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ma Estrela

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Tradução
Karina C. Deana

Casa Publicadora Brasileira


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1

Eric abaixou a cabeça sobre a carteira e engoliu em


seco. Por que a professora não gostava dele? A pro­
fessora Janete tinha dito que ele nem tinha tentado,
mas não era verdade. Ele até ficou no intervalo para
perguntar como poderia resolver alguns problemas de
matemática que não entendia, mas ela disse: "Eu já
expliquei isso na aula, Eric. Agora estou ocupada." E
voltou a conversar com Mariana.
Por que tiveram que mudar de casa? Eric se lembrou
dos bons tempos no Jardim da Infância. A "tia" Fernan­
da era muito legal. Ela sempre abraçava as crianças e dava
muitas risadas.
A professora Janete também dava risadas e parecia
bem alegre, mas nunca com Eric. Ah, Tiago --às vezes
também ficava de fora. Eric cerrou os punhos e olhou
em volta da sala. Tiago estava tentando resolver os exer­
cícios de matemática. Suas pernas estavam cruzadas e o
rosto já estava vermelho de tanto "quebrar a cabeça".
Eric olhou para sua calça jeans. Estava bem limpinha.
Sua mãe a lavava todos os dias. Porém, com tanto uso,
já estava ficando desbotada. Ele olhou para os outros
garotos. Todos vestiam calças novas. Eric escutou a mãe
dizer: "Com quatro crianças para alimentar, não tenho
condições de comprar uma calça jeans nova." Lá no fun­
do, Eric se encheu de orgulho. Sua mãe era a melhor

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Uma Estrela Dourada para Eric O Menino de Jeans
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mã� do mundo. Fazia tudo o que podia para cuidar da


família com o pouco que ganhava. Que importava se não
tinha roupas novas como as outras crianças? Quem ligava
para aquela escola?
Um instante depois, Eric abaixou a cabeça. Seu co­
ração lhe dizia: "Eu me importo." Se ao menos pudes­
se aprender a ler, a escrever e a resolver os problemas
de matemática, talvez a professora J arrete ficaria feliz
e brincaria com ele também. Eric balançou a cabeça.
Não era esperto o suficiente. Nunca se sairia bem em
nenhuma matéria.
Quando chegou a hora do recreio, Eric não saiu para
o pátio com os demais. Comeu ali mesmo na carteira o
sanduíche que sua mãe havia preparado e abaixou a ca­
beça entre os braços. T inha vontade de comer mais um
sandtúche, mas não poderiam comprar pão até que sua
mãe recebesse o pagamento. Um mês era muito tempo
entre um pagamento e outro. Algumas vezes, Eric ainda
estava com fome quando ia para a cama à noite.
Uma lágrima surgiu no canto do seu olho, mas ele
enxugou rapidinho. Além do mais, depois da escola,
esperava encontrar un1a pessoa muito especial. Eric se
esqueceu dos problemas enquanto pensava em Samuel.
Em algu mas semanas, Samuel seria seu novo pai. Ele era boa olhada em todos eles - Sara, de doze anos; Tom, de
muito forte e também o melhor caminhoneiro que co­ nove; Eric, de sete; e Melissa, de apenas cinco anos.
nhecia. Faziam muitas coisas juntos e uma vez ele deixou - Puxa! Achei que iria ganhar sete filhos, mas são
Eric dar uma volta naquele enorme caminhão. Desde apenas quatro! - Samuel deu uma grande gargalhada que
que Samuel conhecera sua mãe, a casa parecia outra e encheu toda a casa. Eric logo começou a rir também.
Eric finalmente tinha esperança de que as coisas pudes­ - Samuel, você sabe que minhas três filhas mais ve­
sem ser diferentes. lhas são casadas - mamãe disse.
"Samuel ganha bem e nunca mais vou precisar ir para a - Bem, acho que teremos que nos contentar com
cama com fome", Eric pensou. "Quando crescer, quero ser apenas quatro! - Samuel jogou Melissa para o ar e ela
igualzinho a ele." Fechou os olhos e se lembrou do primei­ não parava de rir de tanta felicidade. Logo depois, Sa­
ro dia em que Samuel viera visitar sua família. Ele deu uma muel olhou para os outros. Eric ficou por último.
Uma Estrela Dourada para Eric O Menino de Jeans
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.- Por que você é tão quietinho? O gato comeu a - Ainda bem que não sou uma boba como o Eric e
sua língua? o Tiago.
- Ele é o quietinho da familia - mamãe explicou. Eric Alguns alunos riram. Eric olhou bem firme para Ma
observou um olhar especial nos olhos da mãe e se sentiu riana e ela ficou toda vermelha, como se estivesse arre­
muito amado. pendida do que tinha falado. Mas Eric não se esqueceu
- Eric! -A voz da professora Janete o trouxe de volta daquelas palavras. Depois disso, parecia que nem valia a
para a sala de aula vazia. - Vou ter que mandar um bilhe­ pena tentar. Um tonto. Ele nunca seria capaz de se re­
te para a sua mãe se você não melhorar nos estudos. cuperar. Para que se esforçar tanto? Assim, nas semanas
- Sim, senhora. seguintes, Eric desistiu de tentar.
Eric afastou os cabelos castanhos dos olhos, pensando Eric contava os dias para o fim das aulas. O papai Sa­
em como seria bom poder cortá-los. Talvez depois que muel lhe confidenciou um segredo maravilhoso. Quando
mamãe e Samuel se casassem sobraria dinheiro para isso. as férias chegassem, a fanúlia iria se mudar daquela casa tão
- Se parasse de sonhar acordado, você aprenderia pequena que parecia apertá-los o tempo todo. Um dia,
- disse a professora Janete. - Estou disposta a ajudá-lo, Eric foi dar uma volta no enorme caminhão do papai Sa­
mas não posso fazer tudo sozinha - acrescentou ela, dan­ muel. Ele sentou naquele banco bem alto dos caminhões
do um suspiro. -Você não é o único aqui. Tenho outros e eles pegaram a estrada, depois saíram pelo acostamento
vinte e cinco alunos nesta sala. - Ela suspirou de novo. e viraram em uma estrada de terra. Logo depois, chega­
- Você não quer aprender, Eric? ram a um belo terreno, com uma casa no alto.
-Oh, sim, professora. -Se ao menos ele pudesse mostrar - Puxa! É uma casa de toras de madeira! - Eric ficou
a ela o quanto desejava aprender... - Daria qualquer coisa... bem na pontinha do banco para ver melhor.
- Professora Janete, professora Janete! - Duas garo­ -É sim! - Papai Samuel o ajudou a sair do caminhão.
tas voaram para dentro da sala de aula. - O André caiu - Esse será nosso segredo. Você pode guardá-lo?
do balanço e... -Claro! -Eric seguiu o papai Samuel para dentro da casa.
A professora Janete saiu correndo e deixou Eric sozi­ - Aluguei esta casa para morarmos.
nho. Ele olhou pela janela e decidiu que tentaria aprender. Eric olhou os quartos espaçosos e depois subiu as es­
E Eric tentou mesmo. Mas ele estava tão atrasado cadas que levavam para outros quartos e para o banheiro.
em relação aos outros que não conseguia acompanhar. Correu para o quintal. Havia árvores, flores e pássaros.
Não importava o quanto se esforçava, quando aprendia - Papai Samuel - ele chamou. - Vou continuar a fre-
alguma coisa, a sala já estava aprendendo algo novo. Ele qüentar a mesma escola?
estava no grupo dos que liam mais devagar. Tiago, outro ·� - Claro. Não estamos tão longe assim da nossa an­
garoto e mais duas meninas estavam no mesmo grupo. tiga casa.
Mas, depois das férias de julho, as meninas e o outro ga- O coração de Eric quase parou. Que adiantava morar
roto passaram para um grupo mais avançado. em uma casa de toras de madeira se ele ainda teria que
Uma vez, Mariana cochichou: freqüentar a mesma escola onde tinha apenas um am.igo?

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A Casa de Toras

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- Sua mãe trabalhou bastante - papai Samuel disse a


2 Eric. - Está quase pronto. Espere só até colocarmos to­
dos os móveis para dentro. - Papai Samuel olhou na di­
reção da porta. -Venham, rapazes. Estamos prontos para
A Casa d• Toras trazer as coisas pesadas. Eric, não fique no caminho.
Eric nunca tinha visto uma casa virar um lar. Ele ficou
olhando enquanto os amigos caminhoneiros do papai
descarregavam o sofá e as poltronas, a mesa da cozinha,
as cadeiras e todos os outros móveis. Mesmo sendo ve­
Eric não conseguia parar de correr pelo quintal. O lhos, pareciam mais bonitos na casa nova. A outra casa
enorme caminhão do papai Samuel estava carregado era tão pequena que a mobilia ficava toda amontoada.
com a mobilia da fanúlia. Papai jogou os travesseiros en­ - Suba as escadas - papai Samuel chamou.
rolados em sacos plásticos por cima dos móveis. Eric subiu correndo pelas largas escadas que ficavam
- Quer ir comigo, Eric? no final da sala de estar e seguiu até o fim do corredor.
-Claro! -Eric subiu no caminhão e acenou para a ma- Os homens tinham colocado duas camas de solteiro em
mãe. Ela estava muito bonita e feliz também. Eric nunca um pequeno quarto/
tinha visto sua mãe tão feliz assim. Ela estava com o mes­ -Olha, é a minha carna e a cama do Tom! - Eric olhou
mo sorriso do dia em que ela e papai Samuel se casaram para as camas e depois para o papai Samuel. Seu coração pa­
e se tornaram uma grande fanúlia. Eric estava muito con­ recia que ia pular para fora. -Vamos ter um quarto inteirinho
tente e sabia que seus irmãos também estavam. Papai Sa­ só para nós?
muel já tinha levado toda a familia para olh_ar a cas� alguns - Sem dúvida. Um quarto para as meninas, outro para
dias antes da mudança e, como não podena ser diferente, os meninos e un1 para a mamãe e eu. Temos até mesmo
todos amaram o lugar. um quarto para as visitas. Seus novos avós e.-� tia Carol
- Igualzinha àquelas casas dos moradores das monta­ nos visitarão em breve. - Papai Samuel deu um sorriso
nhas - papai Samuel disse. - Podemos também fingir que tão largo que até enrugou o cantinho dos olhos. - Falei
somos um deles. muito de você para os meus pais e para a minha irmã.
Eric encostou-se no banco do caminhão. Mal podia espe­ Você vai gostar muito deles. - E saiu assobiando.
rar para chegar à nova casa. Apesar de toda a ansiedade, não Eric ficou parado, olhando o pequeno quarto. Toda
levou muito tempo. Papai Samuel estacionou o caminhão a sua alegria desapareceu. Mesmo tendo pela primeira
bem na entrada da casa. Eric pulou e correu para dentro. vez um quarto só para ele e para o seu irmão, algo o in­
- Parece que tem algo diferente por aqui. comodava novamente. Ele se sentou na cama.
Ele parou e observou com cuidado. Cortinas brancas -E se eles não gostarem de mim? -Eric sussurrou.
esvoaçavam com a brisa que entrava pela janela. O chão. Um sabiá pulou no p.riral da janela, inflou o peito e
estava brilhando e tudo parecia muito limpo. começou a cantar, como se estivesse consolando Eric.
Uma Estrela Dourada para Eric A Casa de Toras
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Olhando para fora, disse ao pássaro, como se conversasse


com·ele:
- Papai Samuel disse que minha nova vovó foi profes­
sora por muito, muito tempo. A tia Carol também traba­
lha em uma escola. Com quem será que elas se parecem?
Com a "tia" Fernanda ou com a professora Janete? Eric se
lembrou de algo que ainda não tinha contado nem mes­
mo para a mamãe.
Eric colocou a mão no bolso de trás da calça e ti­
rou o boletim. Nem precisava saber ler para entender
o que estava escrito ali. A professora Janete já tinha
contado para ele. Eric se lembrou de quando a pro­
fessora o chamou até a sua mesa enquanto as outras
crianças estavam lá fora, dizendo: -Sinto muito , Eric '
mas você não sabe o sufic iente para ir para a segunda
série no ano que vem. Você terá que fazer a primeira
série de novo.
Eric esfregou os olhos. Parecia que estavam cheios de
areia. Ele iria completar oito anos em fevereiro e ainda
estaria na primeira série! Já era ruim estar na primeira série Por fim, ele se levantou da cama, desceu as escadas e foi
com sete anos e não saber nada, imagine agora com oito! até a cozinha. Mamãe tinha acabado de arrumar as comidas
O sabiá começou a cantar de novo. no armário e papai Samuel estava bebendo uma xícara de
- Vá embora! - Eric balançou as mãos e o sabiá piou leite quente. .....
bem alto e voou para uma árvore perto dali. -Você não -E você mocinho, o que está fazendo aqui embaixo?
sabe como é ser um bobo. - mamãe perguntou. Os olhos arregalados dela fizeram
Aquela noite, quando todos já estavam deitados, ex­ com que Eric se sentisse mal, mas ele tinha que contar.
ceto o papai Samuel e a mamãe, Eric ficou deitado na - Não passei de ano! - Tudo o que ele conseguia
cama em seu novo quarto na casa de madeira, sem con­ fazer era sussurrar e olhar para os pés descalços no chão
seguir dormir. Tom estava dormindo pesado, mas Eric limpo da cozinha.
observava o luar no céu escuro e limpo. Uma pequena -Por que não? - Papai Samuel colocou a xícara sobre
nuvem seguia a Lua, como os patinhos seguem a mamãe a mesa.
pata. Eric podia ouvir o coaxar dos sapos de uma peque­ - Minha professora disse que não sei o suficiente.
na lagoa na parte de trás da casa. Era lindo, mas Eric não - Eric nunca tinha se sentido tão mal assim. - Eu tentei,
estava feliz. mas todos são muito inteligentes, menos Tiago e cu.
Uma Estrela Dourada para Eric
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-O Tiago repetiu o ano também? - mamãe perguntou.


Eric correu para a mamãe e afundou o rosto no
colo dela.
- Não. A professora Janete disse que ele pode ten­
tar fazer a segunda série. Se ele conseguir acompanhar a
turma, pode ficar. -As lágrimas quase caíram, mas Eric 01 Visitantes
as segurou.
Mamãe o abraçou com muito carinho e Eric não
conseguiu mais segurar as lágrimas.
-Eu sou um bobo. Todos ouviram o barulho do motor que vinha na
- Não diga isso nunca mais, Eric. - Mamãe segurou direção da casa. Mamãe, papai Samuel, Sara, Tom e Me­
firme nos braços de Eric. - Você não é bobo. Como al­ lissa saíram depressa ao encontro do carro.
guém que me ajuda a plantar as flores, a preparar a co­ Eric não correu. Ficou espiando tudo do seu escon­
núda e a limpar a casa pode se achar um bobo? Você faz derijo, numa mangueira bem alta que :ficava na frente
isso bem melhor do que a Sara, e ela é bem mais velha da casa em que morava. A familia se reuniu em volta do
do que você. carro, e logo três pessoas saíram do veículo. Uma delas
Eric se sentiu um pouco melhor, mas disse: tinha cabelos brancos e encaracolados. Devia ser a mãe
- A professora Janete não liga para esse tipo de coisa. do papai Samuel, a nova vovó de Eric. Um homem de
- Eric ouviu o papai Samuel se levantar e caminhar pela cozi- cabelos grisalhos e face bronzeada saiu do carro também.
nha, mas continuou com a cabeça enfiada no colo da mamãe. Ele se parecia muito com o papai Samuel. Logo depois,
Parece que passou um tempão antes do papai Sa­ uma moça de cabelos castanhos e encaracolados como os
muel dizer: da vovó saiu pelo lado do motorista.
-Espere até que a vovó chegue, Eric. Ela ensinou ga­ - Quero que vocês conheçam todo mundo - disse
rotos como você por anos e anos. Tenho certeza de que papai Samuel. - Vocês já conhecem a Marta. -Eric se en­
ela não vai pensar que você não consegue aprender. Com cheu de orgulho ao escutar o nome de sua mãe. -Esta é
certeza, a professora Janete estava muito ocupada com as a Sara, este aqui é o Tom, aquela ali é a Melissa e... -Ele
outras crianças para poder dar a ajuda especial que você parou. -Ei, onde está o Eric?
precisa. - Papai Samuel levantou Eric do colo da mamãe Mamãe parecia confusa.
e segurou-o com seus braços fortes. -Agora, volte para a - Ele estava aqui agora pouco. Eric?
cama. - Ele levou Eric até as escadas. - Não se preocupe. Eric deu um suspiro. Ele tinha que aparecer quando
Você não tem nada de bobo. Durma tranqüilo e amanhã ouvisse a mamãe chamar. Devagarzinho, ele escorregou
vamos conversar mais, tudo bem? de cima da árvore e chegou por trás da sua mãe. Os três
visitantes estavam olhando para ele. O que Eric mais
queria era poder voltar para cima da árvore.


Uma Estrela Dourada para Eric Os Visitantes
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- Estamos muito felizes em conhecê-lo - disseram o da tia Carol. Pareciam ser uma família bem feliz. Davam
vovô, a vovó e a tia Carol. A vovó deu wu largo sorriso para muitas risadas. Mamãe também dava risadas e isso ícz
Eric. O sorriso era tão grande que o cantinho dos olhos com que Eric se sentisse muito bem.
dela ficaram mais enrugados do que os do papai Samuel. Foi dificil se despedir da família do papai Samuel de­
Aquele sentimento que se parecia com um cubo de pois daquela rápida visita. Eric abraçou a vovó com for­
gelo dentro de Eric começou a se derreter. Ele não sentia ça. Ele apertou a mão da tia Carol e do vovô, mas eles
mais medo. Quando todos entraram na casa, Sara, Tom puxaram Eric para perto e deram um abraço bem cari­
e até mesmo Melissa falaram sem parar, contando tudo a nhoso nele.
respeito da nova casa de toras de madeira. Eric não falou A vovó e a tia Carol eram maravilhosas! E ele tinha
nada. Mas, assim que a vovó se sentou no velho sofá, ele certeza de que elas não achavam que ele era um bobo!
foi para bem pertinho dela. Os braços dela repousaram so­ É incrível como o dia acaba rápido quando se está
bre seus ombros. Ele não disse uma palavra, apenas ficou de férias. Tinha tanto o que fazer na nova casa! Depois
sentado lá por um bom tempo. Foi então que teve uma de ajudar a mamãe a limpar a casa, a cuidar da horta e
idéia. Levantou-se, foi lá fora e, quando voltou, tinha um do pomar e a regar o jardin1, as crianças podiam brincar
presente para a vovó. o restante do dia. Centenas de árvores bem altas balan­
- Puxa, Eric, elas são lindas! - O rosto da vovó pa­ çavam ao vento suave das tardes de verão e serviam de
recia brilhar ao sentir o perfume tão agradável das ro­ esconderijos perfeitos quando decidiam brincar de es­
sas silvestres que Eric havia apanhado. - Que presente conde-esconde. Pequeninos peixes na lagoa dos sapos
maravilhoso. Que gracinha! Você é muito gentil. Como moviam-se agilmente aqui e ali. Eles eram menores do
você descobriu que eu gosto de rosas? Você realmente é que o dedo mindinho de Eric.
muito esperto! Eric aprendeu a identificar várias espécies de pássaros
Eric pôde sentir um sorriso se formar em seu rosto. e flores. Ele tomava muito cuidado para não tocar em
Ele voltou para o sofá e sentou perto da vovó. Ficou sen­ nenhuma planta desconhecida, a menos ..que a mamãe
tado ali com os braços da nova vovó sobre seus ombros a lhe desse permissão, porque algumas plantas silvestres
tarde inteirinha e não quis nem saber de sair para brincar são venenosas.
com os irmãos no quintal. Um dia, chegou pelo correio um cartão postal de
Mamãe fez um jantar delicioso. Salada de folhas ver­ Yellowstone Park. Era da vovó, do vovô e da tia Carol.
des, legumes cozidos, arroz integral e bolo de nozes. Em seguida, o papai Samuel e a mamãe receberam urna
Ela sabia fazer o melhor bolo de nozes do mundo. Eric carta. Foi Eric quem recebeu do carteiro. O envelope
comeu até ficar satisfeito. Mas depois que a louça foi la _>, estava gordinho e ele rapidamente, mas com cuidado,
vada e guardada, sem chamar a atenção, ele voltou para levou a carta para casa.
bem pertinho da vovó. Ainda tinha muita vergonha e - Uma carta da tia Carol! - Papai Samuel abriu o cn
não falava a menos que a vovó perguntasse alguma coisa. v-elope devagarzinho e leu a carta em silêncio. Um cnor
Mas escutava tudo. Ele também gostou muito do vovô e m�rriso se formou no rosto do papai. - O que voe<;

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Uma Estrela Dourada para Eric Os Vlsltantoo
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-acha disto? -Ele olhou para a mamãe, que estava mexen­ bastante para aprender a ler e a resolver os problemas dr
do alguma coisa no fogão. -A vovó, o vovô e a tia Carol matemática. Ele também nos ajudará com algumas ta­
querem saber se o Eric gostaria de passar o restante das refas domésticas, como manter a cama dele arrumada, o
férias com eles, assim que chegarem de viagem. quarto limpinho e algumas outras coisas.
Mamãe parou de mexer a panela. Ela ficou com um Todos nós nos apaixonamos por Eric. Será que vocês dei­
olhar engraçado no rosto. xariam ele vir, isto é, se ele quiser? Achamos que isso real­
-Verdade? Eles disseram o motivo? mente poderá fazer a diferença na vida dele. Nós também
-Aqui. Deixe-me ler para você, senão o doce de abó- o levaremos para a igreja, em que poderá fazer novos ami­
bora vai acabar queimando - papai Samuel falou, espa­ gos e encontrar muitas outras atividades.
lhando as páginas da carta sobre a mesa. Esperamos que ele venha o quanto antes. Já estamos
Ele leu assim: com saudades de todos. Marta, não precisa se preocupar.
Queridos, Fique tranqüila, pois cuidaremos de tudo.
Estamos nos divertindo muito em nossa viagem. Visita­ Com carinho,
mos o Parque Nacional de Yellostone e estamos a caminho Tia Carol
do sul. Vamos atravessar o Colorado e então passar por Ari­ Papai Samuel dobrou a carta e a deixou sobre a mesa.
zona e pelo Grand Canyon, antes de voltarmos para casa. Mamãe enxugou uma lágrima que escorria pelo rosto.
Papai Samuel pulou algumas páginas. - Que convite maravilhoso! - ela falou, emocionada.
-Esses são os lugares por onde vão passar. Podemos Mamãe olhou para Eric e perguntou:
ler os outros detalhes mais tarde. Ah! Achei! -Ele con­ -Você gostaria de ir?
tinuou a ler... Eric nem ouviu a pergunta. Estava tão empolgado
Desde que visitamos vocês, não falamos em outra coisa. e contente que subiu as escadas como um furacão para
Não achamos que o Eric deva repetir a primeira série. A fazer as malas a fim de ir para a casa do vovô, da vovó e
vovó já trabalhou com crianças por anos e eu também. Ne­ da tia Carol assim que chegassem de viagem.
nhum de nós, incluindo o vovó, acha que o Eric seja incapaz
de aprender. Talvez nunca seja o primeiro aluno da sala,
mas não podemos afirmar isso. Acreditamos que, se ele tiver
uma chance de verdade, ele poderá se tornar um bom aluno
e ir para a segunda série. Realmente sentimos que ele deva
ter essa oportunidade
A vovó disse que gostaria muito que o Eric ficasse conosco ,
até o final das férias. Ela pode estudar com ele todos os dias
durante a semana. Quando as aulas recomeçarem, ele pode-
rá fazer um teste e se matricular na segunda série.
É importante que o Eric saiba que deverá se esforçar
Uma Longa Víagem
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bronzeado. Os olhos dele pareciam mais azuis do que


4 nunca. - Essa escola tinha apenas uma sala de aula bem
grande. A vovó cosmmava dar aulas lá. Ela ensinava da

Uma Lonea Ylae•m


primeira à oitava série em um só lugar!
- Puxa! - Eric se ajeitou no banco. - E todos ficavam
amontoados no mesmo lugar?
- Não, havia apenas dois ou três alunos em cada série - a
vovó disse.
- Tia Carol, você freqüentou essa escola? - Eric
Eric olhou pela janela do carro. perguntou.
- Quanto tempo ainda vai demorar para chegarmos? Ela riu.
A vovó deu risada. - Não. Mas, quando todos os alunos passaram a fre­
- Não vai demorar muito. qüentar a escola da cidade, meu avô transformou � es­
Ela agia como se soubesse como um garoto se sentia cola em uma casa. Quando eu tinha apenas um arunho
quando estava fazendo uma longa viagem de sua casa de idade, nós nos mudamos para lá, e moramos lá desde
para um lugar onde havia ·macacos, lontras e todo o tipo aquela época.
de coisas maravilhosas. . .
Eric se encostou no banco. Ficou qrueto por um
- Conte-me mais sobre sua casa - disse Eric, colocan­ bom tempo. Depois, começou a fazer carinho no braço
do o rosto na janela outra vez. -É igual àquela ali? - Ele da vovó.
apontou para uma casa de tijolos à vista, com uma cerca - Vovó, morar em uma casa que já foi uma escola faz
branca ao redor do terreno. - Ou àquela outra ali? - Ele com que a gente fique mais inteligente?
estava olhando para uma casinha branca. A vovó sentiu vontade de rir, mas se segurou. Seus
- Nossa casa não é parecida com nenhuma dessas - a olhos se encheram de bondade. "
vovó respondeu. O vovô olhou para o banco de trás, por­ - O lugar não deixa a gente mais inteligente, mas a
que estava sentado perto da tia Carol, que estava dirigindo. vontade de aprender ajuda muito.
- Eric, você vai passar o restante das férias em runa - Ah! - Eric se mexeu um pouquinho, mesmo preso
antiga casa que serviu por muito tempo como escola. ao cinto de segurança, e respirou fundo. - Vovó, você
- Sério? - Eric deu um pulo no banco. Não podia acha de verdade que eu posso aprender?
esconder a sua empolgação. Ele começou a dizer: - Não - Sim, tenho certeza! E eu sou a pessoa certa para
é normal morar em escolas - mas parou de repente. Ma­ ensinar você.
mãe o havia ensinado a ser educado, e não era educado Eric se sentiu muito bem.
dizer uma coisa daquelas. - Vou estudar bastante - ele prometeu. - Imagine só
- É verdade! - disse o vovô, dando uma risada. O· como a mamãe e o papai Samuel vão ficar surpresos quando
sorriso largo do vovô se espalhou por todo o seu rosto virem quanto eu aprendi!

Uma Estrela Dourada para Eric Uma Longa Viagem
e: ooo:: e:cceco::;:::::ccc:oo;:0<:coccc::::::x,o::::::::g OOIXC::o: -o<><:coe::::cocl)OQOOO,Q<>CoC:::::::e:::::co::00:,0000:�cc�eeooce::=o: acacuaacu

A tia Carol não desgrudou os ofüos da estrada, mas disse: A vovó, o vovô e a tia Carol caíram na risada.
-Eric, temos livros maravilhosos em nossa casa. Mui­ - Isso mesmo. Os três Reis Magos, Eric, não os três
tos têm gravuras. Algun s desses livros foram do Samuel "caras" sábios. Você se lembra quem foram eles?
quando ele era apenas um garotinho. No final das férias, - Sim. Eles viajaram a camelo, seguiram uma estrela
você será capaz de ler todos eles. no céu, e o menino Jesus estava lá quando chegaram ao
- Obaaaaa! Nem posso acreditar - Eric mal podia lugar que estavam procurando.
esperar. - Do que falam esses livros? As palavras da tia Carol foram muito carinhosas.
- De várias coisas. - A voz dela soava como se guardas ­ - Eric, já sei o que vamos fazer. Vamos ler juntos o
se um segredo. - Navios, boiadeiros e pessoas que vivem livro de histórias da Bíblia. Quando eu tinha a sua idade,
em outros países. E, Eric... - acrescentou ela, fazendo uma ele era meu livro favorito. Toda noite antes de deitarmos
pausa, aquela pausa que as pessoas fazem quando vão dizer vou ler uma história para você. Assim que você aprender
algo muito especial - quando você estiver lendo bem' vou a ler, você poderá ler uma história para mim também, ou
lhe dar um livro que você guardará para sempre. para você mesmo.
- Qu� livro é esse? - Eric queria saber. Pelo jeito de - Esse livro tem gravuras?
falar da na Carol, aquele livro deveria ser muito ' mas - Lindas gravuras - a tia Carol disse. - Gravuras de to-
muito bom mesmo. ' dos os tipos.
- É um livro que fala sobre Deus e Jesus, Seu Filho. Antes que Eric pudesse dizer como estava feliz, o
Também fala de Moisés e Daniel e ... vovô sussurrou:
- Todos esses homens de quem as pessoas falam na - Feche os olhos, Eric. Estamos quase chegando.
igrej�? .-E �ic franziu a testa. - Faz muito tempo que não Eric fechou bem os olhos. O vovô disse:
vou a 1greJa. A mamãe nunca teve um carro e o papai - Pode abrir.
Samuel estava muito ocupado fazendo a mudança. -Ele Eric podia ouvir o barulho dos pedriscos embaixo dos
se lembrou de algo. -Ahhh! Na carta você disse que me pneus. O carro virou à esquerda e Eric abriu bem'õs olhos.
levaria à igreja. - Puuuxa!
- Toda semana. Você vai amar as crianças de lá' e a Podia ver uma casa antiga e bem grande no final da
professora é superlegal. estrada. Enormes palmeiras circundavam a casa branca. O
céu azul derramava os raios de sol sobre os degraus largos
. Agora Eric tinha algo mais para pensar. Ele mal po­
dia se lembrar da última vez que estivera na igreja e das da varanda. Duas floreiras imensas fixadas no telhado da
histórias que ouvira lá. varanda estavam repletas_d.e flores vermelhas e cintilantes.
- Moisés e Daniel estão na Bíblia, não estão? ·>-> Ao sair do carro, Eric pôde ouvir os passarinhos can­
- Sim - disse a vovó. tando. Será que havia milhares deles por ali? Parecia que
- Ei, espere um pouco, estou me lembrando de al- sim. Sabiás como aquele da casa de toras de madeira can­
guns outros personagens da Bíblia. Os três "caras" sá: tavam e cantavam. Uma borboleta amarela e preta pou­
bios. - Eric ficou orgulhoso de ter se lembrado deles. sou na mão de Eric.


Uma Estrela Dourada para Eric
o::::ic:cocccoc::ooC><Xlcc::::::::::)l)Q(?:,eoco::::::: o:::::ee:00::::::oc::o:ooc:::c:orxx:::::occe::: :eo

- Este lugar é lindo! - Ele abraçou a vovó, depois .- Muito mesmo! - EJe a abraçou de novo. - É o pri­
correu e abraçou o vovô e a tia Carol. - Estou tão feliz meiro quarto
_ que tenho só para mim. - Os olhos dele
por estar aqui. descobnram uma estante cheinha de livros de cor viva.
Eric se lembrou da casa de toras de madeira e da - Podemos ler esses livros agora?
sua família, e um sentimento estranho surgiu no seu - Agora não .- a tia Carol sorriu. - Está quase na
coração. Sentia falta deles. Mas logo pensou como fica­ �ora dos macaquinhos chegarem. Você não quer perder
riam orgulhosos se ele aprendesse a ler e a resolver os isso, quer?
problemas de matemática. Foi assim que aquele senü­ - Nããão! - Eric correu até a porta dos fundos. E se os
mento estranho desapareceu. macaquinhos tivessem chegado e eJe não os tivesse visto?
A casa branca era realmente grande, maior do que a
casa de toras de madeira. A vovó mostrou a ele a cozinha e
a sala de jantar. O teto desses dois cômodos era bem alto.
- A escola funcionava aqui. Nós construímos aquela
parede ali depois que nos mudamos para cá.
Eric ouviu com atenção a vovó contar onde cos­
tumavam ficar as carteiras de madeira e o velho fogão
a lenha.
- Meu quarto fica onde as crianças costumavam guar­
dar as mochilas e as lancheiras - a tia Carol disse.
Eric deu uma espiadinha em um quarto bem bran-
quinho e perguntou:
- Tinha lanchonete aqui?
- Não - elas riram. - Todos traziam o lanche.
- Este é o seu quarto, Eric - a vovó mostrou.
Ela deu um passo para trás e deixou que Eric en­
trasse. Ele ficou parado na porta e olhou, e olhou. O
quarto era pequeno como ele e era muito aconchegante.
A cama encostada na parede estava arrumada com uma
colcha que combinava com as cortinas. Pela janela, Eric
pôde ver um lindo arbusto florido com pequenas flores
cor-de-rosa. A vovó ensinou Eric a ligar e a desligar a
luminária que estava presa à cama.
- Você está contente aqui, Eric? - a vovó per­
guntou.
As Primeiras Llçoou

alít
000()0()00(::::;eoo::::::e::e::::::::::o::o:::::>OOOOOOOO<looo,0oa:,:�::eee�00,eegeecc

gelada. É ... - O vovô parou de falar e, com o dedo sobre


s os lábios, fez sinal para Eric ficar em silêncio. - Shhhh.
Acho que os macaqtúnhos estão chegando.
Eric tapou a boca com a mão e tentou respirar mais
As Primeiras Ll�õ•s devagar. O vovô estava certo. Alguma coisa estava se
movendo entre as copas das árvores próximas dali. Deva­
gar, olhando para a direita e para a esquerda, uma linda
mamãe macaco com seu filhotinho nas costas pulou no
chão e foi correndo até a mangueira carregada com man­
Eric foi até a espaçosa varanda. A frente e um dos la­ gas madurinhas. Logo depois, mais cinco macaquinhos
dos da varanda eram abertos, e um caminho feito com pe­ fizeram o mesmo. Mas, antes de subirem na mangueira,
dras levava até o quintal. Arbustos cheios de flores lilases pararam bem na frente de Eric e do vovô.
enfeitavam a casinha de madeira construída pelo vovô. Eric ouviu alguns passos. A vovó passou por eles e
�angueiras, jabuticabeiras, laranjeiras, palmeiras, ipês ficou um pouco à frente. Eric segurou a respiração quan­
e mwtas outras árvores enfeitavam o jardim. Um dos la­ do ela começou a chamar:
dos da casinha de màdeira estava repleto de árvores com - Venham, macaquinhos, venham. Não vamos ma­
pequenos frutos verdes. chucar vocês. Venham - ela chamou enquanto segurava
- Logo, logo essa árvore estará carregada de caquis duas bananas. - Isto é para vocês.
doces e suculentos - disse o vovô. - Você está vendo Dois macaquinhos mais jovens começaram a brin­
aquelas mangueiras ali? - O vovô apontou para o outro car entre si. Mas os outros três logo se aproximaram da
lado da casinha de madeira. vovó. Eles pararam a alguns metros dela e depois deram
. Eric balançou a cabeça para cima e para baixo. Que mais alguns passos. A vovó ficou parada, sem se mexer
qllllltal enorme! Ele podia ver uma casa de pedra lá longe. nem um pouquinho. Um dos macaquinhog--chegou mais
- O que é aquilo? perto e pegou a banana da mão da vovó. Outro veio
-Ah, é o nosso celeiro. E aquela ali é a caixa d'água. correndo bem rápido e pegou a outra banana, como se
- O vovô mostrou uma casinha branca. - Não recebe- estivesse com muita pressa. Depois, todos fugiram para
mos água do jeito que vocês recebem na cidade. Esta­ a mangueira! ,,,,-
mos muito longe da cidade para receber águ a dos canos - Que legal! - Eric faJou, mas tomou cuidado para
que vêm do reservatório. Está ouvindo o barulho da não dizer isso muito alto e assustar os macaquinhos que
bomba d'água? ainda estavam na árvore ali perto. Ele fixou os olhos ne­
Eric prestou atenção no barulhão que a bomba fazia, les, tentando observar todos os movimentos que faziam.
e o vovô continuou a explicação. Os macaquinhos corajosos sentaram em um galho eco­
-A bomba puxa a água de um lençol freático que fica meram a banana como gente grande. A mamãe macaca
embaixo da terra. Por isso, a água que sai da torneira é tão já estava saboreando uma manga bem sucuJcnta e os ou-
Uma Estrela Dourada para Eric
ane 0e::::oo�eoc::::e::oe: e:o::::e:::oo:::,:i:e:oaeHe::::eeacac:e
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As Primeiras Llçõ "
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tros estavam examinando os galhos que tinham as man­ forma que seus lábios. - Nós gostamos muito de and,u·
gas mais amarelinhas. Foi então que Eric ouviu mais um por lá à tardezinha, depois que terminamos o tra_balho ..
barulho vindo de outras árvores. - Vou ajudar no trabalho, assim poderemos 1r lá mais
-Aí vem o restante da família - o vovô cochichou. cedo - Eric prometeu. Ele mal podia esperar para ver o
Eric ficou de boca aberta. Outra mamãe macaca com riacho e o rio. -Aquela ali é uma montanha e tanto, não
seu filhotinho pulou no chão. é mesmo? - Ele observou a montanha enorme que o céu
-Será que ela vai ter coragem se pegar a banana das escuro tinha transformado em uma casquinha de sorvete
mãos da vovó? - Eric perguntou para o vovô. gigantesca. - É verdade que lá em cima está muito, mui-
-Ainda não. Ela é muito esperta e sabe que há pessoas to frio agora, mesmo no verão?
ruins por aí que querem roubar seu filhote. Assim como a .
-Sim. Lá em cima sempre está frio porque ela é mm­
outra mamãe, ela ainda não se aproximou da vovó. to alta e venta muito por lá. Às vezes, no inverno, o pico
A vovó deu um suspiro. fica coberto por uma fina camada de gelo - disse a vovó.
- Nós amamos observá-los. -Agora, vamos preparar o jantar?
Umas sementinhas de dente-de-leão que voavam . .
No dia seguinte, a vovó começou a �nsu:iar a �nc as
pelo ar pousaram no nariz de Eric e isso fez com que
coisas que ele deveria ter aprendido na pnme1ra séne. �la
ele espirrasse.
o ajudou a aprender os sons das letras do alfabeto. Dali a
Imediatamente, todos os macaquinhos saíram. cor­
pouco, Eric disse à vovó: .
rendo. Eles levantaram as caudas e correram tão rápido
que desapareceram em segundos. - Estou feliz de não ter que fazer isso na escola. As
outras crianças mam rir.
- Por hoje é só -o vovô disse com um sorriso. -Você - Sempre haverá pessoas que darão risadas de você,
gostou dos nossos bichinhos de estimação, Eric?
Eric -o vovô disse a ele. -Você sabe o que eu faço quan-
- Leva um bom tempo para ganhar a confiança deles. do as pessoas riem de mim?
Se você for paciente, conversar com eles e oferecer-lhes uma .
- O quê? - Eric ficou imaginando quem podena dar
banana toda tarde, pode ser que eles a peguem da sua mão.
-A vovó abraçou Eric. -Vamos entrar. Está ficando escuro. risadas do vovô!
- Eu dou risada também, e assim eles não podem rir
Os macaquinhos sempre chegam no final da tarde.
de mim, mas comigo - o vovô disse e deu uma risada tão
Eric olhou pelo espaço aberto repleto de árvores e flores.
gostosa que Eric não pôde resistir e riu também.
- O que tem pra lá daquele morro?
Dia após dia, Eric estudava as lições. Também acom­
- Uma vale muito legal, de onde dá pra gente escor-
panhava o vovô e o ajudava a pegar lenha para o forn<;>.
regar com pedaços de papelão. Do outro lado do vale fica
Ele observava o vovô consertar as coisas para a vovó e a na
o pasto em que o gado do vizinho se alimenta, e pertinho >...

dali tem um lindo riacho que desemboca em um rio cheio Carol, e em pouco tempo Eric aprendeu a consertai: coisas
também. Ele ajudava a tia Carol a preparar a comida e a
de corredeiras- explicou a tia Carol, que tinha acabado de
entrar na casa. Os olhos azuis pareciam sorrir da mesma lavar a louça. Eles ficavam conversando o tempo todo. A tia
Carol era divertida e contava muitas histórias interessantes.
Uma Estrela Dourada para Eric As Primeiras Llçôm-1
000:0000ccoo==oc::
oooc::::o::,c:co:::c,cc:x:c:::�::::::ceox:: :: ::·c:::ococ '<:coc::oc::00:: :oo:::>:>o: :o:� 000�:e:::•�::::: ::eg::::::)O()()QO:::e,::c:0000000

Mas a melhor parte do dia era à tardezinha. Várias - Quero aprender mais a respeito de Jesus e ser bati
vezes eles foram caminhar ao longo do rio. Ou pelo zado. - Ele pensou por um momento e perguntou logo
_ a seguir: - Jesus não é como a professora Jarrete, é? Ele
nacho. Ou ao redor da lagoa onde os sapos diziam:
"Grr-amp. Grr-amp." nunca vai dizer que eu não sei o suficiente, não é?
Eric sempre se lembrava de sua família. Às vezes sen­ A tia Carol deu um abraço bem apertado em Eric.
tia falta deles, mas estava tão ocupado que não tinha - Não! Se você quer conhecer mais a Jesus e está
tempo para se sentir sozinho. Além disso a mamãe iria disposto a aprender, Jesus o ajudará a entender e ficará
ficar muito orgulhosa quando viesse visi�á-lo e visse o contente com você.
quanto estava aprendendo. - Tia Carol... - a voz de Eric enfraqueceu. Ao invés
À tarde, os macaquinhos sempre chegavam. Eles ain­ de perguntar o que fazer, ele deu um pulo na poltrona.
da não pegavam bananas das mãos de Eric. Mas, antes - É melhor escovar meus dentes e assim a vovó não terá
qu� chegassem, o ':ovô e ele colocavam as comidas pre­ que me lembrar. Isso vai fazer com que Jesus fique con­
fendas deles embaixo da grande mangueira. Quando os tente comigo?
macaquinhos iam embora, já estava quase na hora de ir - Ele fica contente quando você faz aquilo que é cor­
para a cama. A tia Carol e Eric se aconchegavam na pol­ reto e O coloca em primeiro lugar na sua vida - a tia
trona do vovô com o livro de histórias da Bíblia. Era Carol falou, sorrindo.
maravilhoso! Eric ouviu a história de Daniel na cova dos - Então vou fazer tudo para deixar Jesus contente.
leões, ?e Davi, o menino pastor que enfrentou o gigan­ - Eric saltou da poltrona e foi direto para o banheiro
te Gohas, e de Ester, a mocinha que se tornou rainha e escovar os dentes.
salvou seu povo.
Mas a melhor de todas era a história de Jesus, o Pilho
de Deus. A tia Carol disse para ele:
- Eric, Deus enviou o Seu único Filho para nos salvar.
- P?r que as pessoas O mataram? - Eric queria saber.
A tJ.a Carol parecia triste.
- Eles não �ntendian, que tudo o que Ele queria fa­
zer era nos ensmar como amar a Deus e uns aos outros.
Eric, a c<?isa mais importante que você pode aprender é
como deixar que Jesus more em seu coração. Ele mor­
reu pelos nossos pecados. E Ele quer morar em nosso >­
coraç�o. Quando aprender mais sobre Ele, você poderá
se banzar. Quando nos batizamos, dizemos a Jesus e aos
outros que queremos segui-Lo.
Eric ficou bem pertinho da tia Carol.
A Escolha do 1: , 1c:
QOOOOOOOOOOOOóô:cooo:co«>ocix:n::o:c:o:::: :e:::e::::oca:0000Jog00gcc000�o�

alítlll A vovó chamou a tia Carol e o vovô, que cstav.1111


6 trabalhando no j ardim.
-Venham aqui! Eric tem uma surpresa para vocês.
Eric nunca havia se sentido tão orgulhoso como ao
A E1colhG de Erlc ler aquela história pela segunda vez, só que agora sem
errar nenhuma palavra.
- Eric -disse a vovó - você teve um ótimo começo.
Estou tão orgulhosa! Você está aprendendo muito rá­
pido. - Ela ficou séria. - Mas ainda tem que se esforçar
A cada dia Eric aprendia mais e mais. Em pouco tem­ mais nos problemas de matemática. Sei que eles são difi­
po, ele já podia ler palavras simples e resolver alguns pro­ ceis. Mas... -os olhos dela brilharam - Jesus nos dá força
blemas de matemática. A vovó sempre deixava um tempo para fazer aquilo que precisamos fazer quando fazemos
livre para que ele pudesse brincar depois que terminasse o nosso melhor.
as tarefas domésticas e as lições. -Será que Ele vai me ajudar a passar para a segunda série?
-Você é um ótimo ajudante - ela disse. A vovó sorriu mais uma vez.
Eric se sentia muito bem quando recebia um elogio -Tenho certeza de que Ele o ajudará. Só temos que
da vovó. continuar trabalhando bastante.
Certo dia, Eric falou: Depois que Eric aprendeu a ler, um novo mundo se
-Vovó -ele sabia que ela ficaria muito contente - eu abriu para ele. Após ler as histórias da Bíblia com a tia
consigo ler este livro aqui! Carol, Eric passou a deixar a luminária acesa por mais
A vovó olhou para ele por cima dos óculos. meia hora todas as noites. Ele lia todos os tipos de livro.
- É verdade? Quero ouvir você ler alguma coisa. -Ela O que ele mais gostava era o livro de históri� da Bíblia
virou as páginas e escolheu uma. - Leia esta. da tia Carol.
- O menino co-rreu mo-rro abaixo. O cach-ch-cho-rro cor- -Este livro de histórias da Bíblia será seu no final das
reu atrás dele. O cacho-rro latiu. O menino estava com medo! férias -prometeu a tia Carol.
Eric sorriu para a vovó. Eric a abraçou e disse:
-Viu só? -Mas você não vai sentir falta dele?
- Ótimo, Eric! - O rosto da vovó se iluminou. Ela Um olhar brincalhão tomou conta da tia Carol.
vasculhou a estante e tirou outro livro, um que Eric não - Se eu sentir falta, você vai emprestá-lo para mi,n,
),
tinha visto ainda. -Tente este aqui! não vai?
As palavras eram mais dificeis, mas Eric leu o livro in­ - Claro! - Eric gostava muito quando ela brinc.1v,1
teirinho para a vovó. Ela teve que ajudá-lo com algumas com ele assim.
palavras, mas a maioria ele conseguia decifrar do jeito As férias passaram muito rápido. Era o último dia de
que a vovó havia ensinado. janeiro. No dia seguinte, Eric completaria oito M'lOS de


Uma Estrela Dourada para Eric
�:co::QO(::w�J:0:::::0::ox::::::co::c:::X>«>C:::X><>ôOó<'>"O<X:::0:cc:::c,, �:e:e::::::::oe:�a:oc::::� A Escolha de Erlc
::e:::o:><>OOOO<X,çC::e:0<:10:00000000:o�a,gm

idade. A mamãe, o papai Samuel, Sara, Tom e Melissa


estavam a caminho para passar a noite e comemorar o
seu aniversário no outro dia. Ele mal podia esperar!
- Como é o seu aniversário, você pode escolher o
que quiser para jantar - disse a vovó.
Eric não pensou duas vezes. Já sabia o que queria!
-A lasanha especial da tia Carol, aquele assado que só
você sabe fazer, vovó, uma salada bem gostosa da horta e
um bolo de aniversário gigante! -ele lambeu os lábios.
A manhã inteirinha Eric não parou de perguntar:
-Eles vão demorar muito para chegar?
Quando o carro apareceu na entrada da casa, Eric
saiu correndo como um raio.
-Mamãe!
Ela o abraçou. Como Eric sentira falta dela! Mesmo
passando as melhores férias da sua vida na casa da vovó,
do vovô e da tia Carol, ela era a sua mamãe, e ninguém
poderia ocupar o lugar dela.
O jantar de aniversário estava delicioso. Todos come­
ram até que ficassem satisfeitos. Eric vestiu a camisa e a
calça que ganhou de aniversário. Levou a irmãzinha para
dar uma volta na bicicleta que tinha acabado de ganhar, Eric sentiu um friozinho no estômago. Fiq1r ali? Com
mesmo sendo a sua primeira bicicleta. Tinha sido da tia o vovô, a vovó e a tia Carol? A vovó continuou a falar e
Carol, mas estava novinha. Eric ficou quietinho escutando.
Naquela noite, Sara, Tom e Melissa viram a vovó ali­ -A professora da segunda série daqui é ótima. Con­
mentar os macaquinhos. Eles ficaram de queixo caído versamos com ela e lhe dissemos como Eric está indo bem
quando viram Eric oferecer-lhes uma banana. Um maca­ e como está se esforçando para aprender e se recuperar.
quinho saiu em disparada, agarrou a banana e subiu na -Ela fez uma pausa, e Eric sentiu seu corpo ficar quente
árvore. Já estava escurecendo quando a vovó disse: e depois esfriar. - Se Eric ficasse, poderíamos continuar
- Vamos entrar. Precisamos conversar com seus pais: a ajudá-lo em casa. A escola concordou em deixá-lo ficar
Eric. na segunda série, mas com a condição de que terá que
Assim que todos se ajeitaram na sala, a vovó falou: acompanhar o restante da turma.
- A tia Carol, o vovô e eu estivemos conversando. Mamãe ficou com um olhar diferente. Depois de uns
Vocês deixariam Eric ficar conosco este ano? minutos, ela perguntou para Eric:
Uma Estrela Dourada para Eric
OO<>ooôvoo<;..:::::::8;:e:::::: =<:e
:e::::e: :ce>o<:i:::o:::e:::ecx::>oo,•
e:o::o::::::::::x:�e::: ;::,:o:-<><>000<>o<>

- Você gostaria de ficar?


Eric se lembrou de como foi bom abr
, açar a mamã
M as tambem se lembrou de como a mamãe e o p e.
ap a i
S:imu�l ficaram orgulhosos quando
o ouviram ler uma
Estrelas Coloridas
históna que ?unca havi a lido antes.
Ele
do como sen_a bo estar n a segunda ficou imaginan­
_ � série e não ter
fazer a p�1me 1ra sene de novo. O que deveria fazer? que
Papai Samuel estava falando.
- Se essa for a vontade de Eric, acho
bom ele ficar. Teremos que nos mudai que seri a muito
de n:iade1_ ra. Não tenho mais trabalho · da c asa de toras - M amãe - Eric perguntou mais uma vez. - Você
por Já e teremos quer que eu fique com o vovô, a vovó e a tia Carol?
que ir morar numa cidade pequen a na
serr
-Tão pequena quanto a cidade que a a. Ele percebeu o jeito que a mamãe olhav a para ele e
vovó mora? depois para a vovó. Por que era tão difícil assim para ela
O papai deu uma risada.
decidir? Então a mamãe disse:
.- Esta cidade aqui é uma� vinte vezes maior do que - A escolha é sua, Eric. Também acho que você
a c1dad� par a onde estamos 111d o! - Papai parou de rir
e p arecia preocupado. A escola de aprenderá muito mais se ficar aqui. Vou sentir muito,

se1 se _os professo�cs t riam tempo para é pequen a. Não mas muito mesmo, a sua falta. Mas é meli1or você fic ar.
especial para o Erre. Sao � dar um a atenção Eric engoliu em seco. Mamãe estava deixando seus sen­
apenas dois ou três professores. timentos de lado porque sabia que era o melhor para ele.
- Ele ?li1ou para a mamãe. - Eric pod
eria aprender mui­ - E-e-eu acho que é meli1or ficar aqui também e po­
to mais se �cass est ano aqui. Nós
� � pod eríamos vir aqui der ir para a segunda série. - Ele correu para perto da
pas� ar o Dia das Maes e ele pode ir_
pa
me10 do ano conosco. O que você ach ssar as féri as do mamãe e ficou abraçadinho com ela . Fic.Qu esperando
a Eri
A boca de Eric est ava seca. Ele qu� c? ela falar.
mesmo que fo�sc sentir fàlt da mamã ri a muito ficar A mamãe o abraçou bem forte. Eric sentiu o cora ­
e,
e dos outros. hlc olhou ma�is uma vez do papai Samuel ção dela b a ter. Talvez, n a verdade, ela não quisesse que
para a mamãe. ele fic asse. M as, quando ele olhou nos olhos dela, sou­
- O que você quer que eu faça?
be que estava tudo bem. Ela fez que sim com...a cabeça
e disse:
- Algumas vezes fazemos certas coisas não porque
gostamos, mas porque sabemos que é a coisa certa a 1:1
zer. Não se esqueça, estaremos aqui no Dia das Macs ..
-Até lá, o Eric estará lendo pratican1entc tudo! d1s
se o vovô. - Pode ser que ele ainda precise de ajuda crn
matemática ' mas está lendo cada vez melhor.
Uma Estrela Dourada
c,coco:::ac:ooc::: o: :o: =gcu : Hpara
: : :a Eric : c: e : :o c:c::: on
;; : : n : ccn: : CH : n: :::c:::, c:oc C)()
Ao partirem, Er c aceno
co oo:o::a o: e : e: eo :0:o,ccac
c :0c0 0 00000::□co:00:ao�ouo: =ucoau aua Me
i u at que o ca rro des ­a - Todos os alunos de 1 ª a 4 série podem de�t:cr.
é
pareces e na estrada. de s edi da foi
ª

s A p F
Mas a vovó o ma ntev e tão oc pad o
muito dific
e il. Eric desceu do ônibus. Mas para onde deveria ir? k
u e el não
temp o de sentir tristez . u q v
te e ol hou para aquele monte de crianças e e�c?lheu �m g, uo
a aquele
-Eu se i - disse a vovó. Va o ar to mais ou menos do seu tamanho. Deadiu segwr
- r
da vontade de Deu s um d a todo s el s paraamque, sedfor me nino. Mas o cartaz gr dado na porta da sala de a la
m u u

, i os e poss
para c .
mu que o menino entrou dizia "Professora Suza�a" . E ric s a
á
o fe sso a era G1sele.
ar
a que o nome da sua nova pr
r
Eric olhou para a vov bi
ó.
- Podemos fazer i sso - Oi você precisa de ajuda ? - perguntou uma pro
?
fcssora que parou no corredor. - Você é novo por aq i,
u
- Claro que sim . Nã o tem
pr b em anenhum em di
o l
zer a Deus a quil o que - não é - Gentilm ente, ela c oo c o u a mão em s e
?
de s l u om­
os ela falo u s u emente.
ejam

-Ma ,s ao orarmo s, devemo s nos av ro. - Qual é o seu nome?


l em brar de d zer
i b
que quere mo s que faça a uil o u e El a h ar a D u es - Estou procurando a sala da professora Gis�le - el e
q q e melh r. Meu nome é Enc.
- Tud o bem - Eric
. a ajud o u a guar dar
c o falou ainda um pouco tímido. -
estava em cima da pia . -Quand
a louça q e
u -Que sort udo! Ela é un1a ótima professora! -A pro­
u l
ã

- Na próxima terça . - A v v ó
o s
a a a s v o c omeçar? fessora levou Eric até o final do corredor e bateu à porta.
o o abr çou quase tão
a
- P ro fes sora G isele, este seu n o o. nom e
a pertad quant o abra ço que tinh dad
é vo alun O dele
o a ma me
ã
o a o é Eric.
quan d o foi embora.
tanh o s
-Eric, você vai se sair muito bem. - Oh, entre! - Eric nunca tinha visto olhos cas
tão grandes e bochechas tão ro sa as c o ­
Quando Eri c subiu no ônibus d mo a sda profes
e col ar na rça pela ma
nhã, lembrou- se da s p alavrasda te ­ s ora Gis le. Ela era tão bonita!
e
vo v ó. H a via muitos ban
vazios, e Eric esco lhe u l e c os - Eri c Taylor, que está mora ndo com os _novo� av .
ós
u 1 1 p r t do s mpát c o motorista.
i
- E a lhe deu um grande abraço. - Estou mllltO feliz que
i

- Então, você é o neto d o í lvi lê


en o S o e da don
h

Ana - o motorista pu,ou coo s ers . r - Ele ã óti a voc esteja na minha turma! Temos vinte e cinco al�os
n s o ma s . u_ �astante nas fénas.
s aqui Fiquei sabendo que v�cê estudo
v a
pessoas. Estou feliz que
vo tenha vindo para cá.

Eric sorriu , ma - Sim, professora - Enc falou baixin ho par� que _?S
s n o d se nada. S fez que sim, ba­
ã is ó

lançando a cabeça. O ônibu and colegas não pudessem ouvi-lo. - Posso ler_, mas �da na o
b t e , par
em vários pontos da zo na u al ou ando resolver os problemas de matemán a mwto bem.
c nsigo
c
o
s n
r . Alu o s gr d s e peque­
as ta
r an - Então vamos aprender juntos, certo? -A p
nos entraram no veículo O mai re n s i e a ed r ofessora
. s o par a art
que iria ficar.
trás. Os menores ficavam na ar t d fr n t . p e ele mostrou o lugar em
G is
am
p e a e e
O ônibus atravessou o ri c ho, depoi A professora Giselc esperou até que o sinal batesse e
passou pela mata e finalm ate s um gr ande rio, todos os alunos que pe rt enci m e
en cheg o u à id a d . a à q uela sala entr a r am
parou cm frente a um prédio f ito de c d i e Qu d
ando
ap to maram os seus lugares.
m e­
nas um andar , o motorista disse: e a e ra e e - Pessoa l, vamos passar um anointeirinho junto�. AI
u j se con e c m des e an opass ado. Ou
g n s de vo c
ês á h e d o
Uma Estrela Dourada para Eric Estrelas Coloridas
�::>:::e::::o:oc!C:oeooee:eee::eeo::PCoe:�::eeoea0::eoea

tr�s são novos aq�. Vamos começar contando alguma Eric ficou contente, porque todos gostaram do que
coisa a nosso respeito para a turma. Eu sou a professora ele disse. Quando chegou a hora do recreio, Eric seguiu
�isele e iá traballio há muito tempo com segundas sé­ os coleguinhas até o parquinho. O menino de cabelos
nes. Voces querem saber de uma coisa? Acho que vocês ruivos e alguns outros garotos o convidaram para brincar
vão ser a melhor turma que já tive! na gaiola. Eric tinha subido em muitas árvores durante
Todos sorriram, até mesmo Eric. Ele não se sentia as férias e isso o ajudou a se sair bem na brincadeira.
tão assustado e solitário depois que a professora Gisele Naquela tarde, algo maravilhoso aconteceu. Um
o abraçou. pouco antes de acabar a aula, a professora Gisele pegou
-Agora, todos vocês vão pensar cm algo que gosta­ wna caixa de cima da mesa. Ela a abriu e mostrou à sala.
riam de contar à classe. A caixa era toda dividida. Cada divisão estava lotada de
A professora Gisele pediu para uma menina do outro estrelas coloridas!
lado da sala começar: -Sempre gosto de dar recompensas por um bom tra­
-Amanda? balho! - ela disse para a turma, enquanto pegava uma
Uma menina de cabelos castanhos disse: estrela vermelha. - Esta estrela vermelha aqui vou dar
- Meu nome é Amanda, e fui para o zoológico nes­ para quem tentar fazer as lições e se esforçar bastante.
sas férias! - Pegou uma estrela azul. - Esta aqui é para aqueles que
- Que legal! - a profossora Gisele bateu palmas, e se esforçarem e melhorarem. -Ela colocou a estrela azul
todos fizeram o mesmo. Se voe(; quiser, mais tarde po­ de volta na caixa e pegou uma prateada. -A estrela pra­
derá nos contar mais sobre o seu passeio. Próximo! teada é para aqueles que forem muito bem nas tarefas.
Quando chegou a vez de Eric, ele disse: - Por último, ela pegou. wna estrela dourada. - A estrela
- Sou o Eric, vim morar com os meus novos avós. dourada será dada para os melhores. Ganhar uma estrela
Eu alimento os n1acaquinhos que vêm nos visitar todas dourada significa que você foi um aluno excel�nte. - Ela
as tardes. colocou a estrela de volta no lugar e fechou a caixa. -
- Uau! - dis�c um menino de cabelos ruivos que es­ Vou colar as estrelas no caderno de vocês. Será legal ver
,
tava perto de .Enc. - Posso 1r_ na sua casa para ver os ma­ quantas estrelas coloridas vocês irão ganhar.
caquinhos um dia? O lindo sorriso da professora Gisele fez com que o
- Eu também quero ir. coração de Eric batesse mais forte.
-E eu também - disse um aluno após o outro e de- - Lembrem-se, é preciso muito esforço da parte de
pois todos bateram palmas. '
vocês para ganhar essas estrelas. Especialmente a cstrcl.t
A professora Gisele disse aos alunos: ,._ dourada. Agora vamos arrumar o nosso cantinho.
- Talvez, se nos esforçarmos bastante e aprender­ - Que cantinho, professora? - perguntou Amand.t.
m?s tudo o que está programado, os avós de Eric per­ - Cada um vai chamar a sua carteira e o csp.t\·o ,H>
rrutam que façamos uma excursão para a casa deles redor de si de "meu cantinho". Todos vão n:colhcr os
para ver os macaquinhos. papéis ou outras coisas do seu cantinho todos os dias


Uma Estrela Dourada para Eric
oooce=co:ccc;:coe::�:::co::::n:eX>?O<>oooccooeo
,:::::::oo:cc::ee::e:, ;�

um pouco antes da aula terminar. Depois disso,


colocar as cadeiras por cima das carteiras. Isso
vamos afít li
tempo às senhoras da limpeza e as ajudará a term
serviço mais rápido.
poupará
inar o 8
Eric Faz uma Visita
Quando o sinal para sair bateu, a sala de aula esta
arrumadinha e todas as cadeiras estavam para cim va
a.
- Posso sentar com você no ônibus? - o menino
cabelos ruivos perguntou para Eric. de
- Claro! - Eric sabia que o nome do seu novo
guinha era Tiago. - Meu melhor amigo que estu cole­
da lá na Certa manhã, bem cedinho, assim que Eric acordou,
minha antiga escola também se chama Tiago,
mas nós ele viu que o chão estava coberto por uma fina camada
costumávamos chamá-lo de Tiaguinho.
- Que engraçado, né? - Tiago sorriu. -Algumas de gelo. .
soas me chamam assrm _ pes­ - Uau! Será que isso é neve? - Ele correu para a J�­
, mas eu prefiro Tiago. - Os dois nela. - Não sabia que nevava aqui! - Correu para ma.is
não pararam de conversar até que chegou o
ponto em perto da janela.
que Tiago iria descer. . .
Eric mal podia esperar para chegar em casa e As árvores, os galhos e as flores pareciam vestir uma
para o vovô, a vovó e a tia Carol tudo o que tinh contar touca branca. Eric ficou ansioso para ir lá fora. O que
a acon­ será que tinha acontecido? Ele se vestiu o mais depressa
tecido no primeiro dia de aula.
- A professora Gisele é muito, mas muito lega que pôde e desceu correndo as escadas. .
mo, do jeitinho que você tinha me falado, vovó mes­
l - Vovô, vovô! O que está acontecendo la, fora? - Bnc
.
tem estrela_s... E... ah, vovó, já imaginou se eu con E ela perguntou quase sem poder respirar.
seguir - Nessa época do ano, às ve�es se for�� geadas
ganhar a estrela dourada? Vou me esforçar bastante
dir a ajuda de Deus. e pe­ pôr aqui - respondeu o vovô._- E me�hor �é5ce colocar
Um minuto depois, ele começou a tagarelar de nov roupas mais quentinhas se qmser se divertir um pouco
-Amei aquela escola. E, vovô, a minha nova prof o. com a "neve".
sora gosta de mim, sei que ela gosta de verdade. es­ Eric engoliu o café da manhã, subiu as escadas cor:
rendo e se agasalhou bem. Saiu correndo de novo e foi
direto para o quintal, antes que desse -a hora de se trocar
para ir para a escola. . . .
- Que legal! Nunca tinha visto nada �ss1m antes. .. , -
disse Eric enquanto tentava fazer uma bolmha de n� vc.
No dia seguinte, a temperatura estava bem bruxa e
no outro também. Que frio! Estava nublado e v�nLa�a
muito quando Eric e sua nova família foram para a 1grc1a.
Uma Estrela Dourada para Eric Erlc Faz uma VI ltn
0eooc=oooe e::,ea:C>?(I:c:ioo:::e::::o>0<co::e:::-:X>OOôOC::e:oo:: o::o::e::xoc::� Q()OC)OO()(>Co�::::o:;o:oo::::oo�:oc:::o::ccoo::occccoo:0gcuoo:= -e

'Mas, ao saírem, o Sol já tinha voltado a brilhar e o céu visto você sair, não saberíamos onde estava e estaríamos
estava limpinho, como um belo dia de outono. muito preocupados a uma hora dessas. - Ela olhou bem
Eric sabia que não podia sair da chácara sem avisar aon­ séria para ele.
de _ia. Apesar de a zona rural ser linda, podia ser perigosa. Se· Eric se sentiu muito mal.
Enc se perdesse na mata não muito longe da casa ou caísse - Me... me desculpe. - Eric se aproximou da tia Ca­
em um buraco, ninguém saberia onde encontrá-lo. rol. Ele até podia sentir as lágrimas chegando. - Você
Mas Eric gostava muito de visitar as pessoas que mo­ ainda gosta de mim?
ravam nas chácaras que ficavam do outro lado da estrada. - Claro que sim - tia Carol disse e o abraçou. - Mas
Num domingo, ele brincou tanto no balanço do gran­ você vai receber um castigo para se lembrar o que fazer
de abacateiro que já não agüentava mais. Decidiu en­ da próxima vez. - A tia Carol parecia triste. - Estava
tão brincar de chutar os coquinhos secos no chão. Não pensando em levar você para acampar no lago na semana
demorou muito e ficou cansado. Por último deu uma )
que vem. Mas agora não vou mais levar você.
escapadinha e desceu a estrada para visitar os vizinhos. Eric não disse nada, mas se sentiu ainda pior. Ele ama­
.

A dona Júlia lhe ofereceu biscoitos deliciosos e um va acampar com a tia Carol. Agora ele teria que ficar em
copo de suco geladinho. Ela não sabia que Eric não havia casa. Por que tinha ido visitar a dona Júlia sem avisar?
avisado que iria visitá-la. Eric se divertiu tanto brincando A semana inteira ele se comportou o melhor que
com os cachorros que se esqueceu de quanto tempo já pôde. Ajudou a arrumar a cozinha, fez n1do que a vovó
estava fora de casa. Então a dona Júlia disse: - Eric, acho pediu e ajudou o vovô a consertar as coisas e a cuidar
que seus avós devem estar preocupados com você. Já está do jardim. Se a tia Carol visse como ele estava se com­
ficando tarde. portando, talvez mudasse de idéia. Ele nem pensava em
Eric deu um pulo de susto e sentiu a consciência pesar. perguntar, mas lá no fundo tinha esperança de que isso
Correu para casa. . Ao chegar na entrada da chácara ) encos-
acontecesse. Nunca mais sairia de casa sem a�ar.
tou-se na porteira e parou um pouco para respirar. Talvez O dia do acampamento chegou. Eric seguiu a tia Carol
nem tivessem notado que ele estivera fora todo aquele por toda a casa enquanto ela arrumava as coisas para par­
tempo. Mas Eric sabia que Deus tinha visto tudo e ele se tir, mas não disse uma palavra sobre a viagem. Finalmente
sentiu muito mal por não ter obedecido às regras� estava tudo pronto. Ela sentou e colocou Eric no colo.
- Você se divertiu bastante na casa da dona Júlia? - - Eric! - Ele nunca tinha visto a tia Carol tão séria daque­
perguntou a tia Carol assim que Eric apareceu na porta. le jeito. - Gostaria muito que você fosse acampar comigo.
Eric olhou sem piscar para ela. O coração de Eric quase saiu pela boca, mas a tia Ca­
- Como você sabe que eu fui lá? rol ainda não tinha terminado.
A tia Carol não sorriu. - Mas não posso levar você, mesmo que você tenha
- Vi quando você saiu da chácara e fui atrás para sa­ se comportado tão bem esta semana. Deus permitiu que
ber aonde estava indo. Você sempre é tão obediente você viesse morar conosco. Isso quer dizer que Ele es­
Eric. Por que fez uma coisa dessas? Se eu não tivess� pera que a vovó, o vovô e eu façamos aquilo que ajudará
Uma Estrela Dourada para Eric Eric Faz uma Visita
�c;c:::�::>0<:oocc::>OOOOOOOOO<>QO:cc:• �cc::::c;:•0:oco::c,00go0000

você a se tornar um menino obediente e do jeito que. Ele .-Toe, toe-toe, toe...
quer que você seja. Você errou e acho que entende por Que som era esse? Eric sentou-se na cama. Já era de ma­
que não está indo comigo, certo? nhã e ele ainda estava com as mesmas roupas do dia anterior!
Eric fez que sim com a cabeça. Ele pôde ver os olhos - Toe, toe-toe, toe! - O som vinha de fora da janela.
da tia Carol se encherem de lágrimas quando lhe deu um Ele encostou o nariz na vidraça para ver o que era.
abraço bem forte. Sua respiração fez com que tudo ficasse embaçado. Ao
-Quando lhe damos um castigo, não é certo mudá-lo. limpar o vidro, viu um pássaro muito bonito em uma
Você deve aprender que, quando falamos algo, nós ctun­ árvore que ficava pertinho da janela.
primos, quer seja algo bom ou não. - Os olhos azuis dela -Vovó! -ele chamou. -Tem um passarinho diferen­
estavam cheios de lágrimas. - Seria errado da minha parte te aqui. Ele parece estar com fome.
se levasse você para acampar comigo, sendo que disse que - Como ele é? - a vovó gritou de volta.
esse seria o seu castigo. - Ela o abraçou ainda mais. -Ele é meio grande, tem o peito amarelo, as asas pretas,
Eric pôde ver quão triste a tia Carol estava se sentin­ o topete vermelho... e está bicando o tronco da árvore!
do, especialmente quando ela disse: -Ah, é um pica-pau-de-cabeça-vermelha. -A vovó
- Quando escolhemos desobedecer, machucamos os entrou no quarto limpando as mãos no avental. Quando
outros e a nós mesmos. Não vou me clivertir tanto quan­ abriu a janela, um ar gelado entrou e fez com que Eric
to me divirto quando você está comigo, mas vou acam­ ficasse todo arrepiado. - Limpe bem o peitoril da janela
par sozinha mesmo assim. - Ela abraçou Eric mais uma que vou buscar um pouco de alpiste.
vez e se levantou. Eric limpou as folhas do peitoril. A vovó trouxe um
- Divirta-se, tia Carol. - Eric a beijou, a.travessou a punhado de alpiste e espalhou a.li. Em pouco tempo,
sala e enfiou o rosto em um livro. muitos passarinhos vieram comer as sementes.
A tarde inteirinha Eric ficou no sofá com aquele livro - Olhe só os sabiás - a vovó cochichou. � Veja como
aberto na sua frente. Não leu nenhuma linha. Mas ficou eles são gulosos! Eles comem tão rápido, não é?
pensando no que tinha acontecido. No dia que foi visitar Havia muitas árvores próximas ao telhado da casa do
a Dona Júlia, decidiu fazer aquilo que bem entendia, em vovô, da vovó e da tia Carol. Um dia, o vovô disse:
vez de fazer o que era certo. Isso fez com que se sentis­ -Tenho que subir no telhado e limpar as folhas secas e
se muito mal. Além do ma.is, também tinha estragado o os galhos que se juntaram por lá. Daqui a pouco vai come­
passeio da tia Carol. çar a empoçar muita água e pode dar algum vazamento.
Eric ficou escondido atrás do livro por muito, muito..,. - Cuidado para não se machucar - disse a vovó. - As
tempo. Finalmente, a vovó veio e afastou um pouquinho folhas formaram uma montanha seca lá em cima! Bem ...
o livro para olhar para aquele rostinho tristonho. Eric ti­ - seus olhos piscaram lentamente - talvez o Eric possa
nha adormecido e o seu rosto estava marcado pelas lágri­ ajudá-lo. -A voz dela tinha um tom misterioso. - Eric,
mas. A vovó gentilmente o levou para a cama. Ela tirou troque de roupa!.
só os sapatos dele e nem trocou as roupas para dormir.
A Árvore do Vovô
afít
•c::::o:::c::00::::::.caoc�o;go+

tas, fizeram a maior bagunça. As folhas se espalh:w.1111,


9 mas eles ajuntavam de novo para continuar a bagun�·a.
- Costumava fazer isso com a tia Carol e o Samud

A Árvore do Vovô
quando eles eram pequenos. Não é divertido? - pergun
tou o vovô.
- É muito legal! Quando é que vamos limpar o tellla­
do de novo? - perguntou Eric.
O vovô caiu na risada.
- Espero que demore um pouco! - disse ao se prepa-
- Eric, fique aqui - falou o vovô de um barranco que, rar para dar mais um pulo.
de tão alto, ficava bem pertinho do telhado. .
O dia estava quente e, depois de tanto pular, os d01s
Com um passo largo, o vovô passou do barranco para já estavam suados. Quando menos esperavam, veio a
o telhado da casa e escalou até a cumeeira, o lugar onde
vovó com um esguicho d'água.
o telhado forma um bico pontiagudo.
- Ei, peguei vocês! - ela gritou, dando aquele banho
- Pena que é perigoso brincar de escorregar aqui! nos dois.
- disse o vovô.
- Ah, que gelo! - eles gritavam.
Eric ficou só pensando como seria bom se eles pudes­ Logo trataram de pegar a vovó e dar um banho de man­
sem escorregar do telhado até o barranco! Seria diverti­
gueira nela também. Os três brincaram na água até cansar.
do! Pena que era tão perigoso.
Embora Eric estivesse estudando muito para ir bem
- Vou varrer as folhas e você vai juntando em um na escola, ele ainda tinha dificuldades em matemática.
grande monte bem aí - disse o vovô. - Cuidado para não
De vez em quando ganhava uma estrela vermelha por se
deixar entrar nenhum cisco nos olhos!
esforçar bastante para resolver os exercícios. �a aula �e
O vovô e Eric fizeram um bom trabalho. Em pouco português, ele ganhou várias estrelas azuis. fsso 9uena
tempo o telhado estava limpinho e uma montanha de fo­
dizer que ele estava melhorando. Alguns alunos, mclu­
lhas secas se formou no barranco. Sem avisar, o vovô deu
sive Tiago, ganharam estrelas prateadas e douradas, mas
um pulo e caiu com tudo na montanha de folhas secas.
Eric não.
- Iuuupppiiii! - gritou o vovô. - Isso é muito diverti­ A professora Gisele contou uma história para a classe
do! Venha, Eric. Experimente! Você não vai se machucar.
um dia antes de receberem o boletim. Ela começou assim:
Eric não pensou duas vezes. Saiu correndo e: - Era uma vez dois irmãos. Um achava que a escola
- Iuuuuppppiiiiiiii! - Pulou em cheio na montanha >­ era muito fácil. Ele achava que nem precisava estudar.
de folh�s secas. Quando olhou para o vovô, ele estava
O outro tinha muita dificuldade em tirar notas boas,
dando nsadas.
mas se esforçava e estudava bastante. O irmão que ia
O vovô e Eric repetiram a brincadeira várias vezes. bem dava risadas, caçoava e chamava o outro de bo�o.
Pularam de frente, de costas, de lado, deram cambalho-
Ele costumava dizer: "Eu tiro notas boas e nem preciso
Uma Estrela Dourada para Eric A Árvore do Vovô
aoccoo:0oco�oG
:ooc:c:::c:o:o� <><>0000000000<o::occ:::::o:ooo::o:::ooc::o:ccoo::c::e::;::::

estudar. Você estuda o tempo todo e só consegue notas


baixas." O irmão que não ia muito bem na escola se
sentia muito mal, mas dizia: "Pelo menos eu tento o
meu melhor. E você que nem isso faz?" Anos mais tar­
de, quando os dois meninos já estavam grandes, aquele
que achava que não precisava estudar não conseguiu um
bom emprego. Ele não tinha aprendido a se esforçar e a
ser perseverante. Ele se achava muito esperto. Quando
o chefe dizia para ele fazer algo, dava risada e só fazia o
suficiente para manter o emprego. - A professora Gisele
parou, fazendo suspense.
- Mas o que aconteceu com o outro irmão? - a classe
perguntou.
- O outro irmão conseguiu um emprego bem me­
lhor do que o daquele que se achava esperto.
- Ebaaa! - gritou a classe.
-É muito bom ganhar recompensas. É muito legal ga-
nhar estrelas vermelhas, azuis, prateadas e douradas. Po­
rém, o mais importante de tudo é continuar se esforçando
e tentando, não importa o quão dificil as coisas pareçam
ser. -A professora Gisele parecia olhar para Eric.
Aquela noite Eric contou para a sua nova família a
história que a professora Gisele havia contado na escola.
A vovó disse:
- Ela está certa. Tudo o que Deus quer de nós é que
façamos o nosso melhor. Eu não posso consertar as coi­
sas como o vovô faz, e ele não consegue cozinhar como
eu. Mas tentamos sempre fazer o nosso melhor.
No dia seguinte, ao pegar o boletim, Eric pensou no
que a vovó tinha dito. Mesmo tendo tirado 8,0 em leitu­
ra e 7, 5 em ortografia, ele tirou 4,0 em matemática e 4,0
em ciências. Eric deu um suspiro.
Depois que os outros saíram, a professora Gisele pe­
diu para ele ficar um pouco.
Uma Estrela Dourada para Eric A Arvore do Vovô
::::gg:cc::oocc;cocc
<>OOOOO<X::c::,c::co�::�oc:x,,o,o,ooooo,oo

- Não se preocupe com as notas baixas - ela disse Eric saiu correndo para subir na goiabeira e brim,tr
bondosamente. - Tenho certeza de que, se você conti­ com os irmãos. Mas cada vez que olhava para "a Srvo
nuar estudando assim, as suas notas vão aumentar cada re do vovô" ela parecia mais segura e mais bonita. S.,hi.,
vez mais. - Ela começou a mexer em alguns papéis sobre que não deveria subir nela, mas ainda tinha muita vontade
a mesa, e depois olhou para Eric de novo. - Além disso, de experimentar.
não podemos ser bons em tudo. Olhe só como você já Na manhã seguinte, todos ainda estavam tomando
melhorou em português e como está lendo bem! - Ela o café da manhã, menos Eric. Ele deu uma escapadinha,
pegou a caixa de estrelas. foi lá para o jardim e olhou para a "árvore do vovô" mais
Eric sentiu o rosto ficar vermelho. Será que ela iria uma vez. "Eu sei que posso subir nessa árvore sem me
dar uma estrela dourada para ele? Eric balançou a cabeça. machucar", ele pensou. Ele agarrou o tronco, deu um
Não, a estrela dourada era só para os melhores da turma impulso e pulou no primeiro galho.
não para os apenas bons. A professora Gisele colou um� C-R-A-C-K! O galho da "árvore do vovô" partiu
estrela prateada no boletim de Eric. desde o tronco. Ainda bem que deu tempo de Eric pular
- Sua primeira estrela prateada - ela disse. sem se machucar. Ufa! Mas um segundo depois, mesmo
Eric se sentiu bem. Não tão bem como se fosse uma com aquele calor, Eric gelou. O galho atravessou a janela
estrela dourada, mas se sentiu muito feliz por ter ganhado da sala! Sem poder fazer nada, Eric ficou parado, olhan­
uma estrela. Ele havia se esforçado e estudado bastante. do a janela da sala virar pedacinhos e o galho ir parar lá
Dali alguns dias seria o Dia das Mães. Maurício o dentro. Quando viu o que havia aprontado, seus olhos
irmão mais novo do papai Samuel e da tia Carol, e a ;ua ficaram tão arregalados que pareciam duas jabuticabas.
esposa chegaram. O papai Samuel trouxe toda a familia - Eric! - vovô chamou do outro lado da janela que­
de Eric. Que dias maravilhosos passaram juntos! A não brada. - Venha aqui!
ser por um dia em especial.
Bem pertinho da casa havia uma árvore muito anti­
ga, mas que parecia ótima para se escalar. Eric gostava
de chamá-la
_ de "a árvore do vovô" porque, sempre que
podia, ele se sentava embaixo dela para ler a Bíblia ou
contar uma história.
- Vovô, posso subir nessa árvore? - Eric perguntou.
- Ela tem os galhos tão compridos e é tão bonita.
- Eric, essa árvore é muito antiga. Apesar de os ,.,.
galhos parecerem fortes, já estão muito fracos. Não
sub� nela. É perigoso. Por que você não experimenta
subir naquela outra ali? - disse o vovô, apontando
para uma goiabeira.
Corrida na Escoln
alít
oocccca::::oxc:;o:ocxioco:C!:: :e:e:::-<X>O<>O<>OC::oooooc:::e:,o.:i:cc ccoocccc�ocoe::�acr...

- Não sabia que ia dar toda essa encrenca -disse Erk


10 enquanto ajudava o tio Maurício.
-Toda vez que fza emos algo que não deveríamos, cau­

Corrida na Escola
samos problemas -explicou o tio Maurício, olhando firme
para Eric.
Depois que Eric já tinha ido para o quarto dormir, a
tia Carol entrou. Eric confessou para ela:
-Ainda me sinto péssimo. Estraguei o dia da famí­
lia inteira.
Eric não queria de jeito nenhum limpar os pés e en­ - Há muitas coisas maravilhosas a respeito de Deus.
trar em casa. A cada segundo se sentia pior. Quando fi­ Mas, para mim, a maior delas é que Ele sempre nos dá
nalmente entrou, todos olharam para ele. uma segunda chance. -A tia Carol sentou-se na beira da
-Si-si-sinto muito, vovô. cama de Eric. - Você já pediu perdão para Ele, da mesma
- Eu também sinto muito, Eric. Você me desobede- forma que pediu para o vovô e toda a família?
ceu e estou decepcionado com você. - Sim - Eric sussurrou.
O vovô parou e observou o tio Maurício colocar um - Então durma. Amanhã você terá uma nova chance
pedaço de madeira para tapar o buraco na janela. de fazer tudo diferente.
- Agora o tio Maurício vai ter que ir até a cidade E foi o que Eric fez. Ele decidiu que nunca, nunca
comprar vidro e deixar de aproveitar o dia para conse/ mais desobedeceria de novo.
tar a janela. Logo aquele final de semana terminou. Os familia­
Eric olhou para baixo. Ele preferia que o vovô gritas­ res foram embora. Acabou o mês de maio, passou o
se com ele. Mas o vovô não gritou. Ele apenas disse: mês de junho e enfim chegaram as férias çio meio do
-Vá pegar o seu cofre, Eric. ano. Eric foi passar as férias com sua família na nova e
Eric foi cambaleando para o quarto e pegou o cofre. pequenina casa na cidadezinha em que moravam. Os
Voltou devagarzinho para a sala. olhos da mamãe brilharam ao ouvir Eric ler um capítulo
- Quanto dinheiro você tem? -perguntou o vovô. inteiro de um livro com palavras bem difíceis. Quan­
Eric abriu o cofre e derramou o dinheiro sobre a mesa. to mais ele ia para a escola, mais a professora Gisclc o
_- Tem o suficiente para comprar o vidro da janela ensinava. Ele ganhou muitas estrelas azuis e algumas
-disse o vovô, depois de contar o dinheiro. prateadas também. Ele até mesmo ganhou uma estrela
Levou muito, muito tempo para retirar todos os câ­ azul em matemática!
cos de vidro da janela e colocar o novo. Todos estavam Sem que Eric pudesse se dar conta, estava chegan­
envolvidos com as atividades da casa, mas Eric ficou ob­ do o fim do ano escolar. Os boletins seriam distribuídos
s�rv�ndo o tio Maurício trabalhar e estava atento para e depois todos os alunos iriam passar o dia brincando
a1uda-lo no que precisasse. de corrida, salto em distância e outras brincadeiras. Eric
Uma Estrela Dourada para Eric Corrida na Escola
O<X>OQOOOOOOOC::ee�:e: �::xec:::: 000:0-::: ::o:ixoe�ocgogc:oo:::�:::oH::»:::::cc:>00<::::::O<)()()(><>(>

mal podia esperar. Mas primeiro abriu o boletim. Leitura Eric saiu correndo, pegou impulso e deu um salto
- 9,5! Que orgulho ele sentiu. Ortografia - 8,0. Ciências bem grande, indo parar quase no final da caixa de areia.
- 7,0. Não tão bom. Matemática - Eric deu um suspiro. Mas, quando Tiago pulou, conseguiu fr ainda un1: pouco
Ainda 4,0. mais longe. Eric riu tanto ao ver os colegas vcsndos de
Ele não percebeu que a professora Gisele tinha para­ saco caindo para os lados, fazendo o maior esforço para
do na sua carteira até que ela disse: levantar e terminar a corrida, que não teve forças para
- Lembre-se, Eric, você melhorou muito este ano. E o continuar pulando. Foi muito engraçado ver todas aque­
ano que vem você terá a chance de melhorar ainda mais. las crianças pulando de um lado para o outro.
- Puxa, foi exatamente o que a tia Carol falou a res­ A última brincadeira de que participaria seria a corri­
peito de ter uma nova chance. E-e-eu queria ganhar uma da. Todos deveriam correr o mais rápido que pudessem
estrela dourada - Eric gaguejou. de um lado até o outro do parquinho e voltar. Vários alu­
A professora Gisele sorriu. nos iriam participar daquela brincadeira. Todos ficaram
- Há muitas maneiras de ganhar estrelas douradas alinhados na marca de largada feita no chão de areia.
- ela disse com um ar de mistério. - E nem todas elas são - Em suas marcas! Preparar! ...
na sala de aula. Eric agachou-se para que pudesse sair rápido. Ele
Eric não entendeu o que ela quis dizer, mas sorriu se lembrou de todas as vezes que correu da casa da
de volta. Dona Júlia até a sua casa quando estava começando a
- Você vai ser a minha professora ano que vem? A-a­ escurecer.
a... - Seu semblante ficou triste. -A-acho que não estarei - ... JÁ!
mais aqui. - Um sentimento estranho surgiu no coração Er ic saltou e começou a correr. Alguns meninos
de Eric. Ele sentia muita falta da mamãe e do papai Sa­ grandalhões da terceira série estavam à sua frente, mas
muel, do Tom, da Sara e da Melissa. Mas, quando vol­ Eric nem olhava para eles. Ele só olhava para o outro
tasse para a casinha que sua família morava, ele sentiria lado do parquinho, corria rápido, depois mais rápido e
saudades da professora Gisele e do vovô e da vovó e da mais rápido ainda. Assim que ele cruzou o parquinho e
tia Carol e da igreja e dos macaquinhos e... deu meia-volta, tinha apenas três meninos à sua frente.
- Muito bem, classe - a professora Gisele bateu pal­ Ele ultrapassou um e depois o outro.
mas para chamar atenção. - Cada um de vocês poderá - Dê o seu melhor, Eric - a voz do vovô parecia soar
escolher três brincadeiras para participar nesta tarde, e em seus ouvidos.
assim todos terão chance de brincar. Eric estava muito perto do único garoto à sua frente.
Ela colocou todas as opções na lousa. Eric estudou>-. Estava tão concentrado que quase nem ouviu a gritaria,
a lista com todo o cuidado. Finalmente, escolheu as três mas sabia que todos os alunos da segunda série estavam
brincadeiras de que iria participar. Escreveu em um pe­ torcendo por ele. Mais rápido, mais rápido ... ele alcan­
daço de papel: Eric Taylor, salto em distância, corrida de çou o menino ... mais rápido ainda...
saco e corrida. - Eric ganhou!
,/
Corrida na Escola
Uma Estrela Dourada para Eric :eo::c:::c::c:c::)O()()OOOOO()Q::,000:oceo0, 00cc �

Ele cruzou a linha de chegada e caiu no chão, ofe­ trou um emprego de motorista de caminhão por ag ui.
gante. A professora Gisele foi até onde ele estava. Eles vão chegar em algumas semanas, assim que encon­
-Não disse que há muitas maneiras de ganhar estre­ trarmos uma casa.
las douradas? - ela sussurrou. -OOOBBBBAAAAA! -Eric achou que iria explodir
Eric de tanta alegria. - Posso continuar indo para a igreja e
_ ainda não entendeu o que ela queria dizer. Mas para a mesma escola e, ah, vovó, aqui está o meu bole­
depois que todas as brincadeiras acabaram, ele entendeu.'
Um por um, os ganhadores foram chamados para ir tim, e a professora Gisele disse que vou melhorar ainda
até uma m�sinha �mde o diretor estava. Quando chegou mais ano que vem. - Eric ficou quase sem fôlego.
a vez de Enc, o diretor sorriu e falou para todos: Naquela noite, assim que foi para a cama, Eric orou:
- Estamos muito orgulhosos que um aluno da se­ "Muito obrigado, Senhor, por tudo aquilo que aprendi
gunda série, Eric Taylor, ganhou a corrida. Eric, isto é aqui. Obrigado por todas as histórias do livro da tia
para você. -Ele deu uma linda fita azul para Eric. Carol... não, do meu livro de histórias da Bíblia. Muito
Os olhos de Eric se arregalaram. Na ponta da fita obrigado por me ajudar a melhorar na escola. Obriga­
estava uma enorme estrela dourada! do por me ajudar a correr bem rápido e a ganhar uma
- Deixe que cu o ajudo a pendurar a fita na camiseta estrela dourada."
-disse a professora GiscJc. Ele ficou em silêncio por um bom tempo. Então dis­
se: "Muito obrigado por deixar que minha família venha
�ssim que ela prendeu a fita, Eric abriu um imenso morar aqui. Mal posso esperar para mostrar o meu livro
sornso. Ele não parava de passar a mão na fita. O seu
prêmio de primeiro lugar tinha uma estrela dourada! de histórias da Bíblia para a minha família e levá-la para
Algo bem melhor do que ganhar uma estrela dou­ a igreja também."
rada aconteceu quando ele chegou em casa. A vovó o Depois de ficar alguns instantes em silêncio, disse
vovô e a tia Carol ficaram tão orgulhosos dele! Eric pu­ mais uma cmsa:
lava sem parar. "Muito, muito obrigado por Seu Filho Jesus. Em
- Mal posso esperar para contar para o papai Samuel nome de Jesus, Amém."
e para a mamãe! -Todos se olharam e caíram na risada. Eric subiu na cama e fechou bem os olhos. A fita
-Eric! - chamou a vovó, com os olhos enrugados de azul com a estrela dourada estava dependurada na pare­
tanto que ela sorria. -Você se lembra de uma oração mui­ de bem à sua frente, para que sempre pudesse vê-la assim
to especial que você fez há muito tempo, pedindo para que acordasse.
que, se fosse da vontade de Deus ' sua família se mudasse.,
'>
para ca.
Eric parou de pular. O coração dele começou a bater
mais forte.
-Lembro.
-Recebemos uma carta hoje. O papai Samuel encon-
Procurando uma Casa
alít li
�:::::0: :: e:Vi::e::::e:::oc::::gc:::e:: :,(>()()()OC:cc::::o::occn:ooo:e01:10100000::0:oc11c�:e:eg

aquela blusa branca de renda! Os seus cabelos castanhos


11 encaracolados e os olhos azuis, iguaizinhos aos do vovô
e aos da vovó, eram realçados com aquela roupa.

ProcurGndo umG CG1G ·


- Quando você vai entrar de férias?
- Daqui alguns dias. Depois vou fi�ar de férias até o
início de agosto. - Os dentes branqumhos dela real�a­
ram o largo sorriso. -Amo o meu trabalho, mas t�bem
gosto muito das férias. Mal po�so esperar para can1inl.1�r
Um coral bastante animado de bem-te-vis acordou na beira do rio, passear pelo nacho, colher as flores sil­
Eric naquela manhã. Ele estava superempolgado. Aquele vestres e...
seria um dia muito especial. Era o dia em que eles iriam - Você está parecendo o Eric - o vovô brincou. Rugui­
sair para procurar uma casa para os pais, o irmão e as nhas apareceram ao redor dos seus olhos ao abrir um sorris?.
duas irmãs de Eric- bem ali, na mesma cidade do vovô, - O senhor sente amor pela mata tanto quanto nos
da vovó e da tia Carol! - comentou tia Carol, com uma risadinha.
-Hora de acordar, Eric- a voz alegre do vovô ecoou - Isso é verdade. Nunca quis morar na cidade - o
pelo corredor. - Hoje é o grande dia! vovô admitiu.
Eric vestiu-se ainda sonolento e fui direto para a cozinha. Eric mastigou outro pedaço de biscoito.
- Oba, biscoitos quentinhos! - Tenho certeza de que Deus também ama a mata e
- E mel e iogurte feito em casa - acrescentou a vovó. todos os animais.
As mãos dela estavam cheias de farinha e os olhos - Claro que sim. Imagine só como Ele deve ter Se
cheios de felicidade. divertido ao criar todas as diferentes espécies de árvores,
Os olhos de Eric brilharam. os pássaros, os peixes e os animais -disse a tia C�ol. Ela
deu uma olhadinha no relógio. - Oops, tenho que cor­
-A senhora também está muito feliz porque minha rer. - Ela se levantou, deu um beijinho na testa de Eric e
familia vai se mudar pra cá, não é mesmo? - Ele abra­ correu para a porta. - Divirtam-se na procura da casa!
çou a vovó. - Sempre esqueço que o papai Samuel é seu - Não vamos encontrar uma casa tão legaJ quanto
"menino", mesmo já sendo adulto. esta aqui- Eric disse, olhando ao redor da mesa. - Esta é
- Não importa a idade que ele tenha, sempre será o a melhor casa do mundo. E o senhor é o melhor avô que
"meu menino". -A vovó ficou com um olhar de carinho existe! - Ele saiu do lugar em que estava e corr�u p� ra
e saudade no rosto. -Você pode me ajudar a arrumar a � abraçar o vovô. -A senhora, vovó, é a melhor coz111hc1ra
mesa? Está quase tudo pronto! também. - Ele a abraçou, depois voltou para o lugar.
Depois que o vovô orou pedindo a bênção sobre .o - Posso comer outro, por favor?
alimento, Eric sorriu para a tia Carol, que estava sentada . .
A vovó abriu um sorriso e passou a fôrma de b1sc01-
na outra ponta da mesa. Ela ficava muito bonita com tos para ele.
Uma Estrela Dourada para Eric Procurando uma Casa
eoe::o::e::o,ol)OOO
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c::o:o:::�:,:c::::>00000<'.:X:oc:;e:::c::x,::::::rxxx::::)O()ô,:c::::�

- Pode comer quantos você quiser.


- Onde vamos começar a procurar a casa? - Eric não
conseguia mais esperar.
O vovô franziu a testa.
- Boa pergunta! Não há muitas casas à venda no mo­
mento. -Assim que falou, viu o desânimo no rosto de Eric.
- Mas vamos encontrar o lugar certo para a sua familia.
- É certo pedir a ajuda de Deus para encontrarmos
u�� c�sa? - pergunto� Eric. - Orei para que minha fa­
mília viesse morar aqw e Deus me ouviu.
O vovô e a vovó trocaram olhares .
. Pode�os orar por t�1do aquilo que nos preocupa,
-
E:1c. Deus e o nosso �mtgo e quer nos ajudar. Apenas
nao se esqueça de pedir que faça a vontade dEle, e cuide
para não dar ordens a Ele! - O vovô sorriu. - As ve­
zes, algumas pessoas oram como se estivessem dizendo a
Deus ? que fazer, cm vez de apenas pedir.
Enc gostou da explicação do vov6. Ele se levantou '
bateu continência e disse:
- Sim, senhor!
Em seguida, correu para o quarto e se ajoelhou ao
lado da cama.
"Querido Jesus, o Senhor sabe que precisamos en­
contrar uma casa para o papai Samuel, a mamãe o Tom A noite, ao se reunirem em família para o culto, cada
a Sara e a Melissa ..." Ele parou por um instante' e conti� um fez uma oração pedindo a ajuda de Deus para cn
nuou: "Nos ajude a encontrar o lugar certo." contrar uma casa. Quando chegou a vez de Eric orar, ele
Mas eles não encontraram o lugar certo naquele dia. sabia exatamente o que pedir.
Algumas cas�s que visitaram não tinham espaço suficien­ "Por favor, Senhor Deus, nos ajude a encontrar uma t.:asa
te; eram mwto pequenas para uma familia tão grande,., no tamanho certo, no preço certo e bem bonita!" Ele ficou
Duas casas que estavam à venda eram muito caras para a em silêncio e terminou: "Em nome de Jesus, amém!"
f�mília de Eric. Uma ou duas casas eram grandes o sufi­
Após a oração, a tia Carol sorriu e disse:
ciente e não custavam tanto, mas eram muito feias. Eric - Eric, você pediu exatamente aquilo que todos tí­
não queria que sua mamãe e os outros morassem em
nhamos em mente!
uma casa feia daquele jeito.
Uma Estrela Dourada para Eric

alít
<>OOOO(>QOO<)Q(;:::c::::::0::::::::0:::oc::::::::::o:�:c::n;,<>oc::c::::c::

Eric ficou contente em saber daquilo. Sentiu-se ainda


melhor quando finalmente encontraram uma casa à venda
bem perto da avenida principal da cidade. Era um sobrado 12
antigo, que ficava a alguns metros da calçada. Tinha uma
enorme mangueira no quintal, que era bem grande e co­
berto com uma grama verdinha. Ali também havia outras
E o Erlc?
árvores frutíferas e outros arbustos.
-A mamãe vai amar este lugar. - Eric estava anima­
do. - Tem espaço para as plantas dela, e olha só aquela
mangueira! - ele apontou. - Vocês não acham que esta Quando o papai Samuel disse: "E o Eric?", deu aque­
casa tem o tamanho certo, o preço certo e ... - Ele en­ le friozinho na barriga. Eric olhou para a mamãe, depois
trou na casa. - A mamãe vai deixar n1do bonito assim para o vovô, para a vovó e para a tia Carol. V iu que todos
que mudar pra cá. entenderam a pergunta, menos ele.
A vovó riu. - Como assim? -Eric falou baixinho.
- Tenho certeza que sim. Sua mãe consegue fazer Papai Samuel olhou bem para Eric e disse:
bem mais com apenas um pouco do que a maioria das - Agora que vamos morar aqtú, você pode voltar a
pessoas consegue fazer com mtúto. morar com a gente.
-Acho que eles vão gostar daqui - o vovô concordou. Eric ficou parado, sem se mexer. Era como se algo
- Claro que não é tão legal quanto a nossa casa - dis- inesperado e totalmente estranho estivesse acontecendo.
se Eric. - Não tem nenhum macaquinho aqtú, mas tem Mas o papai Samuel ainda não havia terminado.
wn monte de passarinhos. - Por outro lado, sabemos quanto você gosta de morar
Algu ns dias depois, a família de Eric chegou e foi com o vovô, a vovó e a tia Carol e o quanto eles gostam
conhecer o lugar. Para a alegria de Eric, todos gostaram de ter você com eles. Se qtúser... - os olhos azuis '"ão papai,
mtúto da provável nova casa. iguais aos do vovô, pareciam penetrar nos olhos de Eric
- É ótimo - papai Samuel disse. - Não é tão boa - pode continuar morando com eles, mas terá que passar os
quanto a casa de toras de madeira, mas só o fato de es­ fins de semana conosco.
tarmos mais perto da nossa familia já é ótimo. - Ele sor­ - 0-o-o que vocês acham que eu devo fazer? - Eric
riu para todos e acrescentou: - Só tenho uma pergunta: olhou para o papai Samuel, depois para o vovô, para a vovó
E o Eric? e para a tia Carol. Por último, olhou para a man1ãe. Sentira
Eric sentiu um friozinho na barriga. O que o papai· tanto a falta dela durante todo aquele tempo que passaram
Samuel queria dizer? longe. Ele deu alguns passos pela sala e ficou o lado dela.
- Mamãe, o que você quer que cu faça?
Ela piscou os olhos, como se estivesse tomando uma
decisão dificil.
,J
Uma Estrela Dourada para Eric E o Eric?
•o::otooc::ccc� :;::::::c::c:)OôO()O<)OOOO('::: :�coco�eox:::::::::::e:::�=::coooce:o:::e:::,::c)OôOO()()O()<)O

- Eric, acho que você deve tomar essa decisão sozi­


nho, assim como você fez no ano passado quando de­
cidiu morar com o vovô, a vovó e a tia Carol. - Nessa
hora, ela o abraçou. - Você sabe que eu quero muito
que volte a morar com a gente. A casa fica muito vazia
quando você não está por perto.
A mamãe deu um breve suspiro e continuou a falar.
- Mas, para ser honesta, tem algw11as vantagens em
você ficar com o vovô, a vovó e a tia Carol. A vovó po­
derá ajudá-lo muito mais com o dever de casa do que eu.
Você poderá continuar a ajudar o vovô e a tia Carol tam­
bém. Lá tem uma área verde muito bonita e bem mais
espaçosa para você correr e se divertir. Se morar na ci­
dade, não terá um quintal tão grande assim para brincar.
- Mamãe se abaixou e olhou bem nos olhos do filho. -A
vovó também me disse que você está aprendendo a con­
fiar em Jesus. Por que não pensa no assunto e pede para
Ele ajudá-lo a tomar essa decisão? Você ainda tem algum ruja fez com que se sentisse solitário. Mas agora era um
tempo até nos mudarmos para cá. Levaremos uma ou lugar só seu, tão agradável. O que ele deveria fazer?
duas semanas para arrumar tudo. Tenho certeza de que A voz do vovô vinha da sala. Eric não conseguia escu­
você vai decidir aquilo que for o melhor. tar muito bem o que ele estava falando. Assim, levantou­
Eric se sentiu como num cabo-de-guerra. Uma parte se da cama e ficou agachado perto da porta entreaberta.
dele queria ficar com a mamãe e os outros. A outra par­ Talvez fosse errado ouvir a conversa sem ser convidado,
te queria ficar no quarto que a vovó tinha arrumado só mas ele tinha que saber sobre o que estavam conversan­
para ele, naquela antiga casa que um dia havia sido uma do depois que chegou sua hora de ir para o quarto.
escola e pela qual ele havia aprendido a ter um carinho - Vamos sentir muita falta do nosso garotinho - dis­
especial. Ele começou a dizer algo, mas a mamãe balan­ se o vovô.
çou a cabeça. Bric pôde ouvi-lo suspirar. Ele continuou:
- Não decida nada agora, Eric. Espere um pouco e ore - Mas não diremos nada para não o influenciarmos.
sobre o assunto. Ele tem que decidir sozinho.
Naquela noite, depois que sua família foi embora, Eric - Concordo. - A cadeira de balanço da vovó rangia
não conseguiu dormir. Ficou com os olhos bem abertos ao balançar. - Vou ficar com o coração partido se voltar
no escuro. Ele podia ouvir uma coruja piar lá fora. Na a morar com a família dele... É como se ele fosse meu
primeira vez que dormiu naquele quarto, o canto da co- próprio filho.
Uma Estrela Dourada para Eric E o Eric?
oooooooc::�:�c:c:::o:::::o::;:c::0:::::::::::0::� c::c:::oo:>ooô<>OO<:oooc�c:c:::::coo�:c:00co000coc:ccoo0i,0co00:,c,,0 00000120

- Acho que nunca conheci uma mulher tão bondosa Muitas vezes, Eric se sentia como seu coelhinho que
quanto a mãe do Eric. - A voz da tia Carol tinha um tom ficava preso na gaiola. Sentia-se tão mal em vê-lo preso
ni.ste. - Sei que ela tem sofrido muito sem o filho por perto, que um dia decidiu abrir a portinha. O coelhinho corri:.t
mas mesmo assim está disposta a concordar com aquilo que o de um lado para o outro, mas nunca saiu dali. O vovô,
Eric decidir. Ela é muito especial, w11a pessoa maravilhosa. a vovó e a tia Carol nunca tentaram influenciá-lo para
- Sei que ela concorda que será melhor para o Eric ficar, mas ele percebia como ficavam tristes ao pensar que
morar aqui. - A cadeira de balanço parou. - E será mais não o teriam mais por perto.
fácil com eles morando aqui perto. Se o Eric decidir fi­ Já estava chegando o dia da mudança. Eric deveria to­
car, ele poderá ir vê-los a hora que quiser. Eles poderão rnar sua decisão. Já havia orado bastante sobre o assunto.
vir jantar aqui e... Caminhou pelos campos e acariciou os macaquinhos que
- Mas é ele quem deverá decidir - o vovô falou bem finalmente tinham aprendido a pegar as bananas de suas
sério. - Lembrem-se, não vamos falar nada. Vamos dei­ mãos. Ele pensava tanto, mas tanto, que sua cabeça até
xar que o Eric decida sozinho. doía. Um dia antes da mudança, ele saiu para caminhar
Eric voltou em silêncio para a cama. Não sabia se pelas margens do rio com o vovô. Eric gostava muito de
agora se sentia melhor ou pior. Sabia o quanto a sua nova canlÍnhar com o vovô. O vovô conhecia tão bem a mata
familia o amava, mas não tinha idéia do quanto eles que­ que podia ver a pontinha do rabo de um macaco ou um
riam que ele ficasse. passarinho diferente a muitos metros de distância.
- Deus, preciso da Sua ajuda. Por favor, me mostre - Vovô, seria muito mais fácil se você me dissesse para
o que fazer - Eric sussurrou a mesma oração vez após ficar ou ir embora. - Eric arrastava o tênis na grama.
outra enquanto pensava sobre o assunto. Ele adorme­ Aqueles sábios olhos azuis olharam lá no fundo dos
ceu orando. olhinhos preocupados de Eric.
Nos dias que se seguiram, Eric se sentia animado por - Sempre é mais fácil se temos alguém para nos
um lado, mas desanimado por outro. Quando pensava dizer o que fazer. Seria muito fácil se Deús tivesse
en1 morar de novo com a mamãe, com o papai Samuel e escrito cada ordem e nós a seguíssemos. Mas Ele não
os outros, ficava feliz. Mas a casa que encontraram não age dessa maneira. Apesar de ter nos dado instruções
era tão grande assim. Ele teria que dividir um quarto específicas na Bíblia, temos que escolher o caminho
pequeno com o Tom. Não que se importasse, mas era a seguir. Deus não quer que sejamos robôs movidos
mmto bom ter um quarto só para ele. Além disso, ali po­ por controle remoto. Nossa vida espiritual a.madure
dia ler o quanto quisesse à noite. O Bruno não gostava ce ao escolhermos qual caminho nos levará para mais
' perto de Jesus.
muito de ler, e muitas vezes o chamava para brincar.
Se fosse embora, a tia Carol não estaria por perto -Posso brincar de jogar pedras na água? - Eric olhou
para ler as histórias da Bíblia. A vovó não poderia aju­ para o rio cristalino.
dá-lo com os estudos. Embora ele agora estivesse lendo - Claro que pode, mas não fique muito na beirada.
bem, ainda precisava de ajuda em matemática. Eric viu o reflexo do vovô na água e reparou como
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Uma Estrela Dourada para Eric
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estava ficando com os cabelos brancos. O vovô também


caminhava mais devagar do que de costume. Eric perce­
beu pela primeira vez que o vovô estava envelhecendo! 13
Que engraçado, ele nunca tinha pensado nisso antes.
No dia seguinte, bem cedo, antes que qualquer wn
tivesse levantado, Eric saiu da cama e trocou de roupa.
Um Novo Amleo
Ele andou na pontinha do pé, carregando nas mãos os
sapatos para não acordar ninguém. Assim que saiu, pres­
tou atenção naquele lugar tranqüilo e maravilhoso. O
Sol tinha acabado de acordar também e ainda estava se Eric estava muito feliz por ter sua família por perto.
espreguiçando atrás da montanha. Eric já sabia qual de­ Às vezes, a Sara, o Tom e até mesmo a Melissa ficavam na
cisão tomar. Ele pedira a ajuda de Deus para saber a coisa casa do vovô, da vovó e da tia Carol. Ele vivia correndo
certa a fazer, e agora se sentia muito bem. descalço na grama, sempre tomando cuidado para não se
Assim que a mudança e a família de Eric chegaram, o machucar com os espinhos. Mas o que mais gostava mes­
papai Samuel perguntou: mo era de brincar de esconde-esconde com os irmãos.
- E aí, Eric? A grande mangueira também era um lugar especial
Mesmo sabendo estar certo, era difícil falar. para Eric. Havia muitas outras árvores no quintal, mas
- Pensei, pensei e orei e orei. Mamãe, você tem a Sara, aquela tinha galhos bem grossos e confortáveis que se
o Tom e a Melissa para ajudar você. Vou poder vê-la a hora cruzavam formando uma poltrona perfeita. Ali ele ficava
que quiser. - Ele engoliu em seco. Por que fazer a coisa horas e horas sentado, lendo livros que emprestava da
certa era tão difícil assim? - O vovô precisa de mim. A vovó biblioteca ou mesmo da vovó. Levava até o livro de his-
também. Quando a tia Carol tem muito trabalho, ela tam­ tórias da Bíblia para ler naquela árvore.
bém precisa da minha ajuda. Se você concordar, acho que é No entanto, quando ninguém da sua família estava
melhor eu ficar com eles. por perto e o vovô e a vovó iam às compras, Eric se
O silêncio foi horrível. Por que alguém não dizia al­ sentia sozinho. Ele não gostava muito de fazer compras.
guma coisa logo? Foi então que a mamãe deu um gran­ Durante essas férias, não precisava passar tanto tempo
de sorriso. praticando leitura. A vovó ainda estudava com ele para
- Acho que você tomou a decisão certa, Eric. - Mais que pudesse melhorar em matemática, mas mesmo assim
do que depressa ela enxugou os olhos com um lenço. tinha mais tempo livre do que nas primeiras férias que
- Bem, vamos levar as coisas para dentro! " ele passara ali.
Eric sentiu seus olhos se encherem de lágrimas tam­ A tia Carol era uma ótima amiga. Eles saíam para
bém, mas sabia que a mamãe havia entendido ... e ele caminhar, davam risadas e liam juntos. Mas ela também
estava contente. estava ocupada. Desde pequena, a tia Carol sonhava cm
escrever histórias para crianças. Agora ela passava a ma-
Uma Estrela Dourada para Eric Um Novo Amigo
�=eooe:e:eooX>OOCo::>O<X>OOQôOOCoee:eeo>OOOOOO<>QO:oeeoceoci)()OOOÇeeo:::e:eo:::X>OOO<:>O<>OOO< ()Q()OQO()()OO<::;oooc::::a:oc::o::::�:e::e:::e:o:coo:e:ooocoeooeeeeoeeecceeoccocic coooceee00

· nhã inteira no quarto com a porta fechada, mas dava Os olhos da tia Carol brilhavam com o reflexo da
para escutar o barulho do teclado do computador fazen­ luz do Sol.
do tic-tic, tic-tic, tic-tic. - Sim, Eric. Esse tipo de carta vale muito mais do
Eric gostava muito quando o tic-tic parava e a tia que milhões de reais. Gostaria que um dia eu recebesse o
Carol saía para lhe contar as novas histórias e ver se ele as suficiente para viver escrevendo histórias, mas Deus sabe
"aprovava", como ela costumava dizer. Sempre ajudava o tempo certo de isso acontecer. Vou continuar a escre­
a colocar as histórias a respeito de Jesus em grandes en­ ver e a confiar nEle.
velopes de cor marrom. Muitas vezes os envelopes vol­ Assim, Eric ouvia as histórias da tia Carol e a ajudava
tavam e ele ajudava a colocá-los no correio novamente. a fechar os envelopes e colocá-los no correio... e sem­
Porém, de vez em quando, Eric voltava correndo da cai­ pre se lembrava dela dizendo que continuaria a confiar
xa de correios com boas notícias. em Deus. Um sentimento muito gostoso surgia no seu
- Chegou o pagamento! - Ele sempre gritava assim coração enquanto ouvia a tia falar, e ele decidiu que iria
que chegava aquele envcJopc amarelo. confiar em Deus, assim como a tia Carol.
Os olhos da tia Carol brilhavam e, ao abrir a carta, os Uma noite, após o jantar, a vovó, o vovô, a tia Carol
dois seguravam a respiração para ver o quanto a tia Carol e o Eric foram para a varanda. Eles podiam ouvir o zum­
havia recebido pelas histórias. zum-zum das abelhas lá longe, na colméia que a cada dia
- Por que eles não mand.un um montão de dinheiro ficava maior na casinha de madeira. Que perfume gos­
para você? - Eric queria saber. - As suas histórias são toso elas lançavam no ar. O vovô e a vovó se sentaram
muito legais. Todas falam a respeito de pessoas que co­ no balanço. A tia Carol sentou em um tronco seco de
nhecem a Jesus. árvore e encostou no pilar que sustentava o telhado. Eric
A tia CaroJ deu risada,. mas em seguida ficou séria. subiu no colo do vovô e se deitou no peito dele.
- Eric, Deus me deu o dom de escrever histórias para - Vovô, quando você tinha a minha idade,,yocê pos­
Ele. Da mesma forma, Deus concede dons a todas as suía um cachorro? - Eric ficou bem quietinho no colo do
pessoas. Meu dever é escrever as histórias e enviá-las. Ele vovô e esperou a resposta.
fará delas o que achar melhor e as levará para onde forem - Claro. Morávamos em uma fazenda muito grande
mais bem aproveitadas. Isso é muito mais importante do e sempre tínhamos cachorros por perto. - O vovô deu
que ganhar "um montão" de dinheiro. uma risadinha. - Eu tinha uma gata que sempre aparecia
- Você está falando daquele garoto que escreveu para com gatinhos. Como morava no sítio, eu precisava or­
você? - Eric pulou da cadeira e pegou uma carta da es­ denhar as vacas para termos o leite. Havia vá.rios outros
crivaninha da tia Carol. - Ele disse que estava se sentindo� animais. O terreiro era cheio de galinhas e patos; e cu
muito mal depois que o· médico contou que tinha algo cuidava de um lindo casal de gansos.
errado com os seus olhos. Mas, depois que leu uma.de - Quando o papai Samuel tinha a minha idade, ele
suas histórias e viu como o garotinho acreditava em Je­ tinha um cachorro? - Eric perguntou.
sus, ele se sentiu bem melhor. -Sim. Nós tivemos vá.rios cachorros, um de cada vez.


Uma Estrela Dourada para Eric Um Novo Amigo
•cc:::::::x,,oo,o,ooo,o,o •occ:o:cooc:::::�

A Biba, o Pitu e depois o Tobi. Acho que o Tobi foi o - Você nunca esteve aqui antes. Vamos encontrar
cachorro mais esperto que já existiu. um novo amigo para você - disse o vovô, com um olhar
- O senhor pode me contar mais? - Eric se acomo­ meio misterioso.
dou melhor no colo do vovô e ouviu com atenção. - Um amigo? Aqui? - Eric olhou à sua volta. Como
- O Tobi era preto e castanho, uma mistura de vira­ eles poderiam achar um amigo para ele ali, se nem mora­
lata com pastor alemão. A vovó o ensinou a procurar o va naquela cidade? Como fariam para...
Samuel quando ele era pequeno. A vovô podia esconder - Não acredito! - Eric gritou ao ver o vovô estacio­
o Samuel em qualquer lugar do sítio onde morávamos nar em frente ao abrigo para cães. - Vovô, eu vou ganhar
que o Tobi o encontrava. um cachorro?
- Lembra-se disso, querida? - O rosto da vovó ficou - Sim. Ele vai ensinar você a ser responsável e será
cheio de ruguinhas com o sorriso. - Eric, a minha irmã wna boa companhia quando estiver andando na mata.
mais nova não acreditava que um cachorro pudesse ser tão - O vovô olhou para o banco de trás e bateu nos om­
esperto daquele jeito. Então nós prendemos o Tobi den­ bros de Eric.
tro de casa enquanto a vovó levou o Samuel, o seu papai Minutos depois, Eric, o vovô, a vovó e a tia Carol já
Samuel, pra lá do pomar, entre as árvores. Ela disse para estavam lá dentro do abrigo. Eles andaram entre fileiras e
esperarmos quinze minutos e depois soltarmos o Tobi. mais fileiras de gaiolas. Eric mal podia segurar a vontade
- O que aconteceu? - Eric se ajeitou e olhou para a vovó. de gritar de alegria. Só estava um pouco confuso.
Ela deu uma gargalhada e balançou mais um pouco. - Como vamos escolher um no meio de tantos
- Você não vai acreditar. Assim que abri a porta, o cachorros?
Tobi saiu cm disparada, atravessou o pomar e foi direto - Você vai escolher um, Eric - o vovô disse baixinho.
para onde a vovó e o Samuel estavam escondidos! - Ele vai ser o seu cachorro.
- Puxa, ele era muito esperto mesmo! Lá ele viu cachorros grandes, pequenos, gordos, ma­
Eric começou a pensar um monte de coisas. Talvez gricelos, brancos, pretos, avermelhados, amarelos e cas­
ele pudesse pedir permissão para ter um cachorro. Mas a tanhos. A maioria deles latia sem parar, alguns rosnavam
vovó, o vovô e a tia Carol já eram tão bons para ele que e outros balançavam o rabo.
Eric não gostava de ficar pedindo coisas. Um cachorro que estava em uma gaiola pequena não
Alguns dias depois, o vovô disse: latia, só choramingava.
- Vamos fazer compras na cidade vizinha. - Vovô, aquele cachorro ali não parece um espanador
A cidade vizinha era um pouco maior e tinha lojas de pó? - Eric apontou para um cachorro de olhos vivos
maiores, com várias outras opções. Mas, quando chega-� e orelhas caídas.
ram lá, o vovô não foi em direção às lojas. - Ele é bonitinho, não é? - o vovô disse.
- Onde estamos indo? - Eric quis saber, pulando J)O - Ele é lindo - Eric sussurrou. - Parece que ele está
banco de trás, apesar do cinto de segurança apertá-lo um sorrindo pra mim. Até parece que já sabe que vamos
pouco. - Não me lembro de ter vindo aqui. ser amigos!
Uma Estrela Dourada para Eric

alít li
OOOOOOOO<XCO<CCOOCCO::�:::::::::::o::>o«o::::c::::ce:,C><>CQOOC::::;c::::::::c:::0::0:-00000

- Você tem certeza de que este é o cachorro que


você quer?
Eric deu uma olhadinha para os outros cachorros e 14
depois para o pequeno, mas não tão pequeno, espana­
dor de pó.
- Sim. Ele vai ser o meu cachorro e vou chamá-lo
O Primeiro Aventuri
de Fubá.
- Fubá? Por que Fubá? - o vovô perguntou, com
vontade de rir.
-Ah, sei lá, acho que ele tem cara de Fubá! Eric e o seu novo amigo, Fubá, corriam pelos pas­
Eric esperou até que o funcionário do abrigo liberas­ tos, pelo jardin1, para cima e para baixo. Eric não se sen­
se o cachorro. tia mais sozinho, nem mesmo quando a tia Carol estava
-Venha, Fubá! -Ele passava a mão no pêlo brilhante. ocupada e o vovô e a vovó iam para a cidade.
O cachorro se encostou na perna de Eric e choramingou. -Venha, Fubá, venha! - Eric pegou a bola de borra­
- Agora nem eu nem você vamos nos sentir sozinhos. cha que a tia Carol comprou. - Pega! Pega! -E jogava a
Eric pegou o Fubá no colo e correu para o carro, bola com toda a força.
mostrando a todos o seu mais novo amigo. O vovô não queria que Fubá entrasse em casa. Por
isso, o novo a1nigo de Eric dormia na vara11da, em uma
caixa com uma almofada e um cobertor bem quentinho.
Toda manhã, quando Eric corria para vê-lo, Fubá já esta­
va acordado e pronto para tomar o café da manhã e sair
para brincar.
-Lembre-se, o Fubá é sua responsabilidaüe -disse o
vovô. -Você é o responsável por dar-lhe comida e trocar
a água duas ou três vezes por dia. Você não gosta de be­
ber água morna e suja, gosta? Bem, o Fubá tan1bém não.
Além disso, você deve mantê-lo limpinho e sempre lavar
a coberta e a capa da almofada em que ele dorme.
Eric nunca se esqueceu de cuidar do seu novo amigo.
Uma vez, ele perguntou para a tia Carol:
- Jesus ctúda de nós assim como eu cuido do Fubá?
Ela pensou um pouco, e Eric acrescentou:
- Quero dizer, não exatamente igual eu cuido dele ...
mas Ele nos ama tanto que quer cuidar de nós?
Uma Estrela Dourada para Eric O Primeiro Avonturl
�::::::c:::::::::::c:::::• :o::::c::::ol»Qc:::::c:::)C>()()()<)()():::::o:::c:::00000<::::oo::::::;ic:000000000noc •

_ -Sim, Eric. Sabe de uma coisa? Suas perguntas mos­ Eric olhou para ela ainda acariciando o Fubá e ten
tram que você está realmente começando a crescer e a tando desenrolar a cauda dele.
ter a Jesus como um Amigo. Lembre-se, Ele é o melhor -Pra mim?
Amigo que qualquer um pode ter. -Para você, para a tia Carol e para mim- disse a vovó.
Certo dia, enquanto brincava, Eric teve uma grande - Para o vovô não? - Eric correu para o vovô e colo
idéia. Ele correu o mais rápido que pôde para chegar em cou os braços em volta dele. -Por que não para o vovô?
casa e perguntar à vovó. Correu tanto que chegou quase Fui convidada para trabalhar de cozinheira no Aven­
sem poder falar. turi, e a tia Carol foi convidada para ser uma das conse­
-Vovó-ele disse, ofegante-quando as aulas começa­ lheiras -disse a vovó para Eric. -Esse Aventuri é para os
rem, posso ir almoçar na casa da minha mãe? Ela mora a um aventureiros de seis a nove anos de idade.
quarteirão da escola, e assim posso vê-la todos os dias. - Vou fazer nove anos em fevereiro - Eric lembrou
-Nós já tínhamos pensado nisso-a vovó concordou. a todos.
Ela deixou o monte de meias que estava remendando de - Voçê vai gostar muito do Aventuri - a tia Carol
lado e deu um abraço bem apertado em Eric. - Vou es­ falou. -E um acampamento muito legal, cheio de ativi­
crever um bilhete para o diretor deixar você sair da escola dades e brincadeiras. Lá você vai aprender muitas coisas
sozinho e ir almoçar na sua casa. e fazer novos amigos também!
-Obaaa! - Eric ajudou a vovó a pegar as meias do chão. -Vou sim, vou sim! -ele gritou.
- Vovó, por que você não joga essas meias furadas fora? Eric olhou para o vovô. E depois olhou para o Fubá.
-Ah, imagine só quantas nós teríamos que comprar! Ele pôde sentir sua animação ir embora, assim como o ar
-A vovó apontou para o monte de meias. - Desse jei- daquele balão amarelo saiu de uma vez quando as unhas
to, guardamos as meias novas para ir à escola e à igreja, afiadas do Fubá o furaram por acidente.
e deixamos as velhas para brincar e ficar em casa. - Ela -Na-na-não posso ir!
olhou para o pés descalços e bronzeados de Eric e deu - Não pode ir? Por quê? Os seus pais querêm que
risadas. - Quero dizer, no inverno. você vá para algrun outro lugar na semana que vem? -A
Eric amava ir à igreja. O pastor contava histórias da vovó olhou para ele de um jeito engraçado, quase tão
Bíblia no sermão e a professora da escolinha era muito, desapontada quanto Eric.
mas muito legal mesmo. -Na-não - Eric respirou fundo e engoliu em seco.
Antes de dormir, Eric orava e agradecia a Deus por sua -Não posso deixar o Fubá. Ele é minha responsabilida
família e pelo seu novo amigo, Fubá. Sempre agradecia a de. Ele não pode ir comigo, pode?
Deus por enviar Seu Filho Jesus à Terra para salvar todos - Acho que ele não vai se divertir muito no AvcntUJi.
aqueles que ouvissem Seus ensinos e O aceitassem. Você vai estar ocupado demais para cuidar dele-o vovô fa
Uma noite, quando estavam na varanda, a vovó disse lou, com um olhar bondoso. -Por isso, o Fubá e cu vamos
com run tom de mistério: ficar aqui e fazer companhia um para o outro uma semana.
-Tenho uma surpresa maravilhosa! - Sério, vovô?


Uma Estrela Dourada para Eric

afít li
00000<0:c::o:c:oc)ôO,,O,(),()OOOO::o::e:::ccc;::coco:::::::occ:ooc:co::oocX>O<>OOOOOOOOO<c:o:x:::::::::>0000

- Claro! - O vovô chamou o Fubá e acariciou o pêlo


macio dele. - Vamos nos dar muito bem. Talvez não va­
mos nos divertir tanto quanto vocês dois se divertem 11
juntos, mas ficaremos bem.
- O que fazemos agora? O que precisamos levar?
Posso começar a fazer a mala?
Outros Novos Amleos
- Opa, espere um pouco! - a vovó interrompeu as
perguntas sem fim. - Você vai andar de canoa, fazer ca­
minhada, andar a cavalo, aprender a dar diferentes tipos
de nós e... lá você vai aprender muitas coisas interessan­ - Não vamos chegar nunca? - Eric não via a hora
tes sobre a natureza, vai participar dos cultos da manhã e de chegar.
da noite, sentar em volta da fogueira e muito mais. Parecia urna eternidade. Desde que tinham saído de
A tia Carol continuou: casa, haviam viajado quilômetros e mais quilômetros estra­
- Leve a sua Bíblia, roupa de brincar, roupa de frio, da afora.
roupa para ir à igreja, o calção de banho, um agasalho, Finalmente, pegaram uma estrada de terra e começa­
escova de dente e outras coisas para a higiene pessoal, ram a virar aqui e ali.
saco de dormir, travesseiro, lanterna... - Estamos quase chegando - comentou a tia Carol,
- E você pode começar a fazer a mala quando quiser! desacelerando ao fazer uma curva.
- a vovó completou. - Será que o vovô e o Fubá estão se sentindo so­
- O Aventuri vai ser em um lugar muito bonito- dis- zinhos?
se o vovô. - Você vai visitar lindas cachoeiras, várias tri­ Embora Eric estivesse ansioso para chegar ao Aven­
lhas na mata e um lago. Vários bichinhos da mata vão até turi, sentia uma pontinha de tristeza no coração. Fubá
o lago para beber água, e você vai ver como é gostoso lambera sua mão antes de sair, e o vovô o abraçara bem
dormir na barraca com outros garotos da sua idade. forte, dizendo para se divertir bastante.
- Vou para o Aventuri-i, vou para o Aventuri-i! - Eric - Eles vão ficar bem. Além disso, o Tom está lá com
saiu cantarolando, mas em segtúda parou para pergun­ eles, você se esqueceu? Ele disse que queria fazer compa­
tar: - O Tom pode ir também? nhia para o vovô e o Fubá enquanto estivéssemos aqui.
- Dessa vez não. Ele não tem mais idade para ir nesse - Ele vai tomar o meu lugar? - De certa maneira, Eric
Aventuri- disse a tia Carol.- Mas, se ele quiser, poderá_ir não tinha gostado muito da idéia e estava sentindo uma
no próximo acampamento para crianças da idade dele. " pontinha de ciúme.
- A única coisa ruim é que vou sentir muita saudade - Claro que não. Ninguém pode tomar o seu lugar
de você, vovô, e do Fubá. - Eric parou de correr. ,Seu no coração do vovô, da vovó ou no meu - a tia Carol
rosto se iluminou. - Mas vou ter um monte de histórias tentou confortá-lo. - Tom já tem o lugar dele cm nosso

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para contar depois, não é? coração, e não é o seu lugar.
Uma Estrela Dourada para Eric Outros Novos Amigos
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- Ah! - Eric se sentiu melhor e olhou pela janela. V irou-se para a tia Carol e para a vovó e disse:
-Olha só, chegamos? -Já volto!
- É isso aí, chegamos! -A tia Carol estacionou o car- Guilherme não parou de falar o caminho todo.
ro no gramado perto do lago. -A nossa unidade tem sete garotos, além do Ronal­
- Puxa! - Eric olhou maravilhado. do. Ele é muito legal. Esse é o seu primeiro Aventuri,
Para todos os lados que olhava, via meninos e meni­ não é? Eu vim ano passado. Puxa, foi "dez"!
nas andando de um lado para o outro como um batalhão Eric não teve tempo de responder, porque Guilher-
de formigas, entrando e saindo das barracas, trazendo os me não parava de falar.
sacos de dormir, mochilas, malas, jaquetas e travesseiros - Você já sabe da "Unidade de Honra"?
para o lugar onde morariam durante aquela semana. - Que tipo de unidade é essa?
- Quanta gente tem aqui? - "Unidade de Honra"! - Guilherme parecia falar
- Estão contando com setenta e cinco aventureiros muito sério. - Ganhamos pontos durante a semana por
- disse a vovó. deixar as barracas limpas, por chegar pontualmente nas
- Isto é três vezes mais do que o número de alu- atividades e na hora das refeições, além de outras coisas.
nos na minha sala. - Eric olhou com mais atenção ainda. No final do Aventuri, a unidade que tiver mais pontos
- Onde vou ficar? ganha uma bandeira azul e se torna a "Unidade de Hon­
- Bem ali! -A vovó apontou para uma barraca, mon- ra". É muito legal! A unidade de que participei no ano
tada perto de um grande pinheiro. - E aí vem o líder da passado foi a "Unidade de Honra" - ele contou, arru­
sua unidade. mando a mala em um canto da barraca.
O coração de Eric começou a bater mais rápido. - Ganhei wua fita azul por vencer a corrida na escola
Um jovem alto, de cabelos e olhos castanhos, veio na - disse Eric.
direção deles. Guilherme oJhou para o novo amigo, impress. jonado.
- Oi, Eric. Sou o Ronaldo. Você vai ficar na minha - Que ótimo! Olha só, temos competições e gincanas
unidade. Ôôô, Guilherme! - Ele chamou um garoto que aqui. Talvez você ganhe cm alguma modalidade.
passava por ali, enquanto carregava as coisas para a bar­ - Espero que sim.
raca. - Venha aqui! Quero apresentar um dos novos in­ - Eu também. - Guilherme abriu wn sorriso de can-
tegrantes da nossa unidade. to a canto. - Sou muito baixinho para correr rápido, mas
Eric gostou de Guilherme. Ele tinha o rosto bem re­ nado muito bem. Você sabe nadar?
dondinho, as bochechas rosadas e olhos castanhos. Gui­ - Um pouco. Comecei a aprender nessas férias.
lherme sorriu. - Eu ajudo você - Guilherme prometeu. - Vamos
- Você não quer me ajudar com isso aqui e depois eu pedir ao Ronaldo para lhe mostrar o acampamento... Eu
o ajudo com as suas coisas? irei também. - Ele deu uma olhadinha para o relógio.
- Claro! - Estamos adiantados, talvez dê para ele ir antes que os
Eric sorriu de volta, pegou o saco de dormir e a mala. outros garotos da nossa unidade cheguem.
Uma Estrela Dourada para Eric Outros Novos Amigos
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Mas Ronaldo estava muito ocupado. A macaquinha e seu filhote apenas olharam para os
- Tenho que ficar aqui e esperar para receber os outros dois meninos e continuaram a remexer as folhas.
garotos da nossa unidade que estão para chegar-disse ele. - Lá está o refeitório, a enfermaria e ...
Ronaldo olhou bem para Guilherme. - Se você prometer Eric avistou a vovó por entre as árvores e correu até ela.
que não sairá dos limites do acampamento, e você sabe - Vovó, que lugar maravilhoso! Fiz um novo an: igo,
quais são, pode mostrar tudo para o Eric. Mas não vão ele é superlegal - e começou a dizer tudo o que tinha
para as trilhas, de jeito nenhum. Combinado? Não quere­ visto desde que chegaram.
mos começar o Aventuri procurando por vocês dois. - Tenho que ir e ajudar a preparar o jantar - disse a
- Pode deixar. Vamos obedecer às regras - Guilher­ vovó. - Vejo você lá, está bem?
me respondeu e levantou a cabeça. - Vamos, Eric. - É a sua avó que vai cozinhar para nós? Que ótimo!
Eles passaram pela Pedra do Sapo e pelo riacho cristalino - Guilherme deu um salto e ficou com as bochechas mais
que descia das montanhas e desembocava no imenso lago. rosadas do que nunca. .
Ali perto havia um bosque muito bem cuidado e Guilherme Aquela noite, Eric aconchegou-se no saco de dorrrur.
contou que aquele era o local onde eram feitos os cultos. As luzes se apagaram, mas a sua cabecinha cheia de idéias
- Fazemos piqueniques ali e as competições aquáti­ e das lembranças daquele primeiro dia ainda não estava
cas acontecem naquela piscina de pedras. É tão legal! cansada. Ele se lembrou do jantar delicioso e todos aju­
Eric observava tudo com um misto de alegria e ansie­ dando a limpar o refeitório. Ele se lembrou da bandeira
dade que até parecia que seus olhos iriam saltar para fora. dos aventureiros sendo hasteada e iniciando oficialmente
O melhor é que tinha muito mais ainda para verem! o Aventuri. Ela tremulava ao vento. Um peixe deu um
Quando já estavam voltando para perto das barracas, salto e fez com que a água formasse ondas. E a foguei­
Eric perguntou: ra? Foi tão divertido! Houve música e, por último, uma
-Estou começando a ficar com fome. Onde fazemos linda história da Bíblia. Os líderes, os conselheiros e os
as refeições? outros adultos que estavam lá encenaram a hist6ria.
- É só me seguir que vou mostrar a você. - Gui­ Eric fechou os olhos. Deus e Jesus pareciam estar ali
lherme levou Eric trilha abaixo. - Shhh! - Ele parou e no Aventuri também. Um sentimento gostoso tomou
apontou. Uma linda macaquinha e seu filhote estavam conta de Eric. Durante o culto da unidade, Ronaldo fa­
em uma árvore perto dali. lou sobre a importância de ter Jesus como o nosso me­
- Parece com a macaquinha que visita a minha casa lhor Amigo. Eric orou em silêncio:
- Eric cochichou. "Obrigado, Senhor Deus, pelo Aventuri e por ser meu
Ele contou para Guilherme como a vovó alimentava ,, Amigo e por... " Ele pegou no sono antes de terminar.
os macaquinhos com banana e como eles aprenderam a
confiar nele também.
- Todos tratam bem os aniJ.nais aqui e, por isso, eles
não têm medo. - Guilherme seguiu pelo caminho.
Acampamento na Mata
00000(:nH::>0000<><::::;:::�x:::c::eoc:::::ox:<cce»e,:::::econ;�:c:)(>Oô()()(;�=e:::OO<Xo::c::::::n:;,ooo

trabalham bfí,stante para criar encenações diferentes a


cada noite. As vezes ficamos no bosque ou perto da Pedra
do Sapo (ela é chamada assim porqu,e se parece mesmo com
um sapo). De vez em quando, fazemos caminhadas na
Acam1am•nto mata, observamos os insetos) as plantas e os bichos que en­

na Mata contramos por lá.


Já escrevi para a mamãe, mas diga a ela que eu a amo
muito e estou com saudades de todos.
Com carinho,
Eric começou a escrever uma carta. Era para ser ape­ Eric
nas um recadinho, mas ela foi ficando cada vez maior.
Tinha tantas coisas para contar para o vovô e para o Tom Er ic dobrou a carta e a colocou em um envelope. A
que nem sabia por onde começar. vovó disse que enviaria para o correio. Ele foi procurá-la.
- Aqui está a minha carta, vovó. - Ele entregou a
Queridos vovô e .Tom: carta, olhando para o lago que ficava bem atrás. - Já es­
. O Aventuri é demais. Sabem o que fazemos todos os tamos na metade do Aventuri. Estou com saudades de
dias? Bem de manhãzinha escutamos o toque da alvorada todos, mas não quero ir embora.
(que é uma música de trompete tocada por um dos aven­ -Sei como você se sente-confessou a vovó. -É mui­
tureiros, dizendo que está na hora de acordar - tive que to tranqüilo aqui, e sabe por quê? É porque esse local foi
copiar isso do nosso horário), às 7h30. O culto da manhã dedicado a Deus. Nada de ruim pode entrar aqui.
vem logo a seguir e depois hasteamos a bandeira dos aven­ -Nem pessoas ruins? - Eric quis saber.
tureiros. Após o café da manhã, cada um tem uma tarefa Uma vez, há muito tempo, uma pessoa com costu­
para fazer. Assim que terminamo� vem a inspeção. Até mes e pensamentos ruins entrou aqui. -A V'Oz da vovó
a;gora a n?ssa unidade está indo m_uito bem. Logo depois parecia triste.
e hora de ir para as aulas das especialidades. Aprendemos -O que aconteceu? - Eric agachou perto da cadeira
muitas coisas sobre Jesus) sobre a natureza, aprendemos a da vovó.
fazer artesanato e muito mais. - Sabe, quase sempre o espírito do Aventuri faz com
Estou sempre morrendo de fome quando chega a hora que esse tipo de pessoa mude de atitude. Claro, se a pessoa
do '!'l�oço. A vovó e as outras cozinheiras preparam coisas insistir em fazer coisas ruins, ela será convidada a se retirar.
deliciosas. Descansamos um pouco e, à tarde) temos mais - Que chato ter que ir embora antes do Aventuri
aulas e atividades especiais que nos ajudam a lembrar de acabar! -Eric falou, pensando no assunto.
comer só na hora do jantar. -Que bom que isso não acontece a não ser cm casos ex­
Dep?is de, arriarmos a bandeira, nos preparamos para tremos -a vovó sorru i
de novo. -A mai0tia das pessoas que
a fogueira. E a melhor parte. Os líderes e os conselheiros vem aqui aprecia esse sentimento de ter Jesus mais perto.


Uma Estrela Dourada para Eric Acampamento na Mata
111'1oc�eoo=couc:::o:::e::o:oc00:: o:::oo:Hocc:oooocc ::00::o:�oo: :e::,:::::::::::ee:::: :c:::::o:o:::;:::::oco:::::c:::000::00:::000aca :::oc:ou ::co:c:o: : nBco:: ::::c00:::c:::o:cc000

- Queria tanto poder vê-Lo! -Eric puxou um rami­ -Você é o meu melhor amigo do Aventuri.
nho de grama do chão. - Sei que Ele me ama e pedi para Eric voltou a rolar para cá e para lá.
que Ele fosse meu Amigo... mas é dificil conversar sem -Que bom.
poder vê-Lo. Mas logo parou.
- Você está vendo o Guilherme agora? - a vovó - O que você quer dizer com "amigo do Aventuri"?
perguntou. Você tem um melhor amigo lá onde você mora?
- Claro que não. Ele está na barraca. - Não. Mas tenho um amigo que sempre será o me-
-Ele ainda é seu amigo, não é? -A vovó piscou um lhor de todos.
dos olhos. Parece que um balde de água fria caiu em Eric. Ele
-Claro que é! -Eric levantou-se. -Não preciso vê-lo queria tanto ser o melhor amigo de Guilherme! A boca
para... -Ele viu os lábios da vovó se esticarem formando dele ficou com o mesmo gosto da água do lago. Uma
um sorriso e deu risada. - Entendi! Não preciso ver Jesus vez ele mergulhou no lago e, de tanto frio e medo que
para Ele ser meu Amigo. sentia, esqueceu-se de fechar a boca e engoliu aquela
- Isso mesmo! -A vovó se levantou e ajeitou o aven­ água barrenta. . . .
tal. - Bem, é melhor ver se precisam de mim na cozinha. Antes que ele dissesse qualquer c01sa, Guilherme vi-
- Eu amo você, vovó. rou para o amigo e falou: .
Eric correu de volta para a barraca. Guilherme estava - Espere só até conhecer esse meu arrugo. Voce vai A •

saindo. gostar muito...


- Oi, Eric. Estava procurando você. Eric não queria escutar mais nada e interrompeu:
- Tive que pedir para a minha avó enviar uma carta. - O segredo é que vamos fazer uma caminhada no­
Tem mais uma coisa... - Eric rolou na grama. - Tenho turna e acampar na beira da mata... só a nossa unidade e
um segredo! mais uma outra.
- Me conta! - Guilherme caiu na grama perto de - Puxaaaaa, que legal! - Guilherme deu pul� no ar.
Eric. As bochechas rosadas dele pareciam duas maçãs. - Vamos logo arrumar as coisas. Não. Se fizermos isso,
-Não posso, é segredo. todos vão saber do segredo. Mas podemos já ir pensand_o
-Ah, me conta, vai?! Não vou contar pra ninguém. no que levar... - Ele continuou a falar e falar, mas 1?nc
Eric ficou com um ar de brincadeira. não ouviu nada. Guilherme podia até ter se esquecido
-Está bem. Conto pra você se você me contar uma daquele amigo, mas Eric não.
coisa. - Pode ir andando. Encontro você na aula sobre
- Claro. O quê? - Os olhos de Guilherme ficaram plantas.
ainda maiores. Eric observou com tristeza Guilherme correr à sua
Eric respirou fundo e ficou sério. frente.
- Sou seu melhor amigo, de verdade? "Deus, por que não sou o _ melhor amigo do G�lhe�­
Guilherme se sentou na grama e disse: me? Não apenas no Aventun, mas para sempre? Enc
Uma Estrela Dourada para Eric

aJít li
J;orgaocCCOOCCHJOOCOOOOOQCOQO,Ç000::>00<>000-:CC;::::::�J:::::::: ::::;;)OQQOQOQO()QOOQ

foi chutando uma pinha pelo caminho. "Minha família


e o Fubá são bons amigos. Mas queria..." A voz dele
enfraqueceu. Um nó pareceu se formar na garganta. O 17
Avenn1ri não estava mais tão legal assim. Guilherme ti­
nha outro amigo melhor do que ele.
O Primeiro
T•1temunho
A tarde toda Eric ficou calado. Mesmo quando Ro­
naldo chamou os garotos para se prepararem para a ca­
minhada. Ele pediu para pegarem os sacos de dormir e
coloc�rem as botas e o agasalho, porque iriam acampar
na beira da mata sem as barracas, a céu aberto! Eric nem Acampar à beira da mata era uma experiência fasci­
gritou de alegria junto com os outros. Ele apenas fez nante! Todos os aventureiros que estavam lá ajudaram a
aquilo que o Ronaldo pediu. preparar o jantar. Eles embrulharam as batatas em papel
Depois que a aventura começou e que chegaram bem alumínio e as colocaram para assar na fogueira. Alguns
ao lugar que o Ronaldo chamou de "Recanto da Jagua­ ajudaram a lavar a salada e cortar em rodelas aqueles to­
tirica", Eric se sentiu melhor. Guilherme estava bem ao mates suculentos e vermelhinhos. Outros descascaran1 as
seu lado. Se não podia ser o melhor amigo de Guilher­ laranjas fresquinhas. Os demais ainda buscaram os gra­
me, pelo menos seria o seu melhor amigo do Aventuri. vetos para manter o fogo na temperatura certa para que
Só que, lá no fundo, Eric ainda estava magoado e queria as grandes panelas de macarrão e de molho que as cozi­
saber o que fazer para se tornar o amigo número um de nheiras prepararam ficassem quentinhas.
Guilherme. Guilherme limpou as cinzas que voaram para o seu prato.
- Não tem nada melhor do que batatas assadas na
fogueira, não é mesmo? - A boca dele estava toda suja
de tanto se deliciar com as batatas que havia aqbado de
desembrulhar.
- Hummmm! - Eric estava com a boca muito cheia
para responder. - O macarrão também está muito bom.
- Concordo! - Guilherme esticou a mão para pegar
mais um pouco de molho. - Hoje está sendo uma das
melhores noites do Aventuri.
- Também acho. Nunca dormi tão perto da mata
assim. - Eric cochichou.
- Você está com medo?
- Não. - Eric limpou a boca e jogou o guardanapo
na fogueira. - Não com vocês aqui comigo - eJe disse
Uma Estrela Dourada para Eric O Primeiro Testemunho
00cu:00cc:o:co:ooocc0:::::::oco::::::c::c;o::::c:x::�occc:cc::::� OO<>OOOO<XCCcoe:::e:::::::::no::cc1X><X:::g: ::0000: ::e:e:::oo:: :occ::o:::c:::l::Hoc::e::e::X,OOO,O,OOÕ,O

e olhou para a mata escura à sua frente. -Além disso, a se a casa perfeita. Além do mais, Jesus é o Filho de Deus
vovó disse que este local é dedicado a Deus. - Ele ob­ e era Amigo de Eric.
servou a Lua aparecer e desaparecer por trás da nuvem. -Vamos lá, pessoal, quem gostaria de agradecer primeiro?
Parecia até que estavam brincando de esconde-esconde! -Eu! -Guilherme se ajeitou na grama. Ele falou bem
- Espero que possa vir todos os anos para o Aventuri. rápido e alto. -Agradeço a Deus por trazer o meu amigo
- Por que não? - disse Guilherme. - Existem acampa- Eric para o Aventuri.
mentos assim para todas as idades e até para a farrúlia inteira. -Agradeço a Deus pelos pássaros.
Enquanto os dois conversavan1, Ronaldo pediu a - Pela comida deliciosa.
atenção de todos. - Por Ele ter enviado Seu Filho Jesus.
-Depois que limparmos tudo, vamos ter a oportunidade - Por meus pais.
de agradecer a Deus pelas coisas que Ele nos tem dado- disse E assim continuaram a agradecer e agradecer. Alguns
Ronaldo. - Já podem começar a pensar no que gostariam garotos agradeceram por várias coisas_. O�tros �alaram
de dizer. Se alguém não quiser falar, não tem problema. ,.
menos. De repente, todos ficaram em silenc10. Enc aper­
Mas seria legal se todos dessem seu testemunho. tou forte as mãos de tão nervoso e disse baixinho:
Ele parou e riu da expressão assustada no rosto de - Agradeço a Deus por me trazer aqui:
alguns garotos. . .
Pronto! O primeiro testemunho de Enc havia tenm­
- Não deixem que a palavra "testemunho" assuste nado. Até que não tinha sido tão r� assim. Al�ém co­
vocês! Testemunhar é simplesmente dizer em algumas meçou a fazer um agradeciment? e Enc fico°: mais calmo.
palavras que você ama a Jesus ou dizer o que Ele tem Mas, assim que todos os agradecunentos terrrun:iram e Ro­
feito por você. É o mesmo que fazemos ao orar. Não é naldo disse "agora vamos orar", as mãos de Enc voltaram
necessário fazer uma oração muito longa para agradecer a suar.
a Deus pelas coisas que Ele nos dá. - Eu começo - disse Ronaldo. - Vamos q.� as m��s
Eric sentiu um friozinho descer e subir pela espinha. e fazer um círculo. Todos que quiserem poderão part:lc1-
Ele sempre orava nos cultos em casa, mas só com a vovó, par da oração dizendo uma frase. Quando chegar~ª sua
o vovô e a tia Carol. Às vezes, orava agradecendo o ali­ vez' você pode continuar a oração ou apertar a, mao do
mento. Mas uma oração ali? Na frente de todos os outros próximo colega para mostrar que não se sente a vonta.de
garotos? Não, ele não. Ele apenas ouviria e deixaria que para orar desta vez. Vamos fazer a oração na seqüência,
os outros garotos orassem. Afinal, eles já tinham partici­ começando pela minha direita. Quando chegar nova­
pado do Aventuri antes e estavam mais acostumados. mente em mim, terminarei a oração, OK?
Mas mesmo assim, lá no fundo, Eric ficou a pensar. Parecia que o coração de Eric ia sair pela boca._ Ele es�av:i
Será que ele não deveria dizer o quanto amava a Jesus? ,
à esquerda de Ronaldo. Iss? significava que �le sen� o uJnmo
Parecia errado e até mesmo egoísta não contar às pessoas a orar, logo depois de Guilherme. Ele �entm a mao quente
como Deus havia respondido à sua oração, como fizera de Ronaldo segurar a sua mão suada. Enc chegou um pouco
com que a sua família se mudasse para perto e encontras- mais perto do amigo, que segurava a sua outra mão.
Uma Estrela Dourada para Eric O Primeiro Testemunho
�:o:::::e::::::neeoe:oe::e::oeeeIXioeoo:�eoe::eoe:1)
00eOoce:eoc::0:0:>0()()0,: �:::::e:X><><>OOOe:::::::e)O()()()(:)ó(:::e:e:::::::::ee::x::oe::e:o::

A oração em círculo começou. Um aventureiro após "Não estava falando com você." - O saco de dormir de
o outro dizia uma rápida oração. Guilherme começou a tremer de tanto que ele ria. O de
- Por favor, Jesus, nos proteja durante esta noite. Eric também. Eric se sentiu melhor depois de saber que
- Ajude-nos a aprender mais de Ti. Guilherme também tinha ficado nervoso a primeira vez
- Quero ser uma pessoa melhor. que orou em público.
Quando chegou a vez de Guilherme, ele falou com - Por que você mora com a sua avó? Você não tem
voz clara e firme. pais? - Guilherme perguntou baixinho.
-Querido Deus, obrigado por nos enviar o Seu-Filho. - Tenho sim. - Eric pensou na sua querida mamãe.
Era a vez de Eric. Será que ele conseguiria orar? Ou - Mas estava com muita dificuldade na escola. A profes-
será que passaria a vez apertando a mão de Ronaldo? sora disse que eu iria repetir a primeira série.
Ele demorou um pouco, mas não passou a vez. -Que chato!
- Obrigado por tudo e me ajude -ele disse. - Quase repeti, mas, depois que minha mãe casou
com o papai Samuel, a vovó... Ah, ela não é minha avó
_Ronaldo segurou firme a mão de Eric, que se sentiu de verdade, mas é minha avó do coração. Bem, ela disse
mruto bem. Ronaldo terminou a oração dizendo: -Agra­
decemos por Teu Filho Amado e por este Aventuri tão que eu poderia passar para a segunda série e que eu não
maravilhoso. Em nome do Senhor Jesus, amém. era um bobo. Ela me ajudou a aprender a ler e tudo
- Essa foi a primeira vez que você testemunhou? mais. - Eric ficou quieto e se lembrou do quanto teve
- Guilherme quis saber, depois que já estavam acomo- que estudar. - Passei para a segunda série. Nessas férias,
dados, cada_ um em seu saco de dormir ao redor da fo- meus pais se mudaram para a mesma cidade onde estou,
'
gt1eira e observando as estrelas. mas mesmo assim ainda moro com o meu avô, a minha
-Sim, e também minha primeira oração em público. avó e a tia Carol; e agora com o meu cachorro Fubá tam­
- Eric ainda estava um pouco nervoso. bém. Eles precisam muito de mim. O Tom está fazendo
- Você foi muito bem. - Guilherme se enfiou mais companhia para o meu avô enquanto estou a'qui, mas ele
ainda no sa�o �e dormir. -Lembro-me de que a primeira não vai tomar o meu lugar. A minha avó me disse.
vez que orei foi na hora da refeição. Fiquei bem nervoso - Então você tem duas casas. Que legal. Talvez um
porque havia visitas na minha casa para almoçar e nã� dia eu possa ir visitar você.
sabia muito bem o que dizer. - Claro que pode! - Eric sentiu seu coração bater
- Você ficou nervoso? - Eric achou difkil acreditar. rápido. Seria tão divertido se Guilherme fosse visitá-lo!
Guilherme parecia tão corajoso em n1do que fazia. Mas primeiro ele tinha que dizer uma coisa.
-Sim. Falei bem baixinho. Um dos convidados ditse Eric respirou fundo.
que nem conseguiu ouvir o que eu disse. - Guilherme, você começou a me contar sobre seu
- E o que aconteceu? - Eric ouvia com atenção. melhor amigo. Quem é ele?
-Não me lembro, porque estava muito nervoso. Mas Era tarde demais. Guilherme já estava dormindo.
a minha mãe conta que olhei para o convidado e disse:


O Melhor Amigo de Guilherme

alítfll
ooooc;ooc:cocooooc:::oo:::::o«><>o<::eocoeocoeee::o::::eocoooo
oe: o;eJo
ooe00::cc::ecoe:oceo::::OOOOOOQOO

- Então, não é outro garoto?


18 - Claro que não. E Jesus - Guilherme confirmou.
Eric ficou realmente surpreso.

O Melhor Aml10
- Por que você considera Jesus seu melhor Amigo?
Guilherme se virou na grama e ficou olhando para o
de Guilherme azul do céu atrás das folhas verdes daquela árvore. Ele
ficou sério e falou, com um pouco de tristeza:
- Quando eu era menor, nós mudávamos muito de
casa e às vezes até de cidade. Sempre que fazia um ami­
Eric e Guilherme sentaram-se embaixo de uma árvo­ go, que encontrava alguém que era um companheiro de
re, quase sem fôlego de tanto correr. Estavam treinando verdade, minha família acabava se mudando e eu nunca
para as corridas em que iriam participar, mas precisavam mais podia encontrar meus amigos.
de um pouco de descanso. - Minha avó me disse que eu não preciso ver meus
Quando Eric recuperou o fôlego, fez uma pergunta amigos o tempo todo para continuarmos amigos.
que estava guardada desde a noite anterior. -É, eu sei disso. Mas é difkil continuar amigo de al­
- Guilherme, quem é o seu melhor amigo? guém que você nunca consegue ver porque mora muito,
O rosto de Guilherme brilhou com um largo sorriso. muito longe. -Guilherme se virou e olhou para o ami­
-Você consegue adivinhar? go. - Al gu mas vezes, dependendo do lugar para onde
- Não. -Eric ficou olhando para o amigo, pensativo. iríamos nos mudar, eu tinha até que dar meus cachorros,
- Eu o conheço? porque não poderiam ficar conosco.
- Tenho certeza de que já o conhece. - Guilherme -Ah, isso é terrível mesmo. -Eric imaginava como se
deu uma risadinha. sentiria se tivesse que dar o Fubá para alguém. Vendo que
Como Eric não arriscava nenhum palpite, ele continuou: Guilherme estava ficando meio tristonho, ele continuou:
-Vou dar uma dica. Seu nome começa com a letra J. -E por que Jesus Se tornou o seu melhor Amigo?
-Júnior, João, Júlio, Jonas. -Eric tentou se lembrar Por um instante, era como se Guilherme pudesse
de todas as pessoas que conhecia com a letra J. voltar no tempo.
-Não chegou nem perto. -Guilherme rolou no gra­ -Eu acho que tinha uns seis anos quando fiquei sa­
mado e ficou deitado de barriga para baixo. bendo que teríamos que nos mudar de novo, porque a
-Juliano, Jorge... -Eric não se lembrava de nenhum empresa em que meu pai trabalha manda ele cada hora
outro nome. ,.. para um lugar. Sempre soube que Jesus era meu Amigo,
-Ei, você já deveria ter descoberto logo na primeira mas quando estava entrando no carro, no dia da mu­
tentativa. Meu melhor Amigo é Jesus. dança, eu saí gritando: "Eu odeio fazer mudança! Não
-Jesus! -Eric arregalou os olhos. Aquele sentimento quero deixar meus amigos. Quero ficar onde eu possa ter
ruim que o incomodava finalmente estava indo embora. um amigo de verdade, para sempre, e não só um pouco


Uma Estrela Dourada para Eric O Melhor Amigo de Guilherme
oo:c:o:00c:o:no::;�o:::::::o::,co:::occ::::c:::::o:::::cooX>OOOO<>OOOOOOO �t:::::e:::::e::: :e:)0000(>00(:o: :ee: o:eoo::o:::00:::o:0:0: Q�

e depois ir embora!" Minha mãe me abraçou e me lem­


brou que eu tinha um Amigo de verdade, não importava
para onde eu fosse ou quantas vezes tivesse que mudar.
Um Amigo que iria comigo para qualquer lugar, desde
que eu O convidasse para estar comigo.
Guilherme se sentou e deu um tapinha no ombro
do amigo.
- Assim, agora eu tenho amigos na escola, faço no­
vos amigos no Aventuri, mas também tenho meu melhor
Amigo. E sabe o que mais? Se você quiser, Ele também
pode ser o seu melhor Amigo.
- Eu já sei que Ele é meu Amigo - Eric falou. - Só
nunca havia imaginado que Ele podia ser também o meu
melhor Amigo.
- Por que você não se batiza? Essa é a melhor for­ - Não. Estava muito contente. Fui batizado no ano
ma de mostrar que Jesus é o seu melhor Amigo. -As passado. Algumas igrejas batizam bebês, mas a nossa
bochechas de Guilherme :ficaram mais vermelhas e seus igreja não. Como a Bíblia explica, a pessoa tem qu� crer
olhos brilharam. e decidir ser batizada. - Guilherme se levantou. -E me­
- Não sei. - Eric olhou para Guilherme. -A minha lhor irmos ou vamos perder as corridas!
vó, o meu vô e a tia Carol me falaram do batismo, mas A tarde inteira Eric ficou pensando no que Guilher­
acho que não sou tão bom para poder ser batizado. me tinha dito. Claro que não na hora em que estava
- Não seja bobo. - Guilherme bateu nos ombros de correndo. Mas, enquanto observava os demais, tudo o
Eric para mostrar que o entendia. -Se as pessoas fossem que Guilherme falou ficava martelando en'.i�sua cabeça.
esperar até que se sentissem boas o suficiente, ninguém No tempo livre antes do jantar, ele foi procurar a tia
nunca seria batizado. Lembre-se de que Jesus foi batiza­ Carol. A vovó estava muito ocupada na cozinha para
do, mesmo nunca tendo pecado, para nos dar o exemplo conversar com ele.
e também para nos mostrar a importância de sermos ba­ -Tia Carol! - Eric respirou fundo. -Você acha que
tizados. Além disso, quando você sai das águas batismais, estou pronto para me batizar?
tudo o que você fez de erra�o é perdoado. Você se ar­ Um olhar de alegria tomou conta do rosto dela.
repende e confessa a Jesus. E como se você tivesse uma - Acho que você está pronto para começar a pensar
chance de começar tudo de novo e ser o tipo de garoto seriamente no assunto. Vamos conversar com o pastar
que Deus quer que você seja. do Aventuri.
- Quando você se batizou? Você ficou com medo de Ela levou Eric para um lugar tranqüilo embaixo das
entrar na água? -Eric perguntou. árvores, onde o pastor estava sentado.
Uma Estrela Dourada para Eric O Melhor Amigo de Guilherme
cg=cc0ecccc:QQ::oc=•=o::;::oc::c::::>0- �e:eee)OC,(:::eoeeeeixx::o::Y.l:00000<eeoe:00oeee::eooc::�oe:e: oc: :,o,oooooooooç,o

-Aqui está um garoto que quer saber se está pronto dos pais. E, Eric, você primeiro precisa ir à classe batis­
para ser batizado. mal. Você pode freqüentar a classe cm nossa igreja mes­
O mesmo olhar de alegria tomou conta do rosto mo e ser batizado lá. Assim, sua família e o vovô poderão
do pastor. assistir à cerimônia também.
-Que ótima notícia! -ele disse. -Agora, Eric, deixe­ Eric não gostou da idéia de ter de freqüentar uma
me fazer algumas perguntas para você. classe, porque isso lembrava escola, provas ... mas a tia
Eric enfiou as mãos nos bolsos. Será que ele tinha Carol e o pastor explicaram que e classe é igual à Escola
que fazer uma prova para ser batizado? Ele não era mui­ Sabatina. Eric gostava muito da Escola Sabatina. Logo
to bom em provas. que acabaram de conversar, ele falou:
Mas, no final, não foi dificil. O pastor perguntou para - Posso ir contar para o Guilherme?
Eric se ele acreditava em Deus e se sabia que Ele havia - Claro - a tia Carol respondeu.
enviado Seu Filho para morrer na cruz. O pastor tam­ Eric saiu correndo, mas parou de repente e gritou
bém perguntou se Eric estava disposto a aceitar a Jesus por cin1a dos ombros:
como seu Salvador e a colocá-Lo em primeiro lugar em - Obrigado!
sua vida. Ele perguntou se Eric estava disposto a deixar Ele correu até a barraca, mas Guilherme não estava
que Jesus fosse seu melhor Amigo para sempre... lá. Finalmente, encontrou Guilherme sentado no refei­
- Puxa! O Guilherme fala a mesma coisa! tório, amarrando os cadarços do tênis.
Eric sentiu o rosto ficar vermelho. Ele tinha inter­ - Adivinha só, vou ser batizado depois que voltar
rompido o pastor. para a minha cidade. Mas primeiro tenho que ir à classe
-Tudo bem, Eric. O que é que o Guilherme fala? -A batismal. Vai ser muito bom, porque o meu avô, a minha
tia Carol colocou o braço nos ombros de Eric. mãe e o papai Samuel e o restante da família estarão lá!
- Que Jesus é o melhor Amigo dele e pode ser o - Eric falou tudo meio atrapalhado, mas nem ligou.
meu também. Guilherme deu um pulo do banco. Os cldarços ainda
-Você sabe o que isso quer dizer? -o pastor perguntou. estavam desamarrados. Os olhos dele brilharam ainda mais.
- E-eu acho que sim. Isso quer dizer que Ele está co- - Que ótimo! Você decidiu deixar Jesus ser o seu
migo o tempo todo... e que eu quero ser bom e Ele vai melhor Amigo também, como eu!
ficar feliz e me ajudar. Mas Ele me ama de qualquer jeito. - Sim. - Eric se sentiu tão bem que teve que sair
O pastor sorriu. pulando ao invés de gritar e incomodar os outros que
- Eric, acho que você está quase pronto para ser ba - estavam tentando descansar. - Acho que o batismo é a
'
tizado. Você não vai se arrepender. melhor coisa que pode acontecer na vida de alguém,
- Posso ser batizado aqui? - Eric olhou para aquele não é mesmo?
lago lindo. - Claro que sim - Guilherme respondeu animado.
A tia Carol balançou a cabeça, dizendo que não. -Eu acho muito melhor até do que um delicioso sorvete
- Não podemos batizar ninguém sem a permissão de chocolate!

11
Muito para Pensar

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QQOQ()QO(:oe:: )O()OQ,;e:o�o::e::: o,oo,:e::x:e:::::O<X�::o:::::::O<Xec,o:i<::o:;e»:ee:oo>X::X>OOC:J:>00<>000

Mas o Aventuri ainda não havia terminado. A última


19 noite da unidade foi especial. Ronaldo chamou os meni­
nos e conversou muito sério com todos eles.
- Sabem, é muito fácil seguir Jesus quando estamos
Multo para Pensar no Aventuri. - Ele fez uma pausa.
Eric concordou balançando a cabeça. Ek não tivera
vontade de fazer nada errado nenhuma vez desde que
o Aventuri havia começado. Ele viu os outros garotos
balançando a cabeça também.
Os primeiros dias do Aventuri passaram bem depressa. -Aqui é muito tranqüilo e não remos que enfrentar
O� demais dias, então, foram como um fo guete. Antes que muitas coisas que podem acontecer quando estamos em
Enc pudesse se dar conta, restava só mais um dia. Um pou­ outros lugares. Vocês sabem, pessoas falando palavrões e
co pensativo, sentou-se no chão, lembrando de tudo o que inventando coisas sobre nós, achando motivos para bri­
havia acontecido. Ele começou a contar nos dedos: gar... e até mesmo coisas mais graves, como quando nos
* Eu me despedi do vovô e do Fubá. oferecem drogas ou convidam para ir a lugares que não
* Viajamos algumas horas para chegar aqui. são próprios para nós.
* Conheci o Ronaldo. - Vi um garoto oferecendo drogas outro dia na esco-
* Conheci o Guilherme. la - disse Guilherme.
* Guilherme e eu ficamos muito amigos. - Isso é muito triste, não é mesmo? - Com o sem­
* Fizemos uma caminhada noturna. blante um pouco triste, Ronaldo falou: - Mas lembrem­
* Fiz minha primeira oração em público. se de que o mesmo Jesus que esteve com vocês aqui no
* Dei meu primeiro testemwlho. Aventuri estará com vocês em casa, na escola e na sua
* Descobri quem é o melhor Amigo do Guilherme e vizillhança. Ele ajudará a dizer "não" e a fãzer o que
decidi ser batizado. é certo. Não será fácil. Deus nunca disse que seria. Ele
* Eu me esforcei bastante para que fôssemos a "Uni­ apenas disse que o Seu Santo Espírito nos ajudaria.
dade de Honra". - Por que então não nos mudamos para cá, onde
* Fiquei muito feliz quando ganhamos o Troféu de tudo é mais fácil? - Eric perguntou, enrolando os dedos
Honra. no saco de dormir.
* Participei das corridas, da natação, da gincana, es- - Porque temos que viver no mundo real e ir para
tudei a Bíblia e aprendi mais a respeito de Jesus. ,,.
a escola. Os pais de vocês têm que viver onde possam
"Puxa!", Eric pensou, deitando-se no chão. "Quan­ trabalhar - Ronaldo lembrou. - Tenho certeza de que
ta coisa aconteceu em uma semana! Tivemos tantas ativi­ algumas vezes Jesus Se sentiu cansado, desejou ficar
dades que nem sei se vou conseguir me lembrar de tudo sozinho e em um lugar tranqüilo. Mas Ele sabia que
para contar para todo mundo." precisava falar a todos quantos fosse possível a respeito
Uma Estrela Dourada para Eric Muito para Pensar
�0ooeoo=eoJeee:::::::o::e:::e::::oOX>OOOOOOOO<>OOO«::i:::ee:::e:oe�:e:no::cce(> OOOô(><)()OOO(>Cx�cco:c::::e:o::::�:: ::c:cc oc:o::o::co:c:c�::::::oc::o:::::::o:e:

de Deus e da salvação. E essas pessoas moravam no O carro fez a curva e o acampamento saiu de vista.
mundo real. Eric se aquietou no banco de trás, cheio de bagagem. As
Os olhos redondos de Guilherme pareciam grandes e folhas das árvores esvoaçavam ao passarem pelo longo
bem escuros à luz do lampião. caminho que tinham feito havia uma semana.
- Temos que fazer o mesmo também. Ir e falar às - Bem, Eric, o que você achou do Aventuri? -A vovó
pessoas sobre Jesus. sorriu para ele.
- Isso mesmo. Quem sabe o que é uma testemunha? Um nó se formou na garganta de Eric.
- Alguém na "Sala do Tribunal" que diz o que. as - Amei. E sabe de uma coisa? Restam apenas onze
pessoas lá perguntam - um dos meninos arriscou. meses e três semanas para o próximo Aventuri!
Eric teve vontade de rir, mas Ronaldo continuou: - Do que você mais gostou? - a tia Carol perguntou.
- Isso mesmo. Uma testemunha precisa dizer aqui­ -De tudo. - Eric fechou os olhos e pensou em tudo
lo que sabe. Algumas testemunhas são chamadas para que fizera e vira: a natureza, as brincadeiras, os garotos, a
ser missionários. comida. Quando abriu os olhos, tentou se ajeitar melhor
Eric se empolgou. no banco. - Como chegamos em casa tão rápido assim?
- Alguns missionários vão para a África e outros lu­ A tia Carol e a vovó caíram na risada.
gares assim, não é? - Você desmaiou e dormiu a viagem inteira. - A tia
- Alguns deles sim. Mas nós que ficamos devemos ser Carol passou com o carro pelos pedriscos da entrada da
missionários em nossas próprias cidades, escolas, entre chácara e por entre as árvores. - Olhe, tem alguém espe­
os nossos amigos e familiares. - Ronaldo sorriu. - OK, rando por você.
turma, hora de entrar no saco de dormir. Mas primeiro Eric baixou o vidro. O vovô estava sentado na escada
vamos fazer um círculo e orar. da varanda. Ele descansava as mãos no cachorro de pêlos
Quando chegou a vez de Eric, ele nem ficou nervoso brilhantes. Assim que o carro parou por comgJeto, Eric
como aconteceu da outra vez. ouviu o vovô dizer: "Tudo bem, Fubá." E o cachorro
"Querido Deus, obrigado por eu ter vindo aqui. Por saiu como um raio escada abaixo em direção ao carro,
favor, me ajude a ser un1 missionário ao chegar em casa. choramingando e pulando.
Em nome do Senhor Jesus. Amém." - Senti tanto a sua falta, Fubá. - Eric abraçou o
Assim terminou o Aventuri. Eric entrou no carro e cachorro.
acenou para o Guilherme, que estava em pé no meio do Depois correu até o vovô e o abraçou bem forte.
gramado esperando os pais dele chegarem. - É tão bom ver o senhor. Queria muito que estivesse
- Não se esqueça de me escrever quando chegar em casa! ,,,. lá conosco. O senhor teria nos ensinado muitas coisas, e
- Está bem - gritou Guilherme e correu para mais vovô, adivinha só, vou me batizar!
perto do carro. - Não esqueça! Vou ver se meus pais - Que notícia maravilhosa! - Os olhos azuis do vovô
deixam eu visitar você. quase ficaram perdidos por entre as rugas que se forma­
- Que bom. Mal posso esperar... ram ao sorrir e abraçar Eric mais uma vez.

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Uma Estrela Dourada para Eric

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oc0ao0:cg00Q0 �c:cc:ac::::�ccc:i;�::;c::::::>00000000000:c::c::::::;;cc�

- E vou ser um missionário na minha escola e vou


testemunhar para a minha família sobre ...
- Calma! Eles vão chegar daqui a pouco. Levei o Tom
20
para casa hoje cedo, mas a família inteira vem para o jantar.
Eric e Fubá correram por todo o quintal. Quando
Eric deixou o Fubá na varanda e correu para o seu quar­
O Eterno Aml10
to, ele se assustou.
- Puxa! Que diferença! Parece tão grande!
- É porque você se acostumou a ficar em uma barra-
ca com outros seis garotos - a tia Carol lembrou. A terceira série passou muito rápido. Até as aulas de
Eric olhou para a colcha esticadinha, para as cortinas matemática pareciam mais fáceis. Eric entrou para_a clas­
e para os livros bem arrumadinhos na prateleira. se batismal na igreja e, para sua surpresa, era mwto pa­
- O meu quarto está parecendo a Unidade de Hon­ recida com a classe da Escola Sabatina que ele gostava
ra, de tão arrumado. tanto de freqüentar. Quanto mais estudava a �íblia, mais
-Você tem razão. certeza tinha de que desejava entregar sua vida ao seu
A tia Carol o ajudou a desarrumar as malas. Todas maior Amigo e logo ser batizado. _
as roupas sujas foram para o cesto. Finalmente, num belo sábado de verão, Enc acordou
- Os macaquinhos já vieram esta tarde? - Eric per­ com um sentimento diferente.
guntou para o vovô. - Hoje é o dia! .
- Não, ainda não - o vovô respondeu. Vestiu a calça, colocou a camisa e corre� _para a cozi­
- Bom. Espero que eles se lembrem de mim. Vovô, nha onde sua avó estava preparando o desJeJum.
eles pegaram bananas da sua mão? � Vovô, vovó, tia Carol! Vou me batizar.hoje!
O vovô balançou a cabeça. - É isso mesmo, e todos estamos muito orgulhosos
- Não, eles não ficam à vontade com o Fubá por por isso! - Seu avô deu u� grande sorriso. .
perto. Você se lembra de que teve que deixá-lo preso na Eric não agüentava mais esperar a hora _ do seu batl�­
varanda para conseguir alimentar os macaquinhos? Ape­ mo. Sua família inteira estaria lá, todos che10s de alegria
nas colocamos as frutas embaixo das árvores. O Tom me pela decisão que havia toma.d�. E o m��or ainda esta�a
ajudou e depois fica.mos observando eles comerem. para acontecer! Os pais de G�erme mam �hegar mais
Eric olhou a casa inteira e foi se sentar no colo do vovôi; cedo para assistir também. Guilherme passana a semana
-Amei o Aventuri. Mal posso esperar para ir de novo. com Eric e, depois, a tia Carol, vovó e vovô o levariam
O Guilherme vem me visitar, se ele puder. Mas, vovô, de volta para a casa.
também é muito bom estar de volta. Quando chegou a hora de Eric en�ar na �gua! ele
se lembrou bem do que o pastor lhe n_nha dito: , �ua
decisão de ser batizado significa que vai escolher viver
Uma Estrela Dourada para Eric O Eterno Amigo
Q QgQH:BOQccQ�O:cccac::o:'.>QOOO,)OO()()O<XO::o::c::oco�::::::::::cco:::�o:::::::oc:o ::::c::::�::oc:::::'.)O()OO,::c::o::o:::oQoCC::0c:c::e>oc:::noX>«><::»:::::ccl)()(:::::::cn:�

uma vida nova, totalmente diferente. É uma decisão de - Claro que não. - Eric deu risada. - É que ele já
grande responsabilidade, Eric, mas sei que você já está passou tantas vezes por esse caminho que nem precisa
pronto para entender e se entregar a Jesus." mais de lanterna. É só ficar bem atrás dele que você não
Eric gostava da palavra responsabilidade. Ele prome­ vai se perder.
teu a si mesmo que faria seu melhor para servir a Jesus, - Com Jesus também é assim, não é mesmo? E só
assim como procurava ser muito responsável enquanto ficar bem atrás dEle que ninguém se perde pelo caminho
tomava conta de Fubá. - a voz da tia Carol ecoou na mata escura.
Quando saiu da água, pôde ver lágrimas de alegria nos - É assim mesmo. - Guilherme pegou na blusa de
olhos de vovô, da vovó e da tia Carol. Todos tinham um Eric. - Como é ter um melhor Amigo que será seu Ami­
grande sorriso no rosto. Tom parecia querer ser batizado go para sempre?
também. Eric sempre contava para toda sua família como -É maravilhoso -Eríc suspirou. -A não ser... eu lhe
era gostoso participar dos acampamentos e principalmente conto depois.
ter Jesus como seu melhor Amigo. Quem sabe um dia... Quando os dois foram dormir naquela noite, Gui-
-Uau! Esse lugar é demais! -Guilherme ficou olhan­ lherme falou:
do o quintal, sentado na rede que ficava no terraço da -Você ia me dizer algo quando estávamos na trilha.
antiga escola que tinha se tornado a casa da vovó. -Até -Ah, acho que não devia.
onde vai o terreno de vocês? - Mas por quê? Você é o meu melhor amigo, certo?
- Até aquelas árvores lá em cima, mas os vizinhos - Guilherme insistiu.
não se importam se brincarmos no terreno deles tam­ Mesmo o quarto estando bastante escuro, com ape­
bém. - Eric percebeu que Guilherme estava realmente nas um feixe de luz entrando pela janela, Eric podia
impressionado. -É muito bom morar aqui. imaginar a expressão do anúgo, apoiando o cotovelo na
-Já entendi o porquê. Quando podemos ir até o rio? cama '/curioso para saber o que Eric iria contar.
r.-.
Olhe quem está aqui! Fubá é muito divertido. - Gui­ - E que às vezes eu me esqueço de que Jesus está
lherme fez um carinho na cabeça do cãozinho e Fubá comigo e tenho maus pensamentos - Eric confidenciou
retribuiu com uma lambida na sua mão. a Guilherme.
Durante toda a semana eles correram, brincaram, - Grande coisa. Todos temos maus pensamentos.
nadaram, subiram nas árvores e deram muitas risadas Meu pai diz sempre que os maus pensamentos são corno
juntos. Numa tarde, vovó e vovô, juntamente com os passarinhos. Você não pode impedir que voem ao redor
meninos e a tia Carol, acenderam uma fogueira pertQ de sua cabeça, mas nunca deixe que façam ninho ali!
do rio para assar algumas batatas, mandiocas, tomates e - Essa é boa! - Eric apertou o travesseiro contra a
milho. Ficaram em volta da fogueira até bem depois de boca para não deixar a risada acordar os avós. - Seu pai é
ficar tudo escuro. mesmo muito esperto.
-Seu avô consegue enxergar no escuro? - Guilherme - Ele é mesmo. Eric? - Guilherme falou um pouco
queria saber quando voltariam para casa. mais baixo.


Uma Estrela Dourada para Eric O Eterno Amigo
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- 9 quê? - Eric sussurrou.


- E que... bem, eu sei que seu avô, sua avó e a tia Ca-
rol são cristãos, mas e Samuel, sua mãe e seus irmãos?
Eric ficou calado por tanto tempo que Guilherme le­
vantou e disse:
- Está tudo bem? Eu não falei nada que o magoou,
não é mesmo?
-Não, não foi nada. É que o papai Samuel foi batiza­
do há muito tempo, mas não freqüenta mais a igreja. Mi­
nha mãe acredita em Deus e em Jesus mas ainda não se
batizou. Sara, Tom e Melissa também' não se batizaram
até hoje. - Ele ficou pensativo por mais alguns instantes.
- Eu queria muito que todos fossem batizados.
- E, acho que você tem seu próprio campo missioná-
rio dentro de casa, como Ronaldo falou.
- Claro, acho que é isso mesmo.
Bem tarde da noite, um bom tempo depois de Guilher­
me adormecer, Eric ainda estava acordado. Ser um missio­
nário não era nada fácil. Foi quando ficou bastante anima­
do, porque se lembrou de que seu Amigo iria ajudá-lo.
Parecia que a semana estava ainda começando ' mas
de repente já estava quase no final.
- Por que algumas semanas nw.1ca terminam e justo
essa parece estar acabando antes mesmo de ter começado?
- disse Guilherme, sentando-se à mesa para o último
desjejum com Eric e seus avós.
- Vovó, a senhora me passa os biscoitos, por favor?
Estão deliciosos! - Guilherme também começou a cha­ Vovô colocou mais alguns biscoitos quentinhos no
mar os avós e a tia de Eric de vovó, vovô e tia Carol. prato de Guilherme.
- Eu disse que ela fazia os biscoitos mais deliciosos - Pode voltar sempre que quiser. Nós gostamos de
do mundo! - Eric se gabou. meninos que são "bons de garfo".
- Nem me fale! - Guilherme concordou, com a boca Quando chegaram à casa de Guilherme, os pais dele
cheia de biscoitos. - Posso voltar outro dia para visitar estavam esperando com urna limonada geladinha e ros­
vocês? quinhas de polvilho.
Uma Estrela Dourada para Eric

- Quando Eric quiser passar alguns dias aqui com


Guilherme, será um prazer - eles convidaram.
- Mas lá é bem mais divertido - Guilherme foi logo
dizendo. Eric quis ser educado, mas também sentia o
mesmo. Guilherme morava num grande apartamento e,
apesar de ter um parquinho do outro lado da rua, não
poderiam brincar nos riachos e nas árvores que tinham
na casa da sua avó.
- Sabem qual é a palavra de que menos gosto? - Eric
comentou no caminho de volta. Ele ficou o mais peno
da vovó que o cinto de segurança permitiu.
- Qual é, Eric?
-Adeus. - Erie ficou olhando longe pela janela. - No
acampamento, eu tive que dizer adeus para o Ronaldo,
para o Guilherme e para todos os outros. Quando fui
para o acan1pamenro, tive que dizer adeus ao vovô e ao
Fubá. Sempre que Samuel, a mamãe e os outros vêm nos
visitar, temos que dizer adeus.
- Eu entendo - vovô sorriu, sentado no banco da
frente ao lado da tia Carol, enquanto ela dirigia. - Sabia
que, quando formos para o Céu, nunca mais precisare­
mos dizer adeus?
- É, eu sei. - Eric cruzou as mãos atrás da cabeça e
se encostou no banco. - Mas hoje também não preciso
dizer adeus para uma Pessoa - ele disse, dando um enor­
me sorriso. - Agora que Jesus é meu melhor Amigo, e
Amigo para sempre, sempre terei Alguém de quem nun­
ca vou precisar me despedir, porque Ele nw1ca vai me
deixar! - Eric fechou os o!Jios. Fora uma semana mui­
to gostosa e ainda tinha as féi-ias todas pela frente. l&so
era muito bom, porque precisaria de todo o tempo para
ser um missionário e contar a todas as pess oas sobre seu
grande Amigo.

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