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NÃO SEJAIS IGNORANTES

Generalidades sobre os Dons Espirituais

Texto-Base: 1Cor.12:1

Autor: Pr. Prof. Cravo

ANÁLISE ETIMOLÓGICA

- A palavra que foi traduzida como "dons espirituais", na verdade foi feita por implicação, isto é, tradução por
equivalência dinâmica, onde a palavra do idioma de origem (grego), é vertida para o idioma de destino (português)
onde o intérprete escolhe uma palavra que corresponda a "idéia" transmitida pela palavra de origem, e não o seu
significado original (como se faz na tradução por equivalência formal, em que se traduz literalmente, palavra (de
origem) por palavra (de destino).
- No texto do v. 1, nos originais a palavra do grego é "PNEUMATIKÓS" que significa unicamente "espirituais" no plural,
é derivada da palavra grega "PNEUMA", que significa "espírito".
- O termo comum do NT para "dons espirituais" é "KHARISMA PNEUMATIKÓS", conforme aparece em Rm.1:11; 12:6

CONTEXTO HISTÓRICO

- A comunidade cristã de Corinto ainda estava em fase de formação, portanto, os corintios possuiam muito pouco
conhecimento das Escrituras da ANTIGA ALIANÇA. Sendo assim, os corintos tinham bastante dificuldade em colocar os
ensinamentos do Apóstolo Paulo em prática no seu dia-a-dia. Isso fazia com que eles se tornassem doutrinariamente
ignorantes e, por este tanto, eram presas fáceis para doutrinas estranhas, heréticas, distorcidas e idólatras. Dessa
forma, para o Apóstolo Paulo, era essencial que a igreja de Corinto adquirisse o máximo de conhecimento possível
sobre a finalidade, o lugar, a forma de praticar e a natureza dos dons espirituais, porque os coríntios viviam numa
cultura extremamente materializada, paganizada e edonizada.

Partindo do ponto de vista de ser uma sociedade que se pautava pelos valores mundanos, a congregação de Corinto
supervalorava os dons espirituais em detrimento das demais doutrinas bíblicas ensinadas pelo Apóstolo Paulo. E
dentre os dons espirituais, os que causavam mais "admiração" eram aqueles que possuiam dons aparentes, que
causavam mais impressão e asseguravam maior notoriedade a quem os manifestava, tais como, os dons de línguas e
o dom de profecia, em detrimento daqueles dons que eram os mais úteis. Os dons espirituais passaram a significar
na mente das pessoas comuns, alguma coisa mágica que que gerava expressões de êxtase, e manifestações de
efeitos sensacionais.

Dessa forma, no entender do Apóstolo Paulo, Corinto era uma igreja que, apesar de ter experimentado um
crescimento imenso, um desenvolvimento formidável e a maior atenção do império romano, a igreja de corinto estava
repleta de pessoas que podiam ser religiosas e ao mesmo tempo falsas, ambiciosas e sensuais. Daí não ser novidade
as inúmeras questões de desentendimentos entre membros, incestos, escândalos sexuais, glutonarias, e etc. Era
nada mais nada menos do que o reflexo de uma sociedade que se desenvolveu à sombra dos valores que
fundamentavam o império romano, enriqueceu rápido, e em razão disso, também se degenerou muito rapido.
Portanto, Corinto era uma igreja que precisava de muita orientação, o que só podia ser feito através de muito ensino,
de muito estudo, pois só através da Doutrina e da Prática desse aprendizado, é que os cristãos de Corinto poderiam
alcançar uma experiência de transformação pelo Espírito Santo, e através dessa transformação, experimentar a boa,
perfeita e agradável vontade de Deus, gerando uma transformação indireta daquela sociedade mergulhada na
promiscuidade e na arrogância.
OS DONS ESPIRITUAIS ACABARAM ?

> Enquanto os Corintios se destacaram por supervalorizarem os dons espirituais sobre todas as demais doutrinas e
ensinos das Sagradas Escrituras, séculos depois, apareceram pessoas que menospreram os dons espirituais.
Existem igrejas em onde não se falam dos dons, ou falam apenas de forma superficial, de passagem, e muito menos
se estimulam a busca dos dons espirituais. Por causa dessa omissão no ensino bíblico, os membros dessas
denominações não têm experiências com o sobrenatural de Deus, vivendo somente naquilo que possam
eventualmente absorver da Palavra. Ou seja, trata-se de um cristianismo quase que puramente dogmático e teórico.

> A pergunta que se faz é: DEVEMOS OU NÃO NOS PREOCUPAR COM OS DONS ESPIRITUAIS ?

- Essa questão envolve saber se os dons espirituais cessaram ou se ainda continuam. A esse respeito, formaram-se
duas escolas de pensamento teológico. Uma, que se denominou CESSASSIONISTA, formada por aqueles que defendem
que os dons espirituais cessaram. A outra, que se denominou CONTINUÍSTA, formada por aqueles que defemdem que
os dons espirituais ainda continuam no nosso tempo.

- Vamos examinar as Escrituras a esse respeito.


- Em 1Cor. 13:8-13

⁸ O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
⁹ Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
¹⁰ Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
¹¹ Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino,
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
¹² Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora
conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
¹³ Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o
amor.

- O texto diz que, "quando viesse o que é perfeito, em parte cessaria". Pergunta: O QUE É PERFEITO JÁ CHEGOU, JÁ
ACONTECEU ?
- Para os teólogos e os adeptos do CESSASSIONISMO, o "perfeito" era a revelação completa da Palavra de Deus, era
o fechamento do cânon da Nova Aliança. Como essas duas coisas já aconteceram, os dons espirituais, então, já teriam
terminado.

- Para os teólogos e os adeptos do CONTINUÍSMO, se o que os cessassionistas alegam fosse verdade, os dons
realmente teriam cessado e nós não deveriamos ter nenhuma manifestação desses dons ao longo dos séculos. Só
que a história da igreja registra inúmeras experiências com o sobrenatural de Deus. Fatos que foram registrados em
inúmeros livros e obras que ainda existem.

- Olhando melhor para o texto, podemos verificar que, o Apóstolo Paulo não diz que só profecias e só línguas
cessarão. O Apóstolo Paulo diz que é necessário que o conhecimento também cessasse. Então não teriamos mais
nada que aprender, porque já conheceríamos tudo, e, sendo assim, não se poderia atribuir qualquer valor ao
conhecimento bíblico-teológico. Entretanto, os próprios cessassionistas se contradizem. Afirmam que os dons
espirituais já não existem, mas são eles os que mais valorizam o conhecimento, que é um dos 9 dons espirituais.
- O Apóstolo Paulo diz no texto que quando o conhecimento terminasse, nós alcançariamos um nível inimaginável de
conhecimento pleno: "... mas quando vier o que é perfeito, então eu conhecerei como também sou conhecido...".
Conhecido por quem ? Pelo Deus Onisciente, o Deus Todo-Poderoso, que sabe e conhece todas as coisas. Esse seria o
ponto final para os dons espirituais.

- Entretanto, está claro que nenhum ser humano, nesses 21 séculos, pode experimentar esse nível de conhecimento,
porque ele simplesmente ele não nos tocou até agora.

- Por outro lado, o Apóstolo ainda diz: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior
destes é o amor." Dentre esses três elementos mencionados pelo Apóstolo, pelo menos um, é um dom espiritual, e um
DOM ESSENCIAL PARA NOSSA SOBREVIVÊNCIA E NOSSA SALVAÇÃO, ou seja, A FÉ.

- A respeito da fé, dentre tantos e tantos textos, a Palavra nos diz: "sem FÉ é impossível agradar a Deus"; porque o
justo viverá pela FÉ, e se ele recuar minha alma não tem prazer nele". Pela graça sois salvos, mediante a FÉ, isso não
vem de vós, é DOM DE DEUS"; justificados pela FÉ, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo".

- Apenas por estes poucos textos já se pode concluir que, sem a FÉ, a fé salvífica, a fé que vem da eternidade e chega
até nós sob a forma de DOM ESPIRITUAL, não teriamos a menor condição de termos uma vida compromissada com
Deus, porque jamais poderiamos ter coragem, ousadia, resiliência, força e determinação para suportarmos as
durezas que uma vida com Deus requer daqueles que foram chamados a ela.

- Apenas desse ponto de vista, já podemos constatar que não há o menor fundamento para o CESSASSIONISMO. Mas
ainda existe um outro argumento, tão importante quanto os que já foram mencionados.

- Onde o Espírito Santo está presente, necessariamente tem que haver a manifestação Dele (Jo.14:21/23; Mat.18:20),
porque Ele Está Vivo, e tudo o que está vivo se manifesta (até os vegetais). A Palavra nos diz que o Espírito Santo se
manifesta de duas formas básicas:

1ª - com o FRUTO DO ESPÍRITO;


2º - com os DONS ESPIRITUAIS;

- Um está essencialmente ligado ao outro, apesar de terem objetivos diferentes, porque emanam da mesma fonte que
os concedeu, com um único e mesmo objetivo: Glorificar o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Sem os dons espirituais,
seria quase impossível nos comunicarmos com o Espírito Santo ou entendermos o que Ele quer nos ensinar, nos
corrigir, nos orientar ou nos revelar. Certamente, não teríamos a sensibilidade, a compreensão de que Deus está
falando conosco, além da Sua Palavra.

- Portanto, os dons espirituais, são essenciais para que o Poder de Deus seja manifestado ATRAVÉS DOS SEUS
SERVOS E DA IGREJA BÍBLICA, e isso só pode ocorrer mediante um revestimento de poder para testemunhar (At.1:8), o
que só foi e só é possível se formos batizados com o Espírito Santo. O fruto do batismo genuíno com o Espírito Santo
são os dons espirituais.
PARA QUE SERVEM OS DONS ESPIRITUAIS ?

> Como dissemos acima, onde o Espírito Santo está presente, necessariamente tem que haver a manifestação Dele
(Jo.14:21/23; Mat.18:20), porque Ele Está Vivo, e tudo o que está vivo se manifesta (até os vegetais). O Espírito Santo
se manifesta através do fruto do Espírito e dos dons espirituais.

> SE NÃO HÁ MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE UMA IGREJA E DOS SEUS MEMBROS, das duas, uma:
1º - Ou o Espírito está morto (nesse caso, se cremos que o Senhor Jesus está vivo, logo, necessariamente, temos que
crer, nem que seja por osmose, que o Espírito Santo está vivo, porque os 3 são 1).

2º - Ou o Espírito Santo se afastou dessa igreja e dos seus membros, e por tanto, ela não pode ser considerada uma
igreja bíblica. Não basta ter pregação da bíblia. É necessário ter demonstração do Espírito e do Poder de Deus
(1Cor.2:4-5).

> A Palavra em Jo.16:13-15, nos diz que, além de gerar o FRUTO DO ESPÍRITO, de conceder DONS ESPIRITUAIS, e GUIAR
os crentes na Verdade, o Espírito Santo possui outra função importantíssima: REVELAR JESUS DE NAZARÉ:

¹³ Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque
não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.
¹⁴ Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.
¹⁵ Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo
há de anunciar.

João 16:13-15

> Observem pelo texto, que o Messias Yeshua, Jesus de Nazaré, é bem explícito e direto na "missão" que Ele atribuiu
ao Espírito Santo. Guiar o povo de Deus na Verdade. Não vai falar de si mesmo. Vai receber do que não é Dele. Vai
anunciar tudo o que tiver ouvido. Portanto, estas constatações nos levam ao entendimento de que, QUEM NÃO TEM O
ESPÍRITO SANTO, NÃO TEM JESUS; E NÃO TEM JESUS, NÃO TEM ACESSO AO PAI. Quem quer que seja, invariavelmente,
ESTARÁ POR CONTA PRÓPRIA, E SERÁ PRESA FÁCIL DO INFERNO.

> Dissemos acima que o Espírito Santo se comunica conosco através dos dons espirituais, e sem eles, certamente,
não teríamos a sensibilidade, a compreensão daquilo que Deus está falando conosco, além da Sua Palavra.

> Também dissemos que os dons espirituais, são essenciais para que o Poder de Deus seja manifestado ATRAVÉS DOS
SEUS SERVOS E DA IGREJA BÍBLICA, e isso só pode ocorrer mediante um revestimento de poder para testemunhar
(At.1:8), o que só foi e só é possível se formos batizados com o Espírito Santo. O fruto do batismo genuíno com o
Espírito Santo são os dons espirituais.

> Quando o Espírito Santo batiza, isto é, toma posse de um vaso, (Jo.14:17-b), (porque se tornou um santuário por
estar santificado), Ele está liberado para depositar neste vaso os Seus dons espirituais.
> Para conceder os dons espirituais, o Espírito Santo estabeleceu o CRITÉRIO DA UTILIDADE, segundo está descrito em
1Cor.12:7

⁷ Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, PARA O QUE FOR ÚTIL.

- A palavra ÚTIL, vem da palavra grega, SYMPHERO (sym= junto, com + phero= carregar) que significa:
- carregar ou trazer junto; levar juntamente com ou ao mesmo tempo
- carregar com outros; recolher ou contribuir a fim de ajudar
- ajudar, ser produtivo

> Observem o caráter coletivo da palavra. Toda a atividade dos dons tem um destinatário que não é aquele que está
sendo instrumentalizado. Dons não são para uso de sí mesmo. A utilidade dos dons tem o objetivo de servir,
primeiramente, ao Reino de Deus, e depois ao Corpo de Cristo, que é a igreja bíblica. Aqui ingressam a doutrina da
MORDOMIA e a doutrina da INSTRUMENTALIDADE.

QUEM DEVE JULGAR O DOM ?


Como ele deve ser avaliado, recebido e comunicado ?

> Outro detalhe interessante sobre os dons espirituais diz respeito a comunicação, manejo e recepção dos dons
espirituais, em especial, o DOM DE PROFECIA.

> As Escrituras são ricas na PREOCUPAÇÃO DO ETERNO COM OS SEUS PROFETAS, porque eram aqueles homens que
iriam FALAR DA PARTE DE DEUS (NM.12:6, ANUNCIADOR, do hbr. "nabi") E PREDIZER COISAS PASSADAS, PRESENTES E
FUTURAS (1Sam.9:9, VIDENTE, do hbr. "kho-zeh").

> Na antiga aliança temos exemplos de textos (DT.18:15/18; NM.12:6; Jer.23:9-40; Am.3:7) onde há um grande
aprendizado acerca do profeta e da profecia. RECOMENDO SUA LEITURA.

> Na nova aliança o panorama do dom de profecia modifica um pouco, porque o maior de todos os profetas já havia
se manifestado entre nós: o Messias Yeshua/Jesus de Nazaré. Sobre Ele escreveu Moisés séculos antes (Dt.18:15/18;
At.3:22).

> Quanto a finalidade do dom de profecia, os textos são auto-explicativos, não cabe nenhuma dúvida: " ³ Mas o que
profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação. 1 Coríntios 14:3

> Com relação ao discernimento, o "julgamento" da mensagem profética, diz o Apóstolo Paulo, em 1Cor.14:29-32:

²⁹ E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.


³⁰ Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
³¹ Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e
todos sejam consolados.
³² E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.

> Relativamente ao critério bíblico sobre a definição quanto a originalidade, a genuinidade e veracidade da mensagem
profética, o apóstolo Paulo recomendou que "...outros julguem". A maioria dos teólogos exegetas concordam que
essa frase em conjunto, dá a nítida idéia de uma atividade do coletivo, e não apenas de uma única pessoa, ainda que
seja o Pastor da igreja. É óbvio que, ele não está excluído dessa tarefa, entretanto, a ele, Pastor, não é dado excluir a
igreja do exame de discernimento.
> No que pertine ao ato do "julgamento", do discernimento em si, já apresenta uma série de dificuldades.

- SE A PROFECIA TIVER CARÁTER GERAL, e eventualmente, for direcionada à própria igreja, nenhuma dificuldade
haverá, tendo em vista que sendo o "anjo da igreja" a pessoa do Pastor, ele terá a preferência (e não exclusividade)
para julgar. O que não pode é o Pastor condicionar que apenas ele, ou ele e seus auxiliares, tenham a exclusividade no
julgamento da profecia, afastando a igreja dessa orientação apostólica. Se isso ocorrer, poderá caracterizar um ato
de rebeldia e desobediência às Escrituras, como também, um ato ilegítimo de autoritarismo. Poderá até, após seu
prévio e não exclusivo exame, reunir toda membresia e apresentar a mensagem profética para que a igreja julgue.

- SE A PROFECIA TIVER CARÁTER INDIVIDUAL,/PESSOAL. Entendemos pelo texto, que neste caso, inverte-se o
exame preferencial, dando-se a pessoa a quem foi direcionada, a preferência (e não exclusividade) para o ato do
julgamento. Maior dificuldade haverá se a mensagem profética envolver a intimidade do destinatário. Pensamos, com
as Escrituras Sagradas, que neste caso, o discernimento deve se tornar exclusivo, para que a intimidade da pessoa
não seja exposta, evitando-se com isso, que possa ocorrer algum dano extrapatrimonial na órbita de direitos da
pessoa alvo da mensagem. Neste caso, o ato do julgamento deverá envolver, aqui sim, com exclusividade, o Pastor e o
(a) destinatário (a) da mensagem profética.

- SE A PROFECIA TIVER CARÁTER FUTURO, entendemos que há de se aplicar o mesmo procedimento quanto a
profecia de caráter geral. Todavia, a avaliação neste tipo de profecia, nunca será imediata. Em toda profecia de
caráter futuro, o destinatário julgará por fé, ainda mais se o contexto de sua vida ainda não possuir quaisquer
indicativos da situação profetizada. A esse respeito existem textos na Antiga Aliança e na Nova Aliança onde profecias
de caráter futuro foram entregues aos seus destinatários e, tempos depois, se cumpriram devidamente. Esses
destinatários receberam essas profecias antecipadamente, essencialmente por fé. Casos do profeta Jeremias, em
relação a ida da nação de Judá para o exílio babilônico. Caso de Sarai em relação ao nascimento de Isaque. Caso de
Isabel em relação ao nascimento de João, o imersor. Caso do apóstolo Paulo em relação a profecia de sua prisão,
quando chegasse a Jerusalém.

> Tal e qual o dom de profecia, os demais dons também são recebidos essencialmente por fé. Claro que alguns se
manifestam instantaneamente, como o dom de curas, de línguas, o dom de discernimento e o dom de operação de
maravilhas.

COMO SABER SE A MENSAGEM PROVÉM OU NÃO DO ESPÍRITO DE DEUS ?

> Falamos mais acima do procedimento preliminar de avaliação (julgamento, discernimento) da mensagem. Ele tem
precisamente este objetivo. Estabelecer se a mensagem procede diretamente do Trono da Glória do Eterno.

> Os tópicos acima nos remetem a outra observação, que pode parecer óbvia, mas bom é que seja sublinhada. É
recomendável que se evite decidir unilateralmente, afirmar antecipadamente que a mensagem profética É DO
SENHOR, ou não. Se houve o ato de discernimento e entendeu-se que a mensagem tinha conteúdo profético, e que
procedia da parte do Espírito de Deus, ainda assim, não haverá como se avaliar previamente como essa mensagem
profética será recebida pelo destinatário, por mais cautelas que se tenha.

> nesses casos, RECOMENDA-SE QUE não se afirme que tal dom espiritual, seja ele profecia, pelos mais diversos meios
(sonhos, visão, revelação) procede de Deus, como é costume em algumas igrejas: "olha, o Senhor mostrou..."; "olha,
o Senhor revelou...". O recomendável é que se diga: "olha, houve uma manifestação, onde foi entendido que (ai se
descreve o teor do dom...); sendo assim, estamos lhe informando para que o sr, sra, avalie conforme o seu
entendimento.
QUEM PODE COMUNICAR A MENSAGEM PROFÉTICA ?

> Com base nos ítens acima, relativos ao EXAME DA MENSAGEM PROFÉTICA, entendemos que, ANTES DE SE PENSAR EM
ANUNCIAR A MENSAGEM PROFÉTICA, deve ela ser primeiramente julgada, discernida, para só então, ser avaliado se é
conveniente sua comunicação imediata ao seu destinatário e, neste caso, a quem caberá esta comunicação.

> Os textos bíblicos não dão indicações quanto ao agente da comunicação da mensagem profética. Entretanto, existem
inúmeras passagens, tanto na antiga quanto na nova aliança, onde vamos ver a mensagem profética sendo entregue
diretamente pelo profeta ao destinatário.

> Entretanto, pensamos que, os tempos de agora são outros em todos os sentidos, mormente, no que se refere a uma
maior conscientização dos Direitos das pessoas. Portanto, RECOMENDA-SE QUE esta prática, não seja tida como uma
doutrina, mas sim, como um fato histórico, dando-se preferência a um procedimento bem mais cauteloso. Para esses
casos, é recomendável que o agente da comunicação da mensagem profética deva recair na pessoa do Pastor da
igreja (titular ou adjunto) ou algum de seus mais altos auxiliares (Presbíteros), desde que esses oficiais tenham o
devido preparo, conhecimento e treinamento para tanto, a fim de se evitar impactos, danos e lesões
extrapatrimoniais aos Direitos do destinatário da mensagem.

CONCLUSÃO

> Com fundamento nessas premissas básicas, já podemos chegar a algumas CONCLUSÕES FUNDAMENTAIS:

1º) NINGUÉM É DONO DO DOM ESPIRITUAL. O crente não possui o dom, é o dom que possui o crente.

2º) O DOM É USADO SOMENTE QUANDO E APENAS SEGUNDO A VONTADE DE DEUS, E NÃO SEGUNDO A VONTADE DO VASO
(1Jo.5:14-15); eu não posso dizer, "olha tenho o dom de curar, então eu vou orar por vc e Deus vai te curar...
experimentou perguntar a Deus se Ele quer que essa pessoa seja curada? E se Deus quiser, será que é naquele exato
instante que voce escolheu?" (Gl.6:7).

3º) O DOM VEM POR FÉ E PELA PRESENÇA DO FRUTO DO ESPÍRITO (santificação);

4º) ASSIM COMO NÃO HÁ FÉ NA REBELDIA E NA DESOBEDIÊNCIA, NÃO HÁ DOM ESPIRITUAL VÁLIDO SE HOUVER EPISÓDIO
DE REBELDIA, DESOBEDIÊNCIA OU PECADO (1Tm.2:20-21);

5º) O DOM VEM DE DEUS, mas a responsabilidade de usa-lo, de ativa-lo é de cada um de nós.

6º) DOM ESPIRITUAL JAMAIS VAI CONTRA A PALAVRA DE DEUS, porque o Espírito Santo que o concede, tem parte com
esta Palavra e a usa como sua principal ferramenta na sua tarefa de conduzir esta Obra no nosso tempo.

7º) DONS ESPIRITUAIS SÃO UMA INTERAÇÃO SINÉRGICA ENTRE A MANIFESTAÇÃO DA MICRO-PARCELA DO PODER DE DEUS
AGINDO NO HOMEM, SOBRE O HOMEM E A PARTIR DO HOMEM. É O SAGRADO INTERAGINDO COM A LIMITAÇÃO HUMANA.
FINAL

> Quando falamos nos DONS ESPIRITUAIS, estamos afirmando que eles são MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS QUE VÊM DA
PARTE DE DEUS. São MICRO-PARCELAS DO PODER DE DEUS DERRAMADAS SOBRE SUA IGREJA, SEUS SERVOS E SEUS
MINISTÉRIOS. Os dons vêm do Trono do Reino de Deus, e passam pelo filtro da nossa limitação.

> Aparentemente são enxertados em nós, mas verdadeiramente não nos pertencem. Cuidamos de nos apresentarmos
aprovados perante o Eterno, para que o Eterno nos encontre dígnos de sermos vasos nas Suas mãos. Como vasos,
tratamos de nos manter limpos (mente), puros (alma) e capacitados (experimentados), para que não venhamos a
quebrar nem nos encher com a sujeita do mundo. NISSO RESIDE A INSTRUMENTALIDADE.

> Aparentemente usamos os dons, mas verdadeiramente somos usados. Devemos servir a este "bom uso" com todo
nosso entendimento, sempre aperfeiçoado, renovado e restaurado. Essa é a razão pela qual Paulo procurava orientar
os Corintos a respeito da parte deles, da responsabilidade deles em corresponder de forma correta a ação do
Espírito Santo. NISSO RESIDE A MORDOMIA.

> Alguém pode ser bênção com os dons? Certamente que sim. Este é o proposito dos dons: promover edificação e não
confusão.

> Da mesma forma, olhando para todo o conjunto de doutrinas acerca dos dons espirituais, podemos, sem nenhum
receio ou dúvida, afirmar que os dons espirituais, são manifestações para a existência de um relacionamento entre
Deus e o crente. Jamais para governar uma igreja, jamais para aprisionar uma vida, jamais para impor jugo pesado e
desigual. Jamais para amaldiçoar, desdenhar, depreciar, diminuir, ou, o inverso, jamais para prevalecer, para
dominar. O governo da igreja bíblica, é exercido sob o fundamento da Palavra de Deus, que é viva, eficaz, espada de
dois gumes, que discerne mentes e corações, que salva e que vai permanecer mesmo depois que o mundo passe.

> Em 1Cor. oríntios 14: 5, o Apóstolo Paulo mostra exatamente que os dons espirituais se destinam para abençoar, não
apenas os domésticos, mas também, aqueles que ainda não creram. Paulo diz ainda em 1Cor. 14:24-25 que se todos
profetizarem e entrar um não crente (infiel) ou não instruído (indouto), eles serão convencidos por todos e julgado
por todos, porque a profecia revelará os segredos do seu coração, ficarão manifestos. E assim, lançando-se sobre
seu rosto, adorará a Deus, e reconhecerá publicamente, que Deus verdadeiramente está naquele lugar.

> Portanto, não apenas pela Palavra de sabedoria, como disse o Apóstolo Paulo, mas na manifestação dos dons
espirituais, que o Poder de Deus pode gerar convencimento, porque o Espírito Santo estará atuando diretamente, no
coração e na mente do indouto ou do infiel. Paulo estava dizendo que não adianta apenas argumentar, arrazoar, nem
de debater exclusivamente, mas é necessário que esta mensagem, este sermão, esta pregação seja acompanhada da
ação do Poder de Deus, atraves da manifestação dos dons espirituais, para que se possa produzir o convencimento
genuíno e verdadeiro do indouto, do infiel ou do desviado.

> Foi exatamente sobre isso que o Senhor Jesus de Nazaré quis dizer quando, de forma bem clara, ele diz que além de
pregar, os discípulos teriam SINAIS que os acompanhariam. O Senhor estava falando justamente da manifestação dos
dons espirituais, porque esses sinais são a evidência, humanamente compreensível, de que o Senhor Jesus de fato
ressuscitou e é o autor de todo o sobrenatural gerado na manifestação dos dons.

> Somos parte de uma geração que, mais do que nunca, precisa resgatar esse ambiente de operação dos DONS
ESPIRITUAIS. no nosso meio. Mas para isso, nosso povo precisa de muito entendimento, e isso só será possível
através das iniciativas de ensino, seja nas escolas bíbicas, (que podem ser aos domingos ou em qualquer dia), seja
através dos SYMPÓSIOS REGIONAIS, dos CONGRESSOS ESTADUAIS ou das CONFERÊNCIAS NACIONAIS. Mas acima de
tudo, também, pela iniciativa individual de cada um.
> FINALIZANDO, é disso que se trata a frase do Apóstolo Paulo, que NÓS NÃO PODEMOS SER IGNORANTES. Significa que
nós não podemos nos permitir sermos constrangidos pelas experiências mau sucedidas no passado, nem deixar que
elas nos aprisionem, nos paralisem, nos limitem ou nos amedrontem. Elas servem para nos motivar ainda mais, nos
fortalecer, nos incentivar e nos lembrar de onde caimos, para que jamais venhamos a nos deixar enganar novamente
por homens que amam mais o poder, a dominaçã e a fama, do que ao próprio Deus Todo-Poderoso e ao Nosso Senhor
e Salvador, o Messias Jesus de Nazaré.

> Precisamos de conhecimento teológico-doutrinário, precisamos de dominar as técnicas exegéticas, de elaboração


do sermão, e das técnicas de comunicação da mensagem. Mas além de tudo isso, precisamos, na mesma medida de
entendimento dos dons espirituais, de como eles operam e de como devemos administra-los com sabedoria e
humildade.

> Por isso o Apóstolo fala em ORIENTAÇÃO e SUPERVISÃO na instrumentalidade dos DONS ESPIRITUAIS, como aquele
exercido pelo Sacerdote Eli junto ao jovem e inexperiente Samuel, como o exercido pelo Apóstolo Paulo junto ao jovem
Timóteo, e Tito. Da nossa parte, cabe a nós correspondermos as expectativas do Eterno QUE SEJAMOS
"SANTIFICADOS E IDÔNEOS PARA USO DO SENHOR E PREPARADOS PARA TODA BOA OBRA". Tudo isso debaixo da
orientação e supervisão daqueles que são mais experimentados, com maior entendimento doutrinário, evitando
assim, que venhamos a ser presas fáceis do erro, da fraude, do engano, da distorção e da heresia, que tão de perto
nos rodeiam.

SOLI DEO GLÓRIA ET SOLUS CHRISTUS NAZARENUS

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