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AGRONEGÓCIO ALGODÃO

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MBA em Agronegócios
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AGRONEGÓCIO ALGODÃO

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1. HISTÓRIA DO ALGODÃO NO BRASIL

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cotonicultura brasileira remonta do início de sua colonização no século

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XVI. Até a primeira metade do século XVIII o cultivo se limitou a pequenas
roças no entorno das residências e era destinado ao consumo interno, na
produção de roupas para os escravos. Na segunda metade do século XVIII

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a produção de algodão foi estimulada no Brasil principalmente na região
Nordeste, visando reduzir a dependência dos tecidos ingleses. Alguns marcos
históricos e grandes conflitos mundiais influenciaram o mercado de várias

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maneiras. A guerra da independência dos Estados Unidos (1775 – 1783) e a
Guerra da Secessão (1861-1865) foram benéficas às exportações de algodão

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brasileiro à Europa, pois os Estados Unidos eram o principal concorrente
brasileiro no mercado de algodão (Costa e Bueno, 2004).

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Todavia, a indústria têxtil brasileira era desincentivada pela coroa portuguesa,

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sob o receio de queda na extração de ouro. Tanto que em 1785 a produção de
têxteis era proibida no Brasil. O alvará de proibição foi revogado com a vinda da
família real ao Brasil em 1808. Em 1812, foi inaugurada a primeira fábrica que
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durou apenas 8 anos. Ficou constatado ser mais vantajoso exportar algodão
em ramas (Costa e Bueno, 2004).
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A proibição de importações e exportações pelo advento da Primeira Guerra


Mundial (1914-1918) prejudicou os exportadores, porém nesse período se
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desenvolveu a indústria nacional. Na década seguinte as exportações de


algodão aumentaram até a eclosão da crise de 1929, que teve sua magnitude
acentuada pelo início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nesse período,
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no entanto, o Brasil direcionou suas exportações para países africanos e


sul-americanos. A segunda metade do século XX começa marcada pelo
desenvolvimento técnico na produção de algodão, com o estudo de diversas
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variedades pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária [EMBRAPA].


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Nesse período o Brasil figurou entre os cinco principais produtores do mundo


(Costa e Bueno, 2004).
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Na década de 1980 o aparecimento da praga Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus Grandis Coleoptera)
dizimou as plantações nordestinas, trazendo severos impactos econômicos e sociais às regiões afetadas;
além de se alastrar pelo Brasil. Isso fez com que a produção se deslocasse da região do Paraná e São

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Paulo para o cerrado, sendo Mato Grosso (MT) o principal estado produtor. A década de 1990 é permeada

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por incentivos tributários à importação de algodão. A região Centro-Oeste era responsável por mais
da metade da produção no final da década (Costa e Bueno, 2004). Nesse período também foi criada a
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão [ABRAPA¹], que busca incrementar a rentabilidade da

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cadeia produtiva de forma sustentável, em conjunto com os setores públicos e privados (Abrapa, 2016).

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Figura 1 – Bicudo-do-algodoeiro

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Fonte: Adobe Stock - 425915455


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No século XXI, a estruturação do setor contou em grande parte com a Abrapa, que contribuiu com
medidas competitivas, sendo duas delas: a implantação de sistemas de rastreabilidade, que se tornou
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até referência internacional; e a implementação de padrões internacionais, como a classificação por High
Volume Instruments [HVI], que contribuiu inclusive para a padronização de laboratórios de classificação.
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A Abrapa atuou na representação do setor em âmbito internacional, participando de eventos e no episódio


marcante ao setor, conhecido por “contencioso do algodão²”, onde o Brasil entrou com pedido de consulta
em 2002 junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) acerca da suspeita de concorrência desleal
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dos Estados Unidos. A decisão só ocorreu em 2005 e parecer final em 2009, favorável ao Brasil (Abrapa,
2016).
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Com o apoio das associações aliado ao incentivo governamental, os produtores ganharam mais acesso
à informação e condições de competitividade internacional. O aumento da produtividade se deu em parte
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pela automatização da colheita e pela verticalização do processo, isto é, o benefíciamento ocorre dentro
propriedade rural. Um desafio atual é a concorrência com as fibras sintéticas que possuem preços e
algumas propriedades por ventura mais competitivas (Neves e Pinto, 2017).

1 A Abrapa é constituída pelas seguintes associações estaduais: Abapa (Bahia); Acopar (Paraná); Agopa (Goiás); Amapa (Maranhão); Amipa
(Minas Gerais); Ampa (Mato Grosso); Ampasul (Mato Grosso do Sul); Apipa (Piauí); Appa (São Paulo) e Apratins (Tocantins).
2 Veja Costa e Bueno (2004) “A Saga do Algodão – das primeiras lavouras à OMC”.

4
Linha do tempo:

SÉCULO XVI - XVIII SÉCULO XVIII - XIX SÉCULO XX SÉCULO XIX

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A produção interna
Cultivo residencial

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supera as importações na
primeira década

Produção incentivada Tecnificação do plantio e

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para reduzir dependência colheita
dos produtos ingleses Primeira Guerra Mundial
(1914-1918) prejudica
Consumo interno: sacos,

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as exportações, mas
fardos e roupas para os há desenvolvimento
escravos da indústria têxtil pelo

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fechamento de fábricas
europeias Em 2002 a Abrapa
Indústria desincentivada

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representa os produtores
para não prejudicar a
brasileiros junto à OMC,
extração de ouro
contra os Estados Unidos,

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por concorrência desleal
O período entre guerras
foi bom para as expor-
tações brasileiras
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Portugal é um dos prin-
cipais fornecedores de
Em 2005 a OMC dá pare-
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algodão do mundo com a


cer favorável ao Brasil
produção colonial
Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) prejudica as
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exportações à Europa,
porém são direcionadas
Guerra pela independên- à África e América do Sul
cia dos Estados Unidos
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Em 2009 a OMC dá o
(1775-1783) e Guerra Civil parecer final, mantendo o
(1861-1854) favoreceram posicionamento
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as exportações brasileiras
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O Brasil se torna um dos


cinco maiores produtores
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mundiais

Verticalização: os produ-
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tores fazem o beneficia-


mento na propriedade

Em 1980 a praga Bicudo


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devasta as plantações de
algodão brasileiras
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As fibras de algodão
estão perdendo mercado
para as fibras sintéticas
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Incentivos tributários na
década de 1990 au-
mentam as importações
brasileiras de algodão

Criação da Associação
Brasileira dos Produtores
5 de Algodão [Abrapa] em
1997
2. SISTEMA AGROINDUSTRIAL
DO ALGODÃO

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A abordagem dos sistemas agroindustriais foi apresentada anteriormente em Sistemas Agroindustriais


e Agronegócio da Citricultura. Da mesma forma, o sistema agroindustrial do algodão pode ser
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detalhado nos seus componentes antes (insumos), dentro (produção) e depois da fazenda (industrialização
e distribuição). O algodão, diferente da maioria dos sistemas agroindustriais, não apresenta como principal
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finalidade a produção de alimentos, porém de insumos para produtos têxteis, o que permite a criação de
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bens que agregam valor tanto por meio da transformação do algodão, quanto pelos serviços de estilistas
e de marcas. Apesar da principal finalidade do algodão para fiação, tecelagem e confecção, ainda existem
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subprodutos industriais como óleo e biodiesel, ração para animais, entre outros (Associação Brasileira
dos Produtores de Algodão, 2017).
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Diferentemente da citricultura, tratada anteriormente, o algodão é o único produto agrícola que compõe
esse sistema agroindustrial. Entretanto, existem dois tipos de algodão, o herbáceo e o arbóreo, sendo o
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primeiro uma cultura temporária e o segundo, permanente. Atualmente as tecnologias de mecanização,


genética, entre outros, foram desenvolvidas com foco no algodão herbáceo, de forma que o algodão
arbóreo praticamente não é mais cultivado (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2017). O
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período de plantio e colheita apresenta heterogeneidade entre os estados brasileiros, devido às diferenças
climáticas e sistema de cultivo de primeira ou segunda safra (Figura 2). As principais regiões produtoras
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no Mato Grosso e Bahia apresentam sistema predominante de segunda safra, com concentração do
plantio entre dezembro e fevereiro, e colheita entre junho e setembro. As crises no período de 2007 a
2009 ocasionaram a redução da rentabilidade da cultura do algodão, responsáveis em grande parte pela
transição nessas regiões da primeira safra para sojicultura (Alves et al., 2018).

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Figura 2. Calendário de plantio e colheita de algodão no Brasil

Estado Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

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Rondônia

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Tocantins
Maranhão

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Alagoas
Piauí
Ceará

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Rio Grande do Norte

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Paraíba
Bahia

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Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Goiás
Minas Gerais
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São Paulo
Paraná
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colheita
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plantio
Fonte: Adaptado de Conab (2021a).

O desenvolvimento do algodão depende da disponibilidade hídrica, em regiões com maior humidade


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há o prolongamento do crescimento da planta. No clima do Cerrado há disseminação de produções


mais precoces, o que também possibilita a diminuição das exigências de fertilizantes e aplicações de
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defensivos, auxiliando a viabilização do cultivo do algodão como segunda safra (Abrapa, 2017; Embrapa,
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2017). Não obstante, os avanços tecnológicos recentes possibilitaram que, apesar do período mais curto
de produção, a produtividade aumentasse expressivamente. Conforme dados da Companhia Nacional de
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Abastecimento (2021)³, da safra de 1999/2000 a 2019/2020 a produtividade de pluma por hectare mais
que dobrou.
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A cotonicultura inicia-se com a semeadura nos períodos supracitados e apresentados na Figura 2. Quando
cultivada em primeira safra, há maior espaçamento entrelinhas, permitindo o maior desenvolvimento
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das plantas, especialmente nas variedades mais tardias que possuem ciclos que podem superar 170
dias. Contudo, no plantio de segunda safra ocorre um adensamento das linhas, podendo chegar até 45
centímetros utilizando variedades mais precoces, as quais podem apresentar ciclo de 120 a 130 dias
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(Embrapa, 2017). Durante o cultivo do algodão são demandados principalmente defensivos, fertilizantes,
combustíveis e sementes, que podem representar cerca de 90% dos custos de produção, sendo os
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10% restantes destinados às embalagens plásticas, implementos, tratores, colhedoras, equipamentos


de irrigação, caminhões, entre outros. Apesar da elevada exigência de defensivos, especialmente os
inseticidas, essa necessidade vem reduzindo visto a inserção de transgênicos, utilizados em cerca de
99% da área na safra de 2016/17 (Abrapa, 2017).

³ Podem ser consultados dados de produção e produtividade de caroço e pluma de algodão de 1976 até a atualidade.

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Conforme a Abrapa (2017), existem sete principais sistemas de produção do algodão, porém a
agricultura empresarial no Cerrado, caracterizada pela extensa área de cultivo, elevado nível tecnológico
e mecanização, corresponde a mais de 99% da produção nacional. A primeira etapa para a cotonicultura

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envolve a preparação e manejo dos solos. Atualmente, em virtude do cultivo como segunda safra, utiliza-

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se predominantemente o plantio direto aproveitando a palhada da primeira safra. Em virtude dos solos
mais ácidos e com baixo teor de nutrientes do Cerrado, a análise dos solos, avaliação do histórico de
culturas na área, tipo, profundidade e perfil do solo são essenciais para verificação das necessidades

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de adubação e correção antes do plantio. Em sequência ocorre o processo de plantio, que envolve as
etapas preliminares de definição do cultivar e sementes, período de plantio, espaçamento entre linhas,
entre outros aspectos, culminando na semeadura em si, realizada de forma mecanizada (Embrapa, 2017).

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Após a abertura de 60% a 70% dos frutos (capulhos) (Figura 3) podem ser aplicados desfolhantes/
maturadores para ampliar o desempenho das colhedeiras mecânicas e mitigar custos de beneficiamento.

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Existem duas principais tecnologias para as colheitadeiras: por meio de fuso giratório (“picker”), que extrai

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o capulho das plantas, os quais são levados por meio de sucção para reservatório; ou de pente (“stripper”),
que arranca o capulho das plantas, conduz por meio de rosca-sem-fim para sistema de pré-limpeza e

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então para reservatório (Figuras 4 e 5 ). O primeiro sistema adapta-se melhor para cultivos com maior
espaçamento entre linhas e confere maior qualidade ao produto, porém apresenta maior complexidade.
O algodão seria então transferido para reboques (“bass boy”) que permite o descarregamento da
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colheitadeira no talhão. Dos reboques, o algodão segue para uma prensa compactadora para formação
de fardos, possibilitando o carregamento em caminhões (transmódulo) para levar o algodão até o local de
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beneficiamento (Figuras 6, 7 e 8) (Embrapa, 2017) . Atualmente existem colheitadeiras que substituem a


necessidade dos reboques e prensas, pois já realizam o prensamento do algodão e o enrolam em fardos
plásticos. Decorrente dessa inovação, a partir da safra 2016/17, a Abrapa (2017) começou a registrar
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os custos de produção com embalagens plásticas, que nessa safra movimentaram cerca de USS$ 47
milhões, abrangendo aproximadamente 50% da área colhida.
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Figura 3. Fase de interrupção do crescimento do algodoeiro, com flor aberta no ponteiro (terceiro nó de
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cima para baixo).


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Fonte: Embrapa (2017) “Plantio e manejo cultural”.

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Figura 4. A) Detalhe de uma unidade de colheita de fusos; e B) Colheitadeira de fusos e fardos cilíndri-
cos de algodão, formados na própria colheitadeira.

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Fonte: Embrapa (2017) “Colheita e beneficiamento”.
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Figura 5. Colheitadeira montada sobre máquina antiga com unidade colheitadeira “stripper” e dois lim-
padores de algodão em caroço.
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Fonte: Embrapa (2017) “Colheita e beneficiamento”.

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Figura 6. Descarga do cesto de uma colheitadeira e Bass Boy ao lado, recebendo o algodão colhido.

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Fonte: Embrapa (2017) “Colheita e beneficiamento”.
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Figura 7. A) Prensa hidráulica para confecção do fardão na lavoura; e B) Fardão de algodão confeccio-
nado com a prensa hidráulica.
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Fonte: Embrapa (2017) “Colheita e beneficiamento”.

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Figura 8. A) Caminhão transmódulo para carregar os fardões na lavoura ou na algodoeira; e B)
Caminhão prancha para transportar os fardões da lavoura até a algodoeira.

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Fonte: Embrapa (2017) “Colheita e beneficiamento”.

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O processamento industrial do algodão tem como produto principal a pluma de algodão, que é utilizada
na produção de fios, tecidos e malhas (Figura 3). Entretanto, também há produção de ração animal e
óleo a partir do esmagamento do caroço do algodão, que pode ser utilizado para produção de biodiesel.
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É importante destacar que os produtores podem alcançar até 25% de seu faturamento com o caroço de
algodão. Além disso, se considerados os produtos da tecelagem, vestuário e confecções, os subprodutos
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do varejo podem representar mais de 80 vezes o valor gerado pelas plumas e 100 vezes o volume de
emprego para o cultivo do algodão (Abrapa, 2017).
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O beneficiamento do algodão nas algodoeiras passa por algumas etapas, à


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saber:
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1. após a recepção, pesagem e armazenamento da matéria-prima, o


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primeiro processo consiste no desmanche dos fardos de algodão por


meio de processo mecânico;
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2. separadores gravimétricos realizam a pré-limpeza de impurezas e de


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capulhos não abertos;

3. torres secadoras retiram a umidade do algodão para níveis de


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aproximadamente 7%;

4. batedores de rolo fazem novo processo de limpeza do material;


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5. em sequência, uma centrífuga também é utilizada para limpeza;

6. feita toda a limpeza, o algodão é descaroçado com a separação da fibra


das sementes em serras circulares;

7. limpadores de fibras por centrifugadores ou serrilhas extraem resíduos


da fibra;

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8. o condensador unifica as fibras em uma manta contínua para prensagem;

9. essa manta segue para uma calha metálica denominada “bica”, que

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realiza a umidificação da manta;

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10. por fim, a manta é inserida em uma prensa hidráulica para elaboração

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de fardos de algodão, momento no qual também é retirada amostra para
classificação da qualidade do produto (Embrapa, 2017).

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Além das plumas de algodão destinadas para a fiação, tecelagem e confecção, o caroço do algodão
e subprodutos seguem para outros processos industriais que geram óleos e farelos utilizados pelas

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indústrias de ração animal, indústria química, de adubos, entre outras (Abrapa, 2017).
Quanto aos aspectos de mercado, diferente de culturas como a soja e milho que podem compartilhar

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ativos, a cotonicultura apresenta significativa especificidade de ativos, como as colhedeiras, gerando
barreiras à entrada e saída para os produtores rurais dessa cultura (Abrapa, 2017). A produção de fibras

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naturais como o algodão sofrem constante pressão de mercado das fibras sintéticas, contudo no Brasil
existem diversos instrumentos institucionais voltados à geração de tecnologia, qualidade, rastreabilidade
e sustentabilidade para o sistema agroindustrial, tal qual o Sistema Abrapa de Identificação, Algodão
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Brasileiro Responsável, “Better Cotton Initiative”, entre outras (Abrapa, 2021). No mercado mundial, apesar
do expressivo volume de produção de algodão do Brasil, os principais produtores são a Índia, China e
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Estados Unidos, que representam cerca de 60% da produção de algodão mundial (Abrapa, 2017). Ainda
assim, desde a safra de 2017/18 o Brasil tem exportado mais de 3,8 milhões de toneladas de algodão em
pluma (Conab, 2021b; 2021c).
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Defensivos Combustível Implementos
Plásticos para
Insumos Agrícolas Fertilizantes Sementes
módulos
Colhedoras Outros

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Produção de Algodão Fibrilha
Agricultura

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Pluma Caroço

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Embalagens
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Ins. Industriais Outras Fibras Energia
Outros Prod. Químicos
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Esmagadora Fiação
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Processamento
e distribuição
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Óleo Bruto Línter MI


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Óleo Refinado Línter ME


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Línter MI
Tecelagem
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Línter ME
Farelo Confecções
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Atacado
Biodiesel
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Varejo
Papel e Celulose
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Ind. Química
Figura 9. Cadeia Ind. Adubos
agroindustrial do algodão
Ind. Ração

Fonte: Adaptado de Abrapa


(2017) e Alves et al., (2021)

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CONSUMIDOR
3. PRAGAS E DOENÇAS

D os vários cuidados que a cotonicultura demanda, o controle de insetos é o mais desafiador. As


principais pragas são os pulgões, lagartas e a mosca-branca, que prejudicam a produção da pluma.
Pior ainda fazem alguns besouros, principalmente os bicudos e as brocas, que podem matar as plantas

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(Miranda e Rodrigues, 2017). A seguir estão as principais pragas da cotonicultura:

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Bicudo-do-algodoeiro4 (Anthonomus grandis): são besouros considerados a pior praga da cotonicultura
devido sua alta mobilidade e reprodutibilidade. Na fase larval e pupal são encontrados nas flores, botões
e maçãs, onde destroem as fibras e sementes do capulho. Na fase adulta, as fêmeas se alimentam das

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plantas em processo de frutificação antes de porem seus ovos na mesma. Os tecidos nos locais por
onde se alimentam nos botões florais oxidam. Como o ataque geralmente se inicia na região perimetral,
o controle é feito pelo monitoramento da plantação, pulverização das bordaduras5 e a instalação de

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armadilhas com feromônio (Miranda e Rodrigues, 2017).

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Figura 10. Adulto do bicudo (Anthonomus grandis) em botão floral de algodoeiro.

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Fonte: Miranda e Rodrigues (2017).


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Brocas-do-algodoeiro: existem dois tipos de besouro, a Broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis) e a


Broca do ponteiro (Conotrachelus denieri). Esses besouros depositam seus ovos na planta em sua fase
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inicial, o que causa ressecamento e morte das plantas. As principais medidas de controle são: preparo
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do solo com calcário, que é desfavorável à praga; faixas de plantio-isca, eventualmente pulverizadas com
inseticidas; e a rotação de culturas, que também é uma alternativa eficaz, que na incidência da praga é
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indicado evitar o cultivo por três safras (Miranda e Rodrigues, 2017).


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Figura 11. Broca da raiz do algodoeiro (Eutinobothrus brasiliensis).


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Fonte: Miranda e Rodrigues (2017).

4 Ver Miranda e Rodrigues (2016) “Manejo do Bicudo-do-algodoeiro em Áreas de Agricultura Intensiva”.


5 Faixa perimetral de 30 a 50m ao longo dos algodoeiros pulverizada para controle do Bicudo Miranda (2018).

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Pulgões (Aphis gossypii e Myzus persicae): são pragas que vivem permanentemente sob os brotos
e folhas, sugando a seiva das plantas6. Em clima subtropical não precisam de acasalamento para
reprodução, o que resulta numa população de fêmeas com alta capacidade reprodutiva. Na infestação
dessa praga, as folhas ficam viradas para baixo, os brotos se deformam e, além disso, suas excretas

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atraem formigas e propicia a proliferação do fungo Capnodium sp. que prejudica a absorção de luz da

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planta. É possível fazer o controle biológico por meio de insetos predadores ou parasitóides7. O controle
por meio de inseticidas é pouco recomendado já que pode ser pouco eficiente se os pulgões se alocarem
na região inferior das folhas, e também por matarem os inimigos naturais (Miranda e Rodrigues, 2017).

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Figura 12. Colônia de pulgões em pecíolo de folha de algodoeiro.

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Fonte: Miranda e Rodrigues (2017).

Mosca-branca (Bemisia tabaci e Bemisia tabaci biótipo B): são moscas de corpo amarelado, olhos
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vermelhos e asas cobertas por uma cera branca. Se alimentam de diversos tipos de vegetais além do
algodão e à medida que a praga se alastra, as plantas começam a definhar. Esse inseto apresenta outro
fator prejudicial ao ser vetor do vírus mosaico8. De forma semelhante ao pulgão, o ataque ocorre pela
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região perimetral e o controle pode ser feito por inimigos naturais (Miranda e Rodrigues, 2017).
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Figura 13. Ninfas de mosca branca (Bemisia tabaci e Bemisia tabaci biótipo B) em folha de algodoeiro.
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Fonte: Miranda e Rodrigues (2017).

6 Atacam as plantas das famílias Cucurbitaceae, Malvaceae, Solanaceae e Leguminosae.


7 Como é o caso da vespa Lysiphlebus testaceipes que depositam seus ovos nos pulgões que adquirem um aspecto mumificado e morrem.
8 Compromete a produtividade da planta, pois promove o encurtamento entre nós da planta o que interrompe seu crescimento. Veja Santos
(2018) “Artigo – Doença Azul”.

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Lagarta das maçãs (Heliothis virescens): são pragas que, quando mariposas, depositam seus ovos nas
folhas novas do ápice da planta. Quando os ovos eclodem, as lagartas se alimentam dos tecidos novos,
folhas ou botões florais, para depois se alimentarem das maçãs. Identifica-se o ataque desse inseto pelas
galerias deixadas nos botões florais e nas maçãs, o que pode promover sua queda. As alternativas para

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controle dessa praga são: destruição dos restos culturais da lavoura passada, padronização da época de

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semeadura, rotação de culturas e controle biológico com inimigos naturais (Miranda e Rodrigues, 2017).

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Figura 14. Lagarta Heliothis virescens. lônia de pulgões em pecíolo de folha de algodoeiro.

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Fonte: Miranda e Rodrigues (2017).


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Lagarta rosada (Pectinophora gossypiella): são pragas que se alimentam no interior dos botões, flores
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e maçãs do algodoeiro, prejudicando a produção, pois inviabilizam a evolução das flores e maçãs. As
alternativas para controle dessa praga são semelhantes às da lagarta das maçãs, porém nesse caso
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também é possível inibir a praga por meio do confundimento dos machos com armadilhas de feromônios
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(Miranda e Rodrigues, 2017).


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Figura 15. Pectinophora gossypiella em maçã de algodoeiro.


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Fonte: Miranda e Rodrigues (2017).

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4. REFERÊNCIAS

Alves, L. R. A.; de Lima, F. F.; Ferreira Filho, J. B S.; Braghetta, M. A. N. S. 2018. Estrutura de Mercado e
Formação de Preços na Cadeia Produtiva do Algodão. In: Alves, L. R. A.; Bacha, C. J. C. (orgs.). Panorama
da Agricultura Brasileira: estrutura de mercado, comercialização, formação de preços, custos de produção

2
e sistemas produtivos. Alínea, Campinas, SP, Brasil.

8-4
Alves, L. R. A.; Sanches, A. L. R.; Osaki, M.; Barros, G. S. A. C.; Adami, A. C. O. 2021. Cadeia agroindustrial

.29
e transmissão de preços do algodão ao consumidor brasileiro. Revista de Economia e Sociologia Rural
59(3): e232806.

61
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão [Abrapa]. 2016. História. Disponível em: <https://www.
abrapa.com.br/Paginas/institucional/historia.aspx>. Acesso em: 20 ago. 2021.

.4
22
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão [Abrapa]. 2017. A cadeia do algodão brasileiro: safra
2016/17 desafios e estratégias. Abrapa, Brasília, DF, Brasil.

a4
ilv
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão [Abrapa]. 2021. Sistemas Abrapa. Disponível em:
<https://www.abrapa.com.br/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 20 ago. 2021.
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