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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO AMAPÁ

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO – CFA


CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS – CFS/2023
DISCIPLINA DE ÉTICA E CIDADANIA

INSTRUTOR: MAJ ROBÉRIO ESPÍNDOLA CORRÊA


 UNIDADE III
 AULA 1 – CONDUTA CIDADÃ

 CONCEITO DE CIDADANIA;
 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CIDADANIA
 OBSERVÂNCIA E REFLEXÃO SOBRE ART. 5° DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Nesta aula veremos: a conduta cidadã: o conceito de cidadania e a evolução do conceito


de cidadania.
Nesta aula vamos refletir sobre a ética presente no cotidiano do cidadão não somente em
relação ao que ele pode exigir do Estado, mas no que diz respeito ao cumprimento de seus
deveres.
Trataremos também de como podemos ter uma conduta realmente voltada para a
cidadania, além de nos reconhecermos como cidadãos pertencentes a sociedade em que
vivemos, bem como de como a cidadania veio evoluindo e o que a sociedade espera da
conduta de um agente da segurança pública, em especial de um policial militar.
Ao abordarmos o tema da conduta cidadã, é importante tratarmos a questão da
relação entre o indivíduo e o Estado, isto é, a cidadania.
Art. 1º da CF/88 - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:
I – [...];
II - a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – [...];
A cidadania constitui um dos fundamentos do Estado do Brasileiro, por previsão
expressa do art. 1.º, inciso II, da Constituição de 1988, como já se viu na introdução.
Convém, então, perguntar: O que é Estado?
Estado, na definição mais simples - é um povo politicamente organizado sobre um
território. Seus elementos são: povo, governo e território.
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1. O que é cidadania?
Conceitos de cidadania:
1. O termo cidadania tem origem etimológica no latim “civitas”, que significa "cidade".
Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade, um país, e
que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma Constituição.
2. Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “cidadania é a qualidade
ou estado do cidadão”, e entende-se por cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e
políticos de um estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”.
3. De acordo ainda com Janoski (1998) cidadania é a pertinência passiva e ativa de
indivíduos em um estado - nação com certos direitos e obrigações universais em um
específico nível de igualdade:
4. Conjunto formalmente definido de direitos e obrigações de um indivíduo perante a
sociedade. Um conjunto de direitos e liberdades civis, políticas, sociais e econômicas, já
estabelecidos ou não pela legislação.
5. Cidadania - É um conjunto de direitos e deveres que nos permite participar das
decisões da sociedade em que vivemos. Ela é construída no nosso dia a dia, a partir da
nossa capacidade de participação social e colaboração para o bem comum.
É importante notar que a cidadania é um processo contínuo e em constante
transformação. O poder emana do povo, que se submete à organização do Estado para
que esse possa garantir os seus direitos e o bem de todos.

Figura: representação esquemática de cidadania.


Disponível em: https://www.todamateria.com.br/cidadania
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1.Conduta cidadã
Uma conduta cidadã é toda conduta do ser humano, no sentido de observar as normas, leis,
direitos e demais atitudes que venham a colaborar para uma relação harmoniosa e pacífica entre
todos aqueles que fazem parte de uma mesma sociedade.
Exercer a função de um agente da segurança pública (policial militar) requer um
comportamento especial perante os demais cidadãos, e consequentemente, um dever
individual de conduta e um dever coletivo de agir em prol do bem-estar da sociedade e do
bem comum.
A decisão de ser um policial militar é pessoal e voluntária. No entanto, quando se assume
uma função pública de um agente da segurança pública, também se assume deveres e
responsabilidades perante o Estado e a sociedade.
O exercício de qualquer função pública é regido por uma série de regras e normas que
disciplinam a conduta do profissional da segurança pública, em especial, de um policial militar.
A própria Constituição Federal dá o norteamento dessas ações, além de legislações,
regimentos e regulamentos internos.
Contudo, não basta somente agir conforme a lei e as normas para que a função de um
agente da segurança pública seja alcançada com excelência. Pois, é necessário ter uma
conduta íntegra, pautada, também, nos princípios e valores, que balizam o mister de um
policial a serviço da sociedade.
Uma conduta íntegra do policial militar, significa desempenhar sua função com moral,
retidão, responsabilidade, honra e honestidade em suas ações, atividades e comportamento,
pois tudo isso gera confiança por parte do cidadão.
Se as nossas condutas já estão em consonância com a lei, por que então devemos agir de
forma íntegra? Primeiro, porque a integridade está além da ética e da lei. Segundo, sem uma
conduta íntegra não se alcança a finalidade principal, que é ser um agente da segurança
pública, a serviço da sociedade.
Portanto, ter uma conduta íntegra, seja como cidadão e como agente da segurança
pública, possibilita:
I - Ser uma pessoa de confiança para si e para os outros, pois, saberão que não tomará
decisões ou atalhos desonestos, incorretos ou desleais;
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II – Ficar com a consciência tranquila e limpa, sabendo que sua conduta não prejudicou
ninguém, nem trará danos a si mesmo nem ao coletivo;
III – Atrair pessoas, por sua empatia e honradez, diante de suas qualidades pessoais;
IV – Alcançar objetivos e metas, profissionais e pessoais, de modo mais rápido e seguro;
V – Ter reconhecida sua reputação pessoal e funcional, contribuindo para o seu
desempenho profissional e histórico laboral;
VI – Excluir qualquer ameaça de sanção administrativa, disciplinar, civil ou penal.

2. A evolução do conceito de cidadania

Originado na Grécia antiga (1100 a.C. até 146 a.C.) o termo cidadania indica aquele que
habita uma cidade (civitas) e dizia respeito à sua atuação efetiva o que significava dizer que
nem todos eram cidadãos, mas somente aqueles que usufruíam de privilégios em
determinadas classes sociais. O conceito, naquela época excluía mulheres, crianças e escravos
e incluía somente os homens totalmente livres, ou seja, aqueles que não precisavam trabalhar
para viver. Imagine que o número de cidadãos era bem reduzido.
Na Roma Antiga, cidadania estava relacionada ao exercício de direitos políticos, civis e
religiosos atribuída somente aos patrícios (homens livres, descendentes dos fundadores da
cidade); negada aos plebeus (descendentes de estrangeiros) assim como aos escravos (todos
aqueles que não saldavam suas dívidas, os traidores e os prisioneiros de guerra). Com a
expansão militar romana, o advento da Lei das Doze Tábuas (450 a.C.) assegurou aos plebeus
o acesso ao exercício da cidadania.
Império Romano - O direito romano definiu a cidadania como um estatuto jurídico-político
que era conferido a um dado indivíduo, independentemente da sua origem ou condição social
anterior.
Com a queda do Império Romano e o início da Idade Média, as relações entre o cidadão e
o Estado passaram a ser controladas pela Igreja Católica e com o Feudalismo, a vassalagem
estabeleceu uma relação intensa de dependência do camponês. O homem medieval nunca foi
cidadão. De alguma maneira, foram “suspensos” os princípios de cidadania.
Neste sentido, a Revolução Francesa, que começou em Paris em 14 de julho de 1789,
com a Queda da Bastilha, transformou o quadro político daquele país e foi um marco no
estabelecimento de um Estado democrático voltado para os interesses de todos os cidadãos
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e um exemplo seguido por outros países. Com o início da Idade Moderna foram colocados os
princípios de liberdade e igualdade na busca pela justiça e contra os privilégios
Corroborando ainda com esse pensamento, e conforme instituído pela nossa Carta magna de
1988, que infere em seu artigo 5º que:
Art. 5º da CF/88 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;

Segundo Luiz Flávio Borges d’Urso, o conceito de cidadania no Estado Democrático de


estar relacionado a:
“um status jurídico e político mediante o qual o cidadão adquire direitos
civis, políticos e sociais; e deveres (pagar impostos, votar, cumprir as leis)
relativos a uma coletividade política, além da possibilidade de participar na
vida coletiva do Estado. Esta possibilidade surge do princípio democrático
da soberania popular. ”
Segundo Dallari (1998) a inclusão política se faz por meio do exercício pleno da cidadania,
senão vejamos:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.
Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da
tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do
grupo social”.

3. Observância e reflexão sobre art. 5° da Constituição da República Federativa do Brasil


Inicialmente, citaremos o artigo. 5º da Constituição Federal:

Art. 5º da CF/88 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
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I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

O Caput do artigo 5º garante o Princípio da Isonomia, assegurando aos brasileiros


(natos e naturalizados) e aos estrangeiros residentes no país os direitos nele elencados.
O artigo 5º trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, os quais são objeto dos
incisos I ao LXXVIII e parágrafos. Estes são, resumidamente, os princípios fundamentais hoje
genericamente denominados “Direitos Humanos”.
Direito à vida:
O direito à vida é avaliado o mais fundamental de todos os direitos do pré-requisito à
existência humana e imprescindível na garantia do exercício de todos os demais direitos do
ser humano.
Portanto, não se pode falar em direitos, inclusive e principalmente os de personalidade,
posto que, todos têm direito à vida não apenas no âmbito do direito de viver, mas também
no direito de uma vida plena e digna, respeitando seus valores e necessidades.
Desta forma, como um direito elementar e fundamental, o direito à vida tem sua garantia
na limitação do poder do Estado em tudo que se refere à violação desse elemento. Assim, o
Estado é balizado de interferir diretamente neste direito, ou seja, não é permitido terminar
com a vida, em nenhuma hipótese, salvo nos casos previstos em lei.
Neste sentido, o Estado tem a obrigação de conduzir todos os seus órgãos, instituições e
agentes públicos encarregados da segurança pública a fim de restringir e impedir o exercício
de toda e qualquer atividade que possa de alguma forma colocar em risco esse maior e mais
relevante dos direitos fundamentais que é o direito à vida.
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Resumindo:
Nesta aula, vimos que o conceito de cidadania evoluiu desde a Roma e a Grécia antigas
até os dias de hoje, mudando ao longo do tempo face aos novos cenários políticos que se
apresentavam. Também que a cidadania é um processo contínuo e em constante
transformação;
Que cidadania é “a qualidade ou estado do cidadão no gozo dos direitos civis e políticos ”.
Vimos também que uma conduta cidadã é aquela em que todo cidadão observa as normas,
leis, direitos e toma atitudes que venham a colaborar para uma relação harmoniosa e pacífica
entre todos aqueles que fazem parte de uma mesma sociedade.
Vimos que o artigo 5º da CF Brasileira/88, prevê em seus incisos I ao LXXVIII e
parágrafos, resumidamente, os princípios fundamentais hoje genericamente denominados
Direitos Humanos.
E que neste sentido, o Estado tem a obrigação de conduzir todos os seus órgãos,
instituições e agentes públicos encarregados da segurança pública a fim de restringir e
impedir o exercício de toda e qualquer atividade que possa de alguma forma colocar em risco
esse maior e mais relevante dos direitos fundamentais que é o direito à vida.
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Referências
_ BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: versão
atualizada até a Emenda n. 92/2016.;
- BENGOCHEA, Jorge Luiz Paz, et al. A transição de uma polícia de controle para uma polícia
cidadã. São Paulo em Perspectiva, n. 18, p. 119-131, 2004. BRASIL. Constituição da República
Federativa do Brasil. 05 de outubro de 1988. Disponível em: . Acesso em: 11 jun. 2023;
- Conduta Íntegra. Disponível em: https://www.gov.br/cgu/pt-br/centrais-de-
conteudo/campanhas/integridade-publica/conduta-integra#conformidade. Acesso em; 11
junho de 2023;
- SONNENBURG, Solveig Fabienne. Cidadania e o exercício do poder de polícia. 125f. 2009.
Dissertação. (Mestrado em Direito Político e Econômico) – Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2009.
- VIEGAS, D., & Teodósio, A. dos S. de S. Mudança de Postura? A Conduta Cidadã no Uso de
Sacola Plástica no Varejo. Administração Pública e Gestão Social, vol. 11, núm. 3, 2019.
Universidade Federal de Viçosa, Brasil. Disponível em:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=351559268007. Acesso em 11 junho de 2023;

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