com ele registrado. Art. 183. Verificando-se a vacância do cargo de
Prefeito e inexistindo Vice-Prefeito, observar-se-á o
Art. 180. O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão pos-
seguinte:
se na sessão solene de instalação da Câmara Municipal
após a posse dos Vereadores e prestarão o compro- I - ocorrendo a vacância nos 2 (dois) primeiros
misso de manter, defender e cumprir a Constituição, anos do mandato, dar-se-á eleição 90 (noventa) dias
observar as leis e administrar o Município visando o corridos após a sua abertura, cabendo aos eleitos
seu bem geral. completar o período de seus antecessores;
§ 1º No dia da posse, o Prefeito e o Vice-Prefeito II - ocorrendo a vacância nos 2 (dois) últimos anos
deverão apresentar a declaração de bens e rendimen- de mandato, assumirá o Presidente do Poder Legislati-
tos, a qual deverá ser repetida em até 30 (trinta) dias vo, que completará o período.
corridos do final do mandato e ser transcrita em livro
próprio e/ou estar apensada em arquivo específico, Art. 186. Os subsídios do Prefeito e do Vice-Pre-
inclusive para conhecimento público. feito serão fixados, obrigatoriamente, no segundo se-
mestre do último ano de cada legislatura, para vigorar
§ 2º Decorridos 10 (dez) dias corridos da data fixa- na seguinte, obedecidos os seguintes critérios:
da para a posse, se o Prefeito ou o Vice-Prefeito, salvo
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, I - para o subsídio do Prefeito, o valor equivalente
este será declarado vago. a, no máximo, o subsídio mensal, em espécie, dos Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal;
Art. 181. O Vice-Prefeito substituirá o Prefeito em
seus impedimentos e ausências e suceder-lhe-á no II - para o subsídio do Vice-Prefeito, 50% (cinquen-
caso de vaga. ta por cento) do valor do subsídio do Prefeito.

§ 1º O Vice-Prefeito não poderá recusar-se a subs- Art. 187. Compete ao Prefeito, entre outras atri-
tituir o Prefeito, sob pena de extinção do mandato, buições:
salvo motivo de força maior ou de doença compro-
vada. I - iniciar o processo legislativo, na forma e casos
previstos nesta Lei Orgânica;
§ 2º O Vice-Prefeito, além de outras atribuições
que lhe forem conferidas por lei, auxiliará o Prefeito, II - representar o Município em Juízo e fora dele;
sempre que por ele for convocado para missões es-

36 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


III - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis te denominação aprovada pelo Poder Legislativo;
aprovadas pelo Poder Legislativo e expedir os regula-
mentos para sua fiel execução; XXIII - convocar extraordinariamente os Vereado-
res quando o interesse da administração o exigir;
IV - vetar, no todo ou em parte, os projetos de lei
aprovados pelo Poder Legislativo; XXIV - aprovar projetos de edificação e planos de
loteamento, arruamento e zoneamento urbano ou
V - autorizar despesas, movimentar recursos e para fins urbanos;
transferências financeiras, sendo delegável desde que
em ato normativo expresso; XXV - apresentar, anualmente, à Câmara, relatório
sobre o estado das obras e dos serviços municipais;
VI - nomear e exonerar Subprefeitos, Secretários
Municipais ou autoridades correlatas da administração XXVI - organizar os serviços internos das repar-
direta e indireta; tições criadas por lei, com observância do limite das
dotações a elas destinadas;
VII - decretar, nos termos da lei, a desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse XXVII - contrair empréstimos e realizar operações
social; de crédito, mediante prévia autorização do Poder Le-
gislativo;
VIII - expedir decretos, portarias e outros atos ad-
ministrativos; XXVIII - providenciar sobre a administração dos
bens do Município e sua alienação, na forma da lei;
XIV - remeter à Câmara os demais relatórios de
que trata o art. 147; XXIX - organizar e dirigir, nos termos da lei, os ser-
viços relativos às terras do Município;
XV - enviar aos órgãos competentes as prestações
de contas exigidas em lei; XXX - desenvolver o sistema viário do Município;

XVI - fazer publicar os atos oficiais; XXXI - conceder auxílios, subvenções e outras de-
duções devidamente reguladas em lei, nos limites das
XVII - responder os pedidos de informações do respectivas verbas orçamentárias e do plano de dis-
Poder Legislativo, quando feitos a tempo e em forma tribuição, prévia e anualmente aprovado pelo Poder
regular, nos termos aplicáveis desta Lei Orgânica; Legislativo;

XVIII - prover os serviços e obras da administração XXXII - providenciar o incremento do ensino;


pública;
XXXIII - estabelecer a divisão administrativa do
XIX - superintender a arrecadação dos tributos, Município, de acordo com a lei;
bem como a guarda e aplicação da receita, autorizan-
do as despesas e pagamentos dentro das disponibi- XXXIV - solicitar o auxílio das autoridades policiais
lidades orçamentárias ou dos créditos votados pelo do Estado para garantia do cumprimento de seus atos;
Poder Legislativo;
XXXV - solicitar, obrigatoriamente, autorização ao
XX - colocar à disposição do Poder Legislativo, Poder Legislativo, para ausentar-se do Município por
dentro de 15 (quinze) dias corridos de sua requisição, tempo superior a 15 (quinze) dias consecutivos;
as quantias que devam ser despendidas de uma só vez,
XXXVI - adotar providências para a conservação e
até o dia 10 (dez) de cada mês, os recursos corres-
salvaguarda do patrimônio municipal;
pondentes às suas dotações orçamentárias, compre-
endendo os créditos suplementares e especiais; XXXVII - publicar, até 30 (trinta) dias corridos após
o encerramento de cada bimestre, relatório resumido
XXI - aplicar multas previstas em leis e contratos,
da execução orçamentária;
bem como revê-las quando impostas irregularmente;
XXXVIII - estimular e assegurar a participação po-
XXII - oficializar, obedecidas as normas urbanísti-
pular, sobretudo daquelas condições previstas em lei;
cas aplicáveis, as vias e logradouros públicos, median-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 37


XXXIX - revogar atos administrativos por razão de da Transparência e poderá ser amplamente divulgado,
interesse público e anulá-los por vício de ilegalidade, por meio eletrônico, pela mídia impressa, radiofônica
observado o devido processo legal; e televisiva e publicado no Diário Oficial do Município
no dia imediatamente seguinte ao do término do pra-
XL - celebrar convênios, acordos ou qualquer ou- zo referido no caput.
tro instrumento, com a União, Estados ou Municípios,
inclusive com empresas públicas, sociedade de econo- § 2º O Poder Executivo promoverá, dentro de 30
mia mista, fundações e outros órgãos da administra- (trinta) dias corridos após o término do prazo a que
ção direta e indireta, na se refere este artigo, quando possível, o debate públi-
co sobre o programa de metas mediante audiências
forma da lei; públicas gerais e temáticas nos distritos urbanos e ru-
rais.
XLI - enviar ao Tribunal de Contas, no prazo de
180 (cento e oitenta) dias corridos do encerramento § 3º O Poder Executivo divulgará, semestralmente,
do exercício financeiro vigente, a prestação de contas os indicadores de desempenho relativos à execução
do exercício imediatamente anterior; dos diversos itens do programa de metas.
XLII - devolver, dentro do prazo e dos termos re- § 4º O Prefeito poderá proceder a alterações no
gulados pelo Regimento Interno da Câmara, todos osprograma de metas sempre em conformidade com
projetos a lei do plano diretor participativo, justificando-as e
publicando-as no Portal da Transparência, podendo
encaminhados para audiência e, não o fazendo, o
ainda divulgá-las amplamente pelos outros meios de
mesmo será apreciado e votado pela cópia;
comunicação mencionados no § 1º.
XLIII - apresentar o programa de metas de sua ges-
§ 5º Os indicadores de desempenho serão elabora-
tão, nos termos do art. 188;
dos e fixados conforme os seguintes critérios:
§ 1º O Prefeito poderá delegar, por decreto, a seus
I - promoção do desenvolvimento com sustentabi-
auxiliares, as funções administrativas, previstas nos in-
lidade ambiental, social e econômica;
cisos V, X, XIV, XVI, XVII, XVIII, XXV, XXVI, XXX,
XXXII, XXXVI e XLII, observado, em relação ao inci- II - inclusão social com redução das desigualdades
so VIII, o disposto no art. 58, § 2º. regionais e sociais;
§ 2º Os processos concernentes à concessão do III - atendimento das funções sociais do Município
disposto no inciso XXXI, bem como de recursos que com melhoria da qualidade de vida urbana;
envolvam editais públicos, obrigatoriamente consta-
rão de prestação de contas pormenorizada das re- IV - promoção do cumprimento da função social
ceitas e das despesas apresentada pelo beneficiário, da propriedade;
a qual deverá estar acessível a qualquer cidadão no
Portal da Transparência do Município. V - promoção e defesa dos direitos fundamentais
individuais e sociais de toda pessoa humana;
Art. 188. O Prefeito deverá apresentar programa
de metas de sua gestão, em até 180 (cento e oitenta) VI - promoção de meio ambiente ecologicamente
dias corridos do primeiro ano de mandato, que conte- equilibrado e combate à poluição sob todas as suas
rá as prioridades, as ações estratégicas, os indicadores formas;
e metas quantitativas para cada um dos setores da ad-
VII - universalização do atendimento dos serviços
ministração pública municipal, Secretarias, Autarquias,
públicos municipais;
Superintendências, programas, administrações de dis-
tritos e bairros da cidade, observando, no mínimo, as § 6º O Poder Executivo, especialmente em relação
diretrizes de sua campanha eleitoral e os objetivos, ao inciso VII, deverá primar pela regularidade, conti-
diretrizes, ações estratégicas e demais normas da lei nuidade, eficiência, rapidez, segurança e cortesia no
do plano diretor participativo. atendimento ao cidadão, observando-se, ainda, a uti-
lização das melhores técnicas, métodos, processos e
§ 1º O programa de metas será publicado no Portal
equipamentos, além de modicidade das tarifas e pre-

38 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


ços públicos que contemplem diferentemente as con- funcional, de acordo com os conjuntos de ativida-
dições econômicas da população. des a que as áreas se destinam, particularmente quan-
to às atividades consideradas como urbanas e rurais;
Art. 264. O Município integra o processo de de-
senvolvimento regional, estadual e nacional pela efici- c) institucional e administrativa, conforme as
ência dos esforços públicos e privados na mobilização necessidades da ação governamental, inclusive de pla-
dos seus recursos materiais e humanos com vista à nejamento e controle;
elevação do nível de renda e do bem-estar de sua po-
pulação. II - os aspectos a serem objeto de controle gover-
namental;
Art. 265. A política de desenvolvimento do Muni-
cípio estabelecerá as diretrizes e bases do desenvolvi- III - os parâmetros referenciais a serem obedecidos
mento socioeconômico equilibrado, consideradas as no controle.
características e as necessidades do Município, bem
Art. 268. O Poder Executivo garantirá a existência
como a sua integração na Região Serrana e no restan-
de cartografia básica e o registro cadastral fundiário e
te do Estado.
de todos os elementos construídos no Município, para
Parágrafo único. Na fixação dos princípios, ob- permitir a ordenação e o zoneamento do território
jetivos e instrumentos, a política de desenvolvimento municipal.
do Município destacará os aspectos econômicos, so-
§ 1º A atualização cartográfica e cadastral do Mu-
ciais e territoriais em geral e, de forma particular, o
nicípio será realizada periodicamente por meios tec-
desenvolvimento nas áreas urbanas e rurais, entendi-
nológicos, inclusive os provenientes de recursos e
do como resultante da interação destes aspectos.
equipamentos aerofotográficos, georreferenciamento
Art. 266. O aspecto territorial será tratado de for- e afins.
ma que a organização espacial do Município estabele-
§ 2º O registro cadastral fundiário e dos elementos
ça uso e ocupação do solo em compatibilidade com
construídos abrangerá todos os imóveis do Município,
o processo de desenvolvimento sustentável, especial-
sujeitos ou não à tributação.
mente quanto ao saneamento geral e básico e à ob-
tenção de condições adequadas de utilização do meio § 3º A cartografia básica integrará o sistema de
ambiente, considerando, ainda, a topografia específica informações do Município e será executada com as
do Município e as variantes climáticas provocadas pe- especificações técnicas adequadas à elaboração de es-
las oscilações de altitude que incidem na diversidade tudos, planos e projetos de desenvolvimento.
produtiva da agricultura.
Art. 269. O Município deverá, em atuação conjunta
Parágrafo único. O Município, nos processos de com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
georreferenciamento de dados, se servirá de meto- (IBGE), planejada e progressivamente definir os limi-
dologias e ferramentas da inteligência territorial e de tes:
outras disponíveis, a fim de proporcionar necessário
desenvolvimento sustentável. I - dos bairros dos distritos urbanos;
Art. 267. A ordenação do território do Município II - das vilas e localidades dos distritos rurais.
é condição básica para o exercício das funções socio-
econômicas e o desenvolvimento municipal. Art. 270. O uso e a ocupação do solo do território
municipal serão disciplinados de acordo com as dire-
Parágrafo único. Para garantir o desenvolvimento trizes para o desenvolvimento do Município, particu-
do Município, a ordenação do território definirá: larmente quanto ao seu aspecto urbano, observado o
disposto nos arts. 285, 287 e 293, tendo como refe-
I - as diversas classes de organização espacial, con- rência estratégica o plano diretor participativo.
siderando-as como:
§ 1º As normas de controle do uso e da ocupação
natural, definindo as áreas correspondentes a cada do solo do Município serão formalizadas abrangendo
tipo de ocorrência; todas as disposições referentes ao assunto, inclusive
federais e estaduais quando relativas ao território mu-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 39


nicipal. mento estratégico, articulado e integrado em relação
ao plano diretor e à legislação orçamentária prevista
§ 2º Deverão ser consideradas as características no art. 258, com o fim de integrar os objetivos insti-
geológicas do território, procurando mapear áreas: tucionais dos órgãos e entidades municipais entre si,
bem como as ações federais, estaduais e regionais que
I - estáveis: propícias ao desenvolvimento urbano e
se relacionem com o desenvolvimento sustentável do
rural e à ocupação segura pela população;
Município.
II - instáveis: inadequadas ao desenvolvimento ur-
§ 1º O planejamento municipal compreenderá to-
bano e rural, caracterizando-se como inseguras à ocu-
dos os órgãos setoriais da administração direta e indi-
pação pela população, carecendo receber medidas de
reta, garantindo a compatibilização interna dos planos
prevenção, proteção, controle e vigilância pela admi-
estabelecidos nesta Lei Orgânica e os programas de
nistração pública;
governo, relativos a projetos, orçamento público e
III - de proteção ambiental, com vistas à sua con- modernização administrativa.
servação ou restauração.
§ 2º São instrumentos de execução do planejamen-
§ 3º O Poder Executivo utilizará os recursos técni- to municipal:
cos e tecnológicos de processamento de informações
I - de caráter global:
para promover a permanente atualização das normas
referidas no § 1º e a resposta rápida e eficiente às con- a) plano diretor;
sultas dos interessados.
b) plano plurianual;
Art. 271. O Município garantirá a função social da
propriedade urbana e rural, respeitado o disposto na c) lei de diretrizes orçamentárias;
Constituição da República, na Constituição do Estado
e nesta Lei Orgânica. d) orçamento anual;

§ 1º A função social é cumprida quando a proprie- II - de caráter setorial:


dade urbana e rural atende, simultaneamente, segun-
a) planos municipais, sobretudo os previstos nesta
do critérios e graus de exigências estabelecidos em lei,
Lei Orgânica, e seus desdobramentos;
aos seguintes requisitos:
b) planos de desenvolvimento dos distritos, com-
I - aproveitamento racional adequado;
preendidas as potencialidades específicas dos bairros,
II - utilização adequada dos recursos disponíveis e vilas e localidades que os integram;
de preservação e conservação do meio ambiente;
c) incentivos a setores produtivos específicos de
III - exploração que favoreça o bem-estar dos pro- interesse estratégico para o Município.
prietários e dos trabalhadores.
§ 3º Os planos integrantes do processo de planeja-
§ 2º A desapropriação por necessidade ou utilidade mento terão as seguintes funções:
pública será efetuada mediante justa e prévia indeni-
I - fornecer bases para elaboração orçamentária;
zação em dinheiro, admitida a indenização em títulos
de dívida pública nos casos e na forma previstos na II - orientar a programação física e financeira dos
Constituição da República. órgãos e entidades da administração pública;
§ 3º Em caso de perigo público iminente, a autori- III - tornar públicos dados e informações referentes
dade competente poderá usar de propriedade parti- ao Município, bem como objetivos e diretrizes da ad-
cular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, ministração pública;
se houver dano.
IV - orientar as ações de todas as concessionárias
Art. 272. O Município organizará suas ações go- de serviços públicos municipais;
vernamentais obedecendo a processo permanente e
sistêmico de planejamento, especialmente no trata- V - orientar as ações do governo municipal em suas

40 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


relações com órgãos da União e do Estado. § 3º O plano diretor deverá englobar o território
do Município como um todo.
§ 4º Os planos vinculam os atos dos órgãos e enti-
dades que compõem a administração direta e indireta. § 4º A lei que instituir o plano diretor deverá ser
revista, pelo menos, a cada 10 (dez) anos.
§ 5º A elaboração e execução dos planos munici-
pais devem ser compreendidas como prioritários ao § 5º No processo de elaboração do plano diretor e
desenvolvimento do Município e obedecerão às di- na fiscalização de sua implementação, os Poderes Le-
retrizes do plano diretor e terão acompanhamento e gislativo e Executivo garantirão:
avaliação permanentes.
I - a promoção de audiências públicas e debates
§ 6° O planejamento é determinante para o setor com a participação popular através de entidades re-
público e indicativo para o setor privado, cuja iniciativa presentativas da comunidade, nas fases de elabora-
é livre, desde que não contrarie os interesses do Po- ção, implementação, acompanhamento e avaliação do
der Público e da sociedade. plano diretor;

Art. 273. O Poder Público incentivará e assegura- II - a publicidade quanto aos documentos e infor-
rá a participação da população e dos setores socio- mações produzidos;
econômicos em todos os processos relacionados ao
planejamento do Município, especialmente no acom- III - o acesso de qualquer interessado aos docu-
panhamento e fiscalização da execução dos instru- mentos e informações produzidos.
mentos referidos no art. 272, § 2º, I e II, no que con-
§ 6º As intervenções de órgãos federais, estaduais
cerne à definição de prioridades, objetivos dos gastos
e municipais deverão estar de acordo com as diretri-
públicos e formas de custeio.
zes definidas pelo plano diretor.
Art. 274. A propriedade urbana cumpre sua fun-
§ 7º O plano diretor será proposto pelo Poder Exe-
ção social quando atende às exigências fundamentais
cutivo e aprovado pelo Poder Legislativo, conforme
de ordenação da cidade expressas no plano diretor,
disposto nesta Lei Orgânica.
assegurando o atendimento das necessidades dos ci-
dadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e Art. 276. O processo de elaboração do plano di-
ao desenvolvimento das atividades econômicas, res- retor contemplará etapas sucessivas, com definição:
peitadas as diretrizes previstas no art. 293 desta Lei
Orgânica. I - dos problemas prioritários do desenvolvimento
urbano local e dos objetivos e diretrizes para o seu
Art. 275. O plano diretor, cuja essência perpas- tratamento;
sa a participação popular, é parte integrante de um
processo contínuo de planejamento estratégico a ser II - dos programas, normas e projetos a serem ela-
conduzido pelo Município, abrangendo a totalidade borados e implementados;
do respectivo território e contendo diretrizes de uso
e ocupação do solo, vocação das áreas rurais, defesa III - do orçamento municipal para o desenvolvi-
dos mananciais e demais recursos naturais, vias de cir- mento urbano, juntamente com as metas, programas
culação integradas, zoneamento, índices urbanísticos, e projetos a serem implementados pelo Poder Execu-
áreas de interesse especial e social, diretrizes econô- tivo.
mico-financeiras e administrativas.
Art. 277. O plano diretor deverá conter no míni-
§ 1º É atribuição do Poder Executivo conduzir, no mo, observadas as condições determinadas pela legis-
âmbito do processo de planejamento municipal, as fa- lação federal que estabelece diretrizes gerais da polí-
ses de discussão e elaboração do plano diretor, bem tica urbana:
como a sua posterior implementação.
I - delimitação, em lei municipal específica, das áre-
§ 2º O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias as urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento,
e o orçamento anual deverão incorporar as diretrizes edificação ou utilização compulsórios, considerando a
e as prioridades do plano diretor. existência de infraestrutura e de demanda para utili-
zação;

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 41


II - direito de preempção que confere preferência geotécnicas;
ao Município para aquisição de imóvel urbano objeto
de alienação onerosa entre particulares, observando- X - planejamento de ações de intervenção preven-
-se que: tiva e realocação de população de áreas de risco de
desastre;
a) a lei delimitará as áreas em que incidirá o direito
de preempção e fixará prazo de vigência, não superior XI - obras de contenção e drenagem urbana ne-
a 5 (cinco) anos, renovável a partir de um ano após o cessárias à prevenção e à mitigação de impactos de
decurso do prazo inicial de vigência; desastres;

b) o direito de preempção fica assegurado durante XII - diretrizes para a regularização fundiária de as-
o prazo de vigência fixado na forma da alínea anterior, sentamentos urbanos e rurais irregulares, se houver,
independentemente do número de alienações refe- observadas as legislações federal e estaduais pertinen-
rentes ao mesmo imóvel; tes, e previsão de áreas para habitação de interesse
social por meio da demarcação de zonas especiais de
III - faculdade de fixar áreas nas quais o direito de interesse social e de outros instrumentos de política
construir poderá ser exercido acima do coeficiente de urbana, onde o uso habitacional for permitido;
aproveitamento básico adotado, mediante contrapar-
tida financeira a ser paga pelo beneficiário; XIII - identificação e diretrizes para a preservação
e ocupação das áreas verdes municipais, quando for o
IV - possibilidade de fixar áreas nas quais poderá caso, com vistas à redução da impermeabilização da
ser permitida alteração de uso do solo, mediante con- cidade.
trapartida financeira a ser paga pelo beneficiário;
Parágrafo único. O Poder Executivo, em rela-
V - meios de delimitar, em lei específica, área para ção ao que dispõe o inciso XII, declarará de utilida-
aplicação de operações consorciadas; de pública, por meio de decreto, áreas para fins de
regularização fundiária por interesse social, para que
VI - viabilidade de autorizar o proprietário de imó- empresas como a de iluminação e de água e esgoto
vel urbano, privado ou público, a exercer em outro lo- proporcionem seus respectivos serviços, nos termos
cal, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de das regulações federais específicas.
construir previsto no plano diretor ou em legislação
urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel Art. 278. A lei estabelecerá, conforme determina
for considerado necessário para fins de: a legislação federal que estabelece diretrizes gerais da
política urbana, as condições a serem observadas para
a) implantação de equipamentos urbanos e comu- a outorga onerosa do direito de construir e de altera-
nitários; ção de uso, determinando: Grifo: forma de compacta-
ção da cidade (construções verticais);
b) preservação, quando o imóvel for considerado
de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social I - a fórmula de cálculo para a cobrança;
ou cultural;
II - os casos passíveis de isenção do pagamento da
c) servir a programas de regularização fundiária, ur- outorga;
banização de áreas ocupadas por população de baixa
renda e habitação de interesse social; III - a contrapartida financeira a ser paga pelo be-
neficiário.
VII - sistema de acompanhamento e controle;
Art. 279. O direito de preempção de que trata o
VIII - parâmetros de parcelamento, uso e ocupação inciso II do art. 277 será exercido sempre que o Poder
do solo, de modo a promover a diversidade de usos e Público necessitar de áreas para:
a contribuir para a geração de emprego e renda;
I - regularização fundiária;
IX - mapeamento contendo as áreas suscetíveis à
ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inun- II - execução de programas e projetos habitacionais
dações bruscas ou processos geológicos ou hidrológi- de interesse social;
cos correlatos, levando-se em consideração as cartas

42 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


III - constituição de reserva fundiária; cos para proteção ambiental e do patrimônio históri-
co e cultural;
IV - ordenamento e direcionamento da expansão
urbana; VII - definição de mecanismos para garantir a jus-
ta distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do
V - implantação de equipamentos urbanos e comu- processo de urbanização do território de expansão
nitários; urbana e a recuperação para a coletividade da valori-
zação imobiliária resultante da ação do Poder Público
VI - criação de espaços públicos de lazer e áreas
verdes; § 1º O projeto específico de que trata o caput de-
verá ser instituído por lei municipal e atender às dire-
VII - criação de unidades de conservação ou prote-
trizes do plano diretor.
ção de outras áreas de interesse ambiental;
§ 2º Se o plano diretor contemplar todas as exi-
VIII - proteção de áreas de interesse histórico, cul-
gências estabelecidas no caput com seus respectivos
tural ou paisagístico;
incisos, o Município ficará dispensado da elaboração
Parágrafo único. A lei municipal prevista no inci- do projeto específico de que trata este artigo.
so II do art. 277 deverá enquadrar cada área em que
§ 3º A aprovação de projetos de parcelamento do
incidirá o direito de preempção em uma ou mais das
solo no novo perímetro urbano ficará condicionada à
finalidades enumeradas por este artigo.
existência do projeto específico e deverá obedecer às
Art. 280. O plano diretor conterá disposições que suas disposições.
assegurem a preservação do perfil das edificações de
Art. 460. O Município instituirá em lei Rede Perma-
sítios e logradouros de importância especial para o
nente de Atenção Social (REPAS) mediante integra-
desenho urbano tradicional do município.
ção sistêmica e estratégica de órgãos municipais para
Art. 281. Em havendo pretensão estratégica de formulação e implementação de políticas públicas de
ampliar o seu perímetro urbano, respeitados os limi- educação, esporte, cultura, lazer, saúde, assistência
tes a serem estabelecidos, nos termos do princípio social, segurança, drogas e promoção dos direitos hu-
constante do inciso I do parágrafo único do art. 287, manos.
o Município deverá elaborar projeto específico o qual
§ 1º A REPAS englobará, sobretudo, a política de
contenha, no mínimo:
atenção à criança, ao adolescente, ao jovem e ao ido-
I - demarcação do novo perímetro urbano; so.

II - delimitação dos trechos com restrições à urba- § 2º A REPAS formulará planejamento para o uso
nização e dos trechos sujeitos a controle especial em dos diversos equipamentos de esporte e cultura pelas
função de ameaça de desastres naturais; comunidades, a fim de que haja provimento de ativida-
des para a criança, o adolescente, o jovem e o idoso.
III - definição de diretrizes específicas e de áreas
que serão utilizadas para infraestrutura, sistema viário, § 3º Para envolver, articular, integrar, desenvolver e
equipamentos e instalações públicas, urbanas e sociais; executar as ações da REPAS, o Município poderá fir-
mar parcerias, celebrar convênios e estabelecer pro-
IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso gramas de estágios com universidades e instituições
e ocupação do solo, de modo a promover a diversi- de ensino profissionalizante e de estímulo a atividades
dade de usos e contribuir para a geração de emprego de convivência, incluindo entidades do terceiro setor.
e renda;
§ 4º A lei de que trata o caput também regulará:
V - a previsão de áreas para habitação de interesse
social por meio da demarcação de zonas especiais de I - a participação das entidades apoiadas e subven-
interesse social e de outros instrumentos de política cionadas pelo Município na REPAS;
urbana, quando o uso habitacional for permitido;
II - as disposições orçamentárias para execução das
VI - definição de diretrizes e instrumentos específi- atividades da REPAS;

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 43


III - a participação das comunidades por meio do Art. 462. A educação, direito de todos e dever do
estímulo à interação popular. Estado e da família, baseada na justiça social, na de-
mocracia e no respeito aos direitos humanos, ao meio
§ 5º O Município poderá convidar órgãos estaduais ambiente e aos valores culturais, será prioritariamente
e federais, inclusive o Ministério Público, a Defensoria promovida e incentivada pelo Município, com colabo-
Pública e agentes do Poder Judiciário, para integrar, ração da União, do Estado e da sociedade, incluindo
em regime de colaboração, a REPAS. dos veículos de comunicação, visando ao desenvolvi-
mento da pessoa e sua participação política na vida
§ 6º A REPAS concentrará, na execução de suas
em sociedade, assegurando-lhe:
atividades, recursos orçamentários provenientes dos
órgãos municipais que a integram. I - a formação básica a que todos têm direito;
§ 7º A REPAS priorizará, em suas ações progressi- II - a orientação para o trabalho e para a prática
vas, as comunidades identificadas como socialmente social.
mais vulneráveis.
§ 1º A educação é um direito inalienável do edu-
Art. 461. O Município deverá promover inventário cando.
social e levantamento de indicadores sociais para atu-
ação pontual da Rede Permanente de Atenção Social. § 2º A educação abrange os processos formativos
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
Parágrafo único. A constituição do inventário humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pes-
social é prioritária para mapear e regular as ações da quisa, nos movimentos sociais e organizações da so-
política social do Município e condição essencial e es- ciedade civil e nas manifestações culturais.
tratégica para desenvolvimento da REPAS.

DO DEVER DE EDUCAR E DOS PRINCIPIOS DA EDUCACAO

§ 3º Constitui dever da família, representada pelos pais ou responsáveis, matricular, acompanhar e incentivar
as crianças em idade de escolarização obrigatória nos estabelecimentos de ensino que promovam a educação
formal e especial, sob pena de responsabilidade previstas em lei.

44 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


§ 4º É dever dos pais ou responsáveis a efetuação da matrícula das crianças na educação básica a partir dos
4 (quatro) anos de idade.

§ 5º É dever da sociedade a comunicação à autoridade escolar da existência de crianças e adolescentes que


não estejam recebendo a escolarização obrigatória, bem como primar pelo processo educacional como instru-
mento essencial do desenvolvimento da vida.

Art. 463. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, cabendo ao Município a adoção de me-
didas e mecanismos capazes de torná-la efetiva;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a cultura, a arte, o desporto e o saber,
vedada qualquer discriminação;

III - pluralismo de ideias, princípios ideológicos e concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - gratuidade do ensino público para todos em estabelecimentos oficiais;

VII - gestão democrática do ensino público, em to- h) oferta ao alunado do número mínimo de dias de
dos os níveis e esferas da gestão, na forma da lei; aula por ano letivo na forma da lei;

VIII - valorização dos profissionais de educação, ga- i) assistência especial aos educandos com dificulda-
rantindo, na forma da lei, planos de cargos, carreiras e des que impeçam o seu rendimento no nível da média
salários para o magistério público e demais profissio- de sua série escolar ou de sua faixa etária;
nais envolvidos no processo educacional, com piso sa-
larial profissional conforme estabelecido em lei fede- j) regionalização do ensino, segundo as caracterís-
ral, gratificação adicional em escola de difícil acesso ou ticas socioeconômicas e culturais, adotando e imple-
provimento e ingresso exclusivamente por concurso mentando calendário ajustado às características re-
público de provas e títulos; gionais, progressiva oferta das nove séries do ensino
fundamental nos distritos e regionalização dos currí-
IX - garantia de padrão de qualidade mediante: culos e dos programas.

a) salários e condições de trabalho condignos para X - educação igualitária, eliminando estereótipos


profissionais de educação; sexistas, racistas e sociais das aulas, cursos, livros didá-
ticos ou de leitura complementar e manuais escolares;
b) material e equipamento escolar modernos e efi-
cientes; XI - valorização da experiência extraescolar;

c) estabelecimento de mecanismos que otimizem a XII - vinculação entre a educação escolar, o traba-
produtividade dos profissionais de educação; lho e as práticas sociais;

d) aprimoramento periódico com vista à capacita- XIII - consideração com a diversidade étnica;
ção permanente dos profissionais de educação;
XIV - garantia do direito à educação e à aprendiza-
e) medidas que garantam o cumprimento da carga gem ao longo da vida.
horária estabelecida;
Parágrafo único. As disposições deste artigo de-
f ) nível de excelência da formação; vem ser aplicadas e interpretadas em conjunto com
todas as regras protetivas dos direitos da criança e do
g) segurança do ambiente escolar; adolescente previstas na Constituição da República e

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 45


na legislação federal que dispõe sobre o estatuto da XI - liberdade de organização dos educandos, pro-
criança e do adolescente. fessores, funcionários e pais de alunos, sendo faculta-
da a utilização das instalações do estabelecimento de
Art. 464. Além do disposto na legislação federal ensino, sem prejuízo das atividades normais;
que estabelece as diretrizes e bases da educação na-
cional, o dever do Município com educação escolar XII - submissão, quando necessário, dos educandos
pública será efetivado mediante a garantia de: matriculados na rede municipal de ensino a testes de
acuidade visual e auditiva, a fim de detectar possíveis
I - educação infantil - creche e pré-escola - gratuita, desvios de desenvolvimento;
nos termos dos arts. 487 a 489;
XIII - assistência à saúde no que respeita ao trata-
II - ensino fundamental obrigatório e gratuito às mento médico-odontológico e atendimento aos edu-
crianças e adolescentes, nos termos dos arts. 490 a candos com problemas psicológicos ou destes decor-
493, incluindo aqueles que não o tiverem concluído rentes;
ou que sequer tenham tido acesso a ele para conclu-
são na idade própria de 14 (quatorze) anos, conforme XIV - ampliação, conservação e melhoria da rede
disposto nos arts. 494 e 495; física de ensino;

III - ensino regular noturno do primeiro ao nono XV - transparência dos atos próprios para a ga-
ano do ensino fundamental para educandos impossi- rantia de acesso e para o desenvolvimento do ensino,
bilitados de frequentar escolas nos horários regulares, bem como em relação ao uso das verbas próprias da
consoante disposto no inciso II; educação.

IV - atendimento educacional especializado gratui- § 1º Será permitida a atuação do Município em


to aos educandos com deficiência, transtornos globais outros níveis de ensino somente quando estiverem
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdota- atendidas plenamente as necessidades de sua área de
ção, transversal a todos os níveis, etapas e modalida- competência e com recursos acima dos percentuais
des, preferencialmente na rede regular de ensino; mínimos vinculados pela Constituição da República à
manutenção e desenvolvimento do ensino.
V - oferta de educação escolar regular para jovens
e adultos, com características e modalidades adequa- § 2º As observâncias à saúde, a que se referem os
das às suas necessidades e disponibilidades, garantin- incisos XII e XIII, objetivam assegurar as condições
do-se aos que forem trabalhadores as condições de físicas, mentais, psíquicas e sociais necessárias à efi-
acesso e permanência na escola; ciência escolar e à promoção humana, devendo ser
realizada por equipe multidisciplinar, encarregada do
VI - orientação e estímulo, por todos os meios, à planejamento e da execução ou mediante programas,
educação física, a qual será obrigatória nos estabeleci- parcerias e convênios com instituições públicas ou pri-
mentos municipais de ensino; vadas.
VII - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da § 3º Nos processos de ampliação ou melhoria da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade rede física de ensino, conforme disposto no inciso
de cada um; XIV, obrigatoriamente deverão ser observadas e con-
sideradas, no processo arquitetônico, as especificida-
VIII - igualdade de condições de acesso e perma-
des de cada faixa etária.
nência na escola;
Art. 465. O Município, no âmbito de suas compe-
IX - atendimento ao educando, por meio de pro-
tências educacionais, deverá primar para que: (grifo:
gramas suplementares de material didático-escolar,
metas educacionais)
transporte, alimentação, autogestão escolar e assis-
tência à saúde; I - toda criança esteja plenamente alfabetizada,
apresentando habilidades básicas de leitura, escrita e
X - padrões mínimos de qualidade de ensino, de-
matemática até os 8 (oito) anos de idade ou até o final
finidos como a variedade e quantidade mínimas, por
do 2º ano do ensino fundamental;
educando, de insumos indispensáveis ao desenvolvi-
mento do processo de ensino aprendizagem;

46 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


II - todas as crianças e todos os adolescentes, com- Art. 468. Nos processos de matrícula, deverão ser
preendidos entre 4 (quatro) e 15 (anos), estejam ma- observadas as diretrizes emanadas pelo órgão muni-
triculados e frequentando a escola ou tenham conclu- cipal de educação e pelo conselho municipal de edu-
ído o ensino fundamental; cação.

III - todos os educandos sob sua responsabilidade Art. 469. O sistema municipal de educação integra
aprendam o que é adequado para o seu ano. os sistemas nacional e estadual e será organizado em
regime de colaboração com os respectivos entes fe-
Art. 466. O acesso à educação básica obrigatória é derativos.
direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão,
grupo de cidadãos, associação comunitária, organiza- § 1º O sistema municipal de educação é constituído
ção sindical, entidade de classe ou outra legalmente por:
constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o
Poder Público para exigi-lo. I - Órgão Municipal de Educação;

§ 1º O Poder Público Municipal, na esfera de sua II - Conselho Municipal de Educação;


competência, deverá:
III - Conselho Municipal de Acompanhamento e
I - prover o censo escolar da educação básica, nos Controle Social do Fundo de Manutenção de Desen-
termos das diretrizes nacionais; volvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação - Conselho do FUNDEB;
II - fazer a chamada pública para preenchimento
das vagas nas unidades escolares; IV - Conselho Municipal de Alimentação Escolar;

III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela fre- V - Centro de Capacitação e Atualização do Ma-
quência à escola. gistério;

§ 1º Para implementação do disposto no inciso I, VI - outros que vierem a ser instituídos em lei.
o Município poderá firmar parcerias ou celebrar con-
§ 2° O sistema de educação articuladamente, in-
vênios com instituições públicas após deliberação do
cluindo no âmbito da REPAS, concorrera para a am-
Conselho Municipal de Educação.
pliação e garantia do acesso e para o desenvolvimento
§ 2º Qualquer das partes mencionadas no caput da qualidade de ensino mediante instituição de políti-
deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder cas publicas que terão como principal instrumento o
Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Consti- plano de educação do Município.
tuição da República, sendo gratuita e de rito sumário
Art. 470. A lei estabelecerá o plano municipal de
a ação judicial correspondente.
educação, em consonância com os planos nacional e
§ 3º Comprovada a negligência da autoridade estadual, visando à articulação e ao desenvolvimento
competente para garantir o oferecimento do ensino do ensino, em seus diversos níveis, bem como a inte-
obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de gração das ações do Poder Público que conduzam à:
responsabilidade, conforme disposto na legislação fe-
I - incrementação da democratização da gestão es-
deral que estabelece as diretrizes e bases da educação
colar;
nacional.
II - universalização do acesso e do atendimento es-
§ 4º Para garantir o cumprimento da obrigatorieda-
colar;
de de ensino, o Poder Público criará formas alternati-
vas de acesso aos diferentes níveis de ensino, indepen- III - melhoria da qualidade do ensino;
dentemente da escolarização anterior.
IV - erradicação das diversas formas de analfabe-
Art. 467. Quando houver falta de vagas e cursos tismo;
regulares da rede pública na localidade da residên-
cia do educando, fica o Município obrigado a investir V - formação para o trabalho;
prioritariamente na expansão de sua rede no local.
VI - promoção humanística, científica e tecnológica

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 47


do município. IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho
de cada docente;
§ 1º O plano municipal de educação abrange, in-
dependente da modalidade de ensino, todas as ins- V - prover meios para a recuperação dos educan-
tituições de educação básica, profissional e superior dos de menor rendimento;
públicas ou privadas instaladas no município.
VI - articular-se com as famílias e a comunidade,
§ 2º A vigência do plano municipal de educação criando processos de integração da sociedade com a
é decenal, ocasião em que deverá ser realizada con- escola;
ferência para elaboração do novo texto, atendendo
necessária atualização das políticas públicas e das res- VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com
pectivas metas. seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, so-
bre a frequência e rendimento dos educandos, bem
Art. 471. O sistema municipal de educação definirá como sobre a execução da proposta pedagógica da
políticas públicas que incrementem a gestão democrá- escola;
tica do ensino público, de acordo com as suas peculia-
ridades e conforme os seguintes princípios: VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município,
ao juiz competente da Comarca e ao respectivo re-
I - participação dos profissionais da educação na presentante do Ministério Público a relação dos edu-
elaboração do projeto político-pedagógico da escola; candos que apresentem quantidade de faltas acima de
Grifo: mais conhecido como PPP 50% (cinquenta por cento) do percentual permitido
em lei.
II - participação das comunidades escolar e local
em conselhos escolares ou equivalentes, com o ob- Art. 474. O Município, mediante ação articulada
jetivo de acompanhar e colaborar para o bom nível do sistema municipal de educação, ampliará a utilida-
pedagógico da escola. de dos prédios escolares e as atividades educacionais,
respectivamente, por meio: Grifo: educação continu-
§ 1º Garantir-se-á a participação dos profissionais ada de permanente nos espaços
do ensino municipal na elaboração do plano municipal
de educação e do regimento das escolas. I - da ocupação das respectivas edificações em
horários ociosos, para serem utilizados em palestras,
§ 2º Assegurar-se-ão às unidades escolares públicas cursos e outras atividades de interesse da comunidade
de educação municipal progressivos graus de autono- local;
mia pedagógica e administrativa e de gestão financei-
ra, observadas as normas gerais de direito financeiro II - da celebração de parcerias e convênios com
público. órgãos públicos e privados que disponham de espa-
ços esportivos ou culturais, para oferta de atividades
Art. 472. A escolha dos diretores das unidades es- dessa natureza a crianças, adolescentes e jovens, com
colares municipais será efetuada por meio de eleição vistas à educação integral e em tempo integral.
direta e secreta, com a participação da comunidade
escolar, respeitada a discricionariedade do Chefe do § 1º Toda área contígua a unidades públicas de en-
Executivo, por meio de lista tríplice, na forma da lei. sino, pertencente à administração pública municipal,
preferencialmente será preservada para a construção
Art. 473. Os estabelecimentos de ensino, em har- de quadra poliesportiva, biblioteca ou sala de leitura,
monia com as normas do sistema de educação, terão se a escola não dispuser desses equipamentos.
a incumbência, entre outras, de:
§ 2º Na hipótese de já contemplados os equipa-
I - elaborar e executar sua proposta político-peda- mentos mencionados no § 1º, destinar-se-á a área pú-
gógica; blica para construção de creche, centro de educação
e cultura ou outro equipamento social público de ca-
II - administrar seu pessoal e seus recursos mate-
ráter educacional.
riais e financeiros;
Art. 475. O Município poderá organizar o proces-
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e ho-
so de ensino-aprendizagem em séries anuais, períodos
ras-aula estabelecidas; Grifo: 200 dias letivos

48 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de trabalho na zona rural;
estudos, grupos não seriados, com base na idade, na
competência e em outros critérios, ou por forma di- III - desenvolvimento de políticas de formação de
versa de organização, sempre que o interesse do pro- profissionais da educação para o atendimento da es-
cesso de aprendizagem assim o recomendar. pecificidade das escolas do campo, considerando-se
as condições concretas da produção e reprodução so-
§ 1º A escola poderá reclassificar os educandos, cial da vida no campo;
inclusive quando se tratar de transferências entre es-
tabelecimentos situados no País e no exterior, tendo IV - organização escolar própria, incluindo adequa-
como base as normas curriculares gerais. ção do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e
às condições climáticas;
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às pe-
culiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, V - valorização da identidade da escola do campo
a critério do respectivo sistema de ensino, sem com por meio de projetos pedagógicos com conteúdos
isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta curriculares e metodologias adequadas às reais neces-
lei. sidades dos educandos do campo, bem como flexi-
bilidade na organização escolar, incluindo adequação
§ 3º Os intervalos letivos serão em janeiro e par- do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às
cialmente em julho, salvo em eventual situação excep- condições climáticas;
cional, de interesse geral, devidamente autorizada em
convenções e acordos coletivos de trabalho. VI - controle social da qualidade da educação esco-
lar, mediante a efetiva participação da comunidade e
Art. 476. O Município manterá espaços ativos de dos movimentos sociais do campo.
leitura, com instalações adequadas e com respectivo
acervo, progressivamente por meio de bibliotecas Art. 479. O Município, por meio do sistema muni-
escolares nos estabelecimentos de ensino público, cipal de educação, nos termos do art.463, III, assegu-
exigindo-se o mesmo na rede privada, observadas as rará e estimulará a autonomia das unidades educacio-
disposições legais específicas. nais na formulação dos projetos político-pedagógicos,
a fim de atender às necessidades locais e proporcionar
Art. 477. O Município, por meio de órgãos compe- melhores resultados na formação acadêmica, humana
tentes do sistema municipal de educação, concorrerá e social dos educandos.
para instalação de creches, unidades de educação pré-
-escolar e escolas municipais sempre que venham a Art. 480. A educação básica regular será ministrada
ser aprovados projetos para loteamento e conjuntos em língua portuguesa, consideradas as especificidades
habitacionais, observado o disposto no art. 354, III. do ensino de línguas estrangeiras.

Art. 478. Na oferta de educação para a população Parágrafo único. Na hipótese de instalação de
rural, o sistema municipal de educação, em observân- comunidades indígenas assegurar-se-á a utilização de
cia às normas federais que dispõem sobre a política de suas línguas maternas e processos próprios de apren-
educação do campo, promoverá as adaptações neces- dizagem.
sárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural
Art. 481. Os currículos da educação infantil e do
e de cada região, atendendo aos seguintes princípios:
ensino fundamental devem ter base nacional comum,
I - respeito à diversidade do campo em seus aspec- a ser complementada, em cada sistema de ensino e em
tos sociais, culturais, ambientais, políticos, econômi- cada estabelecimento escolar, por uma parte diversifi-
cos, de gênero, geracional e de etnia; cada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.
II - incentivo à formulação de projetos político-pe-
dagógicos específicos para as escolas do campo, es- § 1º Os currículos a que se refere o caput devem
timulando o desenvolvimento das unidades escolares abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua por-
como espaços públicos de investigação e articulação tuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo
de experiências e estudos direcionados para o desen- físico e natural e da realidade social e política, especial-
volvimento social, economicamente justo e ambien- mente do Brasil.
talmente sustentável, em adequação à natureza do

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 49


§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas ex- Adolescente, observada a produção e distribuição de
pressões regionais, constituirá componente curricular material didático adequado.
obrigatório da educação fundamental.
§ 9º O Município, por meio do sistema municipal
§ 3º A educação física, integrada à proposta peda- de educação, tomará medidas para progressivamente,
gógica da escola e como instrumento de promoção inclusive mediante parcerias e convênios com institui-
do desporto educacional e apoio às práticas desporti- ções públicas e privadas, oferecer formação em língua
vas não-formais, é componente curricular obrigatório brasileira de sinais (LIBRAS) para todos os educandos
da educação municipal, sendo sua prática facultativa da rede de ensino e, para as crianças com deficiência
ao educando: visual, formação em código braile.

I - que cumpra jornada de trabalho igual ou supe- Art. 482. Os currículos das escolas municipais, no
rior a 6 (seis) horas; âmbito do ensino fundamental, serão elaborados a
partir dos
II - maior de 30 (trinta) anos de idade;
conteúdos mínimos, fixados em lei, de maneira a
III - que estiver prestando serviço militar inicial ou assegurar a formação básica comum, a orientação
que, em situação similar, estiver obrigado à prática da para o trabalho e o
educação física;
respeito aos valores culturais, nacionais, regionais
IV - que tenha prole; e latino-americanos, desenvolvendo transversalmente
noções
V - portador de afecção congênita ou adquirida, in-
fecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, específicas, dentre outras, de:
determinando distúrbios agudos ou agudizados, nos
termos da legislação específica; I - direitos humanos;

VI - amparado pela legislação. II - apreço à tolerância e à diversidade de qualquer


natureza;
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta
as contribuições das diferentes culturas e etnias para III - exercício da cidadania, através:
a formação do povo brasileiro, especialmente das ma-
trizes indígena, africana e europeia. a) da difusão de valores fundamentais ao interesse
social;
§ 5º As artes visuais, a dança, a música e o teatro
são as linguagens que constituirão o componente cur- b) do conhecimento de direitos e deveres;
ricular de que trata o § 2º deste artigo.
c) do combate à corrupção;
§ 6º O ensino religioso, de matrícula facultativa, é
d) do funcionamento e das competências dos ór-
parte integrante da formação básica dos educandos e
gãos que integram os Poderes,
constitui disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental, assegurado o respei- nas diversas esferas;
to à diversidade cultural religiosa, vedadas quaisquer
formas de proselitismo. e) estudo sobre os símbolos nacionais, estaduais e
municipais;
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a cri-
tério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas en- f ) do respeito ao bem comum e à ordem demo-
volvendo os temas transversais de que trata o caput. crática

§ 8º Conteúdos relativos aos direitos humanos e IV - estudos fluminenses, abrangendo os aspectos


à prevenção de todas as formas de violência contra a históricos, geográficos, econômicos, sociológicos do
criança e o adolescente serão incluídos, como temas Estado e seus Municípios, especialmente de Nova Fri-
transversais, nos currículos escolares de que trata o burgo;
caput deste artigo, tendo como diretriz a legislação
federal que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do V - leitura, interpretação e produção de trovas;

50 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


VI - educação financeira, incluindo construção de pedagógicas, práticas curriculares ou outras atividades
conhecimentos em economia familiar; com a respectiva finalidade, a serem devidamente re-
gulamentadas em normativas específicas.
VII - prevenção a crimes praticados através da in-
ternet, nos termos da lei; § 1º A rede municipal de educação aplicará o pro-
grama de que trata o caput preferencialmente nos
VIII - defesa civil; dois últimos anos do ensino fundamental, extensivo
facultativamente às redes estadual e particular.
IX - educação ambiental;
§ 2º Prevê-se a difusão do conhecimento acerca da
X - normas de trânsito;
estrutura e funcionamento da sociedade, dos Poderes
XI - direitos do consumidor; Executivo, Legislativo e Judiciário nas diversas esferas,
do Ministério Público, da Defensoria Pública, das leis,
XII - cuidados primários de saúde, inclusive de pri- direitos e deveres essenciais, bem como do exercício
meiros socorros; da cidadania.

XIII - sexologia, observado o disposto no art. 579, § 3º Os Poderes Municipais poderão estabelecer
XIII, e no art. 584, § 3º; convênios com os demais Poderes nas diversas esfe-
ras da federação, com a Defensoria Pública e com o
XIV - efeitos nocivos das drogas, do álcool e do Ministério Público Estadual e Federal.
tabaco;
Art. 487. A educação infantil, primeira etapa da
XV - técnicas administrativas, agrícolas, agropecu- educação básica, tem como finalidade o desenvolvi-
árias, comerciais, industriais e informáticas, em nível mento integral da criança de zero até 5 (cinco) anos
de formação especial, como componente da grade de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelec-
curricular; tual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
XVI - empreendedorismo, plano de negócios e em-
preendedorismo rural, preparação para o mercado de Art. 488. A educação infantil será oferecida em:
trabalho e primeiro emprego.
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças
Art. 484. O currículo concorrerá, dentro do possí- de até 3 (três) anos de idade;
vel, especialmente nas escolas de tempo integral, para
alternância entre atividades acadêmicas, esportivas e II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5
culturais, e, conforme o caso, de formação para o tra- (cinco) anos de idade.
balho.
Art. 489. A educação infantil será organizada de
Parágrafo único. Deverão ser contemplados e acordo com as seguintes regras comuns:
desenvolvidos temas e atividades previstos em pro-
gramas e campanhas nacionais, estaduais e municipais, I - avaliação mediante acompanhamento e registro
devidamente instituídos. do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de
promoção, mesmo para o acesso ao ensino funda-
Art. 485. O Município aderirá aos programas na- mental;
cionais e estaduais que investirem financeira e tecni-
camente no acompanhamento pedagógico de conte- II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas)
údos essenciais e no desenvolvimento de atividades horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos)
nos campos de artes, cultura, esporte e lazer, visando dias de trabalho educacional;
à melhoria do desempenho educacional mediante a
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (qua-
complementação da carga horária no turno ou no
tro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete)
contra turno escolar.
horas para a jornada integral;
Art. 486. Fica instituído no âmbito do Município,
IV - planejamento na oferta progressiva de vagas
conforme disposto no art. 482, III, o programa de er-
em creches, em atendimento à demanda;
radicação do analfabetismo político, mediante ações

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 51


V - controle de frequência pela instituição de edu- Art. 492. A educação municipal no nível fundamen-
cação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% tal será organizada de acordo com as seguintes regras
(sessenta por cento) do total de horas; comuns:

VI - expedição de documentação que permita ates- I - a carga horária mínima anual será de 800 (oito-
tar os processos de desenvolvimento e aprendizagem centas) horas para o ensino fundamental, distribuídas
da criança. por um mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo tra-
balho escolar, excluído o tempo reservado aos exa-
VII - garantia de prioridade de vaga nas unidades de mes finais, quando houver;
educação infantil próximas à residência ou ao trabalho
do responsável ou conforme escolha e conveniência II - a classificação em qualquer série ou etapa, ex-
do mesmo no ato de pré-matrícula. ceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita:

Parágrafo único. O estímulo e a prática de ati- a) por promoção, para educandos que cursaram,
vidades esportivas necessariamente iniciar-se-ão na com aproveitamento, a série ou fase anterior, na pró-
educação infantil. pria escola;

Art. 490. O ensino fundamental obrigatório, com b) por transferência, para candidatos procedentes
duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, de outras escolas;
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por obje-
tivo a formação básica do cidadão, mediante: c) independentemente de escolarização anterior,
mediante avaliação feita pela escola, que defina o
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, grau de desenvolvimento e experiência do candidato
tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, e permita sua inscrição na série ou etapa adequada,
da escrita e do cálculo; conforme regulamentação do respectivo sistema de
ensino.
II - a compreensão do ambiente natural e social, do
sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores III - nos estabelecimentos que adotam a progres-
em que se fundamenta a sociedade; são regular por série, o regimento escolar pode admi-
tir formas de progressão parcial, desde que preserva-
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendi- da a sequência do currículo, observadas as normas do
zagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos respectivo sistema de ensino;
e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos la- educandos de séries distintas, com níveis equivalentes
ços de solidariedade humana e de tolerância recíproca de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas
em que se assenta a vida social. estrangeiras, artes, ou outros componentes curricu-
lares;
Parágrafo único. O ensino fundamental será
presencial, sendo o ensino à distância utilizado como V - a verificação do rendimento escolar observará
complementação da aprendizagem ou em situações os seguintes critérios:
emergenciais.
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho
Art. 491. A jornada escolar no ensino fundamental do educando, com prevalência dos aspectos qualitati-
incluirá pelo menos 4 (quatro) horas de trabalho efeti- vos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo
vo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado do período sobre os de eventuais provas finais;
o período de permanência na escola.
b) possibilidade de aceleração de estudos para
§ 1º O ensino fundamental será ministrado pro- educandos com atraso escolar;
gressivamente em turno único, com vistas à educação
integral e em tempo integral. c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
mediante verificação do aprendizado;
§ 2º São ressalvados os casos do ensino noturno
e das formas alternativas de organização autorizadas d) aproveitamento de estudos concluídos com êxi-
nesta lei. to;

52 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de nas normas federais que dispõem sobre a politica de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos educação do campo.
de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados
pelas instituições de ensino em seus regimentos. Art. 495. O sistema municipal de ensino mante-
rá cursos e exames supletivos, que compreenderão
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, a base nacional comum do currículo, habilitando ao
conforme o disposto no seu regimento e nas normas prosseguimento de estudos em caráter regular.
do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência
mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total de § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-
horas letivas para aprovação; -se-ão no nível de conclusão do ensino fundamental,
para os maiores de 15 (quinze) anos.
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir his-
tóricos escolares, declarações de conclusão de série e § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos
diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com pelos educandos por meios informais serão aferidos
as especificações cabíveis. e reconhecidos mediante exames.

Parágrafo único. Os sistemas de ensino disporão Art. 496. Entende-se por educação especial, para
sobre a oferta de educação de jovens e adultos e de os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar
ensino noturno regular, adequado às condições do oferecida, preferencialmente na rede regular de ensi-
educando. no, para educandos que apresentarem:

Art. 493. O Município contará com o Estado sob I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou li-
formas de colaboração na oferta do ensino fundamen- mitações no processo de desenvolvimento que dificul-
tal, as quais devem assegurar a distribuição proporcio- tem o acompanhamento das atividades curriculares,
nal das responsabilidades, de acordo com a população compreendidas em dois grupos:
a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica es-
em cada uma dessas esferas do Poder Público, nos
pecifica;
termos da lei.
b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, li-
Art. 494. A educação de jovens e adultos (EJA)
mitações ou deficiências;
será destinada aqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos na idade própria e constitui- II - dificuldades de comunicação e sinalização dife-
rá instrumento para a educação e a aprendizagem ao renciadas dos demais educandos, demandando a utili-
longo da vida. zação de linguagens e códigos aplicáveis;
§ 1o O sistema municipal de ensino, dentro de suas III - altas habilidades/superdotação, grande facili-
competências, assegurara gratuitamente aos jovens e dade de aprendizagem, que os leve a dominar rapida-
aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na mente conceitos, procedimentos e atitudes.
idade regular, em horários diurnos e noturnos, opor-
tunidades educacionais apropriadas, consideradas as § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
características do alunado, seus interesses, condições especializado, na escola regular, para atender às pecu-
de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. liaridades da clientela de educação especial.
§ 2o O Poder Publico viabilizara e estimulara o § 2º O atendimento educacional será feito em clas-
acesso e a permanência do trabalhador na escola, me- ses, escolas ou serviços especializados, sempre que,
diante ações integradas e complementares entre si. em função das condições específicas dos educandos,
não for possível a sua integração nas classes comuns
§ 3o A educação de jovens e adultos (EJA) devera de ensino regular.
articular-se, preferencialmente, com a educação pro-
fissional, na forma do regulamento. Art. 497. O sistema municipal de ensino assegurara
aos educandos com deficiência, dislexia, Transtorno
§ 4o A educação de jovens e adultos (EJA) devera do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH),
abranger os educandos do campo, em suas especifici- Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) ou
dades e princípios, conforme disposto no art. 478 e qualquer outro transtorno de aprendizagem, altas ha-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 53


bilidades ou superdotação: matriculados, bem como apoio educacional especifi-
co na rede de ensino, podendo contar com apoio e
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educa- orientação da área de saúde, da assistência social e de
tivos e organização específicos, para atender as suas outras politicas publicas existentes no Município.
necessidades;
§ 1o No âmbito do disposto no inciso III, os sis-
II - terminal idade especifica para aqueles que não temas de ensino devem garantir aos professores da
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do educação básica amplo acesso a informação, inclusi-
ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e ve com relação aos encaminhamentos possíveis para
aceleração para concluir em menor tempo o progra- atendimento multissetorial e a formação continuada,
ma escolar para os superdotados; objetivando capacita-los para a identificação precoce
dos sinais relacionados a dislexia, ao TDAH, ao TGD
III - professores com especialização adequada em
ou a qualquer outro transtorno de aprendizagem,
nível médio ou superior, para atendimento especiali-
bem como para o atendimento educacional escolar
zado, bem como professores do ensino regular capa-
desses educandos.
citados para a integração desses educandos nas clas-
ses comuns com vistas a inclusão; § 2° O não oferecimento do ensino obrigatório e
do atendimento educacional especializado pelo Poder
IV - educação especial para o trabalho, visando a
Publico, inclusive quanto ao diagnostico e ao acompa-
sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive
nhamento ou a sua oferta irregular, poderão redundar
condições adequadas para os que não revelarem capa-
em sanções legais cabíveis, observado o disposto no §
cidade de inserção no trabalho competitivo, median-
3° do art. 466.
te articulação com os órgãos oficiais afins, bem como
para aqueles que apresentam uma habilidade superior Art. 499. O sistema municipal de educação devera
nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; instituir cadastro municipal de educandos com altas
habilidades ou superdotação matriculados na educa-
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas
ção básica e na educação superior, a fim de fomentar
sociais suplementares disponíveis para o respectivo
a execução de politicas publicas destinadas ao desen-
nível do ensino regular.
volvimento pleno das potencialidades desse alunado.
Art. 498. O Município devera assegurar, por meio
Paragrafo único. A identificação precoce de edu-
do sistema municipal de educação:
candos com altas habilidades ou superdotação, os cri-
I - condições de acessibilidade física, arquitetônica, térios e procedimentos para inclusão no cadastro re-
pedagógica, linguística, comunicacional (braile, língua ferido no caput deste artigo, os mecanismos de acesso
brasileira de sinais e comunicação suplementar alter- aos dados do cadastro e as politicas de desenvolvi-
nativa) nas unidades educacionais, assim como a ofer- mento das potencialidades do alunado de que trata o
ta do atendimento educacional especializado, com- caput serão definidos em regulamento.
plementar e suplementar aos educandos da educação
Art. 500. O Município estabelecera critérios de ca-
especial;
racterização das instituições privadas sem fins lucrati-
II - aos surdos, em especifico, a educação bilíngue, vos, especializadas e com atuação exclusiva em edu-
na qual a língua brasileira de sinais seja oferecida como cação especial, para fins de apoio técnico e financeiro
primeira língua e a língua portuguesa, na modalidade pelo Poder Publico.
escrita, seja oferecida como segunda língua em todos
Paragrafo único. O Poder Publico adotara,
os níveis de ensino;
como alternativa preferencial, a ampliação do aten-
III - aos educandos com dislexia, TDAH, TGD dimento aos educandos com deficiência, transtornos
ou qualquer outro transtorno de aprendizagem, que globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su-
apresentam alterações no desenvolvimento da leitura perdotação na própria rede publica regular de ensino,
e da escrita ou instabilidade na atenção que repercu- independentemente do apoio as instituições previstas
tam na aprendizagem, a identificação voltada a sua di- neste artigo.
ficuldade, da forma mais precoce possível, pelos seus
Art. 501. O Município poderá instituir, na forma da
educadores no âmbito da própria escola na qual estão
lei, em caráter experimental ou suplementar, progra-

54 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


mas de ensino médio; de técnicas e artes industriais, b) dispõe sobre o atendimento da alimentação es-
comerciais e de serviços; de formação de professores; colar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos
de ensino superior, permitida a atuação nestes seg- alunos da educação básica.
mentos, somente, quando estiverem atendidas, ple-
namente, as necessidades de sua área de competência III - de outros programas instituídos em portarias e
e com recursos acima dos percentuais mínimos vincu- resoluções no âmbito do Fundo Nacional de Desen-
lados pela Constituição da Republica a manutenção e volvimento da Educação.
desenvolvimento do ensino.
§ 1º A distribuição dos recursos públicos oriundos
Art. 502. O Poder Publico envidara esforços para de transferências, bem como de recursos próprios as-
estabelecimento e manutenção de cursos de forma- segurará prioridade ao atendimento das necessidades
ção de professores no município junto as instituições do ensino obrigatório, no que se refere à universaliza-
competentes pela oferta de educação superior. ção, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos
termos do plano nacional de educação.
Paragrafo único. A lei poderá conceder estímu-
los e incentivos as instituições publicas e privadas que § 2º Os programas de que tratam os incisos II e III
venham instalar unidades de ensino no município. serão mantidos com recursos financeiros específicos
que não os destinados à manutenção e desenvolvi-
Art. 503. O Município aplicará, anualmente, nunca mento do ensino, e serão desenvolvidos com recur-
menos de 25% (vinte e cinco por cento), no mínimo, sos humanos dos respectivos órgãos da administração
da receita resultante de impostos, compreendida a pública municipal.
proveniente de transferências, na manutenção e de-
senvolvimento do ensino. Art. 505. Os recursos públicos serão destinados as
escolas publicas, podendo ser dirigidos a escolas co-
§ 1º A educação básica terá como fonte adicional munitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em
de financiamento a contribuição social do salário-edu- lei, que:
cação, recolhida pelas empresas, na forma da lei, e dis-
tribuída proporcionalmente ao número de educandos I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem
matriculados na rede pública municipal de ensino. seus excedentes financeiros em educação;

§ 2º A distribuição dos recursos públicos assegu- II - assegurem a destinação de seu patrimônio a ou-
rará prioridade ao atendimento das necessidades do tra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou
ensino obrigatório, no que se refere à universalização, ao Poder Publico, no caso de encerramento de suas
garantia de padrão de qualidade e equidade, nos ter- atividades.
mos do plano nacional de educação.
Paragrafo único. Os recursos de que trata este
Art. 504. Além do disposto no art. 503, são recur- artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para
sos para financiamento da educação municipal aqueles o ensino fundamental, na forma da lei, para os que de-
provenientes de transferências: monstrarem insuficiência de recursos, quando houver
falta de vagas e cursos regulares da rede publica na
I - do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da localidade da residência do educando, ficando o Poder
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Publico obrigado a investir prioritariamente na expan-
Educação – FUNDEB, nos termos da Constituição da são de sua rede na localidade.
Republica e da legislação federal que o regulamenta;
Art. 506. O Município, por meio de gestão plane-
II - de programas suplementares instituídos pela le- jada e estratégica das politicas e dos recursos públicos
gislação federal, como a que: destinados ao desenvolvimento da educação, atuara
para melhoria dos índices do custo aluno qualidade
a) estatui o Programa Nacional de Apoio ao Trans- (CAQi e CAQ), no âmbito de sua rede de ensino.
porte Escolar (PNATE), o Programa Nacional de Ali-
mentação Escolar (PNAE) e o Programa de Apoio aos § 1o O custo aluno qualidade e parâmetro de finan-
Sistemas de Ensino para Atendimento a Educação de ciamento da educação das etapas e modalidades da
Jovens e Adultos, dispõe sobre o repasse de recursos educação básica, a partir do calculo e do acompanha-
financeiros do Programa Brasil Alfabetizado; mento regular dos indicadores de gastos educacionais.

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 55


§ 2o O custo aluno qualidade medira o investimento III - demanda em razão da carência de vagas nas
municipal em qualificação e remuneração do pessoal unidades de educação infantil e fundamental;
docente e dos demais profissionais da educação publi-
ca; aquisição, manutenção, construção e conservação IV - demanda em virtude da necessidade de profis-
de instalações e equipamentos necessários ao ensino, sionais efetivos;
aquisição de material didático-escolar, alimentação e
V - número de vagas, com especificação das res-
transporte.
pectivas funções, ocupadas precariamente por profis-
Art. 507. O órgão de educação municipal publicará sionais:
no Portal da Transparência do Município, até 45 (qua-
a) em contratos temporários;
renta e cinco) dias corridos após o encerramento de
cada semestre, relatório sobre execução orçamentá- b) da própria rede municipal de ensino que perce-
ria de receitas arrecadadas, transferências e recursos bam gratificação por lotação prioritária ou qualquer
recebidos e destinados à educação nesse período, outra concessão correlata;
bem como a prestação de contas das verbas utilizadas,
discriminadas por programas. VI - relação dos ocupantes, com respectivas fun-
ções e vínculos, em cargos no órgão municipal de edu-
§ 1º Todos os recursos públicos destinados à edu- cação, inclusive no âmbito das unidades de educação.
cação, bem como as despesas, deverão ser apresenta-
dos no relatório de que trata o caput, permitindo, nos Parágrafo único. O descumprimento do dispos-
termos da legislação federal que estabelece as diretri- to no caput imporá à Comissão de Educação do Po-
zes e bases da educação nacional, a distinção entre: der Legislativo e ao Conselho Municipal de Educação
convocar audiência conjunta para realizar a necessária
I - aquelas que são destinadas à manutenção e de- apuração junto ao órgão municipal de educação.
senvolvimento do ensino:
Art. 510. A saúde é direito de todos e dever do
II - aquelas que não são desta finalidade. Município, assegurada mediante políticas sociais e eco-
nômicas que visem à eliminação do risco de doenças
§ 2º O relatório ainda deverá:
e de outros agravos, ao acesso universal e igualitário
I - apresentar a somatória semestral das despesas às ações e serviços para sua promoção, proteção e
correspondentes ao § 1º, I e II, e apontar qual o per- recuperação.
centual desta somatória em relação ao total de recur-
§ 1° A Rede de Atenção à Saúde do Município in-
sos públicos destinados à educação nos termos da lei;
tegra o Sistema Único de Saúde em âmbito estadual e
II - apresentar o custo aluno qualidade do respecti- nacional, com o objetivo de proporcionar acesso uni-
vo exercício em comparação com os dois anteriores e versal ao sistema público de saúde, vedada qualquer
com a estimativa dos dois subsequentes. forma de discriminação.

III - ser apresentado ao Poder Legislativo e ao Con- § 2º O dever do Município não exclui a respon-
selho Municipal de Educação em audiência pública na sabilidade do indivíduo, da família e de instituições e
Câmara Municipal agendada para esta finalidade. empresas que produzam riscos ou danos à saúde do
cidadão ou da coletividade.
Art. 508. O órgão municipal de educação deverá
publicar no Portal da Transparência do Município, até § 3º A saúde tem como fatores determinantes e
o primeiro dia útil do mês de dezembro de cada ano condicionantes, entre outros, alimentação, moradia,
letivo, relatório consubstanciado e globalizado, que saneamento básico, meio ambiente, segurança, traba-
atenda, pelo menos: lho e renda, educação, esporte, cultura, lazer, mobili-
dade e acesso aos bens e serviços especiais.
I - diretrizes pedagógicas implementadas na educa-
ção infantil e no ensino fundamental; § 4° Cabe a todo cidadão dispor do cartão nacio-
nal do SUS e dele se servir sempre que se dirigir para
II - situação da infraestrutura física e funcional das atendimento no sistema público de saúde.
unidades educacionais;
§ 5º Para atingir os objetivos estabelecidos neste

56 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


artigo, o Município promoverá ações de Estado devi- IV - elaboração e atualização periódica do plano
damente integradas e articuladas, com devido planeja- municipal de saúde, nos termos do art. 543;
mento estratégico e orçamentário-financeiro.
V - administração dos recursos orçamentários e fi-
Art. 511. O Município exercerá, em seu âmbito nanceiros destinados, em cada ano, à saúde;
administrativo, mediante Rede de Atenção de Saúde
articulada e integrada, as seguintes atribuições, além VI - elaboração da proposta orçamentária do Sis-
daquelas instituídas pela legislação federal específica: tema Único de Saúde (SUS), em conformidade com o
Grifo: RAS: São arranjos organizativos de ações e ser- plano municipal de saúde;
viços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas,
VII - definição das instâncias e mecanismos de con-
que integradas por meio de sistemas de apoio técnico,
trole, avaliação e de fiscalização das ações e serviços
logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade
de saúde;
do cuidado.”
VIII - definição das instâncias e mecanismos de con-
I - planejamento, organização, regulação e avalia-
trole e fiscalização inerentes ao poder de polícia sani-
ção das ações e dos serviços de saúde;
tária;
II - gestão e execução dos serviços públicos de saú-
IX - organização e coordenação do sistema de in-
de:
formações de saúde, nos termos do art. 542, inclusive
a) de vigilância em saúde: ações de promoção da através do georreferenciamento de dados como fer-
saúde, vigilância em saúde ambiental, vigilância epide- ramenta de gestão;
miológica, vigilância sanitária, controle de doenças in-
X - formação de consórcios administrativos inter-
fectocontagiosas e zoonoses, demais doenças e agra-
municipais para desenvolver, em conjunto, as ações e
vos de interesse coletivo, e ações programáticas de
os serviços de saúde que lhes correspondam;
saúde;
XI - participação na formulação e na execução da
b) da atenção básica: ações nas unidades ambula-
política de formação e desenvolvimento de recursos
toriais, de níveis de atenção de cuidados, da sub-rede
humanos para a saúde;
de atenção psicossocial, na atenção domiciliar incluin-
do cuidados paliativos e em ações programáticas de XII - elaboração de normas técnico-científicas de
saúde; promoção, proteção e recuperação da saúde e esta-
belecimento de padrões de qualidade e parâmetros
c) da assistência pré-hospitalar e hospitalar: ações
de custos que caracterizam a assistência à saúde;
de atendimento de urgência e emergência e de recu-
peração de doenças e/ou agravos, bem como servi- XIII - elaboração de normas técnicas e estabele-
ços de referência e contrarreferência; cimento de padrões de qualidade para promoção da
saúde do trabalhador;
d) da assistência farmacêutica: elaboração e atu-
alização, nos termos dos §§ 2º e 3º deste artigo, da XIV - prestação de informações aos trabalhadores
Relação Municipal de Medicamentos (REMUME), com a respeito de atividades que comportem riscos à saú-
o objetivo de garantir o tratamento adequado e opor- de e dos métodos para seu controle;
tuno aos usuários em toda a integralidade do cuidado,
assegurando dispensação, armazenamento e estoque XV - acompanhamento, avaliação e divulgação do
estratégico; nível de saúde da população e das condições ambien-
tais;
e) de laboratórios públicos de saúde: execução de
ações que auxiliem no diagnóstico e tratamento, ga- XVI - realização de pesquisas e estudos na área de
rantindo a saúde individual e coletiva; saúde;
III - participação no planejamento, programação e XVII - promoção de articulação com os órgãos de
organização da rede regionalizada e hierarquizada do fiscalização do exercício profissional e outras entida-
Sistema Único de Saúde (SUS) em articulação com sua des representativas da sociedade civil para a definição
direção estadual; e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 57


serviços de saúde; (dois) anos, em consonância com a regulação nacio-
nal.
XVIII - apoio, no âmbito municipal, à política nacio-
nal de sangue e hemoderivados; § 4° Em relação ao disposto no inciso XXV, o ór-
gão municipal de saúde deverá encaminhar relatório
XIX - implemento de protocolos clínicos e de aces- trimestral detalhado e com embasamento legal de to-
so, visando o uso racional dos recursos e garantindo dos os empréstimos, trocas ou doações de medica-
o cuidado ao usuário efetivamente carente de exame; mentos, materiais médico-hospitalares e equipamen-
tos hospitalares ao Conselho Municipal de Saúde, a
XX - participação de formulação da política e da
fim de este prover o devido controle social.
execução das ações de saneamento básico e colabo-
ração na proteção e recuperação do meio ambiente; Art. 512. A lei estabelecerá a política municipal de
humanização, em harmonia com as diretrizes nacio-
XXI - elaboração de normas para regular as ativi-
nais, para efetivar os princípios do Sistema Único de
dades de serviços privados de saúde, tendo em vista a
Saúde no cotidiano das práticas de atenção e gestão
sua relevância pública;
das unidades e dos serviços de saúde, qualificando-os
XXII - fomento, coordenação e execução de ações e incentivando trocas solidárias entre gestores, traba-
programáticas e projetos estratégicos e de atendi- lhadores e usuários.
mento emergencial;
Art. 513. O órgão municipal de saúde, no âmbito
XXIII - estabelecimento de política que assegure da política nacional de humanização do Sistema Único
melhoria e manutenção das estruturas físicas das uni- de Saúde (SUS), implementará gestão mais horizon-
dades, bem como gestão eficiente, nos termos regu- talizada.
lados pelo Ministério da Saúde, da manutenção dos
§ 1º Prover-se-á organograma da estrutura admi-
equipamentos médico-hospitalares das unidades;
nistrativa, contemplando:
XXIV - implemento de ações permanentes que
I - Atenção básica, média e alta complexidade;
promovam o controle asséptico e a prevenção de in-
fecções no âmbito das unidades de saúde. II - Vigilância em Saúde;
XXV - provimento de transparência em todas as III - Controle, Avaliação e Regulação;
ações de saúde, inclusive naquelas que envolvam em-
préstimos, trocas ou doações de medicamentos, ma- IV - Fundo Municipal de Saúde;
teriais médico-hospitalares e equipamentos hospitala-
res. V - Unidades de Urgência e Emergência;

§ 1º A assistência farmacêutica, integrada ao Siste- VI - Assistência Farmacêutica;


ma Único de Saúde (SUS), garantirá:
VII - Laboratórios.
I - o acesso da população carente aos medicamen-
§ 2º As funções de direção e chefia das unidades
tos básicos, através da elaboração e aplicação da lista
devem assegurar nomeação de indivíduos tecnica-
padronizada dos medicamentos essenciais;
mente qualificados para o respectivo cargo.
II - o estabelecimento de mecanismos de controle
§ 3º De modo a instituir processo democrático
sobre postos de manipulação, dispensação e/ou ven-
progressivo na gestão das unidades de saúde, procu-
da de medicamentos, drogas e insumos farmacêuticos
rar-se-á assegurar nas unidades primárias direção ge-
destinados ao uso e consumo humano.
ral eleita, dentre os funcionários com responsabilida-
§ 2º A assistência farmacêutica necessariamente de técnica e/ou administrativa, desde que respeitado
deverá submeter-se ao setor de Vigilância em Saúde o poder discricionário do Executivo por meio de lista
para estabelecer a Relação Municipal de Medicamen- tríplice, pelo corpo de servidores da unidade e usuá-
tos (REMUME). rios.

§ 3º A REMUME deverá ser atualizada a cada 2 § 4º É vedada a nomeação ou designação para car-

58 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


go ou função de chefia ou assessoramento na área de fiscalização e controle.
saúde de pessoa que participe na administração dos
recursos de entidade ou instituição que mantenha § 1º Se houver disponibilidades insuficientes para
contrato com o Sistema Único de Saúde ou por ele garantir a cobertura assistencial à população de deter-
creditada. minada área, poderá recorrer-se, complementarmen-
te, aos serviços ofertados por instituições privadas e/
§ 5º Instituir-se-á e regular-se-á, no respectivo ou filantrópicas e sem fins lucrativos, nos termos da
âmbito administrativo, Comitê de Ética e Sindicância legislação federal específica.
(CES), formado por servidores eleitos, sob lista trípli-
ce, e com mandato de 4 (quatro) anos, interligando a § 2º As entidades filantrópicas e sem fins lucrativos,
metade de uma gestão à metade de outra. bem como as instituições privadas poderão participar
do SUS mediante contrato de direito público ou con-
II - instituição de plano de plano de cargos, car- vênio, dando-se preferência àquelas sobre estas.
reiras e salários para o pessoal do Sistema Único de
Saúde (SUS) da administração direta e indireta, nos § 3º As entidades contratadas e conveniadas sub-
termos da lei e com base em critérios definidos nacio- meter-se-ão às normas técnicas e administrativas e
nalmente; aos princípios e diretrizes do SUS, mantido o equilí-
brio econômico e financeiro do contrato.
III - valorização da dedicação exclusiva aos serviços
do Sistema Único de Saúde (SUS). § 4º As cláusulas essenciais de convênios e de con-
tratos, os critérios e os valores para remuneração dos
Parágrafo único. Garantir-se-á, nos termos do Sis- serviços, os parâmetros de cobertura assistencial e a
tema Único de Saúde (SUS), educação permanente e forma de realização de convênios deverão ser apre-
continuada dos servidores, por meio de política de in- sentados ao Conselho Municipal de Saúde, de acordo
centivo à formação, observado o disposto no art. 82, com as normas estabelecidas pelas direções nacional
XXI e XLI. e estadual do SUS.

Art. 515. O órgão municipal da saúde viabilizará § 5º Aos serviços de saúde de natureza comple-
credenciamentos de serviços nas unidades hospita- mentar que descumpram as diretrizes do SUS, ou os
lares, com vistas a manter regulado e equilibrado o termos previstos nos contratos e convênios firmados
faturamento junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) com o Poder Público, aplicar-se-ão sanções previstas
de modo a prover gestão de saúde mais eficiente e em lei.
parcimoniosa.
§ 6º É vedada a destinação de recursos públicos
Parágrafo único. Universalizar-se-á o registro da para auxílios ou subvenções às instituições privadas
inscrição Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os com fins lucrativos.
procedimentos de saúde.
Art. 519. As ações e serviços executados direta-
Art. 516. O Município, na forma da lei, poderá con- mente pela gestão municipal do Sistema Único de
ceder estímulos especiais às pessoas que doarem te- Saúde ou através da participação complementar da
cidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida ou iniciativa privada tomarão como base as seguintes
post mortem, para fins de transplante e tratamento, diretrizes, entre outras previstas na legislação federal
nos termos da legislação federal específica. específica:

Art. 517. São de alta relevância para a promoção, I - integração das ações e serviços de saúde do Mu-
manutenção, proteção, recuperação e reabilitação da nicípio ao Sistema Único de Saúde, evitando as dico-
vida as ações e os serviços de saúde municipais, os tomias preventivo/curativo, ambulatorial/hospitalar e
quais devem assegurar condições de atendimento ao individual/coletiva;
cidadão por meio da Rede de Atenção à Saúde.
II - descentralização político-administrativa, com
Art. 518. As ações e serviços de saúde municipais direção única exercida pelo órgão municipal de Saúde;
devem ser, prioritária e predominantemente, de ca-
ráter público, cabendo ao Poder Público dispor, nos III - integralidade e continuidade na prestação de
termos da lei, sobre sua regulamentação, execução, serviços e ações preventivas, curativas e reabilitado-

CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 59


ras, adequadas às diversas realidades epidemiológicas, § 2º A inação do gestor público frente à exigência
respeitada a autonomia dos cidadãos; constante do caput poderá implicar-lhe as sanções le-
gais, nas hipóteses de dolo ou culpa.
IV - universalização e equidade em todos os níveis
de atenção à saúde, à população urbana e rural, sem Art. 543. A lei estabelecerá o plano municipal de
qualquer discriminação; saúde, instrumento fundamental para planejamento
das políticas públicas de saúde no âmbito do Sistema
V - prioridade para as atividades preventivas e de Único de Saúde (SUS), o qual se constituirá mediante:
atendimento de emergência e urgência, sem prejuízo
dos demais serviços assistências; I - análise situacional da saúde no município;

VI - resolutividade dos serviços e sua organização II - formulação e definição de objetivos, diretrizes


em todos os níveis de assistência à saúde de modo a e metas.
evitar capacidade instalada ociosa;
§ 1º O plano municipal de saúde será a base das ati-
VII - gratuidade dos serviços e das ações de assis- vidades e programações da instância gestora do Mu-
tência à saúde dos usuários, em todos os níveis; nicípio e sua execução submeter-se-á ao orçamento
aprovado.
VIII - direito do indivíduo de obter informações
quanto ao potencial dos serviços de saúde, sua utili- § 2º O plano municipal de saúde será elaborado
zação pelo usuário e esclarecimentos sobre assuntos mediante conferência, em consonância com os planos
pertinentes à promoção, proteção e recuperação de nacional e estadual de saúde, a cada 4 (quatro) anos,
sua saúde e da coletividade; período em que deverão ser compreendidos objeti-
vos, diretrizes e metas.
IX - integração em nível executivo das ações de
saúde, meio ambiente e saneamento básico; § 3º Conforme deliberação do Conselho Municipal
de Saúde ou demanda do gestor de saúde, o plano
X - conjugação dos recursos financeiros, tecnoló- municipal de saúde poderá, através de conferência,
gicos, materiais e humanos da União, do Estado e do ser pontualmente submetido à revisão para ser atuali-
Município na prestação de serviços de assistência à zado às demandas identificadas.
saúde da população, na forma da lei;
§ 4º As eventuais alterações aprovadas em confe-
XI - regulação do atendimento, sobretudo na mar- rência, conforme disposto no § 2, deverão ser con-
cação de consultas, exames, procedimentos, cirurgias substanciadas em projeto de lei de iniciativa do Poder
e congêneres. Executivo e encaminhado ao Poder Legislativo com
vistas a ajustar o plano vigente.
Art. 520. É assegurada, na área de saúde, a liber-
dade de exercício profissional e de organização de Art. 544. O órgão municipal de saúde deverá en-
serviços privados, na forma de lei, de acordo com os caminhar programação anual de saúde ao Conselho
princípios da política nacional e estadual de saúde e Municipal de Saúde, para aprovação antes da data de
das normas gerais estabelecidas pelo Conselho Muni- encaminhamento da lei de diretrizes orçamentárias do
cipal de Saúde. exercício correspondente, bem como para o Poder
Legislativo, no mesmo período, a título de este acom-
Art. 521. As empresas privadas prestadoras de
panhar e fiscalizar os respectivos atos executivos.
serviços de assistência médica e administradoras de
planos de saúde deverão ressarcir, nos termos da le- § 1º A elaboração da programação anual de saúde
gislação federal que dispõe sobre os planos e seguros de que trata o caput deverá ser iniciada no exercício
privados de assistência à saúde, o Sistema Único de em curso, para execução no ano subsequente.
Saúde das despesas com o atendimento dos segura-
dos respectivos em unidades públicas de saúde. § 2º A programação anual de saúde deverá conter,
de forma sistematizada, as ações, os recursos financei-
§ 1º O Município tomará as medidas necessárias e ros e outros elementos que contribuam para o alcan-
cabíveis para efetivação do ressarcimento de que trata ce dos objetivos e o cumprimento das metas do plano
o caput. municipal de saúde - as metas anuais para cada ação

60 CPM - LEI ORGÂNICA MUNICIPAL


definida e os indicadores utilizados no monitoramento e na avaliação de sua execução.

§ 3º A programação anual de saúde é instrumento destinado a servir de referência para a construção do


relatório anual de gestão de que trata o art. 557.

§ 4º A programação anual de saúde, propositivamente, e o relatório anual de gestão, analítica e indicativa-


mente, são instrumentos fundamentais para elaboração e aprimoramento do plano municipal de saúde.

Art. 554. O Município manterá Conferência Municipal de Saúde como instância colegiada que deverá se reu-
nir a cada 4 (quatro) anos com a representação dos vários segmentos sociais, para estabelecer o plano munici-
pal de saúde, sob convocação do Poder Executivo ou, extraordinariamente, pelo Conselho Municipal de Saúde.

Parágrafo único. A Conferência Municipal de Saúde poderá se reunir para submeter o plano municipal de
saúde à revisão durante sua vigência, com vistas à atualização, conforme disposto no art. 543, § 3º. Grifo: O
CMS não é soberano, porém possui caráter interventivo no Plano Municipal de Saúde e na gestão geral.

Art. 555. O Município estabelecerá Conselho Municipal de Saúde, órgão colegiado de caráter permanente e
deliberativo, composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuá-
rios, que atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política municipal de saúde, inclusive
nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo Chefe do Executivo.

§ 1º O Conselho Municipal de Saúde será presidido por membro eleito, observado o disposto no art. 226
desta Lei Orgânica e da resolução específica do Conselho Nacional de Saúde e, sob sua convocação ou de 1/3
(um terço) de seus integrantes.

§ 2º A lei estabelecerá a necessária regulação do Conselho Municipal de Saúde, inclusive o funcionamento e


a constituição de comitês distritais ou microconselhos, em regime de descentralização, subordinados à sede do
conselho no 1º distrito, de modo que se alcance e seja colocado em pauta as realidades pontuais das diversas
comunidades municipais.

§ 3º O orçamento municipal deverá dispor de recursos suficientes para estruturação, manutenção e execu-
ção das atividades de competência do Conselho Municipal de Saúde.

§ 4º A administração pública municipal deve garantir apoio administrativo, serviço de secretaria e assessora-
mento jurídico e contábil, de modo que as atribuições de atendimento e fiscalização do respectivo órgão sejam
possíveis de serem efetivadas.

Art. 556. A Conferência Municipal de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde terão sua organização e nor-
mas de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.

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